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UM HOMEM
E
UMA MULHER
Caio Fábio
A CHAVE H ER M E N Ê U TIC A
ALEGORIA
O ra , a a le g o r ia d e v o c io n a l só é
verdadeira se ela se basear numa verdade
real; tam bém só é utilizável se o fato no qual
se inspira for igualm ente utilizável; e só é
éticam ente boa se a realidade tom ada como
14
«u
V
REALIDADE
Relação 1: H orizontal
Am or e am izade
<=---------- :---------------
Homem M uiher
Relação 2: Vertical
DEUS
►D
O
<5
D
m>
z
o
>
o
o
Ift
>
IGREJA
16
P r im e ir o : O objetivo do livro.
Pretendo colocar você diante de um
id e a l. L e m b r e -s e : d e um id e a l.
Pessoalm ente, não sou um diapasão
afinado diante da harm onia da sinfonia
do amor n o " Cântico dos Cânticos", mas
é pela sua m elodia e notas que èstou
tentando afiliar a minha orquestra con
jugal.
T erceiro: A atitude.
E n q u a n to estou e s c re v e n d o e s ta
introdução, antes de adentrar o véu do
amor, nas páginas de Cantares, sinto-
m e cheio de tem or e tremor, percebendo
que estou diante da terra santa.
Parece estranho, mas Cantares, mesmo
nos seus momentos mais íntimos, tem
que ser lido como conto de santidade e
poesia da pureza conjugal. Isso porque
o amor conjugal dos cristãos também
deve ser devoção a Deus entre um
homem e sua mulher. D eve ser litu rgia
do culto conjugal, no santo altar do
leito, na oferenda de corpos gratos e
entregues um ao outro sem egoísmo, na
dança ritual do amor e do prazer, em
meio à melodia da respiração feliz, no
ideal de gerar alegria e bem estar no
outro. Se eu não pudesse encarar desse
modo o próprio ato conjugal, de duas eu
18
IN T R O D U Ç Ã O II
U M A B R E V E P E R S P E C T IV A DE
A L T E R N A T IV A S H ISTÓ R ICAS À
IN T E R P R E T A Ç Ã O DE CANTAR ES
1- O e n c o n tro n a v in h a :
H. A. Ironsaide im agin ava assim a
confecção do poema: O R ei Salomão tinha
um vinhedo na zona m ontanhosa de
E fra im , a uns 80 K m ao n o rte de
Jerusalém (8:11). P ara cuidar do vinhedo
e le co n tra to u a r re n d a tá rio s (8 :1 1 ),
compostos por uma mulher, dois filhos
(1:6) e duas filhas: a S ulam ita e sua
irm ãzin h a (6:13). Sulam ita era a bela da
fam ília, ainda que passasse despercebida
(1:5). Seus irmãos talvez fossem apenas
filhos de sua m ãe (1:6). Sobre a Su lam ita
re c a ía m g ra n d es resp o n sa b ilid a d es,
im postas pelos irmãos. P o r isso, quase
não lhe sobrava tempo para o trato pessoal
(1:6). Seu cuidado com a v in h a era
diuturno e indôm ito (2:15). T am b ém
cuidava de rebanhos nas "horas vagas"
do dia (1:8). P or estar tão exposta ao sol,
bronzeou-se dem ais e machucou a pele
(1:5).
C erto dia, um forasteiro elegan te e
21
b o n ito a p a re c e u . E ra S a lo m ã o ,
desfigurado para não ser reconhecido.
D e m o n s tr o u in te r e s s e p e la jo v e m
vin h a teira que se sentiu incomodada por
ju lg a r feio o seu aspecto pessoal (1:6).
Ela, no entanto, tomou o forasteiro por
um pastor de ovelhas, e perguntou-lhe
onde estava o seu rebanho (1:7). E le lhe
respondeu com evasivas (1:8), porém, ao
mesmo tempo, lhe falou palavras de amor
(1:8 a 10). Prom eteu-lhe tam bém que no
futuro lhe traria presentes caros (1:11).
Salom ão encantou o coração da jo vem e
lhe prom eteu que um dia voltaria. De
n oite,ela sonhava com ele e, em certas
ocasiões, cria que ele estava voltando
(3:1). Finalm ente, um dia, ele voltou com
todo o seu majestoso esplendor para fazê-
la sua esposa (3:6,7).
Se essa interpretação histórica está
Correta., então há apenas dois personagens
centrais na história: Salomão e Sulam ita.
A lé m disso, a n arrativa acim a serve apenas
22
2- O r ic o e o p o b re d is p u ta n d o o co ra çã o de
u m a m u lh e r.
Heinrich Ewald (1826) afirm ava que
sã o tr ê s os p e r s o n a g e n s b á s ic o s
en volvid os no Cântico dos Cânticos:
Salomão, a Sulam ita e um pastor de
ovelhas.
E w ald interpretou "o amado" como
um pastor de ovelhas por quem Su lam ita
era apaixonada e de quem estava noiva,
antes de ser capturada e levada para o
palácio por um dos servos de Salomão.
Depois de resistir a todas as ten tativas
23
s
descreve (5:2 - 6:3). E quando ela recebe
m ais um a visita de Salomão, que ten ta
conquistar o seu amor (6:4 - 7:9). Ela, no
entanto, m antendo sua fid elidade ao
jo v e m pastor, resiste às ten tativas do R ei
(7:10 - 8:3). Depois disso, Salomão a liberta
verifican do ser im possível conquistar-
lhe o coração (8:4 - 14).
Sou seduzido a a ceita r esta in te r
pretação, porque essa m aneira de v e r as
coisas descreve um amor que não se deixa
domesticar. Tal história seria digna de figurar
como um texto sagrado, no entanto, não
posso aceitar essa interpretação histórica do
texto pelas seguintes razões:
de Salom ão e a Sulamita.
Se pretende fazer uma leitura baseada
na crítica literária, seja qual for a sua ótica
in terp retativa, este trabalho lhe oferecerá
m uitos "panos para as mangas", devido ao
modo leigo que ele se apresenta.
Todavia, se sua ótica for fenomenológica,
perceberá que nele há m aterial m uito útil à
com preensão do estado febril do am or que
nasce entre um homem e um a mulher, bem
como do ideal sublime que nele se encerra.
A FO R Ç A D O A M O R
p ó is d e s fa le ç o d e a m o r " (2 :5 ).
D iante do amor, o egoísmo fica tom ado
de anem ia, o orgulho deixa de oferecer
resistência, e o corpo, dom inado pela im po
tência, não consegue esboçar reação de
rejeição. P o r isso os apaixonados são fracos.
E m Cantares, o am or não é chamado de
grande ou majestoso ou sacrificial, mas de
belo. T ra ta -se de um sen tim en to lindo,
fascinante:
"Quão formosa,
e quão ap razível és,
ó am or em delícias" (7:6).
CO M O M A N T E R O A M O R
F ID E L ID A D E
A M IZ A D E
am edrontador...
O Cântico dos Cânticos não é só poesia
de dois am antes no casamento, mas de dois
am igos e companheiros fraternais.
O am or que é só paixão é vulcânico,
emocional, irracional e imprevisível. P or isso,
na receita do amor feliz tem que ser colocada
u m a boa e bem te m p e ra d a p ita d a de
fraternidade.
E estran h o, m as côn ju ges ap en as
a p a ix o n a d o s s o fr e m e fa z e m s o fr e r
imensamente.
Am or-paixão sem am izade-fraterna é
como um a cachoeira sem leito e caminho, ou
como avião sem piloto, ou equilibrista sem
prumo. N ão tem rumo, controle ou equilíbrio.
E por isso que os apaixon ad os de
C antares se vêem , também, como irmãos:
S A N T ID A D E
A s v ir t u d e s são q u a s e s e m p r e
redundantes, se retro-alimentam, dependem
um as das outras. Pois veja: fidelidade e
am izade desembocam no rio da santidade,
pois quem é fiel e am igo m antém -se puro
para o outro. N o entanto, a santidade, como
virtude, tem caráter mais subjetivo que a
fid e lid a d e ; é m a is m o t iv a d o r a q u e
c o m p o rta m e n ta l, m a is ín tim a do qu e
aparente, m ais determ inadora de atitudes
do que de ações. E mais devocional do que
m oral; no seu referencial é m ais vertica l do
que horizontal, m ais sacram ental do que
ética.
N a relação entre o hom em e a
m u lher esse espírito de santidade tem de
estar presente, pois, sem tal perspectiva, o
m á x im o q u e se o b té m é m o r a lis m o ,
condutism o e legalism o, nunca um coração
que não trai, não engana e não se polui -
49
"Abre-me (a porta),
M in h a irm ã
querida minha;
pom ba minha,
im aculada minha..." (5:2)
ou ainda:
"M as um a só é a m inha pomba,
a m inha imaculada..." (6:9).
V
HONRA
S U B M ISSÃ O
O que d e te rm in a a q u a lid a d e da
submissão é o referencial divino:
"...como ao Senhor"
"...assim tam bém as m ulheres"
"...como a Igreja..."
auto-oferecida!
N o c o n te x to am p lo da E s c ritu ra ,
especialm ente no N .T., a submissão não é
apenas um direito do homem sobre a mulher,
mas, antes de m ais nada, uma condição
a d q u ir id a p e la v id a e p e la s a ções
qualificativas:
AM O R : OS A G E N T E S
PSIC O LÓ G IC O S DE
S U A AFIR M A Ç Ã O
O am or é fenômeno na alma, na p s iq u e ,
nas entranhas do ser, na raiz da vida, fazendo
nascer o germ e da vontade em diração ao
outro, do desejo não egoísta voltado para
alguém que se torna m ais que o eu que ama.
Isto acontece ju stam ente por ser o am or
fen ô m en o estran h o, m isterio so , supra-
químico, mágico. Ele m erece ser olhado como
tal, não a fim de que se possa debulhá-lo
m ediocrem ente— tal pretensão é animalesca
-mas na expectativa de saber como acontece
o seu escorrer de água e vida irrigando a
existência, transform ando modestos brotos
em flores e frutos, operando nos troncos
estéreis da vid a o m ilagre do renovo, da
59
D IF E R E N C IA Ç Ã O
*
obter. E por isso que a lin g u a g e m da
diferenciação em Cantares é quase rude e
irreal:
A U T O - IM A G E M
g e r a d o r a de s a u d a d e e d e s e jo no
com pan heiro. E sta r lon ge d ela é e sta r
carente; é estar com menos, é ser infeliz, é
estar incompleto:
s ig n ific a tiv a m e n te p a ra d e te r m in a r a
m an eira como nos vem os e nos aceitamos.
U m bom cônjuge pode ser agente de terapia
psíquica para o com panheiro durante toda a
vida.
i
O am or tam bém se m antém psiqui-
cam ente sadio e aceso m ediante esse abanar
da afirm ação que gera auto-im agem incan
descente, embraseado, no fogareiro da alma.
A M U T U A L ID A D E
*
E interessante, mas em Cantares, o
processso psicológico é perfeito: diferenciação
gera auto-im agem positiva, que, por seu
turno, prom ove a m utualidade.
O belo é que são alguns dos poem as
reveladores da auto-im agem da m ulher que
agora reaparecem a fim de dem onstrar que
é na troca das pertenças e das entregas, dos
serviços prestados, das mãos que se lavam ,
69
m ente, se doara.
A r e la ç ã o c o n ju g a l é r e la ç ã o de
m u tu alidade ou não é relação conjugal,
conjugada, relação de m esm o jugo, de dis
tribuição equânim e, de socialização de am or
e afetos.
A p s iq u e humana responde e exige
correspondência. P or isso, a m utualidade é
outro forte agente psicológico de manutenção
do am or conjugal.
SENSO SE X U AL
E n e s s a d ife r e n ç a qu e a p s iq u e
desenvolve o fenômeno do mistério, do oculto,
do enigm ático, do encoberto, do guardado, a
72
"Arrebataste-m e o coração,
m inha irmã,
n oiva minha;
arrebataste-m e o coração
com um só dos teus olhares... " (4:9)
O senso sexual, como fenôm eno de
77
a p re c ia ç ã o , de p ercep ção, e x p re s s a -s e
tam bém como sensibilidadde gustativa, cheia
de apetite. Os cônjuges devem m anifestar
sua fom e e sede de am or e sua necessidade
de se satisfazerem na entrega mútua, na
troca de seus auto-sabores:
a hena e o nardo;
o nardo e o açafrão,
o cálam o e o cinomano,
com toda sorte da árvore de incenso;
a m irra e aloés,
com todas as principais especiarias.
És fonte dos jardins,
poço de águas vivas,
correntes que correm no Líbano!"
(4:13 a 16).
lilás, violeta,
cheirosa,
estonteante,
irresistível.
A ssim é a psicologia do
amor.
C A P ÍT U L O IV
A E S T É T IC A D O A M O R
"N ã o s e ja o a d o rn o das e s p o s a s
o que é exterior,
como frisado de cabelo,
adereço de ouro,
aparato de vestuário;
seja porém,
o hom em interior do coração,
unido ao incorruptível de um espírito
m anso e tranqüilo,
que é de grande valor diante de Deus"
(I P d 3:3,4).
FORM OSURA
A a n a to m ia do a m o r c o m eç a n a
afirm ação da formosura:
— F o rm o s u ra apesar da p e le estar
excessivam ente qu eim a d a de sol:
"Eu estou m orena porém formosa,
ó filh as de Jerusalém ,
como as tendas de Quedar,
como as cortinas de S alom ã o"(l:5 ).
F o rm o s u ra da Face:
"A s éguas dos carros de Faraó
te comparo, ó querida minha,
Form osas são as tuas faces entre
os teus enfeites,
85
ADORNO
PERFUM E
— D a m u lh e r p ro c e d ia u m p e rfu m e im -
p re g n a d o rd o am biente:
"Enquanto o rei (m arido) está assentado
à mesa, o meu nardo exala o seu p er
fume".
( 1:12)
— O p e rfu m e do m a rid o era tão bom que,
qu a n d o sua face estava p osta sobre os
ceios de sua esposa, isso a lem brava do
bom cheiro dos saquinhos perfum ados
que usavam as mulheres entre os seios:
88
OS CORPOS
ELE E ELA
ELA
A C A B E Ç A E OS C A B E LO S
Ela, on d u la :
de cabras
que descem ondeantes
do m onte de Gileade"
I (4:1b; 6:5).
/
E la os en tra nça:
"um rei está preso
nas suas tranças" (7:5).
OS O LH OS
"D esvia de m im
os teus olhos,
porque eles m e perturbam " (6:5).
"Arrebataste-m e o coração,
m inha irm ã,
95
n oiva minha,
arrebaste-m e o coração
com um só dos teus olhares" (4:9).
O ROSTO
"Pom ba minha,
que anda pelas veredas dos penhascos,
no esconderijo das rochas escarpadas,
m o s tra -m e o teu rosto,
faz-m e ouvir a tua voz,
porque a tua voz é doce,
e o teu rosto é am ável"(2:14).
O PESC O Ç O
*
E interessante observar a beleza como
um acontecim ento histórico-cultural, logo,
ta m b ém , im erso nos conceitos caracte-
101
OS SEIOS
O s s e io s o cu p a m p r e p o n d e r a n t e
im p ortâ n cia na visão física do liv ro de
C a n t a r e s . E s s a o b s e r v a ç ã o d e v e s er
verdadeira, tanto pela quantidade de alusões
a eles, qu an to ta m b ém em ra zã o das
repetições que são feitas no que tange à sua
paridade bela e perfeita. Assim , o m arido
diz:
N u m a a lu s ã o a b r e v ia d a , m a s,
totalm en te sem elhante, ele diz:
O U M B IG O
A a n a to m ia do am or na B íb lia desce a
u m n ív e l de d eta lh a m en to que a m a io ria dos
105
ELE
OS O LH OS
Pou cas c o is a s r e v e la m , tã o
pujantem ente, a real beleza de um ser quanto
o seu olhar:
"Os olhos são a lâm pada do corpo" (M t.
6 :22).
O ROSTO
Q uando v e jo a lg u n s m a r id o s se
109
OS C ABELO S
AS M ÃOS
O V EN TR E
D iz a espòsa do Cantares:
"O seu ven tre
é alvo como m arfim ,
coberto de safiras" (5:14b).
AS PERNAS
se j á brotam as romeiras;
dar-te-ei ali o meu amor" (7:12).
A CASA
e os caibros de cipreste"(l:1 7 ).
O Q UAR TO
A CAM A
O esposo conclui:
A M A N U T E N Ç Ã O D A P O E S IA
O TRABALHO
E la responde:
A V O L T A DO T R A B A LH O
A SAUDADE
da m inha alma?
M a l os deixei encontrei logo o am ado
da m inha alma;
agarrei-m e a ele e não o deixei ir
em bora até que o fiz entrar
em casa de m inha mãe, e na recâm ara
daquela que m e concebeu" (3:1 a 4).
"V em depressa,
am ado meu
faze-te sem elhante ao gam o
ou ao filho da gazela
que saltam sobre os montes aromáticos".
(8:14)
O SONHO
O IM PR O VISO
O a m o r é c o n s tit u tiv a m e n te um
acontecimento incontrolável. Daí, a freqüente
recom endação da m ulher do Cântico dos
Cânticos no sentido de que não se deve
ten ta r acordá-lo antes da hora (3:5; 2:7).
Todas às vezes que se tenta fazer do am or
p arte de um rígido mecanismo existencial
ele se cristaliza. Converte-se em patrim ônio
da m oral, e nada mais.
O am or como fenômeno vivo, quente,
rad ian te e poético só sobrevive onde lhe dão
espaço; E le é essencialmente livre e necessita
de luz e calor. O am or não perdura nos
lim ites frios do planos mecânicos daqueles
que não são capazes de im provisar um a
brincadeira, uma aventura, um passeio, uma
festa, um sorriso, um a frase um a confissão...
N a cidade de Aco (Ptolem aida), no litoral
n orte de Israel, há um a figu eira que foi
p lan tada dentro de um pátio escuro, no in te
140
A G E N T E S C IR C U N S T A N C IA IS
P O SIT IV O S E N E G A T IV O S
nA panhai-m e as raposas,
as raposinhas,
que devastam os vinhedos,
porque nossas vinhas
estão em flor" (2:15).
148
A C O N C O R R Ê N C IA
A M IN IM I Z A Ç Ã O
OS D E SN ÍV E IS SOCIAIS
A F A M ÍL IA
na:
"Tem os um a irm ãzinha,
que ainda não tem seios;
que farem os a esta nossa irmã,
no dia em que for pedida?
Se ela for um muro,
edificarem os sobre ela uma torre
da prata;
se for um a porta
cercá-la-emos com táboas de cedro"
(8:8,9).
pertinentes.
Conquanto eu não seja daqueles que
costum am dar "receitas de felicidade", ju lgo
que os princípios listados acima podem ser
de extrem a va lia para aqueles que desejam
n ortear sua cam inhada por um m ínim o de
certezas prom otoras de um balisam ento útil
à condução da vida a dois.
A lé m disso, penso que a inserção destes
p rin c íp io s de p reven çã o de p ro b lem a s
conjugais pode dar um certo toque necessário
de pragm atism o a um livro tão fluido, utópico
e id ealista como esse nosso com entário de
Cantares.
N a realidade, creio que a poesia do livro
pode açucarar esses princípios insípidos,
fa ze n d o -o s d ire c io n a r e d a r con creção
histórica a essas poesias conjugais idealistas
do Cântico do Cânticos.
A fó rm u la , p o r ta n to , é a d e um
p ra g m a tis m o p oético e de um a p oesia
praticável.
Que Deus torne história nossos melhores
sonhos e ideais conjugais, m esm o em m eio
164
1QPrincípio: I Co 6:14 a 16
O texto fala por
Os cônjuges ajustam-se si mesmo.
melhor quando praticam a mesma
fé.
2QPrincípio:
Pv 30:18,19.
Notar que a ên
O casamento tem maisfase não está no
chance de ser ajustado quando os encontro, mas
implicados tiveram um namoro de, no caminhar, no
no mínimo, 1 ano. estar juntos, no
conhecer.
3QPrincípio: Pv 31:13 a 20
A mulher de
As possibilidades de ajus Provérbios é ca
paz de solucio
tamento na relação a dois crescem
nar problemas
quando os cônjuges têm o mesmo normalmente
nível intelectual, de interesses e de apenas da alça
potencialidades. da dos homens.
166
4e Princípio: Rm 14:5
Uma certa diferença de Conquanto esse
pontos de vista desde que não princípio pretenda
tantos e nem tão profundos — criar um espaço de
ajudam muito a criar um certo convívio entre os
crentes, sua obser
espaço de criatividade entre o casal.
vân cia é vá lid a
também no casa
mento.
6SPrincípio:
As idades dos parceiros Pv 5:18-20
conjugais não devem ser tão dife O que se diz é que
rentes, para que não decorram o parceiro é da
m ocidade. P r e s
certas defasagens de interesses e
supõe regulagem
potencialidades físicas e emocio
etária.
nais.
7g Princípio:
E imprescindível que os dois Ecl 4:9-12 O
implicados no projeto conjugal que se vê neste
tenham a mesma concepção a texto é uma deter
respeito do papel, do valor e do m inação m útua
significado do casamento. in q u e b ra n tá v el,
além de uma mes
ma visão.
8QPrincípio:
A atração física e afinidade Gn 2:23
sexual são elementos indispensá Pv 5:18,19
veis ao bom ajustamento conjugal. Ecl. 10:9
9QPrincípio:
Admiração e respeito mútuo Ef 5:33
são realidades insubstituíveis na Gn 2:25
caminhada do casal. Pv 11:16
Pv 12:4
168
IO2Princípio:
A manutenção de uma sadia
eqüidistância familiar— para que
sejam evitadas intromissões
prejudiciais por parte dos
familiares — é outra precaução
extremamente benéfica ao
casamento.