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Ferdinand Lassale
Hans Kelsen
Konrad Hesse
O conceito normativo de Constituição foi criado por outro alemão: Konrad Hesse. Para o
doutrinador, toda Constituição tem força normativa e, por isso, por ser uma norma cogente, tem
força para, por si só, ser aplicada e respeitada, independentemente de representar o somatório dos
fatores reais de Poder da sociedade.
A ideia de força normativa da Constituição é uma das principais conquistas do
constitucionalismo contemporâneo – o Neoconstitucionalismo. A força dada pela Constituição em si
mesma é um dos fundamentos trazidos para o constitucionalismo contemporâneo.
Pactuada (dualista): Originou-se da Magna Carta editada pelo Rei João Sem Terra, no ano de 1215.
A Constituição foi denominada de “pactuada” porque decorreu do pacto celebrado entre o monarca
e o parlamento do qual surgiu o habeas corpus e o devido processo legal.
Constituição Imutável: Constituição imutável é aquela que não pode ser modificada por um
determinado período de tempo.
Material: É aquela que somente traz conteúdos essenciais do Estado, como, por exemplo, os direitos
e garantias fundamentais, organização do Estado e organização dos Poderes.
Balanço: É aquela submetida a uma análise, de tempos em tempos, para verificar os resultados
negativos e os avanços atingidos. Para exemplificar, podemos citar a Constituição da União das
Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS)
Garantia: É aquela que agrega direitos da primeira dimensão
Outras classificações:
• Constituição Suave (ou dúctil): O conceito foi criado pelo professor italiano Gustavo
Zagrebelsky. Para o referido professor, Constituição suave é aquela sem exageros, não possuindo
normas ou preceitos difíceis de cumprir.
• Elementos limitativos: Os elementos limitativos são aqueles que limitam o poder estatal e, por
isso, protegem os cidadãos. São os direitos e garantias fundamentais e os direitos e garantias
individuais. Estão relacionados aos direitos de primeira dimensão.
→ Preâmbulo:
– Parte inicial da Constituição;
– Parte não obrigatória;
– Não precisa fazer menção a Deus;
– Não é norma de repetição obrigatória;
– Não serve como parâmetro de interpretação.
→ Intervenção federal;
– Como a autonomia dos entes federativos é um dos pressupostos da federação, a decretação de
intervenção federal deve ser excepcional.
→ Estado de defesa;
– Situação de média gravidade.
→ Estado de sítio;
– Situação de alta gravidade;
– Pode ser adotado em duas situações: Ineficiência do estado de defesa e Guerra declarada.
Atos Normativos Primários: Ato que tira a sua força normativa diretamente da Constituição. Em outras
palavras, é o ato que se submete a controle de constitucionalidade. Não existe hierarquia entre os atos
normativos primários. O constituinte originário é o criador e o constituinte derivado, a criatura.
• Lei Complementar;
• Lei Ordinária;
• Lei Delegada;
• Medida Provisória;
• Resoluções e Decretos Legislativos;
• Decretos Autônomos;
• Regimento Interno;
• Tratado Internacional que não verse sobre direitos humanos
• Resoluções dos Tribunais;
• Resoluções do Conselho Nacional de Justiça;
• Resoluções do Conselho Nacional do Ministério Público.
ATENÇÃO: Um tratado internacional que verse sobre Direitos Humanos nunca terá status próprio de lei.
Princípio da Supremacia da Constituição e sua Possível Relativização: Uma das característica dos
direitos fundamentais é a relatividade. Por isso, havendo choque entre normas constitucionais, uma
delas cederá espaço para outra. Portanto, a supremacia da Constituição não é absoluta e pode haver
a relativização. Isso ocorre no exemplo da modulação temporal dos efeitos da decisão, qualquer juiz
ou Tribunal do país pode fazer a modulação temporal dos efeitos.
Juízo de Recepção ou Revogação: Uma lei editada no cenário pós-Constituição vai ser compatível
(constitucional) ou incompatível (inconstitucional). Porém, existiam normas antes da Constituição,
ou seja, essas normas podem ter sido recepcionadas ou revogadas no caso de serem,
respectivamente, compatível ou incompatível com a Constituição de 1988. O Brasil não aceita a
tese da inconstitucionalidade superveniente, logo a norma não se torna inconstitucional, ela
simplesmente é revogada. O mesmo vale para as emendas.
ATENÇÃO
• Uma Lei Ordinária pode revogar uma Lei Ordinária.
• Uma Lei Complementar pode revogar um Lei Complementar.
• Uma Lei Complementar pode revogar uma Lei Ordinária.
• Uma Lei Ordinária não pode revogar uma Lei Complementar, em regra. Exceção: Quando a LC
versar sobre uma materia de competência da LO
→ a Constituição de um estado não pode exigir Lei Complementar para assuntos que a Constituição
Federal não exigiu
Decreto Regulamentar: O Decreto Regulamentar tem esse nome porque serve para regulamentar;
ele se submete à lei, que se submete à Constituição. Logo há respectivamente o controle de
legalidade e de constitucionalidade. O Decreto Regulamentar não pode submeter-se ao controle de
constitucionalidade, porque é ato normativo secundário.
Decreto Autônomo: É criado pela EC n. 32/2001 e materializa-se nas situações do art. 84, VI, “a” e
“b”. Esse decreto não regulamenta nenhuma lei, mas se sujeita diretamente ao controle de
constitucionalidade, portanto é ato normativo primário.
• Teoria Italiana (Vezio Crisafulli): Nasce da crítica à Teoria trazida por Thomas Cooley, que não
falava das normas programáticas. Na Teoria Italiana são citadas, pela primeira vez, as normas
programáticas. Esse tipo de norma careceria de políticas públicas por parte do governo.
• J. H. Meirelles Teixeira: primeira a falar sobre eficácia e aplicabilidade das normas no cenário
brasileiro. No entanto, falava apenas de eficácia plena e eficácia limitada.
Normas de eficácia plena: Nascem com aplicabilidade direta, imediata e integral. Desde a
promulgação da Constituição, as normas de eficácia plena já podem produzir todos os seus efeitos.
Exemplos: remédios constitucionais e gratuidade do transporte urbano para idosos com mais de 65
anos.
Normas de eficácia contida: Nasce igual a plena, mas pode ser contida. Michel Temer chama de
norma de eficácia restringível, redutível. A norma de eficácia contida nasce com aplicabilidade
direta, imediata, mas é possivelmente não integral. Exemplos: princípio da liberdade do exercício
profissional e prisão civil por dívida. 100% - Lei = 50%
- Michel Temer chama a norma contida de norma restringível ou redutível.
Normas programáticas
De caráter programático (as normas programáticas): veicula programa de governo.
Exemplos: arts. 3º, 4º, 6º, 196, 205, 216. A Constituição dispõe que são direitos sociais, por
exemplo: a moradia; o objetivo do Brasil em construir uma sociedade livre, justa e solidária. Quem
precisa fazer isso é o governo, através de programas como o bolsa família, minha casa minha vida.
A norma programática é um dos braços da norma de eficácia limitada, logo ela também é indireta,
mediata e depende do complemento. Sem o complemento, a norma programática também tem
eficácia jurídica. O Ministro Celso de Melo afirmou que as normas programáticas não podem ser
uma promessa vazia e inconsequente do poder público. São nesses tipos de lei que vão dispor que o
governo tem que disponibilizar leitos nas UTIs, por exemplo, ou assegurar educação para as
crianças, já que esses tópicos estão na Constituição como um compromisso com a sociedade.
ATENÇÃO
O art. 5º tem uma norma limitada: a defesa do consumidor em juízo. O restante do art. 5º é norma
contida ou norma plena.
O PULO DO GATO: As questões de prova costumam cobrar mais as normas de eficácia contida e
as normas de eficácia limitada, já que uma é o contrário da outra.
Outras Classificações
• Maria Helena Diniz: fala em normas de eficácia plena, contida e limitada. A grande contribuição é
de normas supereficazes ou de eficácia absoluta, que não poderiam ser modificadas nem mesmo por
emenda que viesse para contrariar. Ela está falando sobre as cláusulas pétreas. A crítica que se faz à
Maria Helena Diniz é que as cláusulas pétreas podem sim ser modificadas, mas não abolidas.
Métodos de Interpretação
• Método jurídico ou hermenêutico clássico: a Constituição deve ser encarada como uma lei. Então
os parâmetros usados para interpretar uma lei serão usados para interpretar a Constituição. Quem
interpreta o que o legislador queria ter dito vai se valer de critérios teleológicos, históricos,
gramaticais.
• Método científico espiritual: não se olha só para a literalidade da norma, mas parte-se da realidade
social (dinamicidade). Esse método tem a ver com a mutação constitucional, já que é algo dinâmico.
• Método normativo estruturante: não há a identidade entre o que se tem na norma jurídica e o que
se tem no texto normativo. A norma seria apenas um pedaço da realidade social.
PULO DO GATO: Os métodos que mais caem em provas são o método tópico-problemático e o
método hermenêutico-concretizador.
Princípios de Interpretação
O PULO DO GATO Para as provas, sempre que o examinador perguntar a diferença entre dois
conceitos, primeiro é necessário achar as semelhanças.
• Princípio da unidade da Constituição (o que mais cai): Segundo Eros Grau, a Constituição não
pode ser interpretada em tiras e é preciso olhá-la como um todo. Os artigos precisam ser lidos em
conjunto, pois se a leitura for separada, haverá problema. No princípio da unidade da Constituição,
o intérprete tem que buscar afastar aparentes antinomias (contradições na norma).
• Princípio do efeito integrador (ou eficácia integradora): O intérprete deve dar preferência a
critérios que favoreçam a integração política e social.
• Princípio da máxima efetividade (ou interpretação efetiva ou eficiência): nasce para as normas
programáticas. O intérprete busca maior efetividade social (efetividade social mais ampla).
• Princípio da concordância prática (ou harmonização): buscar com que os bens jurídicos coexistam
de forma harmônica.
• Princípio da força normativa da Constituição: obra do jurista alemão Konrad Hesse, que defende
que, a partir da ideia de que a Constituição tem força normativa por si só, há uma base estrutural
para dizer que tudo está submetido a ela. Nesse princípio interpretativo, o intérprete busca dar
preferência ao ponto de vista que confira maior eficácia à norma constitucional. Logo, o intérprete
não pode reduzir a eficácia da norma.
O PULO DO GATO: Lembre-se de que a regra geral nas provas é cobrar o poder constituinte
derivado entre todas as espécies que serão estudadas, até mesmo porque tem desdobramentos que
precisam ser perguntados.
“O gigante acordou”
Para o abade Emmanuel Sieyès, o titular do poder constituinte é a nação. Preste atenção na
diferenciação de nomenclatura. Mas o professor Pedro Lenza explica que na época do abade se
falava em nação como titular do poder constituinte. Atualmente, no entanto, o povo é o titular do
poder constituinte. Está presente no art. 1º da Constituição Federal a afirmação de que todo poder
emana do povo, que o exerce através de seus representantes ou diretamente, nos termos da
Constituição.
Existe uma democracia mista ou semidireta, na medida em que há elementos da democracia
direta (plebiscito, referendo e iniciativa popular de lei) e da democracia representativa ou indireta
(voto no representante, que, por sua vez, vota para defender os direitos do povo).
Então, nas manifestações de 2013, quando se falava que o gigante acordou, significava que o
povo acordou, pois o povo é o gigante, o titular do poder constituinte nos dias atuais. Existe uma
discussão para saber se o poder constituinte originário se esgota quando a CF é criada ou se ele
permanece em situação de latência, em outras palavras, dormindo. Logo, o gigante não estava
morto, e sim apenas dormindo.
O poder constituinte originário é permanente e latente. Ele não se esgota quando a CF é
feita. Diferencia-se entre histórico e revolucionário. O constituinte histórico é a primeira
Constituição de um país, que é o poder constituinte originário histórico. Por sua vez, o constituinte
revolucionário são todas as demais Constituições
O poder constituinte originário é inicial, rompe com a ordem jurídica anterior. Ele também é
autônomo e incondicionado. Não se pode falar em direito adquirido frente à nova Constituição,
justamente porque começa de novo o regime jurídico. Atualmente, não existe a pena de morte para
crimes hediondos, mas se houver uma nova Constituição, nada impede que o legislador originário,
na nova Constituição, trate da possibilidade da pena de morte para determinados crimes.
O poder constituinte originário é ilimitado juridicamente. Há no mundo o jusnaturalismo e o
juspositivismo. O Brasil é regido basicamente pelo juspositivismo, modelo germano-românico, mas
no país há uma interferência do direito natural. O PCO é ilimitado do ponto de vista jurídico, mas
pode sofrer interferências do direito natural, tanto que existe o princípio da proibição do retrocesso
social ou do efeito cliquet, segundo o qual as conquistas sociais da humanidade não poderiam
retroagir.
Teoria das Normas Constitucionais Inconstitucionais
Não cabe ação direta de inconstitucionalidade (ADI) para questionar alguma norma
originária, feita, por exemplo, em 5 de outubro de 1988, porque o Brasil não aceita a
inconstitucionalidade de normas que são originárias.
Se existir uma norma constitucional derivada, como uma emenda à Constituição Estadual,
ela pode ser declarada inconstitucional caso lesione o constituinte originário.
O PCO cria limites para fazer uma emenda à Constituição. Logo, se esse limite é violado, a
norma feita pelo poder constituinte derivado pode ser declarada inconstitucional
O constituinte originário rompe a ordem jurídica, por ser revolucionário, iniciando o jogo
novamente. Então, nesse caso, não pode haver invocação de direito adquirido frente à nova
Constituição.
Por exemplo: quando foi feita a Emenda Constitucional n. 103 de 2019, a Reforma da
Previdência, havia pessoas que já estavam com todos os requisitos preenchidos para ter o direito à
aposentadoria, mas só não tinham dado entrada no pedido. Se o indivíduo já tinha os requisitos para
se aposentar, de acordo com a legislação, antes da EC n.103, possui direito adquirido. A EC n. 103,
que é um poder constituinte derivado, não pode mexer na situação do indivíduo. E o governo está
respeitando esse direito adquirido porque ele é obrigado a respeitar.
Quando entra em vigor a nova Constituição, a Constituição anterior perde todo o seu efeito,
por meio da ab-rogação, ou seja, revogação total. No caso de conflito no tempo entre normas de
igual hierarquia, a norma posterior revoga a norma anterior. Mesmo as normas que mantêm a
compatibilidade com a nova Constituição são revogadas. Elas não se tornam inconstitucionais, e
sim são simplesmente revogadas.
Se o poder constituinte originário assim desejar, podem acontecer duas exceções: a
desconstitucionalização e a recepção material. Na primeira exceção, a Constituição anterior é
recebida com status de lei infraconstitucional. A premissa para ter a desconstitucionalização é que o
novo PCO tem que ser expresso. Isso aconteceu com a Constituição do Estado de São Paulo e com
a Constituição de Portugal, mas não com a Constituição brasileira.
Na segunda exceção, que já aconteceu com a CF/1988, da recepção material, mesmo depois
da promulgação da Constituição nova, a anterior continua valendo em caráter temporário e precário.
Assim como no caso da desconstitucionalização, a recepção só acontece se o constituinte for
expresso nesse sentido; do contrário, se nada for falado, deve-se considerar que a Constituição
anterior foi totalmente revogada.
1. Graus de Retroatividade
Por exemplo, um contrato de aluguel foi formado em 1987; a Constituição surgiu em 1988 e esse
contrato passou por esse período e continuou. A incidência da Constituição nesse contrato abrange a
ideia de retroatividade mínima, média ou máxima. Como a regra é a retroatividade mínima, em
1988 as próximas prestações sofrem a regra da Constituição, caso esta tenha mudado a regra do
contrato.
Na retroatividade média, se havia uma prestação pendente com vencimento no dia 1 de
outubro de 1988 e a Constituição entrou em vigor no dia 5 de outubro de 1988, a Constituição
abrangerá prestações pendentes de contratos firmados anteriormente.
E, no caso de retroatividade máxima, a Constituição irá abranger as prestações que já foram pagas
anteriormente.
A retroatividade mínima é a regra para manter a estabilidade nas relações comerciais.
É por isso que se fala em uma relação criatura-criador. As normas originárias não podiam ser
declaradas inconstitucionais. Não se falava em inconstitucionalidade entre normas originárias; se
houvesse choque, se resolveria pelo método da ponderação de interesses no caso concreto
ATENÇÃO:
Se uma emenda à Constituição Federal violar uma das limitações, pode ser declarada
inconstitucional? Sim.
Se a Constituição de um Estado violar a Constituição Federal, pode ser declarada inconstitucional?
Sim.
Se a Lei Orgânica do Distrito Federal violar a Constituição Federal, pode ser declarada
inconstitucional? Sim.
Norma editada por poder constituinte derivado pode ser declarada inconstitucional. Não pode ser
declarada inconstitucional norma editada pelo poder constituinte originário.
O primeiro aspecto que deve ser olhado é quem possui o poder constituinte derivado
decorrente.
O primeiro aspecto que deve ser olhado é quem possui o poder constituinte derivado
decorrente. A professora Noemia Porto é citada pela doutrina como quem melhor traduziu isso. De
acordo com a autora, o poder constituinte para no segundo grau de federação. O poder constituinte
seria a União, o segundo grau seriam os Estados e o terceiro grau seriam os Municípios. Se o poder
constituinte para no segundo grau de federação, os municípios não são poder constituinte, ou seja,
não possuem poder constituinte. A norma máxima do Município é a Lei Orgânica Municipal. Se o
Município não tem poder constituinte, a Lei Orgânica Municipal não pode ser chamada de
Constituição propriamente. Há uma extensão dada às Constituições dos Estados e à Lei Orgânica do
Distrito Federal, mas não à Lei Orgânica Municipal.
ATENÇÃO: Em um conflito entre Lei Municipal e Lei Orgânica Municipal, estar-se-á diante de
controle de legalidade, pois não se trata de poder constituinte.
Em relação ao Distrito Federal: O Distrito Federal não é um Estado nem um Município, e sim um
ente sui generis. Porém, ele se parece mais com um Estado, então, em regra, tem poder constituinte
derivado decorrente. O Supremo Tribunal Federal, inclusive, cita a Lei Orgânica do Distrito Federal
como a Constituição Distrital.
Na doutrina, porém, há dois critérios: formal e funcional. Pelo critério formal, a Lei
Orgânica do Distrito Federal não é poder constituinte derivado decorrente, pois tem forma de Lei
Orgânica, e não de Constituição. Porém, para o STF, a Lei Orgânica do Distrito Federal tem poder
constituinte, assim como para o critério funcional.
A CF estabeleceu que os Estados serão regidos por Constituição, mas deverão observar os
princípios que ela estabelece. O problema é que a CF não menciona quais são esses princípios,
então resta à doutrina estabelecê-los. O professor Uadi Lammêgo Bulos é o autor que costuma ser
mais seguido. Ele diferencia entre três princípios:
• Princípios constitucionais sensíveis: previstos no art. 34, VII, da CF. São assim chamados, pois se
forem violados, ocorrerá intervenção federal, ou seja, há a possibilidade de ajuizar uma ação direta
de inconstitucionalidade interventiva (ADI interventiva). Portanto, se esses princípios forem
violados, é possível relativizar a regra da federação (cada ente da federação possui autonomia)
Manifesta-se com as Emendas à Constituição (art. 60, CF). As ECs são fruto do poder
constituinte derivado reformador e modificam, acrescentam ou suprimem pontos do texto
constitucional.
As ECs são atos normativos primários com status diferenciado em relação aos demais, uma
vez que, na pirâmide de Kelsen, enquadram-se diretamente no texto constitucional.
Por ser “filha do poder constituinte originário”, a EC possui alguns limites, que estão
previstos, em sua maioria, no art. 60 da CF.
• Limitações circunstanciais: intervenção federal, estado de defesa ou estado de sítio são situações
de anormalidade na CF e, em razão disso, não é possível fazer Ecs.
- Em 2018, durante o governo Michel Temer, quando este queria emplacar a Reforma da
Previdência, foi decretada a intervenção federal na segurança pública do Rio de Janeiro. Por
consequência, a emenda que tratava da questão da Reforma da Previdência não pôde ir adiante.
• Limitações formais/procedimentais: também previstas no texto constitucional. Uma EC, para ser
aprovada, deve passar por dois turnos de votação em cada Casa do Congresso Nacional, com
quórum de 3/5 (60%) em cada uma das votações. Se aprovada, a EC é promulgada pelas mesas da
Câmara e do Senado. O Presidente da República só participa da promulgação caso ele seja o
propositor da EC. Ou seja, na PEC não há sansão nem veto e o Presidente não sanciona, não veta,
não promulga e não publica.
- A EC não precisa iniciar sempre na Câmara. A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) pode ser
apresentada por quatro legitimados: presidente da República, um terço da Câmara, um terço do
Senado ou mais de metade das Assembleias Legislativas. Qualquer um destes pode tratar de
qualquer um dos temas da Constituição. Não existe iniciativa privativa em matéria de PEC no
cenário federal.
- Não há prazo para promulgação de uma Emenda à Constituição e não é necessário respeitar um
prazo mínimo entre o primeiro e o segundo turnos de votação. Trata-se de uma maturação política
de dentro das casas, uma análise feita pelo Poder Legislativo.
• Limitações materiais (cláusulas pétreas): Pode-se aperfeiçoar e incluir direitos, mas retirar não é
possível.
O art. 5º, incontestavelmente, traz direitos e garantias individuais, mas ele foi modificado pela EC
n. 45/2004. Assim, inseriram três dispositivos: o princípio da razoável duração do processo, a
questão do Tribunal Penal Internacional e os tratados internacionais de direitos humanos, com a
aprovação do rito próprio das emendas, sendo equivalentes a estas.
• Limitações implícitas: não estão escritas de maneira expressa. Não poderiam mudar a titularidade
do poder constituinte e o Brasil não aceita a teoria da dupla revisão
- As limitações explícitas estão presentes no art. 60 da CF. Se esse artigo fosse retirado, seria
possível mexer nas limitações. Caso se tirassem do rol das cláusulas pétreas os direitos e garantias
individuais, se estaria livre para alterar o art. 5º como desejado. Seria uma forma escamoteada de
tirar a limitação expressa e, depois, o que ela protegia. Então, a teoria da dupla revisão é vedada
porque seria uma forma de fazer um subterfúgio e retirar aquilo que a CF queria proteger desde o
início. Ou seja, há limites implícitos ao poder de emenda, mas não há limitações temporais ao poder
de emenda em relação ao poder constituinte derivado reformador.
• Limitações temporais: atualmente não existem esses tipo de limitações, mas já existiram na CF de
1824, que proibia que a Constituição fosse modificada no prazo de 4 anos.
Exemplo²: O segundo exemplo é o art. 52, X, da CF, o qual dispõe que cabe privativamente ao
Senado Federal suspender, no todo ou em parte, norma declarada inconstitucional pelo STF. Porém,
o STF mudou de ideia e a decisão proferida, mesmo em controle difuso, quando partir do plenário
do STF, valerá com eficácia contra todos. Ou seja, não é preciso que o Senado suspenda a norma
declarada inconstitucional pelo STF, pois este mesmo o fará. O Senado passa a ter papel de dar
publicidade à decisão.
Princípios Fundamentais
- Título I os arts. 1º a 4º
O art. 60, § 4º, cita as cláusulas pétreas explícitas, mas a doutrina coloca os princípios fundamentais
como cláusula pétrea implícita.
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e
Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem
como fundamentos:
I – a soberania;
II – a cidadania; relação próxima aos direitos politicos
III – a dignidade da pessoa humana; o + importante
IV – os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; há uma clara relação com o
Capitalismo (arts. 1º e 170). O Brasil é um país capitalista e possui relações dentro dessa
lógica. Em 2019, Bolsonaro fez uma MP da liberdade econômica, que depois virou
estatuto, que veio para tentar desburocratizar a atividade econômica, tirar o Estado e
deixar as pessoas trabalharem de forma mais livre, para desenvolver o setor privado.
V – o pluralismo político; não se confunde com pluralismo partidario
Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes
eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição.
Municipal: no âmbito do município, a CF determina que o projeto de iniciativa popular deve nascer
de 5% do eleitorado. O povo também pode apresentar projeto de LO e de LC. A máxima no âmbito
federal é a CF, e no âmbito estadual, as CE. No âmbito do DF e dos municípios, a norma máxima é,
respectivamente, Lei Orgânica do DF e Lei Orgânica municipal. Logo, aqui não há PEC (Proposta
de Emenda à Constituição), e sim PELO (Proposta de Emenda à Lei Orgânica), que também pode
ser apresentada pelo povo.
Os entes que compõem nossa República (União, estados, DF e municípios) têm tríplice autonomia:
financeira, administrativa e política (FAP).
Dentre os princípios fundamentais, somente o art. 2º é uma cláusula pétrea expressa, explícita. O
art. 60, § 4º, da CF cita 4 cláusulas pétreas expressas: a forma federativa de Estado; os direitos e
garantias individuais; o voto direto, secreto, universal e periódico; e a separação dos poderes.
• Teoria dos freios e contrapesos (checks and balances – Montesquieu): Essa teoria diz que nenhum
poder pode se sobrepor ao outro, logo, há freios e controles recíprocos.
Montesquieu dizia que cada poder tem sua função principal (típica) e também exerce
funções secundárias (atípicas); ou seja, todo mundo faz tudo
O julgamento do STF a respeito da súmula do nepotismo, por exemplo, nasceu para verificar a
validade de uma resolução editada pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos
seguintes princípios:
I – independência nacional;
II – prevalência dos direitos humanos;
III – autodeterminação dos povos;
IV – não intervenção;
V – igualdade entre os Estados;
VI – defesa da paz;
VII – solução pacífica dos conflitos;
VIII – repúdio ao terrorismo e ao racismo; (cai muito)
IX – cooperação entre os povos para o progresso da humanidade;
X – concessão de asilo político. (cai muito)
Parágrafo único. A República Federativa do Brasil buscará a integração econômica, política,
social e cultural dos povos da América Latina, visando à formação de uma comunidade
latino-americana de nações.
ATENÇÃO: Algumas provas modificam o parágrafo único, dizendo que essa busca por integração é
dos povos da América do Sul, por exemplo.
• Imprescritibilidade: A pessoa não perde o direito de agir. De acordo com o Código Civil, os
direitos da pessoa à personalidade (à honra, ao nome) são imprescritíveis, em regra. Entretanto o
direito à propriedade é uma exceção. Ex: Usucapião
• Inalienabilidade: Em regra, não é possível vender; mas alguns têm repercussão econômica e é
possível a venda. Em geral, essa venda tem prazo, é algo temporário, restrito e determinado. Ex:
Direito de imagem, direito autoral, jogador de futebol, participante do bbb.
• Irrenunciabilidade: A pessoa não pode, por exemplo, abrir mão de sua vida. É possível abrir mão
da integridade física ao permitir, por exemplo, que um médico-cirurgião faça uma cirurgia plástica.
Ex.: Na França, um anão trabalhava em um circo. Em uma das atrações, ele era usado como uma
bala de canhão. Representantes dos direitos humanos intercederam, mas o anão dizia que era o
trabalho dele. Entretanto, mesmo que a pessoa concorde, as regras trabalhistas não permitiam. O
direito fundamental à vida é irrenunciável.
• Historicidade: O rol previsto é aberto e permite que outros sejam implementados com o passar do
tempo.
• Extensão a estrangeiros? Sim, no que couber, tanto para estrangeiros quanto para apátridas.
Na revolução francesa havia três ideais: liberdade, igualdade e fraternidade. As bancas vão associar
cada um desses motes a uma geração/dimensão.
PS: Para a doutrina internacionalista, o termo “geração” é um pouco ultrapassado. Seria atualmente
“dimensão”.
A revolução francesa foi feita pela burguesia e nesse momento nasce o primeiro ideal: liberdade
(1789). Esse ideal está ligado a uma atuação negativa do Estado.
Igualdade: Entre 1914 e 1918, aconteceu a 1ª Guerra Mundial, que ocorreu, basicamente, na
Europa. Quando terminou a 1ª Grande Guerra, a Europa estava destruída, devastada. O Estado que
tinha ficado de fora na época da Revolução Francesa teve que voltar para atuar. Nesse momento era
preciso uma atuação positiva do Estado. É quando nasce o Welfare State (Estado do Bem-Estar
Social). Os direitos sociais nascem em 1917, no México. Este não é um país de tanto relevo no
cenário internacional de Direito Constitucional. E por que nasce no México? Por causa de uma
Encíclica Papal – uma carta escrita pelo Papa. A Encíclica Papal chamada Rerum Novarum (Novo
Tempo). O Papa escreveu a encíclica Rerum Novarum afirmando que era chegado um novo tempo;
o Estado precisava intervir, precisava assegurar direitos sociais para os cidadãos. E o México, por
ser um país muito católico, foi o primeiro a lançar direitos sociais dentro da sua Constituição.
ATENÇÃO:
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos
brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à
liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
I – Homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição;
A) Igualdade formal: Significa dar tratamento igual a todo mundo; todo mundo no mesmo “balaio”.
→ Benefícios da Execução Penal Exemplo: duas pessoas (um brasileiro e um angolano) praticaram
o crime de tráfico internacional de drogas: 200 kg de cocaína. O que acontece com o brasileiro? É
preso, posteriormente condenado com uma pena certamente acima de oito anos de prisão,
inicialmente em regime fechado, depois ele vai querer ir para o semiaberto, aberto etc. (aqueles
benefícios da execução). O STF entende que mesmo o estrangeiro em situação irregular tem direito
aos benefícios da execução.