Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Direito de vizinhança, como explicado linhas retro, são as regras que limitam o
direito de propriedade e tem a finalidade de evitar possíveis conflitos entre proprietários
de prédios vizinhos.
Este direito constitui obrigações propter rem, ou seja, acompanham a coisa,
independente de quem for o morador do prédio, este sempre terá a obrigação de manter
o convívio social, objetivo este do direito de vizinhança.
Tem-se a necessidade de esclarecer que os direitos de vizinhança e as ações
inerentes a estes direitos não são, especificamente, direcionados aos proprietários, mas
também a todos que por ventura possam vir a figurar na relação com a propriedade,
como por exemplo, o possuidor, o detentor, usuários e entre outros.
Quanto à natureza jurídica, a própria doutrina não é unânime no que tange à
definição dos direitos de vizinhança. Há quem diz serem limitações de obrigações in
rem scriptae (natureza real), servidão legal e obrigações propter rem (obrigações reais).
Entretanto, a doutrina majoritária define a natureza jurídica deste instituto como propter
rem.
Nossa legislação prevê três hipóteses de conflitos derivados por árvores limítrofes:
quando as árvores nascem nos confins entre dois prédios; quando há a invasão de um
prédio pelos ramos e raízes de árvore pertencente ao prédio contíguo; e, por fim, a
questão sobre a propriedade dos frutos caídos de árvore situada em terreno confinante.
No primeiro caso, Pontes de Miranda denomina tal árvore de árvore-meia, e a cada
proprietário pertence metade da coisa, ou seja, a árvore que se encontra em ambos os
terrenos, na divisão entre os mesmos, é considerada coisa comum.
Assim, somente podem ser cortadas ou arrancadas de comum acordo, devendo ser
repartida entre os donos; os gastos com sua conservação e colheita devem ser
comportados igualmente, e cada companheiro deve indenizar o outro por eventuais
prejuízos que der causa.
Na segunda hipótese, o CC permite ao proprietário do terreno invadido cortar os
ramos e raízes da árvore invasora, até o plano divisório, sendo divergente na
jurisprudência se esse corte só poderá ocorrer quando os ramos e raízes estiverem
causando moléstia ao vizinho.
Uma vez realizado o (justo) corte, o proprietário do prédio confinante também
pode se tornar proprietário dos ramos e raízes cortados. Agindo com dolo ou culpa
grave no exercício do direito de corte, deverá arcar com a devida indenização ao
proprietário da árvore.
Na última situação prevista, sendo o terreno público, os frutos pertencem ao dono
da árvore; se particular, a queda natural dos frutos em terreno confinante permite que o
proprietário deste adquira os frutos; se este provoca a queda, comete ilícito, por se
apropriar do que não é seu.
Da passagem forçada.
Das águas.
Esta matéria é regulada não só pelo nosso Código Civil, como também pelo
Código de Águas (Dec. N. 24.643/34), e basicamente refere-se a cinco situações: águas
que fluem naturalmente do prédio superior; águas levadas artificialmente ao prédio
superior; fontes não captadas; águas pluviais; e aquedutos.
Na primeira situação, a lei impõe ao dono do prédio inferior a obrigação de receber
as águas que correm naturalmente do superior10, ou seja, exige-se que o fluxo
seja natural, o que significa dizer que as águas que o prédio inferior está obrigado a
receber são as de chuva e as que brotam naturalmente do solo.
Já em relação às águas impróprias, o proprietário do prédio superior deve fazer
obras que evitem que estas águas escoem para o terreno vizinho, devendo indenizar este
por eventuais prejuízos.
Na segunda situação, de águas levadas artificialmente ao prédio superior,
divergem o Código Civil e o Código de Águas: o primeiro acolheu a posição do Código
de 1916, em que o dono do prédio inferior podia reclamar que se desviassem as águas
artificiais, ou que lhe fossem indenizados os prejuízos; já o Código das Águas retira a
possibilidade de escolha e prevê apenas a indenização pelos prejuízos, mas jamais a
permissão de impedir o escoamento das águas.
Na situação das fontes não captadas, o dono da fonte não captada, satisfeitas as
necessidades de seu consumo, não pode impedir o curso natural das águas pelos prédios
inferiores; se o proprietário do prédio inferior tem a obrigação de receber as águas
naturais do prédio superior, também tem direito aos sobejos, e aos sobejos limpos.
Ao proprietário de nascente que impedir o curso das águas, ou consumi-las além de
suas necessidades, de má-fé, pode ser obrigado judicialmente não só a reparar os danos
causados, como também a cessar os atos prejudiciais.
Com relação às águas pluviais, o Código de Águas estabelece que pertencem ao
prédio em que caírem diretamente, podendo o dono do terreno dispor livremente, salvo
existindo direito alheio em sentido contrário, nem podendo ser estas águas desviadas de
seu curso natural, estando o infrator sujeito a responder por perdas e danos e ser
compelido a desfazer as obras erguidas para o desvio da água.
Por fim, com relação aos aquedutos, estes representam o direito do proprietário de
canalizar, em proveito agrícola ou industrial, as águas a que tem direito, mediante prévia
indenização.
O Código de Águas prevê, ainda, a possibilidade de canalização pelo prédio de
outrem, também mediante prévia indenização, se para as primeiras necessidades da
vida; para serviços de agricultura ou indústria; para o escoamento de águas
superabundantes; e/ou para o enxugo ou bonificação de terrenos.
Do direito de construir
2. Condomínio Geral
1. Condomínio Voluntário:
Condomínio voluntário faz eminência ao artigo 1.320 do CC: “a todo tempo será
lícito ao condômino exigir a divisão da coisa comum, respondendo o quinhão de cada
um pela sua parte nas despesas de divisão”. Pode ocorrer de forma convencional, por
meio de vontade das partes (contrato), ou imposto, por negócio unilateral (doação de um
bem para dois filhos; testamento). Essa propriedade com mais de um titular poderá ficar
indivisível por até 5 anos e quando convencional, prorrogáveis por mais 5 anos (exceção
seria nos casos de eminência de graves razões) conforme art. 1320.
O caráter de condomínio sustenta-se na ideia de compartilhamento. A cada
condômino lhe cabe uma quota/fração. Quando a coisa for indivisível, será denominada
como ideal e condomínio pro indiviso. Quando indivisível, a quota será real e o
condomínio pro diviso. Frisa-se que o Código Civil denomina quota como “quinhão” e
em casos destes serem ideais (condomínio pro indiviso) o CC as presumem como iguais
em porcentagem, caso não haja estipulação contrária.
Quando ocorre a dissolução de condomínio através do direito de ação de divisão de
condomínio, a propriedade sofrerá consequências de acordo com a sua divisibilidade.
Caso seja impossível dividi-la, deverá ser vendida e o seu valor repartido (ex:
automóveis). Caso seja divisível, será repartida e a cada um caberá sua quota (vide art.
1322).
Conforme o artigo 1314 do Código Civil, cabe aos condôminos não infligir a
destinação da propriedade comum. Em caso de cessão da posse, do uso ou fruição da
propriedade, todos condôminos devem autorizar.
No artigo 1315, prevê-se que os condôminos são obrigados pela contribuição nas
despesas de conservação e divisão da coisa, de acordo com sua quota, bem como
também a alguma dívida atinente a coisa. Em caso de danos ou frutos da coisa que o
condômino perceber, responderá ele perante os demais (art. 1319).
Quanto à administração, será exercida por um condômino, ou estranho, eleito pela
maioria. Cabe destacar que as quotas têm importante peso nos votos, sendo proporcional
as suas frações. Nos casos de deliberações, cabe as decisões à maioria absoluta dos
condôminos, vide art. 1323 ao 1325.
2. Condomínio Necessário
3. Condomínio Edilício
O capítulo VII que trata sobre os condomínios edilícios traz diversos direitos e
deveres. Entre eles, o direito de usar de todos os poderes da propriedade exclusiva da
unidade autônoma, o direito de uso das partes comuns do condomínio desde que não
seja de forma exclusiva e o direito de voto e participação nas deliberações das
assembleias desde que esteja adimplente com a contribuição de despesas. (vide art.
1335).
Já os deveres, conforme art. 1336, cabe aos condôminos contribuir
financeiramente para o dispêndio do condomínio como um todo, seja em edifícios ou
loteamento fechado (geralmente essa taxa é chamada popularmente de “Condomínio”);
dever de não importar obra que tragam insegurança da edificação; dever de não
manipular a faixada, seja na cor ou na forma das esquadrias externas da unidade
autônoma que compõe o edifício; cumprir com a destinação geral do edifício ou
condomínio também para com suas partes exclusivas (ex: um prédio residencial, quem
adquirir um apartamento não poderá utilizar para por uma clínica de odontologia por
exemplo).
Pelo descumprimento de alguns destes deveres o Código Civil traça algumas
normas gerais sobre penalizações com estes condôminos, como juros moratórios e multa
de até dois por cento para inadimplência da contribuição; pena de até 5 vezes o valor
das contribuições.
O Código prevê que será eleito por assembleia um síndico, condômino ou não,
para administração do condomínio. Este será remunerado e terá diversas
responsabilidades, como elaborar orçamento anual; cobrar contribuições dos
condôminos; prestação de contas; contratar um seguro obrigatório.
Todavia, tais responsabilidades administrativas podem ser delegadas a terceiro
desde que aprovado em assembleia. Aqui cabe ressaltar que o legislador foi sábio na sua
visão de possibilitar a delegação de tarefas. Certamente administrar um condomínio em
que envolve, muita das vezes, uma enorme quantidade de pessoas é uma tarefa que deve
existir delegação de tarefas para uma melhor desempenho e resultado da empreita.
Inclusive, em caso de má administração, poderá o sindico ser destituído por voto de
maioria absoluta dos condôminos conforme art. 1349.
1. Introdução
2. Penhor
O penhor é uma modalidade de garantia real que recai sobre bens móveis.
Para garantir uma dívida, o devedor entrega temporariamente um bem móvel ao
credor, que passará a ser chamado de credor pignoratício. Para que se constitua o
direito de garantia, além da tradição, o artigo 1432 prevê que seja levado a cartório de
Títulos e Documentos o instrumento do penhor para ser registrado. Ressalta-se,
entretanto, que em casos de penhores especiais (rural, industrial, mercantil e de
veículos) não ocorre a tradição do bem, pois o devedor deverá ficar com a posse dos
objetos dados em garantia com dever de guarda-los e conserva-los como depositário
(art. 1431).
Nos termos dos art. 1433, o credor pignoratício, aquele que fica com o bem
móvel tem os seguintes direitos:
III - a imputar o valor dos frutos, de que se apropriar (art. 1.433, inciso V) nas
despesas de guarda e conservação, nos juros e no capital da obrigação garantida,
sucessivamente;
V - a entregar o que sobeje do preço, quando a dívida for paga, no caso do inciso
IV do art. 1.433.
3. Hipoteca
De todos os direitos reais de garantia, segundo Flávio Tartuce, é o que tem mais
repercussão prática. Diferente do penhor que recai sobre bens moveis, a hipoteca
recai sobre direitos reais e bens imóveis (resguardadas as exceções) sem transmissão
da posse entre os sujeitos do negócio jurídico, que são o credor hipotecário e o
devedor hipotecário. Destaca-se que para que ela se constitua, deve assim como o
penhor ser registrado em cartório.
O artigo 1.473 do CC prevê algumas possibilidades de bens que podem recair a
hipoteca: o domínio direto; domínio útil; as estradas de ferro; os navios; as
aeronaves; o direito de uso especial para fins de moradia; o direito real de uso; a
propriedades superficiais; os bens imóveis e seus acessórios.
O Código Civil prevê também a possibilidade de recair mais de uma hipoteca
sobre o mesmo bem imóvel, porém deve o segundo credor hipotecário ficar atento se
o valor da casa é suficiente para cobrir as duas dívidas.
Hipoteca legal é a denominação que se dá quando é a própria lei que prevê caso
de hipoteca, e não um acordo de vontade entre as partes. Estão previstas no artigo
1.489: a) às pessoas de direito público interno (art. 41 do CC) sobre os imóveis
pertencentes aos encarregados da cobrança, guarda ou administração dos respectivos
fundos e rendas; b) aos filhos, sobre os imóveis do pai ou da mãe que passar a outras
núpcias, antes de fazer o inventário do casal anterior (art. 1.523, II, do CC), hipótese
de causa suspensiva do casamento; c) ao ofendido, ou aos seus herdeiros, sobre os
imóveis do delinquente, para satisfação do dano causado pelo delito e pagamento das
despesas judiciais; d) ao coerdeiro, para garantia do seu quinhão ou toma da partilha,
sobre o imóvel adjudicado ao herdeiro preponente; e) ao credor sobre o imóvel
arrematado, para garantia do pagamento do restante do preço da arrematação
Conforme preleciona Flávio Tartuce, “estava tratada pelo art. 466 do CPC,
segundo o qual "a sentença que condenar o réu no pagamento de uma prestação,
consistente em dinheiro ou em coisa, valerá como título constitutivo de hipoteca
judiciária, cuja inscrição será ordenada pelo juiz na forma prescrita na Lei de
Registros Públicos".
Ainda nos termos do Estatuto Processual revogado, a sentença condenatória
produziria a hipoteca judiciária: a) embora a condenação fosse genérica; b) pendente
arresto de bens do devedor; c) ainda quando o credor pudesse promover a execução
provisória da sentença. O Novo CPC regulamenta o instituto no seu art. 495, com
algumas modificações. De início, o seu caput dispõe que a decisão - expressão mais
genérica - que condenar o réu ao pagamento de prestação consistente em dinheiro e a
que determinar a conversão de prestação de fazer, de não fazer ou de dar coisa em
prestação pecuniária valerão como título constitutivo de hipoteca judiciária.
Ademais, também em tom mais genérico, o seu § 1 .o preconiza que a decisão
produz a hipoteca judiciária: a) embora a condenação seja genérica; e b) ainda que o
credor possa promover o cumprimento provisório da sentença ou esteja pendente
arresto sobre bem do devedor; e c) mesmo que impugnada por recurso dotado de
efeito suspensivo. Essa última hipótese é novidade, tendo sido a terceira previsão
anterior encaixada na segunda, sem grandes modificações estruturais. “
Para que seja constituída a hipoteca, é necessário que esta seja registrada em
cartório do lugar do imóvel, ou dos imóveis caso haja mais de um bem. No título,
deverá ser seguida uma ordem de registros e averbações conforme foram requeridas
para garantir uma segurança na determinação de qual credor hipotecário terá
preferencia para execução (art. 1493).
O registro da hipoteca valerá enquanto existir a obrigação; porém, a
especialização deverá ser renovada decorridos 20 anos (art. 1498).
As causas de extinção da hipoteca estão previstas no artigo 1.499 do CC, que são
elas:
4. Anticrese
O credor anticrético pode vindicar os seus direitos contra o adquirente dos bens,
os credores quirografários e os hipotecários posteriores ao registro da anticrese, o que
ressalta o caráter real do instituto (art. 1.509, caput, do CC). Se o credor anticrético
executar os bens por falta de pagamento da dívida, ou permitir que outro credor o
execute, sem opor o seu direito de retenção ao exequente, não terá preferência sobre
o preço (art. 1 .509, § 1 .0, do CC). No mais, ressalta-se que o credor anticrético não
tem direito de preferência em caso de indenização de seguro quando o prédio for
destruído ou acontecer uma desapropriação.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
DANTAS, SAN TIAGO. Programa de Direito Civil. 2.ed. Rio de Janeiro, 1979.
Lei 10.406/2002, Código civil brasileiro. 7. ed. São Paulo: Saraiva, 2012.