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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE

CENTRO DE EDUCAÇÃO E CIÊNCIAS HUMANAS


DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA

Aracaju, 21 de julho de 2021

Segunda avaliação da disciplina “Historiografia Brasileira”


Prof. Dr. Petrônio Domingues
Aluno: Glauco Ferreira Gomes

1) Ancorado no livro Visões de liberdade: uma história das últimas


décadas da escravidão na corte, de Sidney Chalhoub, responda à seguinte
questão: no contexto da historiografia brasileira da década de 1980, o
livro representou alguma inovação? Qual (ou quais)? Fundamente sua
resposta.

O livro de Sidney Chalhoub foi escrito no centenário da abolição da escravatura,


em um momento de muitos debates sobre esse assunto. Nesse sentido, o autor inova ao
abordar novos aspectos dentro do tema da escravidão, sendo um dos principais, o destaque
que oferece a autonomia dos escravizados, no sentido de, como esses sujeitos buscaram
agenciar sua própria vida e serem protagonistas de sua própria história.
O autor elabora sua escrita no campo da História Social, buscando trazer o
cotidiano desses indivíduos e entender suas vidas a partir das relações de amizade e de
familia dessas pessoas. Como exemplo disso, Chalhoub se refere aos escravizados pelo
nome, o que chama atenção dos leitores da obra. Pois, para o autor, os escravizados eram
sujeitos de carne e osso, tinham identidade e vida.
Assim, ele abandona a visão homogeneizadora dos escravizados, buscando
entender a sua maneira de ver o mundo, de pensar, suas origens e sua atuação no meio
em que estavam inseridos, sendo inovador ao abordar a história, na perspectiva dos
subalternos. A escravidão não é mais colocada na perspectiva dos senhores, e sim, dos
escravizados.
Por fim, sua inovação também se relaciona a forma como escreve sua obra, que
possui um texto parecido com a literatura, bastante atraente, e uma narrativa de fácil
entendimento. O autor também fala sobre os desafios encontrados na elaboração da
pesquisa, algo que outros escritores anteriores a ele, não passavam para os leitores.
3) Baseado no livro Os prazeres da noite: prostituição e códigos de
sexualidade feminina em São Paulo (1890-1930), de Margareth Rago,
responda à seguinte questão: no contexto da historiografia brasileira do
início da década de 1990, o livro representou alguma inovação? Qual (ou
quais)? Fundamente sua resposta.

O livro de Margareth Rago surge em um contexto de maior visibilidade do


movimento feminista, com suas bandeiras de lutas emancipatórias, e reforçando a
participação ativa das mulheres na História. Além disso, havia neste momento, o
desenvolvimento de novos campos de estudo, com o crescimento da História Social, que
passou a abordar os excluídos, como os operários, camponeses, escravos, pessoas comuns
e também, incorporou as mulheres na condição de objetos e sujeitos da história.
Rago inova ao falar da prostituição, rompendo com a visão determinista imposta
a ela, de que a prostituta é um produto das condições econômicas adversas. A autora, em
contrapartida, positiva a prostituição, a abordando como uma fuga da estrutura familiar,
da disciplina do trabalho e dos códigos convencionais da sociedade. Também, rompe com
a visão maniqueísta, pois para ela, as prostitutas não eram nem vítimas, nem heroínas,
mas sim, protagonistas de sua história, além de destacar sua pluralidade, já que cada
profissional se comportava e exercia seu trabalho de uma forma diferente.
Por fim, Rago traz o mundo da prostituição como polissêmico, pois, ele
possibilitava lucros, assim como, unia diferentes grupos sociais. A prostituição, além dos
prazeres presentes, cumpria um “papel civilizador”, onde também eram presentes orgias
e divertimentos, mas também, crimes e vícios

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