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Gramática de Português (Estilística)

Figuras de linguagem:
também chamadas de figuras de estilo, são recursos estilísticos
utilizados na linguagem oral e escrita que aumentam a expressividade da
mensagem.
Existem várias figuras de linguagem: umas são mais conhecidas; outras,
menos conhecidas. Umas são mais utilizadas na linguagem oral; outras,
na linguagem escrita. Umas são mais usadas na prosa; outras, na poesia.
Quais são todas as figuras de linguagem?
Existem diversas figuras de linguagem. Estão subdivididas em: figuras de
palavra, figuras de construção, figuras de pensamento e figuras de som.

Alegoria, perífrase ou antonomásia, catacrese,


Figuras de
comparação ou símile, metáfora, metonímia,
palavras
sinédoque, sinestesia.

Anacoluto, anáfora, anástrofe ou inversão,


Figuras de hipérbato, sínquise, assíndeto, polissíndeto,
construção elipse, zeugma, silepse, hipálage, pleonasmo ou
redundância.

Antítese, apóstrofe, eufemismo, gradação ou


Figuras de
clímax, hipérbole, ironia, paradoxo ou oxímoro,
pensamento
prosopopeia ou personificação.

Figuras de Aliteração, assonância, onomatopeia,


som paronomásia.
Paradoxo:
No paradoxo (ou oxímoro) ocorre a associação de conceitos
contraditórios na representação de uma só ideia, passível de ser real,
mesmo que antagônica.
• “É ferida que dói e não se sente./É um contentamento
descontente.” (Luís de Camões)
• “Sendo a sua liberdade/Era a sua escravidão.” (Vinicius de Moraes)

Pleonasmo:
No pleonasmo (ou redundância) ocorre repetição de ideias, havendo um
uso excessivo de palavras na transmissão de uma mensagem. Sendo um
pleonasmo literário, a repetição de ideias é intencional, visando
intensificar o valor expressivo das palavras.
• “Ó mar salgado, quanto do teu sal/ São lágrimas de Portugal!”
(Fernando Pessoa)
• “E rir meu riso e derramar meu pranto” (Vinicius de Morais)

Metáfora:
Na metáfora ocorre uma comparação entre dois elementos com
características em comum. Essa característica não se encontra, contudo,
salientada, estando a comparação implícita.
• “As mãos que dizem adeus são pássaros que vão morrendo
lentamente.” (Mário Quintana)
• “Mas a girafa era uma virgem de tranças recém-cortadas.” (Clarice
Lispector)
Metonímia:
Na metonímia ocorre a substituição de palavras com sentidos próximos,
ou seja, que partilham uma relação de contiguidade ou proximidade de
sentido. Pode haver troca do efeito pela causa, da parte pelo todo, do
autor pela obra, da marca pelo produto,...
• “E o médico veio de Chevrolé” (Oswaldo de Andrade)
• “Trabalhava ao piano, não só Chopin como ainda os estudos
deCzerny.” (Murilo Mendes)

Eufemismo:
No eufemismo ocorre a utilização de palavras agradáveis em substituição
de outras mais chocantes, de forma a suavizar o discurso e evitar
assuntos desagradáveis.
• “Quando a Indesejada das gentes chegar (…)” (Manuel Bandeira)
• “Vamos todos numa linda passarela de uma aquarela que um dia
enfim... Descolorirá”. (Vinicius de Moraes)

Elipse:
Na elipse ocorre a omissão de termos da oração. Essa omissão não
prejudica, contudo, a compreensão da mensagem. Pode haver elipse de
sujeito, elipse de verbos, elipse de preposições,...
• “No mar, tanta tormenta e tanto dano.” (Luís de Camões)
• “Tão bom se ela estivesse viva me ver assim.” (Antônio Olavo
Pereira)
Onomatopeia:
Onomatopeias são palavras que reproduzem sons, indicando de forma
escrita os ruídos produzidos pelo ser humano, pelos animais, por objetos
e na natureza.
• O bum da explosão foi ouvido em toda a cidade.
• O ovo caiu da mesa e fez ploft no chão.

Ironia:
Através da ironia transmite-se, de forma intencional, o oposto do que se
pretende realmente transmitir, visando satirizar uma determinada
situação.
• “Moça linda bem tratada,/três séculos de família, /burra como uma
porta: um amor!” (Mário de Andrade)
• “A excelente dona Inácia era mestra na arte de judiar crianças.”
(Monteiro Lobato)

Hipérbole:
Na hipérbole ocorre a intensificação de um sentimento ou ação, que se
traduz num grande exagero da realidade.
• “Rios te correrão dos olhos, se chorares!.” (Olavo Bilac)
• Já te disse um milhão de vezes para irmos embora.
• Estou morrendo de fome.

Sinestesia:
Na sinestesia ocorre a combinação de diferentes sensações numa só
sensação, ou seja, ocorre a mistura de sensações provenientes de
diferentes sentidos (visão, tato, olfato, paladar e audição).
• “É uma sombra verde, macia e vã.” (Carlos Drummond de Andrade)
• “Vem da sala de linotipos a doce música mecânica.” (Carlos
Drummond de Andrade)
Antítese:
Na antítese ocorre a aproximação de conceitos contrários, sendo
enfatizada essa relação de antagonismo.
• “Tristeza não tem fim, /Felicidade, sim.” (Vinicius de Moraes)
• “O mito é o nada que é tudo.” (Fernando Pessoa)

Prosopopeia ou personificação:
Na prosopopeia ou personificação ocorre a atribuição de características,
sentimentos e ações humanas a seres inanimados e/ou irracionais.
• “O cipreste inclina-se em fina reverência/e as margaridas
estremecem, sobressaltadas.” (Cecília Meireles)
• “A água não para de chorar.” (Manuel Bandeira)

Comparação:
Na comparação (ou símile) ocorre, como o nome indica, a comparação
entre elementos que apresentam uma característica em comum. São
utilizados conectivo comparativo (como, feito, tal qual, que nem, igual
a,…).
• “Meu coração tombou na vida/tal qual uma estrela ferida/pela flecha
de um caçador.” (Cecília Meireles)
• “A Via Láctea se desenrolava/Como um jorro de lágrimas
ardentes.” (Olavo Bilac)

Aliteração:
Na aliteração ocorre a repetição ritmada e harmônica de sons
consonantais. Aparece, predominantemente, nos fonemas iniciais das
palavras.
• “Fogem fluidas, fluindo à fina flor dos fenos...” (Eugênio de Castro)
• “Chove chuva, chove sem parar.” (Jorge Bem Jor)
• O rato roeu a roupa do rei de Roma. (Trava-língua popular)
Catacrese:
Na catacrese são utilizadas palavras no seu sentido figurado por falta de
outra palavra que corresponda ao conceito que se pretende nomear.
Frequentemente são atribuídas características de seres vivos a seres
inanimados.
• “Dobrando o cotovelo da estrada, [...]” (Graciliano Ramos)
• Você não retirou a pele do tomate?

Silepse:
Na silepse ocorre uma concordância com termos subentendidos ou com
a ideia que se pretende transmitir, não com as palavras que compõem a
frase. Pode haver silepse de gênero, silepse de número e silepse de
pessoa.
• “Conheci uma criança... mimos e castigos pouco podiam com ele.”
(Almeida Garret)
• “O casal de patos nada disse, (…). Mas espadanaram, ruflaram e
voaram embora.” (Guimarães Rosa)

Anacoluto:
O anacoluto é uma frase partida, ou seja, que apresenta uma quebra na
sua estrutura sintática, sendo concluída de forma alternativa.
• “Eu, porque sou mole, você fica abusando.” (Rubem Braga)
• Crianças, como ter paciência para elas?

Zeugma:
No zeugma ocorre a omissão de um termo da oração anteriormente
mencionado. Assim, essa omissão não prejudica o entendimento da
oração.
• “O meu pai era paulista/Meu avô, pernambucano/O meu bisavô,
mineiro/Meu tataravô, baiano.” (Chico Buarque)
• “Um deles queria saber dos meus estudos; outro, se trazia coleção
de selos (...)” (José Lins do Rego).
Gradação:
Na gradação (ou clímax) ocorre a intensificação ou suavização
progressiva da mensagem através do encadeamento crescente ou
decrescente de ideias.
• “Mais dez, mais cem, mais mil e mais um bilião, uns cingidos de
luz, outros ensanguentados.” (Machado de Assis)
• “Eu era pobre. Era subalterno. Era nada.” (Monteiro Lobato)

Hipérbato:
No hipérbato ocorre uma inversão brusca na ordem normal das palavras
numa frase.
• “Mas, como o dele, batia/Dela o coração também.” (Manuel
Bandeira)
• “Não te esqueças daquele amor ardente/que já nos olhos meus tão
puro viste.” (Camões)

Anáfora:
Na anáfora ocorre a repetição de palavras no início de versos, orações ou
períodos.
• “É um caco de vidro, é a vida, é o sol/É a noite, é a morte, é o laço,
é o anzol.” (Tom Jobim)
• “Era uma estrela tão alta! /Era uma estrela tão fria! /Era uma estrela
sozinha/Luzindo no fim do dia.” (Manuel Bandeira)

Assonância:
Na assonância ocorre a repetição harmônica e regular de sons vocálicos.
Aparece, predominantemente, na sílaba tônica da palavra.
• A pálida lágrima da Flávia.
• “Na messe, que enlourece, estremece a quermesse...” (Eugênio de
Castro)
Apóstrofe:
A apóstrofe é o chamamento ou invocação de alguém ou de algo
personificado. Equivale, sintaticamente, ao vocativo.
• “Pai, afasta de mim esse cálice, Pai” (Chico Buarque de Holanda)
• “É, Senhor, o contrário que mais temo!” (Bocage)

Polissíndeto:
No polissíndeto ocorre o uso excessivo e repetitivo de conjunções entre
palavras e orações.
• “Há dois dias meu telefone não fala, nem ouve, nem toca, nem tuge,
nem muge.” (Rubem Braga)
• “(…) e os desenrolamentos, e os incêndios, e a fome, e a sede; e
dez meses de combates, e cem dias de cancioneiro contínuo; e o
esmagamento das ruínas..." (Euclides da Cunha)

Assíndeto:
No assíndeto ocorre a ausência marcada de elementos de ligação entre
palavras e orações, como conectores e conjunções.
• “Luciana, inquieta, subia à janela da cozinha, sondava os
arredores, bradava com desespero, até ouvia duas notas
estridentes, localizava o fugitivo, saía de casa como (…)”
(Graciliano Ramos)
• “A tua raça quer partir, /guerrear, sofrer, vencer, voltar.” (Cecília
Meireles)

Sinédoque:
Na sinédoque ocorre a substituição de um termo por outro com sentido
mais reduzido ou mais amplo, havendo uma substituição desigual, como
o singular pelo plural, a classe pelo indivíduo, ...
• O aluno deverá manter o silêncio na biblioteca.
• Quanto mais o Homem constrói, mais o Homem destrói.
Paronomásia:
Na paronomásia são utilizadas palavras parônimas na realização de jogos
de palavras.
• “Exportar é o que importa.” (Delfim Netto)
• O passarinho pousou e posou, sentindo-se uma águia.

Paronomásia:
Na paronomásia são utilizadas palavras parônimas na realização de jogos
de palavras.
• “Exportar é o que importa.” (Delfim Netto)
• O passarinho pousou e posou, sentindo-se uma águia.

Alegoria:
A alegoria é conjunta simbólica que visa transmitir uma mensagem com
um segundo sentido, além do sentido literal das palavras.
• “A vida é uma ópera, é uma grande ópera. [...] Há coros numerosos,
muitos bailados, e a orquestra é excelente…” (Machado de Assis)
• Em rio que tem piranha, jacaré nada de costas. (provérbio popular)

Anástrofe:
Na anástrofe (ou inversão) ocorre uma leve inversão na ordem normal das
palavras numa frase.
• “Passarinho, desisti de ter.” (Rubem Braga)
• “Memória em nós do instinto teu.” (Fernando Pessoa)
Hipálage:
Na hipálage ocorre a atribuição de uma característica de um ser ou objeto
a outro ser ou objeto que se encontra relacionado com ele ou próximo
dele.
• “Fumando um pensativo cigarro.” (Eça de Queirós)
• “O silêncio desaprovador dos meus colegas.” (Camilo Castelo
Branco)

Sínquise:
Na sínquise ocorre uma inversão de tal forma violenta na ordem normal
das palavras na frase que leva à desconstrução dessa frase.
• “A grita se alevanta ao Céu, da gente.” (Camões).
• “Enquanto manda as ninfas amorosas grinaldas nas cabeças pôr
de rosas.” (Camões)
Funções da linguagem: As funções da linguagem representam as
diferentes formas de utilização da linguagem na comunicação. A
mensagem muda conforme o objetivo do emissor e em função do
contexto em que o ato comunicativo ocorre.

Função referencial ou denotativa:


A função referencial, também chamada de função denotativa, tem como
principal objetivo transmitir uma informação, ou seja, informar sobre um
determinado assunto. Privilegia o uso de uma linguagem clara e objetiva,
baseada em fatos e dados concretos, transmitida de forma impessoal,
sem subjetividade e sentimentalismo.
Características da função referencial ou denotativa:
• Transmite uma informação de forma clara, objetiva e direta;
• Informa sobre a realidade, tendo como base fatos e dados
concretos;
• É impessoal, não apresentando a opinião do emissor;
• Evita elementos subjetivos e emotivos;
• Utiliza uma linguagem denotativa;
• Utiliza a 3.ª pessoa do discurso;
• Utiliza orações estruturadas na ordem direta.
Onde se usa a função referencial ou denotativa:
• notícias de jornal;
• textos técnicos;
• artigos científicos;
• livros didáticos;
• documentos oficiais;
• correspondências comerciais.
Exemplos da função referencial ou denotativa:
• As tarifas dos transportes públicos aumentarão de preço no
próximo mês.
• Os artigos podem ser classificados em artigos definidos e artigos
indefinidos.
• Os médicos recomendam uma alimentação saudável e a realização
de exercício físico diário.
Na função referencial, a ênfase é dada ao contexto comunicativo, ou seja,
à situação de comunicação em que se encontram os interlocutores.

Função emotiva ou expressiva:


A função emotiva, também chamada de função expressiva, tem como
principal objetivo transmitir as emoções e sentimentos do emissor.
Assim, a mensagem é pessoal e subjetiva, tendo como base a visão do
emissor.
Características da função emotiva ou expressiva:
• A mensagem transmitida é subjetiva, conforme a visão do emissor;
• É pessoal, sendo utilizada a 1.ª pessoa do discurso (eu);
• Há a presença de interjeições que enfatizam o discurso;
• Utiliza pontuação que acentua a sua entonação emotiva, como os
pontos de exclamação e as reticências.
Onde se usa a função emotiva ou expressiva:
• poemas;
• cartas pessoais;
• memórias;
• autobiografias;
• depoimentos;
• entrevistas;
• músicas.
Exemplos da função emotiva ou expressiva:
• Ah, fiquei tão feliz com essa notícia!
• Minha nossa, sinto-me tão triste e cansado.
• Estou sentindo um ódio extremo dele.
Na função emotiva, a ênfase é dada ao emissor da mensagem,
transmitindo seus sentimentos e emoções.
Função conativa ou apelativa:
A função conativa, também chamada de função apelativa, tem como
principal objetivo influenciar e persuadir o receptor. É um apelo para que
a pessoa que recebe a mensagem faça algo, tenha um determinado
comportamento ou atitude.
Características da função apelativa ou conativa:
• Predomina o uso de verbos no imperativo;
• Utiliza a 2.ª ou 3.ª pessoa do discurso (tu e você);
• Há a presença de vocativos que direcionam a mensagem;
• Recorre a pontos de exclamação para enfatizar o discurso.
Onde se usa a função apelativa ou conativa:
• publicidades;
• propagandas;
• discursos políticos;
• sermões religiosos;
• livros de autoajuda;
• horóscopo.
Exemplos da função apelativa ou conativa:
• Aproveite as melhores ofertas!
• Não perca esta chance! Ligue ainda hoje!
• Cidadão consciente, vote em mim!
Na função apelativa, a ênfase é dada ao receptor da mensagem, sendo um
apelo dirigido diretamente ao destinatário da mensagem.
Função poética:
A função poética tem como principal objetivo transmitir uma mensagem
elaborada, formalmente estruturada, com as palavras cuidadosamente
selecionadas para produzir um resultado estético. A ênfase dada à
própria mensagem.
Características da função poética:
• Utiliza uma linguagem elaborada e cuidada;
• Dá importância ao ritmo, melodia e sonoridade das palavras;
• Procura o que é belo e inovador;
• Valoriza o sentido conotativo das palavras;
• É utilizada maioritariamente na poesia.
Onde se usa a função poética:
• poemas;
• obras literárias;
• letras de músicas;
• publicidade;
• propaganda.
Função fática:
A função fática tem como principal objetivo estabelecer ou manter um
canal de comunicação entre o emissor e o receptor. É utilizada quer para
iniciar a transmissão da mensagem, quer para assegurar a sua
continuação e verificar que a mensagem está sendo entendida.
Características da função fática:
• Recorre a frases interrogativas para obter resposta do receptor.
• Utiliza interjeições e onomatopeias para manter o discurso.
Onde se usa a função fática:
• cumprimentos;
• saudações;
• conversas telefônicas.
Exemplos da função fática:
• Alô! Alô?
• Bom dia!
• Não é mesmo?
• Sei...
• Hum... hum...
Na função fática, a ênfase é dada ao canal comunicativo, ou seja, ao meio
no qual ou pelo qual a mensagem é transmitida.
Função metalinguística:
A função metalinguística tem como principal objetivo usar o código
comunicativo para explicar o próprio código comunicativo.
Características da função metalinguística:
• Utiliza o código como tema da mensagem.
• Tem uma função explicativa.
Onde se usa a função metalinguística:
• dicionários;
• gramáticas.
Exemplos da função metalinguística:
• O código linguístico é um sistema de signos usados na construção
de mensagens.
• Uma mensagem é uma comunicação oral ou escrita que visa
transmitir uma informação.
Na função metalinguística, a ênfase é dada ao código comunicativo, ao
conjunto de signos e sinais utilizados na transmissão da mensagem.
Funções da linguagem e elementos da comunicação:

As seis funções da linguagem encontram-se diretamente relacionadas


com os elementos da comunicação: emissor, receptor, mensagem, canal,
código e contexto.
Para haver comunicação, é necessário que todos os elementos da
comunicação estejam presentes. É preciso que haja a transmissão de
uma mensagem por parte de um emissor e a recepção dessa mesma
mensagem por parte de um receptor. A mensagem deverá estar
codificada com um código que seja do conhecimento dos interlocutores e
ser transmitida num determinado contexto, por um determinado canal.

Funções da linguagem Elementos da comunicação

Função referencial ou denotativa contexto

Função emotiva ou expressiva emissor

Função apelativa ou conativa receptor

Função poética mensagem

Função fática canal

Função metalinguística código


Vícios de linguagem:

Embora frequentes no dia a dia dos falantes, os vícios de linguagem são


desvios gramaticais, ou seja, palavras, expressões e construções que
fogem às regras da norma padrão ou norma culta. Os vícios de linguagem
ocorrem, normalmente, por falta de atenção e pouco conhecimento dos
significados das palavras pelos falantes.

Barbarismo:
Erros de pronúncia, acentuação, ortografia, flexão e significação são
considerados barbarismo.
Erros de pronúncia:
• pograma (correto = programa)
• reintero (correto = reitero)
• beneficiente (correto = beneficente)
Erros de acentuação:
• rúbrica (correto = rubrica)
• gratuíto (correto = gratuito)
• púdico (correto = pudico)
Erros de ortografia:
• mecher (correto = mexer)
• quizeram (correto = quiseram)
• geito (correto = jeito)
Erros de flexão:
• deteu (correto = deteve)
• proporam (correto = propuseram)
• cidadões (correto = cidadãos)
Erros de significação:
• meus comprimentos (correto = meus cumprimentos)
• o conserto da Rita Lee (correto = o concerto da Rita Lee)
• o acento da bicicleta (correto = o assento da bicicleta)
Solecismo:
Erros de sintaxe (concordância, regência e colocação pronominal) são
considerados solecismo.
Erros de concordância:
• a gente vamos (correto = a gente vai)
• fazem dois dias (correto = faz dois dias)
• haviam muitas vagas (correto = havia muitas vagas)
Erros de regência:
• chegamos no colégio (correto = chegamos ao colégio)
• sempre obedeci meu pai (correto = sempre obedeci ao meu pai)
• vamos na praia (correto = vamos à praia)
Erro de colocação pronominal:
• não enganei-me (correto = não me enganei)
• foi ela que chamou-me (correto = foi ela que me chamou)
• compraremos-te um carro (correto = comprar-te-emos um carro)

Pleonasmo vicioso ou redundância:


Ocorre pleonasmo vicioso ou redundância quando há uma repetição de
ideias desnecessária para a transmissão do conteúdo da frase.
Exemplos:
• Vamos entrar para dentro.
• Vamos adiar para depois.
• Vamos encarar de frente.
Ambiguidade ou anfibologia:
Nas frases sem clareza ou com duplo sentido ocorre ambiguidade ou
anfibologia.
Exemplos:
• A professora levou o aluno para sua sala. (de quem é a sala?)
• Paula conversou com Helena sobre seu trabalho. (de quem é o
trabalho?)
• A cachorra da sua prima é mal-humorada. (a prima é uma cachorra
ou tem uma cachorra?)

Cacofonia ou cacófato:
Ocorre cacofonia ou cacófato quando a pronúncia de palavras seguidas
produz um som desagradável ou sugere outra palavra menos apropriada.
Exemplos:
• Eu beijei a boca dela.
• Eu não vi ela.
• Me dá uma mão.

Eco:
Dissonâncias causadas por terminações iguais nas palavras são
consideradas eco.
Exemplos:
• Tem gente que, por mais que tente, não consegue ser diferente.
• Nesta cidade não há honestidade, apenas vaidade.
Hiato:
Dissonâncias causadas por sequências de vogais idênticas ou
semelhantes são consideradas hiato.
Exemplos:
• Ana a ama muito.
• Ou eu ou ele estaremos lá.

Colisão:
Dissonâncias causadas por sequências de consoantes idênticas ou
semelhantes são consideradas colisão.
Exemplo:
• Essa saia suja é da Sara.
• Fazendo fiado fico freguês.

Vulgarismo:
O uso de expressões que não se enquadram no padrão culto é
considerado vulgarismo.
Vulgarismo fonético:
• Vamo brincá? (correto = Vamos brincar?)
• Brincadera boba! (correto = Brincadeira boba!)
• Põe mais sau, por favor. (correto = Põe mais sal, por favor.)
Vulgarismo morfológico e sintático:
• Custa cinco real! (correto = Custa cinco reais!)
• Os menino vem aí. (correto = Os meninos vêm aí.)
• Eu vi ele na rua. (correto = Eu vi-o na rua.)
Plebeísmo:
Refere-se a gírias, calão e expressões populares que indicam falta de
instrução e erudição.
Exemplos:
• Fala mané!
• Fiquei bolado com essa parada.
Nota: Também a utilização de chavões é considerada por muitos autores
como vício de linguagem, por empobrecer o discurso e limitar a
autonomia do pensamento humano.
Exemplos:
• A união faz a força.
• Cada macaco no seu galho.

Estrangeirismo:
Considerado por alguns autores como barbarismo, o estrangeirismo
consiste no uso exagerado e desnecessário de palavras de outros
idiomas em vez das formas equivalentes em português.
Exemplos:
• show (em português = espetáculo)
• drink (em português = bebida ou drinque)
• delivery (em português = entrega em domicílio)

Neologismo:
Consiste na criação exagerada de novas palavras, muitas vezes
desnecessárias, por já haver palavras análogas no português.
Exemplos:
• Já chega de tuitar.
• Deleta essa informação, por favor.
• Manjo bem esse assunto.
Arcaísmo:
Refere-se à utilização de palavras ou expressões em desuso.
Exemplos:
• Venha, menina, asinha!
• Vosmecê precisa de ajuda?

Preciosismo e prolixidade:
Referem-se a uma linguagem exacerbada para referir ideias normais, bem
como ao excesso de palavras para transmitir ideias simples, prejudicando
a clareza e naturalidade do discurso.

Exemplos:
• Minha progenitora, transtornada com meu insubmisso agir,
procrastinou nossa viagem intercontinental.
• Estivesse eu rejubilante e álacre em vez de apreensiva e
inconformada com as vicissitudes de meu viver.
Fique sabendo mais!
Existem ainda outros vícios de linguagem como: gerundismo (uso
excessivo e desnecessário do gerúndio), queísmo (uso excessivo e
desnecessário do pronome que) e paraquema (sílaba final e inicial iguais
em palavras seguidas – uma marca), entre outros.

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