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   ESOPO

        Em tempos que já lá vão, quando as rãs viviam à solta nos


lagos, elas cansaram-se de não terem governo e pediram a Júpiter
que lhes desse um rei que pudesse dizer-lhes o que estava certo e
o que estava errado, fazer leis e decretar recompensas e castigos.
        Desdenhando a loucura delas, Júpiter atirou-lhes um pau,
dizendo com a voz trovejante:
        -- “Eis o vosso rei!”
        O pau causou um tal reboliço ao cair na água que as rãs
entraram em pânico e dirigiram-se para o lodo, a fim de se
esconderem. Passado um momento, uma rã, mais destemida do
que as outras, levantou a cabeça, à procura do novo rei.
        Até subiu para cima do pau… e as outras seguiram-na. Em
breve tinham perdido o medo e isto levou-as a desprezar o seu
novo “rei”.
        -- “Este rei”, disseram elas a Júpiter, “é muito frouxo. Por favor,
manda-nos um que tenha autoridade.”
        Então, Júpiter mandou-lhe uma cegonha e, durante muito
tempo, as rãs, vendo o seu longo pescoço, ficaram sem saber se
seria uma serpente ou uma cegonha. Então, a cegonha começou a
comer as rãs, que fugiram e foram queixar-se a Júpiter, pedindo-lhe
que a levasse e lhes desse outro rei.
        -- “Se não estão contentes quando as coisas correm bem”,
disse Júpiter, “têm de ter paciência quando as coisas correm mal.”
        Moral da história: Satisfaz-te com a tua situação atual,
mesmo que seja má, porque uma mudança pode piorar as coisas
ainda mais.

                  Fábulas de ESOPO. Coleção Recontar. Ed. Escala, 2004.

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