Almejo que no final deste semestre de estudos, a conclusão seja: Valeu a pena!
Todos os erros e falhas constantes do material de apoio anexo a esta nota são
imputados à sistematizadora do mesmo, podendo, no entanto, serem
esclarecidos.
Bom estudo
A Docente
Adélia Eduardo Ndavoca
“ADVOGADA”
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Material de suporte ao estudo da Cadeira de Direito do Contencioso Laboral para o ano lectivo
2021/2022, 4º ano do curso de Direito, no Instituto Superior Politécnico do Cuito.
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Cadeira de Direito do Contencioso Laboral
Plano do Curso
No decorrer deste primeiro semestre do ano lectivo de 2021/2022 deveremos
seguir o seguinte Sumário:
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- Exercício abusivo do poder disciplinar
1.1. Fundamentos da nulidade do despedimento disciplinar A – Fundamentos
materiais da nulidade do despedimento disciplinar B – Fudamentos formais da
nulidade do despedimento disciplinar
1.2. Fundamento da improcedência do despedimento disciplinar
1.3. Fundamentos do despedimento disciplinar abusivo
V – Ilicitude do despedimento por causas objectivas
1 – Fundamentos da ilicitude do despedimento individual por causas objectivas
2 – Fundamentos das ilicitude do despedimento colectivo
VI – Efeitos da ilicitude do despedimento
1 – Indemnização por danos patrimoniais e não patrimoniais
2 – Reintegração
3 – Indemnização substitutiva da reintegração
4 – Salários intercalares
PARTE II – DIREITO ADJECTIVO
I – Noções gerais
II – Tipos ou espécies de processo laboral
VII – Constitucionalidade da regra da precedência obrigatória dos mecanismos
extrajudiciais de resolução de conflitos de trabalho
III – Tipos ou espécies de procedimentos cautelares
IV – Competência dos Tribunais do Trabalho
V – Patrocínio judiciário
VI – Custas e preparos
VIII – Âmbito de aplicação da acção de recurso em matéria disciplinar
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PARTE I – DIREITO SUBSTANTIVO
I – Noções gerais
II – CONTRATO DE TRABALHO
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1 – Modalidades quanto à duração: o contrato de trabalho pode ser
celebrado por tempo indeterminado ou por tempo determinado.
À luz da LGT de 2000, em regra, o contrato de trabalho era celebrado por tempo
indeterminado (artigo 14.º n.º 1) e, excepcionalmente, podia ser celebrado por
tempo determinado, mas só e quando estivessem em causa actividades ou
situações temporárias e só podia ser celebrado por escrito – artigo 14.º n.º 2.
Não sendo observada a forma escrita e não existindo razões para a contratação
por tempo determinado, a contrato de trabalho celebrado por tempo determinado
considerava-se celebrado por tempo indeterminado – artigo 14.º n.º 3. Para além
disso, ainda à luz da LGT de 2000, o contrato de trabalho por tempo determinado
podia ser celebrado por um período máximo de 36 (trinta e seis) meses, embora
prorrogáveis por mais 24 (vinte e quatro) meses (artigo 16.º n.º 1, alinea c) e n.º
4), mediante autorização da Inspecção Geral do Trabalho – artigo 16.º n.º 2.
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Se ao empregador cabe discricionariamente despedir, ele tem uma vasta
«soberania» sobre a massa de relações de trabalho que constitui basicamente
o suporte humano da empresa. Pelo contrário, haverá que reconhecer um
«poder» do trabalhador sobre a empresa, expresso pela «propriedade de
emprego», quando nela se pode manter e conservar estavelmente por força do
Direito, maugrado a vontade patronal em sentido contrário.
Por essa razão, este princípio abrange um conjunto de situações diferentes que
vão além da cessação do contrato de trabalho, impondo diversas limitações,
como são os casos das limitações ao trabalho precário (contrato de trabalho a
termo, contrato de trabalho temporário e contrato de trabalho em comissão de
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serviço) e limitações à modificação unilateral do contrato de trabalho por
iniciativa do empregador, bem como tendo também implicações no plano
adjectivo, quer no que diz respeito às garantias de defesa do trabalhador no
procedimento disciplinar, quer quanto aos meios processuais para suspender os
efeitos do despedimento ilícito ou para colocar o trabalhador na situação anterior
ao despedimento.
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b) Situações que têm em vista a redução do risco empresarial, estando em causa
uma inovação ou uma actividade diferente da actividade objecto habitual do
empregador – lançamento de actividades novas de duração incerta; início de
laboração e reestruturação ou ampliação das actividades duma empresa ou
centro de trabalho – alínea g) do n.º 1 do artigo 15.º da LGT de 2000;
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duração máxima do contrato de trabalho a termo os 36 (trinta e seis) meses
(alínea c) do n.º 1 do artigo 16.º da LGT de 2000); a LGT de 2015 flexibilizou
sobremaneira este regime, não só porque consagrou a liberdade contratual no
estabelecimento do vínculo laboral (artigo 16.º n.º 1) e a liberdade de forma
(artigo 15.º n.º 1), podendo assim o empregador e o trabalhador celebrar contrato
de trabalho a termo em todas as circunstâncias e sem a observância da forma
escrita, mas também porque ampliou o limite máximo do contrato a termo de 36
(trinta e seis) meses para 5 (cinco) anos nas grandes empresas e 10 (dez) anos
nas micros, pequenas e médias empresas (artigo 17.º n.º 1 e 2) e porque
eliminou a importante norma que considerava celebrado por tempo
indeterminado o contrato de trabalho a termo sem a observância da forma escrita
e sem fundamentos.
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III – CESSAÇÃO DO CONTRATO DE TRABALHO
1.2 - Por revogação ou, como se designa na LGT, por mútuo acordo,
dependendo apenas da vontade do trabalhador e do empregador (artigo 200.º
da LGT de 2015); por denúncia ou, como se designa na LGT, por rescisão, que
é simplesmente a manifestação da liberdade de desvinculação, que na relação
laboral apenas assiste ao trabalhador (artigos 225.º a 228.º da LGT de 2015);
1.3 - Por resolução, designada na LGT por despedimento, que é uma decisão
exclusiva do empregador no exercício do poder disciplinar ou por força de razões
objectivas que impliquem a reestruturação da empresa e a redução de pessoal
(artigos 206.º a 224.º da LGT de 2015).
2 – O DESPEDIMENTO
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O despedimento pode ser disciplinar ou por causas objectivas e, para a sua
validade, deve ser efectuado com fundamento em justa causa (disciplinar ou
objectiva), não sendo, portanto, permitidos os despedimentos ad nutum, ou seja,
os despedimentos imotivados ou infundados. Para além da justa causa, a
validade de qualquer despedimento depende também da observância de um
procedimento próprio.
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2.1.1. Justa causa disciplinar. Pressupostos. Enumeração taxatixa do
artigo 206.º da LGT de 2015
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validade desta sanção disciplinar de um pressuposto formal, que é o
procedimento disciplinar – artigo 48.º n.º 1 da LGT de 2015.
Muito podia ser dito sobre a tramitação do procedimento disciplinar, mas importa
destacar aqui duas questões. A primeira tem que ver com a descrição detalhada
dos factos de que o trabalhador é acusado na convocatória e a segunda, com a
questão do prazo para a entrevista.
Tal como resulta da alínea a) do n.º 2 do artigo 48.º da LGT de 2015, os factos
de que o trabalhador é acusado devem estar descritos de forma detalhada na
convocatória. Contudo, a sua descrição deficiente só pode relevar
negativamente quando ficar demonstrado que prejudicou o exercício do
contraditório e o direito de defesa do trabalhador.
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em que o mesmo é convocado, já que não existe qualquer proibição legal
expressa. Porém, por força do exercício do contraditório e do direito de defesa,
exige-se que seja concedido ao trabalhador antes da entrevista um prazo
razoável para consultar o processo disciplinar, constituir advogado, organizar a
sua defesa, arrolar testemunhas, requerer outras diligências de prova e
comparecer no dia, hora e local da entrevista. Neste sentido é jurisprudência
firmada do Tribunal Supremo que este prazo razoável é de no mínimo 5 (cinco)
dias.
Previamente é importante esclarecer que esta ilicitude não pode ser vista em
termos técnico-jurídicos rigorosos, mas apenas como violação de qualquer dos
pressupostos materiais ou formais para a validade do despedimento disciplinar
ou o exercício do poder disciplinar em termos contrários ao seu fim social ou
económico ou às regras impostas pela boa fé.
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tenha feito uma tentativa de concentrar estar causas nos n.ºs 1 e 2 do artigo
208.º. Mas esta é uma tentativa enganosa, porque induz em erro, pois existem
outras causas para além das referidas neste artigo. Para se chegar a esta
conclusão, basta dirigirmos a nosssa atenção para o n.º 1 do artigo 48.º da LGT
de 2015, onde vem referido que a sanção disciplinar é nula se não for precedida
de audiência prévia do trabalhador, seguindo o procedimento estabelecido nos
números e artigos seguintes. Portanto, qualquer violação do procedimento
disciplinar constitui fundamento da nulidade do despedimento disciplinar.
Para além disso, não se confunde porque, enquanto a nulidade do Direito Civil
encontra o seu fundamento teleológico em motivos de interesse público e é
insanável pelo decurso do tempo, a nulidade do despedimento disciplinar
prossegue interesses privados, mormente do trabalhador e é sanável pelo
decurso do tempo, pois, se não for invocada pelo interessado dentro de cento e
oitenta (180) dias úteis seguintes à notificação da decisão disciplinar, considera-
se sanada e, se ainda assim, o trabalhador suscitar a ilicitude do despedimento
com fundamento na nulidade, o empregador pode sempre defender-se
invocando a prescrição desse direito.
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Por estas diferenças, se o despedimento disciplinar fosse um negócio jurídico, a
sua nulidade identificar-se-ia com a anulabilidade do negócio jurídico, porque
tem em vista interesses privados, é sanável pelo decurso do tempo e tem de ser
arguida pelo interessado. Mas, como o despedimento disciplinar não é um
negócio jurídico, sendo antes uma das formas de extinção do contrato de
trabalho, não se coloca esta questão da anulabilidade e, por isso, não foi tida em
consideração nas opções do nosso legislador juslaboral.
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pode ser insuficiente para justificar a ilicitude do despedimento disciplinar,
principalmente quando estão em causa trabalhadores de tendência ou com
funções ideológicas.
Por isso, mesmo que no contrato não exista qualquer cláusula limitativa,
presume-se necessariamente, que o trabalhador, ao decidir fazer parte de uma
organização de tendência, renuncia a manifestações públicas de comportamento
que atentem contra a ideologia professada pelo empregador dentro dos limites
do artigo 81.º do CC e no respeito do artigo 57.º da CRA e do artigo 335.º do CC.
O especial dever de lealdade que faz com que o trabalhador se vincule aos fins
ideológicos e religiosos do empregador recai apenas aos trabalhadores de
tendência ou com funções ideológicas, que são aqueles cuja prestação de
trabalho está directamente ligada à realização do fim ideológico da organização,
de tal modo que o exercício das suas tarefas representa a própria expressão dos
princípios, ideais e preceitos que a organização defende. Para esta categoria de
trabalhadores, o dever de lealdade adquire contornos de essencialidade e
determina que estes se devam abster, tanto na vida profissional como na vida
privada, de quaisquer condutas que contrastem ou colidam com a ideologia da
organização.
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dos vícios em causa e, consequentemente, o seu estudo sistemático. Por isso,
depois de uma busca aturada, foi possível identificar os seguintes vícios
procedimentais:
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d) Falta ou insuficiência grave da convocatória, por não revestir a forma escrita
ou por não ter a descrição detalhada dos factos imputados ao trabalhador – para
além da inexistência de procedimento disciplinar este é dos vícios
procedimentais mais grave, principalmente porque afecta ou pode afectar o
direito de defesa do trabalhador. Não havendo convocatória ou não sendo a
mesma reduzida a escrito, os factos de que o trabalhador é acusado não chegam
ao seu conhecimento e, por isso, não se pode defender. Já a falta de descrição
detalhada dos factos só releva enquanto vício formal se, em concreto, esta
deficiência prejudicar o direito de defesa do trabalhador. Se o Tribunal constatar
que o direito defesa deste não ficou prejudicado, esta causa não releva – artigos
208.º n.º 1 e 48.º n.ºs 1 e 2, alínea a), da LGT da LGT.
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compromete-se definitivamente o direito de defesa do trabalhador e o exercício
do contraditório por este, daí implicar a nulidade do despedimento disciplinar.
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despedimento sem justa causa é ilegal, constituindo-se a entidade empregadora
no dever de justa indemnização ao trabalhador despedido, nos termos da lei”.
De acordo com o que já foi dito, a procedência da justa causa disciplinar depende
da verificação cumulativa de três pressupostos: comportamento do trabalhador
(ilícito, culposo e grave), impossibilidade prática e imediata da manutenção do
vínculo laboral e nexo de causalidade entre esta impossibilidade e aquele
comportamento. Deste modo, se, na apreciação do caso concreto, o Tribunal
constatar a falta ou insuficiência de um destes requisitos, deve declarar
improcedente a sanção disciplinar de despedimento e, em consequência,
condenar o empregador nos efeitos correspondentes, que se traduzem na
reintegração do trabalhador ou no pagamento da indemnização substitutiva e
dos salários intercalares.
Portanto, com base nesta norma, só nestas duas circunstâncias é que o Tribunal
pode declarar abusivo o despedimento e, consequentemente, ilícito.
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Vinha referido nas alíneas b) e d) do artigo 59.º da LGT de 2000 que, para além
das circunstâncias que vêm descritas no n.º 1 do artigo 57.º da LGT de 2015,
qualificavam o despedimento disciplinar como abusivo o facto de o mesmo ter
sido aplicado porque o trabalhador recusou-se a cumprir ordens às quais não
deva obediência ou porque o trabalhador exerce, exerceu ou pretende exercer
outros direitos reconhecidos por lei (v.g., filiação em deteminado sindicato,
adesão a uma greve, direito a férias, faltas justificadas, direito de acção,
despedimento indirecto, etc.).
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circunstâncias previstas no n.º 1 do artigo 57.º da LGT de 2015, mas na violação
das regras impostas pela boa fé.
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Apesar de os motivos invocados para o despedimento serem objectivos, a
decisão de inovar ou de encerrar postos de trabalho e, consequentemente, de
diminuir a mão-deobra é sempre do empregador e insere-se no âmbito da sua
gestão empresarial. Porém, compete ao Tribunal apreciar o mérito de tal decisão
(artigo 215.º n.º 1 da LGT de 2015), uma vez que os motivos invocados devem
ser devidamente comprovados.
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Se não houvesse oposição à extinção ou transformação dos postos de trabalho,
o empregador enviava aos trabalhadores abrangidos o aviso prévio de
despedimento com antecedência mínima de 60 (sessenta) ou 30 (trinta) dias,
conforme os trabalhadores fossem quadros e técnicos médios e superiores ou
de outros grupos profissionais – artigo 232.º da LGT.
Como podemos ver, o procedimento que vinha previsto na LGT de 2000 oferecia
maiores garantias aos trabalhadores, pois a efectivação do despedimento não
dependia apenas da decisão do empregador e internamente o trabalhador podia
sempre opor-se ao despedimento. Contrariamente, o procedimento que vem
previsto na LGT de 2015 não oferece quaisquer garantias aos trabalhadores, na
medida em que a decisão do empregador é soberana, pois a sua efectivação
não é condicionada pelo parecer de qualquer outra entidade e é ele quem define
os critérios de preferência na manutenção do vínculo laboral e nem o trabalhador
pode opor-se ao despedimento ao nível da empresa.
3.2. Compensação
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serviço até ao limite de (5) cinco, acrescido de 50% do saláro-base multiplicado
pelo número de anos de serviço que excedam aquele limite; para as médias
empresas, a compensação corresponde a (1) um salário-base por cada ano de
efectivo serviço até ao limite de (3) três, acrescidos de 40% do mesmo salário-
base multiplicado pelo número de anos de serviço que excedam aquele limite;
para as pequenas empresas, a compensação corresponde a (2) dois salários-
base acrescidos de 30% do salário-base multiplicado pelo número de anos de
serviço que excedam o limite de (2) dois anos e, para as micro-empresas, a
compensação corresponde a (2) dois salários-base acrescidos de 20% do
salário-base multiplicado pelo número de anos de serviço que excedam o limite
de (2) dois anos.
Nos termos do n.º 1 do artigo 215.º da LGT de 2015, o trabalhador pode recorrer
judicialmente do despedimento com qualquer dos seguintes fundamentos:
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Entende-se, assim, porque existe uma ausência da consequência que o Direito
faz corresponder a verificação de determinada situação de facto, estamos
perante uma lacuna normativa (lacuna de estatuição), que deve ser integrada
conforme a norma aplicável aos casos análogas – artigo 10.º n.º 1 do CC.
É também curioso notar que o mesmo legislador juslaboral exige que os motivos
económicos, tecnológicos ou estruturais invocados sejam devidamente
comprovados, mas, não sendo devidamente comprovados, não indica qual é a
consequência. Por isso, entendo que neste caso existe também uma lacuna
normativa no artigo 215.º da LGT de 2015, por falta de estatuição e que deve ser
integrada nos termos acima expostos.
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Embora a LGT de 2015 nada diga a respeito, sustenta-se que a compensação
que é devida aos trabalhadores por força do artigo 214.º constitui também uma
condição de ilicitude do despedimento individual por causas objectivas. Dai que
o empregador tenha a obrigação de colocar à disposição dos trabalhadores
despedidos a compensação até ao fim do prazo de aviso prévio, sob pena de
ilicitude do despedimento.
Se, pelo efeito do recurso, a decisão que declara ilícito o despedimento colectivo
deve ser cumprida uma vez proferida, pela exigência do trânsito em julgado a
mesma não pode ser executada antes disso. Como podemos ver, estamos
perante um imbróglio que só o legislador pode resolver.
Quanto ao demais, reitero tudo o que disse acima, aquando dos fundamentos da
ilicitude do despedimento individual por causas objectivas.
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4. – Efeitos da ilicitude do despedimento
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presente que, em matéria de responsabilidade civil, o Código Civil define os
princípios gerais que são subsidiariamente aplicáveis à todos os ramos de
Direito, inclusive ao Direito do Trabalho. Neste Código vem referido no n.º 1 do
artigo 564.º que são indemnizáveis os danos patrimoniais, nas modalidades de
danos emergentes e lucro cessantes e no n.º 1 do artigo 496.º que são também
indemnizáveis os danos não patrimoniais que, pela sua gravidade, mereçam a
tutela do direito.
Sendo assim, seja pela aplicação dos princípios gerais da responsabilidade civil,
seja pelas particularidades da própria relação laboral, é inegável que a
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indemnização devida ao trabalhador ilicitamente despedido deve reparar
inteiramente todos os danos e não estar sujeita a limites máximos, nem depender
da dimensão da empresa. Para além disso, não posso deixar de referir que esta
pretensão indemnizatória do trabalhador é autónoma e cumula-se com as
restantes pretensões de compensação fixadas por lei.
Vem referido no n.º 4 do artigo 76.º da CRA que “O despedimento sem justa
causa é ilegal, constituindo-se a entidade empregadora no dever de justa
indemnização ao trabalhador despedido, nos termos da lei”.
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acontece, o tratamento destas matérias no foro laboral continuará a ser feito pela
aplicação subsidiária do Código Civil.
4.2. – Reintegração
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ocorrer: a) Por vontade do trabalhador, quando prefere a indemnização em
substituição da reintegração, o que é sempre possível já que este goza da
liberdade de desvinculação; b) Por mútuo acordo das partes, pois não existe
qualquer impedimento legal para o efeito; c) Para assegurar o respeito pela
diversidade das relações laborais, o que ocorre, por exemplo, no contrato de
trabalho doméstico, onde, pelas especificidades da própria relação laboral, o
legislador juslaboral excluiu a reintegração (artigo 27.º n.º 1 do Decreto
Presidencial n.º 155/16, de 9 de Agosto, que aprova o Regime Jurídico do
Trabalho Doméstico e de Protecção Social do Trabalhador de Serviço
Doméstico), ocorrendo o mesmo no contrato de trabalho com organizações de
tendência (Igrejas, partidos políticos, clubes desportivos, sindicatos, etc); d) Por
oposição do empregador, mas em termos muito restritos e não como regra,
definindo-se as circunstâncias em que tal é possível e os pressupostos para a
sua admissibilidade; e) Por motivos de força maior, que determinam a
caducidade do contrato de trabalho.
Como regra, não se exige que a reintegração do trabalhador seja feita no mesmo
posto de trabalho e nas mesmas funções, porque na prática nem sempre é
possível, uma vez que o empregador reorganiza a empresa sempre que
necessário, tendo em atenção as circunstâncias do momento e os seus
interesses e não fica dependente da decisão da impugnação feita pelo
trabalhador. O que se exige, sempre que objectivamente for possível, é a
obrigação de ocupar efectivamente o trabalhador em funções compatíveis à sua
categoria e no local de trabalho habitual, devendo existir uma correspondência
entre a actividade exercida pelo trabalhador após a decisão de reintegração e o
núcleo essencial da categoria em que este se insere e para a qual foi contratado.
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É importante lembrar que a reintegração não cria um estatuto especial, gerando
direitos e deveres diferentes daqueles que resultam do contrato de trabalho e
das normas que o regem. O que a reintegração faz é reestabelecer o vínculo
laboral que havia sido suspenso pelo despedimento ilícito, pelo que os
trabalhadores ilicitamente despedidos não têm mais ou menos direitos do que
aqueles que não o foram. Os direitos são exactamente os mesmos, significando
o direito à reintegração apenas a manutenção do vínculo entre o trabalhador e o
empregador.
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improcedência do despedimento disciplinar (artigos 208.º n.º 3 e 209.º n.º 1), no
despedimento individual por causas objectivas (artigo 215.º n.º 2) e no
despedimento colectivo (artigo 223.º n.º 1), mas não se verifica no despedimento
abusivo, onde a primeira opção é a indemnização (alínea b) do n.º 1 do artigo
58.º) e a reintegração só pode ocorrer por acordo das partes, desde que o abuso
resulte do facto de o trabalhador ter reclamado legitimamente pela falta de boas
condições de segurança, saúde e higiene no trabalho e de protecção no caso de
acidente de trabalho e doenças profissionais (artigo 58.º n.º 2).
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2. Por outro lado, porque a retribuição tem carácter alimentar, na medida em
que normalmente é a única ou a principal fonte de sustento do trabalhador e de
seus dependentes. Não sendo possível a reintegração imediata, ficando a
mesma dependente do trânsito em julgado da decisão, significa que a relação
laboral continua temporariamente “suspensa” e, por isso, o empregador não tem
a obrigação de pagar a retribuição, impedindo assim o trabalhador de prover as
suas necessidades básicas como ser humano. É por este carácter alimentar da
retribuição e pelo respeito da dignidade do trabalhador como pessoa humana
que a reintegração não pode depender do trânsito em julgado da decisão e deve
ser imediata. Assim, pelas suas implicações na vida do trabalhador, julgo que o
legislador juslaboral deve repensar esta solução que exige o trânsito em julgado
da decisão para efectivar-se a reintegração.
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frontalmente o princípio da segurança no emprego, a conclusão óbvia a que se
chega é que estamos em presença de uma solução inconstitucional.
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A opção do trabalhador deve ser exercida até ao término da produção da prova
em primeira instância e produz efeitos a partir da prolação da sentença. Assim,
proferida a sentença, cessam entre as partes os direitos e deveres que decorriam
da celebração do contrato de trabalho, ficando o trabalhador desonerado do
dever de prestar a actividade laboral e perdendo o direito à retribuição e o
empregador desonerado do dever de pagar pontualmente a retribuição e
perdendo o direito de receber a prestação laboral.
De acordo com o n.º 1 do artigo 239.º da LGT de 2015, uma vez declarado nulo
o despedimento disciplinar, a indemnização por não reintegração do trabalhador
despedido calcula-se nos seguintes termos:
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de serviço à data do despedimento; c) 20% do valor do salário-base para os
trabalhadores das pequenas empresas, pelo número de anos de serviço à data
do despedimento; d) 10% do valor do salário-base para os trabalhadores das
micro-empresas, pelo número de anos de serviço à data do despedimento.
Sobre o artigo 239.º da LGT de 2015 dois aspectos importantes devem ser
destacados. O primeiro aspecto tem que ver com a sua aplicação prática e o
segundo com a sua constitucionalidade, se colocado em confronto com o
princípio da igualdade, que constitucionalmente vem previsto no artigo 23.º da
CRA.
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Sendo assim, declarado nulo o despedimento e optando o trabalhador pela
indemnização substitutiva, é injustificável o tratamento desigual reservado pelo
legislador tendo em conta a dimensão da empresa. Se, qualquer trabalhador
despedido perde o emprego e a retribuição, a declaração de ilicitude do
despedimento deve ter as mesmas consequências, independentemente de o
empregador ser uma grande, média, pequena ou micro-empresa.
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a) 50% do valor do salário-base praticado à data do despedimento para os
trabalhadores das grandes empresas, multiplicado pelo número de anos de
serviço do trabalhador;
Porém, uma observação deve ser feita, porque, como referido, a situação base
de qualquer trabalhador despedido é a mesma: perda do emprego e da
retribuição. Estranhamente e ao arrepio do tratamento paritário que a situação
exige, no artigo 239.º o legislador juslaboral prevê 30% do salário-base para os
trabalhadores das médias empresas e 10% para os trabalhadores das micro-
empresas, enquanto no artigo 237.º prevê 40% para os trabalhadores das
médias empresas e 20% para os das micro-empresas.
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substituída por indemnização calculada de acordo com o artigo 239.º, sempre
que o despedimento seja declarado improcedente pelos fundamentos das
alíneas a) e b) do artigo 222.º da LGT de 2015.
Esta solução fazia sentido na vigência da LGT de 2000, onde o artigo 247.º
previa quatro causas para a ilicitude do despedimento colectivo. Na vigência da
actual LGT não faz qualquer sentido, porque as causas da ilicitude são apenas
duas. Se, com base nestas causas, os trabalhadores despedidos podem optar
pela indemnização nos termos do artigo 237.º, é inconcebível que, com base nas
mesmas causas, esta indemnização seja substituída pela indemnização
calculada nos termos do artigo 239.º. Portanto, nas condições actuais o n.º 3 do
artigo 223.º não tem qualquer aplicação prática e nem mesmo tem razão de ser,
para além de que implica prejuízo para os trabalhadores das médias e micro-
empresas, uma vez que a percentagem do salário-base é reduzida de 40% e
20% para 30% e 10%, respectivamente.
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despedimento, ainda que ilícito, integra-se na estrutura complexa do contrato a
que pretende pôr fim, carecendo de autonomia. Deste modo, os actos
relacionados com a execução ou a inexecução do contrato de trabalho, em que
se inclui o despedimento, ainda que qualificáveis como actos jurídicos, têm que
ser analisados como modos de cumprimento ou de incumprimento desse
contrato. Assim sendo, declarado ilícito o despedimento, significa que o contrato
de trabalho manteve-se em vigor e não foi cumprido por culpa do empregador e,
por isso, é “responsável pelo prejuízo que causa ao credor” (artigo 798.º do CC),
devendo “reconstituir a situação que existiria, se não se tivesse verificado o
evento que obriga à reparação” (artigo 562.º do CC). Daí a obrigação de o
empregador pagar ao trabalhador as retribuições que deixou de auferir, como
consequência do despedimento ilícito, desde a data do despedimento até à
reintegração.
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incorra em prejuízo, recebendo apenas parte da retribuição que deixou de
receber por causa do despedimento ilícito.
A fixação destes limites máximos para além de ser uma má novidade para os
trabalhadores, porque desvaloriza a cotação do despedimento, é também uma
solução que contraria toda a lógica e finalidade da declaração de ilicitude do
despedimento. Como é sabido, a declaração de ilicitude do despedimento
implica a reposição do trabalhador na condição que estaria se não tivesse sido
ilicitamente despedido, pelo que lhe devem ser pagas todas as retribuições que
deixou de receber. Neste contexto, qualquer solução legal que permita o
pagamento de salários em montantes inferiores, é uma solução que premeia o
empregador faltoso, fazendo com que tenha menos encargos financeiros com o
trabalhador ilicitamente despedido e podendo inclusive servir-se da solução
como um meio sistemático de contenção de gastos com o pessoal e de pressão
para o despedimento indirecto.
Assim, a solução introduzida pelo n.º 3 do artigo 208.º, combinado com a última
parte do n.º 3 do artigo 209.º, ambos da LGT de 2015, é, por um lado, uma
solução injusta e patrimonialmente prejudicial para o trabalhador, até porque,
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pela demora normal dos processos judiciais em primeira instância e nas
instâncias de recurso, a reintegração ocorrerá sempre muitos meses ou anos
depois de decorridos aqueles limites máximos e, por outro lado, é uma solução
inconstitucional por contrariar o princípio da justa indemnização, pois não tem
em vista a reparação dos danos efectivamente sofridos pelo trabalhador.
Assim, de acordo com o n.º 1 do artigo 177.º da CRA, se, no caso concreto, o
Tribunal declarar nulo o despedimento disciplinar, deve recusar a aplicação da
parte final do n.º 3 do artigo 209.º da LGT de 2015, que seria aplicável por força
do n.º 3 do artigo 208.º do mesmo diploma legal e, para além de condenar o
empregador a reintegrar o trabalhador, deve igualmente condená-lo a pagar os
salários intercalares (salário de base e complementos ou subsídios), contados
desde a data do despedimento até o trabalhador ser efectivamente reintegrado.
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inconstitucional por violar os princípios da justa indemnização e da igualdade e,
por isso, no caso concreto, o Tribunal pode recusar a sua aplicação por força do
n.º 1 do artigo 177.º da CRA.
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PARTE II – DIREITO ADJECTIVO
I – Noções gerais
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princípio da simplificação da tramitação;
princípio ius postulandi ou princípio da não obrigatoriedade de
assistência por advogado,
princípio da iniciativa ex officio ou princípio do impulso oficial e princípio
da gratuitidade.
Este quesito é respondido pelo artigo 273º da LGT de 2015, segundo o qual “os
conflitos individuais de trabalho são resolvidos por mecanismos extrajudiciais,
nomeadamente: a mediação, a conciliação e a arbitragem, bem como por
mecanismos judiciais”, devendo ser observada a precedência obrigatória dos
mecanismos extra-judiciais aos judiciais, nos termos do artigo 274º.
2.1.1. A Mediação
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acordo a que as partes chegarem não poderá: contrariar as normas legais
imperativas, incluir disposições menos favoráveis para o trabalhador do que o
consagrado na lei, incluir disposições sobre regimes fiscais, nem limitar os
poderes de direcção da entidade empregadora.
Nos casos em que não haja acordo das partes ou tendo este sido parcial, bem
como naqueles que uma das partes não tenha comparecido a audiência e tenha
sido lavrada declaração de impossibilidade, qualquer das partes pode intentar
acção judicial, no prazo de 30 dias.
2.1.2. A Conciliação
A conciliação vem regulada nos artigos 283.º a 292.º da LGT. É realizada pelo
Magistrado do Ministério Público junto da sala de trabalho. O pedido de tentativa
de conciliação pode ser apresentado oralmente, sendo reduzido a escrito, em
triplicado, pelos serviços do Ministério Público, devendo constar, tal como na
mediação, a identificação do requerente e da entidade contra quem é formulado
e respectivas moradas. A parte que que apresenta o pedido de tentativa de
conciliação deve incluir neste todas as reclamações que até à data da
apresentação tenha contra a outra parte.
2.1.3. A Arbitragem
O tribunal arbitral é composto por 3 (três) árbitros, sendo um nomeado por cada
uma das partes e o terceiro que a presidirá, escolhido pelas partes.
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Não podem ser escolhidos para árbitros os presidentes, os gerentes, directores,
consultores e trabalhadores da empresa ou empresas envolvidas na arbitragem,
bem como todos aqueles que tenham algum interesse directo relacionado com
qualquer das partes e, ainda os cônjuges, parentes em linha recta ou até ao
terceiro grau da linha colateral, os afins, adoptados e adoptantes,das entidades
referidas.
Tendo em conta esta finalidade, que é legítima, o legislador entendeu que estão
reunidas as condições para a restrição do direito fundamental de acesso aos
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Tribunais, condicionando o recurso aos mesmos pelo recurso prévio aos
mecanismos extrajudiciais de resolução de conflitos de trabalho.
A questão que se coloca tem a ver com a preocução de saber se esta restrição
respeita as balizas definidas pelo artigo 57.º da CRA, que são denominadas pela
doutrina de restrições das restrições ou limites dos limites, e são de carácter
formal (restrição feita por lei em sentido formal e restrição autorizada, expressa
ou tacitamente, pela Constituição) e de carácter material (restrição necessária,
proporcional e razoável).
Não há dúvida nenhuma que a LGT é uma lei em sentido formal, porque foi
aprovada pela Assembleia Nacional; é uma lei com carácter geral e abstracto,
porque aplicável a uma generalidade de pessoas (trabalhadores subordinados e
respectivos empregadores) e a um conjunto indeterminado de casos (relações
laborais subordinadas), para além de não ter aplicação retroactiva. Porém, é uma
restrição não autorizada pela CRA, já que não encontramos na nossa Lei
Fundamental qualquer norma que concede tal autorização.
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Se a precedência obrigatória é uma restrição desnecessária do direito de acção,
porque existe outra solução menos restritiva, necessariamente o sacrifício
decorrente, que se traduz na impossibilidade de acesso imediato aos Tribunais,
é injustificável e inadequado ao fim pretendido, que é descongestionar os
Tribunais do Trabalho e, consequentemente, superar a morosidade processual
e potenciar a celeridade processual.
Por isso, a restrição imposta ao artigo 29.º da CRA pelo artigo 274.º da LGT é
uma restrição inconstitucional, porque não preenche todos os pressupostos do
artigo 57.º da CRA, que são cumulativos. Assim, com base no n.º 1 do artigo
177.º da CRA, devem os Tribunais recusar aaplicação da regra da precedência
obrigatória, ordenando o andamento normal do processo, desde que não
existam condições para o indeferimento liminar da petição inicial.
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2.2.1. – Tipos ou espécies de processo laboral
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e seguintes do Código de Processo do Trabalho de 1963 e, como a própria
denominação indica, aplica-se aos casos em que está em causa um acidente de
trabalho ou uma doença profissional.
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Desde a entrada em vigor da LGT de 2000 que esta realidade se alterou,
passando também a tramitação da acção de recurso em matéria disciplinar a ser
aplicável aos casos de impugnação em que o despedimento é verbal e não
apenas aos casos em que o despedimento é assumido formalmente.
Uma vez que esta acção abrange apenas os casos em que ao trabalhador foi
aplicada uma sanção disciplinar, ficam de fora os casos de impugnação do
despedimento por causas objectivas, onde a extinção do vínculo laboral ocorre
por decisão do empregador por motivos económicos, tecnológicos e estruturais
que impliquem reorganização ou reconvenção interna, redução ou encerramento
de actividade e, como consequência, a necessidade de extinguir ou transformar
de forma substancial postos de trabalho.
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corresponde à manifestação de uma declaração negocial extintiva do vínculo
laboral, pelo que deve ser sindicada por meio da acção de recurso em matéria
disciplinar.
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laboral poderão recorrer a qualquer norma ou princípio processual do
ordenamento jurídico angolano que se adapte à especial natureza deste
processo”.
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Actualmente, com a entrada em vigor da Lei n.º 2/15, de 2 de Fevereiro, que
aprovou a Lei Orgânica sobre a Organização e Funcionamento dos Tribunais de
Jurisdição Comum, o artigo 4.º da Lei n.º 22-B/92, de 9 de Setembro, foi
revogado pelo artigo 55.º daquela Lei, que determinou e fixou o novo e
actualizado conteúdo da competência material do Tribunal do Trabalho. Assim,
segundo este último artigo, compete agora ao Tribunal do Trabalho conhecer e
julgar as seguintes matérias:
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j) As transgressões ou contravenções às normas que instituem e regulam o
sistema de segurança social; k) As execuções fundadas nas suas decisões ou
noutros títulos executivos, ressalvada a competência atribuída a outros
Tribunais; l) As demais questões que a lei determinar.
O artigo 55.º trouxe três grandes novidades, duas das quais sobre questões que
têm sido controversas entre nós, que assim conhecem o seu epílogo enquanto
questões controversas e uma terceira que é uma questão pouco usual no nosso
seio, já que não tenho memória de nenhum instrumento de regulamentação
colectiva.
A segunda grande novidade vem referida na alínea f), onde está consagrada a
competência material sobre questões conexas com a relação jurídica de trabalho
por acessoriedade, complementariedade ou dependência. Consideramo-la uma
grande novidade porque veio pôr fim à controvérsia da admissibilidade da
responsabilidade civil nos termos gerais na jurisdição do trabalho, anteriormente
negada por ausência de uma norma concreta que a previsse. Com esta norma
já não se colocam dúvidas quanto à sua admissibilidade, bastando apenas que
seja uma questão conexa com a relação de trabalho litigiosa. Tal como sempre
admiti os procedimentos cautelares no nosso Processo do Trabalho, também
nunca neguei a admissibilidade da responsabilidade civil, desde que fosse uma
questão decorrente do conflito de trabalho submetido a apreciação do Tribunal
e estivessem verificados os seus pressupostos: facto, culpa, ilicitude, dano e
nexo de causalidade.
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administrativa, complementando assim a Lei sobre o Direito de Negociação
Colectiva, onde se privilegia a conciliação, a mediação e a arbitragem para
resolver os conflitos derivados da celebração ou revisão de acordos colectivos
de trabalho (artigo 20.º e ss.) e o recurso ao Tribunal para os casos de
incumprimento das disposições constantes de acordos colectivos e decisões
arbitrais, bem como para os casos de anulação das disposições que se tenham
por contrárias à lei – artigo 33.º.
5. – Patrocínio judiciário
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da Procuradoria-Geral da República e do Ministério Público, este patrocínio
judiciário tornou-se obrigatório – artigo 18.º n.º 2, alínea b) e artigo 36.º, alínea
n). Assim, o Ministério Público passou a ter o dever de oficiosamente assumir o
patrocínio do trabalhador e de seus familiares, sempre que constatar que o
mesmo não constituiu advogado.
Esta nova realidade implica uma alteração ao modo de proceder nos casos em
que não houve acordo na conciliação ou o acordo foi parcial e o trabalhador não
constituiu advogado. Neste caso, ao invés de o Ministério Público simplesmente
remeter o processo ao cartório do Tribunal, dentro dos cinco dias seguintes à
realização da conciliação e no dia seguinte notifica ao trabalhador a data em que
o processo deu entrada no Tribunal, para este juntar o articulado adicional de
aperfeiçoamento (artigo 290 n 1 e 2 da LGT), deve agora elaborar a petição
inicial e juntar ao processo e só depois é que faz a remessa do mesmo ao cartório
do Tribunal.
6. – Custas e preparos
De acordo com o artigo 1.º do Código das Custas Judiciais (CCJ), os processos
cíveis estão sujeitos a custas, que compreendem a taxa de justiça, os selos e
encargos. Em consequência, as partes estão obrigadas a pagar preparos, nas
modalidades de preparo inicial, subsequente, para despesas e para julgamento
(artigo 120.º do CCJ) e, não sendo pagos dentro dos prazos, a parte faltosa sofre
sanções.
Por exemplo, o preparo inicial do Autor ou do Réu deve ser pago nos cinco dias
seguintes à apresentação do requerimento ou da oposição em juízo – artigo
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127.º do CCJ. Se o Autor não fizer o preparo inicial no prazo legal, será notificado
para, em cinco dias, pagar o preparo em dobro e, se não o fizer, a instância será
extinta – artigo 134.º do CCJ. Tratando-se do Réu, a falta de pagamento do
preparo em dobro dentro do prazo de cinco dias, considerar-se-á de nenhum
efeito ou mandar-se-á desentranhar a oposição que tiver oferecido – artigo 135.º
do CCJ.
O recurso das decisões finais em processo laboral tem como efeito-regra o efeito
meramente devolutivo, o que se explica por exigências do princípio da
celeridade, que no processo laboral goza de particular intensidade, atentos os
interesses em jogo e também pelo carácter alimentício dos créditos laborais do
trabalhador, que na esmagadora maioria dos casos é quem surge na posição de
sujeito processual activo e, por isso, tem urgência em ver cumprida a decisão,
inclusive antes de transitar em julgado.
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do processo sumário, o regime aplicável aos recursos deve ser do processo
sumário.
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BIBLIOGRAFIA
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Sobre o princípio da segurança no emprego
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SISTEMATIZADO PELA DOCENTE ADÉLIA EDUARDO NDAVOCA – JURISTA
LEITÃO, Luís Manuel Teles de Menezes (2015), Direito do Trabalho Angolano,
5.ª edição, Coimbra: Almedina, pp. 230 a 233.
CAPEÇA, Norberto Moisés Moma (2014), “Um Olhar sobre o Anteprojecto de Lei
Geral de Trabalho. Avanço ou Recuo?”, in Estudos Jurídicos e Económicos em
Homenagem à Professora Maria do Carmo Medina (coordenação: Elisa Rangel
Nunes), Luanda: Edição da Faculdade de Direito da Universidade Agostinho
Neto, pp. 806 a 826.
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Material de suporte ao estudo da Cadeira de Direito do Contencioso Laboral para o ano lectivo
2021/2022, 4º ano do curso de Direito, no Instituto Superior Politécnico do Cuito.
SISTEMATIZADO PELA DOCENTE ADÉLIA EDUARDO NDAVOCA – JURISTA
SOUSA, Pedro Ferreira de (2017), O Procedimento Disciplinar Laboral – Uma
Construção Jurisprudencial, 2 edição, Coimbra: Almedina.
LEITÃO, Luís Manuel Teles de Menezes (2010), Direito das Obrigações. Volume
I – Introdução. Da Constituição das Obrigações, 9.ª edição, Coimbra: Coimbra
Editora, pp. 415 a 425.
67
Material de suporte ao estudo da Cadeira de Direito do Contencioso Laboral para o ano lectivo
2021/2022, 4º ano do curso de Direito, no Instituto Superior Politécnico do Cuito.
SISTEMATIZADO PELA DOCENTE ADÉLIA EDUARDO NDAVOCA – JURISTA
MARTINS, Pedro Furtado (2017), Cessação do Contrato de Trabalho, 4.ª edição,
Cascais: Princípia, pp. 504 a 505.
TELLES, Inocêncio Galvão (2014), Direito das Obrigações, 7.ª edição, Coimbra:
Coimbra Editora, pp. 378 a 387.
Sobre a reintegração
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Material de suporte ao estudo da Cadeira de Direito do Contencioso Laboral para o ano lectivo
2021/2022, 4º ano do curso de Direito, no Instituto Superior Politécnico do Cuito.
SISTEMATIZADO PELA DOCENTE ADÉLIA EDUARDO NDAVOCA – JURISTA
MARTINS, Pedro Furtado (2017), Cessação do Contrato de Trabalho, 4.ª edição,
Cascais: Princípia, pp. 324 a 328.
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Material de suporte ao estudo da Cadeira de Direito do Contencioso Laboral para o ano lectivo
2021/2022, 4º ano do curso de Direito, no Instituto Superior Politécnico do Cuito.
SISTEMATIZADO PELA DOCENTE ADÉLIA EDUARDO NDAVOCA – JURISTA
Sobre o artigo 798.º e seguintes do CC como fundamento do pagamento
dos salários intercalares
70
Material de suporte ao estudo da Cadeira de Direito do Contencioso Laboral para o ano lectivo
2021/2022, 4º ano do curso de Direito, no Instituto Superior Politécnico do Cuito.
SISTEMATIZADO PELA DOCENTE ADÉLIA EDUARDO NDAVOCA – JURISTA
GERALDES, António Santos Abrantes, Suspensão de Despedimento e outros
Procedimentos Cautelares no Processo do Trabalho, Coimbra: Almedina, pp.
135 a 147.
71
Material de suporte ao estudo da Cadeira de Direito do Contencioso Laboral para o ano lectivo
2021/2022, 4º ano do curso de Direito, no Instituto Superior Politécnico do Cuito.
SISTEMATIZADO PELA DOCENTE ADÉLIA EDUARDO NDAVOCA – JURISTA
JURISPRUDÊNCIA
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Material de suporte ao estudo da Cadeira de Direito do Contencioso Laboral para o ano lectivo
2021/2022, 4º ano do curso de Direito, no Instituto Superior Politécnico do Cuito.
SISTEMATIZADO PELA DOCENTE ADÉLIA EDUARDO NDAVOCA – JURISTA
Sobre a admissibilidade de indemnização substitutiva em caso de nulidade
do despedimento disciplinar
LEGISLAÇÃO
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2021/2022, 4º ano do curso de Direito, no Instituto Superior Politécnico do Cuito.
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Código de Processo Civil, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 44.129, de 28 de
Dezembro de 1961
Código das Custas Judiciais, aprovado pelo Decreto n.º 43.809, de 20 de Julho
de 1961
Lei que Altera a Lei sobre a Actualização das Custas Judiciais e Alçada dos
Tribunais, aprovada pela Lei n.º 5-A/21, de 5 de Março
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2021/2022, 4º ano do curso de Direito, no Instituto Superior Politécnico do Cuito.
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