DISCIPLINA: Teorias e Técnicas Psicanalíticas I / 6º período - Manhã
PROFESSOR: Dr. Alexandre Simões DISCENTE: Paulo Ricardo Teixeira
COMO SE DEU A CONSTITUIÇÃO DA PSICANÁLISE SOB A
PERSPECTIVA DA EPISTEMOLOGIA E DA CLÍNICA?
Entre a excentricidade e a genialidade de Freud, este nos trouxe
grandes aprendizados e recortes de mudanças de pensamentos, em um tempo de vasta transformação histórica, dai, ser conhecido, com razoabilidade, como o pai da Psicanálise. Em dado momento, ao classificar quais seriam as três principais humilhações da humanidade, ao lado da descoberta de Galileu de que a Terra não era o centro do Universo, ou ainda que os humanos, segundo Darwin, são originados do macaco, Freud coloca também nesta lista, sua descoberta do inconsciente, do fato de não estarmos em pleno comando de nossas mentes como acreditávamos.
Deste ponto, se desenvolve em “sua” psicanálise, em um dado
momento de descontinuidade. Importante lembrar que quando falamos de constituição da psicanálise, nos remetemos majoritariamente a última década do século XIX. E neste tempo, entre outros movimentos históricos, a expansão das ferrovias trouxe uma mudança de grande relevância a forma de vida, o acelerar do ir e vir, uma visão de comércio e troca, e assim nos é apresentado novas formas de pensar e inclusive de sofrer, são novos desejos e novos sofrimentos. E em meio a este declínio do velho e o despertar do novo, emerge a psicanálise. E neste contexto, a psicanálise de Freud, com o inconsciente, faz um corte epistemológico, uma ruptura com um tempo e com um vasto arcabouço de saberes, clinico e médico, já bem estabelecido na época. Há uma mudança de formas de pensar, agir, viver e conviver com os paradigmas, e a escuta do analista é um novo saber, voltado para a maneira de como nos vemos a nós mesmos. Do conhecimento analítico, do ser como senhor de si mesmo, de além de tratar os sintomas como praxi primordial da época, e do ensino e prática, puramente em fundamentos médicos e fisiológicos, afinal Freud era médico, mas furtou-se em buscar entender que, mais importante que acabar com o sintoma, é compreender sua ligação com o sofrimento e principalmente, escutar e socorrer aquele ser humano, por trás do sintoma e do sofrimento. Para o analista, Freud não defendia a obtenção de um diploma formal em medicina como ele, mas sim a experiência em análise para a prática da clínica psicanalítica. O escutar na essência se torna o mais importante para a prática. O analista deve retirar toda eficácia da escuta de uma fala e só assim verá uma verdade natural e latente. Entender que “Quem fala diz mais do que aquilo que está sendo dito”. Sem isso, ninguém pode se tornar um analista. E a clínica psicanalítica não se assemelha a clínica médica tradicional e engessada, apenas delimitada por paredes e entornos, mas onde tiver um analista, ali está a clínica.