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ANTROPOLOGIA, CULTURA E EDUCAÇÃO.

FELIPE PEREIRA DOS SANTOS

“Só sei que nada sei”


(Sócrates)

“Conhece-te a ti mesmo”
(Sócrates)

Dialogar sobre cultura e educação numa perspectiva antropológica requer tanto do


enunciador quanto do interlocutor um conhecimento no mínimo básico sobre os conceitos de
educação, cultura e antropologia, para fazer-se compreender as questões aqui discutidas. Para
isso, iniciarei abordando os conceitos e logo mais traçando entre eles suas relações
intrínsecas, cujo estão voltadas para o ​lócus ​localizado​ ​entre as três áreas já mencionadas.
A Antropologia em uma visão básica, é o estudo do “homem inteiro”, partindo se suas
origens, sua época, sua cultura, e a sociedade em que está incluído, o papel do antropólogo é
justamente compreender o homem em seu estado, registrar e dialogar com os diversos
universos e culturas ali presente. INGLOD (2019), diz que: "Os antropólogos, ao contrário,
praticam a sua filosofia no mundo. Eles estudam - sobretudo por meio de um envolvimento
profundo na observação, no diálogo e na prática participativa - com os povos entre os quais
eles elegem trabalhar. [...] Na minha definição, a antropologia é a filosofia com as pessoas
dentro.”
Na Perspectiva de Tim Inglob, o antropólogo necessita estar no meio social do objeto
de estudo, para a melhor compreensão de sua cultura e do seu Ser como um todo. Logo
veremos que com a cultura e a educação não é diferente, pois necessitamos embarcar no
desconhecido, e só depois de conhecer, construir conceitos, partindo de uma visão de dentro,
esquecendo de princípio nossos preconceitos.
A Cultura é vista como uma identidade marcante que perpassa gerações e séculos na
história, ela pode ser esquecida ou evoluir, pode adaptar-se, pode construir uma civilização,
como também pode destruir uma nação, pois cultura também é poder, quando trata-se do
homem como produto cultural, ou como uma própria arma dotado de conhecimento.
De acordo com LARAIA (2009, p. 37) "O homem é o resultado do meio cultural em
que foi socializado. Ele é o herdeiro de um longo processo acumulativo, que reflete o
conhecimento e a experiência adquiridos pelas numerosas gerações que o antecederam. A
manipulação adequada e criativa desse patrimônio cultural permite as inovações e as
invenções. Estas não são, pois, o produto da ação isolada de um gênio, mas o resultado do
esforço de toda uma comunidade.”. Podemos notar que o homem é o resultado de sua cultura,
partindo de suas origens e do meio que está envolvido. Suas ações são condicionadas pelo
meio que está incluso, dotado de uma perspectiva moral e ética estabelecida culturalmente.
A Educação também é um produto culturalmente entre as nações, tendo ela a ideia de
“civilizar o homem para saber conviver em sociedade”. A ​ educação, como cita o autor ​Northrop
Frye (2017), é um processo que afeta a pessoa por completo, e principalmente no seu
desenvolvimento social e moral. Educar, em seu significado etimológico, refere-se ao sentido
de “Conduzir para fora” ou “direcionar para fora” ​(ex-ducere), ​evidenciando que a educação é
um processo que leva o sujeito ir em busca do conhecimento utilizando de suas
potencialidades pessoais​, a​ firmando o que disse Aristóteles, que: “todo homem, por natureza,
deseja saber.”.
Ao afirmar que todo homem deseja saber, podemos observar que somos
condicionados por nossas capacidades a buscar evoluir, como seres pensantes necessitamos
disso, e para que isso ocorra de fato é necessário estarmos cientes de nossas origens, de nosso
passado, de nossa cultura, pois é necessário termos referências e boas referências, para que
possamos traçar caminhos concretos. Devemos saber de fato quem somos, o que somos, e
estimar metas e caminhos que desejamos seguir, pois como menciona o Gato Cheshire,
personagem fictício da fábula, Alice no País das Maravilhas: “Se você não sabe para onde ir,
qualquer caminho serve.”
O ​lócus ​presente entre antropologia, cultura e educação está justamente interligada
entre si, na concepção de que o educador necessita compreender por uma visão antropológica
as diversas culturas presentes em seu meio, sendo este numa perspectiva micro que é a sala de
aula, e numa visão macro que é a instituição como um todo. Podemos encontrar não apenas
uma diversidade, mas sim as diversidades, sejam culturais, raciais, étnicas entre outras, em
um único espaço de convívio mútuo, buscando na diversidade das coisas a evolução
pessoal/individual e também a evolução coletiva/social entre todos da comunidade. É na
Instituição escolar que o professor tem o papel de educador e também de antropólogo, pois
está a todo tempo contribuindo com o meio e fazendo suas anotações por meio da observação,
estabelecendo ali sua visão de mundo, de ideia, de hipóteses, reconstruindo a todo tempo.

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