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UNIVERSIDADE ÓSCAR RIBAS

FACULDADE DE CIÊNCIAS SOCIAIS E HUMANAS


DEPARTAMENTO DE DIREITO

ÉTICA E DEONTOLOGIA PROFISSIONAL

INCOMPATIBILIDADES E IMPEDIMENTOS NO EXERCÍCIO DA ADVOCACIA


EM ANGOLA

Docente: Dr. Guialdino Rafael

UOR/2022
Índice

Agradecimentos ...................................................................................................................................... 3
Epígrafe ................................................................................................................................................... 4
1. Introdução ....................................................................................................................................... 5
2. Breve Historial do Advogado ......................................................................................................... 6
3. As áreas de Actuação do Advogado ............................................................................................... 6
4. O exercício da Advogacia em Angola ............................................................................................ 7
4.1. Direitos e Deveres dos Advogados ............................................................................................. 8
5. Incompatibilidades e Impedimentos no exercício da Advocacia em Angola ............................... 10
5.1. Incompatibilidades .................................................................................................................... 11
5.2. Impedimentos ............................................................................................................................ 13
Conclusão.............................................................................................................................................. 15
Referências Bibliográficas .................................................................................................................... 16
Agradecimentos

Em primeiro lugar quero agradecer à Deus, que é, e sempre foi, a força, amparo e sustento em
todos os momentos da minha vida.

Aos meus queridos e carinhosos pais, que sempre ofereceram força e apoio às minhas escolhas.

À minha família em geral, pelo seu incentivo e apoio durante toda a jornada percorrida, por
meio da sua excelente orientação, dedicação, competência, ética, disponibilidade, exemplo e
amizade.

Ao Dr. Guialdino Rafael, que colaborou de maneira fundamental com seu grande
conhecimento para que esse trabalho fosse concluído.

E a todos que directa e indirectamente contribuíram, o meu muito obrigado!

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Epígrafe

A independência é o esteio da consciência. A consciência


está para a dignidade da advocacia como as margens
para o rio: são elas que garantem a regularidade do seu
curso. Se não existirem, à corrente transforma-se em
lago, ou em charco…

(Louis Crémieu, 1999)

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1. Introdução

A Advocacia é uma profissão de elevado interesse público. Numa sociedade baseada


no respeito pela lei, ao advogado cabe desempenhar um papel proeminente que não se limita à
execução fiel, no âmbito da lei, do mandato que lhe foi confiado. O advogado tem como missão,
para além de servir o interesse da Justiça, servir também o daqueles que lhe confiam a defesa
dos seus direitos e liberdades. Deve pois ser defensor e conselheiro.

A advocacia é uma instituição essencial à administração da justiça, conforme dispõe a


CRA no nº 1 do art. 193º. Assim, o Advogado é um servidor da justiça e do direito. Existem
várias situações concretas da vida do advogado que podem propiciar conflitos de interesses,
diminuição de independência e repercutem-se na dignidade da profissão. Tais situações são
causas de incompatibilidades e impedimentos, que neste trabalho poderão ser desenvolvidos
nos pontos subsequentes. Porém, cabe aqui dizer em diante mão que a, incompatibilidade é a
proibição total do exercício da advocacia; ao passo que o impedimento é a proibição parcial do
exercício da advocacia.

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2. Breve Historial do Advogado

O vocábulo Advogado, deriva da expressão em latim ad vocatus que significa o que foi
chamado, que, no Direito romano, designava a terceira pessoa que o litigante chamava perante
o juízo para falar a seu favor ou defender o seu interesse. O advogado é um profissional liberal,
graduado em Direito e autorizado pelas instituições competentes de cada país a exercer o jus
postulandi, ou seja, a representação dos legítimos interesses das pessoas físicas ou jurídicas em
juízo ou fora dele, quer entre si, quer perante o Estado.

O advogado é uma peça essencial para a administração da justiça e instrumento básico


para assegurar a defesa dos interesses das partes em juízo.

Por esta razão, a advocacia não é simplesmente uma profissão, mas, um munus
publicum, ou seja, um encargo público, já que, embora não seja agente estatal, compõe um dos
elementos da administração democrática do Poder Judiciário.

3. As áreas de Actuação do Advogado

Pode-se decompor a atuação do Advogado em sete funções jurídicas básicas:

a) Assessoria jurídica, a assessoria jurídica é o serviço que um advogado ou um


escritório de advocacia presta para uma organização com o intuito de oferecer segurança
jurídica para o negócio em suas diferentes áreas.
b) Consultoria jurídica, a consultoria jurídica é um serviço amplo prestado pelos
escritórios de advocacia, com foco em oferecer orientações e direcionamentos para as empresas
diante de dúvidas ou conflitos.
c) Procuradoria jurídica é um serviço prestado pelo procurador, que tem por
finalidade garantir o direito à igualdade, e a igualdade perante o Direito, bem como o rigoroso
cumprimento das leis à luz dos princípios democráticos.
d) Auditoria jurídica, a auditoria jurídica é um processo de pesquisa, análise e
revisão dos procedimentos internos, corporativos e legais de todos os departamentos de uma
empresa.
e) Controladoria jurídica, a controladoria Jurídica é o sector do escritório de
advocacia que atua dando todo o suporte necessário para o setor técnico, garantindo
efetividade, qualidade, segurança e agilidade nos serviços jurídicos.

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f) Planeamento jurídico, o planeamento jurídico preventivo é uma ação que
proporciona a toda a alta direção de uma organização uma segurança maior, visto que há
diminuição de processos contenciosos, já que ele não se refere apenas ao valor gerado, mas ao
não cumprimento da legislação que ocasiona custos processuais, honorários, juros, entre outros
encargos para a organização.
g) Ensino jurídico, o ensino jurídico de educação ou a educação jurídica é a
formação em nível superior para lidar com o fenômeno do Direito.

Assim, os advogados, para além de prestar as actividades acimas descritas e as de


caracter judiciais. O advogado também, pode ser especialista em uma área (ramo) do
Direito, como o advogado criminalista.

4. O exercício da Advogacia em Angola

A Advocacia, em Angola, é uma profissão liberal ou livre inserida num sistema de


organização do tipo europeu continental em que as funções regulatórias e de disciplina
competem à Ordem dos Advogados de Angola, enquanto corporação profissional pública.

A Ordem dos Advogados de Angola foi proclamada aos 20 de Setembro de 1996, no


Palácio dos Congresso em Luanda.

O acto da proclamação foi precedido da aprovação do Estatuto da Ordem dos


Advogados de Angola pelo Decreto n.º28/96, de 13 de Setembro do Conselho de Ministros
(Dr. n.º39, I Série, 1996) e seguido de um acto eleitoral para o provimento dos seus cargos
estatutários.

Deste modo, só os advogados e advogados estagiários com inscrição ou registo em


vigor na Ordem dos Advogados podem, em todo o território nacional e perante qualquer
jurisdição, instância, autoridade ou entidade pública ou privada, pode praticar actos de consulta
jurídica, representação e patrocínio judiciário próprios da profissão (art. 41 nº1 e 2, e art. 60 nº
1 e 2 do Decreto nº 56/05, de 13 de Maio, o nº 3 e 4 do art. 3 do Regulamento nº 1/19 de 7 de
Março, e o art. da Lei 8/17 de 13 de Março).

Não obstante ao fato de a advocacia ser uma profissão liberal, em Angola o seu
exercício deve estar em conformidade com as normas deontológicas. A deontologia será o
conjunto de regras ético-jurídicas pelas quais o advogado deve pautar o seu comportamento

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profissional e cívico. O respeito pelas regras deontológicas e o imperativo da elevada
consciência moral, individual e profissional, constitui timbre da advocacia. 
A inobservância
dessas regras pelo advogado deve, a princípio, conduzir a aplicação de sanção disciplinar (nº2
do preambulo do CEDP).

Sendo assim sobre o profissional da Advogacia recaem direitos e deveres. Que para
além Estatuto da Ordem dos Advogados encontram o seu devido respaldo legal nas seguintes
leis:

 Constituição de República de Angola;


 Lei 8/17 de 13 de Março (Lei da Advocacia);
 Código de Ética e Deontologia Profissional.

4.1. Direitos e Deveres dos Advogados

Quando falamos dos Direitos do Advogado, referimo-nos àqueles previstos pela própria
Lei, como:

 O Direito a protecção nas comunicações com os patrocinados (art.o 194 n.o 3


da CRA e 50 do EOA);
 O Direito ao exercício da advocacia em todo o território nacional (art.o 41 do
EOA);
 O Direito a independência e liberdade de exercício (art.o 5 e 6 Lei 8/17 de 13
de Março)
 O Direito à prática de actos próprios da profissão (art.o 20 Lei 8/127 de 13 de
Março);
 O Direito ao mandato judicial sem impedimentos (art.o 42 EOA);
 O Direito a protecção efectiva no exercício da profissão (art.o 44, 41 e da EOA
e 22 Lei 8/17 de 13 de Março);
 O Direito à protecção da Ordem (Art.o 45 EOA);
 O Direito ao tratamento compatível com a função (art.o 46 EOA);
 O Direito a um regime especial na imposição de selos, arrolamentos e buscas
em escritórios (art.o 47 a 49 do EOA e 221 e 228 Cód. Processo penal);
 O Direito de exame de processos nas repartições públicas (art.o 51 n.o 1 EOA,
168, 169, 174 Cód. Processo Civil e 73 Cód. Processo Penal);

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 O Direito a livre acesso nas secretarias judiciais e de preferência no atendimento
(art.o 51 n.o 2 EOA, art.o 174 do CPC e art.o 89 da Lei 2/15 de 2 de Fevereiro);
 O Direito de protesto (art.o 52 EOA e art.o 87 da Lei 2/15 de 2 de Fevereiro);
 O Direito a patrocínio contra os advogados e magistrados (art.o 72 EOA e art.o
17 CEDP);
 O Direito à simplificação do mandato (art.o 35 alínea b do Cód. Processo Civil
e art.o 69 Cód. Processo Penal);
 O Direito de substabelecimento (art.o 36 n.o 2 do Cód. Processo Civil);
 O Direito de assistir os interrogatórios dos arguidos e buscas nos
processos
(art.o 73 e 67 do Cód. Processo Penal);
 O Direito à recusa de patrocínio (art.o 69 do EOA e art.o 16 CEDP);
 O Direito em relação às discussões públicas (art.o 66 EOA e art.o 18 CEDP).

Os deveres do advogado estão direitamente relacionados com o seu comportamento


para com a comunidade, com a Ordem dos Advogados e para com os julgadores, assim
temos:

 Os Deveres éticos e deontológicos (art.o 1 CEDP);


 O Dever de independência e isenção (art.o 60 EAO e art.o 2 CEDP);
 O Dever de uso de traje profissional (art.o 61 EAO e art.o 26 CEDP);
 O Dever do advogado para com a comunidade (art.o 61 EOA e 10 
CEDP);
 O Deveres do advogado para com a Ordem (art.o 63 EOA e 11 CEDP);
 O Dever de publicidade (art.o 64 EOA e art.o 7 CEDP);
 O Dever de guardar segredo profissional (art.o 65 EOA e art.o 4 CEDP);
 O Dever em relação à discussão pública (art.o 66 EAO e 18 CEDP);
 O Dever do advogado para com o cliente (art.o 67 EOA e 14 CEDP);
 O Dever para com os documentos e valores do cliente (art.o 68 EOA e art.o 14,
15 e 25 CEDP);
 O Dever quanto a recusa do patrocínio (art.o 69 EOA e art.o 16 CEDP);
 O Dever recíprocos dos advogados (art.o 70 EOA e art.o 8, 9 e 13 CEDP);
 O Dever para com os julgadores (art.o 71 EOA e art.o 12 CEDP);
 O Dever de informar os colegas e magistrados da intenção de aceitar patrocínio
contra eles (art.o 72 EAO e art.o 17 CEDP);

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 O Dever geral de urbanidade (art.o 73 EOA)
 O Dever quanto aos honorários (art.o 53, 54 EAO e 19, 20 e 21 CEDP e Decreto
Executivo Conjunto n.o 46/97 de 7 de Novembro, referente a afixação de honorários atribuídos
aos advogados- Ministérios da Justiça e das Finanças).

5. Incompatibilidades e Impedimentos no exercício da Advocacia em


Angola

As incompatibilidades e impedimentos no exercício nasceram com a institucionalização


da própria advocacia. Foi claro, desde sempre, que esta atividade tinha de ser exercida por
homens livres e de bons costumes, desligados de qualquer servidão. O regime das
incompatibilidades é uma garantia de independência e decoro do advogado, duas condições
que, ao longo dos séculos foram pressuposto indispensável da dignidade do ministério forense.

As profissões liberais são assim chamadas não apenas por exigência de título académico
e vocação intelectual, mas também por decorrência lógica e etimológica, pois devem exercer
em plena liberdade. Só liberdade alimentam a permanência rebeldia do advogado contra a
injustiça, o arbítrio e a prepotência. Deste modo, qualquer circunstância que afeta a liberdade
e a independência deve ser impeditiva do exercício da advocacia. Não há independência sem
liberdade de atuação e de expressão, o advogado não pode estar subordinado nem o poder
político nem o poder económico nem a terceiros e nem ao próprio cliente. Está apenas
vinculado a sua consciência. A advogacia não se compadece com hierarquias, nem com
qualquer forma de pressão, temor reverencial ou receio de represálias.

O regime jurídico das incompatibilidades e impedimentos está consagrado nos (arts.


11º e 12º da Lei nº 8/17, de 13 de Março).

As incompatibilidades e impedimentos estão em estreita conexão com os princípios da


independência e isenção (art. 60 nº2 do EOA).

O princípio geral das incompatibilidades é que a advocacia é inconciliável com


qualquer cargo, função ou actividade que possa afectar a isenção, a independência e a dignidade
da profissão.

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As incompatibilidades e impedimentos devem ser declarados e aplicados pela Ordem
dos Advogados de Angola, por via dos Conselhos Nacional e Provincial (cfr. nº 3 do art. 193º
da CRA e art. 57º nº1 do EOA).

Quando for declarada a incompatibilidade ou impedimento, o advogado está proibido


de exercer a profissão (art. 56º do EOA).

A existência de incompatibilidades e impedimentos pode determinar a impossibilidade


originária de inscrição ou a suspensão do mandato quando for superveniente (cfr. art. 99º/1, al.
d) do EOA).

A questão das incompatibilidades e impedimentos para o exercício da advocacia esteve


sempre inteiramente quando conectada com a sua independência e dignidade. O artg 5 da Lei
8/17 13 de março estabelece que << O advogado, no exercício da profissão, mantém sempre,
em qualquer circunstância, a sua independência, devendo agir, livre de qualquer pressão ao
coação, especialmente aqueles resulta dos seus próprios interesses ou de Influências exteriores,
abstendo-se de negociar a deontologia profissional, no intuito de agradar o seu cliente, aos
colegas, ao tribunal ou a terceiros.

5.1. Incompatibilidades

As incompatibilidades, impossibilitam que a pessoa exerce conjuntamente duas


funções, ou seja, a própria lei vai determinar as actividades que não podem ser exercidas em
conjunto com a advocacia sendo sempre temporárias.

As incompatibilidades do exercício da profissão da Advogacia são aqueles constam nos


(artg. os 11 da Lei 8/17 de 13 de Março e art.o 6 CEDP). Elas são as seguintes:

a) Membros do governo (artg 6 n.1 alínea a) e 11 N.1 alínea a);


b) Magistrado judicial e do Ministério Público (artg 6 n.1 alínea b) e 11 n.1 alínea
b);
c) Acessores populares (artg 6 n.1 alínea c) e 11 n.1 alínea c);
d) Funcionário dos tribunais, das polícias e serviços aqui parados (artg 6 n.1 alínea
d) e 11 n.1 alínea d);
e) Provedor de Justiça (artg 6 n.1 alínea e) e 11 n.1 alínea e);

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f) Governadores e vice governadores provinciais (artg 6 n.1 alínea f) e 11 n.1
alínea f);
g) Governadores e vice governadores do Banco Nacional de Angola (artg 6 n.1
alínea g) e 11 n.1 alínea g);
h) Funcionário dos tribunais, da polícia e de outros serviços equiparados (art. 11 nº
1 alínea h);
i) Quaisquer outros que por lei especial sejam considerados incompatíveis com o
exercício da advocacia (artg 6 n.1 alínea h) e 11 n.1 alínea h).

Com excessão, as funções e actividades acima descritas não vão se aplicar aos casos ou
situações das pessoas aposentadas de inactividade, de licença ou de reserva (art. 6 nº 2 do CEDP
e art. 11 nº 2 da Lei 8/17).

Igualmente não estão abrangidos pelas incompatibilidades os funcionários e agentes,


administrativos providos em cargos com funções exclusivas de mera consulta jurídica e os
contratos para o mesmo efeito (art. 6 nº 3 do CEDP e art. 11 nº 3 da Lei 8/17).

Este preceito é uma norma excepcional em matéria delimitação dos direitos e interesses
dos advogados (cfr. nº 1 do art. 58º da CRA).O legislador procedeu a uma enunciação
exemplificativa das situações de incompatibilidade (tipicidade aberta). Por força da
interpretação extensiva da alínea i) deste artigo, poderão surgir outras incompatibilidades.

Enquanto durarem as referidas incompatibilidades, os advogados e advogados


estagiários estão impedidos de praticar toda e qualquer actividade própria dos advogados (art.
20º da Lei nº 8/17).

Nos termos do (art. 57º nº1 do EOA), a OAA pode solicitar aos advogados informações
que entenda necessárias para a verificação da existência ou não de incompatibilidade. Quando
assim ocorrer, o advogado deve informar no prazo de30 dias, sob pena de suspensão (cfr. nº 2
do art. 57º do EOA e art. 6 nº 4 do CEDP).

Se a incompatibilidade for preexistente à data da inscrição, então esta deve ser recusada.
Porém, se for superveniente, cabe ao advogado suspender a sua inscrição.

A incompatibilidade existe apenas após a tomada de posse.

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No âmbito das incompatibilidades, por força do disposto na (alínea h) do art. 11ºda Lei
nº 8/17), estão igualmente abrangidos os funcionários dos Tribunais, da Polícia e dos Serviços
equiparados. A equiparação a que se refere a citada alínea tem a ver com a extensão do regime
das incompatibilidades aos funcionários dos Cartórios Notariais, Conservatórias, Serviços de
Identificação Civil e Serviços de Segurança. A estes, por força das particularidades das funções
que desempenham, está igualmente vedado o exercício da advocacia.

5.2. Impedimentos

Os impedimentos, por sua vez são circunstâncias que impedem com que a pessoa exerça
determinada profissão, ou seja, situações de facto e concretas, que obstam a que uma vez
verificada não se pode exercer a profissão de advogado sendo sempre permanentes.

Os impedimentos do exercício da profissão da Advogacia são aqueles constam dos


(art.o 12 da Lei 8/17 de 13 de Março e art.o 5 CEDP). Estes estão relacionados ao seguinte:

a) Impedimentos relativos a ligação que o advogado tem com pessoas que intervêm
no processo
 Quando o seu cônjuge ou algum descendente, ascendente, irmão ou ao afim nos
mesmos termos graus, fora o juiz, magistrado do Ministério Público, ou assessor popular, nos
processos em que eu for chamado a intervir (art. 5 nº1 alínea a) do CEDP e artg 12 n.1 alínea
a) da Lei 8/17 de 13 de Março);
 Quando eles próprios tenho intervido nos mesmos processos e nem referidas
qualidades ou ainda como testemunhas, declarantes ou peritos (artg 5 n.1 alínea b) do CEDP e
artg 12 n.1 alínea b) da Lei 8/17 de 13 de Março).
b) Impedimento relativo ao facto de o advogado já ter tido contacto com o processo
noutras circunstâncias
 Quando tenham tido intervenção no processo ou em processos conexos como
representantes da parte contrária ou quando ele tenha um prestador parecer jurídico sobre a
questão controvertida (artg 5 n.1 alínea c) do CEDP e artg 12 n.1 alínea c) da Lei 8/17 de 13
de Março);
 Em qualquer outro caso previsto na lei (artg 5 n.1 alínea c) do CEDP e artg 12
n.1 alínea c) da Lei 8/17 de 13 de Março).
c) Impedimento do advogado na sua relação com o Estado

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 Quando deputados da Assembleia Nacional (artg 5 n.2 alínea a) do CEDP e artg
12 n.2 alínea a) da Lei 8/17 de 13 de Março);
 Quando membros das forças armadas militarizadas no activo (artg 5 n.2 alínea
b) do CEDP e artg 12 n.2 alínea b) da Lei 8/17 de 13 de Março);
 Quando um membro dos gabinetes dos titulares dos órgãos de soberania do
estado e equiparados (artg 5 n.2 alínea c) do CEDP e artg 12 n.2 alínea c) da Lei 8/17 de 13 de
Março);
 Quando um membro dos gabinetes dos ministros e dos secretários de estado e
equiparados (artg 5 n.2 alínea d) do CEDP e artg 12 n.2 alínea d) da Lei 8/17 de 13 de Março);
 Quando o Diretores de ministérios e de secretárias de estado ( (artg 5 n.2 alínea
e) do CEDP e artg 12 N.2 alínea e) da Lei 8/17 de 13 de Março).

Contrariamente às incompatibilidades, os impedimentos constituem uma limitação ao


exercício da advocacia. Em termos gerais, as causas dos impedimentos têm a ver com
determinada relação entre o advogado e o constituinte, com os assuntos em causa ou ainda por
inconciliável disponibilidade para a profissão.

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Conclusão

Em síntese, diremos que a liberdade de consciência e de actuação, pressuposto


indeclinável da independência e da dignidade da advocacia, não é compatível com qualquer
função ou actividade que a possa afectar ou por em risco. No desempenho profissional o
advogado não pode estar sujeito a qualquer tipo de pressão, temor ou simples suspeita. Para ser
sincero, e assim considerado, é preciso ser inteiramente livre para alegar tudo quanto é
necessário à defesa da causa, não pode ter qualquer inibição.

Assim sendo, importa relembrar que as incompatibilidades geram proibição total do


exercício da advocacia, ao passo que os impedimentos geram uma proibição parcial. A
verificação de uma incompatibilidade constitui um incidente inominado, que pode dar lugar a
suspensão da instância em harmonia com o preceituado na alínea b) do nº 1 do art. 276º do
CPC. É a OAA que recai a competência de declarar a incompatibilidade de um advogado, por
se tratar de uma questão relativa à disciplina da classe.

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Referências Bibliográficas

TJIPILICA, Paulo; FECA, Domingos Fernando; CANIÑGUILI, Frederico João, Lições de


ética e deontologia para profissões jurídicas, editora Bc Livtec, Lda, 2020.

ARNAUT, António, “Iniciação à advocacia”, 11a ed., Lisboa(etc), Coimbra Editora, 2011.

ALVES, Adalberto, “História breve da advocacia em Portugal”, Porto, CTT Correiros, 2003.

LAUREANO, Abel, “O cliente e a independência do advogado”, reimpressão, Lisboa, Quid


Uiris?.

ASCENÇÃO, Oliveira, “Direito Civil Teoria Geral”, Coimbra, Coimbra Editora, Vol. III,
2002.

Legislações Consultadas

 Constituição da República da Angola


 Código Civil
 Lei 8/17 de 13 de Março (Lei da Advocacia)
 Regulamento n.° 1/19 de 7 de Março (Regulamento de acesso à
advocacia)
 Estatuto da Ordem dos Advogados;
 Código de Ética e Deontologia Profissional

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