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Teste de avaliação
de conhecimentos
GRUPO I A
Lê o poema seguinte.
Áudio
«Tanto de meu estado me
acho incerto»
Tanto de meu estado
CD áudio • faixa 31 me acho incerto
- Tanto de meu estado me acho incerto,
- que em vivo ardor tremendo estou de frio;
- sem causa, juntamente choro e rio,
- o mundo todo abarco e nada aperto.
1
5 Luís de Camões, Rimas
Apresenta de forma clara e bem estruturada as tuas respostas aos itens que se seguem.
3. Identifica o recurso expressivo presente nos dois últimos versos da segunda quadra que
contribui para acentuar o «desconcerto» do sujeito poético.
3.1 Justifica.
4. Indica os versos nos quais a referência ao tempo psicológico exprime o desconcerto in-
terior.
B
Lê a primeira volta de um vilancete de Camões:
Partindo destes versos, e fazendo apelo à tua experiência de leitura da lírica tradicional de
Camões, expõe a visão do amor, da amada e do amador que encontraste na lírica tradi- cional
camoniana. Deves referir pelo menos um poema lido.
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5
GRUPO II
Recordando Camões
- Mas vou reportar-me à minha infância, não por pendor egocentrista, creiam: só
- porque ela me testemunha a mim própria o que a fome do que é belo pode fazer
- acontecer – para o povo e para a criança. (…)
- Passava umas férias no Norte, onde viviam parentes paternos. Um deles, meu
5 tio-avô, era um modesto lavrador que tinha aprendido a ler – e nada mais. Delica-
- do, magrinho, loiro, de olhos azuis estremecidos: sempre uma beata mordida ao
- canto dos lábios. (…) Delicado, por compleição e por feitio, raridade de quem tinha
- as mãos todos os dias afeiçoadas à enxada e ao aguilhão1 dos bois, ganhou por tal
- raridade entre os da sua aldeia uma alcunha mimosa: Tio João Porcelana. (…)
10 Pois Tio João Porcelana, do primeiro andar da sua casa de granito, escuro pelo
- tempo e por tantos dias de boroas cozidas na chaminé, ali de uma janelinha qua-
- se do seu tamanho a fazer-lhe moldura, dizia de cor Os Lusíadas com a voz cheia
- de modulações que me embalavam; e dizia o que eu depois vim a saber que eram
- sonetos porque não mais se esquece que «o amor é fogo que arde… e se não vê»; e
15 dizia que «perdigão perdeu a pena» de tal maneira que a pena era mesmo perdida.
- Mas, acima de tudo, ficou nos meus ouvidos de criança o marulhar estranho dos
- versos épicos que ressoavam naquele pátio de aldeia improvisado com uma janela
- de granito escuro: ficava o escorrer triste e sereno da morte de Inês; ficava Vénus
- num monte doirado onde talvez as pinhas fossem acres maçãs de pele de sol.
20 Eu estava sentada na pedra que fazia de canteiro2 à cepa3 da latada4: era o meu
- balcão, ou antes plateia. Era tudo pobreza e sonho. Corriam assim as horas quentes
- de verão. Não receio de parecer ridícula se vos confessar uma coisa: há anos, quan-
- do pude visitar a casa atribuída a Shakespeare, casa de requinte histórico que por
- si só ergue um espaço teatral, lembrei-me, e poderosamente, do cenário pobre da
25 minha infância, feito de fumos, de sol saído pelas latadas, da velha e pequena figura
- de porcelana que dizia Camões, talvez mal, mas com a magia e com a música que se
- não apagaram. E a minha memória da infância é singularmente frágil, delida5. (…)
- O Tio João Porcelana dizia [Camões] com a paixão de quem contava uma histó-
- ria de família, uma história que eu, sem outras histórias, estava desejosa de saber.
30 Tantos anos se passaram!
Matilde Rosa Araújo, «Ler Camões com crianças e com jovens», in Estudos sobre Camões – Páginas do
Diário de Notícias dedicadas ao poeta no 4º centenário da sua morte,
Lisboa, INCM/Editorial Notícias, 1981, pp. 223-224.
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5 Luís de Camões, Rimas
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espécie de pau aguçado para espicaçar os bois; 2 suporte; 3 vide; 4 ramada; 5 apagada
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1. Para responder a cada um dos itens de 1.1 a 1.5, seleciona a única opção que permite
obter uma afirmação correta.
Escreve, na folha de respostas, o número de cada item e a letra que identifica a opção
escolhida.
1.1 A enorme necessidade que a narradora tinha de ouvir na infância o seu tio-avô a
declamar Camões é traduzida no primeiro parágrafo através de uma
(A) hipérbole. (B) comparação. (C) apóstrofe. (D) metáfora.
1.4 A autora confessa, no quarto parágrafo, não recear parecer «ridícula», l. 22, apesar de
(A) ter associado a singela morada do seu avô a um espaço cultural ilustre.
(B) se ter lembrado do tio-avô ao visitar a casa de Shakespeare.
(C) se lembrar do tio-avô a recitar poesia quando visitou a casa de Shakespeare.
(D) se ter lembrado de uma infância pobre, num contexto de riqueza.
1.5 O conector que inicia a frase «E a minha memória da infância (…)», l. 27, só pode ser
substituído, mantendo a frase uma relação idêntica com a informação anterior, por
(A) uma vez que.
(B) no caso de.
(C) por isso.
(D) no entanto.
GRUPO III
Escreve um texto no qual exponhas as tuas ideias sobre o amor, procurando apresentar
uma resposta à pergunta feita por Camões num célebre soneto: se o amor causa tantos
problemas às pessoas, porque é que se apaixonam?
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5 Luís de Camões, Rimas
O teu texto deve ter entre 200 e 300 palavras e deve estruturar-se nas três partes
habituais.