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Relações entre Significado, Manejo do Dinheiro e Qualidade Conjugal no Início


do Ciclo Familiar

Article  in  Revista de Psicologia da IMED · December 2015


DOI: 10.18256/2175-5027/psico-imed.v7n2p16-25

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Relações entre significado, manejo
do dinheiro e qualidade conjugal
no início do ciclo familiar
Cláudia Mara Bosetto Cenci
Psicóloga, Doutoranda em Psicologia Clínica da PUC/RS, Professora da Faculdade Meridional.
E-mail: <claudia.cenci@imed.edu.br>.

Luisa Fernanda Habigzang


Doutora em Psicologia. Docente do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da PUC/RS.
E-mail: <habigzang.luisa@gmail.com>.

Resumo

Estudos a respeito de dinheiro e qualidade conjugal indicam ser esta uma relação complexa, nem
sempre explícita, mas inerente às relações conjugais atuais. O presente estudo de revisão narrativa
da literatura tem por objetivo investigar relações entre manejo e significado do dinheiro e qualidade
conjugal na fase inicial do ciclo vital familiar. A literatura aponta para correlações entre esses três as-
pectos e comprova que a maneira como o casal maneja o dinheiro interfere no grau de sua qualidade
conjugal. O artigo aborda inicialmente características do casal na fase inicial do ciclo vital familiar e,
na sequência, apresenta os aspectos referentes ao que constitui a qualidade conjugal. Por fim, aborda
o significado e o manejo do dinheiro por casais na fase inicial do ciclo vital familiar e as possíveis re-
lações com a qualidade conjugal.
Palavras-chave: casamento, dinheiro, conjugalidade

Introdução lar, à aquisição de patrimônio e, posteriormente,


ao cuidado dos filhos. É nesse momento da rela-
ção conjugal que o casal intensifica seu diálogo
O dinheiro configura-se num objeto dese-
sobre o que cada um pensa sobre as prioridades
jado pelas pessoas em razão da representação de
para o emprego do dinheiro. Também é nesse
poder que existe em torno dele. Com ele, pode-se
momento que podem se explicitar divergências
adquirir bens de interesse, ter acesso a diferentes
mais significativas, pois o dinheiro é um objeto
serviços e tecnologias, além de estar presente nas
carregado de simbolismos individuais, nem sem-
diversas relações interpessoais e, como não pode-
pre compartilhado na conjugalidade, podendo
ria ser diferente, nos relacionamentos conjugais.
gerar insatisfação na relação conjugal (Capriles,
No início da relação amorosa, os gastos estão
2005; Madanes & Madanes, 1997).
relacionados mais diretamente a aspectos como
O início da relação conjugal coincide, na
encontros amorosos, presentes e viagens român-
maioria dos casos, com aspectos desenvolvimen-
ticas. Entretanto, com o transcorrer da relação e
tais individuais que marcam a fase inicial da ida-
com a formalização do vínculo conjugal, as de-
de adulta. O processo de transição do jovem para
mandas financeiras tornam-se mais evidentes,
a fase adulta possui sua complexidade e tal transi-
as prioridades mudam e os cônjuges se deparam
ção caracteriza-se inicialmente pelo afastamento
com os gastos relacionados ao gerenciamento do
gradual da sua família de origem, pelo investi-

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mento no trabalho ou na formação profissional, Esta revisão narrativa da literatura objeti-


pela entrada no mercado de trabalho, indepen- va investigar relações entre manejo e significado
dência financeira, autonomia gradativa e possi- do dinheiro e qualidade conjugal na fase inicial
bilidade de formar seu próprio núcleo familiar. do ciclo vital familiar, pois a fase inicial da rela-
Entretanto, no cenário atual, evidenciam-se pro- ção conjugal e familiar representa uma etapa de
cessos de negociação dos papéis entre pais e filhos acomodação e ajustes que pode ser conflituosa e
dentro do núcleo familiar tendo, assim, a possibi- afetar a qualidade conjugal. A revisão aborda três
lidade de combinarem autonomia e dependência aspectos, a saber: (1) a caracterização do casal na
financeira. No passado, tornar-se adulto caracte- fase inicial do ciclo vital familiar, por ser um pe-
rizava-se pela independência financeira e emo- ríodo em que inicia o processo de construção da
cional com relação à família de origem. Todavia, identidade conjugal; (2) os fatores identificados
atualmente, é possível ser adulto e ter autonomia, como determinantes para a qualidade conjugal; e,
não sendo completamente independente em ter- (3) o significado e o manejo do dinheiro por casais
mos financeiros (Borges & Magalhães, 2009). e as possíveis relações com a qualidade conjugal.
Diante da constituição de uma família, o
jovem casal encontra-se num período de adap-
tação, acomodação e conhecimento do funcio- O casal na fase inicial do ci-
namento conjugal relacionado a várias questões
do cotidiano e, ao deparar-se com as demandas
clo vital familiar
da vida adulta, terá necessariamente que refletir
e tomar decisões. Essa nova situação tende agora O ciclo de vida familiar constitui-se por fa-
a ocorrer não mais com o respaldo da família de ses que se desenvolvem interligadas à história de
origem e tais decisões incluem o manejo do di- vida do indivíduo. Como a família é composta
nheiro, o que estará em pauta, seja de forma im- por membros em diferentes fases ocorre uma so-
plícita ou explícita (Borges & Magalhães, 2009). breposição de etapas no desenvolvimento do ciclo
O aspecto relacionado ao significado do di- de vida familiar (Carter & McGoldrick, 1995). A
nheiro encontra-se na base de toda a vida conjugal transição de uma fase para outra não acontece de
e familiar, pois a força secreta do dinheiro reúne a forma linear e implica uma reorganização de to-
todos (irmãs e irmãos, jovens e velhos) em nome das as pessoas do núcleo familiar. As autoras re-
do amor, da vaidade, da compaixão ou da raiva. ferem seis estágios do ciclo de vida familiar. São
O dinheiro é utilizado dissimuladamente na luta eles: (1) jovem solteiro; (2) família sem filhos; (3)
pelo poder dos cônjuges, com os pais ou filhos e é família com crianças; (4) família com adolescen-
por meio dele que as pessoas experimentam dese- tes; (5) família no meio da vida; (6) família no es-
jos, anseios de confiança, necessidade de vingança tágio tardio. Atualmente existe uma fluidez muito
e de retribuição (Madanes & Madanes, 1997). O maior nessas etapas relatadas acima, assim como
dinheiro é o portador simbólico da mais elemen- sobreposições das mesmas devido a questões so-
tar angústia relacionada à sobrevivência e advém cioeconômicas e culturais.
desse simbolismo o medo de não ter dinheiro. No Brasil, Cerveny et al. (1997) e Cerveny e
Sendo assim, muitas pessoas se impõem ativida- Berthoud (2002) estudam o ciclo vital da família,
des profissionais não desejadas para amenizar a subdividindo tal ciclo em quatro fases: de aquisi-
ansiedade e garantir a segurança (Capriles, 2005). ção, adolescente, madura e última. A fase de aqui-
O amor e o dinheiro aparecem em nossa sição caracteriza-se como um período de adapta-
sociedade como polos ao redor dos quais a vida ção à conjugalidade, ao exercício da paternidade/
gira. A sociedade do dinheiro faz surgir uma maternidade e à vida do casal com filhos peque-
nova modalidade de amor que é edificada numa nos. Configura-se como processo de constitui-
época em que este amor não se sustenta sem a ção da família, da aquisição de bens materiais, de
base do dinheiro. É um amor que não se sustenta construção dos padrões de interação relacional e
se as pessoas conectadas a ele não tiverem condi- pela reorganização do sistema devido à definição
ções cotidianas de sobrevivência, o que só parece e à adoção de novos papéis dos membros envol-
possível por meio do dinheiro. Não basta apenas vidos no estilo de vida familiar que se inicia. Nas
amor, é preciso ter condições de arcar com as ne- sociedades contemporâneas, sobretudo nas ca-
cessidades do ser amado ou, pelo menos, de cola- madas socioeconômicas médias, este período do
borar com o próprio sustento (Russo, 2011). desenvolvimento evidencia um modelo idealizado

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de parentalidade, em que ambos os pais traba- estabelece as fronteiras com as famílias de origem
lhem e consigam ser provedores e cuidadores para (proximidade e afastamento).
que, mesmo individualmente, tenham condições O segundo processo, construindo a vida a
de garantir as necessidades básicas do filho. Tal dois, envolve negociação, readaptação e surgi-
ideal torna esta fase ainda mais complexa, pois mento de novos sentimentos em função de tal
requer um equilíbrio entre os ideais financeiros e construção. Foi subdividido do seguinte modo
conjugais (Matos & Magalhães, 2014). por Berthoud (2002): (a) na vivência de um tem-
Os objetivos dessa fase orientam-se para a po de adaptação, caracterizado pelo sentimento
busca de um lugar para morar, de um empre- de ambivalência, estranhamento, insegurança,
go que possibilite condições de sobrevivência, de prazer e desafio, principalmente por casais de pri-
acessórios domésticos que facilitem a vida, de car- meira união; (b) no iniciar a família mediante o
ro, de seguro saúde e, por vezes, de complementa- movimento psicológico de edificação do núcleo
ção educacional. Engloba o período da união do familiar. Os principais desafios desse momento
casal até a entrada dos filhos na adolescência. O são a elaboração de um novo padrão de relação
“eixo propulsor dessa fase são as definições de um entre os cônjuges, divisão do espaço físico e emo-
modelo próprio de família, a aquisição da paren- cional e negociação sobre a administração finan-
talidade e os objetivos comuns” (Cerveny & Ber- ceira; (c) no relacionamento com a família de ori-
thoud, 2009, p. 26). gem no qual estão presentes inúmeras vivências
A família em fase de aquisição depara-se psicológicas para o estabelecimento de fronteiras
com a vivência de conflitos e novidades de uma nítidas em relação a ela, reavaliação dos valores,
geração em transição, uma vez que os pais vão papéis e rituais trazidos das famílias de origem
envelhecendo e os filhos crescendo e constituindo de cada cônjuge para a mútua adaptação no novo
novos núcleos familiares. Berthoud (2002) destaca casal; (d) no relacionamento social mediante a
que tal fase é marcada também pela inserção em configuração a rede de relação conjugal que ocor-
um ambiente social no qual há uma pluralidade re após a união, ou seja, em padrões de relaciona-
de modelos conjugais, o que gera a necessidade de mento estabelecidos com amigos e conhecidos; (e)
os casais buscarem desenvolver uma identidade na vida sem filhos motivada pelos sentimentos de
própria na convivência diária. Esta autora descre- liberdade e independência dos cônjuges e que ten-
ve três processos complexos que envolvem aspec- dem a postergar a vinda do primeiro filho. Nesse
tos estruturais e dinâmicos vivenciados nesse pe- caso, há a busca da maturidade emocional e de
ríodo, quais sejam: (1) unindo-se, (2) construindo estabilidade profissional e financeira de ambos os
a vida a dois e (3) vivenciando a parentalidade. cônjuges antes de terem filhos.
O primeiro deles, o unindo-se, diz respeito O terceiro processo, vivenciando a parenta-
ao período inicial de construção de uma nova fa- lidade, tem início com o desejo e a decisão de ter
mília. A conquista é parte desse processo, pode filhos, ou com uma gravidez inesperada e não in-
durar dias ou muitos meses e compreende o in- terrompida. São muitos os questionamentos com
vestimento na relação, o apaixonamento, o es- que o casal depara-se nessa fase, tais como: ter ou
treitamento dos laços afetivos, a análise das dife- não ter filhos, ter um filho sozinho ou assumir
renças e do sentimento de medo de aproximação uma relação, optar entre dedicar-se à carreira pro-
mútua. A vivência inicial da união compreende o fissional ou ao filho. Independentemente da deci-
processo de formação do novo casal, envolvendo são tomada, o casal poderá deparar-se com senti-
sentimentos ambivalentes, como despedida do mentos antagônicos, vivência de readequação de
núcleo familiar, manutenção da independência, papéis conjugais, reaproximação com a rede fami-
realização do casamento como um sonho, ne- liar e exercício da parentalidade (Berthoud, 2002).
gociação de valores, estilos de vida e o espaço de Por vezes, as famílias em fase de aquisição
cada um na relação. A preparação se caracteriza revelam-se tradicionais no que concerne a con-
pelo processo de efetivamente pensar, decidir e flitos relacionados a assuntos como o dinheiro e
planejar a união, mediante o qual o casal estabe- satisfação profissional. É o caso de uma pesquisa
lece metas sobre o estilo de vida que deseja ter. realizada com 50 famílias de classe média na fase
A adaptação caracteriza-se pelo processo emo- de aquisição do ciclo vital da família da cidade
cional vivenciado pelo casal nos meses iniciais da de Vitória - ES, realizada por Ronchi e Avellar
união e de coabitação. Nesse momento, o casal (2011) e que evidenciou que as famílias pesquisa-

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Manejo do dinheiro e qualidade conjugal…

das mostraram-se mais tradicionais. No que diz lo sustenta que os casais precisam adaptar-se aos
respeito aos resultados sobre o relacionamento do eventos estressantes e circunstâncias inesperadas
casal em fase de aquisição, o estudo evidenciou que irão ocorrer no curso da vida a dois. A capa-
os seguintes aspectos: (a) interação do casal: 88% cidade adaptativa do casal a esses acontecimentos
referiram que a relação atual do casal é amoro- dependerá do nível de estresse que eles experi-
sa; 10% afirmaram que a relação amigável e 2% mentam na convivência e das características pré-
entendem como desrespeitosa; (b) diálogo: 94% vias que cada cônjuge trará para a vida marital.
referiram haver diálogo constante, 4% referiram O modelo salienta a importância de três grupos
diálogo difícil e 2% falta de diálogo; (c) vida se- de variáveis que se influenciam mutuamente e de-
xual do casal: 70% afirmaram que é muito boa, vem ser entendidos de forma integrada e que defi-
22% classificaram-na como razoável e 4% referi- nem a qualidade conjugal, são elas: (1) o contexto,
ram ser abaixo das expectativas; (d) principal ob- que diz respeito ao contexto relacional dos casais
jetivo do casamento atualmente: 60% referiram e às situações estressantes geradas por este, tais
ser a união do casal e formação da família; 22% como doenças, desemprego e problemas familia-
companheirismo e cuidado mútuo; e 8% vivem res; (2) recursos pessoais dos cônjuges, que refe-
para enfrentar mudanças; (e) lazer do casal: prio- rem-se às experiências decorrentes da convivência
rizam o lazer conjunto com grande frequência e com as famílias de origem, ao nível educacional
ainda se permitem programações em separado; dos cônjuges e às características de personalida-
(f) o que há de melhor na relação do casal: amor de; e (3) processos adaptativos, que concernem à
(44,9%), companheirismo (24,5%) e objetivos de capacidade dos cônjuges para superar os desafios
vida em comum (16,3%). Os casais referiram não oriundos do contexto circundante e para a adap-
enfrentar dificuldades (42,9%), mas os que a re- tação a esses desafios (Mosmann, Wagner, & Fé-
lataram, salientam dificuldades principalmente res-Carneiro, 2006).
quanto à vida profissional (26,5%) e ao dinheiro A dificuldade na delimitação do conceito
(18,4%) (Ronchi & Avellar, 2011). qualidade conjugal é proveniente da subjetivida-
Um aspecto importante para a manuten- de implícita na avaliação de cada participante so-
ção de um relacionamento conjugal (Mosmann, bre o que considera ser satisfatório em um casa-
Wagner, & Férres-Carneiro, 2006) diz respeito mento, da multiplicidade de escalas criadas para
ao nível de qualidade que os cônjuges possuem mensurar a qualidade conjugal e, como há pouca
com sua relação. A complexidade inerente ao clareza conceitual, dos instrumentos utilizados
conceito de qualidade conjugal e da vivência de nas pesquisas por não produzirem resultados
uma relação conjugal bem-sucedida é ponto de consistentes (Mosmann, Wagner, & Féres-Car-
indagação tanto para o casal no seu cotidiano neiro, 2006). As autoras referem que qualidade
conjugal quanto para pesquisadores que preten- conjugal não pode ser definida simplesmente pela
dem investigá-la. Tal complexidade evidencia-se avaliação dos cônjuges sobre seu matrimônio. Ela
na falta de clareza conceitual, o que pode levá-los é resultado de um processo dinâmico e interativo
a incorrer em aproximações pouco precisas e que vivenciado na conjugalidade e que resulta na ava-
se confundem com conceitos associados ao de sa- liação que cada cônjuge possui do nível de quali-
tisfação, tendendo a compreendê-lo como ajusta- dade da sua união. O conceito qualidade conjugal
mento conjugal. é vulnerável a todas as variáveis que compõem
sua definição, em especial o contexto, os recursos
pessoais dos cônjuges e os processos adaptativos.
Qualidade conjugal A qualidade relacional dos cônjuges avalia-
da como satisfatória configura-se num fator de
Evidencia-se existir uma dificuldade na con- proteção familiar, pois o casal que convive numa
ceituação teórica da qualidade conjugal, pois esse relação considerada por ele satisfatória apresenta
esforço configura-se num construto com uma maiores níveis de saúde física e emocional, maior
longa e controversa história. Um contributo im- estabilidade econômica e melhores níveis de saú-
portante nesse sentido é o modelo denominado de mental dos filhos (Mosmann, Zordan, & Wag-
Vulnerability Stress Adaptation (Karney & Bra- ner, 2011). Pode-se também buscar uma correla-
dbury, 1995) que refere-se à integração das Teorias ção entre qualidade conjugal e os elementos do
do Apego, da Crise e Comportamental. Tal mode- amor. Esta correlação foi investigada por Rizzon,

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Mosmann e Wagner (2013), com base em Ster- em um dos cônjuges; (11) as decisões relacionadas
nberg (1988), e os resultados dessa pesquisa evi- aos filhos; (12) os planos de vida conjuntos; e (13)
denciaram que a qualidade conjugal foi avaliada os aspectos relacionados à separação.
de forma heterogênea e o componente dominante A qualidade conjugal é um objetivo cada vez
foi o da decisão de estar casado e o compromisso mais almejado pelos casais (Scorsolini-Comin &
de manter-se como tal. As autoras identificaram Santos, 2010). Trata-se de um tema complexo em
uma tendência dos participantes da pesquisa (102 razão da atual configuração dos vínculos conju-
sujeitos, 52 do sexo masculino e 50 do sexo femi- gais e do desejo dos casais de construírem relações
nino da capital e do interior do Rio Grande do afetivas que os cônjuges avaliem como satisfató-
Sul) de valorizar sua relação quando se sentem rias. Nessa perspectiva, verifica-se necessidade da
satisfeitos e comprometidos, porém evidencia- compreensão do contexto do casamento em nos-
ram carência de intimidade e paixão. De acordo so país, que deve transcender termos estatísticos
com a discussão destes resultados, esse dado era ou demográficos, uma vez que implica avaliar o
esperado em função da rápida queda do elemento papel do casamento na sociedade e na estrutura
paixão nas relações conjugais. Todavia, os baixos dos relacionamentos estabelecidos pelas pessoas.
escores no elemento intimidade sugerem fragili- Com base em uma revisão integrativa da literatu-
dade em termos funcionais dessas uniões. Logo, ra científica nacional (bases de dados LILACS e
questionam: “o alto índice de Decisão / Compro- SciELO, 1970-2008), Scorsolini-Comin e Santos
misso é uma estratégia compensatória para trazer (2010) referem que a satisfação no relacionamen-
segurança à estrutura carente de solidez que a in- to diádico está positivamente associada à saúde e
timidade proporciona?” (p. 47). à qualidade de vida, principalmente nos anos de
Cabe ressaltar que a satisfação absoluta em maturidade e velhice.
um relacionamento é uma expectativa irreal e um Scorsolini-Comin e Santos (2011) investi-
ideal inatingível (Rizzon, Mosmann, & Wagner, garam também a correlação entre os domínios
2013). A qualidade é resultante de uma comple- de duas escalas de avaliação da conjugalidade, a
xa teia estruturada a partir de sentimentos de Dyadic Adjustment Scalee a Escala de Satisfação
paixão, intimidade e compromisso, bem como Conjugal, e destacaram que, ao avaliar um rela-
da realidade contextual dos casais, dos recursos cionamento conjugal, os cônjuges avaliam subjeti-
pessoais dos cônjuges e da maneira como os mes- vamente sua satisfação com relação ao casamen-
mos lidam com os dilemas inerentes à vida e ao to e também com relação ao parceiro conjugal.
relacionamento conjugal. O relacionamento con- Na amostra por eles investigada, participaram 106
jugal mutuamente satisfatório não se caracteriza, pessoas legalmente casadas (53 homens e 53 mu-
necessariamente, pela ausência de conflito e, sim, lheres), a maioria de classe média e com nível supe-
pela capacidade do casal de lidar com estes e de rior. Foi possível constatar que, no que diz respeito
negociar com o cônjuge em situações de discor- à vivência conjugal, todos os domínios da satisfa-
dância (Bolze, Crepaldi, Schmidt, & Vieira, 2013). ção conjugal mostraram-se correlacionados aos
As variáveis que devem ser investigadas na domínios do ajustamento conjugal. Avaliar a per-
avaliação da qualidade conjugal foram enumera- cepção que os cônjuges têm de seus relacionamen-
das por Pergher (2010) com o objetivo de elucidar tos implica ter clareza da complexidade que envol-
aspectos que devem ser considerados quando o ve o fenômeno relacionado tanto aos construtos
tema qualidade conjugal é foco de reflexão, prin- teóricos quanto às inúmeras variáveis presentes no
cipalmente com casais que buscam atendimento seu estudo (Scorsolini-Comin & Santos, 2011).
clínico. São elas: (1) os motivos do início do re- Os estudos sobre qualidade conjugal e fun-
lacionamento; (2) o histórico de relacionamentos cionalidade na família tiveram influência signi-
de cada cônjuge; (3) a forma de divisão financei- ficativa da teoria geral dos sistemas (Féres-Car-
ra; (4) as diferenças de idade entre os cônjuges e neiro & Diniz Neto, 2010; Von Bertalanffy, 1977),
das culturas de ambos; (5) o grau de intimidade por estimular os pesquisadores a abordarem as
conjugal; (6) as práticas sexuais; (7) os padrões interações sociais e familiares como um padrão
de interação entre os cônjuges; (8) a existência de geral de interação. No contexto das interações
outras fontes de reforçamento extracônjuge (re- sociais e familiares surge o significado e o ma-
lações com amigos/esportes); (9) o impacto das nejo do dinheiro que podem estar associados à
traições; (10) os efeitos decorrentes de doenças percepção de qualidade conjugal.

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Manejo do dinheiro e qualidade conjugal…

Significado e manejo do di- jovens casais, sem filhos e de dupla carreira, Gui-
marães e Cerveny (2010), evidenciaram a influên-
nheiro e qualidade conjugal cia dos fatores individuais, familiares e sociais na
construção do novo modelo financeiro do casal.
O dinheiro é um dos grandes e potentes in- O surgimento de novos papéis de gênero implica
termediários dos relacionamentos interpessoais novos contratos com relação às finanças, apesar
embora, na Psicologia, seu estudo seja recente da predominância, ainda hoje, de menores salá-
(Meirelles & Souza, 2010). Ele participa de todos rios para mulheres do que para os homens. Além
os momentos da vida econômica cotidiana e, sen- disso, os resultados da pesquisa indicaram que
do assim, de parte significativa da vida social. O os casais discutem sobre finanças antes da união,
estudo das atitudes frente ao dinheiro e às variá- entretanto, não têm clareza das proporções que
veis relacionadas a ele configura-se num tópico esse fator assumirá na relação. Por conseguin-
relevante para a Psicologia (Moreira, 2002). O te, tal fator exigirá atenção e ajustes constantes
dinheiro possui uma multiplicidade de possíveis ao longo da convivência conjugal (Guimarães &
significados sendo necessário entender as nar- Cerveny, 2010).
rativas dos indivíduos sobre ele. Ele envolve um Outra pesquisa realizada com 143 casais,
complexo processo de construção de significados moradores da região metropolitana de Porto
baseado nos relacionamentos interpessoais ao Alegre, casados oficialmente ou morando juntos,
longo do desenvolvimento do indivíduo com as com idade entre 19 e 81 anos (Harth, 2013) veri-
figuras fundamentais de apego (família de ori- ficou o manejo do dinheiro pelo casal e revelou
gem, amigos próximos e parceiros românticos) e que a média de renda dos homens foi maior do
ocorre dentro de limites sociais, históricos e cul- que a das mulheres. Evidenciou ainda que 83,9%
turais específicos (Meirelles & Souza, 2010). da amostra referiu conhecer a renda do/a parcei-
A convivência e/ou coabitação dos casais ro/a e concordar com os gastos dele/a; 93,5% da
traz consigo a necessidade do compartilhamento amostra afirmou nunca ter cometido situações de
de inúmeras questões relacionadas às suas famí- infidelidade financeira e 91,9% acreditavam que
lias de origem, questões afetivas, questões refe- o/a parceiro/a também nunca tenha realizado tal
rentes ao trabalho de ambos os cônjuges, dese- infidelidade; 58% da amostra utilizava o sistema
jos compartilhados ou divergentes, bem como o de gestão compartilhada do dinheiro.
manejo e significado do dinheiro naquela relação A partir dessa mesma amostra, foi investi-
(Capriles, 2005). A construção da identidade do gada a correlação entre o manejo do dinheiro e a
homem e da mulher contemporâneos é edificada qualidade conjugal. Foi verificado que a qualidade
a partir de uma rede de símbolos econômicos e conjugal esteve fortemente associada ao manejo do
objetos de consumo. Nesse processo complexo, as dinheiro pelos casais participantes, de modo que
pessoas fazem uso do dinheiro para definirem a si os casais que manejam o dinheiro conjuntamen-
próprias e acreditam que ele, além de suprir neces- te foram aqueles que obtiveram melhor índice de
sidades do cotidiano, garante a complementação qualidade conjugal, maior concordância em rela-
das necessidades criadas pela sociedade atual ou ção às finanças e maior grau de felicidade em rela-
para dar conta das razões inconscientes que mo- ção ao relacionamento conjugal. Além dos casais
vem tais necessidades. Além disso, alguns casais terem a qualidade conjugal correlacionada com o
têm seus contratos secretos e o assunto dinheiro estilo de gerenciamento do dinheiro, eles também
não é comentado nem discutido, para evitar de- possuíam um nível de instrução acima da média
sentendimentos mais intensos, colocando o rela- da população em geral. Tal fato pareceu auxiliar
cionamento conjugal em risco (Capriles, 2005). aqueles casais que apresentaram maior conflito
Atualmente, os casais vivem imersos numa em relação às finanças e é possível que isso tenha
sociedade onde o consumo tem a função de sa- fortalecido os casais na busca por estratégias mais
tisfazer inúmeros desejos que transcendem as funcionais em relação às finanças (Harth, 2013).
necessidades materiais. Os casais estão expostos Os casais preferem falar sobre sexo ou in-
à superabundância de produtos e de serviços em fidelidades ao invés de falar sobre as finanças da
um contexto social no qual o aspecto econômico família, ou mesmo sobre quanto dinheiro eles ga-
é encarado como um novo articulador, essencial nham (Atwood, 2012). Falar sobre dinheiro ainda
para o vínculo conjugal. Nesse sentido, a partir é considerado um tabu e muitas vezes as pessoas
da análise das entrevistas realizadas com quatro

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tornam-se adultos com atitudes irracionais, com cia e, quando perdem dinheiro, julgam-se culpa-
crenças e ansiedades relacionadas ao dinheiro das (Atwood, 2012).
e com dificuldades de manejá-lo. Quando esses Uma pesquisa realizada por Mosmann e Fal-
indivíduos iniciam um relacionamento conjugal, cke (2011) com 149 casais, buscou identificar os
essas ansiedades tendem a surgir, trazendo difi- motivos de conflitos conjugais e sua frequência
culdades na relação. nas relações, sob a perspectiva da teoria sistêmica.
Atwood (2012) argumenta que a satisfação Os conflitos apontados pelos casais foram: (1) re-
com relação ao casamento parece aumentar com lação com os filhos; (2) tempo que desfrutam jun-
a renda e com a concordância mútua dos cônju- tos; (3) dinheiro; (4) tarefas domésticas; e (5) sexo
ges quanto à sua distribuição. Quando os par- e questões legais. As diferentes dimensões que
ceiros estão decepcionados com a quantidade de compõem a qualidade conjugal são complexas e
dinheiro que o casal possui, eles referem menos subjetivas e identificar os motivos de conflito mais
satisfação na relação como um todo. Além disso, comuns presentes na conjugalidade pode auxiliar
quando existe uma disparidade de renda entre os o desenvolvimento de intervenções, pois uma re-
cônjuges, pode ocorrer um desequilíbrio de poder lação saudável não está associada diretamente à
na relação e o cônjuge que ganha mais terá mais ausência de conflito, mas à capacidade de os côn-
poder decisório. Nesse aspecto, é relevante consi- juges estabelecerem estratégias para solucioná-los.
derar a questão de qual sexo ganha mais, pois há Segundo dados divulgados pelo RTI Inter-
diferenças na maneira de homens e de mulheres national – Departamento de Saúde e Serviços
se relacionarem e manejarem o dinheiro. Ho- Humanos dos Estados Unidos (2009), os relacio-
mens comumente preferem ganhar mais do que namentos podem se tornar mais vulneráveis com
a mulher, ou ao menos preferem não depender do o acúmulo das dívidas. Quando as pessoas se ca-
dinheiro dela. Quando esta tiver maior renda, é sam, fazem planos e acordos sobre suas vidas, suas
comum para os casais ocultarem esse fato dos ou- finanças, sua história financeira e sobre a forma
tros ou minimizar a contribuição monetária dela. como lidam com as finanças. As possíveis dívidas
Outra pesquisa sobre as pressões financeiras trazidas para um casamento representam um dos
e o tempo associados à vida de trabalho dos côn- maiores problemas para os jovens casais. Com o
juges (Poortman, 2005) sustentou a hipótese de aumento da dívida, a satisfação conjugal diminui,
que maiores tensões financeiras são responsáveis o casal tem menos tempo junto e, quando estão
pelo maior risco de divórcio quando os maridos juntos, o assunto em pauta tende a relacionar-se
trabalham, em média, menos horas que as mu- às possíveis estratégias financeiras e frustrações
lheres durante os primeiros anos de casamento. recorrentes.
Além disso, os casais que enfrentam mais proble- Uma pesquisa realizada por Boyle (2012)
mas financeiros e aqueles que passam menos tem- fornece uma investigação inicial relacionada à
po juntos apresentam um risco maior de divórcio. percepção da propriedade do dinheiro e fato-
Um aspecto relevante pontuado por Atwood res do relacionamento conjugal. Os resultados
(2012) refere-se ao fato de os níveis de confiança a evidenciaram que os indivíduos, que no exer-
respeito do dinheiro diferirem entre os gêneros, cício de sua conjugalidade, percebem o dinheiro
pois mulheres esperam elogios dos maridos por como propriedade conjugal relataram níveis mais
suas contribuições monetárias mais do que os baixos de comunicação negativa que, por sua vez,
homens por suas esposas. Os homens têm senti- estão associados com os níveis mais elevados de
mentos mais fortes (poder) sobre sua renda do que satisfação financeira e conjugal e menores níveis
as mulheres. Eles acreditam que são bons com di- de instabilidade conjugal. O autor refere que esses
nheiro e que as mulheres não têm essa confiança, casais estão menos propensos a relatar interações
apesar de ambos serem classificados como tendo negativas no relacionamento, o que pode ocorrer
o mesmo conhecimento sobre o dinheiro. Por devido a um sentimento de unidade e do desejo
exemplo, quando os homens ganham dinheiro de trabalhar juntos para o bem comum. Embora
no mercado de ações, acreditam em si mesmos esses dados não possam ser generalizados, acres-
como sendo bons investidores e quando perdem centam aspectos relevantes para refletir sobre re-
dinheiro, julgam seus assessores como culpados. lações conjugais e finanças. Burgoyne, Reibstein,
Quando as mulheres ganham dinheiro no merca- Edmunds e Routh (2010) exploraram conceitos de
do de ações, creditam aos assessores a competên- compromisso e estilos de gestão do dinheiro em 42

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Manejo do dinheiro e qualidade conjugal…

casais heterossexuais em dois momentos do ciclo Referências bibliográficas


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denciou-se a existência de uma interfase entre família. Psico, 40(1), 42-49.
esses três aspectos. Essa interface não é estática, Boyle, J. (2012). Shared money, less conflict, stronger
pois se modifica ao longo do desenvolvimento do marriages: The relationship between money
ciclo conjugal. Em cada nova fase novas decisões ownership perceptions, negative communica-
necessitam ser tomadas e a maneira como o casal tion, financial satisfaction, marital satisfaction
maneja o dinheiro interfere no grau de sua quali- and marital instability. Tese de Doutorado,
Universidade Estadual do Kansas, Kansas, Esta-
dade conjugal.
dos Unidos. Disponível em: https://krex.k-state.
Outro aspecto relevante evidenciado pela li-
edu/dspace/handle/2097/13638. (Acessado em
teratura pesquisada diz respeito à necessidade do 29/10/2014).
dinheiro ser assumido como pertencente à unida-
Burgoyne, C. B., Reibstein, J., Edmunds, A. M., &
de conjugal e não a dois indivíduos independen-
Routh, D. A. (2010). Marital commitment,
tes. O diálogo sobre as finanças deve ser tomado money and marriage preparation: What changes
como uma diretriz para o manejo do dinheiro no after the wedding?. Journal of Community &
exercício da conjugalidade. Se o casal, na fase de Applied Social Psychology, 20(5), 390-403.
aquisição, assumir o dinheiro como pertencente à
Capriles, M. A. (2005). Dinheiro: Sanidade ou loucu-
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distribuída a renda conjugal for constante, os côn-
Carter, B., & McGoldrick, M. (2011). As mudanças no
juges poderão obter maiores níveis de qualidade na
ciclo de vida familiar: Uma estrutura para a tera-
relação marital. O diálogo sobre a forma de manejo pia familiar. 2. ed. Porto Alegre: Artes Médicas.
das finanças conjugais faz com que o casal se depa-
re com aspectos relacionados às crenças, ao apren- Cerveny, C. M. O., & Berthoud, C. M. E. (2002). Visi-
tando a família ao longo do ciclo vital. São Paulo:
dizado recebido das famílias de origem de cada
Casa do Psicólogo.
cônjuge e as dificuldades e facilidades individuais.
Por ser uma revisão não sistemática da lite- Cerveny, C. M. O., & Berthoud, C. M. E. (2009). Ciclo
vital da família brasileira. In: L. C. Osório & M.
ratura, e por se tratar de um assunto complexo
E. P. Valle (Eds.). Manual de terapia familiar.
e com variáveis subjetivas, este artigo apresenta Porto Alegre: Artes Médicas, p. 25-37.
limitações, pois é possível que existam estudos
que não foram citados nesta revisão. Entretanto, Cerveny, C. M. O., Berthoud, C. M. E., Bergamini, N.
B. B., Luisi, L. V. V., Filho, R. C., et al. (1997). Fa-
refletir sobre a influência das finanças na qualida-
mília e ciclo vital: Nossa realidade em pesquisa.
de conjugal, principalmente nos primeiros anos São Paulo: Casa do Psicólogo.
do exercício da conjugalidade, é instigante por ser
Féres-Carneiro, T., & Diniz-Neto, O. (2010). Cons-
uma problemática presente no cotidiano dos ca-
trução e dissolução da conjugalidade: Padrões
sais e por se constituir em um instrumento de pre- relacionais. Paidéia,20(46), 269-278.
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Manejo do dinheiro e qualidade conjugal…

Relations between meaning, handling money and marital


quality at the start of the family cycle

Abstract

Studies about money and conjugal quality indicate this is a complex relation, not always explicit, but
inherent to current conjugal relationships. This study of narrative literature review aims to investigate
relations between management and meaning of money and marital quality in the first phase of the
family life cycle. The literature points to correlations between these three aspects and proves that the
way the couple handles money interferes with the degree of their marital quality. The article initially
approaches the couple’s characteristics in the first familylife cycle, and later, it presents aspects regard-
ing conjugal quality. Lastly, it approaches the meaning and handling of money by couples in the first
phase of the family life cycle and possible relations with conjugal quality.
Keywords: marriage, money, conjugality

Recebido em: 20/10/2015


Avaliado em: 01/11/2015
Correções em: 26/11/2015
Aprovado em: 01/12/2015
Editor: Vinícius Renato Thomé Ferreira

Revista de Psicologia da IMED, 7(2): 16-25, 2015 - ISSN 2175-5027 25

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