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OSDINOSSAUROS

e a bíblia

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osdinossauros
e abíblia
Durante minha jornada de estudos e pesquisas,
uma das perguntas mais frequentes que tenho ouvido, principal-
mente da parte de muitos jovens cristãos, mais recentemente é: “Pro-
fessor, como fica a questão dos dinossauros diante da Bíblia?” Parece
que a Bíblia não fala nada sobre eles! Devemos ou não acreditar naqui-
lo que aparece como científico no ambiente secular?

Para a surpresa de muitos, podemos afirmar cate-


goricamente que a existência dos dinossauros não representa
nenhum problema para quem é cristão convicto e crê na Bíblia como
Palavra de Deus. Não há nenhum conflito real. Ao contrário, existem
diversos textos bíblicos que podem até estar se referindo aos próprios
dinossauros, como vamos observar em nosso estudo!

Da perspectiva da ciência conforme apresentada


em nossos currículos escolares, os dinossauros foram répteis, muitos
deles de tamanho enorme, que viveram na terra há milhões de anos. A
maioria dos cientistas parece concordar com a sugestão de que eles
desapareceram do nosso planeta há cerca de 60 milhões de anos,
deixando apenas seus esqueletos e fósseis como prova de sua existên-
cia. Segundo muitos pesquisadores, uma catástrofe, como um mete-
oro, teria sido a principal razão da completa extinção dos dinossauros.

Em primeiro lugar, é preciso ressaltar que é bastante razoável admitir


uma idade bem antiga para a terra. O texto da criação que aparece em
Gênesis 1 não deve ser lido literalmente. O foco do texto bíblico é
literário, e os dias da criação não precisam ser lidos pelos nossos
parâmetros ocidentais modernos. A cultura e a literatura é distinta ali. É
um texto hebraico muito antigo. Além disso, crer que a terra seja muito
antiga não contradiz as Escrituras, em nossa perspectiva. Portanto,
podemos concluir que a criação dos animais parece de fato ser muito

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bem mais antiga do que apenas há seis mil anos, o que não é exigido
do texto bíblico, quando devidamente avaliado. Os dias estão organiza-
dos de modo literário:

A grande dificuldade, e aparentemente a única


realmente séria a ser discutida, é a suposta impossibilidade da con-
vivência entre seres humanos e dinossauros. Já que se imagina que os
grandes répteis desapareceram há tanto tempo, como é possível que
o ser humano tenha conhecido os extintos dinossauros? Aliás, será por
isso que a Bíblia não os menciona? Como entender essa aparente
incompatibilidade? Talvez a resposta para tais questões não sejam tão
difíceis.

Tricerátops Horridus. Reconstrução do réptil que podia ter até 9 metros.

Surpreendentemente, muitas histórias e lendas


de diversos povos da antiguidade mencionam animais e monstros
impressionantes. Nossa mentalidade muitas vezes preconceituosa
historicamente mostrou a tendência de considerar todos esses relatos

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como provas da ignorância e superstição dos antigos povos primitivos.
Mas será que esse é o caso? Seria tudo mera imaginação ou mitologia
dos antigos? É impressionante verificar a recorrência desses animais
descomunais em quase todas as civilizações antigas. Mitos como o do
dragão são quase que universais. Por que será? Seria apenas fruto de
uma imaginação criativa, ou teriam estes povos tido contato com ani-
mais enormes e depois elaborado descrições poéticas e mitológicas
sobre eles? Os antigos vikings, por exemplo, mencionavam enormes
monstros marinhos como o Hafgufa e o lyngbakr, que posteriormente
foram chamados de kraken. A princípio, muitos pensaram que tudo
não passava de imaginação e crendice dos antepassados dos atuais
escandinavos, até que foram encontrados os polvos e lulas gigantes
que habitam as profundezas dos grandes oceanos. Demorou, mas
finalmente foi compreendido que era a tais animais que os vikings se
referiam.

Lula-gigante (Architeuthis dux).


O grande animal marinho pode
chegar a 13 metros de
comprimento.

Vale ser ressaltado que as Escrituras Sagradas (Bíblia Hebraica), de


modo semelhante a outros povos da antiguidade, também mencio-
nam animais enormes, de fato monstruosos em alguns caso. Infeliz-
mente, algumas traduções históricas, equivocadamente, tentaram
comparar a crocodilos e hipopótamos. A verdade é que a sugestão dos
tradutores não subsiste ao exame do texto. De fato, o Antigo Testa-
mento menciona diversos grandes animais:

Raabe (Sl 87.4; 89.10; Is 51.9)

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Tanin (Jó 7.12 ; Sl 74.13; 148.7; Is 27.1; Is 51.9; Ez 29.3; 32.2)

Beemote (Jó 40.15)

Leviatã (Jó 3.8; 41.1; Sl 74.14; 104.26 e Is 27.1).

O Leviatã, conforme gravura de Gustave Doré (1832-1883)

A descrição desses animais surpreende, pois em


nada lembra animais conhecidos como o hipopótamo ou o crocodilo.
O Leviatã em Jó 41.7-33 (NVI), por exemplo, lembra mais um dragão:

Você consegue encher de arpões o seu couro, e de lanças


de pesca a sua cabeça? Se puser a mão nele, a luta ficará
em sua memória, e nunca mais você tornará a fazê-lo.
Esperar vencê-lo é ilusão; apenas vê-lo já é assustador...
Não deixarei de falar de seus membros, de sua força e de
seu porte gracioso. Quem consegue arrancar sua capa
externa? Quem se aproximaria dele com uma rédea?
Quem ousa abrir as portas de sua boca, cercada com
seus dentes temíveis? Suas costas possuem fileiras de
escudos firmemente unidos; cada um está tão junto do
outro que nem o ar passa entre eles; estão tão interligados
que é impossível separá-los. Seu forte sopro atira lampejos
de luz; seus olhos são como os raios da alvorada. Tições
saem da sua boca; fagulhas de fogo estalam. Das suas
narinas sai fumaça como de panela fervente sobre foguei-

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ra de juncos. Seu sopro acende o carvão, e da sua boca
saltam chamas. Tanta força reside em seu pescoço que o
terror vai adiante dele. As dobras da sua carne são forte-
mente unidas; são tão firmes que não se movem. Seu
peito é duro como pedra, rijo como a pedra inferior do
moinho. Quando ele se ergue, os poderosos se apavoram;
fogem com medo dos seus golpes. A espada que o atinge
nada lhe faz, nem a lança nem a flecha nem o dardo.
Ferro ele trata como palha, e bronze como madeira podre.
As flechas não o afugentam, as pedras das fundas são
como cisco para ele. O bastão lhe parece fiapo de palha; o
brandir da grande lança o faz rir. Seu ventre é como caco
denteado, e deixa rastro na lama como o trilho de debul-
har. Ele faz as profundezas se agitarem como caldeirão
fervente, e revolve o mar como pote de unguento. Deixa
atrás de si um rastro cintilante, como se fossem os cabelos
brancos do abismo. Nada na terra se equipara a ele: cria-
tura destemida!

Ainda no livro de Jó, vamos encontrar o Beemote, que é descrito de


modo semelhante a um dinossauro no texto de 40.15-24 (NVI):

Veja o Beemote que criei quando criei você e que come


capim como o boi. Que força ele tem em seus lombos!
Que poder nos músculos do seu ventre! Sua cauda bal-
ança como o cedro; os nervos de suas coxas são firme-
mente entrelaçados. Seus ossos são canos de bronze, seus
membros são varas de ferro. Ele ocupa o primeiro lugar
entre as obras de Deus. No entanto, o seu Criador pode
chegar a ele com sua espada. Os montes lhe oferecem
tudo o que produzem, e todos os animais selvagens brin-
cam por perto. Sob os lotos se deita, oculto entre os juncos
do brejo. Os lotos o escondem à sua sombra; os salgueiros
junto ao regato o cercam. Quando o rio se enfurece, ele
não se abala; mesmo que o Jordão encrespe as ondas
contra a sua boca, ele se mantém calmo. Poderá alguém
capturá-lo pelos olhos, ou prendê-lo em armadilha e
enganchá-lo pelo nariz.

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O Leviatã e o Beemote merecem maior atenção
pela sua descrição detalhada no texto bíblico, mas ainda é muito
importante lembrar de Raabe (nada a ver com a história de Jericó),
traduzida na Bíblia por Monstro dos Mares (Sl 89.10 e Is 51.9). No texto
simboliza o grande poder do Egito (Sl 87.4 e Ez 29.3). Além de Raabe,
temos também o Tanin (Taninim no plural). No caso do Tanin, quando
o termo se refere a um grande animal aquático, o sentido é Monstro
das profundezas (Jó 7.12), serpente das águas (Sl 74.13; Is 27.1), serpente
marinha (Sl 148.7).
Quando estudiosos do tema se deparam com
esses textos, a atitude deles varia. Alguns sugerem que tudo não passa
de pura mitologia dos “ignorantes” judeus do passado. Outros pesqui-
sadores tentam relacionar as descrições com animais conhecidos
hoje. Outros ainda imaginam que talvez sejam animais conhecidos
que foram declamados poeticamente pelos antigos.

Todavia, outra possibilidade, defendida neste


estudo, é que os antigos hebreus de fato conheceram animais
enormes, possíveis remanescentes de grandes dinossauros, e deix-
aram escritas suas impressões sobre os mesmos. Gostaria de destacar
que na verdade “monstros” como esses ainda existem, mesmo que
nem todos sejam parentes dos dinossauros. É muito possível que exist-
issem muito mais em tempos antigos. Devemos ressaltar aqui as
grandes serpentes gigantes como a Sucuri e Píton, que chegam a atin-
gir mais de 10 metros de comprimento, a Lula Gigante pode chegar a
13 metros. Além deles, temos o Crocodilo Poroso, com cerca de 7
metros, o dragão de Komodo, com quase 4 metros, sendo pratica-
mente um dinossauro vivo, ainda que não seja um parente direto dos
antigos répteis.

Dragão-de-Komodo.
Grande e feroz lagarto da Indonésia.

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Pouca gente sabe de fato a dimensão dos antigos
répteis que viveram na Terra. Nem todos eles eram enormes. A maioria
tinha um tamanho como o de um rinoceronte ou elefante. O procom-
psognato tinha cerca de um metro. Era um dinossauro pequeno.
Todavia, o fato é que os maiores dinossauros, como o Brontossauro e o
Diplodoco, tinham o tamanho de uma Baleia azul, que chega a 33
metros de comprimento. Sobre esses animais gigantescos, não se
pode esquecer dos mistérios e das lendas sobre eles. São de fato muito
comuns. Vale considerar aqui os relatos da nossa época que falam de
criaturas assim. A Escócia (Loch Ness), a Colúmbia Britânica e o Congo
são as principais fontes dessas histórias mais recentes.

As referências bíblicas associadas ao fato de que


quase toda a civilização antiga tem algum tipo de arte que descreve
répteis gigantes, com detalhes que lembram o Diplodoco, o
Tricerátops, o Pterodáctilo e Tiranossauro Rex, sugerem que pelo
menos alguns dinossauros tenham sobrevivido em tempos mais
recentes. Até mesmo algumas gravuras neolíticas, petróglifos, em
alguns casos, apresentam pictografias que podem se referir a um
dinossauro.

Alguns estudiosos do assunto chegaram inclusive


a identificar o Beemote com o Braquiossauro e o Leviatã com o
Cronossauro. Ainda que a questão ainda esteja longe de ser resolvida,
é preciso ressaltar que não há qualquer incoerência e contradição em
crer na Bíblia e admitir a existência dos dinossauros.

Como afirmamos no começo do nosso estudo, é


muito possível que os autores bíblicos tenham tido até mesmo conta-
to com alguns dos remanescentes dos antigos répteis gigantes. Quem
sabe os dinossauros tenham escutado hebraico bíblico arcaico!

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Esqueleto de um Diplodoco, que chegava a 30 metros de comprimento.

Foto: Museu de História Natural de Pittsburgh.

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