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DESCRIÇÃO

Este tema aborda o conceito de texto e discurso, bem como a distinção e a complementaridade entre eles, além de apresentar uma
caracterização dos gêneros textuais e alguns cuidados necessários na produção e leitura
de textos.

PROPÓSITO
Compreender o conceito de texto, discurso e gênero textual para identificar estratégias e cuidados necessários à elaboração e à leitura de um
texto.

OBJETIVOS

MÓDULO 1

Distinguir os conceitos de texto e de discurso

MÓDULO 2

Identificar aspectos da distinção entre texto e discurso na produção textual

MÓDULO 3

Reconhecer o conceito de gêneros textuais e suas implicações na leitura de textos


MÓDULO 1

 Distinguir os conceitos de texto e de discurso

INTRODUÇÃO
Todas as vezes em que você se comunica ou interage com alguém, há sempre uma intenção ao falar ou ao escrever.

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Dependendo dessa intenção ou da finalidade do ato de comunicação, haverá maneiras diferentes de construir sua fala e sua escrita, ou seja,
você acabará usando modos específicos para se expressar ou interagir por meio da língua.

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VEJAMOS A SEGUINTE SITUAÇÃO:


Imagine que Rodrigo chegou em casa ansioso por contar algo que aconteceu no trabalho, uma situação ocorrida que lhe deu muita
esperança de ser promovido.

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Falamos e escrevemos com as mais diferentes intenções, adequando nosso ato de comunicação a partir delas, por isso devemos concluir
que há diversas formas de organizar o discurso. Isso também implica dizer que existem diversos
gêneros textuais, além daquelas moda­-
lidades que você deve ter aprendido na escola, como narração, descrição e dissertação.

No diálogo acima, qual modalidade você acha que Rodrigo utilizou para contar o fato ocorrido?
NARRAÇÃO
DESCRIÇÃO
DISSERTAÇÃO

Ao contar o episódio, tentando mostrar as chances de ter uma promoção, ele utilizou aspectos característicos da narração, que é um tipo
específico de se organizar o discurso, assim como nós também fazemos comumente
no dia a dia.

Enquanto ele contava sua história, provavelmente nem se deu conta de elementos típicos da narração, como: personagem, espaço, tempo
etc.

FECHAR

Pense mais uma vez e tente novamente!

FECHAR

ENUNCIAÇÃO

O termo enunciação refere-se à atividade social e interacional em que a língua é colocada em funcionamento por um enunciador (aquele que
fala ou escreve), tendo em vista um enunciatário (aquele para quem se fala ou se escreve).
FECHAR
Para compreender tudo isso e identificar possíveis aplicações no uso da língua, você aprenderá os conceitos de discurso e de texto para,
então, verificar como o conhecimento dos diferentes
gêneros textuais o ajudará a escrever e a ler melhor.

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CONCEITO DE TEXTO E DISCURSO


Para distinguir texto e discurso, primeiramente é preciso conceituá-los, além de identificar a utilidade dessa distinção. Mas, em vez de
começar logo com uma definição, vamos pensar um pouco sobre
a prática, ou seja, vamos considerar uma situação concreta de uso da
língua. Imagine que alguém diga a um colega o seguinte:

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A resposta "sei" provavelmente frustrou quem perguntou. A decepção ou mesmo o estranhamento diante de tal resposta ocorre porque a
intenção de quem pergunta não é obter uma informação sobre o conhecimento ou não do horário,
mas pedir um dado que traga sentido,
referência e clareza.

A INTENÇÃO DE QUEM PERGUNTA É UM ELEMENTO FUNDAMENTAL


NA ENUNCIAÇÃO, ASSIM COMO A FORMA COM QUE O TEXTO É
RECEBIDO PELO ENUNCIATÁRIO.
O produto da enunciação é chamado enunciado. No campo dos estudos da linguagem, o conceito de enunciação, assim como tantos outros,
apresenta variações na forma como é definido, conforme a abordagem teórica em
que seja tomado.

A enunciação está presente na maioria dos textos. No caso da nossa hipotética situação de comunicação, pode-se imaginar a presença
explícita dessa enunciação do seguinte modo:

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ENUNCIAÇÃO
O termo enunciação refere-se à atividade social e interacional em que a língua é colocada em funcionamento por um enunciador
(aquele que fala ou escreve), tendo em vista um enunciatário (aquele para quem se fala ou se escreve).

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É possível que um texto não explicite as intenções do autor, ou seja, a enunciação pode estar implícita. Nesse caso, será preciso ouvir ou
ler o texto, entendê-lo e perceber as intenções do
autor. Teremos, então, uma decodificação
desse texto.

Além da intenção, que pode estar implícita ou explícita na interação por meio da linguagem, temos sujeitos que interagem em determinado
tempo ou contexto a partir de um texto ou mensagem.

OS ASPECTOS RELACIONADOS COM A PESSOA (QUEM FALA/OUVE


OU QUEM ESCREVE/LÊ) E COM O TEMPO (EM QUE MOMENTO OU
CONTEXTO A COMUNICAÇÃO SE DÁ) TAMBÉM FAZEM PARTE DA
ENUNCIAÇÃO.

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Mesmo que esses aspectos nem sempre estejam explicitados ou claros no texto, a produção textual envolve os seguintes elementos da
enunciação:

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A partir dessa abordagem inicial sobre enunciação, vamos a uma primeira caracterização de texto e de discurso. Segundo Abreu (2004),
podemos dizer que:

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O texto é um produto da enunciação, estático, definitivo e, muitas vezes, com algumas marcas da enunciação que nos ajudarão na tarefa de
decodificá-lo.

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O discurso, por sua vez, é dinâmico: principia quando o emissor realiza o processo de codificação e só termina quando o destinatário
cumpre sua tarefa de decodificá-lo. Por isso, também se afirma que
o discurso é histórico.

Quando um texto é escrito, finalizado pelo seu autor, pode ser considerado algo acabado e estático. No entanto, o discurso teve seu início
juntamente com o texto e vai se completando à medida que o texto vai sendo lido
por seus leitores. Por isso, Abreu (2004) nos diz que o
discurso é sempre dinâmico e pode ser repetido infinitamente, sempre de formas diferentes, dependendo do repertório de seus
leitores.
AS CONCEPÇÕES DE TEXTO E DE DISCURSO NOS PERMITEM, ENTÃO,
MAIS DO QUE FAZER UMA DISTINÇÃO, PERCEBER QUE ELES SÃO
COMPLEMENTARES.

Por isso, podemos afirmar: Discurso é o texto em atividade comunicativa; vindo a público e se realizando. É bom observar que o texto
pode ser escrito ou oral, embora enfatizemos na maioria das vezes o texto
escrito. O discurso também pode se realizar tanto a partir de um
texto escrito quanto de um texto oral.

 ATENÇÃO
Não confunda discurso com a fala de um orador!

O professor Luís Cláudio Dallier e o linguista Antônio Suárez Abreu retomam o conceito de texto e discurso com alguns exemplos práticos.
Vídeo com libras

Podemos, então, concluir que todas as vezes que escrevemos ou falamos temos um texto que se realiza como discurso. Isso acontece
porque quem fala e escreve tem uma intenção ou objetivo contido na mensagem e até na forma de comunicá-la. Quem ouve e lê precisa
decifrar (compreender) a mensagem e a sua intenção a partir do próprio conhecimento de mundo e, claro, do próprio texto.
Mas, você pode se perguntar:

PARA QUE SERVE DEFINIR TEXTO E DISCURSO,

ALÉM DE FAZER A DISTINÇÃO ENTRE ELES?

QUAL A UTILIDADE DESSES CONCEITOS?

Essas perguntas são muito importantes e serão respondidas na continuidade deste tema. Mas antes, verifique se você de fato aprendeu o
que é um texto e um discurso realizando a atividade a seguir.

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VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. A ENUNCIAÇÃO É UM CONCEITO IMPORTANTE PARA COMPREENDER O QUE É UM DISCURSO, ALÉM DA
DISTINÇÃO E COMPLEMENTARIDADE ENTRE TEXTO E DISCURSO. SOBRE A ENUNCIAÇÃO, É CORRETO
AFIRMAR QUE:

A) Refere-se à atividade social e interacional em que a língua é colocada em funcionamento por um enunciador (aquele que fala ou escreve),
tendo em vista um enunciatário (aquele para quem se fala ou se escreve), produzindo um enunciado.

B) A intenção tem pouca importância na produção do texto e, consequentemente, na forma como ele será lido.

C) O produto da enunciação é chamado enunciatário.

D) O produto da enunciação é chamado enunciatário.

E) No campo dos estudos da linguagem, assim como tantas outras noções, a de enunciação apresenta uma única forma de ser apresentada,
sendo resumida a dois elementos: enunciador e enunciatário.

2. TEXTO E DISCURSO SÃO CONCEITOS QUE DEVEM SER COMPREENDIDOS COMO DISTINTOS E AO
MESMO TEMPO COMPLEMENTARES PORQUE:

A) O texto é a parte abstrata e o discurso é a parte concreta.

B) O texto é escrito e o discurso é oral.

C) O discurso é o texto em atividade comunicativa, vindo a público e se realizando.

D) O texto é dinâmico e indefinido enquanto o discurso é estático e definitivo.

E) O texto pode ser repetido infinitamente, sempre de formas diferentes, dependendo da bagagem cultural de seus leitores, já o discurso
pode ser considerado algo acabado e estático.
GABARITO

1. A enunciação é um conceito importante para compreender o que é um discurso, além da distinção e complementaridade entre
texto e discurso. Sobre a enunciação, é correto afirmar que:

A alternativa "A " está correta.

A intenção de quem pergunta é um elemento fundamental na enunciação, assim como a forma com que o texto é recebido pelo enunciatário.
O termo enunciação refere-se à atividade social e interacional em que a língua é colocada em funcionamento por um enunciador (aquele que
fala ou escreve), tendo em vista um enunciatário (aquele para quem se fala ou se escreve). O produto da enunciação é chamado enunciado.
No campo dos estudos da linguagem, o conceito de enunciação, assim como tantos outros, apresenta variações na forma como é definido,
conforme a abordagem teórica em que seja tomado.

2. Texto e discurso são conceitos que devem ser compreendidos como distintos e ao mesmo tempo complementares porque:

A alternativa "C " está correta.

O texto é um produto da enunciação, estático, definitivo. O discurso, por sua vez, é dinâmico: principia quando o emissor realiza o processo
de codificação e só termina quando o destinatário cumpre sua tarefa de decodificá-lo. O discurso é histórico. Quando um texto é escrito,
finalizado pelo seu autor, pode ser considerado algo acabado e estático. No entanto, o discurso teve seu início juntamente com o texto e vai
se completando à medida que o texto vai sendo lido por seus leitores. Por isso, o discurso “é sempre dinâmico e pode ser repetido
infinitamente, sempre de formas diferentes, dependendo do repertório de seus leitores”.

MÓDULO 2
 Identificar aspectos da distinção entre texto e discurso na produção textual

CUIDADOS NA ELABORAÇÃO DO TEXTO


Compreender a relação entre texto e discurso deve levá-lo a determinados cuidados na produção do texto e na sua leitura.

Em relação à leitura, você deve lembrar que o discurso é um conceito relacionado com as intenções presentes no texto (de forma explícita ou
implícita) e outros elementos da comunicação como:

Quem escreve;

Quem lê;

Em que contexto o texto foi produzido;

O momento em que o texto é lido.


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Isso quer dizer que o discurso é algo situado, ou seja, ele é produzido por alguém, com determinada intenção, em algum contexto e tendo em
vista o interlocutor.

PARA A COMPREENSÃO OU INTERPRETAÇÃO ADEQUADA DO TEXTO,

SERÁ PRECISO CONSIDERAR TAMBÉM ESSES ELEMENTOS OU


ASPECTOS,

MUITAS VEZES ESCONDIDOS NAS ENTRELINHAS.


O linguista Antônio Suárez Abreu fala sobre cuidados na elaboração do texto a partir da noção de discurso.

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Você certamente percebeu o quão importante é a construção do discurso e a relevância de refletir sobre ele. Mas sejamos um pouco mais
práticos, trataremos agora da elaboração do texto.

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ELABORAÇÃO DO TEXTO
Ao elaborar um texto, você deve ter em mente que não escreve para si mesmo, pois seu texto é produzido para que outros o leiam, ele se
transformará em discurso. Por isso, deve haver cuidado na elaboração, na forma pela qual suas intenções estarão marcadas ou presentes na
mensagem.

Se escrevemos e falamos para que outros nos entendam ou mesmo atendam aos objetivos de nossa comunicação, precisamos nos esforçar
para irmos além da simples expressão do que temos em mente. Isso tem a ver com um importante mecanismo da comunicação, que foi
resumido pelo professor Blikstein (1990), em seu livro Técnicas de comunicação escrita, da seguinte forma.

Os princípios do mecanismo da comunicação seriam:

Toda comunicação escrita deve gerar uma resposta a uma determinada ideia ou necessidade que temos em mente.

II
A comunicação escrita será correta e eficaz se produzir uma resposta igualmente correta.

III

Resposta correta é a que esperamos, isto é, aquela que corresponde à ideia ou necessidade que temos em mente.

IV

Para avaliarmos a correção e a eficácia de uma comunicação escrita, temos que verificar sempre se houve uma resposta e se ela
corresponde à ideia ou necessidade que queremos passar ao leitor.

Veja o exemplo:

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É preciso, então, cuidado em relação a vários aspectos no uso da língua nas situações de comunicação.

Vejamos três deles:

1. VOCABULÁRIO

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Preferir palavras e expressões que, além de expressar o que pensamos, ajudem o leitor ou ouvinte a identificar a nossa intenção ou o
objetivo do texto. Palavras pouco conhecidas ou rebuscadas, termos técnicos e vocabulário restrito a uma área diferente da do nosso
interlocutor podem oferecer alguma dificuldade.
O vocabulário sempre deve estar adequado ao contexto em que comunicamos nossa mensagem e ao nosso interlocutor. Se precisarmos
usar alguma palavra difícil ou pouco conhecida, é recomendável que ela venha acompanhada de alguma explicação, evitando deixar o texto
pedante ou pretencioso. Não é um vocabulário excessivamente formal ou com preciosismos que vai demonstrar nosso domínio da língua.

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2. ADEQUAÇÃO DA LINGUAGEM ÀS SITUAÇÕES E AOS LEITORES QUE


TEMOS EM VISTA
O estilo e o nível de linguagem que usamos em nossa escrita ou fala devem estar adequados ao contexto da comunicação, ao objetivo ou à
intenção da nossa mensagem e ao interlocutor (o receptor, a pessoa com quem nos comunicamos):

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Se o objetivo, por exemplo, for escrever um manual com procedimentos e orientações para o uso de um celular, o texto deverá ter um estilo
que respeite a língua culta, mas que será simples, objetivo e claro, com predomínio de verbos no imperativo ou infinitivo, além de descrições
e outras características desse gênero textual.

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Se escrevermos um bilhete ou enviarmos um recado por um aplicativo de mensagens, usaremos uma linguagem mais coloquial, um tom
pessoal e talvez algumas abreviaturas, entre outras características.

Mais adiante você aprenderá outros aspectos importantes na produção e na elaboração do texto em função de seu gênero.

3. CONSTRUÇÃO DAS FRA­SES E CORREÇÃO GRAMATICAL

Organizar cada parágrafo do texto, os períodos e as frases que o compõem é uma forma de deixar o texto claro, coeso e coerente.

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Escrever e falar sem incorreções gramaticais também contribui para o melhor entendimento da mensagem, além de dar credibilidade ao autor
em virtude do seu domínio da língua padrão. Há outros cuidados na elaboração do texto que destacamos para ajudá-lo a escrever melhor.
São aspectos que o ajudarão a perceber características que devem estar presentes em todos os textos e, além disso, a aprender uma outra
forma de definir o que é um texto.

Vamos, então, conhecer quatro importantes recomendações que você precisa considerar ao escrever e ao ler um texto:

NÃO CONFUNDA TEXTO COM A MERA SOMA OU AGLOMERADO DE FRASES


Um texto deve ser um todo orgânico com encadeamentos que interliguem as suas partes. Isso im­plica, na leitura, que não devemos tomar as
frases ou partes do texto isoladamen­te, sem considerar o seu contexto.

Se o texto é um todo orgânico, então sua com­preensão não pode se basear apenas em um fragmento isolado do contexto.

DELIMITE O SEU TEXTO!


Os professores Platão e Fiorin (2003) nos lembram em seu livro Para entender o texto que o texto deve ser “delimitado por dois espaços de
não sentido, dois brancos, um antes de começar o texto e ou­tro depois”, ou seja, tem início e fim, está delimitado num determinado espaço.
Isso implica uma organização textual. Se o texto é uma unidade, ele deve ter começo, meio e fim.

FAÇA COM QUE SEU TEXTO SEJA UM GERADOR DE SENTIDO


O que você escreve tem que fazer sentido para quem vai ler. Caso isso não aconteça, não se produzirá um discurso, o texto não se realizará.

Os sentidos têm de ser marcados pela coerência; devem ser, também, confirmados a partir de seu contexto.

ESTEJA ATENTO A ELEMENTOS DO CONTEXTO DURANTE A PRODUÇÃO


De acordo com Platão e Fiorin (2003), o texto é o produto de um sujeito que pertence “a um grupo social num tempo e num espaço”, alguém
que expõe em seus textos as ideias, os anseios, os temores, as expectativas de seu tempo e de seu grupo social.

Assim, é necessário entender as concepções existentes na época e na sociedade em que o texto foi produzido para não correr o risco de
compreendê-lo de maneira distorcida.

Esses cuidados na elaboração do texto correspondem a uma forma de entender o que é um texto. Por isso, é hora de apresentar a seguinte
definição: O texto é um todo orgânico gerador de sentido. Essa definição nos
ajuda a perceber que um texto tem que fazer sentido e
possui princípio e fim, mesmo que ele seja um texto muito pequeno.

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Imagine que alguém, diante de um princípio de incêndio, grite: FOGO.


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Ou vamos supor que uma professora, diante de uma sala de aula muito barulhenta, escreva numa lousa a palavra: SILÊNCIO.

Nos dois casos temos um exemplo de texto, por menor que seja sua estrutura. Isso acontece porque nessas situações de comunicação
existe uma unidade linguística delimitada e que produz sentido a partir da intenção de quem fala ou escreve.

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LINGUÍSTICA

Estudo científico da linguagem e das línguas naturais. A utilização deste termo depende das perspectivas metodológicas, das teorias e
das disciplinas que estudam os diferentes fenômenos.

Fonte: Portal da língua portuguesa.

Compreender que o texto é um todo orgânico que produz sentido também traz como desdobramento estabelecer correspondência e
articulação entre suas partes. As frases não podem ser soltas ou simplesmente amontoadas numa sequência sem sentido e sem unidade.
 DICA
A palavra TEXTO está relacionada, emsua origem, com a palavra TECIDO. Daí que podemos falar na "tecitura de um texto",em "tecer um
texto". É preciso tecer os fios, ou tecer as palavras, de tal forma que o texto se apresente coeso e orgânico: uma unidade articulada.

O processo de articulação do texto, que permite a integração entre suas partes, é chamado de encadeamento semântico (semântico =
sentido). Ele é que produz a textualidade ou a “trama semântica”. A
coesão, segundo Abreu (1999), é exatamente esse processo de
encadeamento que produz a textualidade, que cuida da estruturação da sequência superficial do texto.

Conforme nos ensinam Platão e Fiorin (2003), podemos também dizer que a coesão textual é a ligação, a relação, a conexão entre as
palavras, expressões ou frases do texto, por meio de “elementos formais que
assinalam o vínculo entre os componentes do texto”.
Quando um conteúdo escrito apresenta repetições desnecessárias, retomando uma palavra ou ideia sempre com o mesmo termo, temos um
caso de falta de coesão. O exemplo a
seguir, retirado do livro Curso de redação, do professor Antônio Suarez Abreu, é uma boa oportunidade
para verificar a falta de coesão num texto.

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Se você levar em conta que o termo “revendedoras de automóveis” pode ser substituído por agência, concessionária ou loja, e “automóveis”
pode ser substituído por carros, veículos, produto ou mercadoria, é possível reescrever o texto estabelecendo a coesão. Veja:

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Perceba que, além de evitar a repetição de “revendedoras de automóveis” e da palavra “automóveis”, substituindo esses termos por
sinônimos, foram utilizados mecanismos de coesão como a elipse, ou seja, omissão
de um termo.

Nesse exemplo, na oração desiste de comprar o automóvel, foi omitido o complemento da forma verbal “desiste”, sem prejuízo à
compreensão do texto. Também se substituiu o termo “os automóveis” na frase
para vender os automóveis mais caro pelo pronome
oblíquo átono junto ao verbo vender: “para vendê-los mais caro”. Outro mecanismo de coesão utilizado foi a retomada do termo “revendedora
de automóveis” valendo-se de um advérbio, no caso, o advérbio de lugar “lá”: “o cliente vai lá...”. Há diversas outras formas de articular as
partes de um texto, as sentenças ou frases que formam cada período
ou parágrafo, garantindo a coesão textual.

Se queremos, por exemplo, articular duas sentenças com o sentido de oposição, podemos usar conectores ou articuladores como:

Mas

Porém

Contudo

No entanto

Todavia
Se a ideia for articular sentenças diferentes com o sentido de causalidade, usaremos articuladores como:

Porque

Uma vez que

Já que

Visto que

Devido a

Por causa de

Veja o exemplo a seguir:

A DIRETORA DA ESCOLA CONVOCOU OS PAIS E OS RESPONSÁVEIS


DOS ALUNOS PARA UMA REUNIÃO ONTEM À TARDE, PORÉM POUCOS
COMPARECERAM, JÁ QUE UMA FORTE CHUVA INUNDOU OS
PRINCIPAIS ACESSOS AO COLÉGIO.

Perceba que duas informações iniciais estão articuladas com a ideia de oposição: a convocação e o não comparecimento de quem foi
convocado. Em seguida, apresenta-se a causa para o não comparecimento: a forte chuva. A coesão
também se manifesta ao se evitar a
repetição desnecessária da expressão “os pais e os responsáveis” na oração: porém poucos compareceram, além de se retomar o termo
“escola” pelo sinônimo “colégio”
na última oração.

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Confira outras explicações e exemplos sobre coesão textual com o linguista Antônio Suárez Abreu.
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DICA!
O Quiz de Português é um aplicativo de perguntas e respostas que abrangem as divisões da gramática e as regras gerais de construção
textual, como os recursos de coerência e coesão.

É voltado para todos que querem melhorar ou apenas testar o seu conhecimento na língua portuguesa, além de educadores e alunos da
área.

Baixe nas versões:


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VERIFICANDO O APRENDIZADO

1. COMPREENDER QUE O TEXTO É UM TODO ORGANIZADO QUE PRODUZ SENTIDO IMPLICA AFIRMAR
QUE, NA LEITURA E NA PRODUÇÃO TEXTUAL, É RECOMENDÁVEL:

A) Basear a leitura em fragmentos e partes isoladas do texto, sem levar em conta o contexto.

B) Não identificar como texto aquelas produções muito curtas, de apenas uma única palavra, como no exemplo em que alguém grita “Fogo!”,
diante de um princípio de incêndio.

C) Estabelecer correspondência e articulação entre as partes do texto, pois as frases não podem ser soltas ou simplesmente amontoadas
numa sequência sem sentido e sem unidade.
D) Dar pouca ou mesmo nenhuma importância à forma com que o leitor vai receber o texto.

E) Não delimitar o texto escrito num determinado espaço, pois a organização textual pouco importa.

2. O TEXTO BEM ESCRITO DEVE TER SUAS PARTES ARTICULADAS ADEQUADAMENTE, OU SEJA, DEVE
TER A MARCA DA COESÃO TEXTUAL. NO TEXTO ABAIXO, HÁ GRAVES PROBLEMAS DE COESÃO
TEXTUAL.

A DIRETORA DA ESCOLA CONVOCOU OS PAIS E OS RESPONSÁVEIS DOS ALUNOS DA ESCOLA PARA UMA
REUNIÃO DE PAIS E RESPONSÁVEIS DOS ALUNOS ONTEM À TARDE, POR ISSO POUCOS
COMPARECERAM, PORÉM, UMA FORTE CHUVA INUNDOU OS PRINCIPAIS ACESSOS AO COLÉGIO.

ASSINALE A ALTERNATIVA QUE APRESENTA O RESTABELECIMENTO DA COESÃO TEXTUAL.

A) A diretora convocou para uma reunião ontem à tarde, pois uma forte chuva inundou os acessos à escola, uma vez que poucos
compareceram.

B) A diretora da escola convocou os pais e os responsáveis dos alunos da escola para uma reunião ontem à tarde na escola, mas poucos
pais e responsáveis dos alunos da escola compareceram, porque uma forte chuva inundou os principais acessos à escola.

C) A diretora da escola convocou os pais e os responsáveis dos alunos para uma reunião ontem à tarde, porque poucos compareceram, mas
uma forte chuva inundou os principais acessos ao colégio.

D) Uma vez que a diretora da escola convocou os pais e os responsáveis dos alunos para uma reunião ontem à tarde, poucos
compareceram, porém, uma forte chuva inundou os principais acessos ao colégio.
E) A diretora da escola convocou os pais e os responsáveis dos alunos para uma reunião ontem à tarde, mas poucos compareceram devido
a uma forte chuva que inundou os principais acessos ao colégio.

GABARITO

1. Compreender que o texto é um todo organizado que produz sentido implica afirmar que, na leitura e na produção textual, é
recomendável:

A alternativa "C " está correta.

A opção A está incorreta porque a leitura do texto não deve se basear em fragmentos ou partes isoladas, sem levar em conta o contexto. As
alternativas B e E estão incorretas porque textos não se definem por serem grandes ou pequenos, mas por serem delimitados em algum
espaço e produzirem sentido. A opção D está incorreta porque a forma pela qual o leitor recebe o texto tem sua importância na produção
textual. A resposta correta é a C por primar pela coesão textual.

2. O texto bem escrito deve ter suas partes articuladas adequadamente, ou seja, deve ter a marca da coesão textual. No texto
abaixo, há graves problemas de coesão textual.

A diretora da escola convocou os pais e os responsáveis dos alunos da escola para uma reunião de pais e responsáveis dos alunos
ontem à tarde, por isso poucos compareceram, porém, uma forte chuva inundou os principais acessos ao colégio.

Assinale a alternativa que apresenta o restabelecimento da coesão textual.

A alternativa "E " está correta.

A alternativa correta é a única que apresenta uma versão do texto em que as repetições desnecessárias são evitadas, o sentido de oposição
entre a primeira e a segunda parte é estabelecido e a articulação com sentido de causa e efeito é recuperada entre o último e o segundo
período.

MÓDULO 3

 Reconhecer o conceito de gêneros textuais e suas implicações na leitura de textos

GÊNEROS TEXTUAIS
Você já aprendeu que, ao falar ou escrever, a intenção e outros aspectos se fazem presentes no ato comunicativo, correspondendo a um
modo característico de construção do discurso. Esse modo específico de organizar o discurso se constitui num conjunto de características
relativamente estáveis, configurando diferentes textos ou gêneros textuais.

A noção de gêneros textuais foi desenvolvida por um pensador russo, Bakhtin (1895-1975), no começo do século XX. Ele usou a
palavra gêneros para se referir aos textos orais ou escritos que elaboramos nas diversas situações de comunicação.

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EXEMPLOS
Um bilhete que alguém deixa para sua mãe, uma piada que se conta na mesa de um bar, uma ata redigida durante uma reunião ou um artigo
de opinião publicado nas redes sociais são exemplos de gêneros textuais, pois apresentam
um conjunto de caracte­rísticas
sociocomunicativas e uma estrutura específica.
SOCIOCOMUNICATIVAS

Diz-se daquilo que está inserido em um contexto social e tem função comunicativa.

Enquanto ele contava sua história, provavelmente nem se deu conta de elementos típicos da narração, como: personagem, espaço,
tempo etc.

Há gêneros textuais que são típicos da vida acadêmica. Se você tiver que apresentar os resultados de um trabalho acadêmico ou de uma
pesquisa realizada ao final do curso, provavelmente terá de escrever uma monografia ou um
artigo acadêmico, que constituem também
exemplos de gêneros textuais. Caso queira apresentar os resultados de uma visita técnica ou de uma inspeção que tenha rea­lizado, poderá
elaborar um relatório, outro exemplo de gênero
textual. O e-mail enviado a um colega também faz parte de um gênero textual. A lista de
exemplos poderia se estender bastante.

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Conforme conceituado por Marcuschi (2002), os gêneros textuais são os textos materializados que encontramos em nossa vida diária e
que apresentam características sociocomunicativas definidas por conteúdos, propriedades funcionais,
estilo e composição
característica.
Agora que você já sabe o que é um gênero textual, tenha cuidado para não cair numa confusão muito comum que alguns estudantes fazem
entre gêneros e tipos tex­tuais. Para ajudá-lo a compreender a diferença entre eles, veja o
quadro a seguir:

TIPOS TEXTUAIS GÊNEROS TEXTUAIS

Definem-se por propriedades linguís­ticas que vão São realizações linguísticas concretas definidas por propriedades
caracterizar os gêneros: vocabulário, relações sociocomunicativas, ou seja, dentro de um contexto cultural e com função
lógicas, tempos verbais, construções frasais etc. comunicativa.

Exemplos: telefonema, sermão, carta comercial, carta pessoal, aula expositiva,


Exemplos: narração, argumentação, descrição,
romance, reunião de condomínio, lista de compras, conversa espontânea,
injunção (ordem) e exposi­ção (texto informativo).
entrevistas, cardápio, receita culinária, inquérito policial, blog, e-mail etc.

Correspondem a um conjunto pratica­mente ilimitado de características deter­-


Podem variar entre cinco e nove tipos.
minadas pelo estilo do autor, conteúdo, composição e função.

(Fonte: Marcuschi, 2002)


Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal
De certo modo, nossa experiência de estudo da língua portuguesa na escola está mais relacionada com os tipos de textos, também
denominados tipos textuais. Mas precisamos ter cuidado para não achar que escrever
ou ler um texto se resume a compreender os
aspectos gramaticais e linguísticos relacionados com um número limitado de tipos textuais.

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Os gêneros textuais podem ser tanto escritos quanto orais. Há gêneros textuais que são bem tradicionais, como os sermões, as cartas e os
diários pessoais.

Por exemplo:

Numa carta pessoal encontraremos um remetente escrevendo a um destinatário sobre assuntos variados, numa linguagem mais afetiva,
estilo menos formal e, às vezes, num tom confessional.
Já numa carta comercial, a finalidade da mensagem impõe linguagem e aspectos formais como a disposição da data e do local; a maneira de
se dirigir ao destinatário (como escrever o vocativo ou que forma de tratamento escolher); uso de expressões características da área ou até
mesmo jargões profissionais; a forma de o remetente assinar etc.

Outros gêneros são mais recentes, resultado das tecnologias digitais. O e-mail, por exemplo, é um gênero textual digital que nos remete às
cartas ou aos bilhetes, enquanto o blog se aproxima mais dos diários pessoais ou mesmo das crônicas.

UM GÊNERO TEXTUAL PODE CONTER DIFERENTES TIPOS TEXTUAIS.

Vejamos a seguinte situação:

Vamos supor que você tenha uma página e poste um texto sobre uma viagem que tenha realizado. Provavelmente haverá um trecho com
relato de algum “perrengue” pelo qual você tenha passado (narração), outra parte com detalhes dos brinquedos de um parque sensacional
que você conheceu (descrição) e, ao final, a defesa da ideia de que viajar é uma das melhores coisas da vida (argumentação). Nesse
exemplo, a postagem contém texto narrativo, descritivo e argumentativo.

Imagem: Shutterstock.com

Vamos praticar?

Que tal ir a alguma de suas redes sociais e fazer dois posts? Em um deles, utilize os seguintes tipos textuais: narração, descrição e
argumentação. No outro, escolha apenas uma dessas tipologias.

Em seguida, avalie qual dos dois posts produziu mais interações, como likes e comentários.

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Todas essas informações e exemplos sobre os gêneros textuais servem para deixar muito claro que deveremos ter estratégias de leitura
adequadas a cada gênero textual, pois eles possuem estrutura, intenções e estilos próprios.

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Uma estratégia adequada de leitura passa pela expectativa correta em relação ao texto ou seu gênero textual. Um leitor competente deve
possuir conhecimentos prévios sobre cada gênero textual para identificar no texto características
próprias de cada gênero. Você não deve ler
um e-mail como lê um blog. A prática de leitura de um romance é distinta da leitura de uma notícia ou de um artigo no jornal. Não se deve
ouvir um sermão
na Igreja do mesmo modo que se ouve alguém numa conversa ao telefone.

Quando lemos um texto, precisamos identificar o gênero textual ao qual ele pertence. Ninguém deve procurar instruções sobre
procedimentos e informações precisas num gênero textual como o conto ou o poema, assim como não
se deve ler uma receita culinária
procurando expressões poéticas sobre os sentimentos ou mesmo tentando entender algum enredo de uma história.

Vejamos um exemplo de gênero textual: o anúncio publicitário.


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Um gênero textual como o anúncio publicitário, por exemplo, tem como intenção influenciar o leitor, persuadi-lo a consumir determinado
produto ou levá-lo a aderir ao que está sendo anunciado. Para atrair
a atenção e a adesão do leitor, além de usar verbos no imperativo e
trabalhar com efeitos criativos como os de humor ou de ironia, as mensagens publicitárias se valem de elementos visuais e outros
recursos
para “fisgar” o leitor.

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O efeito que a peça publicitária provoca está relacionado não somente com o risco no trânsito, ao se dirigir sob efeito do álcool, mas se
vincula ao próprio contexto do carnaval. A campanha vai além
do mote “Se beber, não dirija!” para mostrar que o incentivo a brincar no
carnaval não se aplica ao brincar no volante.

Esse tipo de cuidado em relação ao gênero textual pode ajudar a evitar interpretações equivocadas na leitura de um texto.

 ATENÇÃO
Não se deve buscar uma verdade ou fato histórico num texto ficcional, como no caso de um romance, já num texto científico ou numa
buladeremédio, não é apropriada uma leitura imaginativa e de entretenimento.
Ao ler uma anedota ou piada, nossa expectativa deve ser encontrar algum efeito de humor. Ao ler o manual de um celular, devemos esperar
descrições objetivas das características do aparelho, assim como procedimentos sobre
sua utilização.

Alguns textos que pertencem a determinado gênero apresentam uma configuração típica de outro gênero textual, ou seja, assumem a forma
de outro gênero buscando maior impacto sobre o leitor ou efeitos que não são tão comuns.
O nome que se dá a essa fusão de gêneros
textuais é intergenericidade ou intertextualidade de gêneros.

PARA ENTENDER MELHOR O ASSUNTO, VEJA ALGUNS EXEMPLOS DE


INTERGENERICIDADE.

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VERIFICANDO O APRENDIZADO

1. OS GÊNEROS TEXTUAIS DEVEM SER CORRETAMENTE IDENTIFICADOS COM:

A) Textos presentes em nosso dia a dia e que apresentam características sociocomunicativas definidas por conteúdos, propriedades
funcionais, estilo e composição característica.
B) Um conjunto limitado de características deter­minadas por propriedades linguísticas e gramaticais.

C) A classificação que tipifica os textos em narração, descrição, argumentação, injunção e exposição.

D) Os textos exclusivamente produzidos por meio da escrita.

E) Os textos exclusivamente orais.

2. 6. (ENEM 2013)

A DIVA

VAMOS AO TEATRO, MARIA JOSÉ?

QUEM ME DERA,

DESMANCHEI EM ROSCA QUINZE KILOS DE FARINHA,

TOU PODRE. OUTRO DIA A GENTE VAMOS.

FALOU MEIO TRISTE, CULPADA,

E UM POUCO ALEGRE POR RECUSAR COM ORGULHO.

TEATRO! DISSE NO ESPELHO.

TEATRO! MAIS ALTO, DESGRENHADA.

TEATRO! E OS CACOS VOARAM

SEM NENHUM APLAUSO.

PERFEITA.

(PRADO, A. ORÁCULOS DE MAIO. SÃO PAULO: SICILIANO, 1999)

OS DIFERENTES GÊNEROS TEXTUAIS DESEMPENHAM FUNÇÕES SOCIAIS DIVERSAS, RECONHECIDAS


PELO LEITOR COM BASE EM SUAS CARACTERÍSTICAS ESPECÍFICAS, BEM COMO NA SITUAÇÃO
COMUNICATIVA EM QUE ELE É PRODUZIDO. ASSIM, O TEXTO A DIVA:

A) Narra um fato vivido por Maria José.

B) Surpreende o leitor pelo seu efeito poético.

C) Relata uma experiência teatral profissional.

D) Descreve uma ação típica de uma mulher sonhadora.

E) Defende um ponto de vista relativo ao exercício teatral.

GABARITO

1. Os gêneros textuais devem ser corretamente identificados com:

A alternativa "A " está correta.

As opções B e C correspondem a características dos tipos textuais. As alternativas D e E estão incorretas porque os gêneros textuais se
realizam tanto em textos escritos quanto em orais.

2. 6. (ENEM 2013)

A diva

Vamos ao teatro, Maria José?

Quem me dera,

desmanchei em rosca quinze kilos de farinha,

tou podre. Outro dia a gente vamos.

Falou meio triste, culpada,

e um pouco alegre por recusar com orgulho.

TEATRO! Disse no espelho.

TEATRO! Mais alto, desgrenhada.

TEATRO! E os cacos voaram

sem nenhum aplauso.

Perfeita.

(PRADO, A. Oráculos de maio. São Paulo: Siciliano, 1999)

Os diferentes gêneros textuais desempenham funções sociais diversas, reconhecidas pelo leitor com base em suas características
específicas, bem como na situação comunicativa em que ele é produzido. Assim, o texto A diva:

A alternativa "B " está correta.

A cena descrita no poema narrativo A diva leva o leitor a imaginar a experiência teatral através do diálogo expresso no texto. Ao chegar ao
final do poema, o leitor é surpreendido pela função poética, que transforma a simples Maria José em uma diva pela sua atuação dramática
espontânea.

CONCLUSÃO
AVALIAÇÃO DO TEMA:

REFERÊNCIAS
ABREU, A. S. Curso de redação. 12. ed. São Paulo: Ática, 2005.

ASSIS, J. A. Enunciação, enunciado. In: Glossário CEALE. Universidade Federal de Minas Gerais, s/d.

BANDEIRA, M. Estrela da vida inteira: poesias reunidas. Rio de Janeiro: José Olympio, 1980.

BLIKSTEIN, I. Técnicas de comunicação escrita. 8. ed. São Paulo: Ática, 1990.

FÁVERO, L. L. Coesão e coerência textuais. 8. ed. São Paulo: Ática: 1998.

FIORIN, J. L.; SAVIOLI, F. P. Para entender o texto. 12 ed. São Paulo: Ática, 1996.

FIORIN, J. L.; SAVIOLI, F. P. Lições de texto: leitura e redação. 4 ed. São Paulo: Ática, 2001.
MARCUCSHI, L. A. Gêneros textuais: definição e funcionalidade. In: DIONÍSIO, A. P.; MACHADO, A. R.; BEZERRA, M. A. (Orgs.). Gêneros
textuais & ensino. Rio de Janeiro: Lucerna, 2002. p. 19-36.

POSSENTI, S. Discurso. In: Glossário CEALE. Universidade Federal de Minas Gerais, s/d.

PRADO, A. Oráculos de maio. São Paulo: Siciliano, 1999.

ROJO, R. Gêneros e tipos textuais. In: Glossário CEALE. Universidade Federal de Minas Gerais, s/d.

EXPLORE+

Quer se aprofundar na compreensão dos gêneros textuais, conhecer mais exemplos e entender como eles se realizam inclusive a partir
das tecnologias digitais? Então leia o artigo Gêneros textuais: definição e funcionalidade do professor e linguista Luiz Antônio
Marcuschi.

Você pode aprender mais sobre a articulação entre as partes de um texto estudando alguns mecanismos de coesão textual.

CONTEUDISTA
Luis Cláudio Dallier Saldanha

 CURRÍCULO LATTES

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