Toda dor e sofrimento, em função de sentimentos ou circunstâncias desfavoráveis,
algumas vezes até mesmo como as penúrias de uma guerra, da morte de parentes e amigos, das mortes coletivas em situações ímpares, podem ser transformadas de uma maneira positiva. Primeiro é preciso viver o luto, a dor, senti-la em sua plenitude e depois organizar os mecanismos de sobrevivência e de renascimento interno, para ressignificar e transformar com criatividade em arte: em prosa, contos, peças teatrais, filmes, poesia, versos, desenhos, pinturas, charges, escultura, música ou artesanato. Quando a pessoa não se livra dessas emoções negativas no viés na criatividade e inventividade, ela absorve essa obscuridade e somatiza essas sensações, convertendo isso em doença, cujo grau e intensidade variarão de acordo com o nível e a profundidade da comoção. Observemos quantos versos, livros clássicos imortalizados, quantas músicas e letras belíssimas, retratam e retrataram as dores humanas de modo comovente, esclarecedor, profundo. Essa dor CONVERTIDA em arte, serve ao bem da humanidade, serve à vida de CADA PESSOA que consegue ou conseguiu se ver e se sentir naquela mensagem lúdica, e, compreender que também precisa transcender sua própria história, abrindo-se à libertação de si mesma de todo o lixo que ficou das dores vertidas e sentidas. Que consigamos ver beleza como fruto de nossas mazelas pessoais, nossas perdas e danos, nossos dissabores, nossas decepções, nossas dores e até mesmo na morte que chegamos a ver de perto, de modo individual ou coletivo.