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Resenha sobre:

A Arte de Argumentar: Gerenciando Razão e Emoção, Antonio Suárez


de Abreu

Hyasmym Tâmara Carvalho Brito


O livro A Arte de Argumentar: Gerenciando Razão e Emoção, foi escrito
por Antonio Suárez de Abreu que é professor livre-docente de lingüística,
aposentado pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, é professor
adjunto de língua portuguesa da UNESP, campus de Araraquara. O livro foi
editado pela editora Ateliê Editorial em sua 11ª edição, publicado na cidade de
Cotia, estado de São Paulo em 2008.
Retrata a importância de argumentar, ou simplesmente dialogar com
outras pessoas. É por meio de uma simples comunicação que muitos males
típicos são repelidos, como a tristeza ocasionada pela solidão, e em muitos
casos acaba por gerar uma depressão em alto grau, privando o individuo de
conviver com as pessoas que os cercam, pais e irmãos por exemplo.
O autor trata de vários pontos principais como o gerenciamento de
informação (falar, ler e escrever bem), para ele é o que realmente importa é o
fato de transformar uma informação em conhecimento. Cita que a maior parte
das pessoas busca informações através da mídia, mas ressalta sobre o ponto
estratégico que a mesma oferece apenas parte da realidade, o que mais lhe
cabe mostrar. Como em um dos exemplos, o caso da esposa do presidente
das Filipinas Imelda Marcos, mostrou uma coleção de sapatos em seu closet,
depois ela confessou que nunca havia comprado os sapatos, mas todos
haviam sido ofertados a ela, pelas fábricas gratuitamente a coleção completa,
porém ela calçava um número grande e não era fácil encontrar alguém para
doar os sapatos. No entanto ficou ainda para muitas pessoas a imagem de
Imelda Marcos como mulher fútil. Ao colocar mais alguns exemplos ressaltam
que é importante não tomar por base somente as informações divulgadas pela
mídia, mas ir à busca de outras fontes, como livros que iram trabalhar uma
visão crítica sobre determinados temas.
Enfatiza que é por meio da leitura que se pode ver o mundo com uma
mente mais aberta, até o ponto de criar a capacidade de selecionar as
informações, e por fim construir seu próprio conhecimento.
Gerenciar informações precisa estar aliado ao gerenciamento das
relações. Um diálogo é uma forma de gerenciar uma relação. Dar oportunidade
de expressão as pessoas, mostrando a elas que podem confiar em você,
passaram a acreditar nos seus serviços, é fundamental para o sucesso
profissional, pois segundo o autor um profissional bem sucedido não é o mais
inteligente, mas sim o que sabe se relacionar positivamente com seus clientes,
tratando-os como parte mais importante do seu trabalho e o respeitando como
se fossem iguais.
Salienta também sobre o medo de se permitir ser dominado por outro.
Mas esclarece que quem dá esse poder de domínio somos nós mesmos.
Apresenta exemplos de como ritos e regras podem aprisionar as pessoas ao
ponto de chegarem ao óbito.
Mas o que é realmente argumentar, o autor aborda um conceito prático, “é a
arte de convencer e persuadir, agora convencer é saber gerenciar informação é
falar à razão do outro. Persuadir é falar a emoção do outro” (ABREU,
2008.p.25).
Desde os primórdios da humanidade, está evidenciado o poder da
argumentação para se construir uma vida melhor. Nos tempos antigos os
sábios chamados sofistas detinham esse poder de falar bem e eram aclamados
pelo povo. Desde essa época a sociedade já buscava estar em sintonia com o
que a cúpula diz com relação ao que se deve ou não fazer, ao que se deve ou
não usar, enfim acaba por influenciar em todas as áreas da vida, criando
comportamentos, como o pudor, que para eles não era natural, tal
comportamento estava baseado em regras ditadas pela sociedade.
Segundo Abreu “o verdadeiro sábio é aquele capaz de fazer julgamentos
diante das circunstâncias e não aquele que expressa verdades absolutas”.
O senso comum é um dos discursos mais significativos, pois abrange
todos na sociedade, e vem desde a época dos sofistas em Atenas. A retórica
clássica se baseava nesse discurso, na verossimilhança e não em verdades
absolutas.
As condições de argumentação são as seguintes:
• A primeira- obtêm uma tese e encontrar para qual problema ela é solução.
Como exemplo o vendedor, ele precisa conhecer as necessidades do cliente
para satisfazê-la.
• A segunda- falar a mesma linguagem que o seu auditório.
• A terceira- estabelecer um contato positivo com o seu auditório.
• A quarta- ter ética, ser honesto e transparente.
O auditório pode ser universal, quando abrange um número muito
grande, como o público de um determinado programa de TV. E o auditório
pode ser também particular onde se pode ver e falar com todas as pessoas de
perto.
Ao tentar convencer um determinado auditório, é preciso saber que tipo
de público se trata também se faz necessário fazer uma preparação do campo
antes de expor a tese principal, essa preparação chama-se tese de adesão
inicial. Se o público aceitar então facilita a aceitação também da tese principal e
o argumentador ganha força para continuar o seu discurso.
Abreu apresenta também algumas técnicas argumentativas a ser
utilizada para ligarem a tese de adesão inicial à tese principal. Dividem-se em:
argumento quase lógico e argumentos fundamentados na estrutura do real.
Os argumentos quase lógicos podem ser: compatibilidade e
incompatibilidade (mostrar a tese de adesão inicial e apresentar como
compatível ou incompatível com a tese principal); regra de justiça
(fundamentam-se em um tratamento sem distinção as pessoas ou situações);
retorsão (é usado o argumento do interlocutor para impor a ele a decisão
tomada); ridículo (usa também um argumento do outro mais ironizando a
situação); definição (pode ser: lógica, expressiva, normativa e etimológica).
Os argumentos baseados na estrutura do real são argumentos:
pragmáticos, do desperdício, pelo exemplo, pelo modelo ou pelo antimodelo e
pela analogia.São de suma importância os recursos de presença quando
utilizados para ilustrar a tese que será defendida, este é um bom recurso para
persuasão. É preciso educar-se aos valores, e necessidades do outro, para
conseguir atingir sua emoção, não é permitido rejeitar um valor do outro. É
necessário também ter lugares de argumentação, onde se encontra
argumentos a disposição do orador. “O nome lugares era utilizado pelos
gregos, e o mesmo significava local virtual, de fácil acesso, onde os
argumentos ficavam a disposição do orador. ”(p.80)
Existem seis lugares, são eles:
• Lugar de quantidade- as coisas valem mais que outra em função da razão, se
vale da utilização de números e estatísticas;
• Lugar de qualidade- dá valor ao que é único, em contraposição ao lugar de
quantidade;
• Lugar de ordem- confirma a superioridade do anterior sobre o posterior;
• Lugar de essência- valorizam as pessoas como representações de essências;
• Lugar de pessoa- afirma superioridade das pessoas em relação às coisas;
• Lugar do existente- valoriza o que já existe.

Um cuidado maior que precisa ser trabalhado são com as palavras


usadas no argumento, elas são o carro chefe da argumentação, é fundamental
parar e pensar antes de utilizar palavras, a fim de não serem impróprias, nem
soarem mal aos ouvintes. Existem também para auxiliar no uso correto das
palavras algumas figuras retóricas, recursos usados para persuadir. Seu poder
é subliminar, por isso o efeito mais rápido.
Assim concluí-se que saber argumentar é fundamental para viver
melhor, fazer novas amizades, sem medo de estar em poder do outro, manter
um relacionamento bom com as pessoas que estão mais perto, como pais e
irmãos. Também nos abre o leque de oportunidades para a busca de
conhecimento através das fontes mais seguras de informação, capacita
aprender a selecioná-las. Traz a memória histórias engraçadas sobre coisas
que passaram despercebidas pela falta de conhecimento, alimentando agora a
vontade de obtê-lo. Com essa capacidade é possível construir ou derrubar um
império.
Por estar sempre buscando atender primeiro uma necessidade “alheia”
as pessoas passam a adiar sua vida. Acabam se preocupando ao máximo em
satisfazer desejos que não são seus de fato, mas foram criados para equiparar
sua vida com a vida que a mídia diz ser a “mais feliz”.
Construir uma relação saudável com seus familiares é um passo inicial
muito eficaz na hora de modificar sua vida solitária e infeliz. Saber argumentar
faz parte de uma ação inteligente desenvolvida a fim de estabelecer harmonia
com seu próprio ser.
Uma pergunta inefável feita quando se é indagado a respeito do seu
hábito de argumentar: por que aprender a argumentar? A maior parte da
sociedade ainda não sabe ao certo qual é o seu maior desejo, dificultando
então na resposta desta pergunta.
Com a leitura deste livro foi notada a necessidade de trazer à tona
verdades ocultas, buscar novas fontes de conhecimento, ampliar o acervo
crítico, objetivando uma nova postura diante dos fatos. Procurar fazer valer a
pena o tempo gasto em leituras, tirar o máximo de proveito de cada página lida,
buscando não somente ler, mas interpretar o texto.
Apesar de concordar com o autor, percebemos que o conhecimento
adquirido é restrito a poucas pessoas na sociedade brasileira. Até mesmo pela
falta de hábito com a leitura. É preferível assistir novelas na TV, quando se
assiste um jornal não procura entender o que pode estar fora do contexto real,
não se procura criticar e tentar descobrir o que está mascarado, nas
informações passadas.
É de suma importância saber se comunicar, como aborda o autor, e ter o
conhecimento da arte argumentativa capacita às pessoas, tornando-as
aproveitadoras de oportunidade. O que faria com que não se perdesse mais
amizades, amores, e traria a vida da população mais tranqüilidade, pois ao
contrário de irar-se com o outro, fariam então uma reflexão no que aquela
pessoa precisa, o que posso fazer para ajudar e como vou estar me ajudando
agindo assim. Os lucros dessa batalha seriam incontáveis, pois a maior parte
dos problemas sociais começa com a relação familiar, os próprios pais não
compreendem que a melhor escolha é argumentar.
Abreu aborda muito sabiamente essa questão do relacionamento,
deixando bem claro que para ser feliz não é válido ser famoso, ou muito rico.
Em muitos casos a maior parte dessas pessoas são as mais depressivas,
como exemplificou mostrando que a solidão está nas camadas mais altas da
sociedade.
Contudo o livro trás uma abordagem altamente didática, um exemplo é
na apresentação de uma lista de figuras retóricas, metáforas, o que retira um
pouco da visão ampla e crítica ampliando também para uma apresentação
explanativa do assunto. O que é muito favorável tendo em vista, que é muito
mais fácil ler o que já está ali pronto, mastigado, ao invés de fazer uma
pesquisa para obter mais conhecimento sobre o tema trabalhado. Pode-se
dizer que com essa leitura o conhecimento é garantido.
O livro “A arte de argumentar: Gerenciando Razão e Emoção” de
Antonio Suárez Abreu é endereçado a todos aqueles que pretendem aprender
a ter um bom relacionamento, ampliando seu círculo de amizade ou
simplesmente estabelecendo uma convivência saudável com seus familiares.
Esta obra ajuda a compreender melhor o que as pessoas falam, ampliando sua
criatividade na solução de problemas.
O livro é extremamente indispensável para executivos, professores de
todas as áreas, administradores e todas as pessoas que desejam manter
relacionamentos saudáveis aumentando sua qualidade de vida. Tem um
caráter didático muito importante para ampliar as fronteiras dos
relacionamentos interpessoais dentro e fora de uma organização.

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