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Fundamentos da

Neurociência
Neurociência

Neurociência é o estudo científico do sistema nervoso. Tradicionalmente, a


neurociência tem sido vista como um ramo da biologia. Entretanto, atualmente
ela é uma ciência interdisciplinar que colabora com outros campos como
a educação, química, ciência da
computação, engenharia, antropologia, linguística, matemática, medicina e disc
iplinas afins, filosofia, física, comunicação e psicologia. O termo neurobiologia é
usado alternadamente com o termo neurociência, embora o primeiro se refira
especificamente à biologia do sistema nervoso, enquanto o último se refere à
inteira ciência do sistema nervoso.

O escopo da neurociência tem sido ampliado para incluir diferentes abordagens


usadas para estudar os aspectos moleculares, celulares, de
desenvolvimento, estruturais, funcionais, evolutivos e médicos do sistema
nervoso, ainda sendo ampliado para incluir a cibernética como estudo da
comunicação e controle no animal e na máquina com resultados fecundos para
ambas áreas do conhecimento. As técnicas usadas pelos neurocientistas têm
sido expandidas enormemente, com contribuições desde estudos moleculares
e celulares de neurônios individuais até do "imageamento" de tarefas
sensoriais e motoras no cérebro. Avanços teóricos recentes na neurociência
têm sido auxiliados pelo estudo das redes neurais ou com apenas a concepção
de circuitos (sistemas) e processamento de informações que tornam-se
modelos de investigação com tecnologia biomédica e/ou clínica.

Dado o número crescente de cientistas que estudam o sistema nervoso, várias


proeminentes organizações de neurociência têm sido formadas para prover um
fórum para todos os neurocientistas e educadores. Por exemplo, a International
Brain Research Organization foi fundada em 1960, a Society for
Neuroscience em 1969, a Sociedade Brasileira de Neurociências e
Comportamento em 1976 e a Sociedade Portuguesa de Neurociências em
1992.

Quais são esses campos?

– Neuropsicologia: esta parte estuda a interação que há entre as ações dos


nervos e as funções ligadas à área psíquica.

– Neurociência cognitiva: este campo foca na capacidade cognitiva


(conhecimento) do indivíduo, como o raciocínio, a memória e o aprendizado.

– Neurociência comportamental: quem segue esta linha procura estabelecer


uma ligação entre o contato do organismo e seus fatores internos (emoções e
pensamentos) ao comportamento visível, como a forma de falar, de se postar e
até mesmos os gestos usados pela pessoa.
– Neuroanatomia: uma das partes mais complexas da neurociência, ela tem
por objetivo compreender toda a estrutura do sistema nervoso. Com isso, o
estudioso precisa separar o cérebro, a coluna vertebral e os nervos periféricos
externos para analisar cada item com muita cautela a fim de compreender a
respectiva função de cada parte e nomeá-la.

– Neurofisiologia: por último, mas não menos importante, temos a


neurofisiologia, que estuda as funções ligadas às várias áreas do sistema
nervoso.

Acerca de nomes e métodos

Observe-se que a maioria dos vocábulos com prefixo neuro podem ser
substituídos ou associados ao prefixo psico, a moderna neurociência tende a
reunir as produções isoladas face ao risco de perder a visão global do seu
objeto de estudo: o sistema nervoso, contudo a complexidade deste, e em
especial do sistema nervoso central da espécie humana, exige o estudo isolado
de cada campo e o exercício da inter-relação de pesquisas.

Existem pelo menos 5 maneiras ou áreas de estudo da relação entre sistema


nervoso e comportamento e/ou sua fisiologia:

O espectro animal – diversidade de modelos que a natureza oferece e os


padrões reconhecíveis de comportamento e de estrutura anatômica e
bioquímica. Atividade também denominada Neuroetologia

As diversas patologias e lesões anatômicas e suas consequências funcionais.


Para deficiência mental, por exemplo, já se conhece pelo menos 300 causas.

Os estágios do desenvolvimento humano/animal e envelhecimento. Existem


estágios previsíveis de modificação anatômico-funcional e comportamental nas
diversas fases do desenvolvimento do SN humano.

Efeito de drogas em diferentes sítios anatômicos, Existe certo consenso quanto


a 3 formas básicas de efeito farmacológico de drogas no sistema nervoso. As
substâncias psicoativas podem ser classificadas
como lépticas (estimulantes); analépticas(depressoras) e dislépticas
(modificadoras). É nesse último grupo que se enquadram as substâncias
conhecidas como alucinógenosou enteógenos.

Estudo da mente (psique), a inteligência, capacidade


cognitiva e/ou comportamento (neuropsicologia). Para um grande conjunto de
alterações comportamentais estudadas pela psicopatologia e criminologia
ainda não existe consenso sobre suas causas biológicas e psicossociais. O
mesmo pode ser dito para alterações psiconeuroendócrino fisiológicas da
experiência religiosa ou êxtase religioso e estados alterados
de consciência induzidos por técnicas como meditação e yoga, bem como
demais alterações funcionais do sistema nervoso em a sua interação na cultura
estudados na ótica da neuroantropologia

Múltiplas inter-relações entre esses diversos métodos e possibilidades de


estudos são possíveis, contudo ainda não existe grandes teorias que façam da
neurociência uma única teoria ou método científico com suas múltiplas
aplicações práticas na área médica
(Neurologia, Psiquiatria, Anestesia, Endocrinologia, Medicina Psicossomática)
ou em outras ciências da saúde (Psicologia, Fisioterapia, antropologia
biológica, Fonoaudiologia, Terapia Ocupacional, Ortóptica, Neurortopedia
bucal, etc.).

Uma forma distinta de conceber a diversidade de metodologias com que


podemos estudar o cérebro é, como proposto por Lent, 2004, acompanhar, em
princípio os distintos níveis anatômicos – funcionais que a biologia utiliza para o
estudo dos seres vivos. Estabelecendo então: Neurociência
molecular; Neurociência celular como níveis de análise equivalentes as bem
estabelecidas disciplinas da bioquímica e citologia; A Neurociência
sistêmica orientada pelos princípios histológicos, estruturais e funcionais dos
aparelhos e sistemas orgânicos; A Neurociência comportamental em princípio
acompanha os níveis de organização básica do indivíduo ou seu
comportamento equivalendo aos estudos da Psicobiologia ou Psicofisiologia e
finalmente a Neurociência cognitiva ou estudo das capacidades mentais mais
complexas, típicas do animal humano como a linguagem, autoconsciência etc.
que também pode ser chamada de Neuropsicologia.

Neurociência abrange muitas áreas do conhecimento

Como deu para você perceber, a neurociência é um campo de pesquisa de


extrema complexidade e está sempre em pauta, em evolução, por se tratar do
sistema nervoso e suas implicações na vida de uma pessoa.

A neurociência abrange muitas áreas do conhecimento, a partir do momento


em que o cérebro se torna o foco em comum de todas as neurociências; e
como tudo em nossa vida se relaciona ao cérebro, essa multidisciplinaridade é
plenamente justificável.

Os estudos da neurociência são contínuos e podem revelar alguma descoberta


para pesquisadores que desenvolvem máquinas, equipamentos e até mesmo
chips para auxiliar algum indivíduo que seja portador de uma limitação física,
para citar apenas um exemplo dentre vários.

Há estudiosos também que estudam as funções que o sistema nervoso


representa para as atitudes mais básicas do ser humano, como fazer um
simples movimento.

Neurociência celular e molecular

O estudo do sistema nervoso central se dá por meio de diversas perspectivas,


estando presentes desde técnicas de análises comportamentais e cognitivas,
até análise de mecanismo moleculares e celulares.

À nível molecular, existem questões primordiais a serem respondidas como,


por exemplo, mecanismos pelos quais neurônios expressam e respondem às
demais sinalizações moleculares. Outro exemplo da aplicação de análises
moleculares na neurociência é aprimorar o entendimento de como os axônios
podem gerar uma rede complexa e interconectada. Nesse contexto,
ferramentas de biologia molecular e genética podem ser utilizadas para
compreender como ocorre o desenvolvimento de um neurônio e quais são as
influências moleculares, diretas ou indiretas, que são capazes de afetar
funções neurobiológicas.

À nível celular, a neurociência visa compreender mecanismos pelos quais os


neurônios processam informações fisiológicas e eletroquímicas. Estas
questões incluem o entendimento e a correlação de estruturas neuronais com
suas funções. O corpo celular, por exemplo, é a região que contém o núcleo do
neurônio e, portanto, toda a informação genética da célula. Os dendritos, por
sua vez, são funcionalmente especializados com a função de recebimento da
informação sináptica. Finalmente, os axônios são especializados na condução
do impulso nervoso. Dessa maneira, o entendimento de como ocorre a
neurotransmissão e a sinalização elétrica são de extrema importância para a
compreensão das funções neuronais.

Outra área das neurociências que recebe destaque para aplicação estudos
moleculares e celulares é a investigação direta de mecanismos envolvidos com
o desenvolvimento do sistema nervoso central. Dessa forma, a elucidação de
padrões de organização neuronal, bem como do desenvolvimento de novas
células nervosas e da glia proporcionam um melhor entendimento de
mecanismos migratórios das células nervosas, bem como do desenvolvimento
dendrítico e axonal.
Por fim, a modelagem computacional baseada em neuro-genética é uma área
em ascensão para o estudo dos mecanismos celulares e moleculares
neuronais, se embasando nas interações dinâmicas entre os genes que, por
fim, irão modulam a atividade neuronal.

O cérebro, a mente e os seus problemas

Ressonância magnética parassagital da cabeça de paciente com macrocefalia


familial benigna.

Além da tarefa ainda não concluída em milhares de anos de pesquisas,


especulações, tentativas, erros e acertos sobre a anatomia e fisiologia do
cérebro e de suas funções, sejam o comportamento/pensamento (psique) ou
os mecanismos de regulação orgânica e interação psicossocial alguns
problemas se impõem aos pesquisadores, destacando-se entre estes os que
podem ser reunidos pela patologia.

Ressalte-se, porém, a inconveniência de reduzir a neurociência à clínica e


anatomia patológica como na história da medicina já se fez, e perdermos de
vista a possibilidade de construção de um conhecimento da saúde (não
redutível ao oposto qualificativo da doença) considerando também as
dificuldades de aplicação dos conceitos da patologia às variações genéticas e
bioquímicas das espécies e natureza da psique e/ou comportamento.

Assim esclarecido temos duas estratégias básicas para abordar os problemas


da mente-cérebro e/ou a principal aplicação prática da neurociência na clínica
médica:

O coma, alterações da consciência e do sono; Alterações dos órgãos dos


sentidos, delírios, alterações do intelecto e da fala; Distúrbios
do comportamento, ansiedade e depressão (lassidão,
astenia); Desmaios, tontura (vertigens) e estado convulsivo; Distúrbios da
marcha e postura(tremores, coréia, atetose, ataxia); Paralisias e distúrbios
da sensibilidade e dor (cefaleia e segmentos
periféricos); Espasmos, incontinências e outras alterações da regulação
orgânica.

O estudo etiológico das patologias do sistema nervoso

Malformações congênitas e erros inatos do metabolismo; Doenças


do desenvolvimento, degenerativas e desmielinizantes; Infecções por grupo de
agentes e sítio anatômico (meningites, encefalites,etc.); Traumatismo no
sistema nervoso central e periférico; Doenças vasculares (hipoxias, isquemias,
infarto hemorragias); Neoplasias (tumores malignos, benignos por tecido de
origem e cistos); Doenças neuroendócrinas, nutricionais, tóxicas e
ambientais;Transtornos mentais e distúrbios do comportamento

Neurociência é a área que se ocupa em estudar o sistema nervoso, visando


desvendar seu funcionamento, estrutura, desenvolvimento e eventuais
alterações que sofra. Portanto, o objeto de estudo dessa ciência é complexo,
sendo constituído por três elementos: o cérebro, a medula espinhal e os nervos
periféricos. Ele é responsável por coordenar todas as atividades do nosso
corpo, e é de extrema importância para o seu funcionamento como um todo,
tanto nas atividades voluntárias, quanto nas involuntárias.

Os estudos da neurociência estão divididos em campos específicos que


exploram as áreas do sistema nervoso. São elas:

Neurofisiologia: investiga as tarefas que cabem às diversas áreas do sistema


nervoso.

Neuroanatomia: dedica-se a compreender a estrutura do sistema nervoso,


dividindo cérebro, a coluna vertebral e os nervos periféricos externos em partes
para nomeá-las e compreender as suas funções.

Neuropsicologia: foca na interação entre os trabalhos dos nervos e as funções


psíquicas.

Neurociência comportamental: ligada à psicologia comportamental, é a área


que estuda o contato do organismo e os seus fatores internos, como
pensamentos e emoções, ao meio e aos comportamentos visíveis, como fala,
gestos e outros.

Neurociência cognitiva: estudo voltado à capacidade cognitiva, em que estão


inclusos comportamentos ainda mais complexos, como memória e
aprendizado.

Uma ciência multidisciplinar


Nessa perspectiva, existem diversas neurociências, dependendo da condução
e objetivo que motivam o estudo do sistema nervoso. Mas em todas essas
áreas, o cérebro é considerado em uma perspectiva unitária, já que todos os
processos mentais têm influências físicas e as questões físicas alteram o
indivíduo a nível emocional.

Além disso, as pesquisas realizadas no ramo exploram mais de uma área do


conhecimento. Por esse motivo, essa ciência é considerada multidisciplinar,
reunindo diversas especialidades, como bioquímica, biomedicina, fisiologia,
farmacologia, estatística, física, engenharia, economia, linguística, entre outras
que objetivam investigar o comportamento, os mecanismos de aprendizado e a
aquisição de conhecimento humano.

São várias as finalidades das pesquisas na área da neurociência. Entre elas,


destaque para o entendimento de como nossas vivências são capazes de
alterar o cérebro e como interferem no seu desenvolvimento. Dessa forma,
essa disciplina abrange a inteligência, o raciocínio, a capacidade de sentir, de
sonhar, de comandar o corpo, tomar decisões, fazer movimentos, entre outros.

Alguns setores específicos também se utilizam da neurociência, como é o caso


dos profissionais em engenharia médica, no desenvolvimento de equipamentos
e soluções a portadores de necessidades especiais. Da mesma forma,
podemos citar profissionais da informática que desenvolvem softwares, para
viabilizar as atividades de pessoas com algum tipo de limitação intelectual ou
física.

Para compreender esse complexo mecanismo, os cientistas consideram a


forma como funcionam os processos a nível cognitivo, principalmente no que
se refere à decodificação e transmissão de informação realizadas pelos
neurônios, bem como suas respectivas funções e comportamentos.

Se não considerarmos que o conhecimento de métodos de tratamento invasivo


como trepanações das medicinas antigas e pré colombianas; utilização
de plantas psicoativas e outras técnicas de modificação da consciência e
anestesia (similares à yoga e acupuntura) fazem parte da neurociência,
podemos tomar como data de criação desta interdisciplina a publicação de De
morbis nervorum em 1735 , de autoria do médico holandês Herman
Boerhaave (1668 - 1738), considerado o primeiro tratado de neurologia.

Pode-se ainda marcar seu início com a descoberta da função cerebral atribuída
ao grego Alcmaeon da escola Pitagórica de Croton em torno de 500 aC, que
discorreu sobre as funções sensitivas deste. Suas observações foram
confirmadas por Herófilo, um dos fundadores da escola de medicina
de Alexandria (século III aC.), que descreveu as meninges e a rete mirabile
(rede maravilhosa) de nervos (distinguindo este dos vasos) e medula com suas
conexões com cérebro, cujo conhecimento foi sistematizado e demonstrado
empiricamente, através do corte seletivo de nervos, por Galeno (130-211 aC.).

Para Bear et al o estudo do encéfalo é tão antigo quanto a ciência e entre as


disciplinas que o estudam inclui a matemática, destacando ainda as reflexões
de Hipócrates sobre esse órgão no clássico da medicina, atribuído a ele,
"Acerca das doenças sagradas" (Hipócrates Séc V a.C.). o homem deve saber
que de nenhum outro lugar mas do encéfalo, vem a alegria, o prazer, o riso, e a
diversão, o pesar e o ressentimento, o desânimo e a lamentação...por esse
mesmo órgão tornamo-nos loucos e delirantes, e medos e terrores nos
assombram...Nesse sentido sou da opinião de que o encéfalo exerce o maior
poder sobre o homem... Ressalta, porém que a palavra neurociência é jovem e
que a primeira associação de neurociência foi fundada somente em 1970.

Estudar o sistema nervoso pode parecer relativamente fácil, mas não é. O


entendimento sobre o funcionamento dos mecanismos de regulação desse
órgão tem sido um dos maiores desafios da humanidade desde a Antiguidade.
O termo Neurociência surgiu recentemente, em 1970, mas os estudos do
cérebro humano são de muitos anos atrás, datam desde a filosofia grega, antes
de Cristo. Isso se deve ao fato de que esse é o órgão mais complexo do corpo
humano, constituído por milhares de células.

Os filósofos da Grécia desenvolveram teorias sobre o cérebro através de


simples observações, já os romanos iniciaram seus estudos dissecando
animais. No século XVIII, levado pelo Iluminismo, surgiram os estudos mais
aprofundados do sistema nervoso.

A teoria da evolução de Charles Darwin também contribuiu significativamente


para o entendimento da estrutura e funcionamento cerebrais. Mas foi o
surgimento de tecnologias como o Raio X e a tomografia computadorizada que
otimizaram as pesquisas na área e inauguraram efetivamente a Neurociência.

Atualmente, a cibernética também tem oferecido contribuições para essa


disciplina, principalmente por meio da neurociência computacional. O seu
principal objetivo é compreender e imitar o funcionamento do sistema nervoso
para o desenvolvimento de máquinas que auxiliem o ser humano em diversos
campos.

Dentro deste assunto, acredito ser interessante falarmos também sobre uma
das abordagens relacionadas ao funcionamento da mente e das formas que
podemos utilizar para tentar controlá-la. Estou falando da PNL, ou
Programação Neurolinguística, que trata-se basicamente de uma técnica que
todo ser humano pode se valer para melhorar ainda mais a comunicação
consigo mesmo e com as pessoas ao seu redor.

Explicando melhor, a PNL é uma abordagem que acredita que existe uma
conexão entre os processos neurológicos que acontecem em nosso sistema
nervoso, a linguagem, ou linguística, e entre as experiências e padrões
comportamentais adquiridos ao longo da vida.

Assim, compreendendo melhor de que forma tudo isso funciona em conjunto, a


PNL acredita que esses mesmos padrões de comportamento, formas de
pensar, entre outros pontos, podem ser alterados para que seja possível
alcançar sonhos, metas e objetivos na vida, seja pessoal ou profissional.

Sistema nervoso

O sistema nervoso é a parte do organismo que transmite sinais entre as suas


diferentes partes e coordena as suas ações voluntárias e involuntárias.
O tecido nervoso surge com os vermes, cerca de 550 a 600 milhões de anos
atrás. Na maioria das espécies animais, constitui-se de duas partes principais:
o sistema nervoso central (SNC) e o sistema nervoso periférico (SNP).

O sistema central é formado pelo encéfalo e pela medula espinhal. Todas as


partes do encéfalo e da medula estão envolvidas por três membranas de tecido
conjuntivo - as meninges. O encéfalo, principal centro de controle, é constituído
por cérebro, cerebelo, tálamo, hipotálamo e bulbo.

O SNP constitui-se principalmente de nervos, que são feixes de axônios que


ligam o sistema nervoso central a todas as outras partes do corpo. O SNP
inclui: neurônios motores, mediando o movimento voluntário; o sistema nervoso
autônomo, compreendendo o sistema nervoso simpático e o sistema nervoso
parassimpático, que regulam as funções involuntárias; e o sistema nervoso
entérico, que controla o aparelho digestivo.

O sistema nervoso deriva seu nome de nervos, que são pacotes cilíndricos de
fibras que emanam do cérebro e da medula central, e se ramificam
repetidamente para inervar todas as partes do corpo. Os nervos são grandes o
suficiente para serem reconhecidos pelos antigos egípcios, gregos e
romanos, mas sua estrutura interna não foi compreendida até que se tornasse
possível examiná-los usando um microscópio. Um exame microscópico mostra
que os nervos consistem principalmente de axônios de neurônios, juntamente
com uma variedade de membranas que os envolvem, segregando-os em
fascículos de nervos . Os neurônios que dão origem aos nervos não ficam
inteiramente dentro dos próprios nervos - seus corpos celulares residem no
cérebro, medula central, ou gânglios periféricos.

Todos os animais mais avançados do que as esponjas possuem sistema


nervoso. No entanto, mesmo as esponjas, animais unicelulares, e não animais
como micetozoários têm mecanismos de sinalização célula a célula que são
precursores dos neurônios. Em animais radialmente simétricos, como as
águas-vivas e hidras, o sistema nervoso consiste de uma rede difusa de células
isoladas. Em animais bilaterianos, que compõem a grande maioria das
espécies existentes, o sistema nervoso tem uma estrutura comum que se
originou no início do período Cambriano, mais de 500 milhões de anos atrás.

Anatomia comparada

Membros do filo dos celenterados, tais como águas-vivas e hidras, têm um


sistema nervoso simples intitulado de rede neural. Ela é formada por neurônios,
ligados por sinapses ou conexões celulares. A rede neural é centralizada ao
redor da boca, mas não há um agrupamento anatômico de neurônios. Algumas
águas-vivas possuem neurônios sensoriais conhecidos como rhopalia, com os
quais podem perceber luz, movimento, ou gravidade.

Platelmintos e nematoides

Planárias, um tipo de platelminto, possuem uma corda nervosa dupla que


percorre todo o comprimento do corpo e se funde com a cauda. Estas cordas
nervosas são conectadas por nervos transversais, como os degraus de uma
escada. Estes nervos ajudam a coordenar os dois lados do animal. Dois
grandes gânglios na extremidade da cabeça funcionam de modo semelhante a
um cérebro simplificado. Fotorreceptores nos ocelos desses animais
proveem informação sensorial sobre luz e escuridão. Porém, os ocelos não são
capazes de formar imagens. Os platelmintos foram os primeiros animais na
escala evolutiva a apresentarem um processo de cefalização. A partir dos
platelmintos até os equinodermos, o sistema nervoso é ganglionar ventral, com
exceção dos nematelmintos que possuem cordão nervoso peri esofágico.

Obs. : A centralização do sistema nervoso dos platelmintos representa um


avanço em relação aos cnidários, que têm uma rede nervosa difusa, sem
nenhum órgão integrador das funções nervosas.

Artrópodes
Os artrópodes possuem um sistema nervoso constituído de uma série de
gânglios conectados por uma corda nervosa ventral feita de conectores
paralelos que correm ao longo da barriga. Tipicamente, cada segmento do
corpo possui um gânglio de cada lado, embora alguns deles se fundam para
formar o cérebro e outros grandes gânglios.

O segmento da cabeça contém o cérebro, também conhecido como gânglio


supraesofágico. No sistema nervoso dos insetos, o cérebro é anatomicamente
dividido em protocérebro, deutocérebro e tritocérebro. Imediatamente atrás do
cérebro está o gânglio supraesofágico que controla as mandíbulas.

Muitos artrópodes possuem órgãos sensoriais bem desenvolvidos, incluindo


olhos compostos para visão e antenas para olfato e percepção de feromônios.
A informação sensorial destes órgãos é processada pelo cérebro.

Moluscos

A maioria dos Moluscos, tais como Bivalves e lesmas, têm vários grupos de
neurônios intercomunicantes chamados gânglios. O sistema nervoso da lebre-
do-mar (Aplysia) tem sido utilizado extensamente em experimentos
de neurociência por causa de sua simplicidade e capacidade de aprender
associações simples.

Os cefalópodes, tais como lulas e polvos, possuem cérebros relativamente


complexos. Estes animais também apresentam olhos sofisticados. Como em
todos os invertebrados, os axônios dos cefalópodes carecem de mielina, o
isolante que permite reação rápida nos vertebrados. Para obter uma velocidade
de condução rápida o bastante para controlar músculos em tentáculos
distantes, os axônios dos cefalópodes precisam ter um diâmetro avantajado
nas grandes espécies de cefalópodes. Por este motivo, os axônios da lula são
usados por neurocientistas para trabalhar as propriedades básicas da ação
potencial.

Vertebrados

Organização do sistema nervoso dos vertebrados

Somático

Periférico Simpático
Autônomo
Parassimpático
Entérico

Central / Principal

O sistema nervoso dos animais vertebrados é frequentemente dividido


em Sistema nervoso central (SNC) e Sistema nervoso periférico (SNP). O SNC
consiste no encéfalo e na medula espinhal. O SNP consiste em todos os outros
neurônios que não estão no SNC. A maioria do que comumente se denomina
nervos (que são realmente os apêndices dos axónio de células nervosas) são
considerados como constituintes do SNP. O sistema nervoso periférico é
dividido em sistema nervoso somático e sistema nervoso autônomo.

O sistema nervoso somático é o responsável pela coordenação dos


movimentos do corpo e também por receber estímulos externos. Este é o
sistema que regula as atividades que estão sob controle consciente.

O sistema nervoso autônomo é dividido em sistema nervoso simpático, sistema


nervoso parassimpático e sistema nervoso entérico. O sistema nervoso
simpático responde ao perigo iminente ou stress, e é responsável pelo
incremento do batimento cardíaco e da pressão arterial, entre outras
mudanças fisiológicas, juntamente com a sensação de excitação que se sente
devido ao incremento de adrenalina no sistema. O sistema nervoso
parassimpático, por outro lado, torna-se evidente quando a pessoa está
descansando e se sente relaxada, e é responsável por coisas tais como a
constrição pupilar, a redução dos batimentos cardíacos, a dilatação dos vasos
sanguíneos e a estimulação dos sistemas digestivo e genitourinário. O papel do
sistema nervoso entérico é gerenciar todos os aspectos da digestão, do
esôfago ao estômago, intestino delgado e cólon.

Centralização do Sistema Nervoso

Observando a filogenia do sistema nervoso dos metazoários, poderíamos


supor o sistema nervoso difuso dos cnidários como sendo uma base ancestral
para o desenvolvimento do sistema nervoso centralizado em espécies mais
evoluídas, tanto dos protóstomos quanto dos deuterostômios. Porém, assumir
que houve uma transição do sistema nervoso difuso para o central não é algo
tão trivial, uma vez que os hemicordados também possuem sistema nervoso
difuso e uma notocorda primitiva. Essa transição é uma interessante questão
ainda em aberto na biologia, o sistema nervoso dos urbilaterais (o ancestral
comum entre hemicordados, cordados e protostomos)

Atualmente existem algumas teorias propondo elucidar essa questão evolutiva,


as quais abordam o sistema nervoso desse bilatério primitivo de maneiras
diferentes. Duas teorias especialmente interessantes são as que propõem um
sistema nervoso central para o urbilateral, sendo então necessária a existência
de uma inversão dorso-ventral na história evolutiva dos cordados. Isso sugeriria
uma vantagem evolutiva para essa inversão, uma vez que esta é uma
mudança relativamente drástica.

Técnicas da Neurociência

Busque atrelar emoções ao estudo

Muita gente supõe que tudo que diz respeito aos estudos é racional. Mas não
é: a memorização é uma equação complexa em que a chamada “valência
emocional” influi de forma decisiva. De forma simplificada, se você associa uma
certa informação a um sentimento positivo, como a alegria, o seu cérebro será
capaz de retomá-la mais facilmente no futuro.

Daí a técnica dos professores de cursinho pré-vestibular de contar piadas ou


fazer associações engraçadas sobre o conteúdo das aulas. “O humor é um
canal de acesso fácil às emoções

O medo, a raiva, a tristeza e outros sentimentos negativos, por outro lado,


atuam na direção contrária e condicionam uma aprendizagem de baixa
qualidade.

Na preparação para um concurso público, por exemplo, é interessante explorar


o significado dessa decisão para a sua vida. “Procure pensar no valor daquele
estudo para o seu engrandecimento profissional e pessoal, e não só como uma
ferramenta para ser aprovado numa carreira que pagará um salário alto”

Quanto mais você atribuir significado emocional a um certo conhecimento, mais


chances terá de guardá-lo para sempre. E não apenas isso: mais motivação
você terá para persistir nos estudos.

“Se você está interessado só no salário daquele cargo, quer só ‘atropelar’ a


prova, você não vai estar intimamente envolvido com o estudo”

Para agilizar o aprendizado, você precisa estar realmente motivado; e, para


estar motivado, você precisa genuinamente ter a intenção de aprender.
Quem vai pensar em academia quando tem uma pilha de apostilas para
estudar? Fazer atividade física pode parecer supérfluo nesse momento, mas
não é. Exercícios regulares, especialmente os de natureza aeróbica, são os
mais indicados.

Buscar atividade física faz o cérebro funcionar melhor, já que todo o corpo fica
mais saudável e bem regulado. Até os processos afetivos, ligados à motivação,
podem ser beneficiados com natação, corrida, caminhada ou outras práticas
esportivas.

Isso para não falar na importância desse tipo de atividade para liberar o
estresse da rotina, que prejudica a aprendizagem. Lazer, repouso e convívio
social também precisam ter algum espaço na sua agenda, pela mesma razão.

Dada a complexidade do cérebro humano, está comprovado que não existe


uma única forma de aprender. Por isso, não adianta insistir em métodos que
claramente não estão surtindo efeito.

Se você sente que suas sessões de estudo só estão produzindo cansaço, é


fundamental experimentar diversas técnicas e adotar aquela que funciona
melhor para você.

A Neurociência é a parte da ciência que descreve o estudo do sistema


nervoso central tais como suas estruturas, funções, mecanismos moleculares,
aspectos fisiológicos e compreender doenças do sistema nervoso. Essa,
normalmente é confundida com a Neurologia que, por sua vez, é uma área
especializada da medicina que se refere ao estudos das desordens e a
doenças do sistema nervoso, esta envolve o diagnóstico e tratamento dessas
condições patológicas dos sistemas nervoso central, periférico e autonômico.

A neurociência, normalmente é estudada por diversos profissionais de diversas


áreas e não somente por médicos neurologistas. Dentre os profissionais que se
interessam pela neurociência
temos, farmacêuticos, fisioterapeutas, enfermeiros, médicos, nutricionistas,
biólogos, biomédicos e até mesmo engenheiros, pois a capacitação nesta área
pode elucidar as novas técnicas te arquitetura robótica baseadas na
neurociência.

Neurônio

O neurónio (português europeu) ou neurônio (português brasileiro) é a célula


do sistema nervoso responsável pela condução do impulso nervoso. Há cerca
de 86 bilhões (até 20 de fevereiro de 2009 se especulava que havia 100
bilhões) de neurônios no sistema nervoso humano. O neurônio consiste em
várias partes: soma, dendritos e axônio. A membrana que separa seu meio
interno do externo é denominado de membrana neuronal, a qual é sustentada
por um intrincado esqueleto interno - chamado de citoesqueleto.

O neurônio pode ser considerado a unidade básica da estrutura do cérebro e


do sistema nervoso. A membrana exterior de um neurônio toma a forma de
vários ramos extensos chamados dendritos, que recebem informação de outros
neurônios, e de uma estrutura a que se chama um axônio que envia
informação a outros neurônios. O espaço entre o dendrito de um neurônio e o
terminal axonal de outro é o que se chama uma fenda sináptica: os sinais são
transportados através das sinapses por uma variedade de substâncias
químicas chamadas neurotransmissores. O córtex cerebral é um tecido fino
composto essencialmente por uma rede de neurônios densamente interligados
tal que nenhum neurônio está a mais do que algumas sinapses de distância de
qualquer outro neurônio.

Os neurônios recebem continuamente impulsos nas sinapses de seus


dendritos vindos de milhares de outras células. Os impulsos geram ondas de
corrente elétrica (excitatória ou inibitória, cada uma num sentido diferente)
através do corpo da célula até a uma zona chamada a zona de disparo, no
começo do axônio. É aí que as correntes atravessam a membrana celular para
o espaço extracelular e que a diferença de voltagem que se forma na
membrana determina se o neurônio dispara ou não.

Os neurônios caracterizam-se pelos processos que conduzem impulsos


nervosos para o corpo e do corpo para a célula nervosa. Os impulsos nervosos
são reações físico-químicas que se verificam nas superfícies dos neurônios e
seus processos. A cromatina nuclear é escassa, enquanto que o nucléolo é
muito proeminente. A substância cromidial no citoplasma é chamada de
substância de Nissl. À microscopia eletrônica mostra-se disposta em tubos
estreitos recobertos de finos grânulos. Estudos histoquímicos e outros
demostraram-na constituída de nucleoproteínas. Estas nucleoproteínas
diminuem durante a atividade celular intensa e durante a cromatólise que se
segue à secção de axônios.

A neurociência tradicionalmente tem como objetivo entender o funcionamento


do sistema nervoso. Tanto em nível funcional como estrutural, essa disciplina
tenta saber como o cérebro se organiza. Nos últimos anos ela foi mais além,
querendo não apenas saber como funciona o cérebro, mas também a
repercussão que esse funcionamento tem sobre nossos comportamentos,
nossos pensamentos e nossas emoções.
O objetivo de relacionar o cérebro com a mente é tarefa da neurociência
cognitiva. É uma mistura entre a neurociência e a psicologia cognitiva. Essa
última preocupa-se com o conhecimento de funções superiores como a
memória, a linguagem ou a atenção. Assim, o objetivo principal da neurociência
cognitiva é relacionar o funcionamento do cérebro com as nossas capacidades
cognitivas e nossos comportamentos.

O funcionamento do neurônio

O neurônio é uma célula altamente especializada na transmissão de


informações, na forma de impulsos nervosos. Os impulsos nervosos são
fenômenos eletroquímicos que utilizam certas propriedades e substâncias
da membrana plasmática, que permitem que seja criado e transmitido um
impulso elétrico.

Um neurônio em repouso é uma célula que possui uma diferença de voltagem


entre o seu citoplasma e o líquido extracelular. Esta diferença de voltagem é
criada graças ao acúmulo seletivo de íons potássio (K+) e sódio (Na+), que
ocorre pela ação de bombas que criam uma diferença de concentração. Esta
diferença de concentração é controlada por canais de K+ e de Na+, gerando
uma tensão negativa (de -58mV no interior de neurônios humanos), que pode
variar entre espécies.

Este estado de equilíbrio (ou estado de polarização do neurônio) dura até o


momento em que um potencial de ação abre os canais de K+ e de Na+,
alterando a concentração destes íons. Esta modificação gera um potencial
positivo dentro do neurônio, chegando aos +40mV ou mais (dependendo do
organismo estudado). Este desequilíbrio gera um efeito cascata, que é o
potencial de ação. Usualmente o potencial de ação inicia no começo no axônio
(zona de disparo) e se propaga até as vesículas sinápticas, gerando a
descarga de neurotransmissores.

Após ter ocorrido o potencial de ação, imediatamente os canais de K+ e de


Na+ começam a restabelecer o equilíbrio anterior, com uma tensão negativa no
interior do neurônio e positiva fora dele. O neurônio precisa, então, de um
brevíssimo tempo para reconstituir seu estado pré-descarga, e durante este
tempo ele não consegue efetuar outro potencial de ação. Este período de
latência chama-se período refratário. Logo em seguida, o neurônio adquire sua
capacidade para efetuar outro potencial de ação, estabelecendo um ciclo.

Tipos de neurônios

Receptores ou sensitivos (aferentes)


São os neurônios que reagem a estímulos exteriores e que despertam a reação
a esses estímulos, se necessário. A sua constituição é um pouco diferente dos
outros dois tipos de neurônios. De um lado do axônio tem os sensores que
captam os estímulos. Do outro lado possui os dendritos. O corpo celular
localiza-se perto do axônio, estando ligado a este por uma ramificação do
axônio, assumindo um pouco o aspecto de um balão.

Associativos ou Conectores ou Interneurônios

O grupo de neurónios mais numeroso. Como o nome indica, estes neurônios


transmitem o sinal desde os neurónios sensitivos ao sistema nervoso central.
Liga também neurônios motores entre si.

Neste tipo de neurónios o axônio é bastante reduzido, estando o corpo celular


e os dendritos ligados diretamente à arborização terminal, onde se localizam os
telodendritos.

Motores ou efetuadores (eferentes)

Este tipo de neurônio tem a função de transmitir o sinal desde o sistema


nervoso central ao órgão efetor (que se move), para que este realize a ação
que foi ordenada pelo encéfalo ou pela medula espinhal. Este é o neurônio que
tem o aspecto mais familiar, que nós estamos habituados a ver nas gravuras.

Sinapse

Sinapses nervosas são os pontos onde as extremidades de neurônios vizinhos


se encontram e o estímulo passa de um neurônio para o seguinte por meio de
mediadores químicos, os neurotransmissores. A sinapse é considerada uma
estrutura formada por: membrana pré-sináptica, fenda sináptica e membrana
pós ões nervosas chamadas axônios, usualmente com os dendritos de outro
neurônio, mas pode haver contato com o corpo celular e mesmo com outros
axônios (menos comum). O contato físico em sinapses químicas não existe
realmente, pois há um espaço entre elas, denominado de fenda sináptica, onde
ocorre a ação dos neurotransmissores. Dos axônios, são liberadas
substâncias(neurotransmissores), que atravessam a fenda e estimulam os
receptores pós-sinápticos.

A literatura aponta a existência de dois tipos de sinapses neuronais: as


sinapses químicas e as sinapses elétricas. Ambos os tipos de sinapses
transmitem o potencial de ação para outros neurônios, diferindo apenas no
mecanismo de comunicação (químico ou elétrico).
Tipos de sinapses

Químicas

As sinapses químicas consistem na maioria das sinapses presentes no sistema


nervoso. Ela consiste numa fenda presente entre o axônio do neurônio que
está transmitindo a informação (neurônio pré-sináptico) e o neurônio que
receberá uma descarga de neurotransmissores, o receptor (neurônio pós-
sináptico).

Quando o impulso nervoso atinge as extremidades do axónio, libertam-se para


a fenda sináptica os neurotransmissores, que se ligam a receptores
da membrana da célula seguinte, desencadeando o impulso nervoso, que,
assim, continua a sua propagação.

A chegada do impulso nervoso até o botão sináptico, que é a parte do neurônio


pré-sináptico que irá liberar os neurotransmissores, provocará uma reação de
liberação de vesículas sinápticas, carregadas com neurotransmissores. Estas
substâncias passarão pela fenda sináptica atingindo sítios receptores dos
dendritos dos neurônios pós-sinápticos, o que provavelmente irá gerar um
potencial de ação provocando um impulso nervoso, que passará pelo corpo
celular e prosseguirá até o axônio.

Elétricas

Alguns neurônios comunicam-se através de sinapses menos comuns, que são


as sinapses elétricas, que são junções muito estreitas entre dois neurônios.
Estas junções comunicantes são constituídas por proteínas chamadas de
conéxons, que permite uma continuidade entre as células e dispensa, em
grande medida, o uso de neurotransmissores. Este tipo de sinapse reduz muito
o tempo de transmissão do impulso elétrico entre os neurônios, sendo a ideal
para comportamentos que exigem rapidez de resposta. Organismos como
lagostins, que necessitam fugir com velocidade de predadores, possuem
sinapses elétricas em vários circuitos.

Outros sistemas que se beneficiam com a sincronização de neurônios também


utilizam este tipo de sinapse, como por exemplo neurônios do tronco
encefálico, que controlam o ritmo da respiração e em populações de neurônios
secretores de hormônios. Esta sincronização facilita a descarga hormonal na
corrente sanguínea. Estas junções também chamadas de abertas estão em
abundância no músculo cardíaco (discos intercalares) e músculo liso (corpos
densos).

Atos voluntários e involuntários

Todas as ações que nós executamos são ordenadas pelo sistema nervoso
central.
A maioria desses atos são devidamente planejados e feitos conscientemente,
como, por exemplo, beber por um copo, escrever, ler, jogar, etc.

Contudo existem outros atos que simplesmente não são planejados antes de
serem feitos. Por exemplo, se alguém agitar a mão de encontro à nossa cara, a
reação instantânea é fechar os olhos. Se tocarmos em alguma coisa muito
quente, o instinto é tirar a mão de imediato.Temos também para ser mais
explicitos, o bater do nosso coração é um acto completamente automático.

Esses são os chamados atos involuntários.

Os atos voluntários, planeados e executados, são comandados pelo


cérebro (Sistema Nervoso Periférico Somático).

Os atos involuntários, que não são pensados antes de serem executados


(instintos), são comandados pela medula espinal(Sistema Nervoso Periférico
Autônomo).

O início da neurociência

Não se pode falar sobre o início da neurociência sem citar Santiago Ramón y
Cajal, que formulou a doutrina do neurônio. Suas contribuições aos problemas
de desenvolvimento, à degeneração e à regeneração do sistema nervoso
continuam sendo atuais e continuam sendo ensinadas em universidades. Se
tivéssemos que determinar uma data de início para a neurociência, ela seria
situada no século XIX.

Com o desenvolvimento do microscópio e de técnicas experimentais, como a


fixação e a coloração de tecidos ou a pesquisa sobre a estrutura do sistema
nervoso e sua funcionalidade, essa disciplina começou a se desenvolver. Mas
a neurociência recebeu contribuições de diversas áreas do conhecimento que
têm ajudado a compreender melhor o funcionamento do cérebro. É possível
dizer que os sucessivos descobrimentos em neurociência são
multidisciplinares.

Cérebro humano

O cérebro humano é particularmente complexo e extenso. Este é imóvel e


representa apenas 2% da massa do corpo, mas, apesar disso, recebe
aproximadamente 25% de todo o sangue que é bombeado pelo coração.
Divide-se em dois hemisférios: esquerdo e o direito. O seu aspecto se
assemelha ao miolo de uma noz. É um conjunto de milhares de milhões
de células que se estende por uma área de mais de 1 metro quadrado dentro
do qual conseguimos diferenciar certas estruturas correspondendo às
chamadas áreas funcionais, que podem cada uma abranger até um décimo
dessa área.*

O hemisfério dominante em 98% dos humanos é o hemisfério esquerdo, é


responsável pelo pensamento lógico e competência comunicativa. Enquanto o
hemisfério direito, é responsável pelo pensamento simbólico e criatividade,
embora pesquisas recentes estejam contradizendo isso, comprovando que
existem partes do hemisfério direito destinados a criatividade e vice-versa.
Nos canhotos as funções estão invertidas. O hemisfério esquerdo diz-se
dominante, pois nele localiza-se 2 áreas especializadas: a Área de Broca (B), o
córtex responsável pela motricidade da fala, e a Área de Wernicke (W), o
córtex responsável pela compreensão verbal.

O corpo caloso, localiza-se no fundo da fissura inter-hemisférica, ou fissura


sagital, é a estrutura responsável pela conexão entre os dois hemisférios
cerebrais. Essa estrutura, composta por fibras nervosas de cor branca (freixes
de axónios envolvidos em mielina), é responsável pela troca de informações
entre as diversas áreas do córtex cerebral.

O córtex motor é responsável pelo controle e coordenação


da motricidade voluntária. Traumas nesta área causam fraqueza muscular ou
até mesmo paralisia. O córtex motor do hemisfério esquerdo controla o lado
direito do corpo, e o córtex motor do hemisfério direito controla o lado esquerdo
do corpo. Cada córtex motor contém um mapa da superfície do corpo: perto da
orelha, está a zona que controla os músculos da garganta e da língua, segue-
se depois a zona dos dedos, mão e braço; a zona do tronco fica ao alto e as
pernas e pés vêm depois, na linha média do hemisfério.

O córtex pré-motor é responsável pela aprendizagem motora e pelos


movimentos de precisão. É na parte em frente da área do córtex motor
correspondente à boca que reside a Área de Broca, que tem a ver com a
linguagem. A área pré-motora fica mais ativa do que o resto do cérebro quando
se imagina um movimento, sem o executar. Se se executa, a área motora fica
também ativa. A área pré-motora parece ser a área que em grande medida
controla o sequenciamento de ações em ambos os lados do corpo. Traumas
nesta área não causam nem paralisia nem problemas na intenção para agir ou
planear, mas a velocidade e suavidade dos movimentos automáticos (ex. fala e
gestos)fica perturbada. A prática de piano, ténis ou golfe envolve o «afinar» da
zona pré-motora - sobretudo a esquerda, especializada largamente em
atividades sequenciais tipo série.

Cabe ao córtex do cerebelo, fazer a coordenação geral da motricidade,


manutenção do equilíbrio e postura corporal. O cerebelo representa cerca de
10% do peso total do encéfaloe contém mais neurônios do que os dois
hemisférios juntos.

O eixo formado pela adeno-hipófise e o hipotálamo, são responsáveis pela auto


regulação do funcionamento interno do organismo. As
funções homeostáticas do organismo (função cárdio-respiratória, circulatória,
regulação do nível hídrico, nutrientes, da temperatura interna, etc) são
controladas automaticamente.

Córtex cerebral e lobos cerebrais

Lobos Cerebrais:

 Lobo frontal
 Lobo parietal
 Lobo temporal
 Lobo occipital

No cérebro há uma distinção visível entre a chamada massa cinzenta e a


massa branca, constituída pelas fibras (axónios) que entreligam os neurónios.
A substância cinzenta do cérebro, o córtex cerebral, é constituído corpos
celulares de dois tipos de células: as células de Glia - também chamadas de
neuróglias - e os neurônios. O córtex cerebral humano é um tecido fino (como
uma membrana) que tem uma espessura entre 1 e 4 mm e uma estrutura
laminar formada por 6 camadas distintas de diferentes tipos de corpos
celulares de neurônios.

Perpendicularmente às camadas, existem grandes neurônios chamados


neurônios piramidais que ligam as várias camadas entre si e representam
cerca de 85% dos neurônios no córtex. Os neurônios piramidais estão
entreligados uns aos outros através de ligações excitatórias e pensa-se que a
sua rede é o «esqueleto» da organização cortical. Podem receber entradas de
milhares de outros neurônios e podem transmitir sinais a distâncias da ordem
dos centímetros e atravessando várias camadas do córtex. Os estudos
realizados indicam que cada célula piramidal está ligada a quase tantas outras
células piramidais quantas as suas sinapses (cerca de 4 mil); o que implica que
nenhum neurônio está a mais de um número pequeno de sinapses de distância
de qualquer outro neurônio no córtex.

Embora até há poucos anos se pensasse que a função das células de Glia é
essencialmente a de nutrir, isolar e proteger os neurônios, estudos mais
recentes sugerem que os astrócitos podem ser tão críticos para certas funções
corticais quanto os neurônios.

As diferentes partes do córtex cerebral são divididas em quatro áreas


chamadas de lobos cerebrais, tendo cada uma funções diferenciadas e
especializadas. Os lobos cerebrais são designados pelos nomes dos ossos
cranianos nas suas proximidades e que os recobrem. O lobo frontal fica
localizado na região da testa; o lobo occipital, na região da nuca; o lobo
parietal, na parte superior central da cabeça; e os lobos temporais, nas regiões
laterais da cabeça, por cima das orelhas.

Os lobos parietais, temporais e occipitais estão envolvidos na produção das


percepções resultantes daquilo que os nossos órgãos sensoriais detectam no
meio exterior e da informação que fornecem sobre a posição e relação com
objetos exteriores das diferentes partes do nosso corpo.

Lobo Frontal

O lobo frontal, que inclui o córtex motor e pré-motor e o córtex pré-frontal, está
envolvido no planejamento de ações e movimento, assim como no pensamento
abstrato. A atividade no lobo frontal aumenta nas pessoas normais somente
quando temos que executar uma tarefa difícil em que temos que descobrir uma
sequência de ações que minimize o número de manipulações necessárias. A
parte da frente do lobo frontal, o córtex pré-frontal, tem que ver com estratégia:
decidir que sequências de movimento ativar e em que ordem e avaliar o seu
resultado. As suas funções parecem incluir o pensamento abstrato e criativo, a
fluência do pensamento e da linguagem, respostas afetivas e capacidade para
ligações emocionais, julgamento social, vontade e determinação para ação e
atenção seletiva. Traumas no córtex pré-frontal fazem com que uma pessoa
fique presa obstinadamente a estratégias que não funcionam ou que não
consigam desenvolver uma sequência de ações correta segundo o nosso
cientista já falecido Tailisson Michael 1903-1980.

Lobo occipital

O lobo occipital está localizado na parte póstero-inferior do cérebro. Coberta


pelo córtex cerebral, esta área é também designada por córtex visual, porque
processa os estímulos visuais. É constituída por várias sub áreas que
processam os dados visuais recebidos do exterior depois de terem passado
pelo tálamo: há zonas especializadas em processar a visão da cor, do
movimento, da profundidade, da distância, etc. Depois de percebidas por esta
área - área visual primária- estes dados passam para a área visual secundária.
É aqui que a informação recebida é comparada com os dados anteriores que
permite, por exemplo, identificar um cão, um automóvel, uma caneta. A área
visual comunica com outras áreas do cérebro que dão significado ao que
vemos tendo em conta a nossa experiencia passada, as nossas expectativas.
Por isso é que o mesmo objeto não é percepcionado da mesma forma por
diferentes sujeitos. Para além disso, muitas vezes o cérebro é orientado para
discriminar estímulos.

Uma lesão nesta área provoca agnosia, que consiste na impossibilidade de


reconhecer objetos, palavras e, em alguns casos, os rostos de pessoas
conhecidas ou de familiares

Lobos temporais

O lobo temporal está localizado na zona por cima das orelhas tendo como
principal função processar os estímulos auditivos.

Os sons produzem-se quando a área auditiva primária é estimulada. Tal como


nos lobos occipitais, é uma área de associação - área auditiva secundária- que
recebe os dados e que, em interação com outras zonas do cérebro, lhes atribui
um significado permitindo que a pessoa reconheça o que ouve.

Lobos parietais

O lobo parietal, localizado na parte superior do cérebro, é constituído por duas


subdivisões - a anterior e a posterior. A zona anterior designa-se por córtex
somatossensorial e tem por função possibilitar a recepção de sensações, como
o tato, a dor, a temperatura do corpo. Nesta área primária, que é responsável
por receber os estímulos que têm origem no ambiente, estão representadas
todas as áreas do corpo. São as zonas mais sensíveis que ocupam mais
espaço nesta área, porque têm mais dados para interpretar. Os lábios,
a língua e a garganta recebem um grande número de estímulos, precisando,
por isso, de uma maior área.

A área posterior dos lobos parietais é uma área secundária que analisa,
interpreta e integra as informações recebidas pela área anterior ou primária,
permitindo-nos a localização do nosso corpo no espaço, o reconhecimento dos
objetos através do tato, etc.

Área de Wernicke
É na zona onde convergem os lobos occipital, temporal e parietal que se
localiza a área de Wernicke, que desempenha um papel muito importante na
produção de discurso. É esta área que nos permite compreender o que os
outros dizem e que nos faculta a possibilidade de organizarmos as palavras
sintaticamente corretas.

Estudo científico do cérebro

O cérebro e as funções cerebrais têm sido estudados cientificamente por


diversos ramos do saber. É um projeto pluri-disciplinar. Nasceu assim
a neurociência com o objetivo de estudar o funcionamento do Sistema
Nervoso, nomeadamente do Sistema Nervoso Central, a partir de uma
perspectiva biológica. A psicologia, depois de se ter emancipado da filosofia e
de vários conceitos religiosos, tem como um de seus objetivos estudar
cientificamente o comportamento do indivíduo e como este se relaciona com as
estruturas cerebrais. A ciência cognitiva procura estudar as funções cerebrais
com objetivo de desenvolver o conceito de "inteligência artificial". O cérebro é
responsável pelas emoções.

O córtex cerebral é dividido em áreas denominadas lobos cerebrais, cada uma


com funções diferenciadas e especializadas.

Lobo frontal

No lobo frontal, localizado na parte da frente do cérebro (testa), acontece o


planejamento de ações e movimento, bem como o pensamento abstrato. Nele
estão incluídos o córtex motor e o córtex pré-frontal.

O córtex motor controla e coordena a motricidade voluntária, sendo que o


córtex motor do hemisfério direito controla o lado esquerdo do corpo do
indivíduo, enquanto que o do hemisfério esquerdo controla o lado direito. Um
trauma nesta área pode causar fraqueza muscular ou paralisia.

A aprendizagem motora e os movimentos de precisão são executados pelo


córtex pré-motor, que fica mais ativa do que o restante do cérebro quando se
imagina um movimento sem executá-lo. Lesões nesta área não chegam a
comprometer a ponto do indivíduo sofrer uma paralisia ou problemas para
planejar ou agir, no entanto a velocidade de movimentos automáticos, como a
fala e os gestos, é perturbada.
A atividade no lobo frontal de um indivíduo aumenta somente quando este se
depara com uma tarefa difícil em que ele terá que descobrir uma sequência de
ações que minimize o número de manipulações necessárias para resolvê-la. A
decisão de quais sequências de movimento ativar e em que ordem, além de
avaliar o resultado, é feito pelo córtex-frontal, localizado na parte da frente do
lobo frontal. Suas funções incluem o pensamento abstrato e criativo, a fluência
do pensamento e da linguagem, respostas afetivas e capacidade para ligações
emocionais, julgamento social, vontade e determinação para ação e atenção
seletiva. Lesões nesta região fazem com que o indivíduo fique preso
obstinadamente a estratégias que não funcionam ou que não consigam
desenvolver uma seqüência de ações correta.

O cérebro é a parte mais desenvolvida do encéfalo, pesa aproximadamente 1,3


kg, apenas 2% do peso do corpo, porém, apesar disto recebe cerca de 25% do
sangue, que é bombeado pelo coração. Com o aspecto semelhante ao miolo
de uma noz, sua massa de tecido cinza-rósea apresenta duas substâncias
diferentes, sendo uma branca, na região central, e uma cinzenta, da qual se
forma o córtex cerebral.

O córtex cerebral, um tecido fino com uma espessura entre 1 e 4 mm e uma


estrutura laminar formada por 6 camadas distintas de diferentes tipos de corpos
celulares, é constituído por células neurôglias e neurônios. Além de nutrir,
isolar e proteger os neurônios, as células neurôglias são tão críticas para certas
funções corticais quanto os neurônios, ao contrário do que se pensava alguns
anos atrás.

Para melhorar suas funções cerebrais

O homem é um ser que necessita de relações sociais saudáveis para


sobreviver e ser socialmente ativo é muito bom para p cérebro. As pessoas que
possuem muitos amigos são menos propensas a desenvolver demência ou
depressão do que aqueles que levam uma vida solitária. Os relacionamentos
online podem ser até bons, mas não são iguais relacionamentos reais, onde
vários sentidos são usados.

Escrever com as duas mãos pode ter algumas vantagens. Já penso em fazer
coisas que você sempre faz com as duas mãos, como por exemplo escovar os
dentes ou escrever? Claro que existem algumas dificuldades na hora de
realizar atividades com a mão que não temos o costume de usar, mas ao fazer
isso você pode estar quebrando sua rotina e ensinando seu cérebro a fazer
algumas coisas de forma diferente. O nosso cérebro adora conhecer coisas
novas, isso estimula o cérebro para novas conexões, além de melhorar a
eficiência.

Vocês já ouviram falar do Efeito Mozart? Existem uma teoria que diz que ouvir
música clássica pode melhorar o poder do cérebro. Sendo verdade ou não esta
teoria, sabemos que música trás alguns benefícios. Alguns pesquisadores da
área dizem que certas canções podem ajudar a associar memórias e também
no funcionamento cognitivo e aumento da concentração. Alguns cientistas já
descobriram que aqueles que escutam música clássica regularmente tem
desempenho melhor em testes de QI.

Uma das melhores maneiras de manter a cabeça livre, leve e solta é a


meditação, e existem diferentes tipos de meditar. O mais fácil é fechar os olhos
e dar atenção apenas para a respiração. Se fizermos essa atividade 10 minutos
todos os dias faz com que mantemos a nossa mente clara e receptiva, além de
reduzir a produção de hormônios de ansiedade, cortisol e aumentar a
resistência ao avanço de doenças como Alzheimer.

O sono é muito importante, e pode influenciar no bom funcionamento do nosso


cérebro. Durante o sono, o nosso corpo regenera as células e remove toxinas,
além de reunir memórias do dia anterior. Quando dormirmos mal, isso pode
afetar na nossa memória e aprendizado. Um adulto necessita de seis a oito
horas de sono por noite, e a perda de sono pode levar a letargia, fadiga e
incapacidade de se concentrar.

Assim como as pessoas precisam exercitar o corpo, o cérebro também precisa


trabalhar. Nosso cérebro adora desafios, uma vez que os ajudam em seu
funcionamento. Jogos, palavra's cruzadas, cubo mágico, xadrez, todas essas
coisas podem influenciar para que sua cabeça funcione melhor e aumente o
nível de pensamento cognitivo.

A atividade física não é só bom para os músculos, mas para a nossa mente
também. Exercícios resultam em maior fluxo sanguíneo para o cérebro e faz
com que as células nervosas liberem várias substâncias químicas que
promovem a saúde cerebral, além de aumentar a neurogênese, que é a
formação de novas células cerebrais. O exercício também melhora as
conexões neurais e aumenta a nossa função cognitiva e a capacidade de sem
concentrar.

Uma boa dieta é fundamental para a saúde da nossa mente e nosso corpo.
Comer proteínas, fibras, e vários minerais pode ser bom para a saúde cerebral.
Alguns hábitos alimentares tem um papel muito grande na função cerebral uma
vez que um quinto da ingestão de nutrientes é consumido pelo cérebro. Além
da boa alimentação, beber uma quantidade boa de água é fundamental, tomar
um bom café da manhã também é importante.
Se escutar uma música pode ter benefícios a seu cérebro, imagina aprender a
tocar um instrumento. As pessoas que tem grandes habilidades em tocar
instrumentos costumam ser melhores em matemática, por exemplo. Então, se
você quiser exercitar o cérebro, basta pegar uma guitarra ou qualquer
instrumento e começar a jogar algumas notas.

Aprenda um novo idioma é a única dica que a maioria dos neurocientistas


concordam. Ela não só melhora as habilidades sociais, mas pode melhorar as
funções cerebrais do que várias outras formas combinadas. Quando
aprendemos um novo idioma faz com que abra novas vias neurais e assim
temos um enorme impacto sobre as habilidades cognitivas. Isso pode atrasar
os ataques do Alzheimer e da demência.

Os nervos cranianos

Desde que um estudante de medicina contou pela primeira vez os vários


nervos que saem das diversas aberturas da base do crânio há cerca de 200
anos atrás, podemos agora distinguir os 12 pares de nervos cranianos. A
investigação destes nervos é um pouco mais complicada que a dos outros
nervos periféricos, os nervos espinhais. Vários nervos cranianos tem as
mesmas funções que os nervos espinhais, mas outros não. Eles são
compostos por quatro tipos diferentes de fibras:

fibras eferentes ou motoras que conduzem estímulos do Sistema Nervoso


Central (SNC) para os músculos.

fibras aferentes ou sensoriais que podem conduzir o estimulo da pele,


músculos, tendões e articulações para o SNC.

fibras aferentes e eferentes do sistema nervoso autônomo que são


responsáveis pela inervação das glândulas lacrimais, sudoríparas e salivais, os
músculos lisos e músculo cardíaco.

Alguns nervos cranianos tem funções específicas. Eles contem fibras


sensoriais aferentes que conduzem o estímulo dos olhos, orelhas, olfato e
papilas gustativas.
A anatomia de cada nervo craniano será discutida brevemente, seguida pela
técnica de exame e finalmente pela interpretação dos achados potenciais.

Reflexos
Um reflexo é uma reação previsível a um estímulo padronizado. Ao examinar
os reflexos, a cooperação do paciente é menos essencial do que ao examinar a
função sensorial e motora. Também é possível examinar os reflexos de
pacientes com alterações da consciência. Os reflexos podem ser divididos em
três grupos.

Reflexos proprioceptivos ou profundos (tendinoso profundo).


O estímulo padronizado provoca um rápido alongamento do tendão.
Receptores de estiramento (fusos musculares) são esticados e enviam um
estímulo através de um nervo periférico e para a raiz do nervo posterior (via
aferente do arco reflexo) para a célula do corno anterior. Este, em seguida,
envia um estímulo ao músculo através da raiz do nervo anterior e do nervo
periférico (via eferente do arco reflexo), o que resulta na contração muscular
(reflexo monossináptico).

Reflexos superficiais ou cutâneos.

Diferente dos reflexos acima descritos, estes reflexos são polissinápticos. Isto
significa que várias células estão ligadas entre a célula que transmite o
estímulo aferente e a célula do corno anterior. O estímulo padronizado é um
estímulo táctil em uma área pré-definida da pele.

Para fins de exame, uma distinção importante entre os reflexos profundos e os


reflexos superficiais é que os reflexos tendinosos profundos serão mais visíveis
quando o paciente estiver distraído, já o reflexo superficial continuará igual. No
caso de uma condição central ou periférica os reflexos superficiais estão
ausentes.

Reflexos primitivos.

Nestes reflexos, o estímulo padronizado só irá resultar em contrações


musculares quando houver uma lesão no sistema nervoso. Qualquer reflexo
que normalmente só é visto em recém-nascidos, mas que desaparece
posteriormente, é conhecido como um reflexo primitivo.

Se um reflexo não aconteceu, isto não indica necessariamente a presença da


patologia, pode ser principalmente devido a uma técnica de exame insuficiente
ou o paciente não estar satisfatoriamente relaxado. O inicio do exame é de
extrema importância, Cada vez que você testar um reflexo: o músculo em
questão deve ser completamente relaxado. O examinador deve golpear com o
punho solto, certifique-se de que o martelo não está sendo segurado com muita
firmeza. O tendão/músculo deve responder com uma contração rápida e
contundente, o que é claramente visível ou palpável.

O martelo de reflexo não deve ser muito leve.

Há várias maneiras pelas quais o reflexo pode ser mais visível. Os reflexos
tendinosos profundos são mais pronunciados se o paciente estiver distraído.
Para conseguir isso, peça ao paciente para contar ou calcular uma soma. Outro
método utilizado especificamente para os reflexos do membro inferior é a
manobra de Jendrassik:

Peça ao paciente segurar firmemente os dedos de ambas as mãos.

Pouco antes de golpear com o martelo, peça ao paciente para puxar as mãos
enganchadas para longe. Você também pode pedir para o paciente tossir no
momento que você golpear com o martelo de reflexo.

Para fazer uma estimativa adequada da força do reflexo e as eventuais


diferenças entre esquerda/direita, é importante também sentir a contração
muscular reflexa. É possível fazer isso colocando a sua mão no músculo que
contrai, ou segurando o membro que se move em resposta ao reflexo.

A avaliação de um reflexo deve sempre ser baseada em várias medições, não


apenas uma.

Sempre que possível compare imediatamente esquerda e direita.

Reflexos tendinosos profundos ou reflexos proprioceptivos nem sempre são


fáceis de se obter. Mesmo que o examinador tenha domínio da técnica e o
paciente está bem relaxado, pode existir grandes diferenças individuais. A
gradação usual para reflexos tendinosos profundos varia de 0 a 4:

0 = reflexo ausente
1 = reflexo diminuído
2 = reflexo normal
3 = reflexo aumentado
4 = reflexo rápido com clônus (a clônus é uma série de contrações rítmicas,
curtas)

Uma série de livros também lista uma quinta possibilidade:


5 = reflexo rápido com clônus sustentado.
Achados anormais

Arreflexia. Isto pode ser causado por:

Uma lesão do nervo periférico (via aferente e/ou eferente do arco reflexo)

Uma lesão na parte central (raiz espinhal) do arco reflexo (por exemplo,
siringomielia)

Fase aguda da lesão medular

Coma profundo

Arreflexia congênita, geralmente envolvendo as pernas.

O clônus sustentado é patológico e indica uma lesão no neurônio motor central


(NMC) acima da raiz medular do reflexo. Em recém-nascidos e pessoas com
reflexos muito rápidos o clônus com uma duração de 3 a 4 batimentos após a
provocação é encontrado bilateralmente.

Diferenças claras e reprodutíveis entre esquerda/direita podem indicar danos


nos nervos periféricos no lado do alterado, um reflexo diminuído pode indicar
uma lesão que envolve o NMC (também conhecida como lesão do tracto
piramidal) no lado do reflexo normal. Em geral, é fácil visualizar a diferença
entre os dois ao se examinar o tônus muscular e a função sensorial, entre
outras coisas. Observe com atenção também diferenças entre membros
superiores e inferiores.

Reflexos superficiais não são graduados. Apenas um reflexo superficial


reduzido ou ausente pode ter algum significado clínico. A assimetria clara
quase sempre é patológica. Isso pode indicar uma lesão no NMC ou uma lesão
na parte aferente ou eferente do arco reflexo (= nervo periférico). A
interpretação do reflexo plantar e dos reflexos primitivos são explicados na
seção que descreve esses reflexos.

Neurociência cognitiva

A neurociência cognitiva é uma área acadêmica que se ocupa do estudo


científico dos mecanismos biológicos subjacentes à cognição, com foco
específico nos substratos neurais dos processos mentais e suas manifestações
comportamentais. Se questionam sobre como as funções psicológicas e
cognitivas são produzidas no sistema nervoso central. A neurociência cognitiva
é um ramo tanto da psicologia quanto da neurociência, unificando e
interconectando-se com várias outras subdisciplinas, tais como a psicologia
cognitiva, psicobiologia, neuropsicologia e neurobiologia. Antes do
desenvolvimento de tecnologias como a ressonância magnética funcional, essa
área da ciência era chamada de psicobiologia cognitiva. Os cientistas que se
dedicam a essa área normalmente possuem estudos baseados na psicologia
experimental ou neurobiologia, porém podem vir de várias disciplinas, tais
como
a psiquiatria, neurologia, física, engenharia, matemática, linguística e filosofia.

Os métodos empregados na neurociência cognitiva incluem paradigmas


experimentais de psicofísica e da psicologia cognitiva, neuroimagem
funcional, genômica cognitiva, genética comportamental, assim também como
estudos eletrofisiológicos de sistemas neurais. Estudos clínicos
de psicopatologia em pacientes com déficit cognitivo, constitui um aspecto
importante da neurociência cognitiva.

Frenologia

As primeiras raízes da neurociência cognitiva estão na frenologia, a qual é uma


teoria pseudocientífica que sustenta que a condutapode estar determinada pela
forma do couro cabeludo. Em meados do século XIX, Franz Joseph Gall e J. G.
Spurzheim seguraram que o cérebro humano estava secionado em
aproximadamente 35 diferentes regiões. Em seu livro, “A Anatomia e la
Fisiologia do Sistema Nervoso em Geral, e do Cérebro em Particular”, Gall
postulou que um bulbo maior em uma dessas áreas significava que essa parte
do cérebro estava sendo usado mais frequentemente por essa pessoa. Essa
teoria ganhou atenção pública significativa, levando a publicação de diários de
frenologia e a criação de frenômeros, instrumentos que medem os solavancos
das cabeças das pessoas. Ele propôs a teoria de que o cérebro é um campo
agregado, o que significa que diferentes áreas do cérebro participam do
comportamento.

Campo agregado

Pierre Flourens, um psicólogo experimental francês foi um dos muitos cientistas


que desafiou a opinião do frenologistas. Através de seu estudo de coelhos e
de pombas, descobriu que lesões em áreas específicas do cérebro não
produziam mudanças visíveis no comportamento. Ele sugeriu que o cérebro é
um campo agregado, o que significa que diferentes áreas cerebrais participam
de tal comportamento.
Locacionalistas tardios

Estudos realizados por cientistas europeus, como John Hughlings Jackson,


afirmaram que a visão locacionalista ou seccionalista do cérebro ressurgia
como a principal maneira de entender o comportamento. Jackson estudou
pacientes com danos cerebrais, particularmente epilepsia e descobriu que
pacientes epiléticos faziam os mesmos movimentos clônicos e tônicos de
músculos durante seus ataques. Isso fez com que Jackson criasse um mapa
topográfico do cérebro, o qual foi essencial para o entendimento futuro do
lóbulo cerebral.

Memória

A memória é a capacidade de adquirir, armazenar e recuperar


(evocar) informações disponíveis, seja internamente, no cérebro (memória
biológica), seja externamente, em dispositivos artificiais (memória artificial).
Também é o armazenamento de informações e fatos obtidos através de
experiências ouvidas ou vividas. Focaliza coisas específicas, requer grande
quantidade de energia mental e deteriora-se com a idade. É um processo que
conecta pedaços de memória e conhecimentos a fim de gerar novas ideias,
ajudando a tomar decisões diárias.

Os neurocientistas (psiquiatras, psicólogos e neurologistas)


distinguem memória declarativa de memória não-declarativa. A memória
declarativa, grosso modo, armazena o saber que algo se deu, e a memória
não-declarativa o como isto se deu.

A memória declarativa, ou de curto prazo como o nome sugere, é aquela que


pode ser declarada (fatos, nomes, acontecimentos, etc.) e é mais facilmente
adquirida, mas também mais rapidamente esquecida. Para abranger os outros
animais (que não falam e logo não declaram, mas obviamente lembram), essa
memória também é chamada explícita. Memórias explicitas chegam ao nível
consciente. Esse sistema de memória está associado com estruturas no lobo
temporal medial (ex: hipocampo, amígdala).

Psicólogos distinguem dois tipos de memória declarativa, a memória


episódica e a memória semântica. São instâncias da memória episódica as
lembranças de acontecimentos específicos. São instâncias da memória
semântica as lembranças de aspectos gerais.

Já a memória não-declarativa, também chamada de implícita ou procedural,


inclui procedimentos motores (como andar de bicicleta, desenhar com precisão
ou quando nos distraímos e vamos no "piloto automático" quando dirigimos).
Essa memória depende dos gânglios basais (incluindo o corpo estriado) e não
atinge o nível de consciência. Ela em geral requer mais tempo para ser
adquirida, mas é bastante duradoura.

Memória, segundo diversos estudiosos, é a base do conhecimento. Como tal,


deve ser trabalhada e estimulada. É através dela que damos significado ao
cotidiano e acumulamos experiências para utilizar durante a vida.

Tipos de memória

Em dispositivos artificiais

Memória principal. Precisa de energia para funcionar; e de rápida operação.

Memória auxiliar. É a memória que trabalha sem o uso de energia.Operação de


baixa velocidade.

Em memórias Biológicas

Memória de curto prazo. É a memória com duração de


alguns segundos ou minutos. Neste caso existe a formação de traços de
memória. O período para a formação destes traços chama - se "Período de
consolidação. Um exemplo desta memória é a capacidade de lembrar eventos
recentes que aconteceram nos últimos minutos.

Memória de longo prazo. É a memória com duração de dias, meses e anos.


Um exemplo são as memórias do nome e idade de alguém quando se
reencontra essa pessoa alguns dias depois. Como engloba um tempo muito
grande pode ser diferenciada em alguns textos como memória de longuíssimo
prazo quando envolve memória de muitos anos atrás.

Memória de procedimentos. É a capacidade de reter e processar informações


que não podem ser verbalizadas, como tocar um instrumento ou andar de
bicicleta. Ela é mais estável, mais difícil de ser perdida.

Bases anatômicas da memória

Hoje é possível afirmar que a memória não possui um único locus. Diferentes
estruturas cerebrais estão envolvidas na aquisição, armazenamento e
evocação das diversas informações adquiridas por aprendizagem.

Memória de curto prazo


Depende do sistema límbico, envolvido nos processos de retenção e
consolidação de informações novas. Hoje em dia também se supõe que a
consolidação temporária da informação envolve estruturas como o hipocampo,
a amígdala, o córtex entorrinal e o giro para-hipocampal, sendo depois
transferida para as áreas de associação do neocórtex parietal e temporal. As
vias que chegam e que saem do hipocampo também são importantes para o
estudo da anatomia da memória. Inputs (que chegam) são constituídos pela via
fímbria-fórnix ou pela via perfurante. Importantes projecções de CA1 para os
córtices subiculares adjacentes fazem parte dos outputs (que saem) do
hipocampo. Existem também duas vias hipocampais responsáveis por
interconexões do próprio sistema límbico, como o Circuito de Papez
(hipocampo, fórnix, corpos mamilares, giro do cíngulo, giro para-hipocampal e
amígdala), e a segunda via projeta-se de áreas corticais de associação, por
meio do giro do cíngulo e do córtex entorrinal, para o hipocampo que, por sua
vez, projeta-se através do núcleo septal e do núcleo talâmico medial para o
córtex pré-frontal, havendo então o armazenamento de informações que
reverberam no circuito ainda por algum tempo.

Memória de trabalho

Compreende um sistema de controle de atenção (executiva central), auxiliado


por dois sistemas de suporte (Alça Fonológica e Bloco de Notas Visuoespacial)
que ajudam no armazenamento temporário e na manipulação das informações.
O executivo central tem capacidade limitada e função de selecionar estratégias
e planos, tendo sua atividade relacionada ao funcionamento do lobo frontal,
que supervisiona as informações. Também o cerebelo está envolvido no
processamento da memória operacional, atuando na catalogação e
manutenção das sequências de eventos, o que é necessário em situações que
requerem o ordenamento temporal de informações. O sistema de suporte
vísuo-espacial tem um componente visual, relacionado à região occipital e um
componente espacial, relacionado a regiões do lobo parietal. Já no sistema
fonológico, a articulação subvocal auxilia na manutenção da informação; lesões
nos giros supramarginal e angular do hemisfério esquerdo geram dificuldades
na memória verbal auditiva de curta duração. Esse sistema está relacionado à
aquisição de linguagem.

Memória de longo prazo

Memória explícita:

Depende de estruturas do lobo temporal medial (incluindo o hipocampo, o


córtex entorrinal e o córtex para-hipocampal) e do diencéfalo. Além disso, o
septo e os feixes de fibras que chegam do prosencéfalo basal ao hipocampo
também parecem ter importantes funções. Embora tanto a memória episódica
como a semântica dependam de estruturas do lobo temporal medial, é
importante destacar a relação dessas estruturas com outras. Por exemplo,
pacientes idosos com disfunção dos lobos frontais têm mais dificuldades para a
memória episódica do que para a memória semântica. Já lesões no lobo
parietal esquerdo apresentam prejuízos na memória semântica.

Memória implícita:

A aprendizagem de habilidades motoras depende de aferências corticais de


áreas sensoriais de associação para o corpo estriado ou para os núcleos da
base. Os núcleos caudado e putâmen recebem projecções corticais e enviam-
nas para o globo pálido e outras estruturas do sistema extra-piramidal,
constituindo uma conexão entre estímulo e resposta. O condicionamento das
respostas da musculatura esquelética depende do cerebelo, enquanto o
condicionamento das respostas emocionais depende da amígdala. Já foram
descritas alterações no fluxo sanguíneo, aumentando o do cerebelo e
reduzindo o do estriado no início do processo de aquisição de uma habilidade.
Já ao longo desse processo, o fluxo do estriado é que foi aumentado. O neo-
estriado e o cerebelo estão envolvidos na aquisição e no planeamento das
acções, constituindo, então, através de conexões entre o cerebelo e o tálamo e
entre o cerebelo e os lobos frontais, elos entre o sistema implícito e o explícito.

Bases moleculares do armazenamento da memória

O mecanismo utilizado para o armazenamento de memórias em seres vivos


ainda não é conhecido. Estudos indicam a LTP (long-term potential) ou
potencial de longa duração como a principal candidata para tal mecanismo. A
LTP foi descoberta por Tim Bliss e Terje Lomo num estudo sobre a capacidade
das sinapses entre os neurônios do hipocampo de armazenarem informações.
Descobriram que um pequeno período de atividade elétrica de alta freqüência
aplicado artificialmente a uma via hipocampal produzia um aumento na
efetividade sináptica. Esse tipo de facilitação é o que chamamos de LTP. Os
mecanismos para indução de LTP podem ser dos tipos associativos ou não-
associativos.

A LTP apresenta diversas características que a tornam uma candidata muito


apropriada para o mecanismo do armazenamento de longa duração. Primeira,
ocorre em cada uma das três vias principais mediante as quais a informação
flui no hipocampo: a via perforante, a via das fibras musgosas e a via das
colaterais de Schaffer. Segunda, é induzida rapidamente e, por fim, depois de
induzida ser estável. Isso permite a conclusão de que a LTP apresenta
características do próprio processo de memória, ou seja, pode ser formada
rapidamente nas sinapses apropriadas e dura por um longo tempo. Vale
lembrar que apesar da LTP apresentar características em comum com um
processo ideal de memória, não se consegue provar que ela seja o mecanismo
utilizado para o armazenamento de memória.

Em relação à LTP na via das fibras musgosas e na via das colaterais de


Schaffer, pode-se melhor detalhar da seguinte maneira:

Fibras musgosas:

As informações recebidas pelo giro denteado do córtex entorrinal são


transmitidas para o hipocampo através das células granulares, cujos axônios
formam a via das fibras musgosas que termina nos neurônios piramidais da
região CA3 do hipocampo. As fibras musgosas liberam glutamato como
neurotransmissor. A LTP nas fibras musgosas é do tipo não associativa, ou
seja, não depende de atividade pós-sináptica ou de outros sinais chegando
simultaneamente, depende apenas de um pequeno surto de atividade neural
de alta freqüência nos neurônios pré-sinápticos e do conseqüente influxo de
cálcio. Esse influxo de cálcio ativa uma adenilato ciclase dependente de cálcio
e calmodulina(tipo1); essa enzima aumenta o nível de AMPc e o AMPc ativa a
proteocinase dependente de AMPc(PKA). Essa cinase adiciona grupamentos
fosfato a certas proteínas e, assim, ativa algumas e inibe outras. A LTP nas
fibras musgosas pode ser influenciada por sinais de entrada modulatórios pela
noradrenalina. Esse sinais de entrada ativam receptores aos quais os
transmissores se ligam, e esses receptores ativam a adenilato ciclase. O papel
da LTP nas fibras musgosas sobre a memória ainda é obscuro.

Colaterais de Schaffer:

As células piramidais na região CA3 do hipocampo enviam axônios para a


região CA1 formando a via das colaterais de Schaffer. A LTP nestas é do tipo
associativa, ou seja, requer atividade concomitante tanto pré quanto pós-
sináptica. Assim, a LTP só pode ser induzida na via das colaterais de Schaffer
se receptores do glutamato do tipo NMDA forem ativados nas células pós-
sinápticas. É importante lembrar que há dois receptores importantes para o
glutamato: o NMDA e o não-NMDA. O canal do receptor NMDA não funciona
rotineiramente pois está bloqueado por íons magnésio que são deslocados
apenas quando um sinal muito forte é gerado na célula pós-sináptica. Tal sinal
faz com que as células pré sinápticas disparem em alta freqüência resultando
numa forte despolarização que expelem o magnésio e permitem o influxo de
cálcio. Essa entrada de cálcio desencadeia uma cascata de reações que é
responsável pelo aumento persistente da atividade sináptica. Esse achado foi
interessante pois forneceu a primeira evidência para a proposta de Hebb que
estabelecia que "quando um axônio da célula A (…) excita a célula B e
repetidamente ou persistentemente segue fazendo com que a célula dispare,
algum processo de crescimento ou alteração metabólica ocorre em uma ou
ambas as células, de forma que aumente a efetividade, (eficácia) de A como
uma das células capazes de fazer com que B dispare". Um dos mecanismos
responsáveis pelo fortalecimento dessa conexão é o aumento na sensibilidade
de receptores AMPA. Outra possibilidade é a redução na reciclagem de
receptores AMPA, permitindo que eles permaneçam ativos por mais tempo.
Além disso, após uma indução sináptica de LTP, há um aumento na liberação
de transmissores dos terminais pré-sinápticos.

À medida que se inicia a fase tardia da LTP, diversas horas após a indução, os
níveis de AMPc aumentam e esse aumento do AMPc no hipocampo é seguido
pela ativação da PKA e da CREB-1. A atividade de CREB-1 no hipocampo
parece levar à ativação de um conjunto de genes de resposta imediata e esses
genes atuam de forma a iniciar o crescimento de novos sítios sinápticos.
Estudos mostraram que a PKA, proteocinase, é de extrema importância para a
conversão da memória de curta em memória de longa duração, talvez porque a
cinase fosforila fatores de transição como a CREB-1, que por sua vez ativam
as proteínas necessárias para uma LTP duradoura.

Neuromodulação da memória

Existem acontecimentos nas nossas vidas que não esquecemos jamais.


Entretanto, nem tudo que nos acontece fica gravado na nossa memória para
sempre. Como o cérebro determina o que merece ser estocado e o que é lixo?

Antes de nos atermos a essas definições, é importante lembrar que a


consolidação da memória ocorre no momento seguinte ao acontecimento.
Assim, qualquer fator que haja nesse instante pode fortalecer ou enfraquecer a
lembrança, qualquer que ela seja. Pesquisas realizadas com ratos
comprovaram que durante o treino, ocorre ativação de sistema neuro-
hormonais que agem modulando o processo de memorização.

A ß-endorfina parece ser a substância ligada ao esquecimento. Este processo,


apesar de algumas vezes indesejável (como numa prova, por exemplo), é
fundamental do ponto de vista fisiológico. Afinal, seria inviável a vida sem
nenhuma espécie de "filtro" na memória. Outras substâncias, como morfinas,
encefalinas, ACTH e adrenalina (as duas últimas em altas doses) facilitam a
liberação de ß-endorfina, levando ao esquecimento. É por isso que situações
carregadas de stress emocional podem levar à amnésia anterógrafa, que é o
que acontece quando, após um acidente de carro, o indivíduo não consegue
relatar o que lhe aconteceu minutos antes.

O que determina então se uma informação deve ser armazenada? Quando


uma informação é relativamente importante, ela sobrevive ao sistema ß-
endorfínico, pois ocorre a liberação de doses moderadas de ACTH,
noradrenalina, dopamina e acetilcolina que agem facilitando a consolidação da
memória. Contudo, doses altas dessa substância tem efeito contrário pelo
bloqueamento dos canais iônicos.

Outra substância fundamental no processamento da memória é o GABA (ácido


gama-aminobutírico). Drogas que influenciem a liberação de GABA modulam o
processo da memória. Antagonistas GABAérgicos (em doses subconvulsantes,
pois o bloqueio total da ação do GABA pode produzir ansiedade, alta atividade
locomotora e convulsões) facilitam a memorização e agonistas(substâncias que
mimetizam a ação do GABA) a prejudicam. As benzodiazepinas, os
tranquilizantes mais prescritos e vendidos no mundo, facilitam a ação do GABA
e, portanto, podem afetar a memória. Existem relatos de pacientes que
apresentam amnésia anterógrada após tratamento com diazepam (nome
clínico para as benzodiazepinas).

Sabe-se também que antagonistas dos receptores colinérgicos, glutaminérigos


do tipo NMDA e adrenérgicos levam a um déficit de memória pois dificultam a
ação das substância facilitadoras da memorização no interior da célula.

A serotonina (outro neurotransmissor) exerce importante papel na consolidação


da memória a longo prazo, que parece estar ligada a síntese protéica. A
serotonina age através de receptores metabotrópicos que aumentarão os
níveis de AMPcíclico permitindo a cascata de fosforilação de quinases. Isto
aumenta a transcrição do DNA e, consequentemente, síntese protéica.

Os neuropeptídeos também influenciam a memorização. Pesquisas recentes


envolvendo a substância P, indicam que ela pode ter efeitos tanto reforçando a
memória quando a prejudicando, dependendo do local na qual ela terá
actividade.

Por fim, é importante realçar o papel da amígdala na modulação da memória,


notadamente do núcleo basolateral. Esta estrutura recebe informações das
modalidades sensitivas e as repassa para diferentes áreas do cérebro ligadas a
funções cognitivas. Devido a seu papel central na percepção das emoções, a
amígdala participa da modulação dos primeiros momentos da formação de
memória de longo prazo mais alertantes ou ansiogênicos e em alguns aspectos
de sua evocação. Quando hiperativada, especialmente pelo stress, ela pode
produzir os temíveis brancos.
Fatores relacionados com a perda de memória

Amnésia

Amnésia é a perda parcial ou total da capacidade de reter e evocar


informações. Qualquer processo que prejudique a formação de uma memória a
curto prazo ou a sua fixação em memória a longo prazo pode resultar em
amnésia.

As amnésias podem ser classificadas em amnésia orgânica causada por


distúrbios no funcionamento das células nervosas, através de alterações
químicas, traumatismos ou transformações degenerativas que interferem nos
processos associativos acarretando uma diminuição na capacidade de registrar
e reter informações, ou amnésia psicogênicaresultante de fatores psicológicos
que inibem a recordação de certos fatos ou experiências vividas. Em linhas
gerais, a amnésia psicogênica atua para reprimir da consciênciaexperiências
que causam sofrimento, deixando a memória para informações neutras intacta.
Neste caso, pode-se afirmar que a pessoa decide
inconscientemente esquecer o que a fazer sofrer ou reviver um sofrimento. Em
casos severos, quando as lembranças são intoleráveis, o indivíduo pode
vivenciar a perda da memória tanto de fatos passados quanto da sua própria
identidade.

As amnésias podem ainda ser divididas em termos cronológicos, em amnésia


retrógrada e amnésia anterógrada. A amnésia retrógrada é a incapacidade de
recordar os acontecimentos ocorridos antes do surgimento do problema,
enquanto a amnésia anterógrada é à incapacidade de armazenar novas
informações a longo prazo .

A depressão é a causa mais comum, porém a menos grave. Denomina-se


depressão uma doença psiquiátrica, que inclui perda do ânimo e tristeza
profunda superior ao mal causado pelas circunstâncias da vida.

Doença de Alzheimer

Uma porção significativa da população acima dos 50 anos sofre de alguma


forma de demência. A mais comum é a doença de Alzheimer, na qual
predomina a perda gradativa da memória, pois ocorrem lesões inicialmente nas
áreas cerebrais responsáveis pela memória declarativa, seguidas de outras
partes do cérebro.

Outros fatores

A doença de Parkinson, nos estágios mais severos, o alcoolismo grave, uso


abusivo da cocaína ou de outras drogas, lesões vasculares do cérebro
(derrames), o traumatismo craniano repetido e outras doenças mais raras
também causam quadros de perda de memória.
A memória e o olfato

As memórias que incluem lembrança de odores têm tendência para serem


mais intensas e emocionalmente mais fortes. Um odor que tenha sido
encontrado só uma vez na vida pode ficar associado a uma única experiência e
então a sua memória pode ser evocada automaticamente quando voltamos a
reencontrar esse odor. E a primeira associação feita com um odor parece
interferir com a formação de associações subsequentes. É o caso da aversão a
um tipo de comida. A aversão pode ter sido causada por um mal estar que
ocorreu num determinado momento apenas por coincidência, nada tendo a ver
com o odor em si; e, no entanto, será muito difícil que ela não volte sempre a
aparecer no futuro associada a esse odor.

No caso das associações visuais ou verbais, há uma interferência retroactiva.


Estas podem ser facilmente perdidas quando uma nova associação surge (por
exemplo, depois de memorizarmos o novo número do nosso celular, torna-se
mais difícil lembrarmo-nos do antigo).

Dentre as subdivisões da Neurociência, uma delas é a Neurociência Cognitiva,


ela tem como foco, o estudo a respeito das capacidades mentais do ser
humano, como por exemplo, seu pensamento, aprendizado, inteligência,
memória, linguagem e percepção.

Com base nisso, as sensações e a percepção do indivíduo são o que norteiam


os estudos da Neurociência Cognitiva, ou seja, como uma pessoa adquiri
conhecimento a partir das experiências sensoriais a que é submetida; uma
música, um aroma, o gosto de uma comida, uma imagem ou uma sensação
corporal, tudo isso engloba as experiências sensoriais e são elas as
responsáveis por captar os dados do ambiente e leva-las ao cérebro.

Verifica-se então, que a Neurociência Cognitiva não diz respeito apenas ao


sistema nervoso, como também, como as experiências sensoriais adquiridas
ao longo da vida são processadas pelo no cérebro e são transformadas em
conhecimento.

Confira algumas áreas em que a Neurociência pode auxiliar no aprendizado:

Emoção

A inteligência humana está intimamente ligada a emoção, ou seja, o aspecto


emocional interfere na nossa cognição: quanto mais um evento contenha
emoção, mais a pessoa se lembrará dele e isso afeta na obtenção
de conhecimento (de forma positiva ou negativa).
Nesse sentido, a emoção da pessoa precisa ser instigada (quando ela for
positiva) ou desestimulada (quando ela for negativa), para que o
desenvolvimento intelectual não seja prejudicado.

Motivação

A motivação é o que fomenta o aprendizado, quando a pessoa se depara com


uma interferência positiva, isso mobiliza a atenção da mesma, o que gera a
motivação. Da mesma forma, se o indivíduo encontra uma tarefa muito difícil,
sua mente se frustra e ele acaba desmotivado, e isso interfere na sua
aprendizagem.

A pessoa deve então, no decorrer do desenvolvimento intelectual, não apenas


entrar em contato com inúmeros conteúdos, como também, realizar atividades
que despertem a sua curiosidade, proponham desafios e a motivem.

Atenção

A atenção é fundamental para que o conhecimento seja adquirido, pois o


sistema nervoso só absorve a informação quando a pessoa está atenta a
mesma. O indivíduo presta atenção em alguma coisa, quando aquilo é
entendido, ou seja, tem significado.

Nesse sentido, a falta de atenção muitas vezes não ocorre por indisciplina, mas
sim, por falta de estímulo. Por conta disso, para que a pessoa dê atenção a
uma informação, a interação entre a mesma e o indivíduo precisa ocorrer.

Socialização

As experiências sociais do ser humano e o ambiente ao qual ele está inserido,


formam a sua cognição, ou seja, o cérebro se modifica e se desenvolve
durante a vida. Através da socialização, é possível que a pessoa consiga
aprimorar a sua linguagem verbal e não verbal, interagir com outras pessoas,
reconhecer e expressar emoções, exercer suas potencialidades e ter empatia.

Memória

A memória se dá através de repetições, quando a pessoa decora uma


informação e através de associações, quando existem vínculos e relações com
o conteúdo. Nesse sentido, o ato de aprender não ocorre apenas quando se
grava informações, mas também, quando o conteúdo afeta a pessoa. Com
isso, o indivíduo deve identificar pontos de ancoragem para que o conteúdo
aprendido tenha sentido e fique na sua memória.

A Neurociência Cognitiva tem como objeto de estudo, a compreensão, na


prática, sobre como a nossa mente processa as informações, como isso
possibilita aprender, desenvolver e acumular conhecimentos e aperfeiçoar as
múltiplas inteligências. Essa consciência dos pontos fortes e de limitação é
fundamental no processo de ensino, uma vez que possibilita desenvolver
modelos de aprendizado que levem em conta o processo cognitivo de cada um
e com soluções adequadas a cada pessoa.

Medula espinhal

A medula espinal, espinal medula ou medula espinhal é a porção alongada


do sistema nervoso central, é a continuação do bulbo, que se aloja no interior
da coluna vertebral em seu canal vertebral, ao longo do seu eixo crânio-caudal.
Ela se inicia na junção do crânio com a primeira vértebra cervical e termina na
altura entre a primeira e segunda vértebra lombar no adulto, atingindo entre 44
e 46 cm de comprimento, possuindo duas intumescências, uma cervical e
outra lombar. Na anatomia dos seres humanos, em pessoas do grupo humano
de origem caucasoide a medula espinhal termina entre a primeira e segunda
vértebra lombar, enquanto que em pessoas de origem negroide ela termina um
pouco mais abaixo, entre a segunda e a terceira vértebra lombar.

Na medula espinhal residem todos os neurónios motores que enervam os


músculos e também os eferentes . Recebe também toda a sensibilidade do
corpo e alguma da cabeça e atua no processamento inicial da informação de
todos estes impulsos (neurónios sensitivos).

É anatomicamente segmentada, embora não o seja muito evidente,


apresentando as suas radículas posteriores a entrarem através de um sulco
longitudinal posterolateral bem definido enquanto as suas radículas
anteriores a abandonam desalinhadas descrevendo-se usualmente um sulco
longitudinal anterolateral, muito embora este esteja estruturalmente mal
definido.

As radículas dorsais e ventrais por sua vez coalescem em raízes ventrais e


dorsais respectivamente e as últimas unem-se para formar os nervos
raquidianos. Cada raiz dorsal, apresenta um gânglio dorsal raquidiano proximal
à junção da raiz dorsal com a raiz ventral e este gânglio contém os corpos
celulares dos primeiros neurónios aferentes (neurónios sensitivos primários)
cujos prolongamentos axonais entram através das radículas posteriores para
sinaptizar na medula.

Forma e divisão

A medula espinhal tem a forma de um cordão arredondado, que é percorrido


por sulcos longitudinais. É achatada e apresentando duas dilatações, ou
intumescências, a dilatação (intumescência) cervical (situada na região
cervical) e a dilatação (intumescência) lombar (inferior, ocupa a região lombar).
Pode ser dividida em 6 porções: porção cervical superior, dilatação cervical,
porção dorsal, dilatação lombar, cone terminal e filamento terminal. Faz
extremidade com o bulbo na porção superior, e com a vértebra lombar na
porção inferior.

A porção da medula espinhal que dá origem a um nervo espinhal constitui


um segmento e é neste sentido que se diz que a medula é segmentada.
Existem 31 segmentos – 8 cervicais, 12 torácicos, 5 lombares, 5 sacrais e 1
coccígeo. No entanto esta segmentação não é visível, apresentando-se toda a
estrutura como um contínuo longitudinal com dois alargamentos (intumescência
cervical e intumescência lumbossagrada) e uma terminação caudal (cone
medular). Estes dois alargamentos existem devido ao maior número de
neurónios e fibras que enervam os membros superiores e inferiores
respectivamente nessas zonas:

Intumescência cervical – C5 a T1 da medula espinhal;

Intumescência lombossacral – L2 a S3 da medula espinhal.

A médula espinhal se inicia no buraco magno e termina na segunda vértebra


lombar.

Cortes transversais

Em corte transversal a medula espinhal consiste numa massa cinzenta interna


em forma de H, com aspecto de borboleta e que é rodeada por massa branca.
A massa cinzenta pode ser divisível em cornos e a massa branca
em funículos ou colunas.

A medula espinhal apresenta uma fissura mediana anterior, que se estende


quase até ao centro; um sulco mediano posterior, menos visível mas que se
continua com um septo glial estende-se até ao canal central rodeando-o. Desta
forma, devido à existência destas estruturas, quer anteriores quer posteriores a
medula é divisível em metades direita e esquerda que apenas comunicam por
um pequeno espaço junto ao canal central que são as comissuras cinzentas
anterior e posterior e logo junto a estas as comissuras brancas
anterior e posterior respectivamente.

Para além destas estruturas existem também os já referidos sulcos


anterolateral e posterolateral que permitem dividir cada metade direita e
esquerda em três fascículos ou colunas no que diz respeito à matéria branca:

Fascículo/coluna anterior – entre a fissura mediana anterior e o sulco


anterolateral;

Fascículo/coluna lateral – entre os sulcos anterolateral e posterolateral;


Fascículo/coluna posterior' – entre os sulcos posterolateral e mediano posterior.

Se não se considerar a existência do sulco anterolateral, passa-se a designar


os fascículos anterior e lateral como fascículo anterolateral.

Relativamente à coluna posterior em regiões cervicais e torácicas elevadas


existe um sulco intermédio posterior – este sulco estende-se através de um
septo glial que divide a coluna posterior em dois (divide os feixes
gracilis e cuneiforme).

Relativamente à substância cinzenta é importante referir a existência de


um corno posterior (cauda da vírgula) essencialmente sensitivo e de um corno
anterior (cabeça da vírgula) essencialmente motor. Ao nível torácico entre T1 e
L3 existe ainda um corno intermédio com funções essencialmente autónomas.

A medula espinhal está envolvida no processamento sensitivo, motor e


reflexos. As fibras aferentes entram na medula via gânglios dorsais
raquidianos e depois terminam na sua maioria no lado ipisilaterlal da mesma.
Elas podem alcançar o seu local de sinapse nos neurónios da matéria
cinzenta ipsilaterais ou ascender directamente sem cruzar até atingir o núcleo
respectivo no bolbo raquidiano. Ao fazerem-no, os neurónios secundários por
sua vez vão transportar o sinal através de uma via específica até às estruturas
mais ascendentes.

É importante perceber que cada neurónio primário aferente dá origem a


diversos estímulos que podem entrar em diferentes vias, pois podem sinaptizar
com diversos ramos de outros neurónios.

Relativamente aos neurónios motores que enervam o músculo esquelético,


estes estão localizados nos cornos anteriores e os neurónios autónomos pré
ganglionares estão localizados nos cornos intermédios. Os axónios de ambos
estes neurónios abandonam a medula através das raízes ventrais e a sua
actividade é regulada por circuitos reflexos e por vias descendentes cujas fibras
se localizam na substância branca.

Certos estímulos aferentes causam consequências motoras estereotipadas e


não voluntárias designadas de reflexos. Muitos destes circuitos que provocam
reflexos estão contidos apenas na medula espinhal.

A substância cinzenta da medula espinhal está especializada regionalmente de


tal forma que o corno posterior contém neurónios sensitivos, interneurónios e
neurónios de projecção; o corno anterior contém neurónios motores; e o corno
intermédio contém neurónios autónomos pré-ganglionares.

Corno posterior
Relativamente ao corno posterior este contém essencialmente interneurónios
cujos prolongamentos se confinam à medula e neurónios de projecção cujos
prolongamentos permitem a existência de via ascendentes sensitivas. Esta
área de matéria cinzenta apresenta uma cabeça, colo e corpo e a
sua cabeça apresenta a lâmina terminal, a substância gelatinosa e o núcleo
central. A substância gelatinosa apresenta-se junto à lâmina terminal, como
que a proteger todo o resto do corno e apresenta fibras pouco mielinizadas e
até mesmo não mielinizadas no caso das fibras sensitivas que transmitem as
informações extroceptivas de dor e temperatura.

Entre a substância gelatinosa e a superficial da medula existe uma área


na substância branca menos mielinizada do que o resto da massa branca
designada de tracto dorsolateralou de Lissauer que estabelece relações
íntimas com a substância gelatinosa.

Corno anterior

O corpo do corno anterior consiste principalmente em interneurónios e


neurónios de projecção que transmitem a informação somática e visceral
sensitiva, suplementando as funções do corno intermédio.

O corno anterior contém os corpos celulares dos neurónios motores que


enervam os músculos esqueléticos. Estes neurónios são designados
de neurónios motores alfa, adelta ou neurónios motores baixos e são a única
forma pela qual o sistema nervoso pode controlar os movimentos
musculares interfusários quer voluntariamente quer involuntariamente.
Os neurónios motores alfa estão normalmente orientados longitudinalmente e
cada grupo enerva um músculo individual. Em corte transversal apresentam-se
organizados em clusters, separados uns dos outros por áreas com
interneurónios. Estes clusters organizam-se em: medial para os músculos
axiais, intermédio para os músculos das cinturas e lateral (principalmente nas
intumescências) para os membros – esta referência é normalmente feita
à lâmina IX.

Outro tipo de neurónios são os neurónios motores gama, dispersos entre os


alfa. Estes enervam os músculos intrafusários sendo também referidos
como neurónios fusimotores.

Duas colunas identificáveis no corno anterior são o núcleo espinhal


acessório que vai de C5 até à terminação rostral da medula e os axónios que
emergem deste núcleo formarão o nervo acessório e o núcleo frénico que
contém os neurónios motores que irão enervar o diafragma e está localizado
na porção intermédia da lâmina IX no corno anterior nos segmentos de C3 a
C5.

Corno intermédio
O corno intermédio contém os corpos celulares dos neurónios pré-ganglionares
autónomos. Em adição, em alguns níveis este apresenta um núcleo de grande
importância designado de núcleo torácico ou de Clarke. Este corno está situado
entre T1 e L3 e pode-se dividir desta forma em coluna intermediolateral,
intermediomedial e núcleo torácico. As células nervosas localizadas entre S2 e
S4 correspondem ao núcleo sagrado parassimpático mas não formam um
corno lateral distinto.

O núcleo torácico é rodeado por um conjunto de células grandes e está


localizado na superfície posterior do corno de T1 a L2. É muito importante para
a transmissão da informação ao cerebelo (proprioceptica inconsciente) e
desempenha também um papel na transmissão da informação para
o tálamo(fibras que vão para o núcleo Z).

Organização em Lâminas (por Rexed)

Forma de subdivisão da matéria cinzenta:

Lâmina I – Placa marginal

Lâmina II e Lâmina III – substância gelatinosa

Lamina III e Lamina IV – núcleo central

Lâmina V – Colo do corno posterior (Substância reticular)

Lâmina VI – Corpo do corno posterior

Lâmina VII – corno intermédio

Lâmina VIII – corno anterior

Lamina IX – corno anterior (divisível em parte medial, intermédia e lateral para


musculaturas axiais, cinturas e membros respectivamente)

Lâmina X – Junto ao canal central, composto pelas comissuras cinzentas


anterior e posterior e pelas células que envolvem o canal central.

Aferentes extroceptivos – I, II, III e IV

Aferentes proprioceptivos – V e VI

Lâminas I a IV correspondem à cabeça do corno posterior

A grande maioria dos neurónios primários aferentes sinaptiza nas lâminas I,IV
e V, sendo as fibras II e III essencialmente modeladoras.

Vias ascendentes e descendentes


Apresentam-se em localizações definidas na medula espinhal.

As fibras nervosas na substância branca pode ser de cinco tipos:

Fibras ascendentes longas, que se projectam para o tálamo, cerebelo e


núcleos do tronco cerebral.

Fibras descendentes do córtex cerebral ou de núcleos do tronco cerebral para


a matéria cinzenta da medula espinhal.

Fibras inter e intrassegmentares – que são proprioespinhais e que


interconectam vários níveis da medula espinhal, como as fibras responsáveis
pela coordenação e reflexos de flexão. Estas fibras normalmente localizam-se
perto na matéria cinzenta, rodeando-a – o tracto correspondente é
designado tracto proprioespinhal ou fascículo próprio.

Fibras aferentes.

Fibras eferentes.

Os tractos ou vias não são estruturas completamente definidas e capazes de


exercer apenas uma função. Na verdade existe uma certa plasticidade de
certos tractos desempenharem outras funções, tal como, nem todos os
neurónios responsáveis por estas se localizam unicamente nos tractos
descritos.

É também importante referir que a maioria das vias quer motoras quer
sensitivas são somatotópicas, ou seja, as porções do corpo estão
representadas numa região específica dos feixes medulares.

A medula espinhal é a porção alongada do sistema nervoso central, que se


inicia logo abaixo do bulbo, no forame magno, atravessando o canal
das vértebras, estendendo-se até a primeira ou segunda vértebra lombar,
atingindo entre 44 e 46 cm de comprimento. A medula espinhal ocupa toda a
extensão do canal vertebral no indivíduo adulto. Da ponta da medula espinhal
sai um filamento terminal, que vai até o cóccix.

A medula espinhal tem a forma de um cordão arredondado e dela se originam


31 pares de nervos espinhais. A medula pode ser dividida em 6 partes: cervical
superior, dilatação cervical, dorsal, lombar, cone terminal e filamento terminal.
Os nervos espinhais que saem pelas vértebras recebem o nome das vértebras,
por exemplo, os nervos torácicos saem entre as vértebras torácicas.

O conjunto de raízes nervosas no final da medula espinhal recebe o nome de


cauda eqüina, por causa de sua aparência.
As duas regiões dilatadas recebem o nome de intumescência cervical e lombar.
Os nervos destinados aos membros superiores localizam-se na intumescência
cervical, e os destinados aos membros inferiores, na intumescência lombar.

Ao redor da medula encontra-se o líquido cefalorraquidiano que banha todo


o Sistema NervosoCentral. A partir deste líquido, diversas doenças podem ser
diagnosticadas, como meningite e alguns tumores.

A medula espinhal está envolvida pelas mesmas três meninges que envolvem
o cérebro: dura-máter, aracnóide e pia-máter.

Assim como o encéfalo, possui substância branca, que é constituída


principalmente por fibras mielínicas. Na substância cinzenta não há mielina, e
apresenta a forma de letra H. A neuroglia aparece em ambas as substâncias.

Medula espinhal:

A medula espinhal leva e traz informações do encéfalo e de todas as partes do


corpo com exceção da cabeça que é suprida pelos nervos cranianos. Os sinais
que percorrem a medula espinhal são conhecidos como impulsos nervosos. A
medula inclui um feixe de fibras nervosas, que são longos prolongamentos de
células nervosas. Elas se estendem da base do encéfalo até a região inferior
da medula espinhal. A medula é praticamente da largura de um lápis
afunilando-se na base de um agrupamento estreito de fibras. Os dados
provenientes dos orgãos do sentidos nas diferentes partes do corpo são
coletados via nervos espinhais e transmitidos via medula espinhal ao cérebro.
A medula espinal, também envia informação motora como os comandos de
movimentos do cérebro para o corpo, que de novo é transmitida via rede
nervosa espinhal. A medula espinhal se localiza dentro da coluna vertebral.
Seus limites estruturais são dois: Superior, pelo bulbo após o forame magno e
após a segunda vertera lombar (L2).

Os nervos espinhais:

São 31 pares de nervos espinhais. Eles se ramificam a partir da medula


espinhal, dividindo-se e subdividindo-se para formar uma rede que conecta a
medula espinhal a todas as partes do corpo. Todos os 31 pares de nervos
pertencem as quatro regiões da medula espinhal, que são:
Região cervical: Oito pares de nervos cervicais enervam o tórax, a cabeça, o
pescoço, os ombros, os braços e as mãos.

Região torácica: Doze pares de nervos torácicos conectam-se aos musculos


abdominais das costas e intercostais.

Região lombar: Cinco pares de nervos lombares formam uma rede para servir
o abdome inferior, coxas e pernas.

Região sacral: Seis pares de nervos sacrais conectam-se as pernas, aos pés e
às áreas anal e genital.

Lesão da medula espinhal:

Em um acidente onde a medula espinha é lesada devido a fratura de uma


vértebra ou em casos menos graves, quando uma vertebra comprime a medula
impedindo a transmissão normal dos sinais nervosos para o corpo, pode-se
manifestar um dos seguintes sinas do quadro abaixo de acordo com a região
atingida.

Meninges:

Além dos osso do crânio e as vertebras que protegem o cérebro e a medula


como uma armadura contra impactos externos, entre os ossos e essas
estruturas temos as meninges. As meninges funcionam como uma pelicula
protetora que se adere a essas estruturas. Elas se dividem em três tipos:

Dura-máter: A mais externa e mais grossa.

Aracnóide: Lembra uma teia de aranha, intermediária e vascularizada.

Pia-máter: A mais interna e fina, adere ao sistema nervoso central.

Espaço entre as meninges.

Entre as meninges há espaços que são de grande importância no diagnóstico


de hemorragias, lesões e traumas.

Extradural ou epidural:

Espaço que se localiza entre o osso do crânio e a dura-máter.


Sub-dural:

Espaço entre a dura-máter e a aracnoide.

Subaracnóide:

Espaço entre aracnóide e a pia-máter com maior concentração de líquor.

Intraparênquimatoso:

Espaço entre a pia-máter e o cérebro.

Líquido cefalorraquidiano:

Também conhecido como líquor ou LCR, é um liquido de aparência clara que


se localiza no espaço subaracnóide. Tem a função de agir como um
amortecedor ao impactos que a cabeça ou a coluna vertebral estão sujeitos.
Devido ser um liquido claro, auxilia no diagnóstico de doenças causadas por
vírus e bactérias que afetam o sistema nervoso ou uma possível hemorragia,
graças ao exame de punção lombar para recolher uma amostra a ser
analisada. A obstrução dos ventrículos do cérebro por onde o LCR circula é
responsável por uma manifestação conhecida como hidrocefalia.

Sistema Nervoso Periférico

O sistema nervoso periférico é constituído pelos nervos e pelos gânglios


nervosos, e sua função é conectar o sistema nervoso central às diversas partes
do corpo do animal.

Nervos e gânglios nervosos

Nervos são feixes de fibras nervosas envoltos por uma capa de tecido
conjuntivo. Nos nervos, há vasos sanguíneos responsáveis pela nutrição das
fibras nervosas.

As fibras presentes nos nervos podem ser tanto dendritos como axônios, que
conduzem, respectivamente, impulsos nervosos das diversas regiões do corpo
ao sistema nervoso central. Os gânglios aparecem como pequenas dilatações
em certos nervos.

Nervos sensitivos, motores e mistos


De acordo com o tipo de fibras nervosas que apresentam, os nervos podem ser
classificados em sensitivos (ou aferentes), motores (ou eferentes) e mistos.

Nervos sensitivos são os que contêm somente fibras sensitivas, ou seja, que
conduzem impulsos dos órgãos dos sentidos para o sistema nervoso central.

Nervos motores são os que contêm somente fibras motores, que conduzem
impulsos do sistema nervoso central até os órgãos efetuadores (músculos ou
glândulas).

Já os nervos mistos contêm tanto fibras sensitivas quanto motoras e conduzem


impulsos nos dois sentidos, das diversas regiões do corpo para o sistema
nervoso central e vice-versa.

Neurociência Integrando a Psiquiatria e a Psicanálise

C oncepções difíceis de serem amalgamadas, as defendidas pela psicanálise e


as defendidas pelas neurociências, no que diz respeito aos sonhos. Em
sendo caso, resta-nos confrontar as duas concepções.

Para a Psicanálise os sonhos são construtos psíquicos e é uma das pedras


angulares de sua teoria, pois estão baseados na história do indivíduo,
idéia esta que a Psicanálise tanto presa. Segundo a psicanálise a função
principal do sonho é guardar o sono do sonhador, ao permitir a realização
alucinatória dos desejos inconscientes, e desta forma, criar condições
psíquicas para que o indivíduo continue dormindo. Os sonhos se expressam
através de cenários pictóricos, numa linguagem arcaica, primitiva e carregada
de simbolismo. Quando interpretados corretamente adquirem sentido para o
sonhador. Este ponto é interessante porque no curso da história da
humanidade, dependendo da cultura, os sonhos tem sido interpretado de modo
diferente pelas diversas culturas, muitas vezes confundindo uso com função.

Ao longo de sua história, a humanidade vem tentando entender o significado


dos sonhos. Dele cuidaram filósofos, místicos e cientistas, chegando eles às
mais diferentes interpretações. Diversas culturas antigas e mesmo muitas
atuais interpretam os sonhos como inspirações, sinais divinos, visões
proféticas, fantasias sexuais, realidade alternativa, e diversas outras crenças,
dada a sua natureza intrigante e enigmática, muitas vezes perturbadora. Esta é
uma questão relacionada ao uso, ou seja, dizer que os sonhos servem para
predizer o futuro, ou diagnosticar doenças, como se pensava na Antigüidade,
ou mesmo como defendem os psicanalistas hoje, ou como afirmava Freud, que
os sonhos são uma via régia para o inconsciente e um instrumento para se
compreender a personalidade dos pacientes, é também uma questão
de uso, mas não de função. Agora quando se diz que os sonhos protegem o
sono como defendia Freud, ou quando se fala de algumas teorias que se
seguem nesse texto, levantadas por alguns neurocientistas, podemos estar
falando de função.

Em 1900, em seu livro “A interpretação dos Sonhos”, Sigmund Freud defendia


a idéia de que os sonhos refletiam a experiência inconsciente e era um
guardião do sono. Ele teorizou que o pensamento durante o sono tende a ser
primitivo ou regressivo e que os efeitos da repressão são reduzidos. Para ele,
os desejos reprimidos são, particularmente, aqueles associados ao sexo e à
hostilidade, os quais eram liberados nos sonhos quando a consciência era
diminuída.

Entretanto, naquela época, a fisiologia do sono e sonhos era desconhecida,


restando a Freud apenas a sua interpretação psicanalítica dos sonhos.

Somente na década dos 50, com a descoberta de que os movimentos rápidos


dos olhos (o chamado sono REM, ou Rapid Eyes Movement), eram
freqüentemente um indicativo de que o indivíduo estava sonhando, uma nova
era de pesquisa sobre os sonhos emerge, e alguns elementos da psicanálise
passaram a ser questionados, como de validade duvidosa, pelos
neurocientistas. A partir dos estudos da neurobiologia do sono a neurociência
vem se ocupando dos sonhos. Para ela o sonho é o resultado da ativação de
certas estruturas cerebrais, como o tronco cerebral e não guarda relação com a
história individual. Não expressa uma realização inconsciente de desejo, e é
entendido como parte do ciclo do sono, determinado biologicamente.

As teorias mais atuais apresentadas pelos neurocientistas sobre sonhos são:

Teoria restaurativa

O sono ajuda nosso corpo a salvar e restaurar energia por diminuir nosso
metabolismo, o que leva a uma conservação de energia. Ele também ajuda a
recompor nossos depósitos de neurotransmissores, uma vez que a maioria
dos neurônios diminui sua atividade durante o sono.
As ondas lentas do sono têm efeitos restaurativos. Elas fornecem um período
de repouso para o cérebro. Sem o repouso, nosso cérebro
não funciona apropriadamente.

Teoria da aprendizagem

Durante o sono, nós podemos armazenar e reorganizar informações. Os


neurônios que estão envolvidos na aprendizagem e memória repousam
durante o sono, principalmente durante o sono REM (Rapid Eye Moviment ou
Movimento Rápido dos Olhos, estágio em que estamos sonhando). Talvez esta
seja a razão pela qual nos sentimos mentalmente ativos e descansados
quando temos uma boa noite de sono, comparado ao que sentimos após ficar
longas horas da noite acordados.

Muitos estudos sustentam que o sono REM exibe um papel importante na


retenção e consolidação da memória. Um deles mostra que
um grupo de pessoas que foi privado do sono REM durante a noite apresentou
maior dificuldade de retenção de material de estudo, comparado a outro grupo
que teve um sono sem interrupções.

Além disso, outras teorias da aprendizagem dizem que o sono, particularmente


o sono REM é designado para remover informações inúteis da memória. Esta
teoria sugere que é de igual importância remover informações não desejadas e
manter armazenados dados importantes. Nossa memória tem que trabalhar de
duas formas, uma para armazenar informações importantes e outra para
remover informações desnecessárias. Um importante neurocientista de sono e
sonhos, já afirmou que: “nós sonhamos para esquecer”. É sugerido
que os sonhos podem refletir um mecanismo de processamento da memória
herdado de espécies inferiores, no qual a informação importante para a
sobrevivência é necessariamente sensorial, e seria reprocessada durante o
sono REM. De acordo com nossos ancestrais mamíferos, os sonhos em
humanos são sensoriais, principalmente visuais.

Teoria do desenvolvimento

Esta teoria diz que o sono exibe um papel no desenvolvimento do cérebro. O


sono REM é um importante componente do sono para fetos ainda no útero e
para as crianças. Acredita-se que o sono REM ativa áreas visuais, motoras e
sensoriais no cérebro e isto aumenta a habilidade dos neurônios de funcionar
apropriadamente e fazer as conexões corretas.

“Com base em tais achados e teorias, podemos pensar que sonhos são
mecanismos de defesa e adaptação, e a “loucura” manifesta durante este
estado silencioso e inconsciente, parece ser necessária para que nos
mantenhamos “são” durante o nosso agitado estado de consciência”

Sabe-se que os sonhos possuem uma espécie de moldura que é o conteúdo


manifesto, resultado da elaboração onírica que transforma os pensamentos
oníricos no sonho manifesto, ou seja, nessa moldura. A elaboração onírica ao
realizar essa transformação faz uso de figuras de linguagem, de simbolismo e
de mecanismos como o de condensação e de deslocamento, num cenário
pictográfico (imagens predominantemente visuais), não somente porque seja
um tipo de linguagem arcaica, primitiva, apropriada aos sonhos e oriunda do
processo primário, sede latente da vida psíquica primitiva, pulsional e emotiva,
mas também porque os conteúdos latentes dos sonhos, ou seja, os seus
pensamentos oníricos carregados de motivações inconscientes e de desejos
somente podem se expressar na consciência se disfarçando, isto é, driblando a
censura que o ego, mesmo em estado de sono a mantém ativa, evidentemente,
em menor proporção do que a que existe na vigília.

Ao longo da história da psiquiatria, observa-se uma oscilação entre uma


perspectiva biológica e outra mentalista. A perspectiva biológica enfatiza
explicações calcadas no sistema nervoso central e intervenções
psicofarmacológicas. Por outro lado, a perspectiva mentalista prioriza a
experiência subjetiva e intervenções através da psicoterapia. Embora o embate
entre estas duas perspectivas esteja longe de ser resolvido, o presente
trabalho defende uma posição intermediária, privilegiando um equilíbrio entre
estas duas perspectivas. Ao longo do artigo, apresenta-se o pensamento de
autores dualistas, que propõem uma interação entre mente e cérebro, assim
como de autores monistas, que consideram o cérebro como gerador dos
processos mentais. Discute-se, também, a crítica que o conhecimento de
natureza subjetiva, produzido pela psicanálise, vem sofrendo por parte de
alguns neurocientistas. Finalmente, considera-se o conceito de
"complementaridade", elaborado pelos físicos quânticos Heisenberg e Bohr,
como uma possível forma de solucionar o impasse epistemológico entre
psicanálise e neurociência.

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