Sumário
TEORIA GERAL DO ESTADO
1. NOÇÕES GERAIS
2. ELEMENTOS CONSTITUTIVOS OU ESTRUTURAIS DO
ESTADO
2.1. Soberania nacional ou poder
2.2. Território
2.3. Povo
2.4. Objetivos
3. ORGANIZAÇÃO DO ESTADO (DIVISÃO ESPACIAL DO
ESTADO)
3.1. Formas de Estado
3.2. Formas de Governo
3.3. Sistemas/regimes de Governo
TRATADOS INTERNACIONAIS
1. NOÇÕES GERAIS
2. RECEPÇÃO DOS TRATADOS INTERNACIONAIS
3. NATUREZA JURÍDICA DOS TRATADOS
INTERNACIONAIS
NACIONALIDADE
1. NOÇÕES GERAIS
2. NACIONALIDADE ORIGINÁRIA, PRIMÁRIA, DE 1º GRAU,
OU NATA
3. NACIONALIDADE SECUNDÁRIA, ADQUIRIDA, DE 2º
GRAU, POR AQUISIÇÃO, OU POR NATURALIZAÇÃO
3.1. Naturalização ordinária
3.2. Naturalização extraordinária ou quinzenária
4. DIFERENÇAS ENTRE BRASILEIROS NATOS E
NATURALIZADOS
4.1. Cargos privativos de brasileiros natos
4.2. Tratamento constitucional diferenciado no que diz respeito ao
exercício de determinada função
4.3. Tratamento constitucional diferenciado no que diz respeito ao
direito de propriedade
4.4. Tratamento constitucional diferenciado no que diz respeito à
extradição
4.5. Tratamento constitucional diferenciado no que diz respeito a
perda da nacionalidade
5. PERDA DA NACIONALIDADE
5.1. Cancelamento da naturalização por sentença judicial
transitada em julgado por atividade nociva ao interesse nacional
5.2. Aquisição de outra nacionalidade
6. HEIMATLOS
7. DEPORTAÇÃO
8. EXPULSÃO
9. EXTRADIÇÃO
10. ENTREGA
DIVISÃO ORGÂNICA DOS PODERES
1. NOÇÕES GERAIS
2. HISTÓRICO SOBRE A DIVISÃO ORGÂNICA DE PODERES
3. FUNÇÕES (ATRIBUIÇÕES) TÍPICAS E ATÍPICAS DOS
TRÊS ÓRGÃOS QUE EXERCEM PARCELA DO PODER
3.1. Poder Legislativo
3.2. Poder Executivo
3.3. Poder Judiciário
PODER LEGISLATIVO DA UNIÃO
1. CONGRESSO NACIONAL
2. ESTRUTURA EXTERNA DO CONGRESSO NACIONAL
3. ESTRUTURA INTERNA DO CONGRESSO NACIONAL
4. PRESIDÊNCIA DO CONGRESSO NACIONAL
5. FORMAS DE MANIFESTAÇÃO DO PODER LEGISLATIVO
DA UNIÃO
6. LEGISLATURA, SESSÃO LEGISLATIVA E PERÍODO
LEGISLATIVO
7. TEORIA DAS MAIORIAS
8. DEPUTADOS FEDERAIS
9. SENADORES
10. SISTEMAS ELEITORAIS
10.1. Sistema majoritário
10.2. Sistema proporcional
11. MESAS
12. PROCESSO LEGISLATIVO
13. ESPÉCIES DE PROCESSO LEGISLATIVO
14. PROCESSO LEGISLATIVO ORDINÁRIO
14.1. Fases do processo legislativo ordinário
14.2. Reapresentação do projeto de lei rejeitado na mesma sessão
legislativa
14.3. Considerações finais
15. PROCESSO LEGISLATIVO SUMÁRIO
16. PROCESSO LEGISLATIVO ESPECIAL DA EMENDA
CONSTITUCIONAL
16.1. Processo legislativo especial da emenda constitucional
16.2. Processo legislativo especial da lei delegada
16.3. Processo legislativo especial do decreto legislativo e da
resolução
17. DISCUSSÕES SOBRE A LEI COMPLEMENTAR E A LEI
ORDINÁRIA
18. REAPRESENTAÇÃO DO PROJETO DE LEI
COMPLEMENTAR E DE LEI ORDINÁRIA NA MESMA SESSÃO
LEGISLATIVA
19. NORMAS DE REPRODUÇÃO OBRIGATÓRIA (NORMAS
CENTRAIS FEDERAIS)
20. ATRIBUIÇÃO FISCALIZATÓRIA DO PODER
LEGISLATIVO
20.1. Fiscalização político-administrativa
20.1.1. Comissões
21. ESTATUTO DO CONGRESSO NACIONAL (ESTATUTO DO
CONGRESSISTA)
21.1. Imunidades
21.2. Foro por prerrogativa de função dos deputados federais e
senadores
21.3. Prerrogativa testemunho
PODER EXECUTIVO
1. NOÇÕES GERAIS
2. CONDIÇÕES DE ELEGIBILIDADE PARA A PRESIDÊNCIA
DA REPÚBLICA
3. SISTEMA ELEITORAL
4. VICE-PRESIDENTE DA REPÚBLICA
5. POSSE DO PRESIDENTE E DO VICE-PRESIDENTE DA
REPÚBLICA
6. SUCESSÃO DO PRESIDENTE DA REPÚBLICA
7. MANDATO DO PRESIDENTE DA REPÚBLICA
8. RESPONSABILIDADE DO PRESIDENTE DA REPÚBLICA
8.1. Responsabilidade política dos Chefes do Poder Executivo
8.2. Responsabilidade criminal dos Chefes do Poder Executivo
8.2.1. Infração penal comum praticada pelo presidente da
República (responsabilidade penal do presidente da república)
8.2.1. Infração penal comum praticada por governador
(responsabilidade penal)
8.2.2. Infrações penais comuns praticadas por prefeitos
(responsabilidade penal)
9. MEDIDAS PROVISÓRIAS
9.1. Noções gerais
9.2. Processo legislativo especial da medida provisória (art. 62)
9.3. Limites materiais das medidas provisórias
9.4. Controle de constitucionalidade das medidas provisórias
9.5. Súmula vinculante 54 do STF
9.6. Medida provisória em sede estadual
PODER JUDICIÁRIO
1. NOÇÕES GERAIS
2. CARACTERÍSTICAS DA FUNÇÃO JURISDICIONAL
(CARACTERÍSTICAS DA PRESTAÇÃO JURISDICIONAL)
3. ORGANIZAÇÃO DO PODER JUDICIÁRIO
3.1. Supremo Tribunal Federal
3.2. Superior Tribunal de Justiça
3.3. Justiça comum
3.4. Justiças Especializadas
3.5. Órgão Especial
3.6. CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA (CNJ)
CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE
1. NOÇÕES GERAIS
2. CLASSIFICAÇÃO DO CONTROLE DE
CONSTITUCIONALIDADE
2.1. Controle preventivo de constitucionalidade
2.2. Controle repressivo de constitucionalidade
3. ESPÉCIES DE INCONSTITUCIONALIDADE
4. CONTROLE REPRESSIVO DE CONSTITUCIONALIDADE
4.1. CONTROLE DIFUSO DE CONSTITUCIONALIDADE
(SISTEMA AMERICANO)
4.2. CONTROLE CONCENTRADO (SISTEMA AUSTRÍACO
OU EUROPEU CONTINENTAL)
4.3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
INTERVENÇÃO FEDERAL
1. INTRODUÇÃO
2. INTERVENÇÃO FEDERAL
2.1. Espécies de intervenção federal
2.2. Procedimento da intervenção federal
2.3. ADIn interventiva
TEORIA GERAL DOS DIREITOS E GARANTIAS
FUNDAMENTAIS
1. CONCEITO
2. NÚCLEO DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS
3. FUNDAMENTALIDADE
4. OS DIREITOS FUNDAMENTAIS NA CONSTITUIÇÃO DE
1988
5. ESPÉCIES DE DIREITOS FUNDAMENTAIS
6. DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS
7. NÚCLEO DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS
8. BREVE HISTÓRICO DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS
9. GERAÇÕES DE DIREITOS HUMANOS
10. GERAÇÕES DE DIREITOS FUNDAMENTAIS NA
CONSTITUIÇÃO DE 1988
11. DIREITOS SOCIAIS NO BRASIL
11.1. Noções Gerais
11.2. Princípios relacionados aos direitos sociais
12. DESTINATÁRIOS DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS
13. CARACTERÍSTICAS DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS
14. FUNÇÃO DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS
15. DIMENSÕES DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS
15.1. Dimensão subjetiva dos direitos fundamentais
15.2. Dimensão subjetiva dos direitos fundamentais
16. DIREITOS FUNDAMENTAIS EM ESPÉCIE
16.1. DIREITOS INDIVIDUAIS E COLETIVOS: ANÁLISE DO
ART. 5º, CAPUT, DA CF
CLASSIFICAÇÃO DAS CONSTITUIÇÕES
1. QUANTO À ORIGEM
1.1. Outorgadas
1.2. Promulgadas
2. QUANTO À FORMA
2.1. Escrita
2.2. Não-escrita
3. QUANTO À ESTABILIDADE, ALTERABILIDADE OU
CONSISTÊNCIA
3.1. Super-rígida
3.2. Rígida
3.3. Flexível ou plástica
3.4. Semirrígida ou semiflexível
4. QUANTO AO MODELO
4.1. Constituição garantia
4.2. Constituição balanço
4.3. Constituição dirigente ou compromissária
5. QUANTO AO TAMANHO OU EXTENSÃO
5.1. Sintética, concisa ou negativa
5.2. Analítica, prolixa ou abrangente
6. CLASSIFICAÇÃO DA CONSTITUIÇÃO BRASILEIRA DE
1988
MÉTRICAS
TEORIA GERAL DO ESTADO
1. NOÇÕES GERAIS
O Estado é uma entidade relativamente recente na história universal.
Quando falamos em Direito Constitucional, estamos tratando desta
realidade jurídica que chamamos de Estado e dos seus elementos.
O conceito moderno de Estado surgiu pela primeira vez em 1513 na
obra “O Príncipe”, de Maquiavel. Maquiavel ensinava que os Estados ou
eram Principados ou Repúblicas.
Estado é uma sociedade politicamente organizada, dotada de
soberania, território, povo e com objetivos determinados .
Estado não é sinônimo de País. País é o componente espacial de um
Estado, é o habitat de um Estado . Nosso Estado recebe o nome de
República Federativa do Brasil. Já o nosso país recebe o nome de Brasil.
Nada impede que o Estado adote o mesmo nome do país. Alguns
Estados possuem o mesmo nome do país, como, por exemplo, os Estados
Unidos da América do Norte.
Estado não é sinônimo de Nação. O conceito de nação é trazido pela
sociologia, é um conceito sociológico e não jurídico. Nação consiste no
conjunto de pessoas ligadas pela mesma origem, história, idioma,
religião . Para nós, brasileiros, que adotamos uma cultura jurídica romano-
germânica, há diferença conceitual entre Estado e Nação. Para os Estados
que adotam a cultura anglo-saxônica não há diferença conceitual entre
Estado e Nação (ex: nos EUA e na Inglaterra, os conceitos de estado e
nação se confundem). Vale lembrar, ainda, que algumas nações não se
constituem num Estado (ex: palestinos).
Estado não é sinônimo de Pátria. Pátria não é um conceito jurídico,
mas um estado emocional, um sentimento . Pátria significa “terra do pai”,
“terra que amamos”. Apesar de não ser um conceito jurídico, nossa
Constituição (art. 142) se ocupa deste estado emocional chamado pátria.
Art. 142. As Forças Armadas, constituídas pela Marinha, pelo Exército e pela
Aeronáutica, são instituições nacionais permanentes e regulares, organizadas
com base na hierarquia e na disciplina, sob a autoridade suprema do
Presidente da República, e destinam-se à Defesa da Pátria , à Garantia dos
poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem.
2.2. Território
Território é o componente espacial do Estado . É a porção da terra
sobre a qual o Estado exerce a sua soberania, sua jurisdição, o seu poder de
mando, o seu poder de império, a sua potência.
Existem duas espécies de territórios: o real e o ficto .
2.3. Povo
O povo compreende os nacionais . Trata-se do componente pessoal
do Estado . O conceito de povo está no art. 12 da Constituição Federal.
Povo são os nacionais, ou seja, os brasileiros natos e naturalizados.
O conceito de estrangeiro surge por exclusão. Quem não é nacional
(nato ou naturalizado) é estrangeiro.
Povo não é sinônimo de população. Povo é o componente pessoal do
Estado, são os nacionais. População não é um conceito jurídico, mas
demográfico, geográfico. Dentro do conceito de população está o conceito
de povo + estrangeiros + apátridas.
Em algumas situações, a Constituição utiliza o conceito de população
(art. 45, § 1º). A Constituição utiliza o conceito de população para indicar o
número total de Deputados Federais, Estaduais e Distritais (art. 45, § 1º) na
Câmara dos Deputados.
Art. 45. (...).
§ 1º O número total de Deputados, bem como a representação por Estado e
pelo Distrito Federal, será estabelecido por lei complementar,
proporcionalmente à população , procedendo-se aos ajustes necessários, no
ano anterior às eleições, para que nenhuma daquelas Unidades da Federação
tenha menos de oito ou mais de setenta Deputados.
Atenção! A representação de cada estado na Câmara dos Deputados
não poderá ter menos de 8 ou mais de 70 Deputados Federais. No Senado
Federal, o número é fixo de 3 senadores para cada Estado, sendo eleitos
com dois suplentes.
Povo não é sinônimo de habitante. Habitante não é um conceito
jurídico, mas um conceito geográfico, demográfico.
Qual a diferença entre cidadão em sentido estrito e cidadão em
sentido amplo? Cidadão em sentido estrito é o nacional que está em pleno
gozo dos direitos políticos, ou seja, aquele que pode votar e ser votado (art.
12 + art. 14). Por outro lado, cidadão em sentido amplo é toda pessoa
humana com personalidade jurídica, isto é, com aptidão genérica para
adquirir direitos e contrair obrigações.
Quem pode ajuizar ação popular? Apenas o cidadão em sentido
restrito pode ajuizar a ação popular, ou seja, apenas o nacional que esteja
em pleno gozo dos seus direitos políticos. Assim, uma criança com 10 anos
de idade não pode ajuizar ação popular, pois não é cidadã em sentido
estrito. Vale lembrar que o menor entre 16 e 18 anos que já tiver feito o
alistamento eleitoral poderá propor ação popular.
2.4. Objetivos
Os objetivos são as finalidades a serem perseguidas pelo Estado.
Qual é o objetivo do Estado? Para que serve o Estado? O Estado
serve para cumprir os objetivos traçados pela Constituição, visando atingir
o bem comum . O objetivo do Estado é atingir o bem comum. O conceito
de bem comum é trazido pelo art. 3º da Constituição Federal que elenca os
objetivos da República Federativa do Brasil. Cumpre-se o bem comum
quando o Estado cumpre os seus objetivos.
Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:
I – construir uma sociedade livre, justa e solidária;
II – garantir o desenvolvimento nacional;
III – erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais
e regionais;
IV – promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor,
idade e quaisquer outras formas de discriminação. (princípio da busca da
felicidade)
Uma Constituição que traça objetivos, que traça compromissos a
serem cumpridos pelo Estado classifica-se em constituição dirigente ou
compromissária .
Constituição dirigente é aquela que traça metas e objetivos a serem
alcançados pelo Estado. Quando o art. 3º da Constituição elenca os
objetivos da República Federativa do Brasil, o Estado está assumindo o
compromisso de alcançá-los, de efetivá-los. As finalidades a serem
buscadas pelo Estado estão no art. 3º da Lei Fundamental. Sendo assim, nós
somos credores do Estado no sentido de que ele deve cumprir com seus
objetivos traçados pela Constituição.
TRATADOS INTERNACIONAIS
1. NOÇÕES GERAIS
A Constituição faz referência à “independência nacional” no art. 4º,
inciso I. Essa independência nacional pode ser compreendida sob diferentes
óticas. No que concerne aos Tratados Internacionais, nos interessa apenas a
compreensão de independência nacional sob a ótica do dualismo jurídico .
Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações
internacionais pelos seguintes princípios:
I – independência nacional;
Quando se fala em dualismo jurídico significa que existem duas
ordens jurídicas: uma “ordem internacional” e uma “ordem nacional”. Em
razão do dualismo jurídico, a norma de Direito Internacional não produz
efeitos imediatos dentro do território nacional. A Constituição, portanto,
não adotou o princípio da recepção automática dos Tratados Internacionais.
Princípio da recepção automática significa que em alguns Estados, a norma
de Direito Internacional produz efeitos imediatos dentro do território.
Portugal e Alemanha, por exemplo, são Estados que adotam o princípio da
recepção automática.
As normas de Direito Internacional produzem efeitos imediatos
dentro do território brasileiro? Não. As normas de direito internacional não
produzem efeitos imediatos no Brasil, porque nós não adotamos o princípio
da recepção automática, mas sim o princípio do dualismo jurídico. Assim, a
norma de Direito Internacional, somente produzirá efeitos no território
nacional, se ela for recepcionada de acordo com as disposições da
Constituição Federal de 1988. No Brasil, nós adotamos o dualismo jurídico
mitigado ou abrandado . Em razão de a ratificação do Tratado Internacional
depender apenas de um Decreto Legislativo do Congresso Nacional (e não
de uma Lei), a doutrina entende que nosso dualismo jurídico é do tipo
mitigado ou abrandado.
NACIONALIDADE
1. NOÇÕES GERAIS
Este Capítulo compreende o estudo do elemento constitutivo do
Estado, povo. Lembrando que Estado é a sociedade politicamente
organizada, dotado de soberania, território, povo e com objetivos
determinados.
Povo é o componente pessoal do Estado. Povo são nacionais, ou seja,
os brasileiros natos e os naturalizados.
Nacionalidade é o vínculo político-jurídico pelo qual alguém se
torna parte integrante do povo de um Estado . A nacionalidade é um
vínculo político-jurídico entre o indivíduo e o Estado, pelo qual aquele se
torna parte integrante do povo deste.
A quem compete definir seus nacionais? Compete ao Direito interno
de cada Estado definir quem são os seus nacionais. No Brasil, é a
Constituição que determina, com exclusividade, quem são os nacionais. O
conceito de estrangeiro surge por exclusão. Trata-se de um conceito
negativo, porque estrangeiro é aquele que não é nacional. Ao estrangeiro
falta o vínculo político-jurídico denominado nacionalidade.
A Constituição prevê duas espécies de nacionalidade: a originária e a
secundária . A nacionalidade originária é aquela que resulta de um fato
natural e involuntário denominado nascimento. Já a nacionalidade
secundária é aquela que resulta de um ato jurídico e voluntário denominado
naturalização.
5. PERDA DA NACIONALIDADE
As hipóteses de perda da nacionalidade estão previstas no art. 12, § 4º
da Constituição Federal, que dispõe:
“Será declarada a perda da nacionalidade do brasileiro que: I – tiver
cancelada sua naturalização, por sentença judicial, em virtude de atividade
nociva ao interesse nacional; II – adquirir outra nacionalidade, salvo nos
casos: a) de reconhecimento de nacionalidade originária pela lei estrangeira;
b) de imposição de naturalização, pela norma estrangeira, ao brasileiro
residente em estado estrangeiro, como condição para permanência em seu
território ou para o exercício de direitos civis.
6. HEIMATLOS
Heimatlos é o apátrida.
“Lê-se ‘raimatlos’.
7. DEPORTAÇÃO
Deportação é a saída compulsória do estrangeiro pelo
descumprimento de regras administrativas brasileiras.
Ocorre deportação quando o estrangeiro adentra ou permanece no
território nacional violando, desrespeitando, descumprindo uma regra
administrativa. Ocorre quando o estrangeiro pratica ilícito administrativo.
Exemplo: Estrangeiro entra com visto de turista e começa a trabalhar.
Será deportado, porque violou as condições administrativas do visto (não
podia trabalhar no território nacional).
A deportação far-se-á para o país da nacionalidade ou de procedência
do estrangeiro, ou para outro que consinta em recebê-lo.
A deportação está prevista no art. 50 e ss. da Lei 13.445/2017 (Lei de
Migração).
Art. 50. A deportação é medida decorrente de procedimento administrativo que
consiste na retirada compulsória de pessoa que se encontre em situação
migratória irregular em território nacional.
Quem pode ser deportado? Só o estrangeiro pode ser deportado.
Brasileiros natos ou naturalizados não podem sofrer deportação. Em se
tratando de apátrida, o procedimento de deportação dependerá de prévia
autorização da autoridade competente.
Qual o procedimento da deportação? Em suma, no caso de violação
de regras administrativas, a Polícia Federal deverá ofertar um prazo para
que o estrangeiro se retire voluntariamente do território nacional. Caso não
saia voluntariamente, será deportado, nos termos do art. 50 e ss. da Lei de
Migração.
8. EXPULSÃO
Expulsão é a saída compulsória do estrangeiro pela prática de crime
no território nacional, ocasião em que é preso, processado, condenado e,
após o cumprimento de pena, expulso.
A expulsão somente ocorrerá depois que o estrangeiro cumpriu a pena
no território nacional. Excepcionalmente, admite-se que a expulsão se dê
em momento anterior (antes do término do cumprimento da pena), desde
que haja Tratado Internacional entre a República Federativa do Brasil e o
outro Estado.
A expulsão está prevista no art. 54 da Lei de Migração.
Art. 54. A expulsão consiste em medida administrativa de retirada compulsória
de migrante ou visitante do território nacional, conjugada com o impedimento
de reingresso por prazo determinado.
§ 1º Poderá dar causa à expulsão a condenação com sentença transitada em
julgado relativa à prática de:
I – crime de genocídio, crime contra a humanidade, crime de guerra ou crime
de agressão, nos termos definidos pelo Estatuto de Roma do Tribunal Penal
Internacional, de 1998, promulgado pelo Decreto 4.388, de 25 de setembro de
2002; ou
II – crime comum doloso passível de pena privativa de liberdade, consideradas
a gravidade e as possibilidades de ressocialização em território nacional.
Quem pode ser expulso? Só o estrangeiro pode ser expulso. O
brasileiro nato e o naturalizado não podem ser expulsos, porque a
Constituição veda o degredo, veda o banimento (exílio).
A quem cabe decidir pela expulsão? Caberá exclusivamente ao
Presidente da República, num juízo discricionário de conveniência e
oportunidade decidir sobre a expulsão do estrangeiro. A expulsão é um ato
discricionário do Presidente da República. A expulsão far-se-á por Decreto
Presidencial.
O estrangeiro que pratica crime no território nacional, está sujeito à
“prisão para expulsão”. A prisão para expulsão é decretada pelo Juiz, e não
pelo Presidente da República nem pelo Ministro da Justiça.
E se o estrangeiro estiver casado com brasileira? Isso poderá
impedir a expulsão, nos termos da Súmula 1 do STF, que dispõe:
“É vedada a expulsão de estrangeiro casado com brasileira, ou que tenha filho
brasileiro dependente da economia paterna”.
E se o estrangeiro tiver filho brasileiro? Isso poderá impedir a
expulsão, nos termos da Súmula 1 do STF.
9. EXTRADIÇÃO
Extradição é o ato pelo qual um Estado soberano envia um
estrangeiro para outro Estado igualmente soberano a fim de que ele
responda a processo criminal ou cumpra a respectiva pena imposta.
A extradição é um exemplo da chamada Cooperação Jurídica
Internacional .
Na extradição, necessariamente, estão envolvidos dois Estados, um
requerente e o outro requerido .
Há duas espécies de extradição: a ativa e a passiva .
Extradição ativa é aquela requerida pela República Federativa do
Brasil a um Estado estrangeiro. Nós requeremos a extradição de um
indivíduo que se encontra no Estado estrangeiro para que ele cumpra pena
ou responda ao processo crime aqui no Brasil.
Já a extradição passiva é aquela em que o Estado estrangeiro requer à
República Federativa do Brasil a entrega de um indivíduo. A nós é
requerida a extradição do indivíduo para que ele cumpra pena ou responda
processo penal no Estado requerente. Na extradição passiva, o estrangeiro
comete crime no estrangeiro e foge para o Brasil.
Regras/limitações para a extradição passiva:
(i) Prisão para fins de extradição. Na extradição passiva, o estrangeiro
comete crime no estrangeiro e foge para o Brasil. O Estado onde o
estrangeiro cometeu o crime deverá expedir um mandado de prisão
internacional, fundado em sentença penal condenatória ou em razão
de providência processual (prisão cautelar). Através da Interpol, o
mandado de prisão internacional é remetido à Polícia Federal, que
comunica o STF. O STF decreta a prisão do estrangeiro para fins de
extradição.
(ii) Existência de Tratado Internacional. Depois de preso por
determinação do STF, o estrangeiro somente poderá ser extraditado se
houver Tratado Internacional entre o Brasil e o Estado requerente, ou
se houver promessa de que tal tratado seja assinado. Só haverá
extradição se houver tratado internacional, ou pelo menos, a promessa
de que tal tratado seja assinado pelo Estado requerente.
(iii) Princípio da dupla tipicidade ou dupla incriminação. A
República Federativa do Brasil somente extraditará se o fato que
fundamenta a extradição corresponder a algum crime brasileiro. Esse
é o princípio da dupla tipicidade. O fato deve ser crime lá e aqui. Não
é necessário que o fato criminoso tenha o mesmo nomen iuris no
Brasil e no Estado requerente, mas sim que eles contenham os
mesmos elementos do tipo. A pena também pode ser diferente, desde
que não seja de morte ou prisão perpétua. A República Federativa do
Brasil não extraditará se o fato criminoso praticado no estrangeiro for
considerado contravenção penal aqui no território nacional,
exatamente pelo princípio da dupla tipicidade. O fato deve constituir
CRIME.
(iv) Crime não prescrito. A República Federativa do Brasil
também não extraditará se o crime, de acordo com a legislação
nacional vigente, estiver prescrito.
(v) Princípio da comutação. O Brasil veda a pena de morte e a prisão
perpétua. Logo, se o estrangeiro tiver sido condenado à prisão
perpétua ou à morte pelo Estado requerente, nós só o extraditaremos
se ocorrer à comutação. O Estado requerente deverá aceitar a
comutação, ou seja, a "transformação" da pena de morte ou de prisão
perpétua em uma pena de no máximo de 40 anos, pois este é o limite
da pena aqui no Brasil (art. 75 do CP).
Art. 75. O tempo de cumprimento das penas privativas de liberdade não pode
ser superior a 40 (quarenta) anos. (Redação dada pela Lei 13.964, de 2019)
(vi) Extradição de portugueses. A República Federativa do
Brasil só extradita portugueses para Portugal e vice-e-versa.
(vii) Crime político ou de opinião . A Constituição veda a extradição em
razão da prática de crime político ou de opinião, nos termos do art.
5º, LI (“ não será concedida a extradição de estrangeiro por crime
político ou de opinião ”). Cuidado para não confundir: Não se
admite extradição por crime político ou de opinião. No entanto, é
possível a extradição pela prática de crime comum com motivação
política (crimes com fundamentos políticos), como, por exemplo, o
terrorismo.
(viii) Refugiado não pode ser extraditado. O refugiado não poderá
ser extraditado. De acordo com o STF, o estrangeiro que ostenta o
status de refugiado não poderá ser extraditado. A concessão da
condição de refugiado obsta o seguimento de qualquer pedido de
extradição.
Quem pode ser considerado refugiado? Será reconhecido como
refugiado, todo indivíduo que: (a) devido a fundados temores de
perseguição por motivos de raça, religião, nacionalidade, grupo social ou
opiniões políticas encontre-se fora de seu país de nacionalidade e não possa
ou não queira acolher-se à proteção de tal país; (b) não tendo nacionalidade
(apátrida) e estando fora do país onde antes teve sua residência habitual,
não possa ou não queira regressar a ele, em função das circunstâncias
descritas no inciso anterior; (c) devido à grave e generalizada violação de
direitos humanos, é obrigado a deixar seu país de nacionalidade para buscar
refúgio em outro país.
Quem decide sobre a extradição? A autorização para a extradição
caberá ao STF, mas a última palavra sobre a entrega ou não do indivíduo
caberá ao Presidente da República, que decide discricionariamente. A
prerrogativa de entregar extraditando ao país requerente é do Presidente da
República, cabendo ao Supremo apenas autorizar a extradição, mas não
determinar. Nesse sentido: STF, Ext 1085 PET-AV, julgado em 2011 (Caso
Cesare Battisti).
10. ENTREGA
Entrega é o ato pelo qual um Estado soberano envia um estrangeiro
ou um nacional (nato ou naturalizado) para julgamento perante o Tribunal
Penal Internacional (TPI), nos crimes contra a humanidade.
O instituto da “entrega" foi criado pelo Estatuto de Roma, que criou o
TPI para o julgamento dos crimes contra a humanidade. O Tribunal Penal
Internacional foi constitucionalizado pela EC 45/04, que acrescentou o § 4º
ao art. 5º da Constituição Federal, dispondo que
“O Brasil se submete à jurisdição de Tribunal Penal Internacional a cuja
criação tenha manifestado adesão”.
Em suma, pelo princípio da complementariedade , o Brasil só se
submeterá à jurisdição do TPI se a nossa justiça falhar.
Nacionais natos podem ser entregues ao TPI? Embora haja certa
controvérsia, prevalece que os nacionais natos podem sim ser entregues a
julgamento perante o Tribunal Penal Internacional. Francisco Rezek ensina
que é possível a entrega de brasileiro nato ou naturalizado para julgamento
no TPI, porque este não é um Estado estrangeiro, mas sim um Organismo
Internacional. Além disso, com a EC 45/2004, o Brasil passou a se
submeter à jurisdição do TPI.
Vale lembrar que a entrega não se confunde com extradição. Na
extradição nós temos de um lado, um Estado requerente, e do outro, um
Estado requerido. Além disso, podem ser extraditados: (a) estrangeiros; e
(b) brasileiros naturalizados, por crime praticado antes da naturalização, ou
de comprovado envolvimento no tráfico ilícito de entorpecentes. Já na
entrega, nós temos de um lado um Estado e do outro um Organismo
Internacional (TPI). Além disso, podem ser entregues ao TPI: (a)
estrangeiros; e (b) brasileiros natos ou naturalizados.
1. NOÇÕES GERAIS
Neste Capítulo trataremos do primeiro elemento estrutural do Estado,
qual seja o Poder. Lembrando que já estudamos os temas relacionados ao
“território” e ao “povo”.
Elementos estruturais do Estado: (i) poder/soberania; (ii) território;
(iii) povo; (iv) objetivos.
A Constituição utiliza a expressão “poder” em variadas acepções. Ora
o constituinte utiliza o termo poder no sentido de “soberania popular”, ora
no sentido de “órgão”, e ora no sentido “função”.
O art. 1º, parágrafo único, da Constituição Federal, diz que o poder
pode ser exercido diretamente pelo povo (democracia participativa) ou por
meio de órgãos (democracia representativa ou semidireta).
Os órgãos exercem funções: (i) o Poder Executivo, exerce a função
executiva; (ii) o Poder Legislativo, exerce a função legislativa; e (iii) o
Poder Judiciário, exerce a função jurisdicional.
Qual a finalidade da divisão orgânica de poderes estabelecida na
Constituição? A divisão orgânica dos poderes visa garantir a independência
dos poderes.
1. CONGRESSO NACIONAL
O Poder Legislativo da União é exercido pelo Congresso Nacional .
Art. 44. O Poder Legislativo é exercido pelo Congresso Nacional, que se
compõe da Câmara dos Deputados e do Senado Federal.
O Legislativo da União é bicameral , porque duas Casas exercem a
função legislativa, quais sejam a Câmara dos Deputados e o Senado
Federal. Na Câmara dos Deputados estão os representantes do povo; já no
Senado Federal estão os representantes dos Estados e do Distrito Federal.
Art. 45. A Câmara dos Deputados compõe-se de representantes do povo,
eleitos, pelo sistema proporcional, em cada Estado, em cada Território e no
Distrito Federal.
Art. 46. O Senado Federal compõe-se de representantes dos Estados e do
Distrito Federal, eleitos segundo o princípio majoritário.
O Brasil adotou o bicameralismo do tipo federativo , em razão da
forma de Estado adotada pela Constituição, qual seja a Federação (forma
federativa de Estado). Por este motivo é que no Legislativo da União nós
temos a participação dos Estados na formulação da vontade geral. Por este
motivo que há Senadores representando os Estados no Legislativo da
União.
Nosso bicameralismo é do tipo federativo de equilíbrio , porque
ambas as Casas têm a mesma importância legislativa, ambas têm a mesma
equivalência. A Câmara dos Deputados e o Senado Federal possuem a
mesma equivalência. Na Inglaterra, o bicameralismo é aristocrático , pois
não existe equilíbrio entre a Câmara dos Comuns (Câmara Baixa) e a
Câmara dos Nobres (Câmara Alta).
8. DEPUTADOS FEDERAIS
No Brasil nós temos 513 deputados federais. Os Deputados Federais
são representantes do povo, tendo sua atuação na Câmara dos Deputados.
Art. 45. A Câmara dos Deputados compõe-se de representantes do povo,
eleitos, pelo sistema proporcional, em cada Estado, em cada Território e no
Distrito Federal.
Povo é o componente pessoal do Estado. Povo são os nacionais (natos
e naturalizados).
Os Deputados Federais são representantes do povo. Contudo, o
número de Deputados Federais na Câmara dos Deputados, leva em conta a
população de cada Estado. População é um conceito geográfico,
demográfico (e não jurídico). O termo população envolve os nacionais
(natos e naturalizados) + estrangeiros + apátridas. Ou seja, o conceito de
"população" abrange todas as pessoas que se encontram no território da
unidade federada.
Art. 45, § 1º O número total de Deputados, bem como a representação por
Estado e pelo Distrito Federal, será estabelecido por lei complementar,
proporcionalmente à população , procedendo-se aos ajustes necessários, no
ano anterior às eleições, para que nenhuma daquelas Unidades da Federação
tenha menos de oito ou mais de setenta Deputados.
Nenhuma unidade da Federação poderá ter menos de 8 (oito) ou mais
de 70 (setenta) Deputados Federais. Portanto, a lógica, ensina que as
unidades da federação menos populosas, possuem um número menor de
Deputados e vice-e-versa.
Se criados, cada Território Federal elegerá um número fixo de quatro
Deputados Federais.
Art. 45, § 2º Cada Território elegerá quatro Deputados.
O número de Deputados Federais repercute no número dos Deputados
Estaduais. Para se definir o número de cadeiras na Assembleia Legislativa
de cada Estado, utiliza-se como base a quantidade de Deputados Federais.
A operação matemática é basicamente simples:
a) Estados com até 12 Deputados Federais – Os Estados com até 12
Deputados Federais, podem ter o triplo de Deputados Estaduais. Multiplica-
se 12 por 3 (art. 27, CF). 12x3 = 36. Nestes Estados, portanto, a Assembleia
Legislativa será composta por 36 Deputados Estaduais.
b)Estados com mais de 12 Deputados Federais – Os Estados com
mais de 12 Deputados Federais, seguem a mesma regra acima, até chegar a
36 cadeiras na Assembleia Legislativa. Daí para frente, cada Deputado
Federal vale um Deputado Estadual. Ex: o Estado de São Paulo conta 70
Deputados Federais, portanto, pode ter 94 Deputados Estaduais. A conta é a
seguinte: 12 Deputados Federais x 3 = 36 Deputados estaduais. Somamos
36 com a diferença do total de cadeiras no Congresso (70) e as 12 vagas já
multiplicadas por 3. Ou seja: 36 + (70 – 12) = 94.
Art. 27. O número de Deputados à Assembleia Legislativa corresponderá ao
triplo da representação do Estado na Câmara dos Deputados e, atingido o
número de trinta e seis, será acrescido de tantos quantos forem os Deputados
Federais acima de doze.
O Deputado Federal exerce mandato de quatro anos (uma legislatura).
A cada quatro anos, portanto, teremos novas eleições para Deputados
Federais.
Art. 27, § 1º Será de quatro anos o mandato dos Deputados Estaduais,
aplicando-se-lhes as regras desta Constituição sobre sistema eleitoral,
inviolabilidade, imunidades, remuneração, perda de mandato, licença,
impedimentos e incorporação às Forças Armadas.
Condições de elegibilidade (requisitos para se candidatar) a Deputado
Federal:
1) nacionalidade brasileira (nato ou naturalizado);
2) pleno gozo dos direitos políticos;
3) alistamento eleitoral;
4) domicílio eleitoral na circunscrição;
5) filiação partidária;
6) idade mínima de 21 anos.
Os Deputados Federais são eleitos pelo sistema eleitoral proporcional
.
9. SENADORES
Os Senadores são representantes dos Estados-membros e do Distrito
Federal, tendo sua atuação no Senado Federal.
Art. 46. O Senado Federal compõe-se de representantes dos Estados e do
Distrito Federal, eleitos segundo o princípio majoritário.
A representação dos Estados pelos Senadores no Senado Federal tem
a finalidade de defender o pacto federativo (indissolubilidade do vínculo
federativo). No pacto federativo, os Estados e o DF têm tratamento
isonômico. A Constituição Federal trata os Estados e o Distrito Federal de
forma igualitária.
Cada Estado e o Distrito Federal elegem um número fixo de 3
Senadores. Logo, temos 81 Senadores. 26 Estados + DF x 3 = 81.
Art. 46, § 1º Cada Estado e o Distrito Federal elegerão três Senadores, com
mandato de oito anos.
O Senador exerce mandato de 8 anos (duas legislaturas). O Senado
Federal se renova de forma alternada : primeiro um terço (renovação de 27
Senadores), depois dois terços (renovação de 54 Senadores).
Art. 46, § 2º A representação de cada Estado e do Distrito Federal será
renovada de quatro em quatro anos, alternadamente, por um e dois terços.
Se criados, os Territórios Federais não terão Senadores, mas apenas
Deputados Federais, em número fixo de quatro.
Cada Senador é eleito com dois suplentes . Parte da doutrina critica o
instituto da suplência, defendendo que se trata de uma distorção na
Democracia. Os suplentes chegam ao poder por meio do Senador eleito,
ferindo a Democracia, porque não são votados diretamente pelo povo. Na
prática, na maioria das vezes, os suplentes são aqueles que "financiam" a
candidatura do Senador.
Art. 46, § 3º Cada Senador será eleito com dois suplentes.
Condições de elegibilidade (requisitos para se candidatar) a Senador:
1) nacionalidade brasileira (nato ou naturalizado);
2) pleno gozo dos direitos políticos;
3) alistamento eleitoral;
4) domicílio eleitoral na circunscrição;
5) filiação partidária;
6) idade mínima de 35 anos.
Os Senadores são eleitos pelo sistema eleitoral majoritário simples .
11. MESAS
Mesa é o órgão diretivo, é o órgão de direção de um colegiado. A
Mesa é encarregada da direção administrativa da respectiva Casa. A mesa
dirige os trabalhos administrativos da Casa respectiva.
No Congresso Nacional há três Mesas:
Mesa do Congresso Nacional, que é composta por senadores e
deputados;
Mesa do Senado federal, que é composta só por senadores; e
Mesa da Câmara dos Deputados, que é composta só por deputados
federais.
Cada Mesa possui os seguintes cargos: Presidente; Primeiro Vice-
Presidente; Segundo Vice-Presidente; Primeiro Secretário; Segundo
Secretário; Terceiro Secretário; Quarto Secretário.
O Presidente da Mesa do Congresso Nacional é sempre o Presidente
do Senado . Os demais cargos da Mesa do Congresso Nacional serão
exercidos, de forma alternada, por Deputados e Senadores que ocupam
estes cargos nas Mesas da Câmara e do Senado.
Art. 57, § 5º A Mesa do Congresso Nacional será presidida pelo Presidente do
Senado Federal, e os demais cargos serão exercidos, alternadamente, pelos
ocupantes de cargos equivalentes na Câmara dos Deputados e no Senado
Federal.
Todos que exercem cargos nas Mesas têm mandato de dois anos ,
sendo vedada a reeleição para o mesmo cargo na eleição seguinte. Vale
mencionar que essa vedação não se aplica aos Estados. Logo, é
perfeitamente possível que a Constituição Estadual preveja regra distinta,
admitindo a reeleição para os que exercem cargos na Mesa da Assembleia
Legislativa. Na esfera estadual, portanto, é possível que haja a recondução
para o mesmo cargo na Mesa da Assembleia Legislativa, desde que haja
previsão na Constituição Estadual. Vale mencionar, ainda, que essa vedação
também não se aplica aos Municípios. Logo, é perfeitamente possível a
reeleição para os que exercem cargos na Mesa da Câmara dos Vereadores,
desde que haja previsão na Lei Orgânica do Município.
Art. 57, § 4º Cada uma das Casas reunir-se-á em sessões preparatórias, a
partir de 1º de fevereiro, no primeiro ano da legislatura, para a posse de seus
membros e eleição das respectivas Mesas, para mandato de 2 (dois) anos,
vedada a recondução para o mesmo cargo na eleição imediatamente
subsequente .
Qual a importância de se presidir a Mesa de uma das Casas? A
importância de se presidir a Mesa de uma das Casas são: 1) linha sucessória
da Presidência da República , que é feita pelo Presidente da Câmara dos
Deputados e pelo Presidente do Senado Federal, nesta ordem; e 2) escolha
dos Projetos de Lei que serão votados na sessão legislativa (ou seja, fazer a
pauta de deliberação legislativa).
Art. 80. Em caso de impedimento do Presidente e do Vice-Presidente, ou
vacância dos respectivos cargos, serão sucessivamente chamados ao exercício
da Presidência o Presidente da Câmara dos Deputados, o do Senado Federal e
o do Supremo Tribunal Federal.
O constituinte deu muita importância às Mesas. Senão vejamos:
1) Legitimidade para ADIn e ADC. As Mesas da Câmara dos
Deputados e do Senado Federal têm legitimidade para propor ação direta de
inconstitucionalidade e ação declaratória de constitucionalidade. Cuidado!
A Mesa do Congresso Nacional não tem legitimidade.
Art. 103. Podem propor a ação direta de inconstitucionalidade e a ação
declaratória de constitucionalidade:
I – o Presidente da República;
II – a Mesa do Senado Federal;
III – a Mesa da Câmara dos Deputados;
IV – a Mesa de Assembléia Legislativa ou da Câmara Legislativa do Distrito
Federal;
V – o Governador de Estado ou do Distrito Federal;
VI – o Procurador-Geral da República;
VII – o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil;
VIII – partido político com representação no Congresso Nacional;
IX – confederação sindical ou entidade de classe de âmbito nacional.
2) Promulgação das emendas constitucionais. As emendas
constitucionais são promulgadas pela Mesa da Câmara dos Deputados e
pela Mesa do Senado Federal.
Art. 60, § 3º A emenda à Constituição será promulgada pelas Mesas da
Câmara dos Deputados e do Senado Federal, com o respectivo número de
ordem.
14.1.2.1. Discussão/debate
Parlamento vem do latim "parlar", que significa conversar, discutir,
debater.
A fase da discussão é realizada em três momentos:
1) Comissão de Constituição e Justiça. Inicialmente, o projeto é
debatido na Comissão de Constituição e Justiça – CCJ;
2) Comissão Temática. Após, o projeto é debatido na Comissão
Temática ou Material;
3) Plenário da Casa Legislativa. Finalmente, o projeto é debatido no
Pleno da Casa Legislativa.
1) Debate na Comissão de constituição e justiça – CCJ. Todo e
qualquer projeto de lei ou de emenda constitucional deve ser analisado e
debatido pela CCJ. A CCJ analisa a constitucionalidade do projeto,
emitindo pareceres . A CCJ, portanto, faz um controle preventivo de
constitucionalidade dos projetos de lei e de emenda constitucional. O
parecer da CCJ é terminativo , ou seja, se ela entender pela
inconstitucionalidade, o projeto será arquivado. CCJ do Senado: Comissão
de Constituição e Justiça de Cidadania. CCJ da Câmara: Comissão de
Constituição e Justiça de Redação.
2) Debate na Comissão temática ou material. Na comissão temática, o
projeto de lei ou de emenda constitucional será aprimorado. Na comissão
temática são convidados, por exemplo, professores, pesquisadores, juristas,
representantes de classes e categorias de pessoas para discutirem e
aprimorarem o projeto. É a sociedade contribuindo para o aprimoramento
do projeto de lei.
3) Debate no Pleno da Casa Legislativa. Depois de passar pela CCJ e
pela comissão temática, o projeto finalmente estará apto a ser debatido no
Plenário da Casa Legislativa. Pleno nada mais é que o colegiado em sua
plenitude.
14.1.2.2. Votação
Fase da votação é a fase que sujeita a propositura legislativa a
escrutínio do Parlamento. A votação ocorre no Plenário da Casa
Legislativa.
Quórum de deliberação ou de instalação. Quórum de instalação é o
número mínimo para que a sessão seja instalada (art. 47, segunda parte , da
CF). É sempre um número fixo/invariável. O quórum de instalação é
sempre a maioria absoluta dos membros da Casa.
Art. 47. Salvo disposição constitucional em contrário, as deliberações de cada
Casa e de suas Comissões serão tomadas por maioria dos votos, presente a
maioria absoluta de seus membros.
Quórum de votação. Qual é o quórum de votação? Depende da
espécie normativa. Senão vejamos:
Projetos de lei complementar Projetos de lei ordinária
Maioria absoluta. Para os projetos Maioria relativa. Para os projetos
de lei complementar, o quórum de de lei ordinária, o quórum de
votação é de maioria absoluta, votação é de maioria relativa, desde
desde que presentes a maioria que presentes a maioria absoluta
absoluta dos membros da Casa dos membros da Casa (quórum de
(quórum de instalação da sessão). instalação da sessão).
Art. 69. As leis complementares Quando a Constituição silenciar, o
serão sempre aprovadas por quórum de votação é de maioria
maioria absoluta. relativa, também chamada de
Maioria absoluta é sempre um maioria simples.
número fixo. Maioria absoluta é o Maioria relativa é um número
primeiro número inteiro acima da variável. Maioria relativa é
metade dos membros da Casa qualquer maioria, desde que
Legislativa. presente a maioria absoluta dos
membros da Casa.
14.1.4.2. Publicação
Publicação é o ato que torna público o teor da lei. Publicação é o ato
que publiciza o conteúdo da lei. Publicação é o ato pelo qual se leva ao
conhecimento de todos sobre o conteúdo da inovação legislativa. É a
comunicação a todos de que a ordem jurídica foi inovada.
Após a promulgação, a lei deve ser publicada.
A publicação confere a obrigatoriedade à Lei. Com a publicação,
ninguém mais poderá se escusar de cumprir a lei alegando o seu
desconhecimento.
LINDB, Art. 3º Ninguém se escusa de cumprir a lei, alegando que não a
conhece.
A publicação também é o temo inicial da vacatio legis . Com a
publicação, fixa-se o marco inicial para a contagem da vacatio legis .
LINDB, Art. 1º Salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo o
país quarenta e cinco dias depois de oficialmente publicada.
§ 1º Nos Estados, estrangeiros, a obrigatoriedade da lei brasileira, quando
admitida, se inicia três meses depois de oficialmente publicada.
§ 2º Revogado pela Lei 12.036, de 2009.
§ 3º Se, antes de entrar a lei em vigor, ocorrer nova publicação de seu texto,
destinada a correção, o prazo deste artigo e dos parágrafos anteriores
começará a correr da nova publicação.
§ 4º As correções a texto de lei já em vigor consideram-se lei nova.
16.1.2.3. Votação
Art. 60, § 2º A proposta será discutida e votada em cada Casa do Congresso
Nacional, em dois turnos, considerando-se aprovada se obtiver, em ambos, três
quintos dos votos dos respectivos membros.
A proposta de emenda constitucional deve ser discutida e votada em
dois turnos na Câmara dos Deputados, e depois discutida e votada em dois
turnos no Senado Federal.
Assim:
Primeiro passo: discussão e votação em dois turnos na Câmara dos
Deputados. Deve ser alcançado 3/5 (três quintos) dos votos em cada
turno de discussão e votação. Em cada turno, portanto, é necessário
seja alcançada a maioria qualificada de três quintos dos votos dos
respectivos membros.
Segundo passo: discussão e votação em dois turnos no Senado
Federal. Deve ser alcançado 3/5 (três quintos) dos votos em cada
turno de discussão e votação. Em cada turno, portanto, é necessário
seja alcançada a maioria qualificada de três quintos dos votos dos
respectivos membros.
16.1.2.4. Promulgação
Art. 60, § 3º A emenda à Constituição será promulgada pelas Mesas da
Câmara dos Deputados e do Senado Federal, com o respectivo número de
ordem.
Não há deliberação executiva no processo legislativo da emenda
constitucional . Em outras palavras, não existe sanção ou veto no processo
legislativo da emenda constitucional. Além disso, o Presidente da República
não promulga a emenda constitucional. Quem promulga a emenda
constitucional são as MESAS da Câmara dos Deputados e do Senado
Federal .
O que se promulga é a emenda constitucional (e não a proposta de
emenda constitucional). Note, que o § 3º do art. 60 da Constituição Federal
já fala em emenda (e não mais em proposta de emenda constitucional).
Art. 60, § 3º A emenda à Constituição será promulgada pelas Mesas da
Câmara dos Deputados e do Senado Federal, com o respectivo número de
ordem.
Se a proposta de emenda constitucional for rejeitada/arquivada em
uma sessão legislativa, ela somente poderá ser apresentada na próxima
sessão legislativa. Essa regra não comporta exceção.
Art. 60, § 5º A matéria constante de proposta de emenda rejeitada ou havida
por prejudicada não pode ser objeto de nova proposta na mesma sessão
legislativa.
Cuidado para não confundir! Os projetos de lei complementar e de lei
ordinária rejeitados/arquivados em uma sessão legislativa, poderão ser
apresentados na mesma sessão legislativa, desde que haja proposta da
maioria absoluta dos membros de qualquer das Casas do Congresso
Nacional (art. 67, da CF).
Art. 67, CF. A matéria constante de projeto de lei rejeitado somente poderá
constituir objeto de novo projeto, na mesma sessão legislativa, mediante
proposta da maioria absoluta dos membros de qualquer das Casas do
Congresso Nacional.
20.1.1. Comissões
A fiscalização político-administrativa é uma função típica do Poder
Legislativo. A fiscalização político-administrativa é desempenhada pelas
Comissões . Comissões são organismos parlamentares com número restrito
de membros, cuja finalidade é apresentar pareceres, estudar e examinar as
proposições legislativas, bem como fiscalizar.
Espécies de Comissões. As comissões parlamentares podem ser de
três tipos:
(i) comissão temática, material, ou em razão da matéria;
(ii) comissão representativa ou de representação;
(iii) comissão parlamentar de inquérito.
Princípio da representação proporcional partidária. Toda e qualquer
Comissão deve obediência ao princípio da representação proporcional
partidária (art. 58, § 1º, da CF). Por este princípio todo organismo
parlamentar (ex: Mesas e Comissões) deve refletir a organização da Casa
Legislativa. As Comissões devem respeito à representação proporcional
partidária.
Art. 58, § 1º Na constituição das Mesas e de cada Comissão, é assegurada,
tanto quanto possível, a representação proporcional dos partidos ou dos blocos
parlamentares que participam da respectiva Casa.
As Comissões podem apresentar projeto de lei complementar e de lei
ordinária (art. 61 da CF).
Art. 61. A iniciativa das leis complementares e ordinárias cabe a qualquer
membro ou Comissão da Câmara dos Deputados, do Senado Federal ou do
Congresso Nacional, ao Presidente da República, ao Supremo Tribunal
Federal, aos Tribunais Superiores, ao Procurador-Geral da República e aos
cidadãos, na forma e nos casos previstos nesta Constituição.
Classificação das comissões:
1) Quanto à composição, a comissão pode ser:
a) simples: é aquela composta só por deputados federais ou só por
senadores.
b) mista ou conjunta: é aquela composta por deputados federais e
senadores.
2) Quanto a sua duração, a comissão pode ser:
a) permanente: são aquelas que ultrapassam uma legislatura, ou
seja, que ultrapassam quatro anos.
b) comissões temporárias ou especiais: são aquelas que não
ultrapassam o período de uma legislatura. São chamadas de
especiais, porque são criadas para um caso especial. As
comissões temporárias são criadas para apreciar matéria
específica, extinguindo-se com o término da legislatura ou
quando cumprida a finalidade para a qual foram criadas.
Art. 58. O Congresso Nacional e suas Casas terão comissões permanentes e
temporárias, constituídas na forma e com as atribuições previstas no respectivo
regimento ou no ato de que resultar sua criação.
21.1. Imunidades
As imunidades são prerrogativas conferidas aos parlamentares
visando a liberdade de atuação parlamentar. As imunidades não são
privilégios, mas sim prerrogativas ofertadas aos parlamentares, visando a
liberdade da atuação parlamentar.
Qual a diferença entre prerrogativa e privilégio? A prerrogativa é
concedida em razão do cargo ocupado. O privilégio é concedido em razão
da pessoa. As prerrogativas pertencem ao próprio cargo, e não ao titular do
cargo. Como não pertencem ao titular do cargo, as prerrogativas são
irrenunciáveis. Já os privilégios, por pertencerem ao titular do cargo, podem
ser renunciados. Em suma:
Prerrogativas Privilégios
São concedidas em razão do cargo. São concedidos em razão da
pessoa.
Pertencem ao cargo. Pertence ao titular do cargo.
São irrenunciáveis, porque não São renunciáveis, pois pertencem
pertencem à pessoa, mas sim ao ao titular do cargo.
próprio cargo.
Espécies de imunidade:
(i) imunidade absoluta, material, real, substancial, inviolabilidade ou
indenidade;
(ii) imunidade relativa, formal, processual, ou adjetiva.
A Constituição chama a imunidade absoluta de inviolabilidade .
Quais parlamentares são dotados de imunidade absoluta?
Deputados federais e senadores (art. 53, da CF); deputados estaduais (art.
27, § 1º, da CF); e vereadores (art. 29, VIII, da CF). Quanto aos vereadores,
eles só a tem imunidade absoluta e somente na circunscrição do município
em que exercem a vereança.
Art. 53. Os Deputados e Senadores são invioláveis , civil e penalmente, por
quaisquer de suas opiniões, palavras e votos.
Art. 27, § 1º Será de quatro anos o mandato dos Deputados Estaduais,
aplicando-se-lhes as regras desta Constituição sobre sistema eleitoral,
inviolabilidade , imunidades, remuneração, perda de mandato, licença,
impedimentos e incorporação às Forças Armadas.
Art. 29. O Município reger-se-á por lei orgânica, votada em dois turnos, com o
interstício mínimo de dez dias, e aprovada por dois terços dos membros da
Câmara Municipal, que a promulgará, atendidos os princípios estabelecidos
nesta Constituição, na Constituição do respectivo Estado e os seguintes
preceitos: VIII – inviolabilidade dos Vereadores por suas opiniões, palavras e
votos no exercício do mandato e na circunscrição do Município ;
Quando se inicia a imunidade absoluta? Qual é o termo inicial da
imunidade absoluta? A imunidade absoluta inicia a partir da posse . Posse
é o ato público e oficial, através do qual o deputado e o senador se investem
no cargo, se investem no mandato de parlamentar.
Quais parlamentares são dotados de imunidade relativa? Deputados
federais e senadores (art. 53, §§ 2º e 3º, da CF); e deputados estaduais; (art.
27, § 1º, da CF). Vereadores não possuem imunidade relativa. Os
vereadores só possuem imunidade absoluta na circunscrição do município
em que exercem a vereança.
Art. 53 (...)
§ 2º Desde a expedição do diploma, os membros do Congresso Nacional não
poderão ser presos, salvo em flagrante de crime inafiançável. Nesse caso, os
autos serão remetidos dentro de vinte e quatro horas à Casa respectiva, para
que, pelo voto da maioria de seus membros, resolva sobre a prisão. (imunidade
relativa prisional)
§ 3º Recebida a denúncia contra o Senador ou Deputado, por crime ocorrido
após a diplomação, o Supremo Tribunal Federal dará ciência à Casa
respectiva, que, por iniciativa de partido político nela representado e pelo voto
da maioria de seus membros, poderá, até a decisão final, sustar o andamento
da ação. (imunidade relativa processual)
Art. 27, § 1º Será de quatro anos o mandato dos Deputados Estaduais ,
aplicando-se-lhes as regras desta Constituição sobre sistema eleitoral,
inviolabilidade, imunidades , remuneração, perda de mandato, licença,
impedimentos e incorporação às Forças Armadas.
Quando se inicia a imunidade relativa? Qual é o termo inicial da
imunidade relativa? A imunidade relativa se inicia a partir da diplomação .
A partir da diplomação, os deputados federais, senadores e deputados
estaduais passam a ter a imunidade processual e prisional. Diplomação é o
último ato do processo eleitoral. A diplomação ocorre depois das eleições e
antes da posse. Quem marca a data para a diplomação é o TRE.
Art. 53. (...)
§ 2º Desde a expedição do diploma , os membros do Congresso Nacional não
poderão ser presos, salvo em flagrante de crime inafiançável. Nesse caso, os
autos serão remetidos dentro de vinte e quatro horas à Casa respectiva, para
que, pelo voto da maioria de seus membros, resolva sobre a prisão.
§ 3º Recebida a denúncia contra o Senador ou Deputado, por crime ocorrido
após a diplomação , o Supremo Tribunal Federal dará ciência à Casa
respectiva, que, por iniciativa de partido político nela representado e pelo voto
da maioria de seus membros, poderá, até a decisão final, sustar o andamento
da ação.
PODER EXECUTIVO
1. NOÇÕES GERAIS
O órgão Executivo aplica a lei ao caso concreto, administrando a
coisa pública.
Quanto às funções atípicas, o Poder Executivo exerce duas:
(i) legislar: o Executivo inova a ordem jurídica através da edição de
medidas provisórias e decretos-autônomos; e
(ii) julgar: o Executivo julga nos seus processos licitatórios e
nos processos administrativos disciplinares.
O Brasil adota a forma federativa de Estado, que é uma cláusula
pétrea .
Já quanto à forma de governo, o Brasil adota a República . A forma
republicana de governo é um princípio constitucional sensível . A forma de
governo revela a maneira que o Poder é exercido dentro de um determinado
território.
No que pertine ao regime/sistema de governo, nós adotamos o
presidencialismo . O presidencialismo não é cláusula pétrea, nem princípio
constitucional sensível.
Em suma, o regime de governo demonstra como o Poder Executivo se
relaciona com o Poder Legislativo. No mundo, há dois tipos de regimes de
governo, o presidencialismo e o parlamentarismo .
Presidencialismo Parlamentarismo
Uma única autoridade exerce a Duas ou mais autoridades exercem
função executiva. No Brasil, essa a função executiva.
autoridade é o Presidente da
República (art. 76, CF).
No presidencialismo, nós temos o No parlamentarismo, nós temos o
chamado executivo monocrático , denominado executivo dual , pois
pois uma única autoridade exerce as funções de chefe de Estado e
as funções de chefe de Estado e chefe de governo são
chefe de governo. desempenhadas por autoridades
distintas.
No presidencialismo, existe No parlamentarismo, existe
independência política do dependência política do Executivo
Executivo em relação ao em relação ao Legislativo.
Legislativo.
O mandato do chefe do Executivo é O mandato do chefe do Executivo
determinado/temporário . pode ser reduzido pelo Poder
Legislativo .
Ex: Brasil. Ex: Inglaterra.
A diferença básica entre o presidencialismo e o parlamentarismo é
que no primeiro nós temos o chamado executivo monocrático, e no
segundo, o executivo dual.
O Parlamentarismo pode ser monárquico constitucional ou
republicano .
Parlamentarismo monárquico Parlamentarismo republicano
constitucional
Um Rei exerce a função de chefe Um Presidente exerce a função de
de Estado, e um Primeiro Ministro chefe de Estado, e um Primeiro
exerce a função de chefe de Ministro exerce a função de chefe
governo. de Governo.
Ex: Inglaterra; Espanha. Ex: França; Itália; Israel; de
setembro de 1961 até fevereiro de
1963, o Brasil foi um país
Parlamentarista (o Presidente era
João Goulart, e o Primeiro Ministro
era Tancredo Neves).
3. SISTEMA ELEITORAL
O Presidente e o Vice-Presidente da República são eleitos pelo sistema
majoritário absoluto (ou com segundo turno de votação) , para exercer
mandato eletivo de quatro anos. O primeiro turno é realizado no primeiro
domingo de outubro e o segundo turno, se houver, no último domingo de
outubro.
CF, Art. 77. A eleição do Presidente e do Vice-Presidente da República
realizar-se-á, simultaneamente, no primeiro domingo de outubro, em primeiro
turno, e no último domingo de outubro, em segundo turno, se houver, do ano
anterior ao do término do mandato presidencial vigente. (Redação dada pela
Emenda Constitucional 16, de 1997)
§ 1º A eleição do Presidente da República importará a do Vice-Presidente com
ele registrado.
§ 2º Será considerado eleito Presidente o candidato que, registrado por partido
político, obtiver a maioria absoluta de votos, não computados os em branco e
os nulos.
§ 3º Se nenhum candidato alcançar maioria absoluta na primeira votação, far-
se-á nova eleição em até vinte dias após a proclamação do resultado,
concorrendo os dois candidatos mais votados e considerando-se eleito aquele
que obtiver a maioria dos votos válidos.
§ 4º Se, antes de realizado o segundo turno, ocorrer morte, desistência ou
impedimento legal de candidato, convocar-se-á, dentre os remanescentes, o de
maior votação.
§ 5º Se, na hipótese dos parágrafos anteriores, remanescer, em segundo lugar,
mais de um candidato com a mesma votação, qualificar-se-á o mais idoso.
4. VICE-PRESIDENTE DA REPÚBLICA
A eleição do Presidente da República importará a do Vice-Presidente
com ele registrado.
Quais são as atribuições do Vice-Presidente da República? O Vice-
Presidente desenvolve missões especiais a mando do Presidente da
República.
CF, Art. 79, parágrafo único. O Vice-Presidente da República, além de outras
atribuições que lhe forem conferidas por lei complementar, auxiliará o
Presidente, sempre que por ele convocado para missões especiais.
Mandato tampão (art. 81, § 2º, da CF). “Em qualquer dos casos” (dois
primeiros anos ou dois últimos anos) os novos eleitos a Presidente e Vice-
Presidente da República não terão mandato de quatro anos, recebendo o
chamado mandato tampão (art. 81, § 2º, CF). O mandato tampão significa
que os novos Presidente e Vice-Presidente da República serão eleitos para
terminar o mandato original. Qual é a justificativa do mandato tampão? Há
necessidade de que as eleições para o Legislativo e o Executivo sejam
realizadas na mesma data.
Art. 81, § 2º Em qualquer dos casos , os eleitos deverão completar o período
de seus antecessores.
9. MEDIDAS PROVISÓRIAS
PODER JUDICIÁRIO
1. NOÇÕES GERAIS
O Poder Judiciário exerce a função jurisdicional. O Judiciário aplica a
lei ao caso concreto, substituindo as partes na solução da lide, de forma
definitiva. Cabe também ao Poder Judiciário:
a) a preservação dos direitos fundamentais. O Judiciário é
responsável pela preservação dos direitos fundamentais, buscando fazer
com que todos (Estado e particulares) os concretizem e os respeitem. Ex:
Na fase investigatória, o juiz atua como um juiz de garantias (não participa
da investigação, mas fiscaliza o respeito aos direitos e garantias
fundamentais).
b) a pacificação de conflitos entre os demais Poderes. Essa atribuição
serve para evitar a hipertrofia de um poder em detrimento dos outros (evitar
o abuso de Poder). Ex.1: os atos administrativos arbitrários editados pelo
Poder Executivo podem ser anulados pelo Judiciário. Ex.2: CPI notifica o
Presidente da República para depor, mas ele se recusa a comparecer na
audiência. Quem soluciona esse conflito é o Judiciário.
c) assegurar a supremacia da Constituição Federal. A defesa da
supremacia da Constituição é feita pelo controle de constitucionalidade. O
controle de constitucionalidade é um elemento de estabilização
constitucional.
d) administrar. O Judiciário exerce a administração dos seus assuntos
internos. A doutrina denomina isso de função de autogoverno dos Tribunais
. Cabe ao Judiciário fazer o seu autogoverno. O Judiciário se autogoverna
para a garantia de sua independência. Para a manutenção da independência
do Judiciário em face dos outros poderes estatais (Executivo e Legislativo),
a Constituição lhe confere autonomia administrativa, financeira e funcional.
A função de autogoverno é uma função atípica . Ex: eleger seus órgãos
diretivos próprios; regulamentar os seus assuntos internos.
e) Legislar. O Judiciário legisla através da elaboração dos Regimentos
Internos dos Tribunais e da edição de Súmulas Vinculantes. Trata-se de
função atípica.
2. CLASSIFICAÇÃO DO CONTROLE DE
CONSTITUCIONALIDADE
Há várias classificações, mas falaremos apenas da classificação do
controle de constitucionalidade que leva em conta o momento em que ele é
realizado.
Quanto momento em que se realiza, o controle de constitucionalidade
pode ser preventivo ou repressivo . O controle preventivo de
constitucionalidade tem por objetivo impedir que um projeto de lei (norma
inacabada) inconstitucional adentre no ordenamento jurídico. Trata-se de
um obstáculo que impede a entrada de normas anacrônicas no ordenamento
jurídico. Já o controle repressivo de constitucionalidade (ou posterior, ou a
posteriori ) tem por finalidade expurgar, ou seja, retirar do ordenamento
jurídico, a norma acabada (lei em sentido amplo) incompatível com a
Constituição.
3. ESPÉCIES DE INCONSTITUCIONALIDADE
1) Quando ao objeto do vício, a inconstitucionalidade pode ser: a) por
ação; ou b) Inconstitucionalidade por omissão.
2) Quanto à natureza do vício, a inconstitucionalidade pode ser: a)
material; ou b) formal.
Inconstitucionalidade material (ou monoestática). Ocorre quando a lei
em sentido amplo é editada com violação ao conteúdo da Constituição. A
inconstitucionalidade material decorre da violação ao conteúdo da
Constituição.
Inconstitucionalidade formal: a inconstitucionalidade formal poder
ser subdividida em três espécies: a) orgânica; b) propriamente dita; c) por
violação a pressupostos objetivos do ato.
a) inconstitucionalidade orgânica: ocorre por incompetência do órgão
legislativo que edita a norma.
b) inconstitucionalidade formal propriamente dita: ocorre quando a
lei em sentido amplo é editada com violação ao devido processo legislativo
constitucional. A inconstitucionalidade formal decorre da violação ao
processo legislativo constitucional. A inconstitucionalidade formal
propriamente dita pode ser: a) subjetiva: vício quanto à iniciativa; e b)
objetiva: vício quanto ao quórum de aprovação.
c) inconstitucionalidade por violação a pressupostos objetivos do ato.
Ex: decretação de estado de sítio sem autorização do Congresso Nacional.
3) Quanto à extensão do vício, a inconstitucionalidade por ação pode
ser total ou parcial .
4) Quanto ao momento do vício, a inconstitucionalidade por ação
pode ser originária ou superveniente . A inconstitucionalidade originária
pode ocorrer por vício formal ou material. A inconstitucionalidade
superveniente pode ocorrer por alteração formal da constituição (emenda),
ou uma por alteração informal da Constituição (mutação constitucional,
mudança hermenêutica), ou por alteração da realidade fática.
5) Outras classificações. Inconstitucionalidade por ofensa ao decoro
parlamentar: Pedro Lenza orienta sobre a existência de uma outra espécie
de inconstitucionalidade, qual seja a inconstitucionalidade por ofensa ao
decoro parlamentar. Ex: pagamento do mensalão ao parlamentar para
aprovar projetos de lei. Muito embora tais leis fossem editadas com respeito
ao devido processo legislativo constitucional e contivessem o conteúdo
compatível com a Constituição, eram inconstitucionais por quebra do
decoro parlamentar.
4.2.1.2. Legitimidade
De 1965 até 1988, apenas o Procurador-Geral da República tinha
legitimidade para a ADIn genérica. Naquela época, a ADIn era chamada de
representação de inconstitucionalidade. A Constituição de 1988 alargou os
legitimados. Com a Constituição de 1988 houve a democratização do
controle de constitucionalidade. Trata-se de um reflexo da democracia
participativa (alargamento da participação do cidadão na organização do
Estado).
Legitimados para a ADIn (art. 103, da CF):
1) Presidente da República;
2) mesa da Câmara dos Deputados;
3) mesa do Senado Federal;
4) mesa das Assembleias Legislativas e da Câmara Legislativa;
5) Governador do Estado e do Distrito Federal;
6) Procurador-Geral da República;
7) Conselho federal da OAB;
8) partido político com representação no Congresso Nacional;
9) confederação sindical.
10) entidade de classe de âmbito nacional;
Os legitimados para a ADIn estão no art. 103 da CF. Não há
diferenças constitucionais entre os legitimados. A Constituição não
diferencia os legitimados. Contudo, a jurisprudência do STF é restritiva e
estabelece diferenças entre os legitimados, categorizando-os em universais
e especiais.
Legitimados universais (ou neutros) são os legitimados que não
necessitam demonstrar pertinência temática, a saber:
1) Presidente da República;
2) mesa da Câmara dos Deputados;
3) mesa do Senado Federal;
4) Procurador-Geral da República;
5) Conselho federal da OAB; e
6) partido político com representação no Congresso Nacional.
Legitimados especiais (ou autores especiais, ou autores interessados)
são os legitimados que precisam demonstrar pertinência temática, a saber:
1) mesa das Assembleias Legislativas e da Câmara Legislativa;
2) Governador do Estado e do Distrito Federal;
3) confederação sindical; e
4) entidade de classe de âmbito nacional.
Pertinência temática significa a necessidade de comprovação do
interesse na propositura da ação. O legitimado especial precisa demonstrar
interesse na propositura na ação, ou seja, é obrigado a demonstrar uma
relação entre o objeto da ação e a sua finalidade institucional.
Governador de SP pode questionar a constitucionalidade de uma lei
estadual do RS em face da Constituição Federal? Em regra, o Governador
de São Paulo não pode ajuizar ADIn questionando a lei estadual do Rio
Grande do Sul frente à Constituição Federal, pois, em regra, as leis
estaduais do RS não repercutem no patrimônio jurídico do estado de São
Paulo. No entanto, se o Governador de São Paulo demonstrar pertinência
temática, ou seja, demonstrar que a lei estadual do RS repercute no
patrimônio jurídico do Estado de São Paulo, poderá ajuizar ADIn, tendo por
parâmetro a Constituição Federal. Para tanto, deverá o Governador de SP
comprovar que a lei estadual do RS repercute em seu Estado + e que esta lei
estadual do RS é inconstitucional frente à CF.
Atenção:
1) o Vice-Presidente da República não pode propor ADIn;
2) a mesa do Congresso Nacional não pode propor ADIn;
3) o Conselho seccional da OAB não pode propor ADIn.
Capacidade postulatória constitucional. Os legitimados precisam
contratar advogado para ajuizar ADIn? Depende. A maioria dos
legitimados possui, além da legitimidade, a capacidade postulatória
constitucional, não sendo necessária a contratação de advogado para ajuizar
ADIn. No entanto, alguns legitimados precisam de advogados para ajuizar a
ADIn, pois não tem capacidade postulatória, quais sejam:
1) o partido político com representação no Congresso Nacional;
2) a confederação sindical; e a
3) entidade de classe de âmbito nacional.
O que significa “ter representação no Congresso Nacional”? Para
que o partido político tenha legitimidade para propor ADIn, deve ter, no
mínimo, um Deputado Federal ou um Senador, na Câmara dos Deputados
ou no Senado Federal.
Perda de representação no curso da ADIn. Segundo o STF, a perda da
representação no Congresso Nacional, no curso da ação, não dá causa à
extinção da ADIn por falta de legitimidade. A questão legitimidade deve ser
analisada no ajuizamento da ação.
Entidade de classe de âmbito nacional. A expressão “classe” está no
sentido de “categoria profissional”, categoria de trabalhadores. Logo, a
UNE (União Nacional dos Estudantes) não pode ajuizar ADIn (estudantes
não são trabalhadores, não são categorias profissionais).
Associação de Associações. Segundo o STF, a associação de
associações pode propor ADIn. O STF admite que “Associação de
Associações” (associações formadas por pessoas físicas e pessoas jurídicas)
proponha ADIn.
Amicus curiae . Trata-se de pessoa que, sem ser parte, em razão de
sua representatividade, é convidado pelo Tribunal ou pede para intervir em
processo relevante, a fim de apresentar ao Tribunal a sua opinião acerca do
debate travado nos autos, amplificando a discussão para que o órgão
julgador tenha mais elementos para decidir.
A tradução literal do termo amicus curiae significa “amigo da corte”
ou “amigo do tribunal”, no singular. A terminologia amici curiae representa
o plural de amicus curiae .
Alguns autores afirmam que a figura do amicus curiae surgiu no
direito processual penal inglês. Outros autores afirmam uma origem mais
remota, lembrando que havia figura assemelhada no direito romano.
Qual é a natureza jurídica do amicus curiae? O amicus curiae não é
mais um legitimado para a ADIn, mas sim um terceiro especial. A natureza
jurídica do amicus curiae é de “terceiro especial”. Trata-se do que os
constitucionalistas chamam de sociedade aberta de intérpretes
constitucionais , o que significa dizer que, por ser a CF o documento mais
importante que nós temos, não podemos deixar a discussão da
constitucionalidade apenas com um o STF. Para o STF, o amicus curiae tem
natureza jurídica de “intervenção anômala de terceiros”. Em síntese: Qual a
natureza jurídica do amigo da corte? Para alguns autores, o amigo da corte é
um terceiro especial, singular, sui generis . Para outros autores, o amigo da
corte tem natureza de sociedade aberta de intérpretes constitucionais. Para o
STF, o amigo da corte tem natureza jurídica de intervenção anômala de
terceiros.
Fundamento democrático do amicus curiae . O amigo da corte é um
movimento pela democratização do controle concentrado; significa que a
sociedade deve viver e discutir a Constituição (sociedade aberta de
intérpretes constitucionais).
A Lei 9.868/1999 regulamenta a ação direta de inconstitucionalidade,
e no art. 7º, § 2º, instituiu o denominado amicus curiae (amigo da corte ou
amigo do Tribunal).
Art. 7º Não se admitirá intervenção de terceiros no processo de ação direta de
inconstitucionalidade. (...) § 2º O relator, considerando a relevância da matéria
e a representatividade dos postulantes, poderá, por despacho irrecorrível,
admitir, observado o prazo fixado no parágrafo anterior, a manifestação de
outros órgãos ou entidades.
Pessoa física como “amicus curiae”. O amicus curiae não pode ser
pessoa física, porque o art. 7º da Lei da ADIn fala em “manifestação de
outros órgãos ou entidades”.
Vale lembrar, no entanto, que, no novo CPC (art. 138), o amicus
curiae foi previsto como uma espécie de intervenção de terceiros. Trata-se
de um terceiro que ingressa no processo para fornecer subsídios para a
formação do convencimento do órgão jurisdicional para o julgamento da
causa. No âmbito do CPC, admite-se o amicus curiae tanto pessoa física
como jurídica.
CPC, Art. 138. O juiz ou o relator, considerando a relevância da matéria, a
especificidade do tema objeto da demanda ou a repercussão social da
controvérsia, poderá, por decisão irrecorrível, de ofício ou a requerimento das
partes ou de quem pretenda manifestar-se, solicitar ou admitir a participação
de pessoa natural ou jurídica , órgão ou entidade especializada, com
representatividade adequada, no prazo de 15 (quinze) dias de sua intimação.
§ 1º A intervenção de que trata o caput não implica alteração de competência
nem autoriza a interposição de recursos, ressalvadas a oposição de embargos
de declaração e a hipótese do § 3º.
§ 2º Caberá ao juiz ou ao relator, na decisão que solicitar ou admitir a
intervenção, definir os poderes do amicus curiae.
§ 3º O amicus curiae pode recorrer da decisão que julgar o incidente de
resolução de demandas repetitivas.
Convocação de ofício. O amicus curiae pode ser convocado de ofício
pelo Tribunal, ou, então, pleitear sua participação no processo.
Quem defere ou indefere a participação do amicus curiae na ADIn?
Quem defere ou indefere a participação do amigo da corte é Relator da
ADIn, sendo esse despacho irrecorrível.
Recursos cabíveis sobre a participação do amicus curiae : (i) decisão
que admite a participação: não há recurso cabível; (ii) decisão que inadmite
a participação: cabe agravo regimental.
O amicus pode recorrer da decisão proferida na ADIn? NÃO. O
Relator decide em despacho irrecorrível. O amicus curiae não pode recorrer
porque não é parte. Não pode nem mesmo opor embargos de declaração.
Essa é a posição do STF (ADIn 3615 ED/PB, rel. Min. Cármen Lúcia,
17.3.2008). No entanto, há uma exceção: o amicus curiae pode recorrer,
interpondo agravo regimental, contra a decisão do Relator que inadmitir sua
participação no processo. Obs.: vale lembrar que, no âmbito do novo CPC,
a regra também é a de que o amicus curiae não pode recorrer, salvo a
oposição de embargos de declaração e o recurso contra a decisão que julgar
o IRDR (incidente de resolução de demandas repetitivas) (art. 138, §§ 1º e
3º, do CPC/20158).
Art. 138. (...) § 1º A intervenção de que trata o caput não implica alteração de
competência nem autoriza a interposição de recursos, ressalvadas a oposição
de embargos de declaração e a hipótese do § 3º. (...) § 3º O amicus curiae pode
recorrer da decisão que julgar o incidente de resolução de demandas
repetitivas.
Enriquecendo o tema com o Prof. Márcio do Dizer o Direito
(buscador dizer o direito):
A decisão do Relator que ADMITE ou INADMITE o ingresso do amicus curiae
é irrecorrível
É irrecorrível a decisão denegatória de ingresso no feito como amicus curiae.
Assim, tanto a decisão do Relator que ADMITE como a que INADMITE o
ingresso do amicus curiae é irrecorrível.
STF. Plenário. RE 602584 AgR/DF, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac.
Min. Luiz Fux, julgado em 17/10/2018(repercussão geral) (Info 920).
Pedido de admissão assinado por advogado. Segundo o STF, o pedido
de admissão do amicus curiae deve ser assinado por advogado constituído,
sob pena de não ser conhecido (ADPF 180/SP).
Quando é possível o amicus curiae? O Relator admitirá o amicus
curiae tendo em vista a relevância da matéria e a representatividade
adequada do postulante (ex: cientistas, religiosos, juristas). A
representatividade adequada será comprovada em audiências públicas.
Até quando o Relator pode admitir o amicus curiae? O Relator,
tendo em vista a relevância da matéria e a representatividade adequada,
pode admitir o amicus curiae até que peça pauta para julgamento da ADIn.
O amicus curiae não poderá intervir se o processo já foi liberado pelo
Relator para que seja incluído na pauta de julgamentos (STF, ADIn 4071
AgR, Min. Re. Menezes Direito, Tribunal Pleno, julgado em 22/04/2009).
Enriquecendo o tema com o Prof. márciodo Dizer o Direito (buscador
dizer o direito):
Limite máximo para a intervenção
O amicus curiae não poderá intervir se o processo já foi liberado pelo Relator
para que seja incluído na pauta de julgamentos. STF. Plenário. ADI 5104
MC/DF, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 21/5/2014 (Info 747). Essa é a
regra geral. Vale ressaltar, no entanto, que alguns Ministros,
monocraticamente, em algumas situações especiais, excepcionam essa regra.
Nesse sentido: RE 647827. Assim, em regra, o ingresso de amicus curiae é
permitido até a inclusão do feito em pauta. Admite-se, entretanto, a
possibilidade, em tese, do ingresso na lide de amicus curiae após a inclusão do
feito em pauta, desde que haja a demonstração de uma situação excepcional
(AgRg na ACO 779, Rel. Min. Dias Toffoli).
O amicus tem direito de fazer sustentação oral? Depende:
(i) nos processos perante o STF: sim. Segundo o STF, o amicus curiae
, uma vez admitido o seu ingresso no processo, tem o direito de fazer
sustentação oral (ADIn 2777/SP). Ex: na ADI.
(ii) nos processos perante o STJ: não. A Corte Especial do STJ definiu,
em Questão de Ordem examinada no REsp 1.205.946/SP (Rel. Min.
Benedito Gonçalves, sessão de 17.8.2011), que o amicus curiae não
tem direito à sustentação oral. Excepcionalmente, porém, o STJ
poderá convocá-lo para sustentação oral se assim entender necessário.
Enriquecendo o tema com o Prof. márciodo Dizer o Direito (buscador
dizer o direito):
Havendo três amici curiae para fazer sustentação oral no STF, o prazo deverá
ser considerado em dobro, dividido entre eles
Nos processos que tramitam no STF, o amicus curiae pode fazer sustentação
oral. Em regra, o amicus curiae dispõe de 15 minutos para a sustentação oral
no STF. Se houver mais de um amicus curiae, o prazo para sustentação oral no
STF será o mesmo? Havendo mais de um amicus curiae, o STF adota a
seguinte sistemática: o prazo é duplicado e dividido entre eles. Assim, em vez
de 15, os amici curiae (plural de amicus curiae) terão 30 minutos, que deverão
ser divididos entre eles. Dessa forma, se são três amici curiae para fazer
sustentação oral, o prazo deverá ser considerado em dobro, ou seja, 30
minutos, devendo ser dividido pelo número de sustentações orais. Logo, cada
um deles terá 10 minutos para manifestação na tribuna. STF. Plenário. RE
612043/PR, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 4/5/2017 (Info 863).
Apresentação de memoriais. O amicus curiae tem a prerrogativa de
apresentar memoriais, pareceres, documentos etc. com o objetivo de
subsidiar os julgadores com dados técnicos sobre a causa.
Adição de pedido contido na petição inicial. O amicus curiae pode
aditar o pedido contido na inicial? Não. O amicus curiae , uma vez
admitido o seu ingresso no processo objetivo tem direito de ter seus
argumentos apreciados pelo Tribunal, inclusive com direito a sustentação
oral, mas não tem direito de formular pedido ou de aditar o pedido já
delimitado pelo autor da ação (AC 1362 / MG).
Sociedade aberta de intérpretes constitucionais. A sociedade deve
viver a Constituição, deve debater a Constituição. Esta é a medida da
sociedade aberta de intérpretes constitucionais.
4.2.1.3. Competência
Quem tem competência para processar e julgar a ADIn? Somente o
STF por maioria absoluta de votos (art. 102, I, a , CF). O STF se divide em
duas Turmas. As Turmas do STF não podem reconhecer a
inconstitucionalidade em razão do princípio da reserva de plenário, que está
previsto no art. 97 da CF. Assim, apenas o Pleno (Plenário) do STF pode
declarar a inconstitucionalidade por maioria absoluta de votos. Lembrando
que é necessário o quórum mínimo para a instalação da sessão de
julgamento, Assim, é necessário que estejam presentes na sessão, ao menos,
dois terços dos Ministros (8) para iniciar o julgamento da ADIn (art. 22, da
Lei 9.868/99).
CF, Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda
da Constituição, cabendo-lhe: I – processar e julgar, originariamente: a) a
ação direta de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo federal ou
estadual e a ação declaratória de constitucionalidade de lei ou ato normativo
federal;
CF, Art. 97. Somente pelo voto da maioria absoluta de seus membros ou dos
membros do respectivo órgão especial poderão os tribunais declarar a
inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Poder Público.
Art. 22, Lei 9.868/99. A decisão sobre a constitucionalidade ou a
inconstitucionalidade da lei ou do ato normativo somente será tomada se
presentes na sessão pelo menos oito Ministros.
Enriquecendo o tema com o Prof. Márcio do Dizer o Direito
(buscador dizer o direito):
Se a maioria dos Ministros votou pela procedência da ADIn, mas não se obteve
maioria absoluta dos votos, a lei não deverá ser declarada inconstitucional
Imagine a seguinte situação: é proposta uma ADIn contra determinada lei.
Cinco Ministros votam pela inconstitucionalidade da lei. Quatro Ministros
votam pela constitucionalidade. Dois Ministros declaram-se impedidos de
votar. Qual deverá ser a proclamação do resultado? Pode-se dizer que esta lei
foi declarada inconstitucional por maioria de votos?
NÃO. Não foi atingido o número mínimo de votos para a declaração de
inconstitucionalidade da lei (6 votos – maioria absoluta). Como não foi
alcançado o quórum de maioria absoluta exigido pelo art. 97 da CF, entende-
se que o STF não pronunciou juízo de constitucionalidade ou
inconstitucionalidade da lei. Isso significa que o STF não declarou a lei nem
constitucional nem inconstitucional. Além disso, esse julgamento não tem
eficácia vinculante, ou seja, os juízes e Tribunais continuam livres para decidir
que a lei é constitucional ou inconstitucional, sem estarem vinculados ao STF.
STF. Plenário. ADI 4066/DF, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 23 e 24/8/2017
(Info 874).
4.2.1.4. Objeto
O que pode ser objeto de controle na ADIn? Pode ser objeto de
controle na ADIn, a lei ou ato normativo federal ou estadual . (art. 102, I, a
, da CF). A lei municipal não pode ser objeto de controle na ADIn. A
expressão “lei ou ato normativo” utilizada pelo art. 102, I, a , da CF, está
em sentido genérico, abrangendo todas as espécies normativas do art. 59, da
Constituição Federal. Logo, podem ser objeto de controle da ADIn: (i) as
emendas à Constituição; (ii) as leis complementares; (iii) as leis ordinárias;
(iv) as leis delegadas; (v) as medidas provisórias; (vi) os decretos
legislativos; e (vii) as resoluções.
CF, Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda
da Constituição, cabendo-lhe: I – processar e julgar, originariamente: a) a
ação direta de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo federal ou
estadual e a ação declaratória de constitucionalidade de lei ou ato normativo
federal;
CF, Art. 59. O processo legislativo compreende a elaboração de: I – emendas à
Constituição; II – leis complementares; III – leis ordinárias; IV – leis
delegadas; V – medidas provisórias; VI – decretos legislativos; VII –
resoluções.
Norma constitucional inconstitucional. Uma norma constitucional
pode ser inconstitucional? Em regra, uma norma constitucional não pode
ser inconstitucional, porque decorre do poder constituinte originário . Nós
não adotamos a “tese da inconstitucionalidade superveniente”. No entanto,
uma Emenda à Constituição pode ser inconstitucional se for editada com
violação aos limites formais (processo legislativo), limites materiais
(emenda constitucional tendente a abolir cláusulas pétreas) e limites
circunstanciais (emenda constitucional editada durante intervenção federal,
estado de defesa e estado de sítio). A Emenda à Constituição é obra do
poder constituinte derivado reformador , sendo este um poder limitado
juridicamente.
CF, Art. 60, § 4º Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente
a abolir: I – a forma federativa de Estado; II – o voto direto, secreto, universal
e periódico; III – a separação dos Poderes; IV – os direitos e garantias
individuais.
“Quando a inconstitucionalidade é decorrente de reforma constitucional,
inovação hermenêutica ou alteração das circunstâncias fáticas fala-se em
inconstitucionalidade superveniente” (MP-MS, 2015).
Vale lembrar que somente podem ser objeto de controle concentrado
via ADIn, as normas posteriores à Constituição de 1988, ou seja, somente
as leis promulgadas após 5 de outubro de 1988 (data da promulgação da
CF), podem ser objeto de controle de constitucionalidade via ação direta de
inconstitucionalidade.
As leis anteriores à data da promulgação da CF de 1988 que conflitam
com o seu conteúdo não são inconstitucionais (o Brasil não adotou a Tese
da Inconstitucionalidade Superveniente), mas sim não recepcionadas pelo
fenômeno da Recepção Constitucional . Tais conflitos são solucionados
pelo “Direito Constitucional Intertemporal”, mais precisamente pelo
instituto da “Recepção Constitucional” e não pelo controle de
constitucionalidade.
No entanto, vale lembrar que as leis promulgadas antes de 5 de
outubro de 1988 podem ser objeto do controle difuso , bem como ser objeto
de controle concentrado via ADPF (art. 1º, parágrafo único, I, da Lei
9.882/99), mas nunca por via do controle concentrado em ADIn.
Lei 9.882/99, Art. 1º A argüição prevista no § 1º do art. 102 da Constituição
Federal será proposta perante o Supremo Tribunal Federal, e terá por objeto
evitar ou reparar lesão a preceito fundamental, resultante de ato do Poder
Público. Parágrafo único. Caberá também argüição de descumprimento de
preceito fundamental : I – quando for relevante o fundamento da controvérsia
constitucional sobre lei ou ato normativo federal, estadual ou municipal,
incluídos os anteriores à Constituição ;
“O controle de recepção constitucional (de norma anterior à Constituição
Federal/88) pode ser realizado pela via concentrada por meio de ADPF
diretamente ao STF; ou por meio de recurso extraordinário, também
competência do STF, no caso de controle difuso.” (LÉPORE, 2018).
Recepção constitucional “é o mecanismo de verificação de
compatibilidade material entre o ordenamento jurídico inferior e anterior
face à nova Constituição. É o fenômeno que assegura a preservação, a
continuidade do ordenamento jurídico inferior e anterior à nova
Constituição, por apresentar compatibilidade material com ela” (PINHO,
2018).
“Sempre que for elaborada uma nova Constituição, surge a questão do
aproveitamento do ordenamento jurídico infraconstitucional vigente sob a
anterior. A legislação infraconstitucional que estiver de acordo com a nova
ordem constitucional, é por ela recepcionada, admitida como válida. Não teria
sentido inutilizar toda a legislação ordinária construída ao longo dos séculos.
Por outro lado, a legislação infraconstitucional que estiver em desacordo com
a nova ordem constitucional é por ela revogada e, portanto, não recepcionada.
Em síntese, a recepção constitucional é o fenômeno que assegura a
preservação, a continuidade do ordenamento jurídico anterior e inferior à nova
Constituição, por apresentarem compatibilidade material com ela. A legislação
infraconstitucional, ao ser recepcionada pela Constituição, recebe a natureza
que a nova Constituição Federal lhe imprimir.” (PINHO, 2018)
As súmulas podem ser objeto de ADIn? NÃO. As súmulas não
podem ser objeto de controle concentrado de constitucionalidade, pois não
são obrigatórias nem genéricas, abstratas e autônomas.
As súmulas vinculantes podem ser objeto de ADIn? NÃO. As
súmulas vinculantes também não podem ser objeto de controle concentrado
de constitucionalidade, porque possuem um procedimento próprio de
revisão, que é disciplinado pela Lei 11.417/06 (lei da súmula vinculante).
As Leis Distritais pode ser objeto de ADIn? Sim, desde que a lei
distrital tenha sido editada com base na competência legislativa estadual do
Distrito Federal. Se editadas com base na competência legislativa municipal
do Distrito Federal, não caberá controle de constitucionalidade por ADIn.
Tratados internacionais podem ser objeto de ADIn? Segundo o STF,
os tratados internacionais têm a natureza de lei ordinária. Por terem
natureza de lei ordinária, podem ser objeto de controle de
constitucionalidade, desde que tenham sido incorporados após a
promulgação da Constituição de 1988.
Tratados internacionais sobre direitos humanos podem ser objeto de
ADIn? Os tratados internacionais que versam sobre direitos humanos,
aprovados com o quórum de emenda são equivalentes às emendas
constitucionais. Por serem equivalentes às emendas constitucionais, podem
ser objeto de controle de constitucionalidade, se, em tese, ferirem uma
cláusula pétrea.
O art. 4º da Constituição Federal, que trata dos princípios regentes da
República Federativa do Brasil na ordem internacional, fala em
“independência nacional”. A independência nacional fundamenta o
dualismo jurídico. O dualismo jurídico significa a existência de duas ordens
jurídicas: uma ordem jurídica nacional e uma ordem jurídica internacional.
A ordem jurídica internacional só produz efeitos dentro do território
nacional se for recepcionada conforme os comandos constitucionais. Logo,
no Brasil, não vigora o princípio da recepção automática.
Recepção dos tratados internacionais. Como se recepciona um
tratado internacional? 1º subscrição: o Presidente da República, atuando
como Chefe de Estado, subscreve (assina) o tratado internacional (art. 84,
XIII, CF); 2º ratificação/referendo: o Congresso Nacional aprova/ratifica
(referenda) o tratado internacional através da edição de um decreto
legislativo (art. 49, I, CF); 3º promulgação: o Presidente da República,
atuando como Chefe de Governo, promulga o tratado internacional através
de decreto presidencial.
Modificação do objeto de controle. Acontece quando uma lei ou ato
normativo está sendo objeto de ADIn, mas antes que o Supremo analise o
mérito, o Poder Legislativo se adianta e revoga a lei anacrônica ou a
modifica. Neste caso, como a ADIn perde o seu objeto, será extinta sem
julgamento do mérito.
Enriquecendo o tema com o Prof. Márcio do Dizer o Direito
(buscador dizer o direito):
Revogação do ato normativo que estava sendo impugnado e julgamento da
ação sem comunicar este fato ao STF
O que acontece caso o ato normativo que estava sendo impugnado na ADIn
seja revogado antes do julgamento da ação? Em regra, haverá perda
superveniente do objeto e a ADIn não deverá ser conhecida (STF ADIn 1203).
No entanto, há três exceções:
1) não haverá perda do objeto e a ADIn deverá ser conhecida e julgada caso
fique demonstrado que houve "fraude processual", ou seja, que a norma foi
revogada de forma proposital para evitar que o STF a declarasse
inconstitucional e anulasse os efeitos por ela produzidos (STF ADIn 3306).
2) não haverá perda do objeto se ficar demonstrado que o conteúdo do ato
impugnado foi repetido, em sua essência, em outro diploma normativo. Neste
caso, como não houve desatualização significativa no conteúdo do instituto,
não há obstáculo para o conhecimento da ação (ADIn 2418/DF).
3) caso o STF tenha julgado o mérito da ação sem ter sido comunicado
previamente que houve a revogação da norma atacada. Nesta hipótese, não
será possível reconhecer, após o julgamento, a prejudicialidade da ADIn já
apreciada.
STF. Plenário. ADIn 2418/DF, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 4/5/2016
(Info 824). STF. Plenário. ADIn 951 ED/SC, Rel. Min. Roberto Barroso,
julgado em 27/10/2016 (Info 845).
Alteração da Lei impugnada antes do julgamento da ADIn
O que acontece se a lei impugnada por meio de ADIn é alterada antes do
julgamento da ação? Neste caso, o autor da ADIn deverá aditar a petição
inicial demonstrando que a nova redação do dispositivo impugnado apresenta
o mesmo vício de inconstitucionalidade que existia na redação original. A
revogação, ou substancial alteração, do complexo normativo impõe ao autor o
ônus de apresentar eventual pedido de aditamento, caso considere subsistir a
inconstitucionalidade na norma que promoveu a alteração ou revogação. Se o
autor não fizer isso, o STF não irá conhecer da ADIn, julgando prejudicado o
pedido em razão da perda superveniente do objeto.
STF. Plenário. ADI 1931/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 7/2/2018
(Info 890).
4.2.1.5. Parâmetro
Para sabermos o que significa parâmetro de controle devemos nos
perguntar: A lei viola o quê? São parâmetros do controle de
constitucionalidade por ADIn:
1) as normas constitucionais regras;
2) as normas constitucionais princípios, inclusive os princípios
constitucionais implícitos (ex: princípio da supremacia da
Constituição; princípio do duplo grau de jurisdição);
3) as normas do ADCT, desde que já não tenham sido exauridas;
4) as emendas à Constituição. Vale lembrar que as emendas
constitucionais, em regra, são incorporadas no corpo da Constituição
(no texto da CF). No entanto, existem alguns artigos das emendas
constitucionais que não se incorporam ao texto constitucional. Alguns
artigos só não são incorporados no texto da Constituição, em razão de
técnica legislativa. Por esta razão é que colocamos aqui as emendas
constitucionais também como parâmetro ou paradigma de controle.
5) os tratados internacionais sobre direitos humanos equivalentes às
emendas constitucionais, ou seja, aqueles recepcionados com o
quórum do § 3º do art. 5º da CF
Artigo de EC que não foi incorporado à CF pode ser paradigma de
controle? Sim, pois embora não estejam no corpo, no texto da Constituição,
não deixam de ser normas constitucionais, não deixam de ser obra do Poder
Constituinte Reformador. Alguns artigos só não são incorporados no texto
da Constituição, em razão de técnica legislativa.
O que significa o bloco de constitucionalidade restritivo? O STF
entende que normas supraconstitucionais ou suprapositivas (normas que
estão acima da CF) não podem ser parâmetro ou paradigma de controle.
Assim, nós adotamos o chamado “bloco de constitucionalidade restritivo”.
Modificação do parâmetro de controle. A modificação do parâmetro
de controle acontece quando uma lei ou ato normativo está sendo objeto de
ADIn, mas antes que o Supremo analisar o mérito, o Poder Legislativo se
adianta e modifica a Constituição. Segundo o STF, isso não prejudica o
conhecimento da ADIn. Enriquecendo o tema com o Prof. Márcio do Dizer
o Direito (buscador dizer o direito):
Alteração do parâmetro constitucional não prejudica o conhecimento da ADI
A alteração do parâmetro constitucional, quando o processo ainda está em
curso, não prejudica o conhecimento da ADI. Isso para evitar situações em que
uma lei que nasceu claramente inconstitucional volte a produzir, em tese, seus
efeitos.
STF. Plenário. ADI 145/CE, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 20/6/2018 (Info
907).
A alteração do parâmetro constitucional antes que a ADI seja julgada não
prejudica o conhecimento da referida ação
Imagine que seja ajuizada ADI contra determinada lei alegando que ela viola o
art. X da CF. Ocorre que, antes de a ação ser julgada, é editada uma emenda
constitucional alterando o referido art. X. Mesmo assim, a ADI deverá ser
julgada. Isso porque em nosso ordenamento jurídico, não se admite a figura da
constitucionalidade superveniente. Desse modo, a lei deve ser reconhecida
como nula em face do dispositivo constitucional que vigorava na época da sua
edição. Trata-se do chamado princípio da contemporaneidade.
STF. Plenário. ADI 2158, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 15/09/2010.
Tratados internacionais sobre direitos humanos como parâmetro ou
paradigma de controle. Hoje se fala no chamado controle de
convencionalidade. Fala-se em controle de convencionalidade quando um
tratado internacional sobre direitos humanos serve de parâmetro ou
paradigma de controle. Assim, atualmente, podemos dizer que a norma
infraconstitucional pode sofrer um duplo controle: (i) um controle em face
da Constituição Federal (controle de constitucionalidade); e (ii) um controle
em face de Convenção Internacional sobre Direitos Humanos (controle de
convencionalidade). Segundo o STF, os tratados internacionais sobre
direitos humanos podem ostentar duas naturezas: (i) natureza supralegal; e
(ii) natureza de emenda constitucional. Os tratados internacionais sobre
direitos humanos aprovados sem quórum de emenda constitucional
possuem natureza de norma supralegal (estão acima das leis, mas abaixo da
CF). Como por exemplo, temos o Pacto de San José da Costa Rica. Os
tratados de natureza supralegal podem ser paradigma do controle de
convencionalidade que é um controle difuso. Como não são equivalente às
emendas constitucionais não poderão ser paradigma de controle no sistema
concentrado, pois não são considerados normas constitucionais, mas sim
supralegais. Por outro lado, os tratados internacionais sobre direitos
humanos aprovados com quórum de emenda constitucional (art. 5º, § 3º, da
CF), possuem natureza de emendas constitucionais. Com essa natureza no
ordenamento jurídico brasileiro, temos apenas dois tratados, o Tratado de
Nova Iorque e o Tratado de Marraqueche. Neste caso, tais tratados serão
formal e materialmente constitucionais. Por terem natureza de emenda
constitucional, poderão ser paradigma de controle no sistema difuso e no
sistema concentrado de constitucionalidade. Por fim, vale sempre lembrar
que o controle de convencionalidade é apenas difuso. Não há controle
concentrado de convencionalidade.
Enriquecendo o tema com o Prof. Márcio do Dizer o Direito
(buscador dizer o direito):
Não se admite ADIn contra lei que teria violado tratado internacional não
incorporado ao ordenamento brasileiro na forma do art. 5º, § 3º da CF
Em regra, não é cabível ADIn sob o argumento de que uma lei ou ato
normativo violou um tratado internacional. Em regra, os tratados
internacionais não podem ser utilizados como parâmetro em sede de controle
concentrado de constitucionalidade. Exceção: será cabível ADIn contra lei ou
ato normativo que violou tratado ou convenção internacional que trate sobre
direitos humanos e que tenha sido aprovado segundo a regra do § 3º do art. 5º,
da CF. Isso porque neste caso esse tratado será incorporado ao ordenamento
brasileiro como se fosse uma emenda constitucional.
STF. Plenário. ADIn 2030/SC, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 9/8/2017
(Info 872).
Tratados internacionais sobre direitos humanos não aprovados segundo o § 3º
do art. 5º da CF/88: status supralegal
Os tratados e convenções internacionais de direitos humanos que não foram
aprovados segundo a regra do § 3º do art. 5º, da CF/88 (com a redação dada
pela EC 45/2004) possuem status supralegal, ou seja, situam-se acima da
legislação ordinária, mas abaixo da Constituição. É o caso, por exemplo, da
Convenção Americana de Direitos Humanos (Pacto de San José da Costa
Rica), que foi incorporada ao Direito brasileiro antes da EC 45/2004 e,
portanto, tem status supralegal.
STF. Plenário. RE 466343, Rel. Min. Cezar Peluso, julgado em 03/12/2008.
Normas constitucionais originárias. Não podem ser objeto da ADIn,
porque nós não adotamos a tese da inconstitucionalidade superveniente de
Otto Bachof.
Emendas constitucionais. Por serem fruto do poder derivado
reformador, que é limitado, podem ser objeto de ADIn. Ex: emenda
constitucional que tratava da cláusula de barreira no direito eleitoral (2015);
PEC sobre a redução da maioridade penal (2015).
Decretos autônomos. Por retirarem seu fundamento direto da
Constituição Federal, podem ser objeto de ADIn.
Decretos executivos ou regulamentares. Não podem ser objeto de
ADIn, porque são normas infralegais, submetendo-se ao controle de
legalidade (e não ao de constitucionalidade).
Enriquecendo o tema com o Prof. Márcio do Dizer o Direito
(buscador dizer o direito):
Não cabe ADIn contra decreto regulamentar de lei estadual
A Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADIn) é meio processual inadequado
para o controle de decreto regulamentar de lei estadual. Seria possível a
propositura de ADIn se fosse um decreto autônomo. Mas sendo um decreto que
apenas regulamenta a lei, não é hipótese de cabimento de ADIn.
STF. Plenário. ADIn 4409/SP, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em
6/6/2018 (Info 905).
Normas pré-constitucionais. As leis anterior à promulgação da
Constituição de 1988 não podem ser objeto de ADIn, porque elas se
submetem ao fenômeno da recepção constitucional. Qualquer juiz, no caso
concreto, poderá dizer se a lei foi ou não recepcionada (essa análise,
portanto, é difusa). De todo modo, vale lembrar que, embora não possam
ser objeto de ADIn, podem ser objeto de ADPF, por expressa previsão
legal.
Atenção:
(i) lei municipal não pode ser objeto de ADIn federal;
(ii) lei federal não pode ser objeto de ADIn estadual;
(iii) lei estadual pode ser objeto de ADIn federal e de ADIn
estadual.
INTERVENÇÃO FEDERAL
1. INTRODUÇÃO
Na Forma Federativa de Estado, o poder é pulverizado para os entes
federativos (União, Estados, Distrito Federal e Municípios). Assim, no
federalismo, todos os entes federativos possuem autonomia . Porém, tal
autonomia é limitada . Caso ultrapassem certos limites, os entes federativos
podem sofrer intervenção. Intervenção nada mais é que a suspensão
temporária da autonomia do ente federativo .
Se os Estados ou Distrito Federal ultrapassarem os limites de sua
autonomia poderão sofrer intervenção da União. Já se os Municípios
abusarem de sua autonomia, poderão sofrer intervenção dos Estados
respectivos.
Vale lembrar, no entanto, que a União nunca poderá intervir nos
Municípios. Mas há uma única exceção: a União poderá intervir nos
Municípios localizados em seus Territórios (se criados).
Assim, a intervenção federal é a intervenção da União nos Estados ou
no DF, e a intervenção estadual é a intervenção dos Estados nos Municípios.
2. INTERVENÇÃO FEDERAL
Intervenção federal é a suspensão da autonomia dos Estados ou do
Distrito Federal, perpetrada pela União.
A intervenção federal é sempre decretada pelo Presidente da
República. Esta regra não comporta exceção.
A intervenção federal é de iniciativa ex officio do Presidente da República
(MP-MS, 2015).
3. FUNDAMENTALIDADE
O que diferencia os direitos fundamentais dos demais direitos
previstos no ordenamento jurídico? De acordo com Canotilho, o que
diferencia os direitos fundamentais dos outros direitos é a característica da
fundamentalidade . Canotilho categoriza a fundamentalidade em material e
formal .
Fundamentalidade material. Diz respeito ao conteúdo dos direitos
fundamentais. Os direitos fundamentais são aqueles que definem as
estruturas básicas dos demais direitos. Os direitos fundamentais são a
gênese, o núcleo de existência dos demais direitos. É isso que os torna
fundamentais. Ex: a inspiração do Capítulo "Dos Crimes Contra a Vida" no
Código Penal é a proteção do direito à vida prevista na Constituição .
Fundamentalidade formal. Diz respeito a formatação dos direitos
fundamentais. Os direitos fundamentais possuem as certas características
que os distinguem dos demais direitos. Senão vejamos:
(i) Os direitos fundamentais são previstos na Constituição ou
reconhecidos por ela como fundamentais. Formalmente, os direitos
fundamentais devem estar num degrau superior e para que isso ocorra, eles
devem ter status constitucional, ou seja, devem estar previstos na
Constituição Federal ou serem reconhecidos por ela como fundamentais
(ex: art. 5º, § 2º, da CF).
CF, Art. 5º, § 2º Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não
excluem outros decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos
tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte.
(ii) Os direitos fundamentais possuem rigidez constitucional;
(iii) Os direitos fundamentais são irrevogáveis. Não é possível abolir
um direito fundamental. Na Constituição brasileira, a irrevogabilidade dos
direitos fundamentais está expressamente prevista no art. 60, § 4º (cláusulas
pétreas).
CF, Art. 60, § 4º Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente
a abolir: I – a forma federativa de Estado; II – o voto direto, secreto, universal
e periódico; III – a separação dos Poderes; IV – os direitos e garantias
individuais.
Caso não houvesse sido explicitado na Constituição (art. 60, § 4º) a
irrevogabilidade dos direitos fundamentais, eles poderiam ser suprimidos
por emenda constitucional? Ainda que a Constituição não tivesse
explicitado a irrevogabilidade dos direitos fundamentais, ainda assim eles
não poderiam ser suprimidos por emenda constitucional. A doutrina
majoritária entende que não, porque há uma cláusula tácita de
irrevogabilidade dos direitos fundamentais, que decorre do princípio da
vedação do retrocesso , também conhecido por efeito cliquet .
É possível que emendas constitucionais criem novos direitos
fundamentais? Sim, é possível que as emendas constitucionais criem
novos direitos fundamentais. O que as emendas constitucionais não podem
é suprimir direitos fundamentais. No entanto, vale lembrar que existe uma
corrente minoritária que inadmite a criação de novos direitos fundamentais,
pois ao longo do tempo criaríamos uma Constituição completamente
imodificável.
Se um novo direito fundamental for criado por emenda
constitucional, uma emenda constitucional superveniente poderá suprimi-
lo? Se um novo direito fundamental for criado por emenda, uma emenda
constitucional superveniente não poderá suprimi-lo em razão do princípio
da vedação do retrocesso (efeito cliquet ). No entanto, vale lembrar que
existe uma corrente minoritária que entende que os direitos fundamentais
criados por emenda poderiam ser revogados, por emenda superveniente.
Para esta corrente somente não poderiam ser revogados os direitos
fundamentais decorrentes do poder constituinte originário.
16.1.1. Vida
A vida traduz o direito de existir, o direito de existência. A
Constituição garante a existência a partir do art. 5º, caput .
Vida digna. O direito de existir não significa qualquer existência, mas
sim uma existência digna. A existência digna exige a coexistência dos
parâmetros moral e material. Em outras palavras, a vida digna precisa de
dois conteúdos:
a) Conteúdo moral da existência digna. Se relaciona com o direito de
ter direitos. Para que se tenha uma vida digna, é preciso que o
indivíduo tenha direito de ter direitos. O Estado, aqui, deve ser
garantidor.
b) Conteúdo material da existência digna. Se relaciona com o mínimo
existencial. Para que se tenha vida digna, é preciso que o indivíduo
tenha um piso mínimo de dignidade. Piso mínimo de dignidade é
exatamente o mínimo existencial. O indivíduo precisa de prestações
mínimas do Estado para que tenha uma existência digna. Ex: direitos
sociais (art. 6 º ). No âmbito dos direitos sociais, o Estado precisa ser
prestador. Na faceta do conteúdo material, nós somos credores do
Estado, vez que este é devedor de prestações mínimas para nos
assegurar uma existência digna.
Vale lembrar, que a Constituição Federal de 1988 é classificada como
dirigente ou compromissária . Constituição dirigente ou compromissári a é
aquela que busca atingir objetivos. É aquela que traça as diretrizes a serem
perseguidas e atingidas pelo Estado para a consecução do bem comum. A
Constituição de 1988 pode ser classificada como dirigente, sobretudo em
razão do art. 3º, que estabelece os objetivos fundamentais da República
Federativa do Brasil, e em razão do art. 6º que estabelece os direitos sociais,
que são direitos prestacionais. Por este motivo, nós somos credores do
Estado. O Estado é o nosso devedor.
CF, Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do
Brasil: I – construir uma sociedade livre, justa e solidária; II – garantir o
desenvolvimento nacional; III – erradicar a pobreza e a marginalização e
reduzir as desigualdades sociais e regionais; IV – promover o bem de todos,
sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas
de discriminação.
Pena de morte. Ao garantir a vida, a Constituição veda a pena de
morte, salvo em caso de guerra declarada.
Art. 5º, XLVII – não haverá penas: a) de morte, salvo em caso de guerra
declarada, nos termos do art. 84, XIX; b) de caráter perpétuo; c) de trabalhos
forçados; d) de banimento; e) cruéis;
Integridade física. Ao garantir a vida, a Constituição protege o corpo
onde a vida se materializa. Há previsão legal para o crime de lesões
corporais e para os crimes de tortura, exatamente porque a Constituição
protege o corpo onde a vida se materializa. Tais crimes ofendem o corpo
onde a vida se materializa.
16.1.2. Liberdade
Liberdade traduz o direito de autodeterminação, autonomia, traduz o
direito de escolher o próprio destino. Como exceção, admite-se a restrição
da liberdade como sanção penal decorrente da prática de delitos. A pessoa
presa não tem liberdade, pois não pode escolher o próprio destino.
Do direito à liberdade previsto no art. 5º, caput , da CF decorrem
várias espécies de liberdade, previstas nos incisos do mesmo dispositivo,
como por exemplo:
a) a liberdade de locomoção;
b) a liberdade de associação;
c) a liberdade de reunião;
d) a liberdade de manifestação de pensamento;
e) a liberdade de consciência;
f) a liberdade de crença;
g) a liberdade de culto.
Liberdade religiosa (art. 5º, VI) e Laicidade do Estado (art. 19, I):
relações entre o Estado e a Igreja . O art. 5º, VI, da Constituição Federal
dispõe que "é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo
assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da
lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias". por outro lado, o art.
19, I, da Constituição Federal determina que “é vedado à União, aos
Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios estabelecer cultos religiosos
ou igrejas, subvencioná-los, embaraçar-lhes o funcionamento ou manter
com eles ou seus representantes relações de dependência ou aliança,
ressalvada, na forma da lei, a colaboração de interesse público”.
Existem três espécies de relações entre o Estado e a Igreja:
(i) Estados teocratas . Há uma fusão entre o Estado e a Igreja. O chefe
de estado é um Deus ou o representante de Deus na Terra. Ex:
Vaticano; Arábia Saudita.
(ii) Estados confessionais. Há uma união entre o Estado e a Igreja.
Estados confessionais são aqueles que possuem uma religião oficial.
Ex: Espanha; Argentina; Brasil entre 1824 a 1891. O Brasil já foi um
estado confessional, uma vez que as Constituições de 1824 a 1891
adotavam como religião oficial, a católica apostólica romana.
(iii) Estados laicos, leigos ou não confessionais . Há separação
entre o Estado e a Igreja. Ex: Brasil. O Brasil, desde 1891 até hoje, é
um estado laico.
O Brasil é um Estado laico, uma vez que a Constituição de 1988 veda
a união entre o Estado e a Igreja (art. 19, I). O art. 19, I da Constituição
comprova que o Brasil é um Estado laico.
CF, Art. 19. É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos
Municípios: I – estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencioná-los,
embaraçar-lhes o funcionamento ou manter com eles ou seus representantes
relações de dependência ou aliança, ressalvada, na forma da lei, a
colaboração de interesse público; II – recusar fé aos documentos públicos; III
– criar distinções entre brasileiros ou preferências entre si.
Quais são as liberdades decorrentes do Estado laico? Por se o Brasil
um Estado laico, o inciso VI do art. 5º da Constituição garante a liberdade
de consciência, de crença, de culto e a proteção ao lugar do culto.
Liberdade de consciênci a significa que o cidadão tem o direito de
professar qualquer consciência política, filosófica, e religiosa. A liberdade
de consciência decorre do pluralismo político, que é um dos fundamentos
da República (art. 1º, V, CF). Pluralismo político significa o dever de aceitar
o diferente, de ser tolerante, pois não somos todos iguais. Pela liberdade de
consciência é que o indivíduo pode ser ateu (desacreditar em Deus),
agnóstico (não ter religião, mas acreditar em Deus), ou crente (ter uma
religião que o liga a Deus). Assim, a liberdade de consciência é ampla,
protegendo tanto o crente, como o agnóstico e inclusive o ateu.
A Constituição garante o ceticismo? A Constituição garante o
cético? Sim. Através da liberdade de consciência, a Constituição garante até
mesmo o ceticismo.
Liberdade de crença . O cidadão tem direito de professar qualquer
tipo de religião. Ex: espiritismo, catolicismo, evangelho, umbanda, etc.
Liberdade de culto . Culto é a liturgia. Cultos são as manifestações
litúrgicas de uma determinada crença.
Enriquecendo o tema com o Prof. Márcio do Dizer o Direito
(buscador dizer o direito):
O ensino religioso nas escolas públicas brasileiras pode ter natureza
confessional
A CF/88 prevê que “o ensino religioso, de matrícula facultativa, constituirá
disciplina dos horários normais das escolas públicas de ensino fundamental.”
(art. 210, § 1º). Diante disso, nas escolas públicas são oferecidas aulas de
ensino religioso, normalmente vinculadas a uma religião específica. É o
chamado ensino religioso confessional.
O PGR ajuizou ADI pedindo que fosse conferida interpretação conforme a
Constituição ao art. 33, §§ 1º e 2º da LDB e ao art. 11, § 1º do acordo Brasil-
Santa Sé. Na ação, o PGR afirmava que não é permitido que se ofereça ensino
religioso confessional (vinculado a uma religião específica). Para o autor, o
ensino religioso deve ser voltado para a história e a doutrina das várias
religiões, ensinadas sob uma perspectiva laica e deve ser ministrado por
professores regulares da rede pública de ensino, e não por pessoas vinculadas
às igrejas.
O STF julgou improcedente a ADI e decidiu que o ensino religioso nas escolas
públicas brasileiras pode ter natureza confessional, ou seja, pode sim ser
vinculado a religiões específicas.
A partir da conjugação do binômio Laicidade do Estado (art. 19, I) e
Liberdade religiosa (art. 5º, VI), o Estado deverá assegurar o cumprimento do
art. 210, § 1º da CF/88, autorizando na rede pública, em igualdade de
condições o oferecimento de ensino confessional das diversas crenças,
mediante requisitos formais previamente fixados pelo Ministério da Educação.
Assim, deve ser permitido aos alunos, que expressa e voluntariamente se
matricularem, o pleno exercício de seu direito subjetivo ao ensino religioso
como disciplina dos horários normais das escolas públicas de ensino
fundamental, ministrada de acordo com os princípios de sua confissão
religiosa, por integrantes da mesma, devidamente credenciados a partir de
chamamento público e, preferencialmente, sem qualquer ônus para o Poder
Público.
O STF entendeu que a CF/88 não proíbe que sejam oferecidas aulas de uma
religião específica, que ensine os dogmas ou valores daquela religião. Não há
qualquer problema nisso, desde que se garanta oportunidade a todas as
doutrinas religiosas.
STF. Plenário. ADI 4439/DF, rel. orig. Min. Roberto Barroso, red. p/ o ac. Min.
Alexandre de Moraes, julgado em 27/9/2017 (Info 879).
Natureza jurídica do preâmbulo
O preâmbulo não se situa no âmbito do Direito, mas sim no domínio da
política. Ele apenas reflete a posição ideológica do constituinte. O preâmbulo
não possui relevância jurídica. Vale ressaltar, ainda, que o preâmbulo não
constitui norma central da Constituição, não sendo de reprodução obrigatória
nas Constituições dos Estados-membros. A invocação a Deus, presente no
preâmbulo da CF/88, reflete um sentimento religioso. Isso não faz, contudo,
que o Brasil deixe de ser um Estado laico. O Brasil é um Estado laico, ou seja,
um Estado em que há liberdade de consciência e de crença, onde ninguém é
privado de direitos por motivo de crença religiosa ou convicção filosófica. A
invocação da proteção de Deus contida no preâmbulo da CF/88 não se trata de
norma de reprodução obrigatória na Constituição estadual, não tendo força
normativa. Se a Constituição estadual não tiver esta expressão, não há
qualquer inconstitucionalidade nisso.
STF. Plenário. ADI 2076, Rel. Min. Carlos Velloso, julgado em 15/08/2002.
16.1.3. Igualdade
A igualdade tratada no caput do art. 5º é a igualdade de condições e
oportunidades. A Constituição não exige e não deseja que todos sejam
tratados da mesma forma. O que o constituinte pretendeu é que todos
fossem tratados igualmente se iguais, e desigualmente se desiguais. Assim,
igualdade é o tratamento desigual dos desiguais na medida em que eles se
desigualam.
Não é possível tratar a todos igualmente, uma vez que somos
desiguais em razão da nossa própria natureza. Pela igualdade, portanto, a
Constituição abre espaço para o tratamento desigual. Como exemplos de
tratamentos desiguais previstos na própria Constituição temos: a
aposentadori a das mulheres (se aposentam com menos tempo de trabalho
que os homens); a licença maternidad e (é mais extensa que a licença
paternidade).
Ações afirmativas, descriminações positivas ou affirmative actions .
As ações afirmativas se relacionam com o direito de igualdade. Ações
afirmativas ou descriminações positivas são políticas públicas ou privadas,
obrigatórias ou facultativas, que tem por objetivo acabar com desigualdades
históricas. As ações afirmativas têm por objetivo criar personalidades
emblemáticas, exemplos de superação. As ações afirmativas são necessárias
para aniquilar desigualdades raciais (ex: estatuto da igualdade racial),
desigualdades de gênero (ex: lei maria da penha), desigualdades de idade
(ex: estatuto do idoso; estatuto da criança e do adolescente), desigualdades
de identidade sexual, etc.
Enriquecendo o tema com o Prof. Márcio do Dizer o Direito
(buscador dizer o direito):
A Lei 7.716/89 pode ser aplicada para punir as condutas homofóbicas e
transfóbicas
1. Até que sobrevenha lei emanada do Congresso Nacional destinada a
implementar os mandados de criminalização definidos nos incisos XLI e XLII
do art. 5º da Constituição da República, as condutas homofóbicas e
transfóbicas, reais ou supostas, que envolvem aversão odiosa à orientação
sexual ou à identidade de gênero de alguém, por traduzirem expressões de
racismo, compreendido este em sua dimensão social, ajustam-se, por
identidade de razão e mediante adequação típica, aos preceitos primários de
incriminação definidos na Lei nº 7.716, de 08.01.1989, constituindo, também,
na hipótese de homicídio doloso, circunstância que o qualifica, por configurar
motivo torpe (Código Penal, art. 121, § 2º, I, “in fine”);
2. A repressão penal à prática da homotransfobia não alcança nem restringe ou
limita o exercício da liberdade religiosa, qualquer que seja a denominação
confessional professada, a cujos fiéis e ministros (sacerdotes, pastores, rabinos,
mulás ou clérigos muçulmanos e líderes ou celebrantes das religiões afro-
brasileiras, entre outros) é assegurado o direito de pregar e de divulgar,
livremente, pela palavra, pela imagem ou por qualquer outro meio, o seu
pensamento e de externar suas convicções de acordo com o que se contiver em
seus livros e códigos sagrados, bem assim o de ensinar segundo sua orientação
doutrinária e/ou teológica, podendo buscar e conquistar prosélitos e praticar
os atos de culto e respectiva liturgia, independentemente do espaço, público ou
privado, de sua atuação individual ou coletiva, desde que tais manifestações
não configurem discurso de ódio, assim entendidas aquelas exteriorizações que
incitem a discriminação, a hostilidade ou a violência contra pessoas em razão
de sua orientação sexual ou de sua identidade de gênero;
3. O conceito de racismo, compreendido em sua dimensão social, projeta-se
para além de aspectos estritamente biológicos ou fenotípicos, pois resulta,
enquanto manifestação de poder, de uma construção de índole histórico-
cultural motivada pelo objetivo de justificar a desigualdade e destinada ao
controle ideológico, à dominação política, à subjugação social e à negação da
alteridade, da dignidade e da humanidade daqueles que, por integrarem grupo
vulnerável (LGBTI+) e por não pertencerem ao estamento que detém posição
de hegemonia em uma dada estrutura social, são considerados estranhos e
diferentes, degradados à condição de marginais do ordenamento jurídico,
expostos, em consequência de odiosa inferiorização e de perversa
estigmatização, a uma injusta e lesiva situação de exclusão do sistema geral de
proteção do direito.
STF. Plenário. ADO 26/DF, Rel. Min. Celso de Mello; MI 4733/DF, Rel. Min.
Edson Fachin, julgados em 13/6/2019 (Info 944).
16.1.4. Segurança
A segurança a que faz referência o art. 5º, caput , da Constituição, é a
segurança jurídic a , ou seja, a estabilidade jurídica.
Não se confunde com a segurança públic a , que é um direito social,
prevista no art. 6º. A segurança pública decorre do art. 6º, e não do art. 5º.
Quais são as decorrências da segurança jurídica? Da segurança
jurídica assegurada pelo art. 5º, caput , decorrem os prazos processuais, os
prazos prescricionais, tudo tendo em vista a estabilidade jurídica, a
estabilidade das relações jurídicas. Por isso que o inquérito policial tem
prazo. Da segurança jurídica também decorre a trilogia da irretroatividade,
que está assegurado no art. 5º, XXXVI, da CF: direito adquirido; coisa
julgada; e ato jurídico perfeito. O direito adquirido, a coisa julgada e o ato
jurídico perfeito têm por objetivo alcançar a segurança jurídica, trazendo
estabilidade às relações jurídicas.
Art. 5º, XXXVI – a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico
perfeito e a coisa julgada;
1.1. Outorgadas
É a aquela imposta ao povo sem qualquer discussão democrática. É
aquela que não resulta de um processo democrático, mas de um ato
unilateral autoritário daquele que exerce o Poder.
Ex.: Constituição de 182 4 , outorgada por Dom Pedro I;
Constituição de 193 7 , outorgada por Getúlio Vargas.
Obs: Não é pacífico na doutrina se as Constituições de 1967 e 1969
foram outorgadas.
1.2. Promulgadas
É aquela que resulta de um processo democrático, pois decorre de um
debate com a sociedade.
A Constituição promulgada pode decorrer de dois tipos de colegiados,
uma Assembleia Nacional Constituint e ou um Congresso Nacional
Constituint e .
A assembleia nacional constituinte é constituída com um único
objetivo, que é elaborar uma nova Constituiçã o . Após realizar a sua
missão, ela é dissolvida. Já o Congresso Nacional Constituinte é constituído
com dois objetivos: funcionar como poder constituído legislativ o , criando
as normas infraconstitucionais, bem como poder constituinte originári o ,
criando uma nova Constituição.
A Constituição de 1988 foi promulgada por uma Assembleia
Nacional Constituinte ou por um Congresso Nacional Constituinte?
Embora o Preâmbulo fale em Assembleia Nacional Constituinte,
tecnicamente, o colegiado responsável pela elaboração da Constituição de
1988 foi um Congresso Nacional Constituinte.
1.3. Cesarista
É aquela outorgada, mas para ter validade, deve ser aprovada em um
referendo popular (espécie de consulta popular). Por isso, diz-se que a
Constituição cesarista possui um verniz democrático, um viés democrático.
Exs.: a Constituição de 193 7 foi outorgada, mas previa em seu texto,
que a sua aprovação ocorreria por referendo. Na prática, porém, esse
dispositivo não foi respeitado e ela foi imposta ao povo. Outro exemplo é a
Constituição Chilena de 197 6 do período Pinochet.
2. QUANTO À FORMA
2.1. Escrita
é aquela reduzida a um texto dogmático impregnado por ideologias e
verdades daquela sociedade num dado momento histórico. É aquela em que
as regras constitucionais estão num texto.
A Constituição escrita pode codificad a (quando há um único
documento com força constitucional) ou lega l (quando há vários
documentos com força constitucional).
Ex: a Constituição de 198 8 é escrita do tipo codificada.
2.2. Não-escrita
É aquela que não se reduz a um documento. A Constituição não-
escrita é uma constituição costumeira ou consuetudinária.
Costumes são comportamentos reiterados que todos obedecem por
entendê-los obrigatórios; são práticas reiteradas com a convicção de sua
obrigatoriedade.
Tecnicamente é errado falar que a Constituição Inglesa é não-escrita
(consuetudinária), pois naquele país, apesar de não haver texto expresso, há
documentos esparsos e escritos que possuem status constitucional.
3.1. Super-rígida
É aquela que veda qualquer alteração em seu texto. Constituição
super-rígida é uma Constituição imodificável em sua totalidade.
A Constituição de 1988 possui um núcleo super-rígido, imodificável,
que são as cláusulas pétreas, que estão elencadas no art. 60, § 4º.
3.2. Rígida
É aquela que prevê um processo de alteração mais solene que o
processo de alteração das normas infraconstitucionais.
Constituição rígida é aquela que diferencia normas constitucionai s
de normas infraconstitucionai s . Em razão desta diferença é que podemos
falar em controle de constitucionalidade. Assim, somente há controle de
constitucionalidade nos Estados que adotam Constituições rígidas.
Ex: A Constituição de 1988 é rígida, mas possui uma parte super-
rígida (cláusulas pétreas).
4. QUANTO AO MODELO
MÉTRICAS
Conclusão deste livro em 6 dias – média de 44 páginas por dia.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BARROSO, Luís Roberto. Curso de direito constitucional contemporâneo:
os conceitos fundamentais e a construção do novo modelo. 2. ed. São Paulo:
Saraiva, 2010.
BUENO, Cassio Scarpinella. Manual de direito processual civil: volume
único. 4. ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2018.
LENZA, Pedro. Direito Constitucional esquematizado. 24. ed. São Paulo:
Saraiva Educação, 2020.