Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
MATERNO
MODIFICAÇÕES DO ORGANISMO MATERNO
O objetivo é reorganizar a função de todos os órgãos e sistemas de maneira harmônica, estabelecendo um novo equilíbrio
adaptativo para a presença do feto em desenvolvimento.
A diferenciação precoce entre os sinais e sintomas decorrentes das adaptações fisiológicas daqueles oriundos de condições
patológicas é a medida mais eficaz durante a assistência pré-natal para garantir uma gestação bem sucedida.
MODIFICAÇÕES MAMÁRIAS
Com cinco semanas de gestação, as pacientes normalmente podem ter queixas de mastalgia.
8 semanas: Tubérculos de Montgomery (glândulas mamárias acessória e glândulas sebáceas hipertrofiadas na aréola)
20 semanas: Sinal de Hunter (aréola secundária- região mais hiperpigmentada em torno da aréola)
MODIFICAÇÕES CUTÂNEAS
Quando surgem na gestação, são avermelhadas. Após o parto, ficam com uma coloração branco
nacarada (permanentes).
Na gestação também ocorre um quadro hipercortisonismo, o que facilita a aparição dessas estrias
gravídicas.
ERITEMA PALMAR: acomete até 50-70% das pacientes. Se apresenta como uma vermelhidão mais
proeminente nas eminências ternares e que piora com a evolução da gravidez.
MODIFICAÇÕES HEMATOLÓGICAS
O volume plasmático aumenta cerca de 45 a 50% em relação aos valores pré-gestacionais; este acréscimo tem início na 6ª semana
de gestação, com expansão mais acelerada no 2º trimestre, para finalmente reduzir sua velocidade e estabilizar seus níveis nas
últimas semanas do período gravídico (platô no 3º trimestre).
Ocorre um aumento de cerca de 25 a 30% no número de eritrócitos durante a gestação, com maior incremento no 3º trimestre.
O aumento da eritropoietina no período gestacional também justifica uma discreta RETICULOCITOSE a partir do 2º trimestre.
Durante o parto e puerpério imediato, os valores podem chegar a 25.000/mm³ (sem desvio
à esquerda), provavelmente relacionados à atividade das adrenais no momento do estresse.
Porém, em compensação, há uma DIMINUIÇÃO DA FUNÇÃO LEUCOCITÁRIA (quimiotaxia e aderência), o que aumenta a
susceptibilidade a infecções. Também há uma SUPRESSÃO DA IMUNIDADE HUMORAL.
As plaquetas geralmente não se alteram. Mas cerca de 5 a 7% das gestantes podem cursar com plaquetopenia, sem causa
aparente.
• Certo grau de coagulação intravascular, no leito uteroplacentário, é a explicação que justifica tal evento.
Praticamente todos os FATORES DE COAGULAÇÃO apresentam-se ELEVADOS na gestação, com exceção dos fatore XI e XIII.
Fibrinogênio e dímero D tem seus níveis elevados na gestação em até 50%.
HEMODIFICAÇÕES HEMODINÂMICAS
SOPRO SISTÓLICO é comum, por diminuição da viscosidade sanguínea (hemodiluição) e por aumento do débito cardíaco.
Cerca de 90% das gestantes apresentam sopro sistólico leve; 20% sopro diastólico; e 10% sopro contínuo.
A resistência vascular periférica diminui durante a gravidez, alcançando um nível mínimo com cerca de 20 semanas de gestação.
Isto ocorre devido à placenta, que funciona como uma fístula arteriovenosa.
Os níveis tendem a retornar ao basal até o termo. Entretanto, a RVP permanece 20% menor em relação aos valores pré
gestacionais.
Existe também uma REFRATARIEDADE VASCULAR À AÇÃO VASOCONSTRITORA do SRAA e da angiotensina II.
MODIFICAÇÕES RESPIRATÓRIAS
O DIAFRAGMA SE ELEVA em cerca de 4 cm até o final da gestação. Porém a CAIXA TORÁCICA AUMENTA em cerca de 2 cm
o seu diâmetro transverso e em cerca de 6 cm a sua circunferência, com consequente ampliação dos ângulos costofrênicos (de
até 35º).
As pacientes se queixam de DISPNEIA, chamada de FISIOLÓGICA. Decorre dos efeitos da progesterona no centro respiratório
do SNC e também da percepção da paciente à HIPERVENTILAÇÃO DA GESTAÇÃO. A hiperventilação leva a uma alcalose
respiratória compensada.
Nas vias superiores ocorre vasodilatação, edema de mucosa e CONGESTÃO NASAL. Pode ocorrer maior dificuldade para
intubação endotraqueal.
MODIFICAÇÕES GASTROINTESTINAIS
NÁUSEAS E VÔMITOS são ocorrências mais prevalentes no 1º trimestre, desaparecendo ao longo da gestação. Estudos associam
esta entidade a altos níveis de hCG circulante e alterações laboratoriais da função tireoidiana.
Pico do hCG entre 8-12 semanas.
Ocorre também EDEMA E HIPEREMIA GENGIVAL, predispondo a SANGRAMENTOS GENGIVAIS, mesmo após traumatismos
leves.
A progesterona leva a um relaxamento da musculatura lisa durante a gestação. O estrogênio, por sua vez, age como indutor dos
efeitos progestogênicos no organismo materno. Isto causa um RETARDO DO ESVAZIAMENTO GÁSTRICO e um TRÂNSITO
INTESTINAL MAIS LENTIFICADO.
O relaxamento da musculatura lisa atinge também a vesícula biliar. A estase da bile, associada ao aumento da saturação de
colesterol, predispõe ao aparecimento de CÁLCULOS BILIARES.
A atividade da FOSFATASE ALCALINA também duplica durante a gravidez, porém devido à produção placentária associada.
Estudos prospectivos longitudinais de gestantes encontraram prevalência de CONSTIPAÇÃO INTESTINAL entre 16 e 39%,
gradualmente maior a cada trimestre de gestação. Essa frequência é superior à taxa de referência da obstipação (7%) em mulheres
não gestantes da mesma idade.
MODIFICAÇÕES OSTEOARTICULARES
Aumento de peso abdominal desloca o centro de gravidade para a frente. Para corrigir esse eixo a paciente faz uma hiperlordose
lombar e uma cifose. Ela posiciona o tórax para trás, fica com uma base alargada, com passos curtos e lentos para sustentar o
peso e os pés ficam com maior ângulo em relação à linha média (MARCHA ANSERINA).
Além disso, existe um edema das articulações, chamado de EMBEBIÇÃO GRAVÍDICA. Esse processo, associado com as mudanças
posturais, pode causar espasmos dos músculos intervertebrais, diminuir espaço entre as vértebras, que pode causar compressão
radicular, lombalgia e dormência dos MMSS, por exemplo.
MODIFICAÇÕES URINÁRIAS
A TAXA DE FILTRAÇÃO GLOMERULAR AUMENTA em cerca de 50% após a 6ª semana e o fluxo plasmático renal aumenta em
cerca de 60 a 80%. Este fato pode levar até a perda de alguns nutrientes na urina, como a glicose (glicosúria).
A partir da 2ª metade da gravidez, cerca de 80% das gestantes apresentam DILATAÇÃO PIELOCALICINAL, mais proeminente à
direta. Isto ocorre devido à compressão do sistema coletor.
Na 2ª metade da gravidez, verifica-se AUMENTO DOS HORMÔNIOS CONTRAINSULÍNICOS (lactogênio placentário, cortisol).
Isto faz com que a grávida realize mais LIPÓLISE. Ocorre um aumento dos ácidos graxos livres, utilizados como fonte de energia
em substituição da glicose.
Isso caracteriza o ESTADO DIABETOGÊNICO da grávida. O objetivo deste mecanismo é reduzir o consumo de glicose pela
gestante e manter um aporte constante de glicose ao feto.