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Introdução
As atividades físicas e desportivas, desde sempre, se integraram completamente nas
dinâmicas da sociedade do seu tempo. Estas refletem as necessidades do ser humano na
procura da melhor adaptação das suas capacidades motoras às exigências das condições de
vida. Por exemplo, os Jogos Olímpicos da Antiguidade eram encarados como festividades
religiosas e serviam para eleger os indivíduos mais fortes, mais rápidos e mais resistentes. Os
vencedores eram recebidos como heróis, chegando mesmo a existir estátuas suas. No entanto,
estes Jogos foram abolidos por causa da grande corrupção e por serem espetáculos de grande
violência.
● Indústrias multinacionais e de
equipamento desportivo (Nike, Adidas,
Puma, New Balance). O desporto levou
assim ao desenvolvimento tecnológico
e industrial, por contribuir para a
construção e invenção de novos
materiais.
● Aparecimento de
desportiva, como atletas, treinadores,
fisioterapeutas, médicos, jornalistas, etc.
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● A promoção cultural, comercial e turística de uma cidade, região ou país. Assim,o
desporto promove o desenvolvimento económico do país e atrai turistas para a região.
● A organização de grandes espetáculos desportivos, que influenciam o investimento de
grandes verbas no marketing e publicidade. Estes eventos reunem milhares de
espetadores e implicam trocas comerciais de milhões de euros. Para além disso, a
organização de eventos grandes como os Jogos Olímpicos enaltece o governo do país
anfitrião e dá uma boa imagem política.
Fig. 3 - a mídia
internacional elogiou o
sucesso dos Jogos Olímpicos
do Brasil, em 2016.
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Fig. 4 - Os cinco anéis Olímpicos representam a união entre os cinco continentes, e assim, a
união do Mundo.
Desigualdade de género
A desigualdade de género é um fenómeno social caracterizado pela discriminação
e/ou preconceito com outra pessoa por causa do seu género. A desigualdade de género no
desporto pode acontecer em vários aspetos, como:
Fig. 5 - Diferença no
vestuário masculino e
feminino da equipa
norueguesa de Andebol
de Praia.
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Igualdade de género no desporto em Portugal
Apesar de se notarem alterações positivas, no nosso país existem menos praticantes
desportivos femininos do que masculinos. Entre os 15 e os 19 anos, há uma certa aproximação
em relação aos praticantes masculinos; contudo, a partir dos 20 anos, dá-se uma acentuada
quebra no número de praticantes femininos, motivados essencialmente por fatores de ordem
familiar e cultural. Em relação ao Desporto Federado, e num universo de quarenta federações
desportivas, a percentagem de praticantes femininas é de apenas 1%.
Em muitos clubes, as equipas femininas são as primeiras a acabar assim que surgem
dificuldades financeiras. O desporto feminino recebe pouca atenção, tanto da imprensa escrita
como da audiovisual.
“Neste momento já não existe equipa feminina porque 4 treinadores saíram do clube de uma
só vez e as jogadoras decidiram segui-los. Dada a escassez de praticantes femininos, o clube
não consegue criar equipa. O motivo pelo qual saíram foi principalmente pelo facto de estarem
extremamente descontentes com o pouco investimento na equipa feminina, nomeadamente
no equipamento e no material de treino.”
“Em Albufeira só existem duas equipas de futebol feminino: no Guia FC e nas Ferreiras. Apesar
de o futebol feminino estar a crescer bastante, os clubes continuam a não querer investir na
vertente feminina, estando mais focados em construir uma boa equipa masculina. Penso que
as raparigas não têm tanto interesse no futebol e há aquele pensamento de que o futebol é um
desporto demasiado masculino para meninas. Às vezes também se diz que uma rapariga não
sabe jogar futebol só por ser rapariga. Tudo isso contribui para que haja poucas a praticar.”
Situação da Natação do Futebol Clube das Ferreiras (opinião de atleta que frequentou o
clube durante 5 anos)
Situação da Acro Al-Buhera (opinião de uma atleta de competição que pratica ginástica há 12
anos)
“Acredito que haja igualdade na oferta; os clubes recebem de igual modo rapazes e raparigas.
Em relação ao interesse, na minha opinião muitos rapazes não querem vir para a ginástica
porque têm medo de que outros rapazes gozem com eles e que sofram comentários como “se
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andas na ginástica és gay”. De resto há tantas competições para rapazes e como para
raparigas, e não há qualquer discriminação dentro do clube.”
Opinião de uma ex-atleta que praticou ginástica durante 8 anos na Acro Al-Buhera e que se
mudou para o Norte do país: “A oferta no desporto é muito maior e diversificada aqui no
Norte. A cultura é diferente e valoriza-se muito mais o desporto e a competição. Nunca tinha
visto o futebol feminino como opção e aqui é bastante aceite e há mais gente a praticá-lo.”
“Sinto que, apesar de o número de raparigas ser sempre inferior ao dos rapazes no ténis, a
oferta e o apoio, pelo menos em escalões mais jovens, são iguais para todos. Os grupos são
mistos e o treinador revela o mesmo interesse em apoiar rapazes e raparigas. No entanto, a
partir dos sub18 o número de praticantes femininos começa a baixar muito porque as atletas
começam a desistir. Penso que desistam por causa da pressão das competições, do insucesso
em provas internacionais (os
portugueses têm melhor
desempenho em provas
internacionais do que as
portuguesas), da falta de
exemplos de sucesso no ténis
mundial feminino, da escassez de
colegas de treino femininas e, no
geral, da desmotivação. O ténis é
um desporto muito caro e há falta
de apoio financeiro, mas isso não
se aplica apenas às mulheres.
Todavia, comparado a alguns
anos atrás, o número de atletas a
continuar a jogar ténis durante o
período em que frequentam a universidade aumentou, visto que os tenistas portugueses
conseguem obter uma bolsa (parcial ou total) para estudar nos Estados Unidos e competir no
circuito universitário. Constitui uma excelente opção (o nível é bom e o ambiente fantástico) e
praticamente todos os atletas de competição conseguem obtê-la, não havendo quaisquer
desigualdades.” Fig. 6 - Representei a seleção nacional no Campeonato
Europeu de Inverno, na República Checa.
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Experiência desportiva da Beatriz (praticou basquetebol num clube durante 6 anos e futebol)
“Na maioria dos desportos coletivos, os papéis fundamentais para que tudo corra bem são
interpretados pelos jogadores e treinados, porém o que poucos sabem é que para haver
conforto numa equipa é necessário que clube da mesma disponha
condições para tal. Contudo, durante os 6 anos a praticar
basquetebol, num clube, a minha equipa e eu sempre tivemos
equipamentos de segunda, para não falar dos transportes para os
encontros e das condições dos treinos, que eram más relativamente
às coisas que o clube fornecia à equipa masculina. Embora o facto
de os nossos treinadores sempre terem tentado diminuir esta
discriminação, sentíamos que não nunca nos era reconhecido
mérito. Devido a esta gigantesca discriminação os treinadores
optaram por sair do clube e levaram consigo as jogadoras. Para
além desta grande desigualdade no basquetebol, temos uma ainda
maior no futebol e infelizmente não é preciso praticar o desporto
para perceber que existe pouco ou quase nenhum reconhecimento
para as mulheres que praticam futebol por parte da sociedade.”
“Durante os cerca de 6 anos em que pratiquei natação, sempre tive uma boa experiência,
nunca tendo problemas com discriminação. Porém a minha experiência com o desporto está
mais relacionada com as aulas de educação física. Aí sempre houve um sentido de
discriminação por parte de alguns dos meus colegas, principalmente nos primeiros anos da
disciplina. Eram comuns situações em que, em equipas mistas, os rapazes apenas passavam a
bola a outros rapazes e caso passassem a raparigas, não as deixavam prosseguir com o jogo,
pedindo quase imediatamente a bola de volta. Podiam começar a incluir raparigas no grupo de
pessoas que consideravam dignas de tocar na bola, mas estas precisavam primeiro de se
esforçar para provarem o seu valor, ao contrário dos rapazes que eram desde início sempre
tidos em conta. Isto porque acreditavam que os rapazes eram melhores em atividades
desportivas comparados com as raparigas, o que em certos contextos poderia começar a ser
visível, mas não devido ao género, devido ao facto de que, se a oportunidade de praticar não
lhes era permitida pelos colegas, melhorar tornava-se algo muito mais difícil de fazer.”
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A transmissão televisiva tem um papel significativo no reconhecimento do desporto,
sendo que é necessário apostar na cobertura de, não só jogos masculinos, como também
femininos. A exposição ao público vai aumentar o reconhecimento e o interesse nesse
desporto, que por sua vez vai aumentar o número de espetadores, as receitas do clube e vai
garantir a igualdade de salários, a satisfação das jogadoras e a elevação da qualidade de jogo.
Evitar que os jovens abandonem a prática desportiva é uma obrigação que implica
muita atenção, cuidado na programação do treino e capacidade de motivação por parte do
treinador. O fomento de boas relações entre atleta e treinador é um elemento essencial para
que a paixão pelo desporto se mantenha.
Conclusão
Com este trabalho é possível concluir que é necessário investir no desporto para
combater o sedentarismo e estilos de vida não saudáveis. É necessário combater as
desigualdades, pois só assim haverá mais praticantes femininos em Portugal e no mundo. Isto
começa com o incentivo por parte dos pais e educadores para a prática desportiva e a
valorização do desporto. A erradicação dos preconceitos é urgente e só assim se vai
reconhecer e apreciar por completo o desporto feminino.
Bibliografia e Webgrafia
COSTA, Manuela; COSTA, Aníbal. Educação Física 10|11|12; Areal Editores; 2019
https://www.dn.pt/desportos/a-igualdade-de-salarios-entre-homens-e-mulheres-ficou-no-
papel-e-as-jogadoras-estao-revoltadas-12264431.html (consultado a 6/3/2022)
Imagens Google