Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
(UNESP)
CÂMPUS DE FRANCA
FRANCA
2021
Resumo
O desenrolar de um processo carece de dispositivos probatórios para
formular a defesa e a acusação de uma parte, e a partir disso, dar ensejo a
uma decisão. Essas evidências, no entanto, contam com leis que regulam sua
obtenção e vedam a admissão de provas obtidas por meios ilícitos, que
seriam aquelas que são adquiridas pelo ferimento de um direito material.
Apesar disso, essas provações tem passado a serem consideradas passíveis
de advento em algumas situações, pois, na atualidade, entende-se não ser
ponderado interpretar a Constituição e as Garantias fundamentais de maneira
absoluta, podendo recair na injustiça. Dessa forma, esse trabalho pretende
demonstrar de que forma a ilicitude poderia se apresentar nas provas, e o que
justifica a mudança de paradigma acerca de sua aceitação, por meio do
estudo do Princípio da Proporcionalidade e sua aplicação, além da
contribuição de doutrinadores. Trata-se de estudo de natureza elucidativa e
descritiva; conta-se com a pesquisa bibliográfica em artigos, leis, doutrina e
jurisprudências; e o método utilizado é o dedutivo, uma vez que, parte-se da
análise legal em conjunto com a realidade fática com que o judiciário lidava
com os referidos casos, passando para a identificação do Princípio, e sua
aplicação prática, contribuindo para uma possível mudança de cenário.
Além da natureza ilícita da prova, tudo aquilo que derivar dela também
estaria contagiado, o que tornaria ilícito também a utilização da referida prova
para defesa ou acusação no processo, contemplando a ilicitude em ambas
suas formas, como explica Uadi Lammêgo Bulos:
2. O Princípio da Proporcionalidade
De acordo com esse princípio, deve haver uma ponderação legal no
momento de considerar as bases do processo. É de estimada sensatez que
sejam considerados os fins e as condições das quais constam as partes,
prezando pelo julgamento justo e equilibrado, como reforça Bonavides:
“em nosso ordenamento constitucional não deve a proporcionalidade
permanecer encoberta. Em se tratando de princípio vivo, elástico,
prestante, protege ele o cidadão contra os excessos do Estado e
serve de escudo à defesa dos direitos e liberdades constitucionais.
De tal sorte que urge, quanto antes, extraí-lo da doutrina, da reflexão,
dos próprios fundamentos da Constituição, em ordem a introduzi-lo,
com todo o vigor, no uso jurisprudencial” ( BONAVIDES, Paulo. Curso
de Direito Constitucional. 18ª ed. Malheiros Editores, 2006, p. 434)
O chamado “in dubio pro reo”, o qual, ao pé da letra quer dizer “na dúvida,
beneficie o réu", enseja que analisando-se a questão por esse ponto de vista,
existem provas obtidas de maneira ilícita que colaboraram para a defesa do réu,
positivando a teoria, priorizando sempre a comprovação da inocência, devendo,
portanto, serem passíveis de admissão pela justiça e tendo sua ilicitude
reconsiderada.
Os doutrinadores o consideram um importante fator responsável por afastar
decisões que determinem condenações injustas e abusivas.
Portanto, existem diferentes casos de produção de prova ilícita que devem ser
considerados no processo.
Com a Lei nº 11.690/2008, que alterou alguns artigos do Código de Processo
Penal, e tomou como ilícitas as duas modalidades, os doutrinadores passaram a
dispensar a diferenciação entre os tipos de provas. No entanto, considera-se
necessário que seja feita essa elucidação sobre o tema.
4. Conclusão
Após estudo e análise jurisprudencial, doutrinária e legal, o que pode-se concluir é a
tendência a repelir as provas ilícitas, como é confirmado pelo Art. 5, LVI, da CF e o
Art. 157 §1º, CPP, que consideram inadmissíveis as provas ilícitas.
No entanto, sob a ótica do Princípio da Proporcionalidade, é plausível e de
tendência não absoluta que haja a adoção de provas obtidas por meios ilícitos no
processo, uma vez que essas provas podem ser a base da defesa de um réu à beira
de uma condenação injusta, como afirma Fernando Capez (2016, p. 404):
5. Bibliografia
ACUNHA, Fernando José Gonçalves. Colisão de normas Distinção entre
ponderação e juízo de adequação. Disponível em
<https://www12.senado.leg.br/ril/edicoes/51/203/ril_v51_n203_p165.pdf>
Acesso em 20 de Jun. de 2021
BULOS,Uadi Lammêgo. Constituição Federal anotada, 2. ed., São Paulo,
Saraiva, 2001.
LOPES JR., Aury. Direito processual penal / Aury Lopes Jr. – 16. ed. – São
Paulo : Saraiva Educação, 2019. 1. Processo penal – Brasil I. Título.
18-1084