R. Luís Otávio, 1313 - Jardim Profa.

Tarcília, Campinas - SP, 13087-018

Prof.ª Aline Portilho

Disciplina: Desenvolvimento Humano I
Alunos: Débora Palma (335763911647) e Renato de Rebelo Trigo
(335767511647)

Relatório de avaliação cognitiva por meio das provas operatórias

CONCEITUAÇÃO TEÓRICA

Jean Piaget baseou-se na Epistemologia Genética para estudar o

sujeito epistêmico. O autor teve como objetivo avaliar o sujeito em relação à
sua elaboração de ideias e quais os obstáculos para que conceitos fossem
aprendidos por ele. As provas operatórias são ferramentas utilizadas para
acompanhar se as estruturas mentais de um indivíduo acompanham ou não
sua idade cronológica, colaborando para a formação de diagnóstico.

A Epistemologia Genética tem os seguintes fundamentos teóricos:

I. Proposta construtivista – a interação do sujeito com o objeto

vai estruturando seus conhecimentos. Cada indivíduo é ativo
em seu processo cognitivo e aprende na relação com objetos;
II. As estruturas da inteligência se desenvolvem
progressivamente, das mais simples para as mais complexas;
a mente possui alto grau de estruturação e organização e,
para que a estrutura seja adequadamente preparada, passa
por processos responsáveis pela interpretação da realidade;
III. Os fatores do desenvolvimento mental são: processo de
maturação neurológica, contato com objeto, interação social e
processo de equilibração;
IV. O método clínico, aqui então aplicado, se caracteriza pelo
método de conversação livre com a criança sobre tema
dirigido pelo interlocutor/pesquisador, o qual acompanha as
respostas da criança e lhe pede que justifique. Se necessário,
serão apresentadas contra-sugestões;
V. O conceito de esquema mental, que pressupõe que as
estruturas mentais são gradualmente reelaboradas, atingindo
estágios mais avançados quando tal salto cognitivo estiver
disponível para tal;
VI. As invariantes funcionais são processos psicológicos
utilizados no momento da aprendizagem, sendo elas:
assimilação (incorporação de novo objeto ou ideia ao que já é
conhecido – à estrutura mental), acomodação (transformação
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pela qual passa o organismo para poder lidar com o novo,

disponível no ambiente), adaptação (capacita o indivíduo a
responder aos desafios do ambiente físico e social; dois
processos a compõem). Dois processos compõem a
adaptação: assimilação (uso de estrutura mental já formada)
e a acomodação (processo que implica a modificação de
estruturas já desenvolvidas para resolver uma nova situação).
Já a equilibração é a autorregulação do pensamento à
medida que o sujeito elabora processos mentais de:
assimilação, acomodação, adaptação e organização de forma
simultânea.

Piaget agrupou as provas operatórias por idades, o que auxilia a

selecionar a melhor prova a ser aplicada. A categoria das provas aponta o nível
de estrutura cognitiva que o individuo é capaz de operar na situação
apresentada.

APLICAÇÃO DAS PROVAS PIAGETIANAS

Esta pesquisa se valeu do terceiro estágio, o operacional concreto (7

a 12 anos). A criança já apresenta estrutura mental organizada e começa a
pensar o mundo de forma lógica, ainda que de forma elementar, por utilizar
apenas a lógica concreta. Nesta fase, há o surgimento da transição do
egocentrismo, e a criança passará a não mais se sentir como o centro de tudo.

As provas aplicadas cabíveis para faixa etária escolhida são:

 Provas de conservação de líquidos

 Provas de conservação de massa

O material escolhido para a realização das provas respeitou a idade

da criança, a ordem pelas estruturas já adquiridas das noções e/ou problemas
apresentados pela mesma. O material foi apresentado antes da aplicação das
provas. Duas provas foram aplicadas com a mesma criança.

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Nome: M. C.
Sexo: Feminino
Idade: 7 anos e 7 meses
Local: A criança mora com os pais, mas passa a tarde na casa dos avós
maternos, após o término de sua aula no colégio. A prova foi aplicada em sua
própria casa, na sala, utilizamos a mesa como suporte para colocar os
materiais da prova piagetiana.

PROVA 1 – Conservação de líquido

Objetivo da prova: avaliar a percepção da criança diante da conservação da

quantidade de líquido em diferentes recipientes.

Material: 4 copos, sendo: dois deles iguais (e um deles com cerca de 200ml de
água), 01 copo de whisky vazio (mais baixo), um copo de cerveja vazio (mais
alto), uma jarra de 500ml com água.

O procedimento:

Na mesa, estavam disponíveis os materiais acima citados. Foi solicitado à

criança que colocasse em um dos copos (o idêntico ao que já tinha os 200ml
de água) a mesma quantidade de água que havia no copo ao lado. A criança
foi adicionando a água da jarra aos poucos no copo vazio, e comparando com
a quantidade solicitada.

Depois disso, pedimos para despejar o conteúdo do copo que acabou de ser
enchido no copo mais alto (de cerveja). E perguntamos: “Em qual copo tem
mais água?”. Ela disse: “Neste mais alto, porque é mais longo, mais fino...”.
Perguntamos: “A quantidade de líquido é a mesma?” e ela nos respondeu que
não, pois aquele copo (de cerveja) era maior. Pedimos, então, para que
voltasse a colocar a água do copo de cerveja no primeiro copo (padrão)

Então, pedimos que colocasse o conteúdo do copo-padrão no copo de whisky

(que é mais baixo e mais largo). Perguntamos: “E agora? Em qual copo há
mais água?”. Ela disse que no copo-padrão, e que no copo de whisky tinha
menos líquido, porque era mais baixo. Pedimos para ela despejar o conteúdo
do copo de whisky para o copo-padrão novamente. Perguntamos: “E agora?
Os copos estão com a mesma quantidade de líquido?”. Ela disse que sim, pois
os copos são do mesmo tamanho.

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Resultado: A criança não possui a noção de conservação do líquido quando

afirma que a quantidade de água não é a mesma nos copos diferentes.

PROVA 2 – Conservação de matéria

Objetivo: avaliar a percepção da criança diante da conservação da quantidade

de matéria sob diferentes formas.

Material: duas unidades de massa de modelar, nas cores vermelho e amarelo.

A pesquisa:

Na mesa, foram colocadas as duas massas de modelar e pediu para que M. C.

escolhesse uma das cores. Após ter escolhido a massa amarela, pedimos que
fizesse uma bola. Nós também fizemos e, após terminarmos, colocamos a
nossa bola e a dela juntas, uma ao lado da outra. Perguntamos se as duas
eram iguais e tinham o mesmo tamanho. Ela disse que sim.

Depois, pegamos a massa vermelha e fizemos um formato cilíndrico, como

uma salsicha. E perguntamos qual delas tinham o mesmo tamanho. M. C. disse
que não, que a bola que ela fez era maior que a “salsicha”. Perguntamos se
nas duas havia a mesma quantidade de massinha, e ela disse que sim, que “é
a mesma”. Perguntamos o porquê e ela disse: “a salsicha é mais fina, e a bola
é maior.”.

Remodelamos a “salsicha”, achatando a massinha em formato de pizza.

Perguntamos novamente se continuavam com a mesma quantidade de
massinha, e disse que sim, “porque vieram do mesmo potinho e têm a mesma
quantidade, só que essa (a bola que ela fez no início) ainda tá maior que essa
(massinha achatada)”. Perguntamos: “Mas no início não tinham o mesmo
tamanho, a mesma quantidade?”. Ela nos responde: “no início tinha, mas agora
você deixou a sua bem menor que a minha.”.

Por fim, pegamos nossa massinha e fragmentamo-la em bolinhas, com a ajuda

de M. C.. Depois que fizemos as bolinhas, perguntamos: “Há mais massinha na
cor vermelha (a nossa) ou amarela?”. Ela disse: “Tem a mesma quantidade de
massinha, mas essa está em bolinhas e esta está maior, e parece que tem
mais massinha nessa (a bola amarela do início do experimento), porque essa
aqui é só uma bola grande, e aqui desse lado tem um monte de bolinha
pequenininha.”.

Resultado: A criança possui a noção de conservação de massa.

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CONCLUSÃO

As provas piagetianas são importante instrumento para identificação

dos bloqueios de aprendizagem e permitem traduzir e compreender como se
desenvolvem as funções lógicas do sujeito e se há algum impedimento para
seu pleno desenvolvimento.

Ao psicólogo, cabe o conhecimento acerca das características de

cada estágio do desenvolvimento cognitivo da criança, pois cada idade reflete
uma situação problema específica, e a criança resolverá os problemas de
acordo com os esquemas que possui no momento presente. Por isso, quando
a criança diz que a massinha em formato de salsicha é menor que a massinha
em forma de bola, não poderemos considerar a hipótese da criança como
errada, pois sua resposta esteve de acordo com o esquema que possui.

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