Você está na página 1de 5

Joana Costa Lopes

Assistente Convidada

§ Esquema – Direito Processual Civil II


Sentença – Vícios – Caso Julgado

Enquadramento da Decisão do Juiz no Processo

Modalidades da Decisão Conteúdo da Decisão Final (Despacho Saneador


Sentença/Sentença)

i) Despachos: decisões não finais proferidas i) Absolvição do pedido: julgamento de mérito


sobre matéria processual; no entanto o contra o autor; a absolvição do pedido deixa
despacho saneador pode ser uma decisão assente que a pretensão material invocada por essa
final (artigo 595/1 e 3 do CPC; parte não existe, não merece a tutela pedida;
ii) Sentenças: decisões finais proferidas numa ii) Absolvição da instância: recusa de julgamento
causa (artigo 152/2.º do CPC) , ou seja, são de mérito, por faltar algum pressuposto
as decisões que põem termo a uma causa ou processual, (artigo 278.º, 1 e 576/2.º do CPC). A
a um incidente; as sentenças dos tribunais absolvição da instância deixa intocada a situação
coletivos chamam-se acórdãos – artigo substantiva – artigo 279.º, n.º1 do CPC.
152.º, n.º3 do CPC;
iii) Condenação: quando o juiz dá razão ao autor; a
iii) Resoluções: decisões proferidas nos condenação não deixa assente a existência da
processos de jurisdição voluntária com base pretensão material alegada pelo autor o modo da
em critérios de conveniência e sua tutela;
oportunidade;

Efeitos da Decisão

Efeitos Processuais:
Efeitos Substantivos:
I ) A irrevogabilidade da decisão, decorrente do Irrevogabilidade da decisão
esgotamento do poder jurisdicional do juiz quanto à Os efeitos substantivos podem ser a
matéria decidida -art. 613.º, n.º 1 do CPC; vs. Caso Julgado
determinação de pontos antes
indeterminados da situação jurídica:
Excepção: possibilidade da rectificação de erros materiais, do São realidades distintas.
suprimento de nulidades e da reforma da decisão (art. 613.º, n.º 2; cf. Exemplo: o conteúdo da prestação devida pelo
art. 614.º a 617.º); A irrevogabilidade da decisão réu (fixado, regra geral, por critérios de
decorre do esgotamento do poder equidade: art. 339.º, n.º 2, 462.º, 496.º, n.º 3,
II) O caso julgado formal (art. 620.º e 628.º) e jurisdicional do juiz sobre a matéria 566.º, n.º 3, 883.º, n.º 1 2.ª parte, 993.º, n.º 1 2.ª
III. Efeitos da decisão
material (art. 619.º), decorrente do trânsito em decidida (art. 613.º, n.º 1). Portanto parte, e 1158.º, n.º 2 do CC), o prazo da
julgado da decisão, que se 1. verifica quando esta não
Generalidades dirige-se ao juiz – a decisão é prestação (cf. art. 777.º, n.º 2 e 3, CC) ou o
seja susceptível de recurso ordinário ou de inalterável para o juiz. prazo para a repartição da herança ou do legado
reclamação para rectificarAerrosdecisão dopara
materiais, tribunal
suprir produz efeitos muito importantes, quer ao
(art.nível
2182.º, processo,
n.º 3, CC). quer no
uma nulidade ou para a reformar quanto a custas e a O caso efeitos
julgado são
significa que as apenas à decisão transitada
multa ou quantoplano a lapsosdo manifestos
direito substantivo.
do juiz (art. Alguns destes atribuídos
partes já não podem impugnar a
628.º; cf. art. 613.º, Efeitos Normativos:
emn.ºjulgado,
2); ou seja, nos termos do art. 628.º,(art.
decisão insusceptível de recurso ordinário ou de reclama-
628.º). Portanto
dirige-se às partes. Depois de Quando a decisão produz um efeito
III) A extinção da ção.relação jurídica processual (artigo transitado em julgado as partes
277/al.a) do CPC; - só a decisão final normativo – ou seja – quando integra
deixam de a poder impugnar a
(sentença/despacho saneador-sentença) produz decisão.
a previsão de uma norma.
este efeito;
Vícios da Decisão

Vícios essência; Vícios de Conteúdo Vícios Limites


A inexistência Erro Material 614.ºCPC Erro Judicial 616.ºCPC O que é?
Quando a decisão não contém tudo o
O que é? O que é? que devia ou contém mais do que
A falta de poder jurisdicional do devia. Os vícios limites encontram-se
judicante, por exemplo: o juiz que proferiu É a inexactidão ou omissão O erro judicial é a divergência entre o que se regulados no artigo 615.º do CPC,
a decisão fora aposentado com fundamento em verificada na decisão, afirma na decisão e a verdade dos factos ou 666.º, 685.º do CPC.
incapacidade física, moral ou profissional - consubstanciando uma discrepância a jurídica. Artigo 616.º do CPC.
A decisão é nula nos termos das
art. 605.º, n.º 3; com os dados verdadeiros. É uma
alíneas do artigo 615.º do CPC;
divergência entre a vontade real Incide sobre o quê?
A falta de forma em termos de não do juiz e o que ficou escrito. - Sobre a decisão propriamente dita; Art. 615/al.e) tem de ser interligado
haver sequer aparência social e - Sobre os seus fundamentos (art. 616.º, n.º com o 608.º/2 + 609.º do CPC; (p.
jurídica de decisão; por exemplo: Regime: artigo 614.º/1 do CPC: 2); do dispositivo);
- Sobre a decisão secundária acerca de
decisão proferida pelo juiz num café
custas e multa (cf. art. 616.º, n.º 1); Consequências da nulidade da
ou verbalmente fora do processo ou I ) Omissão do nome das partes;
decisão sem parte dispositiva. decisão:
II )Omissão quanto às custas; I) Erro na determinação da norma
aplicável/qualificação jurídica dos factos; - Se a nulidade provier da falta de
A absoluta ininteligibilidade da assinatura do juiz (615/al.a) as
decisão. III ) Lapso manifesto , traduzido em 616/2/b) do CPC;
consequências são as do artigo
erros de escrita ou de cálculo ou em 615.º,n.º2: a omissão pode ser suprida
II) Erro na apreciação ou desconsideração
quaisquer outras inexatidões ou oficiosamente ou a requerimento de
de prova plena, art. 616.º, n.º 2, al. b)
omissão flagrantes; qualquer das partes, enquanto for
possível colher a assinatura do juiz
que proferiu a sentença. (artigo
615/3);

- Se a nulidade provier de qualquer


outra causa al.b), a e) do art. 615.º
do CPC se a decisão admitir recurso
Ineficácia da Decisão – Temos um Erro Material e Temos um Erro Judicial e ordinário , a nulidade da sentença
deve ser arguida no próprio tribunal
Artigo 625.º do CPC Agora? Agora? que a proferiu (art. 615/4.º do CPC).

O erro material pode ser objecto de O erro judicial pode ser Tramitação: se só for admissível a
A decisão, ainda que não
reclamação, o juiz profere decisão
padeça dos desvalores de rectificação, por iniciativa das impugnado através:
definitiva sobre a nulidade (artigo
inexistência ou nulidade, partes ou do próprio juiz (art. 613.º, 617/6/1ªparte do CPC.
n.º 2, e 614.º, n.º 1 do CPC). Reclamação: se não couber recurso
pode ser ineficaz.
ordinário (art. 616/n.º 1 e 2 do CPC. Se tiver sido interposto recurso,
Como se trata de uma rectificação, incumbe ao juiz apreciar a alegada
É o caso da segunda decisão não é permitido (como o permite a Recurso ordinário: se couber, o nulidade no despacho em que
sobre a mesma pretensão (art. anulação) alterar o que ficou decidido. recurso de apelação , se for interposto aprecia a admissibilidade do recurso
625.º, n.º 1 do CPC) ou sobre Não sendo interposto recurso, a da 1.ª instância para a Relação – artigo (617/1 + 641/1.º do CPC)
a mesma questão concreta da rectificação pode ter lugar a todo o 644.º/1 do CPC, ou de revista se for
Se o juiz não suprir a nulidade,
relação processual (art. 625.º, tempo (art. 614.º, n.º 3), cabendo interposta da Relação para o STJ não cabe recurso autónomo do
n.º 2). recurso, nos termos gerais, do (artigo 671.º 1 do CPC); indeferimento – 617.º, n.º1 parte
despacho de rectificação (art. 644.º, final. (mantêm-se inalterado o recurso
n.º 2, al. g)) O erro na decisão secundária sobre interposto).
custas e multa é atacável pedindo a
Se o juiz suprir a nulidade: a magia do
reforma da decisão (art. 616.º, n.º 1). artigo 617/2.º do CPC;

Vícios Limites – Nota importante (artigo 615.º do CPC)

A nulidade da sentença tem de ser invocada, não é de conhecimento oficioso - art. 615.º, n.º 4 do CPC. Assim, se a parte não
invocar a nulidade no recurso interposto, o tribunal ad quem não pode conhecer dela. Há, no entanto, uma excepção: se faltar a
fundamentação do julgamento da matéria de facto, a Relação pode ordenar, mesmo oficiosamente, que o tribunal de 1.ª instância a
fundamente ( art. 662.º, n.º 2, al. d)).

No fundo, se as partes não alegarem a nulidade da sentença, ela sana-se.


Caso Julgado
MTS: O caso julgado fornece certeza e confiança e é um elemento essencial para o bom funcionamento da justiça

Trânsito em Julgado –
Decisão Final/Sentença art. 628.º do CPC
Neste lapso temporal de 30 dias (art. 638.º/1 do CPC) as partes podem
Artigo 613.º do CPC – fica interpor recurso (art. 627.º, 629.º), logo para as partes a decisão final CASO JULGADO
imediatamente esgotado o poder ainda não tem carácter de imutabilidade, porque pode ser
jurisdicional do juiz. Ele não se impugnada! Passado o momento em que tal
pode mais pronunciar. tipo de alteração ainda é possível
Neste lapso de tempo a sentença também pode ser alterada através dos (OS 30 DIAS – 638.º do CPC)
Efeito da irrevogabilidade da mecanismos previstos no artigo 614.º a 617.º do CPC (artigo 613/2.º do diz-se que a sentença transita em
decisão; CPC). julgado:

É esta inalterabilidade da decisão


transitada, decorrente da
insusceptibilidade da sua
impugnação, constitui o caso
julgado.

Modalidades de Caso Julgado

Caso Julgado Formal – art. 620.º do CPC Caso Julgado Material – art. 619.º do CPC

O caso julgado formal traduz a força obrigatória O caso julgado material é limitado à decisão de mérito,
dentro do processo. Isto significa o quê? isto é, à decisão sobre a relação material controvertida (art.
619.º, n.º 1). A decisão dada a certa questão é vinculativa
Se o juiz no Despacho Saneador (595.º /1, al. a)/3.º do CPC) fora do processo; nenhum juiz se pode afastar dela se se
se pronunciar sobre uma exceção dilatória, e fundamentar voltar a pôr em juízo questão idêntica objectiva – por
porque é que a exceção é procedente ou improcedente, não identidade de pedido e de causa de pedir – e subjectivamente
pode vir depois na sentença contrariar o que decidiu no – por identidade das partes (art. 619.º, n.º 1, 580.º e 581.º).
despacho saneador, por causa do caso julgado formal!
O caso julgado material produz a vinculação ao
Exemplo: Se o juiz no despacho saneador decidir que uma parte é conteúdo da decisão de mérito e realiza:
legítima e fundamentar porquê, então não pode na sentença vir alegar que
essa mesma parte é ilegítima.

Exceção: Despacho Saneador Genérico/Tabular. É uma


exigência que decorre do artigo 595/3.º do CPC na parte em Um Efeito Positivo: Um Efeito Negativo:
que diz “o despacho constitui, logo que transite, caso autoridade de caso julgado Exceção de Caso
julgado formal, quanto às questões concretamente Julgado
apreciadas”, logo se o juiz apenas enunciar/decidir que as
partes são legítimas, o tribunal é competente, sem Art. 580.º, 581.º + 577/i)
fundamentar – então a consequência é que não faz caso
julgado formal, e pode na sentença contrariar a decisão que Efeito Negativo do Caso Julgado: Segundo o disposto no
tomou no despacho saneador. art. 580.º, n.º 2, o efeito negativo opera através da excepção
de caso julgado art. 580.º, n.º 1, 581.º e 577.º, al. i), e visa
obstar tanto à repetição de ações idênticas (ne bis in idem),
como à contradição de uma decisão anterior.

Efeito Positivo do Caso Julgado: O efeito positivo vincula


o tribunal da acção posterior a aceitar a questão prejudicial
decidida numa acção anterior e opera através da autoridade
de caso julgado. Exemplo: A pede contra B a declaração de ser
proprietário de x; ganha; se pedir a condenação de B a pagar-lhe uma
indemnização por danos feitos em x, nesta acção não se pode discutir o
pressuposto de que A é proprietário de x;
A Referência Temporal/Limite Temporal do Caso Julgado

Artigo 611.º do CPC:


Momento do encerramento Decisão 30 dias – aqui Trânsito em
da discussão pode-se reclamar / Julgado –
Final – interpor recurso.
Momento em que Sentença – 628.º do CPC;
terminam as alegações orais Artigo 613.º Artigo 638.º do
na audiência final – art.
do CPC; CPC; Caso Julgado
604/3/al.e) do CPC.

A sentença deve
corresponder à situação
existente no momento do
encerramento da discussão. Imaginem que depois do encerramento da discussão e entre a decisão
final do juiz, acontece um facto novo. Este facto ainda integra o caso julgado,
se mudar radicalmente a decisão final? Não!

Porquê? Porque a referência temporal do caso julgado não é nem o


momento do trânsito em julgado, nem o momento do
proferimento da decisão, mas o do encerramento da discussão em 1.ª
instância.
Desta verificação decorre a seguinte regra: o caso julgado de uma
decisão não impede que, numa acção posterior, sejam alegados factos
que sejam posteriores ao encerramento da discussão na acção na qual
foi proferida aquela decisão.

Ou seja: este facto novo, como não integra o caso julgado (vamos supor que o réu
afinal cumpriu com a obrigação que o autor alegou em juízo), pode ser alvo de uma
nova ação.

Limites do Caso Julgado


O caso julgado só torna inadmissível a discussão de uma questão relativamente à qual se verifiquem as três
identidades referidas (art. 581.º, n.º 1): identidade quanto aos sujeitos, ao pedido e à causa de pedir.

Limites Objetivos – Artigo 581/1.º , 3 e 4 do CPC Limites Subjetivos


Identidade de Pedidos + Identidade de Causas de Pedir;
Regra de ouro: só se condenam ou absolvem as partes, mas
O Caso Julgado estende-se: i) Decisão, ii) Fundamentos
autonomamente considerados + Decisão, iii) Decisão os terceiros podem ficar vinculados ao caso julgado.
vinculada aos seus fundamentos lógicos e indispensáveis?
A análise dos limites subjectivos do caso julgado impõe
MTS: o fundamento não pode valer autonomizado da decisão determinar quem fica vinculado por uma decisão transitada: a
para efeitos de caso julgado, o que implica que a decisão também resposta é intuitiva quanto às partes da causa, o problema
não pode valer autonomizada do seu fundamento. surge quanto o caso julgado também atinge terceiros, isto é,
sujeitos que não foram partes na acção.
A vinculação à decisão é sempre uma vinculação à decisão no
contexto do seu fundamento. Ou seja, sempre que se invoque uma Regra Geral: Eficácia inter partes
decisão em juízo, o tribunal perante o qual essa decisão é invocada
está vinculado não só à decisão, mas também aos fundamentos que O caso julgado produz sempre efeitos entre as partes
constituam antecedentes lógicos e indispensáveis à sua emissão ( processuais que o provocaram: é o princípio da eficácia
não há vinculação aos fundamentos de facto – regra geral). inter partes do caso julgado. Desta regra resulta que nenhum
terceiro pode ser condenado, numa qualquer acção pendente, a
realizar uma prestação ou a reconhecer um direito ou uma
situação jurídica: só as partes podem ser condenadas ou
Limites Objetivos – Artigo 581/1.º , 3 e 4 do CPC Limites Subjetivos
Identidade de Pedidos + Identidade de Causas de Pedir;

Caso Especial - Contrário contraditório


Eficácia ultra partes. – O caso julgado tanto pode beneficiar, como
prejudicar terceiros.
Quando a decisão define um efeito jurídico, este efeito fica
coberto pelo caso julgado; mas há que entender que o “contrário A demonstração de que terceiros podem ser afectados pelo caso julgado não
contraditório” desse efeito também fica abrangido pelo caso é difícil. Por exemplo: A propõe uma acção contra B, pedindo o reconhecimento de que é
julgado. o único herdeiro de C; A ganha a acção; o credor D não pode pedir a B o pagamento de uma
dívida da herança de C.;
É a solução que decorre do disposto no art. 564.º, al. c) (que, ao
determinar que a citação inibe o réu de propor contra o autor acção destinada Quando Beneficia Terceiros:
à apreciação da mesma questão jurídica, significa que o réu fica impedido de
MTS: Se o caso julgado não pudesse beneficiar terceiros, não se compreenderia
discutir, fora da acção proposta, algo de contraditório com o que o autor a admissibilidade da intervenção de uma parte acessória (art. 326.º, n.º 1), dado
pretende nela obter) e no art. 580.º, n.º 2 (que atribui ao caso julgado que a finalidade dessa intervenção é precisamente auxiliar a parte principal a
o efeito de proibir qualquer contradição com a decisão transitada). obter uma decisão favorável, tanto para ela própria, como para o interveniente;
qualquer terceiro pode invocar a seu favor um caso julgado obtido entre
O “contrário contraditório” que o réu não pode procurar terceiros. Por exemplo: A apresenta-se como proprietário de um andar e pretende denunciar
obter fora da causa contra ele proposta (art. 564.º, al. c)) é o ou resolver o contrato de arrendamento celebrado por B; este arrendatário pode invocar a seu
mesmo que ele não pode tentar alcançar depois do trânsito favor o caso julgado obtido na acção proposta por C em que A não foi reconhecido como
em julgado da decisão (art. 580.º, n.º 2). proprietário do andar.

Quando são Prejudicados Terceiros:


Por exemplo: se a acção de reivindicação proposta por A contra
B for julgada procedente, fica assente que o autor A é proprietário Por exemplo, que a procedência de uma acção de reivindicação contra um devedor diminui a
do bem reivindicado; se, depois de a acção de reivindicação ter garantia patrimonial de todos os seus credores .
sido julgada procedente a favor de A, o réu B intentar uma acção
(de apreciação negativa) destinada a reconhecer que A não é Se terceiros não pudessem ser prejudicados pelo caso julgado não se justificaria
proprietário com base na causa de pedir por ele alegada, há a admissibilidade da sua intervenção como opoente num processo
excepção de caso julgado ( art. 580.º, n.º 2, e 577.º, al. i)) do CPC. pendente , art. 333.º, n.º 1, e 338.º do CPC.

Como é que um terceiro se protege contra um caso julgado


desfavorável?

Exceções – Limites Objetivos; O direito processual civil estabelece dois mecanismos de exclusão
de um terceiro do âmbito subjectivo do caso julgado:
MTS: o fundamento não pode valer autonomizado da decisão
para efeitos de caso julgado, o que implica que a decisão também
não pode valer autonomizada do seu fundamento. – Um deles resulta da imposição a uma das partes do ónus
de chamamento do terceiro, sob pena de o caso julgado da
A regra segundo a qual o caso julgado não se estende aos fundamentos decisão não lhe vir a ser oponível ( art. 320.º); é o que
da decisão comporta algumas excepções. Estas são justificadas por uma sucede, por exemplo, quanto a um possível litisconsorte de qualquer das
especial conexão entre os objectos de duas acções (artigo 91.º/2 do CPC partes da acção (cf. art. 316.º) e quanto a um eventual obrigado a um direito
– quanto à competência absoluta do tribunal para esta exceção poder de regresso (cf. art. 317.º, n.º 1, e 323.º, n.º 4);
operar).
– O outro mecanismo é a faculdade de o terceiro impugnar
I) Relações Sinalagmáticas; um caso julgado com base na simulação processual
realizada pelas partes do processo no qual foi proferida a
Quando o réu invoca uma excepção modificativa. Suponha-se, por decisão entretanto transitada (art. 696.º, al. g).
exemplo, que o réu alega excepção de não cumprimento, art. 428.º, n.º 1,
CC e que, na sequência dessa alegação, aquele demandado é condenado a Conclusão quanto aos limites subjetivos:
cumprir a sua obrigação perante o autor quando esta parte cumprir a sua
obrigação perante o demandado; a existência deste dever de cumprimento I) A autoridade de caso julgado significa que as partes têm de
do autor também fica abrangida pelo caso julgado material daquela aceitar, num processo posterior, a decisão transitada que foi
decisão condenatória. proferida num processo anterior. Por exemplo: se, numa primeira
acção, o tribunal considerou que o autor é o proprietário do bem, não pode
Por exemplo: se o vendedor intentar uma acção para obter o pagamento o mesmo demandado, na posterior acção de indemnização procurar
do preço em dívida e a acção for considerada improcedente pela nulidade convencer o tribunal de que, afinal, é ele o proprietário do imóvel.
do contrato celebrado entre as partes, esta nulidade não pode deixar de
ser considerada na acção proposta pelo comprador contra o vendedor II) É diferente a posição de um terceiro perante a autoridade do
para obter a entrega do bem comprado; de outro modo, ter-se-ia de caso julgado: o terceiro só está vinculado à autoridade de caso
admitir que o vendedor pode não receber o preço e ficar vinculado a julgado se não for titular de uma situação incompatível com
entregar a coisa alienada. aquela que foi definida na sentença transitada em julgado.

Ou seja quando não tiver direito a ser ouvido em juízo para defesa daquela situação. Por
II) Relações de prejudicialidade; exemplo: o reconhecimento de que o autor da acção é credor do demandado não significa
III) Subsidiariedade Legal; que um terceiro não possa procurar demonstrar que, afinal, é ele o credor do devedor
(podendo até procurar fazê-lo na acção pendente através da intervenção como opoente:
IV) Absolvição temporária; cf. art. 333.º, n.º 1), aqui a autoridade do caso julgado não afeta este terceiro porque ele
tem legitimidade para agir em juízo.

Você também pode gostar