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A minha viagem interior começa no Oriente Médio, nadando nas aguas do Rio Tigres, teve uma

visão apocalíptica brutal. Desde O Bagdá até O Argel, da Iran ao rio Nilo e do monte do templo
em Jerusalém até á Hagia Sofia em Istambul, os ventos quentes do deserto secavam a
respiração e uma praga de barcaça pegou as animas dos habitantes e não deixou nem uma
pessoas sadia por lá. Despertei no porto de Beirute, refletindo perante a destruição e decidi
deixar as aguas primordiais.

Os pilares de poder dos antigos templos trambaleavam e os novos deuses pediam sua parte.
Na minha confusão ia como uma bola de bilhar que não sabe em que buraco vai entrar. Queria
seguir flutuando por baixo a luz dos neones o máximo possível para não sentir no lado escuro
da lua, apenas mover e mover até cair. Movido pela própria inercia, exausto, fadigado arribar
em algum lugar qualquer da mãe Terra e lá ficar. Não foi uma viagem fácil, sempre confiava na
força que me levava homem ou Deus - eu não sabia. Não entanto, fosse ou que seja ninguém
viaja sem pagar passagem nem aprende sem errar e apesar de todas as providencias, tinha que
bater nas bordas suaves da vida e chocar com suas fortes paredes abruptas, apenas frenando
antes do mesmo abismo.

Ao cabo de 13 anos me achava num albergue juvenil em Boa Viagem. Cheio de tristeza bebia
no mercado e me norteei para o único lugar de saber que encontrava: cidade universitária. Lá
me deixei cair no ‘Shock’ cultural, infinitos fantasmas morenas sem som nem tom, saindo da
zona agreste indo para ‘o polo urbano’ me enchiam desta triste, cinza crueldade, do cotidiano
laboral nordestino. O que perdia da flutuação se compensava da pela resistência. Já começava
a perceber e separar faltava concretar. O concreto doe porque é uma queda quase sem fim
nesse país de maravilhas enrevesada do inconsciente, perto e confuso como a África e triste
como a América Latina. São camadas a e camadas de dor e de pena. Nadei e nadei quase
afogado. Sempre doido, sempre lutando, encostei para a luz e uma e outra vez estava ainda
mais escura. Desiludido, retirava para o interior, como um ermitão em procura de uma cova de
paz.

Agora, acalmou pouco a tempestade. Sai a estrela do norte com frequência e fico sozinho
esperando o sol sair.

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