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OFICINAS EM DINAMICA DE GRUPO feria Livia M. pate (Ay ) indo a Oficina: Demanda, Foco, : Demand 5 , Enquadre e QUADRO 1 — Referéncias tedricas da Oficina em Dinamica de Grupo A Oficina deve ser um trabaihy 0 accel imposto. Isto pode significar que o grupo, care 9TUpO, nunca : encor Jaa-agdo como forma de mudanga mnpo grupal ond 6 preciso a intervengdo ou que, diante da proposigo da Oficina ence Roe ne ee i eatane crete terceiro—como no caso de uma escola pica cue prope Olio, ae ue Seemesmeqie, Ogura ton cle do mush mbm fnaaos pais — 0 grupo venha a acelté-a dela se apropta. Ca a arm Caran retire hraang don aoa trabalhos realizados em institugdes d 5 {ovine pata rsa le satide, educagdo ou em Sir a dees necromen projetos socials t8m esse cardter, Nesse caso, a aceitagao e apro- = ae creme iagdo da Oficina pelo grupo é fundamental. Ea coordenagao da Soorie “jupo fom texto (ojo cone: i Ceara coche. (cjtvo Oficina tem um papel importante, j4 no primeira contato com 0 mean oes reco ote grupo, de escuta e adequagao da proposta ao grupo, Podemos oats i ‘apontar 4 momentos de preparagao da Oficina; demanda, pré- Freud lise, foco e enquadre, e i rea AS as andlise, foco e enquadre, e planejamento fiexivel o vineuo grupal, A centteacto de cada Demanda ‘A analise da demanda 6 um ponto complexo na psiologia social pois 6 conhecido 0 processo pelo qual os grupos eindviduos reaizago da tala exe. fazem uma primeira “encomenda’ ao profisional para, em sequida, Freire it definindo, com maior ou menor difculdade, outras demandas Circulo de cultura: aprender em grupo No implicitas ou inconscientes (Enriquez, 1997). ‘Ainda que a demanda do grupo se diferencie da pr inicial, ao longo do processo, 6 preciso rever a sua vl a proposta original e tentar defini © que contin trabalh ignifica que a Oficina val se articular em tomo de ainda que este venha a set reformulado, Esse se ei 'e define um foco de trabalho, os gtupos-cintes, conaugso da Oreins om Dinbmica’ de entre 04 isas, servird de fio condutor para o processo creee ‘Como instrumento de intervengao psicossoc Braier precisa estar ligada a uma demanda de um grupo Foca enquae em pi 7 A fanaatividade clinica Cran pesca ears 88 trata, aqui, da mesma concep¢ao encanta roposta 0. com Srna oi ots, ciaases plo ‘mundo. Bp ee chegada dos clientes — embora él deuma Sti mato mundo tn CaMICHe. Mae falamos mais propiamente da existe O° como ssa eeamo tnquagem,toragso situago que envolve elementos socias, cultura A rao, ‘© ico como forma de idar com a angis- dao 0 pos de Pack ‘tia do grupo. c “ grupos de OFICINAS EM DINAMICA DE GRUPO com necessidades especificas, como diabéticos, hipertensos ¢ ‘outros - ou nos servigos educacionais — os grupos de criativi. dade, de capacitagao para o mercado de trabalho, de educagao ‘sexual, de orientagao profissional, entre outros. Ora, a “demanda” nem sempre aparece como um pedido explicito de realizagaio de um grupo, até porque nem sempre as possibilidades de trabalho sao conhecidas dos usuarios. Assim, o profissional se vé diante de uma andlise de “necessidades” (satide, educagao, ete) da populaeao, que, as vezes, Ihe dirige pedidos ‘vagos ou restritos dentro de uma organizagao social jé conhecida e cristalizada — por exemplo, os pacientes podem pedir mais remédios, 0s pais de alunos podem pedir mais medidas disciplina- res, etc., etc. Embora nem sempre se possa trabalhar com o ideal de uma demanda formulada pelo proprio grupo atendido, é preciso que necessidades tenham tido alguma forma de expresso e pos- ‘sam ser traduzidas da forma préxima & realidade do grupo social ‘em questao. O profissional precisa ter, dessa “necessidade”, uma escula articulada ao contexto sociocultural, para poder nomeé-la como “demanda’, a partir de um dialogo com o grupo atendido, ‘na medida em que procura construir, com esse grupo, uma pro- posta da Oficina, Como nas experiéncias relatadas neste livro, a Oficina pode ser proposta pelo profissional a partir de uma “escuta” e interpretagao da demanda do grupo social ~alfabetizagao, reflexdo Sobre a paternidade/maternidade, lazer, etc. A participagio volun. taria e @ expresso do desejo dos participantes deverao ser respeitadas, para que o grupo venha a trabalhar sua demanda e a se apropriar de seu trabalho, Pré-andlise Aidentiticagdo de uma demanda esté associada a uma pri. andlise da questio a ser abordada. A pré-andlise inclui urq levantamento de dados ¢ aspectos importantes dessa questa que poderdo ser relevantes para o trabalho na Oficina, Essa quesiag tem uma existéncia psicossocial que jd oferece varios anguiog > {6pico8 de abordagem. Al disso, 6 preciso saber se ainstiugas ‘ou comunidade aceitaré a realizagao da Oficina e fazer o arranjos necessarios. 32 Marin aM. Manse (Ong) Na pré-andlise, 0 coordenador deve j plemética a ser discutida, refleti, estudar, coletar datos o informagoes. E importante ter uma andlise psicossocial da problematica enfocada, que oriente na escolha dos cubtemas ¢ focos de discussao. Quais sao as principas informagées a serem trabalhadas? Que aspectos emocionais e relacionais o tema parece levantar? Como tera sido a experiéncia dos paricipantes em relagao a essa questao? jal nao intenciona criar um “programa? rigido para o grupo e sim qualificar o coordenador para 0 seu ‘encontro com o grupo e desenvolvimento do trabalho. Apré-andlise possibilita, a partir do tema escolhido, olevantamento de “temas- geradores”, que poderao ser abordados no grupo, sempre respeitando e consultando os participants. Por exemplo, nos grupos de pais de adolescentes, pude- ‘mos antecipar que os pais estariam interessados em discutirsobre sexualidade, ina e abuso de drogas. Isso néo foi fruto de uma mera opinido ou interesse proprio das coordenadoras e sim de um estudo sobre questoes relativas a familia e 2 relacao pais e filnos na atualidade, Por serem sujeits psicossocais, os partic pantes da Oficina estarao vinculados a esse context coticiano, ‘Além disso, podem trazer temas que nao foram pensados na p andlise inteirar-se da pro- Foco e Enquadre O tema geral da Oficina é 0 Yoco"em tomo oo ua : a tho sera deslanchado (ver Braier, 1986). Em ee fae por exempi, arelagdo com hos adolescentes = SwOre NCEE andlis, “temas-geradores’ que ajudarao acompor Ovens TY re tema-gerador pode ser trabalhado em un encore 0 encontros, dependendo do niimero de encor oF care qn corse te cotidiano do grupo e que nao sejam soree Se Near intelectualizada, em uma linguagem @s\at te can. exemplo, em vez de “desenvolvimento pes Seer cia” se propde “a sexual ears que 0 grupo ajuda a compor fica facilitada. ‘esses sub-temas 33 OFTCINAS EM DINAMICA DE GauPo Os temas-geradores, a exem 5, exemplo das palavras. Paulo Freire (1980), mobilizam o grupo porque se rela ered experiéncia, tocam nos contitos e nas possibiidades oe 8 UA daseio de particinagd e troca. pecanyo ‘9s limites instituconais para a proposta de trabalho. Nesse caso, om lembrar que o trabalho pode ser desenvolvido. nddul feses. etc (ver Braler, 1986). ag Maia Lite he Sento [yy ) ra Oficina corresponde ao conceito coperativo, & leitura do mundo em Fi K, e crescimento em O, de Bion ( A particularidade da Ofici contexto s6cio-institucional com teum prazo de realizacao. Assim, nela, as dimensa 2 @ pedagégica estao relacionadas cohen cece po da intervencao e, ainda, ao Yoc0" de intervencao. ‘Tomando a Oficina como um tipo de Grupo Operatvo, pode- mos compreender que nela haveré uma tarefa extema 6 uma tarcta interna. Na Oficina, a tarefa extema se constitui no foco, ou tema, que define 0 eixo do trabalho. © enquadre adotado 20 mesmo tem. po permite e limita esse trabalho. E justamente essa dependéncia pragmatica de um contexto e de um planejamento local que exige que 0 enquadre da Oficina seja substancialmente corretacionado ‘a0 foco de trabalho. O coordenador e o grupo precisam estar sempre atentos a esse foco para trabalhar a relacao entre “tarefa intema” e “tarefa externa’, nas possibilidades limites do contexto (ver Pichon- Riviere, 1998). E possivel, entao, propor a adpatacao de alguns principios e métodos da psicoterapia breve para compreender e manejar 0s processos grupais na Oficina. Braier (1986) nes explica que a abor- dagem psicodinamica busca tornar consciente elementos inconscientes, a reestruturagao da personalidade, a elaborardo dos conflitos basicos, etc. Entretanto, na psicoterapia breve, uM foco circunscreve limites para o trabalho, sendo que se busca maior consci€ncia em tomo de problemas, insightsobre os confites pst- quicos, elevacao da auto-estima ® melhoria sintomatica. Para Braler (1986) ofatode que a tonporakiace compass terap@utico sejam modificados, na psicoterapla breve, causa ee ‘do aparecimento de fantasias regressivas. 2 favo- rece uma estrutura de principio, meio e fim para processo. Embora Braier esteja se referindo & psicoterapia breve individual, assumimos que o mesmo pode ser afrmado para guPES eadefinicso ‘Assim, na Oficina, a circunser—ao de tempo 6 4 cata de foco evitam excessiva mobilizagao afetva ¢ Jonson relagao com 0 coordenador. A tematica escolt numa demanda, também focaliza para 0 gUPO oe iss. @ investimentos atetivos associados @ tematica, coordienador deve ser sensivel a essa de aprendizagem Ro grupo, "eite © 20 desenvolvimento em (Bion, 1975; Neri, 1999), ina 6 que ela é realizada em um ‘enquadre definido e provaveimen- eee omens NS pe eee ee AU), ainerpretagdo, para ndolevantar cenfitos de forma inciscriminada na estutura defensiva dos partcipantes e do grupo, Nees berspectiva,o trabalho com as representacces sociie, oor tellerdo eo insight se interigam & narrativa que os participames fazem de sua experiencia. Sujeto socal e sujeto psiquice vee Wistos como dimensdes presentes no mesino processo (ve, 1on-Rivire, 1998). O trabalho com um foco certamente encontra limites mas também, pode gerar mudangas dinamicas que venham aleancar 88 objetvos propostosetrazer, para o grupo, uma diminulgag ce angista ¢methor insight sobre a temtica abordada (Brale, 1986) Pode acontecer a elaboragao de alguns conflitos na racy transferencial do grupo. Representagdes socials e formas ds Compreender as relagGes sociais sao foco de reflexa eran le reflexzio e mesmo cunt Br (1986), napsicoterapia breve, estimula-s 0 insight Gircunserto 2 foco terapéutico, para que se possam obter muon Gas dinamicas. Quanto ao seu tipo e profundidade, o insight ecta Imais digido para as relages do sujeito com os objetos exteroc de Sus Vide colidiana e alual, ainda que fenémenos transferencials og de revivencia possam acontecer, de forma limitada, , Quanto a sua natureza,o insightpossui uma conotagao mais cognitiva do que aftva,levando oanalsendo mais compensa, CA gue & revivescéncia. Ainda assim, ndo se trata de umn mae Planejamento Flexivel Em um quarto momento, o coordenador se coloea se € como deveré planejar cada encontro. Pode ser qa uestdo tuigdo exija esse planejamento. Pode ser que nao. pe ast: Marie Leia M, Sante [By ) forma, as ope6es que se colocam sao: py um todo, detalhando cada encontro proviarme 0 €, & medida que os encontros O planejamento global nos dé a possibi teira do trabalho mas carrega malorrisco ds que © planejamento paso a passo pode ser mz gerar uma visao fragmentada, Cada coordenador ihe ao grupo ~ @ no contexto institucional - que caminho tomer, © planejamento de cada encontro resulta do des- dobramento do foco ou tema gerale esté relacionado & discussto dos temas-geradores. Trata-se de um planejamento flexivel, sto 6, 0 coordenador se prepara para a agao, antecipa temas ¢ estratégias, como forma de se qualificar para a condugao da Oficina. Entretanto, precisa estar ciente © preparado para ‘acompanhar o grupo em seu processo o que pode, e provavelmente vai, significar mudangas no planejamento inicial. Porisso dizemos que é um planejamento flexivel. De fato, desde o primeiro encontro com o grupo, o coorde- nador jé comega o trabalho de rever o seu planejamento, pela da escuta cuidadosa dos interesses do grupo que agora se faz um Parceiro real. Dai comega o segundo passo, que é caracterizado elo processo mesmo da Oficina. Nesse momento, 6 importante definir com 0 grupo 0 seu “contrato’. Porque resolveram participar? Quais sa0 as combinagBes Necessarias para serem feitas quanto a horério, local, etc.? E pre- ciso esclarecer a regra do sigilo (0 que é falado no grupo nao pode ‘ser comentadio fora do grupo sem a permissao deste), a da palavra livre (todos podem se expressar), e outros aspectos que se colocarem como relevantes. : Ontimero e duragao de encontros dependeré da proposta global. Porém, é interessante que cada encontro seja estruturado em pelo menos trés momentos basicos: a) um momento inicial que prepara o grupo para 0 trabalho dodia, ‘seja por meio de um “relaxamento” e/ou de um “aquecimento”, feito através de atividades, brincadeiras, ou mesmo de uma conversa que atualize, para 0 grupo, a proposta do dia. Leva-se ‘em tomo de 10 minutos nesse momento. _ b) um momento intermedidrio em que 0 grupo se envolve em variadas que facilitem a sua reflexao e OFICINAS EM DINAMICA DE GRUPO do tema trabalhado. Este momento pode ser dividido em quatro momentos interligados de forma flexivel: (I) o recurso 4 técnicas lUdicas, de sensibilizagdo, motivacao, reflexay e comunicagao e (\I) a intervengao necessaria da ‘palavra conversando e refletindo sobre os sentimentos e idéias dg grupo sobre as situagdes experimentadas nesse dia, (Il) « lexpansao dessas situa¢des para se pensar situacdes similares do cotidiano que tém relacao com 0 tema enfocado ¢ (IV) exposigao e andlise de informagoes sobre o tema, compa, rando-as com as experiéncias dos participantes, pata mutuo esclarecimento. ©) um momento de sistematizagao e avaliacdo do trabalho do dia. Permite que 0 grupo visualize melhor a sua produgo como “grupo de trabalho’, acompanhando o desenvolvimento de sua reflexao e 0 crescimento de seu processo, ao longo da Oficina @ ajudando a tomar decisdes sobre os encontros sequintes Esse planejamento ¢ util para 0 coordenador, desde que seja visto como referéncia e nao como obrigatoriedade. Se o coor- denador conhece o fio condutor da sesso e conta com algumas possibiidades de técnicas, pode adquirir maior flex momento mesmo em que esta conduzindo a Oficina. Em nosso trabalho, as coordenadoras de grupo tinham iberdade para propor mudaneas no planejamento, conforme percebiam que elas seriam importantes para o grupo, tanto durante @ sesso de superviséo quanto durante os encontros. Respel- tavamos suas opinides e posigao como coordenadoras - isso é importante nao apenas do ponto de vista pedagégico como também do ponto de vista de sua legitimidade diante dos grupos. Em cada encontro, 6 importante que o coordenador procure Pensar sobre as dimensGes pedagdgicas e terapéuticas envolvidas, ‘eflta sobre as técnicas escolhidas, facilite a troca de experién a comunicagao entre os participantes. O caminho metodol6gico Segue uma seqiiéncia que se inicia na sensibilizagao e busca a slaboragao. Esses e outros aspectos serao discutidos no item de condugao do proceso de Oficina, Mas, antes de passar ao proximo item, tomemos como exem- plonosso trabalho com grupos de pais. O foco/tema era “a relagao ‘com os filhos adolescentes”. Existe ai uma infinidade de subtemas. Quais escolher e como abordé-los? Partindo de uma série de leitu- icin M. Snse (try) ras sobre a familia ea adolescéncia na soc tes © autoridade, abuso de drogas, adolesehe ontem e hoje, entre outros, scéncia A partir de uma palestra inicia, adesdo foram distribuidas, foram formados os oe semanal, nos hordrios escolhidos pelos pais, Resolvemos que o planejamento dos enconttos sera felto junto com os pals. Cada dupla de estagiarias rouniu-se com eeu grupo e organizou um primeiro encontro no qual os temas de interesse foram levantados. E importante dizer que houve una grande coincidéncia entre os temas propostos pelos pais e aquelos que jd haviamos pensado, o que indicava uma boa pré-andlise do tema. : Em nossas reuniées semanais de supervisio, iamos planejando as sessdes de cada grupo, sempre acompanhando 0s temas de interesse colocados no primeiro dia e as mudangas que iam acontecendo em cada grupo, mas também sempre respeitando a tematica central do trabalho, que funcionava como um fio condutor. Os quadros 2, 3 mostram, respectivamente, os participantes de um dos grupos e a seqUéncia de temas abordados. Os quadros 4 e 5 mostram a descrigo do segundo encontro € © mesmo encontro em uma ficha de planejamentol realizagao. Gurante a qual fichas de QUADRO 2 — Dados sobre os participantes do grupo —— Se Profesto cane) Homem —|"2* grau Funcionario pattico baie Maher argu —| Prosasra “eee ee ss Mulber_—[-3 gran Professora aposontsa, seat “Muiher 2 gra ‘Do lar = aie Muther P serie Dollar ae Hemem [2 grau | Amora ae a a men —[ a ss | Cora eo a OFICINAS EM DINAMICA DE GRUPO QUADRO 3 Seqiiéncia dos encontros do grupo {ENcONTRO—[~ | Sequndo Ferro ss a0 ‘Técnicas | Pontos enfatizados na discussie "Tie-ac-ta0- = clima de trabalho, bi Faciltar para que 0 | Se eu fosss | A relaglo com 08 proprios pals, os Panicipantes falassem | um ivio | limites existentes na época, os valores, a de sua historia, espe- Ciaimente da adoles- Telagao atual com os fihos. Nao foi feito. Mas a rellexdo jd estava iniciada. Combinamos de trazer para ppréximo encontro. Dados aluals sobre adolescencia familia. © grupo avaliou bem o encontro experiéncias oes QUADRO 5 — Relato de um encontro ‘ocontrato, Realizamos 0 e descontrair. No pr icaram ret coordenacao motora. Entretanto, a técnica alcangou seus objetivos: aqueceu € integrou 0 grupo, provocando risos. see apos,usamos a técnica "se eu fosse um livo" com 2 tenga de conhecer melhor as pessoas, permitindo a cada um conta 40 relagdo com experiéncias @ ressaltando a mudanga de lugar ocon filhos e agora sao pais, Disse trabalho, pouco tempo com os fithos e para laz Tinhamos planejado realizar 0 ‘eldgio do vista do tempo, sugerimos que 0 grupo fizesse essa a! fem casa e trouxesse 0 "rel6gio" para o préximo encont ‘Sequimos com a *palest 2 amos as sian Casal, a patemidade e a matemidade con. tempordnea e a adolescéncia. Os participante ofereceram los @ observacées, articulando as informacdes com suas vidas. [amos auxiiando a discussdo com conceitos e dados de pesquisas sobre o tema ‘Ao contar suas histérias, as pessoas recordaram suas ex periénoias como adolescentes e refletiram sobre seu papel de pais. e maes, 0 que as aflige nessa mudanca de lugar, em uma época em que a famflia mudou tanto. Destacaram a ciferenca de sua socializacao, mudangas com os seguintes depoimentos: balham fora, vocé & que escolhe 0 marido, os filhos cé riscos nas ruas por causa da violéncia, receber constantes da televiséo e dos colegas da escola, @ tudo inseguranga aos pais que nao sabem se estao agindo corretamente € se perguntam como educar e colocar limites” O grupo mostrou independéncia e produtividade na discussao do tema, Prestavam atengao uns aos outros e mostraram facilidade de expresso. Alguns tentaram monopolizar a fala. Nesse momento, a coordenagao interviu, com perguntas diigidas, bus- eando a participagao para todos. Conduzindo a Oficina Como foi discutido, a condugao da Oficina encontra Teferéncias na teoria dos pequenos grupos. Nesse capitulo, a Partir da consideracaio do enquadre da Oficina, vamos abordar, ‘especialmente, os itens (1) papel do coordenador, (2) fases a OFICINAS EM DINAMICA DE GRUPO (3) processos Jem. Aqui, além das contribu \corporamos nossas prépr }as realizad como | de outros ¢ partir das O A Coordenagao da Oficina ‘Vimos que nas abordagens apreser grupo oper cl faciitar para.o grupo a realizacao de sua tarefa interna para que o grupo possa realizar oe Seus objetivos, tarefa externa, Para tal, precisa estar atento para as dimensdes consciente e inconsciente do grupo, procurande song interrelagdes (Lewin, 1988; Pichon-Riviére, 1998; Freire, 1980) © coordenador tera um papel ativo, mas nao intrusivo, Pode Propor, mas nao impor, uma condugdio. Aregra da ateneo flutuante 8 essencial para o coordenador do grupo, ou seja, ele deve manter- se atento aos diferentes niveis e processos do grupo, abrangendo © grupo como um todo, as relacoes interpessoais e cada parti- cipante. O coordenador, nesse sentido, tem um papel importante de acolhimento e incentivo ao grupo para que se constitua como grupo, buscando a sua identidade. Em um primeiro momento, o grupo pode necessitar defend 0 seuimagiario de coesa0 e ido, 0 coordenacdor, sem colaborar com essa fantasia, ampouco aatronta, deixando que © grupo se constua como rede de eagses ond ‘esse imaginario venha a ser trabalhado pelo proprio grupo: ; Foulkes, 1967). eee . sil Se eae enacts para.asmaniestagoes dah gistia no grupo — a excessiva cisperséo ou coesdo,a dspule pel lideranga, a escolha de bodes-explatérios, as diiovanes expressao e comunicagao, a “bagunga’— buscando acy 2 Sis compreensao de forma que 0 grupo sirva de ct amen ae angustia, possibilidade de controle e trabalho sobr ee oer oti lenadoratua como incentvador luce aes ae aados e processos emergentes para a er oe ‘Sugere significados para agdes @interagoee a, So eam ra ‘devolugao em espelho”, sugerit Maria Pica Sense Bry.) fazer interpretagdes, etc. Pode, inclusive, trazer mate sempre respeltando a demanda do grupo, o contrato feito com ests @ 0 fato de que 0 conhecimento resultanto é uma construgao com grupo (Ribeiro, 1995; Foulkes, 1967). Baseando-nos na concepgao de aprendizagem e elabora- {gai do grupo operativo e nas concepedes de desenvolvimento em K @ crescimento em O, de Bion, entendemos que a Oficina tem uma dimensao ou potencialidade pedagégica e uma dimensao ou. potencialidade terapeutica. O coordenador estar atento para ambas as dimens6es (Bion, 1975; Neri, 1999), Pedagégica 6 a dimensio que incentiva o processo de apren- dizagem do grupo, a partir de sua experiéncia e de acordo com a sua demanda. Terapéutica é aquela dimensao que sustenta um proceso de elaboraeao, a partir da andlise das relacdes no grupo, dos insights @ reflexao. Em relagao a rede de transferéncias ~e, em especial, a sua relagao com 0 grupo — 0 coordenador pode interpretar sempre ensando que a boa interpretacao é aquela que pode ser “ouvida” e entendida pelos participantes. Caso contratio, ela ndo Ihes serve Para nada. Além disso, em se tratando de grupos operatives e Oficinas, a interpretacao deve sempre estar situada no ambito de- limitado pela tarefa interna e tarefa externa do grupo. Vielmo (1998) nos lembra que as manifestagdes trans- ferenciais/contratransferenciais acontecem em qualquer relagao Quer seja interpessoal quer seja grupal, terapautica ou nao. Entretanto, deve haver diferencas na forma como 0 coordenador compreende e maneja as manifestacdes transferenciais no campo erapéutico e nao-terapéutico. Assim, enquanto no grupo terapéutico, © coordenador focalizaré as manifestacbes transferenciais como Principal ponto de apoio, nos grupos operativos nao-terapéuticos, Por exemplo, de ensino-aprendizagem, 0 coordenador do grupo Somente as trabalhara se elas estiverem se constituindo em um entrave @ tarefa grupal. Entretanto, as relagdes transterenciais, Precisam ser compreendidas, para que 0 coordenador facilte 0 Processo grupal através de intervengdes adequadas. Referendando-se em Freud, Vielmo (1998) nos explica a transferéncia como uma manifestacao frequente e reguiar, que Sup6e 0 comprometimento de duas instancias temporais: passado © presente. No passado, esta implicada a rejeicao de um desejo. No presente e na relagao com o terapeuta, no aqui-agora, 6 informativo, 3 OFTEINAS EM DINANICA DE GaP Gespertado o mesmo ater; aexilaro ~ bem como o Que 0 terapeuta sente 6 Assim, 0 coordenador esta atento aos fenémenos transferenciais e contratransterenciais, mas trata deles apenas na Felagdo com o foco ou tarefa do grupo, isto 6, aborda esses processos nna interacdo grupal levando em conta a relagdo grupo-tareta. O coordenador deve, ainda, estar atento as fases e proces- 0s do grupo pois, no enquadire da Oficina, eles assumem especial relevancia. Pode, dentro dessa visao, propor técnicas de animacao. e reflexo, procurando sempre adequé-las em contetido e forma 20 processo vivido pelo grupo. Fases do Processo Grupal TTomando as fases do grupo como deseritas por Foulkes (ce beiro, 1985), podemos apontar que a Oficina segue beara basicos:formacdo de sentimentoeidentdade de gre: susimer de diterenas econsirucdo de condgses deprodunvidad dog e fim de grupo. O coordenador precisa ei anes movimentos para caminhar com o grupo, acolhende dime necessério, mas também incentivando, mobilizando, an ee rtanto, preciso dizer que esses rés moments nse seguem uma sequéncia rigida.. oe oe haver movie Teron a nad ate eee ae Soraieclaborai== sentimento ¢ aide ae identificagdes, ou a lidar com suas : Marie Lita M tfease [Bry J lutos, em ciclos proprios. O coordenador atento perceberd o movimento do grupo em tomo desses momentos. Ocoordenador deve se lembrar que também a Oficina é atra- vessada pelas “fases do grupo”. Assim, a sequéncia de temas comega dos mais “féceis" - ou seja, os que levantem menor resistencia — esperando-se maior profundidade & medida em que o grupo desenvolve relagdes de confianca. Na escolha de proced- mentos, podem-se privilegiar as técnicas lidicas de entrosamento no inicio do grupo, para entao se comecarem a usar técnicas interativas e reflexivas. Formacao de Sentimento e Identidade de Grupo Esse momento est relacionado aos processos de afiliaco epertencimento, no grupo operativo. O grupo deve acetaro desaiio de deixar de ser um “agrupamento” para construir a sua rede de identificagdes e definir melhor seus objetivos. Ha uma forte tendéncia para desconhecer as diferencas entre os membros, o que é uma defesa contra a disperso e uma tentativa de construir a coesao. Nesse primeiro momento, a coesao pode tomar contomos autor ‘arios. Tanto as diferengas intemas quanto as extemas —do grupo com outros grupos — sao mal suportadas © 0 grupo pode tentar excluir ou discriminar quem for diferente, criando muitas vezes 0 fenémeno do “bode expiatério”. © coordenador busca acolher 0 grupo, faciltando os lagos e \dentiicagdes, sem the oferecer uma imagem romantica, falsa, de gumesmo. Por outro lado, cuida que a palavra social circule por fedos os membros, buscando resguardar o espaco de participacao Nessa fase, ha forte transieréncia para com a figura do coor- enador, do qual o grupo espera instruges. Ocoordenador aceita 2 Seulugar de coordenador mas nao de diretor,e volta para o grupo @responsabilidade pelo seu Processo, se colocando a disposic¢ao Para facilita-to. Também, procura nao estimular a | dependéncia do ST™Po, mas aponta para os lagos que vao se formando dentro ae (ver Ribeiro, 1995). e fato, nessa fase, também ocorrem movimentos de ‘Centificacao no interior do g OFICINAS EM DINAMICA DE GRUPO movimento do grupo através dessa pretensa “superficialidade” anvo sentido, busca ortalecerarede de relacdes no grupo sempre na articulagao com a tarefa, isto 6, a discussao do tema da Oficina. ‘Em um trabalho estruturado com grupos, como no caso da Oficina, o coordenador pode aproveitar esse momento para propor téoniozs que faciltem a formagao de um sentimento de ‘comunicagdo entre os pari visio idflica de que todos sa sem espicacar o medo de desmemibramento que, neste momento, pode levar 0 grupo a uma dispersao, pois sente a sua angdstia sem estar preparado— pelo estabelecimento de uma rede de transferén- cas — para lidar com ela, O coordenador indica ao grupo que é possivel con e caminhar para um trabalho conjunto. Nesse sentic ‘troca de experiéncias e o trabalho com duplas, depois dentro do coletivo grupal. Assim, es! intersubjetivas e 0 sentimento do grupo. Por outro lado, evita personalizar suas intervengdes ou tor- ‘ar-se o centro delas. Reenvia as questées do grupo para o grupo, \pondo em causa a responsabilidade. do grupo para consigo mesmo, "as de una maneirapaienteeconsar, _ Pata sair desse primeiro momento, ¢ da idealizacao de sua Serine, bascando recat asa area (a decussao do ema Peele bn pris consinir sua ree deienticagSes © eres a Sora ‘cooperaco e comunicacao (ver © coor ‘ee ee ee we eer rae ajudar nessa ivi tarctas, trocar as, buscar poe grape, extiace 0 valor, a Sedo sintensidade tag ee, Come e Nesse fimo, a dlerengas comecaraon est o® tece porque cada membyo raza sua singuantone ooo oO omega encampando o objetivo comum come nae © SUPO: reconhecido pelo grupo e em seguida degre tora de Ser © reconhega em sua especticidade dante a spcue, © 9TUPO Umma dialtica constant que ges ive comum erceber © antcular, Por isge meet ador deve tanta bem-vindas quarto amengae ro, 88 ile- Se defende delas reanimando 0 ideal de uma coseng eRe: Aue AbSOldta. ula as trocas Maria Liste M Manse (Org) importante notar que o processo de Oficina pode intensficar primeira fase do grupo e pressioné-lo em diregao a segunda fase polo fato de que (a) a Oficina tem um tempo delimitado e 0 grupo, Ciente disso, se prepara para agir dentro de sua agenda de traba- jho, (b) 0 fato de a coordenagao incentivar a interagao através de técnicas luidicas € propor nna diregao da producao e, ativa do coordenador, send no processo de desc O coordenador| {aciitando a sua passagem para uma fase de produtvi trabalho com as angistias e ansiedades suscitadas. O grupo pre~ isa ser ajudado nesse momento que envolve omedo de mudanca ‘envolvido na construcao de sua rede de relagées que Ihe posit entre os membros, ou seja, a “tele” do grupo operativa. ‘Aparecimento de Diferencas e Construcao de Condicées de Produtividade do Grupo ngas aparecem porque 0 que leva cada um a querer pertencer ao 6 n&o apenas 0 desejo de pertenga — pelo at singularidades, no i de reconheciment ‘qual o participante deseja que 0 grupo 0 reconhega em sua yularidade, isto 6, naquilo em que é diferente ‘ou Unico (Enriquez, 1997). Em segundo lugar, as diferencas aparecem porque a reali- Zagao da tarefa exige que os parlicipantes se impliquem em atividades e decisdes, evidenciando seus pontos de vista. Ocorre que a homogeneidade é totalitaria e imobilizante. O engajamento fa tarefa provoca o aparecimento de diferengas, que podem ser mais ou menos conflitivas. mento, o coordenador comega a sublinhar as: dife- indo 0 que trazem de produtivo para o grupo: as flexes de cada um server & experiéncia e retlexao a s de cada um s4o ilustrativos e mesmo dos limites dos outros. A riqueza da interagao comega @ emergir. © coordenador propde jogos e técnicas que facilitem a Comunicagao e a reflexdo em tomo dos temas a serem trabalha- 408 @, dai, procura sistematizar as posigbes existentes no grupo, 47 8 OFICINAS EM DINAMICA DE GRUPO. mediar confitos, levar o grupo a reconhecer sua prodittividade, Nesse tide, estard procurando trabalhara matriz de comunicacao dentro do processo grupal. : ‘Ao mesmo tempo, o aparecimento da diferenca também pro- ‘yoca defesas e anglistias. O coordenador procura explicitar essas dificuldades, escolhendo a forma e momento de intervengao, pois alinterpretagdo so opera quando pode ser “ouvida” e processada, ‘0 grupo é incentivado a se tornar mais independente da coordenacéo, sendo que os membros podem atuar como “interpretadores” uns para os outros, fortalecendo a rede @ incrementando o estabelecimento de transferéncias. Essa é a riqueza do grupo que 0 coordenador acompanha e facilita. O coordenador escuta e aceita sugestdes de atividades e apdia o ‘grupo na busca de sua autonomia, buscando analisar suas dificul-

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