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LEONARDO DE SOUZA DELIVIO

ADOÇÃO:
RESPONSABILIDADE CIVIL NA DEVOLUÇÃO DO MENOR
ADOTADO

Apucarana
2019
LEONARDO DE SOUZA DELIVIO

ADOÇÃO:
RESPONSABILIDADE CIVIL NA DEVOLUÇÃO DO MENOR
ADOTADO

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado como requisito parcial à
obtenção do grau de Bacharel em Direito,
ao Curso de Direito, da Faculdade do
Norte Novo de Apucarana – FACNOPAR.

Prof. Ma Danielle Regina Bartelli Vicentini

Apucarana
2019
LEONARDO DE SOUZA DELIVIO

ADOÇÃO:
RESPONSABILIDADE CIVIL NA DEVOLUÇÃO DO MENOR ADOTADO

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado como requisito parcial à
obtenção do grau de Bacharel em Direito,
ao Curso de Direito, da Faculdade do
Norte Novo de Apucarana – FACNOPAR.

BANCA EXAMINADORA

_________________________________
Danielle Regina Bartelli Vicentini
Faculdade do Norte Novo de Apucarana

_________________________________
Prof. Componente da Banca
Faculdade do Norte Novo de Apucarana

_________________________________
Prof. Componente da Banca
Faculdade do Norte Novo de Apucarana

Apucarana, XX de Xxxxx de 2019.


ADOÇÃO: RESPONSABILIDADE CIVIL NA DEVOLUÇÃO DO MENOR ADOTADO1
TITLE: CIVIL LIABILITY FOR THE RETURN OF THE MINOR ADOPTED2

Leonardo De Souza Delivio 3

SUMÁRIO: 1 INTRODUÇÃO; 2 ADOÇÃO NO DIREITO BRASILEIRO; 2.1


PROCESSO DE ADOÇÃO NA LEGISLAÇÃO ATUAL; 2.2 REQUISITOS LEGAIS
PARA ADOÇÃO; 3 DEVOLUÇÃO DO MENOR ADOTADO; 3.1 CAUSAS DE
DEVOLUÇÃO; 3.1 POSSIBILIDADE DE DEVOLUÇÃO DO MENOR; 3.2 DANOS
PSICOLOGICOS CAUSADOS AOS MENORES DEVOLVIDOS; 4
RESPONSABILIDADE CIVIL; 4.1 RESPONSABILIDADE CIVIL NO DIREITO DE
FAMILIA; 4.2 RESPONSABILIZAÇÃO CIVIL DOS ADOTANTES; 4.2.1 Indenização
Por Danos Morais e Materiais; 4.2.2 Quantificação da Indenização Por Danos
Morais; 4.3 PREVENÇÃO A DEVOLUÇÃO; 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS;
REFERÊNCIAS.

RESUMO: É crescente o número de casos de devolução de crianças e de


adolescentes devolvidos à instituição de acolhimento por seus adotantes. Esta
devolução se dá tanto após a sentença de deferimento da adoção quanto durante o
período do estágio de convivência. Após o deferimento, apesar de ser medida
irrevogável, o Poder Judiciário acaba por acolher novamente estas crianças
devolvidos para evitar que fiquem no seio de uma família que não os quer. Já
durante o estágio de convivência, ainda que seja possível o retorno à instituição de
acolhimento, este deve se dar apenas nas hipóteses em que visa atender o melhor
interesse da criança e do adolescente. Diante disso há a necessidade da
responsabilização civil destes adotantes, que devem indenizar as crianças e os
adolescente devolvidos com alimentos, danos materiais e danos morais, diante dos
abalos psicológicos causados a estes indivíduos em fase de desenvolvimento. A
base para o trabalho o método do comportamentalismo juntamente com o
juspositivismo, o método hipotético-dedutivo, o método auxiliar estatístico, além de
estudos bibliográficos, documental e jurisprudencial. Analisou-se a evolução do
processo de adoção no Brasil, as causas e a possibilidade da devolução dos
menores e os problemas psicológicos causados a criança. E por último a
responsabilidade civil dos adotantes nos casos em que há devolução. Espera-se que
este trabalho possa ampliar o entendimento sobre o tema, contribuindo para o
aperfeiçoamento das práticas utilizadas pelo judiciário, com fim de prevenir e evitar a
ocorrência de mais casos de devolução de menores.

1 Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito parcial à obtenção do grau de


Bacharel em Direito, do Curso de Direito da Faculdade do Norte Novo de Apucarana – FACNOPAR.
Orientação a cargo do Prof. Ma Danielle Regina Bartelli Vicentini.
2 Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito parcial à obtenção do grau de

Bacharel em Direito, do Curso de Direito da Faculdade do Norte Novo de Apucarana – FACNOPAR.


Orientação a cargo do Prof. Ma Danielle Regina Bartelli Vicentini.
3 Acadêmico ou Bacharelando do Curso de Direito da Faculdade do Norte Novo de Apucarana –

FACNOPAR. Turma do ano de 2015. leonardodelivio@gmail.com.


1

ABSTRACT: The number of cases of children and adolescents being returned to the
host institution by their adopters is increasing. This return occurs both after the
adoption decree and during the period of the cogabitation stage. After the defermert,
in spite of being an irrevocable measure, the Judiciary ends up receiving again these
children returned to prevent them from staying in the home of a family that does not
want them. Already during the period of coexistence, even if it is possible to return to
the host institution, this should occur only in the hypotheses in which it aims to meet
the best interest of the child and adolescent. There is a need for the civil
responsibility os these adopters, who must compensate children and adolescents
who are returned with food, property damage and moral damages, in the face of the
psychological damage caused to these individuals in development. Based on the
method of behaviorism together with juspositivism, the hypothetical-deductive
method, the statistical auxiliary method, as well as bibliographic, documental and
jurisprudential studies. The evolution of the process of adoption in Brazil, the causes
and the possivility of the return of the child and the psychological problems caused to
the child were analyzed. And finally, the civil liability of the adopters in cases where
there is a return. It is hoped that this work can broaden the understanding on the
subject, contributing to the improvement of the practices used by the judiciary, in
order to prevent and avoid the occurrence of more cases of return of minors.

1 INTRODUÇÃO

Atualmente no Brasil vem aumentando o número de casos de


devolução de crianças e adolescentes adotados que são devolvidos para as casas
de acolhimento por seus adotantes. Essa atitude pode trazer sérios problemas
psicológicos aos menores, em virtude disso é necessário que tenha uma devida
responsabilização dos adotantes por parte dos magistrados.
O presente artigo vem mostrar como os magistrados estão
responsabilizando civilmente os adotantes nos casos em que há devolução dos
menores tendo em vista que a devolução é um ato ilícito passível de reparação,
demonstrando os danos psicológicos que são causados às crianças e adolescentes
e o que pode ser feito para prevenir a ocorrência de devoluções.
Para a produção do trabalho o método de pesquisa utilizado foi o
hipotético-dedutivo, levando em consideração as expectativas que levaram a
elaboração do trabalho, as descobertas em torno do assunto, bem como o problema
da pesquisa.
No trabalho serão abordados os seguintes capítulos: Adoção no
direito brasileiro, o processo de adoção na legislação atual, os requisitos legais, a
devolução dos menores adotados, as causas e as possiblidades de devolução e os
2

danos psicológicos causados aos menores devolvidos; A responsabilidade civil de


uma forma geral e aplicada no direito de família, a responsabilidade civil dos
adotantes e pôr fim a prevenção a devolução.

2 ADOÇÃO NO DIREITO BRASILEIRO

A adoção é um instituto muito antigo, não podendo se determinar


exatamente quando começou. Desde a Antiguidade, praticamente todos os povos
usavam o instituto da adoção, acolhendo crianças como filhos naturais no seio das
famílias. O Código de Hamurabi, na Babilônia, disciplinava minuciosamente a
adoção em oito artigos, inclusive prevendo punições terríveis para aqueles que
desafiassem a autoridade dos pais adotivos, como cortar a língua e arrancar os
olhos.4
Na Roma Antiga, a adoção era de direito público e era utilizada para indicar
os sucessores dos imperadores. Mais tarde no direito romano, a adoção se
privatizou, passando apenas a consolar os casais estéreis.5
Durante a idade Média a adoção foi banida, retornado apenas com o Código
Napoleônico, quando o próprio imperador pretendia adotar um de seus sobrinhos.
Na França, adoção era permitida somente para pessoas maiores de cinquenta anos,
mas dificilmente as normas eram aplicadas. Com o passar dos tempos e a evolução
da sociedade foi surgindo novas leis que viabilizaram a utilização do instituto.6
No Brasil a adoção passou a ser regulamentada a partir de 1916 com o
advento do Código Civil, que levava em consideração o interesse do adotante em
primeiro lugar, os interesses do adotado eram considerados somente em último
caso. Nessa época era permitido que somente casais que não pudessem mais gerar
filhos passassem a adotar, outro requisito que era exigido é o de que o adotante
tivesse mais de cinquenta anos de idade e também era necessário a autorização do

4
SENADO FEDERAL DO BRASIL. História da adoção no mundo. Disponível em:
<https://www.senado.gov.br/noticias/Jornal/emdiscussao/adocao/contexto-da-adocao-no-
brasil/historia-da-adocao-no-mundo.aspx> Acesso em: 17 de fevereiro de 2019.
5 WALD, Arnaldo. Curso de Direito Civil Brasileiro. O Novo Direito de Família. São Paulo, 2004, P.

201
6 BANDEIRA, Marcos. Adoção na Prática Forense. Ilhéus: Editus, 2001. p. 35.
3

tutor ou curador do adotado. Em relação ao adotado, ele continuava vinculado aos


seus parentes consanguíneos, não sendo totalmente incluído na família adotiva.7
Nesse código a adoção tinha um caráter contratual, pois era necessário a
manifestação da vontade das partes, sendo oficializada através de escritura pública.
Naquela época não se tinha a interferência do Estado, o instituto era regido pelo
direito privado, e o parentesco resultante excluía os direitos sucessórios do adotado
caso os adotantes tivessem filhos legítimos.8
Com o advento da Lei nº 3.133 de 1957, o ordenamento passou por uma
significativa mudança, a partir desse ponto começou a se pensar em relação ao
adotado. A lei também diminuiu a idade mínima para que os casais pudessem
adotar, de cinquenta anos a idade mínima passou para trinta independente de terem
filhos naturais, bastando que os casais tivessem cinco anos ou mais de casados. 9
Essa lei também previa que o adotado após completar a maioridade pudesse se
desligar da família adotiva, sendo revogada a adoção.
Logo após a Lei nº 4.655 de 1965, disciplinou no ordenamento jurídico
brasileiro a chamada legitimação adotiva, dando sentido maior ao acolhimento,
criando vínculos mais profundos entre o adotante e o adotado e tendo como objetivo
retratar o sentido da família biológica. Posteriormente veio o Código de Menores, Lei
n° 6.697 em 1979, que substituiu a adoção legitima pela adoção plena, com
características parecidas.10
Em 1990 a Lei nº 8.069 entra em vigor o Estatuto da Criança e do
Adolescente, fazendo com que a adoção no Brasil sofresse inúmeras
transformações que foram de extrema importância, visando proteger os direitos do
menor. Em 2003 foi aprovada a Lei nº 1.756, com o nome de Lei Nacional de
Adoção, essa lei revogou vários artigos da adoção no ECA, e inclui o procedimento
de adoção.
Em 03 de Agosto de 2009 foi aprovada a Lei nº 12.010, que ficou conhecida
como a Nova Lei de Adoção, alterando o Estatuto da Criança e do Adolescente,
passando a especificar todos os tipos de adoção, inclusive o processo de adoção
dos maiores de dezoito anos.

7 DIAS, Maria Berenice. Manual de Direito das Famílias. 10ª ed., São Paulo: Revista dos Tribunais,
2015, p. 157-158.
8 MONTEIRO, Sonia Maria. Aspectos Novos da Adoção. Rio de Janeiro: Forense, 1997, p. 35.
9 RODRIGUES, Silvio. Direito Civil 5: Responsabilidade Civil. 28. ed. São Paulo: Saraiva, 2006, p.

330
10 VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito Civil: Direito de Família. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2010, p. 305.
4

Após a Lei da adoção, qualquer pessoa que queira adotar uma criança deve
estar cadastrada no Cadastro Nacional de Adoção (CNA), mas uma prática que está
enraizada na cultura brasileira continua a acontecer, chamada de “adoção a
brasileira”. Nesses casos a mãe biológica da criança, entrega a criança a outra
pessoa escolhida por ela, o casal adotante então registra a criança como se fosse
filho biológico deles. A “adoção à brasileira” também pode encobrir casos de venda
ou tráfico de crianças, além do mais que esse tipo de adoção não leva em conta os
interesses da criança conforme a lei em vigor.11
Recentemente, em novembro de 2017 a Lei nº 13.509 foi publicada com o
intuito de revogar alguns artigos dados pela lei anterior, e atribuir maior celeridade
ao andamento do processo, garantindo ainda assim a proteção integral da criança e
do adolescente, como será analisado a seguir.

2.1 O PROCESSO DE ADOÇÃO NA LEGISLAÇÃO ATUAL

Como foi visto anteriormente, o processo de adoção passou por diversas


mudanças ao longo da história, tanto no que diz respeito ao procedimento, tanto
quanto a sua matéria. Com a Nova lei de adoção e com o pleno funcionamento do
Juizado da Infância e da Juventude, muitas partes do processo se tornaram mais
simples para os envolvidos. Os Juizados da Infância e da Juventude funcionam com
facilitadores para os adotantes, permitindo que os casais possam conhecer com
maior profundidade, todos os passos para adotar uma criança.12
A Lei 8.069/90, em seus artigos 45 § 1º prevê:

Art. 45. A adoção depende do consentimento dos pais ou do representante


legal do adotando. § 1º. O consentimento será dispensado em relação à
criança ou adolescente cujos pais sejam desconhecidos ou tenham sido
destituídos do poder familiar.13

11SENADO FEDERAL DO BRASIL. Adoção “à brasileira” ainda é muito comum. Disponível em:
< https://www.senado.gov.br/noticias/Jornal/emdiscussao/adocao/realidade-brasileira-sobre-
adocao/adocao-a-brasileira-ainda-e-muito-comum.aspx> Acesso em: 17/02/2019
12 ROCHA, Maria Isabel de Matos. Crianças devolvidas: os filhos de fato também têm direito?
Reflexões sobre a adoção à brasileira, guardas de fato ou de direito mal sucedidas. Revista Âmbito
Jurídico. Rio Grande, 7, 30.11.2001. Disponível em:
<http://www.ambitojuridico.com.br/site/?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=5541&revista_cadern
o =12>. Acesso em: 17/02/19
13 BRASIL. Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990. Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do

Adolescente e dá outras providências. Disponível em:


<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8069.htm> Acesso em: 17 de fevereiro de 2019
5

Para que a adoção seja deferida o adotante, deve respeitar algumas


formalidades e requisitos, a fim de garantir e preservar a segurança da criança.
Conforme o art. 50 § 1º da Lei nº 8.069/90: “O deferimento à inscrição dar-
se-á após prévia consulta aos órgãos técnicos da Vara da Infância e da Juventude,
ouvido o Ministério Público.”, ou seja, o casal ou pretendente a adoção deve primeiro
de tudo ser habilitado na vara da infância e da juventude de sua cidade, ou na vara
competente para adoção, o referido artigo ainda afirma que: “A autoridade judiciária
manterá, em cada comarca ou foro regional, um registro de crianças e adolescentes
em condições de serem adotados e outros de pessoa interessadas na adoção.” 14
Após todo o trâmite do processo e protocolada a sentença de habilitação, o
juiz fará o cadastro no Sistema, assim todos os juízes competentes terão acesso às
informações contidas no cadastro, bem como de todos os outros pretendentes
habilitados no país inteiro, e de todas as crianças que estão aptas a serem
adotadas. Esse cadastro é válido por dois anos, no entanto para que haja o
deferimento da adoção e seja mantido o nome dos adotantes no cadastro de espera,
existe uma série de procedimentos que serão analisados sendo um deles a conduta
social e familiar o adotante, enfatiza Danilo Santana:

Os técnicos, psicólogos e assistentes sociais fazem entrevistas, buscam


informações, analisam dados e visitam as residências dos pretendentes,
tudo com o objetivo de fornecer ao promotor e ao juiz todos os subsídios
possíveis que possam esclarecer sobre a conduta social e familiar dos
futuros adotantes.15

Em abril de 2008, o Cadastro Nacional de Adoção foi criado, a fim de auxiliar


os juízes das varas da infância e da juventude a conduzir os processos, o objetivo
principal foi tornar o processo célere, por meio de informações unificadas.
Segundo o Manual de Adoção, se os pretendentes estiverem aptos a adotar,
no ato da inscrição devem informar a preferência em relação a futura criança
adotada, informando o sexo cor da pele, cor dos cabelos, olhos, idade, se tem
irmãos. No caso de ter irmãos a lei prevê que eles não sejam separados.

14BRASIL. Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990. Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do


Adolescente e dá outras providências. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8069.htm> Acesso em: 17 de fevereiro de 2019
15 SANTANA, Danilo. Processo de adoção: Funcionamento e Etapa. Disponível em:
<https://www.jurisway.org.br/v2/cursoonline.asp?id_curso=45&pagina=19&id_titulo=16635> Acesso
em: 17 de fevereiro de 2019
6

Muitas vezes por causa dessas exigências o processo de adoção se torna


lento. Atualmente 1 em cada 8,15 crianças abrigadas figuravam no Cadastro
Nacional de Adoção. São mais meninos (56%) do que meninas (44%), classificados
em totais nacionais como pardos (47%), brancos (33%) e negros (19%), além de um
pequeno número de indígenas e amarelos. Só na Região Sul o contingente de
brancos (54%) supera o de pardos, certamente em razão do perfil étnico dos
moradores daqueles estados, 36,82% das crianças cadastradas tem pelo menos um
irmão, segundo dados do CNJ.16
O artigo 50 § 15 da Lei 13.509, assegura aos adotantes prioridades na lista
de adoção, caso optem por adotar uma criança com deficiência, com doença crônica
ou com necessidades específicas de saúde, além de grupo de irmãos, conforme
redação dada pelo parágrafo:

§ 15. Será assegurada prioridade no cadastro a pessoas interessadas em


adotar criança ou adolescente com deficiência, com doença crônica ou com
necessidades específicas de saúde, além de grupo de irmãos.

O processo de adoção será procedido pelo estágio de convivência da


criança junto com à família, para que haja adaptação tanto da criança, quanto do
casal que a adotou. A Lei nº 13.509 criada recentemente em novembro de 2017
fixou como 90 dias o período máximo do estágio de convivência. Anteriormente,
esse prazo era fixado pelo juiz:

Art. 46. A adoção será precedida de estágio de convivência com a criança


ou adolescente, pelo prazo máximo de 90 (noventa) dias, observadas a
idade da criança ou adolescente e as peculiaridades do caso. 17

Nesse período os pais adotivos podem optar por desistir da adoção, pois
ainda ela não foi formalizada, da mesma forma o juiz poderá cancelar a guarda e
deferir a adoção, nos casos mais graves.

16SENADO FEDERAL DO BRASIL. Perfil das crianças disponíveis para adoção. Disponível
em:<https://www.senado.gov.br/noticias/Jornal/emdiscussao/adocao/realidade-brasileira-sobre-
adocao/adocao-a-brasileira-ainda-e-muito-comum.aspx> Acesso em: 17 de fevereiro de 2019
17BRASIL. Lei nº 13.509 de 23 de novembro de 2017. Dispõe sobre adoção e altera a Lei no 8.069,

de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente), a Consolidação das Leis do Trabalho


(CLT), aprovada pelo Decreto-Lei no 5.452, de 1o de maio de 1943, e a Lei no 10.406, de 10 de
janeiro de 2002 (Código Civil). Disponível em: <
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato20152018/2017/Lei/L13509.htm#art1>Acesso em: 10 de
fevereiro de 2019.
7

Vale ressaltar que a desistência da adoção por parte do casal no estágio de


convivência, gera traumas psicológicos a criança, porém esse período em que o
casal está com a guarda provisório não enseja responsabilização jurídica para as
partes.

2.2 REQUISITOS LEGAIS PARA ADOÇÃO

A destituição do poder familiar deve anteceder a adoção, podendo ser


decretada ainda na mesma sentença. Além da destituição do poder familiar a
adoção só será possível se os requisitos necessários forem cumpridos.
Só poderá entrar na fila de adoção os maiores de 18 anos independente do
estado civil, e deve respeitar a diferença mínima de 16 anos entre adotante e o
adotado, segundo o Art. 42. Caput e § 3º da Lei 8.069/90 sucessivamente.18
Divorciados ou separados podem adotar conjuntamente desde que a convivência
com a criança tenha se iniciado durante a união conjugal e desde que fique
acordado o regime de visitas. Os avós ou irmãos da criança não podem adotá-la.
Neste caso, cabe um pedido de Guarda ou Tutela, que deverá ser ajuizado na Vara
de Família do Fórum de sua residência.
É obrigatório que os pretendentes realizem o curso de preparação
psicossocial e jurídica, que dura cerca de dois meses e tem aulas semanais. Após o
curso os candidatos são submetidos a entrevistas e visitas domiciliares feitas pela
equipe técnica. Os resultados são encaminhados ao Ministério Público e ao juiz da
Vara da Infância e da Juventude.19
Na entrevista técnica, o pretendente descreverá o perfil da criança desejada.
A partir do laudo da equipe técnica da Vara e do parecer emitido pelo Ministério
Público, o juiz dará sua sentença. Com seu pedido acolhido, seu nome será inserido
nos cadastros.
Assim que uma criança compatível com o perfil dos adotantes é encontrada,
o histórico de vida da criança é apresentado e se ambos estiverem de acordo serão
apresentados. A partir daí começa a valer o prazo do estágio de convivência que é

18CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA. Passo-a-passo da adoção. Disponível em:


<http://www.cnj.jus.br/programas-e-acoes/cadastro-nacional-de-adocao-cna/passo-a-passo-da-
adocao> Acesso em: 17 de fevereiro de 2019
19 CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA. Passo-a-passo da adoção. Disponível em:

<http://www.cnj.jus.br/programas-e-acoes/cadastro-nacional-de-adocao-cna/passo-a-passo-da-
adocao> Acesso em: 20 de fevereiro de 2019
8

de no máximo 90 dias, estipulado pelo juiz de acordo com cada caso. O estágio de
convivência poderá ser dispensado se o adotando já estiver sob a tutela ou guarda
legal do adotante durante tempo suficiente para que seja possível avaliar a
conveniência da constituição do vínculo, segundo o artigo Art. 46 § 1o da Lei 8.069.
Caso tudo ocorra bem o juiz decretará a guarda provisória para os
pretendentes, que terá a validade até a conclusão do processo. A partir desse
momento a criança pode morar com a família. Por fim o juiz vai proferir a sentença
de adoção e determinar que seja lavrado o novo registro de nascimento com o
sobrenome da nova família. Existe a possibilidade de troca do nome da criança,
partir de então a criança passa a ter todos os direitos de um filho biológico.

3 DEVOLUÇÃO DO MENOR ADOTADO

De acordo com o art. 39, §1º do Estatuto da Criança e do Adolescente,


havendo a finalização do processo de adoção, haverá a irrevogabilidade como um
de seus efeitos jurídicos, ou seja, a adoção trata-se de um instituto irrevogável após
sentença constitutiva, não tendo como desistir mais do feito. Esse feito transmite ao
processo de adoção a segurança jurídica necessária para a construção do vínculo
familiar, tendo que atender o interesse de ambas as partes.20
Um dos fatores de risco na adoção que pode levar os adotantes a devolver o
adotado, são as expectativas em relação a criança ao adolescente adotado. Essas
idealizações geram desapontamentos nos pais, uma vez que se tem a fantasia de
um filho sonhado, e o que se tem é uma criança real.21
Ghirardi ensina que a adoção é um projeto narcísico, como o são todos os
outros projetos ligados à filiação, uma vez que os pais depositam em seus filhos,
seja qual for sua origem, o que têm como ideal e também suas frustrações e
aspirações. Quando um casal que não tem sua infertilidade bem resolvida adota, por
exemplo, pode acabar projetando sobre a criança ou adolescente adotado a
lembrança do filho sonhado que não foi possível obter de forma natural. 22

20 CASTRO, Carolina Grillo Domingues de. Devolução na Adoção: a inexistência de limite para o
abandono, p. 06. Disponível em:<https://livros-e-revistas.vlex.com.br/vid/devolucao-na-adocao-
inexistencia-589182182>. Acessado em: 06 abril de 2019.
21DIAS, Valéria. Fatores de risco podem levar à devolução de crianças adotadas, 2008.

Disponível em: < http://www.usp.br/agen/?p=6782 >. Acesso em: 19 de março de 2019.


22 GHIRARDI, Maria Luiza de Assis Moura. A devolução de crianças adotadas: ruptura do laço

familiar. In: Revista Brasileira de Medicina, 2008. Disponível em:


9

A imagem que os pais constroem dos filhos ao longo de toda a vida, muitas
vezes não é compatível com a realidade da criança ou adolescente adotado, e os
adotantes por muitas vezes se esquecem que um filho biológico tem as mesmas
possibilidades de possuir uma personalidade forte, distúrbios psicológicos e doenças
que os filhos adotados. O que muda é a diferença no fato de que o filho biológico
não pode ser devolvido.23 Em outras palavras, ao ter o contato prático com a adoção
e perceber que não será exatamente como o sonhado, muitos adotantes já não se
sentem a vontades em adotar.
Levinzon em sua obra sobre aspectos psicanalíticos da adoção que alguns
pais adotivos, pelas expectativas que criaram, não conseguem aceitar expressões
naturais e mais instintivas da criança, como a agressão, curiosidade sexual, entre
outros. Terminam não compreendendo e classificando como reflexos do “mau
sangue” da criança ou do adolescente.

A inabilidade de alguns pais adotivos em aceitar as expressões mais


instintivas da criança pode estar ligada à descontinuidade biológica, que
impede com que possam fazer um investimento narcísico no seu filho.
Assim, comportamentos instintivos normais como sujeira, curiosidade
sexual, agressão, entre outros, são compreendidos como reflexos do “mau
sangue” da criança. Como a criança “não veio deles”, acreditam que sua
forma de se comportar “só pode vir daquilo que trazem de seus pais
biológicos”... 24

Além da fantasia da adoção, existe a fantasia da devolução, que consiste em


uma experiência psíquica presente em toda adoção, em momentos de dificuldade e
conflitos com a criança ou adolescente, em que os adotantes sempre consideram a
possibilidade de devolução. Esse pensamento ocorre somente na adoção, pois

<http://www.moreirajr.com.br/revistas.asp?fase=r003&id_materia=3988> Acesso em: 19 de março de


2019.
23CRUZ, Sabrina D’ávila. A frustração do reabandono: uma nova ótica acerca da devolução em

processos de adoção. Rio de Janeiro. Artigo científico apresentado como exigência de Conclusão de
curso de Pós-graduação lato sensu da Escola de Magistratura do Estado do Rio de Janeiro. 2014, p.
21. Disponível em:
<http://www.emerj.tjrj.jus.br/paginas/trabalhos_conclusao/1semestre2014/trabalhos_12014/SabrinaDA
viladaCruz.pdf>. Acesso em: 19 de março de 2019
24 LEVINZON, Gina Khafif. A adoção na clínica psicanalítica: o trabalho com os pais adotivos. In:

Portal Metodista de periódicos científicos e acadêmicos. São Paulo, 2006, p. 24-31. Disponível em:
<https://www.metodista.br/revistas/revistas-ims/index.php/MUD/article/view/630> Acesso em: 19 de
março de 2019.
10

quando o filho é biológico, se tem o sentimento de que o filho biológico pertence aos
pais.25
Da mesma forma as crianças e adolescentes também apresentam
expectativas em relação aos adotantes. Esperam afeto, atenção, amor, carinho,
compreensão e educação, no entanto se sentem desprotegidas e abandonadas
cobrando sempre proteção dos adotantes e desenvolvendo um quadro de sofrimento
pessoal.26
Nem sempre as expectativas de afeto são satisfeitas, levando as crianças a
angustia, sofrimento e sensibilização de todos que o cercam. Tais expectativas
acontecem porque na maioria dos casos a criança ou adolescente que vivem em
uma instituição apostam na adoção todo o seu futuro e esperança.

3.1 CAUSAS DA DEVOLUÇÃO DO MENOR

Entre os motivos que levam o casal a devolver a criança ou adolescente


adotado, o principal está a não adaptação dos membros da família que estava se
formando.27 Existem também os casos onde o motivo foi a chegada posterior de
filhos biológicos, a cor da pele da criança ou até a concretização da adoção de outra
criança. Geralmente os motivos de devolução das crianças são bem variados, mas
tem como origem a falta de compreensão e dedicação dos adotantes.
Existem adotantes que colocam a culpa na própria criança ou adolescente,
alegando motivos injustificáveis, tais como, querer brincar com o brinquedo dos
irmãos, ou ser negra e roncar. Como nos relatos a seguir de famílias que
devolveram as crianças:

“Ela só queria brincar com os brinquedos da irmã, meu marido ficou


aperreado e eu resolvi devolver” – na ocasião a criança contava com
apenas um ano e nove meses. E o casal já tinha uma filha adotiva, que
segundo a equipe da instituição era bastante mimada, o que dava a
entender era que os pais buscavam uma companhia para ela −; “ela é negra

25
GHIRARDI, Maria Luiza de Assis Moura. A Devolução de crianças e adolescentes adotivos sob
a ótica psicanalítica: reedição de histórias de abandono, p. 51, apud SILVA, Camila Edith. Efeitos
jurídicos e psicológicos da devolução de crianças adotadas. Disponível em:
<http://conteudo.pucrs.br/wp-content/uploads/sites/11/2018/09/camila_silva.pdf>. Acesso em: 19 de
março de 2019.
26
SCHETTINI FILHO, Luiz. Compreendendo o filho adotivo. 2ª ed. Recife: Edições Bagaço, 1995,
p. 75.
27 MACIEL, Kátia. Curso de Direito da Criança e do Adolescente: Aspectos Teóricos e Práticos. 4ª

ed. rev. e atual. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2010, p. 242.


11

e ronca muito” – esta criança foi devolvida à instituição após cinco meses de
convívio familiar.28

Em outro caso, uma única família chegou a devolver três crianças, alegando
as seguintes razões: para a primeira criança, a queixa foi que ela estava
incomodando os seus filhos.

“chega à porta do quarto deles e fica gritando o nome deles sem parar” −
os filhos a que se referia, tinham na época 18 e 21 anos de idade −; a
segunda criança devolvida por essa família teve por queixa que, “a menina
ficou pulando no colchão e derramou todo o Toddynho que estava tomando”
– esta criança permaneceu aproximadamente 20 dias com essa família−, e,
por fim, a última devolução foi acarretada pelos motivos,“ eu disse que ela
não levasse o celular para a escola e ela levou; ela estava gripada e não
era para abrir a geladeira e ela desobedeceu; e, por fim, a empregada
estava passando, o pano na casa e ela ficava passando, e eu já perdi uma
empregada uma vez, eu não vou perder outra vez”.29

Nota-se que em casos como este existe o total desrespeito as


responsabilidades relativas a adoção que está previsto no Estatuto da Criança e do
Adolescente em seu artigo 33°: “A guarda obriga a prestação de assistência
material, moral e educacional à criança ou ao adolescente, conferindo a seu detentor
o direito de opor-se a terceiros, inclusive aos pais”30
Para a psicóloga Helena Zgierski, na maioria dos casos de devolução já
existe na família um filho biológico. A preparação para receber uma criança ou
adolescente deve ser feita não somente pelos pais adotantes, mas também pelos
filhos biológicos dos adotantes. Todos os membros da família precisam participar do
processo de adoção, para que estejam preparados, inclusive os filhos dos
adotantes, para que não haja entre eles uma relação de disputa pelo amor dos pais
e por espaço.31
Devido as longas filas de espera para adoção, muitos dos adotantes
decidem modificar o perfil da criança que haviam escolhido, aumentando a idade

28 SPECK, S. e QUEIROZ, E. F. O sofrimento psíquico nos casos de devolução de crianças


adotadas. In: XII CONGRESSO BRASILEIRO DE PSICOPATOLOGIA FUNDAMENTAL, 2014, Belo
Horizonte, [Mesa Redonda]. [S.l.: s. n.], 2014, p. 7. Disponível em:
<http://www.psicopatologiafundamental.org.br/uploads/files/vi_congresso/Mesas%20Redondas/60.2.p
df> Acesso em: 06 de abril de 2019.
29 Ibidem
30 BRASIL. Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990. Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do

Adolescente e dá outras providências. Disponível em:


<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8069.htm> Acesso em: 19 de março de 2019.
31 ZGIERSKI, Helena. In REVISTA ISTO É. O segundo abandono. São Paulo, N° Edição: 2188, 18

de outubro de 2011. Disponível em: <https://istoe.com.br/168178_O+SEGUNDO+ABANDONO/>


Acesso em: 19 de março de 2019.
12

para conseguir diminuir o tempo na fila de espera, sem que, no entanto, estejam
preparados ou realmente desejam adotar uma criança mais velha ou adolescente.32
No caso de casais adotantes, o fator relevante que leva a devolução é a
desestruturação da relação do casal, que pode ocorrer quando ambos estão
despreparados e acabam culpando a criança por ter perdido espaço em sua relação.
Também existe o preconceito e os mitos em torno da origem da criança, o
que pode levar a uma inclinação dos adotantes a devolvê-la, pois muitos adotantes
acreditam que o peso da genética que a criança carrega ira determinar a sua índole,
e assim atribuir comportamentos indesejados.33
Os preceitos precisam ser superados e a idealização precisa ser substituída
pela compreensão de que conflitos entre pais e filhos existem, independente da
origem da criança ou adolescente, sendo filhos adotados ou biológicos.

3.2 POSSIBILIDADE DA DEVOLUÇÃO DO MENOR

A adoção como dito anteriormente é medida irrevogável, de acordo com o


artigo 39, § 1º do Estatuto da Criança e do Adolescente, rompendo todos os laços
entre a criança ou o adolescente adotado e sua família biológica, com exceção dos
impedimentos matrimoniais que continuam existindo. Cumpridos todos os requisitos
legais e deferido o pedido de adoção pelo juiz, a filiação estará efetivada e será de
caráter imutável, caso haja posterior arrependimento, tanto os pais quanto a criança,
não são capazes de destituir o vínculo formado pela adoção.34
O Código Civil de 1916, considerava possível a dissolução da adoção
somente nos casos de deserdação, resilição bilateral ou quando o adotado atingisse
a maioridade e no prazo de um ano poderia requerer a dissolução do vínculo
familiar.35 No entanto no sistema jurídico atual, é incabível a devolução de uma
criança ou adolescente após o encerramento do processo de adoção, que se dá

32 KIRCH, A. T.; COPATTI, L. C. Criança e adolescente: a problemática da adoção e posterior


devolução às casas de acolhimento. Prisma Jurídico, São Paulo, 2014. Disponível em:
<https://www.redalyc.org/html/934/93431846002/> Acesso em: 20 de março de 2019.
33 SOUZA, Hália Pauliv. Adoção tardia: Devolução ou desistência do filho? A necessária preparação

para adoção. Curitiba: Juruá, 2012. p. 37


34 ESPÍRITO SANTO, Tribunal de Justiça, Apelação Cível nº 19020002184, 2.ª Câmara Cível, Rel.

Des. Samuel Meira Brasil Junior. Disponível em: <https://tj-


es.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/5022981/apelacao-civel-ac-19020002184> Acesso em: 20 de
março de 2019.
35 NADER, Paulo. Curso de direito civil: direito de família, v 5. 4ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2010,

p. 127.
13

com o trânsito em julgado da sentença, pois passam a ser considerados filhos, sem
qualquer distinção de filhos biológicos perante a isonomia dada pelo artigo 227 § 6º
da Constituição Federal.36
Sendo assim a tentativa de devolução da criança seria enquadrada na
tentativa de abandono e incapaz, tipificado no artigo 133 do Código Penal. Assim a
possibilidade jurídica da devolução se dá apenas antes do trânsito em julgado da
sentença que defere a adoção.37
A irrevogabilidade da adoção traz duas consequências, uma delas é a
impossibilidade de que o adotante desfaça a adoção que ele ensejou por vontade
própria, e também a possibilidade que o adotado revogue a adoção, ainda que tenha
sido adotado durante a infância ou adolescência, preservando os direitos do
adotante. No entanto ainda que seja a adoção medida irrevogável, com frequência
existem casais que devolvem os adotados. Essa situação, acaba sendo aceita, e
fazendo com que ela seja adotada por quem realmente a queira, buscando o seu
melhor interesse.38
Durante o estágio de convivência, os adotantes possuem somente a guarda
do menor, e de acordo com o artigo 35 do ECA, a guarda pode ser revogada a
qualquer momento, mediante ato judicial fundamentado, ouvido o Ministério
Público.39
A guarda por ser revogável, é o vínculo mais vulnerável, que, precisa de
maior atenção, sendo assim é nesse momento que ocorrem mais casos de
devoluções. Nesses casos nem sempre ocorre o devido acompanhamento do
serviço social, além de que não são estabelecidos para a guarda muitos requisitos,
como é exigido para a adoção. O fato de aceitarem a devolução das crianças e

36 BRASIL. Constituição Federal de 1988. Promulgada em 5 de outubro de 1988. Disponível em


<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm> Acesso em: 20 de
março de 2019
37 SOUSA, Walter Gomes. Devolução e abandono: duas experiências trágicas para a criança.

Disponível em: < https://www.tjdft.jus.br/informacoes/infancia-e-juventude/publicacoes-textos-e-


artigos/textos-e-artigos/devolucao-e-abandono-duas-experiencias-tragicas-para-a-crianca/view>
Acesso em: 19 de março de 2019.
38 DIAS, Maria Berenice. Manual de Direito das Famílias. 10ª ed., rev., atual. e ampl. São Paulo:

Revista dos Tribunais, 2015, p. 483.


39 BRASIL. Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990. Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do

Adolescente e dá outras providências. Disponível em:


<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8069.htm> Acesso em: 17 de fevereiro de 2019.
14

adolescentes nesta fase é determinante para que a maioria das devoluções


aconteça neste momento do processo de adoção.40
A guarda durante o estágio de convivência, consiste em um direito que tem como
fundamento atender ao interesse da criança e do adolescente adotado, e não o
interesse dos adotantes, de forma a possibilitar legitimar devoluções injustificadas
praticadas por eles. Portanto, quando houver falta de clareza na legislação, sempre
se considera o melhor interesse da criança.41
Sendo assim, os adotantes não podem alegar o exercício legal do direito
quando se trata da devolução da criança e do adolescente, usando como base legal
a revogação da guarda durante o estágio de convivência, pois não se trata de um
direito constituído ao seu favor.42
É necessário que tenha acompanhamento de profissionais e de uma equipe
técnica junto com a família durante o estágio de convivência para que haja suporte e
apoio, através de ações socioeducativas e intervenções psicossociais, com o
objetivo de enfrentar as dificuldades apresentadas, reconhecer os conflitos e evitar a
devolução.

3.3 DANOS PSICOLÓGICOS CAUSADOS AOS MENORES DEVOLVIDOS

A devolução de crianças e adolescentes de volta as casas de acolhimento


causa grandes impactos, como problemas de identidade, problemas emocionais,
relações sociais, entre outras. A interrupção do laço afetivo em virtude da devolução
muitas vezes faz com que a criança reviva o sofrimento de sua história de abandono
pelos pais biológicos. Ao contrário dos adultos, para uma criança não existe a

40 FRASSÃO, Márcia Cristina G. O. Devolução de crianças colocadas em famílias substitutas:


uma compreensão dos aspectos psicológicos, através dos procedimentos legais. 2000. Dissertação
de mestrado em psicologia – Curso de pós-graduação em psicologia da Universidade Federal de
Santa Catarina. p. 79. Disponível em:
<https://repositorio.ufsc.br/bitstream/handle/123456789/78106/152834.pdf?sequence=1&isAllowed=>
Acesso em: 19 de março de 2019.
41 COSTA, Epaminondas. Estágio de convivência, “devolução” imotivada em processo de

adoção de criança e adolescente e reparação por dano moral e/ou material. 2009. Disponível
em:<https://mpma.mp.br/arquivos/CAOPIJ/docs/Art_9._Devolu%C3%A7%C3%A3o_imotivada_de_ad
otado_-_indeniza%C3%A7%C3%A3o_por_danos_morais_MPMG.pdf> Acesso em: 19 de março de
2019.
42 Ibidem.
15

compreensão de processo, documentos, sentença, para ela estar em um lar já


significa ter sido adotada.43
O retorno ao abrigo que ocorre após a devolução, para a criança é como se
fosse uma dupla frustação, pois além de haver a culpa de terem sido rejeitadas pela
segunda família, também existe a vergonha de ter que retornar para o abrigo, os
danos são mais acentuados quando há um grande período de convivência até a
devolução.44
Outro problema decorrente da devolução, é o fato de que as crianças terão
no seu histórico a devolução, o que acaba estigmatizando e prejudicando ainda mais
as futuras chances de adoção.45 Além de todo o sofrimento psicológico da criança e
do adolescente, além da dificuldade de serem adotados posteriormente, ainda há a
probabilidade de que no futuro a vítima da devolução desenvolva condutas
antissociais.46
A incapacidade de compreender o fato ocorrido pelas crianças, pode
desencadear mecanismos de defesa, como mau comportamento e até
agressividade, o que causa prejuízos para uma futura adoção. Algumas crianças e
adolescentes até mesmo manifestam o desejo de não serem adotados novamente e
preferem permanecer na instituição, por medo de que ocorra um futuro abandono.47
Em uma reportagem da revista Veja, trouxe o caso de uma senhora que
adotou uma criança que já havia sido devolvida pelo casal que havia adotado
anteriormente.

43 GOES, Alberta Emília Dolores. Criança não é brinquedo! A devolução de crianças e


adolescentes em processos adotivos. [SYN]THESIS Rio de Janeiro, vol.7, nº 1, 2014, p. 5 e 6.
Cadernos do Centro de Ciências Sociais da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Disponível
em: <https://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/synthesis/article/download/17350/12827> Acesso
em: 20 de março de 2019, p. 6.
44 MACIEL, Kátia. Curso de Direito da Criança e do Adolescente: Aspectos Teóricos e Práticos. 4ª

ed. rev. e atual. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2010, p. 314


45 GOES, Alberta Emília Dolores. Criança não é brinquedo! A devolução de crianças e

adolescentes em processos adotivos. [SYN]THESIS Rio de Janeiro, vol.7, nº 1, 2014, p. 5 e 6.


Cadernos do Centro de Ciências Sociais da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Disponível
em: <https://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/synthesis/article/download/17350/12827> Acesso
em: 20 de março de 2019, p. 40 e 41.
46 COSTA, Epaminondas. Estágio de convivência, “devolução” imotivada em processo de

adoção de criança e adolescente e reparação por dano moral e/ou material. 2009. Disponível
em:<https://mpma.mp.br/arquivos/CAOPIJ/docs/Art_9._Devolu%C3%A7%C3%A3o_imotivada_de_ad
otado_-_indeniza%C3%A7%C3%A3o_por_danos_morais_MPMG.pdf> Acesso em: 19 de março de
2019. p. 4 e 5.
47 SPECK, S. e QUEIROZ, E. F. O sofrimento psíquico nos casos de devolução de crianças

adotadas. In: XII CONGRESSO BRASILEIRO DE PSICOPATOLOGIA FUNDAMENTAL, 2014, Belo


Horizonte, [Mesa Redonda]. [S.l.: s. n.], 2014, p. 9. Disponível em:
<http://www.psicopatologiafundamental.org.br/uploads/files/vi_congresso/Mesas%20Redondas/60.2.p
df> Acesso em: 20 de março 2019.
16

“Ela sentia-se, literalmente, abandonada mais uma vez, muito triste, apática
e desacreditando no papel dos adultos”. As consequências psicológicas iam
mais além. “A enorme pressão pela qual passou no processo de devolução
fez com que ela desenvolvesse comportamentos de autopunição, e quando
a revi me assustei, pois ela arrancava os cabelos, do topo da cabeça, numa
atitude de automutilação”, relata a senhora. Para reverter o quadro, foi
necessário acompanhamento psicológico semanal para superar os
traumas.48

É necessário que sejam realizados trabalhos voltados a mudança de


mentalidade dos adotantes, com o objetivo de diminuir os preconceitos, e diminuir os
casos de devolução, minimizando os traumas, que são irreversíveis.

4 RESPONSABILIDADE CIVIL

A responsabilidade civil tem seu fundamento na necessidade estabelecida


pelo meio social de se responsabilizar alguém por seus atos danosos a fim de que
esta pessoa repare os prejuízos que causou a outra por ato próprio ou por fato
praticado por pessoas que dessa dependam ou por coisas de sua posse, segundo
Bittar:

A lesão a elementos integrantes da esfera jurídica alheia acarreta ao agente a


necessidade de reparação dos danos provocados. É a responsabilidade civil, ou
obrigação de indenizar, que compele o causador a arcar com as consequências
advindas da ação violadora, ressarcindo os prejuízos de ordem moral ou
patrimonial, decorrente de fato ilícito próprio, ou de outrem a ele relacionado. 49

Essa responsabilidade tem o dever de satisfazer uma prestação, suportar


sanções ou penalidades, ressarcir danos ou realizar uma obrigação de fazer,
restaurando o equilíbrio moral e material de quem sofreu o prejuízo.
De acordo com o artigo 186 do Código Civil, todo aquele que causa dano a
outrem tem o dever de repará-lo, seja a causa do dano uma ação ou omissão
voluntaria, por imprudência ou por negligência, mesmo que o dano seja
exclusivamente moral. Sendo assim, são quatro os elementos que ensejam a

48 GOULART, Nathalia. Minha filha foi adotada e devolvida. In: Revista VEJA. 21 maio de 2010.
Disponível em:< https://veja.abril.com.br/brasil/minha-filha-foi-adotada-e-devolvida/> Acesso em: 20
de março de 2019.
49 BITTAR, Carlos Alberto. Curso de direito civil. Rio de Janeiro: Forense, 1994, p. 561.
17

responsabilidade civil: a existência de conduta, culpa ou dolo do agente, e deve


existir dano e relação de causalidade entre o dano e a conduta.50
Quanto a conduta, entende-se que um fato da natureza, ainda que cause
grande dano, não gera responsabilidade civil, por não poder ser atribuído ao
homem. Assim a conduta humana é pressuposto necessário para que configure
responsabilidade civil, podendo ser esta conduta positiva ou negativa, que consiste
na omissão.51
A culpa consiste na violação de uma norma jurídica e tem como elementos o
comportamento voluntário do agente, a previsibilidade do dano, e a violação de um
dever de cuidado. Enquanto o dolo consiste em violação do direito de outrem de
forma consciente e intencional, a culpa é a falta de zelo ou cuidado.52
O dano é um fato jurídico que suscita a responsabilidade civil, uma vez que
não existe sem o prejuízo da vítima. Esse pode ser individual, coletivo, material,
quando atinge patrimônio do ofendido, ou extrapatrimonial, quando causa danos a
integridade física, psíquica ou moral. Para que enseje indenização à vítima deve
estar presente dois elementos: o prejuízo, elemento de fato e a lesão jurídica,
elemento de direito.53
A responsabilidade civil ainda tem como pressuposto o nexo causal, ou seja,
deve existir a relação de causa e efeito entre o dano e a conduta do agente. Caso
não tenha qualquer ação ou omissão, ou se existirem elas não tiverem nenhuma
relação com o dano causado, inexiste responsabilidade civil. 54
A responsabilidade civil ainda se divide em duas classes, a responsabilidade
subjetiva e a objetiva, que se diferenciam pela presença ou ausência do elemento
culpa.
A teoria subjetiva, ou teoria da culpa, pressupõe que quando não houver
culpa ou dolo do agente, ainda que tenha uma conduta, um dano e nexo de
causalidade entre eles, não haverá responsabilidade. Diferentemente, a teoria da
responsabilidade objetiva ou legal é a que traz o entendimento de que a

50 GONÇALVES, Carlos Roberto. Responsabilidade Civil. 10ª ed. São Paulo: Saraiva, 2015, p. 66.
51 GAGLIANO, Pablo Stolze. PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Novo Curso de Direito Civil, v. 3,
Responsabilidade Civil. 10ª ed. rev., atual. e ampl. São Paulo: Saraiva, 2012, p. 78-81
52 Ibidem, p. 202 e 203
53 FARIAS, Cristiano Chaves et al. Curso de direito civil: responsabilidade civil, v. 3. 2ª ed. São

Paulo: Atlas, 2015, p. 201-203.


54 GOLÇALVES, Carlos Roberto. Responsabilidade Civil. 10ª ed. São Paulo: Saraiva, 2015, p. 67.
18

responsabilidade prescinde de culpa, satisfazendo-se apenas com o dano, a


conduta e o nexo de causalidade.
O Código Civil brasileiro, no artigo 186, filiou-se à teoria da responsabilidade
civil subjetiva, que é utilizada como regra geral. No entanto, em algumas situações
verifica-se a adoção da teoria objetiva, como no artigo 927 deste mesmo Código,
que admite a responsabilidade independentemente de culpa quando causado um
dano decorrente de exercício de alguma atividade que por sua própria natureza
represente riscos.

4.1 RESPONSABILIDADE CIVIL NO DIREITO DE FAMÍLIA

O direito de família antes era uma esfera mais existencial dentro do direito
civil, quase não tinha ligação com a responsabilidade civil, que era considerada
como uma parte mais patrimonial. Hoje, no entanto esses dois ramos têm se
aproximado cada vez mais devido as várias transformações que ocorreram ao longo
dos anos.
A responsabilidade deixou de ser vista ligada diretamente ao patrimônio,
devido ao advento do dano moral e de sua importância crescente, o que acarreto
numa mudança da função da responsabilidade civil na sociedade atual.55
Por outro lado, a família deixou de ser centrada somente no matrimônio,
transformando o direito de família em um campo de defesa de direitos fundamentais
e de inclusão das minorias na medida em que passou a democratizar as relações
familiares e reconhecer os direitos das crianças e dos adolescentes.56
Após essa modificação ambos começaram a se comunicar, no sentido de
que a proteção conferida pelo direito de família quando não alcançada, deve buscar
na responsabilidade civil a possibilidade de compensação, como ocorre nas ações
de dano moral.57
Assim pertencer a uma família não pode gerar nenhum tipo de imunidade
quanto aos danos produzidos neste âmbito. Além do prejuízo material deve-se levar

55 SCHREIBER, Anderson. Responsabilidade civil e direito de família: a proposta da reparação não


pecuniária. In: MADALENO, Rolf (coord.); BARBOSA, Eduardo (coord.). Responsabilidade Civil no
direito de família. São Paulo: Atlas, 2015. p. 32-34.
56 Ibidem, p.32-34.
57 Ibidem, p.32-34.
19

em conta o dano psicológico que pode ser produzido, por exemplo, no filho que é
desprezado pelo pai, ou nos casos de devolução do menor de volta ao abrigo.

4.2 POSSIBILIDADE LEGAL DE RESPONSABILIZAÇÃO DOS ADOTANTES

O Código Civil no artigo 927 dispõe: “Que aquele que por ato ilícito causar
dano a outrem será obrigado a reparar-lhe o dano”. Sendo assim, para que haja
responsabilização civil dos adotantes é necessário que tenha um ato ilícito. Ainda no
artigo 186: “Comete ato ilícito quem, por ação ou omissão voluntária, negligência ou
imprudência, viola direito e causa dano a outrem”.58
Como visto anteriormente o adotante que devolve a criança ou adolescente
para a instituição de acolhimento, fere diversos direitos, como o direito a convivência
familiar e a dignidade da pessoa humana, presentes na constituição federal, 59
também fere o princípio da não discriminação, presente no estatuto da criança e do
adolescente60, uma vez que quem devolve trata a criança ou adolescente como
objeto passível de devolução, essa atitude não seria possível se fosse filho
biológico.
Atualmente, existem diversas decisões dos Tribunais em relação as
questões que sobre a devolução de crianças e adolescentes adotados e o
cabimento do dano moral, material e a obrigação alimentar. Entre essas decisões
destacaremos alguns casos a seguir, que ocorrem em toda parte do território
nacional.
O TJSC, Tribunal de Justiça do Estado de Santa Catarina, no ano de 2015,
determinou aos pais que devolveram a criança ao abrigo, a obrigação de pagar o
tratamento psicológico, reparando o dano causado a criança, conforme podemos
conferir a seguir:

58 BRASIL, Lei 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. In: PLANALTO. Legislação.
Brasília, 2002. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/2002/L10406.htm>. Acesso
em: 15 abr. 2017. Arts. 927
59 BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF,

Senado, 1998. Disponível em:


<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm> Acesso em: 15 de abril
de 2019. Artigo 277.
60 BRASIL, Lei 8.069, de 13 de julho de 1990. Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e

dá outras providências. Legislação. Brasília, 1990. Disponível em:


<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8069.htm>. Acesso em: 15 de abril de 2019. Art. 5º.
20

[...] os pais paguem o tratamento psicológico para criança que devolveram para
adoção. No caso, o Tribunal negou a pretensão de um casal de desvencilhar-se
da obrigação de pagar tratamento psicológico/psiquiátrico a uma criança de sete
anos, a qual desistiu de adotar. Apesar de saber da condição psicológica da
criança, que sofria maus-tratos da mãe biológica, o casal insistiu em adotá-la, mas
por duas vezes a devolveu para o abrigo por conta de dificuldades no
relacionamento com a mesma.61

Em outra decisão proferida pelo Tribunal de Justiça de Santa Catarina deixa


claro a necessidade de compensação pecuniária com o intuito de diminuir os danos
psicológicos causados à criança. O promotor de Justiça do caso, em sua alegação
assevera que os pais praticaram o ato devolução com frieza e desumanidade,
equiparando as crianças como bens de consumo passíveis de devolução.

Apelação cível. Poder familiar. Destituição. Pais adotivos. Ação ajuizada pelo
ministério público. Adoção de casal de irmãos biológicos. Irrenunciabilidade e
irrevogabilidade da adoção. Impossibilidade jurídica. Renúncia do poder familiar.
Admissibilidade, sem prejuízo da incidência de sanções civis. Aplicação analógica
do art. 166 do estatuto da criança e do adolescente. Perda do poder familiar em
relação ao casal de irmãos adotados. Desconstituição em face da prática de maus
tratos físicos, morais. Castigos imoderados, abuso de autoridade reiterada e
conferição de tratamento desigual e discriminatório entre os filhos adotivos e entre
estes e o filho biológico dos adotantes. [...] Dano moral causado aos menores.
Ilícito civil evidenciado. Obrigação de compensar pecuniariamente os infantes.
Aplicação do art. 186 c/c art. 944, ambos do código civil. Juros moratórios.
Relativização das regras processuais clássicas em sede de direito da criança e do
adolescente. Mitigação da disposição contida no art. 460 do código de processo
civil. Vítimas que, na qualidade de irmãos biológicos e filhos adotivos dos réus
merecem receber, equitativamente, a compensação pecuniária pelos danos
imateriais sofridos.62

O Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais julgou procedente o pedido


de reparação civil por danos morais causados ao menor, por desistência dos pais na
fase de guarda provisória, causando sérios prejuízos à criança. O Ministério Público,
autor da ação, condenou os adotantes ao pagamento na quantia de R$ 15 mil reais,
para reparação de danos morais:

AÇÃO CIVIL PÚBLICA - I. ADOÇÃO - GUARDA PROVISÓRIA - DESISTÊNCIA


DA ADOÇÃO DE FORMA IMPRUDENTE - DESCUMPRIMENTO DAS
DISPOSIÇÕES DO ART. 33 DO ECA - REVITIMIZAÇÃO DA CRIANÇA -

61 ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO DO IBDFAM. Casos de devolução de crianças adotadas


revelam deficiências no sistema e na lei. Disponível em:
<http://ibdfam.org.br/noticias/5660/Casos+de+devolu%C3%A7%C3%A3o+de+crian%C3%A7>
Acesso em: 07 de maio de 2019.
62
SANTA CATARINA. Tribunal de Justiça de Santa Catarina. Apelação Cível nº 2011.020805-7, Rel.
Des. Joel Dias Figueira Júnior. 1ª Câmara Cível. Disponível em: <https://tj-
sc.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/20441959/apelacao-civel-ac-208057-sc2011020805-7/inteiro-teor-
20441960?ref=juris-tabs> Acesso em: 07 maio de 2019.
21

REJEIÇÃO - SEGREGAÇÃO - DANOS MORAIS CONSTATADOS - ART. 186 C/C


ART. 927 DO CÓDIGO CIVIL - REPARAÇÃO DEVIDA - AÇÃO PROCEDENTE -
II. QUANTUM INDENIZATÓRIO - RECURSOS PARCOS DOS REQUERIDOS -
CONDENAÇÃO INEXEQUÍVEL - MINORAÇÃO - SENTENÇA PARCIALMENTE
REFORMADA. - A inovadora pretensão do Ministério Público, de buscar o
ressarcimento civil com a condenação por danos morais daqueles que desistiram
do processo de adoção, que estava em fase de guarda, de forma abrupta e
causando sérios prejuízos à criança, encontra guarida em nosso direito pátrio,
precisamente nos art. 186 c/c arts. 187 e 927 do Código Civil. - O ilícito que gerou
a reparação não foi o ato em si de desistir da adoção da criança, mas o modus
operandi, a forma irresponsável que os requeridos realizaram o ato, em clara
afronta aos direitos fundamentais da criança, bem como ao que está disposto no
art. 33 do Estatuto da Criança e do Adolescente. Assim, pode haver outra situação
em que a desistência da adoção não gere danos morais à criança, no entanto, não
é este o caso dos autos.63

Ainda no Tribunal de Justiça de Minas Gerais a desembargadora Hilda


Teixeira da Costa, em processo de sua relatoria, manifestou em voto seu
entendimento de que a devolução do adotando ou adotado é um ato ilícito que gera
o direito à reparação, uma vez que os adotantes voluntariamente buscaram o
processo de adoção e obtiveram a guarda da criança, resolvendo simplesmente
devolve-la posteriormente, sem motivos, rompendo de forma brusca o vínculo
familiar a que expuseram a criança. Assim, essa devolução, segundo a
Desembargadora, consiste em abandono, devendo ser deferida a condenação
destes adotantes ao pagamento de danos morais, danos materiais e obrigação
alimentar.

O ato ilícito, que gera o direito a reparação, decorre do fato de que os requeridos
buscaram voluntariamente o processo de adoção do menor, deixando
expressamente a vontade de adotá-lo, obtendo sua guarda durante um lapso de
tempo razoável, e, simplesmente, resolveram devolver imotivadamente a criança,
de forma imprudente, rompendo de forma brusca o vínculo familiar que expuseram
o menor, o que implica no abandono de um ser humano. Assim, considerando o
dano decorrente da assistência material ceifada do menor, defere-se o pedido de
condenação dos requeridos ao pagamento de obrigação alimentar ao menor,
enquanto viver, em razão da doença irreversível que o acomete. 64

Existem basicamente cinco argumentos principais que são usados pelos


adotantes contra a responsabilização civil: a inexistência de vedação legal à
devolução; a adoção somente produzir efeitos após haver sentença judicial; a
devolução consistir em exercício regular de um direito; a possibilidade de devolução
ser um dos fundamentos para a existência do estágio de convivência e, por fim; a

63
MINAS GERAIS. Tribunal de Justiça de Minas Gerais, 2014b. Apelação Cível n. º
10702095678497002. Relator: Vanessa Verdolim Hudson Andrade, Câmaras Cíveis / 1ª Câmara
Cível, Data de Julgamento: 15/04/2014, Data de Publicação: 23/04/2014. Disponível em: <https://tj-
mg.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/121112072/apelacao-civel-ac10702095678497002-mg/inteiro-teor-
121112123> Acesso em: 07 de maio de 2019.
64 TJ-MG - AC: 10481120002896002 MG, Relator: Hilda Teixeira da Costa, Data de Julgamento:

12/08/2014, Câmaras Cíveis / 2ª CÂMARA CÍVEL. Disponível em: <https://tj-


mg.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/135608610/apelacao-civel-ac-10481120002896002-mg> Acesso
em: 16 de abril de 2019.
22

ausência de risco para a criança e ao adolescente, que serão devolvidos para a


instituição de acolhimento.
O estágio de convivência com já dito anteriormente, tem a finalidade de
atender o melhor interesse da criança e do adolescente e o respeito a sua
dignidade, vendo como os futuros pais lidam com os problemas cotidianos, se estão
aptos a adotar e ainda se esta adoça será a melhor solução para esta criança ou
adolescente.65 Sendo um direito instituído em favor deles, não pode ser usado para
mitigar seus direitos, não podendo ser usado como justificativa para que adotantes
possam devolver uma criança ou adolescente e se isentem da responsabilidade.
Deve-se observar que a responsabilização permite que estes menores
tenham recursos para ter acesso a terapia psicológica para superar traumas, além
de proporcionar acesso à educação de qualidade. Esses recursos proporcionam o
mínimo de conforto material e dá uma perspectiva mais otimista do futuro,
resgatando a autoconfiança e a auto estima dessas crianças.66
Ademais, além de proporcionar melhores condições de vida, a
responsabilização civil dos adotantes serve também para desestimular a devolução
imotivada, pois haverá consequências patrimoniais. Assim, talvez muitos indivíduos
hesitem ante a ideia de iniciar o processo de adoção como um simples teste que não
terá consequências caso não funcione.

4.2.1 Indenização Por Danos Morais e Materiais

O dano moral pode ser definido como um dano extrapatrimonial que ofende
os valores fundamentais da personalidade humana ou que sejam reconhecidos pela
sociedade. Sua mensuração pode ser dada através da diferença entre sentimentos
que o ofendido manifesta após o evento danoso, ele é um dano autônomo,
independente de uma lesão patrimonial da vítima, ainda que o mesmo evento cause
o dano.67

65 BORDALLO, Galdino Augusto Coelho. Adoção. In: MACIEL, Kátia. Curso de Direito da Criança e
do Adolescente: Aspectos Teóricos e Práticos. 4ª ed. rev. e atual. Rio de Janeiro: Lúmen Juris,
2010, p. 242.
66 ROCHA, Maria Isabel de Matos et al. Crianças “devolvidas”: quais são seus direitos? In: Revista

de direito privado, São Paulo. n. 2. p. 75 a 113. Abril-julho de 2000.


67 MONTENEGRO, Antônio Lindbergh. Ressarcimento de danos, p. 7, apud FARIAS, Cristiano

Chaves et al. Curso de direito civil: responsabilidade civil, v. 3. 2ª ed. rev., ampl. e atual. São Paulo:
Atlas, 2015, p. 263.
23

Como visto anteriormente, fica nítido que existe dano moral, após criada a
expectativa de que pertencerão a uma família, voltam a instituição de acolhimento
sem saber o real motivo, eles têm seu psicológico profundamente abalado, se
culpando pela devolução.68 Além do mais, o fracasso da adoção traz para a criança
ou adolescente a perda da esperança de ter uma família e a crença de que talvez
não exista mais ninguém realmente capaz de amá-los. Esse fracasso pode ser tão
desastroso para eles que seria melhor que a tentativa de adoção nem tivesse
ocorrido.
Nestes casos o dano moral decorre da lesão causada aos direitos da
personalidade, que englobam além da dignidade da pessoa humana, sentimentos,
imagem, relações afetivas, aspirações, hábitos, entre outros.69
Este dano moral, ou extrapatrimonial, é um gênero que possui outras
espécies, como o dano moral puro, o dano à identidade, à vida privada, à intimidade,
imagem, honra, integridade intelectual, dano existencial, danos à saúde, o derivado
da morte, dentre outros.70
A espécie de dano extrapatrimonial que mais se enquadra na situação das
crianças que são devolvidas, é o dano existencial, uma vez que a devolução muda
de forma abrupta o cotidiano dessas crianças e adolescentes, que ainda estão em
desenvolvimento. A devolução traz uma mudança no local onde a criança morava,
onde estudava, descansava e tinha os seus momentos de lazer. Essas mudanças
quando impostas a pessoas em fase de desenvolvimento, atingem maiores
proporções.71
Ante exposto, a devolução das crianças adotadas traduz-se em um dano,
além de psicológico, de ordem moral, e também existencial, já que um projeto de

68 GOES, Alberta Emília Dolores. Criança não é brinquedo! A devolução de crianças e


adolescentes em processos adotivos. [SYN]THESIS Rio de Janeiro, vol.7, nº 1, 2014, p. 7.
Cadernos do Centro de Ciências Sociais da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Disponível
em: <https://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/synthesis/article/view/17350>. Acesso em: 15 de
abril de 2019.
69 CAVALIERI FILHO, Sérgio. Programa de responsabilidade civil. 8ª ed. rev. e ampl. São Paulo:

Atlas, 2009, p. 81.


70 LUNA, Thaís de Fátima Gomes de Menezes. Análise dos efeitos jurídicos e psicológicos da

devolução de crianças adotadas ou em processo de adoção numa perspectiva luso-brasileira.


Dissertação de mestrado apresentada à Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra. 2014, p.
96. Disponível em:
<https://estudogeral.sib.uc.pt/bitstream/10316/35048/1/Analise%20dos%20Efeitos%20Juridicos%20e
%20Psicologicos%20da%20Devolucao%20de%20Criancas%20Adotadas%20ou%20em%20Process
o%20de%20Adocao.pdf>. Acesso em: 15 de abril de 2019.
71 Ibidem p. 72.
24

vida da criança é totalmente corrompido, negando o seu direito a uma família e


desprezando sua condição de ser humano em desenvolvimento.
Já a possibilidade de danos matérias as crianças e adolescentes devolvidos
por seus adotantes nos leva ao antigo Código de Hamurabi, que previa que: “Se o
casal, após adotar, tivesse filhos e desejasse romper o contrato de adoção, o
adotado teria direito a uma parte do patrimônio deles a título de indenização”.72
Para Roberto da Silva o dano material é significativo, pois as crianças
perdem todo o conforto que tinham quando são devolvidas de volta ao abrigo:

O dano material também é significativo, uma vez que as crianças, quando estão
abrigadas, perdem o conforto material e a chance de um aprendizado de
qualidade que lhe garanta um futuro profissional adequado; diz isto porque se
verifica uma defasagem entre a idade cronológica das crianças abrigadas e a
idade escolar esperada. Isso se dá devido às transferências entre unidades de
abrigos sem se preocupar com a necessidade escolar dos transferidos. 73

Esse dano se configura na perda de uma chance, que é indenizável e


consiste em prejuízo causado para uma vítima que possuía legitima expectativa de
obter um benefício. A responsabilidade civil pela perda de uma chance, em outras
palavras é o ressarcimento não pela vantagem perdida, mas pela perda da
oportunidade de conquistar uma vantagem.74
Quando uma família resolve adotar uma criança e depois devolve, tira ou
minimiza consideravelmente as chances de ser adotada por uma família que
realmente iria legalizar o estado de filiação e proporcionar uma família a esta
criança, que proporcione conforto material e aprendizado de qualidade, o que traria
a passibilidade maior de ter um futuro digno e sucesso profissional.75
Esta perda de chance ocorre na maioria dos casos de devolução, uma vez
que fica registrada a devolução no histórico da criança, estas acabam passando da
idade de preferência que os adotantes brasileiros têm. Portanto, pode-se configurar
dano patrimonial por perda de uma chance de outra adoção que proporcionaria a
criança ou ao adolescente melhores condições de vida.

72 CASTRO, Flávia Lages. História do Direito: Geral e Brasil. 10ª ed. Rio de Janeiro: Lúmen Juris,
2014, p. 263.
73 SILVA, Roberto da Silva. Filhos do Governo, a formação da identidade criminosa em crianças

órfãs e abandonadas. São Paulo: Ática, 1997, p. 103.


74 BIONDI, Eduardo Abreu. Teoria da perda de uma chance na responsabilidade civil. [S.l.: s.n.],

2008. Disponível em: <https://www.direitonet.com.br/artigos/exibir/3988/Teoria-da-perda-de-uma-


chance-na-responsabilidade-civil> Acesso em: 15 de abril de 2019.
75 ROCHA, Maria Isabel de Matos et al. Crianças “devolvidas”: quais são seus direitos? In: Revista

de direito privado, São Paulo. n. 2. p. 75 a 113. Abril-julho de 2000.


25

4.2.2 Quantificação da indenização por danos morais

Existe grande dificuldade em estabelecer a quantificação do valor


indenizatório referente aos danos morais causados a criança e ao adolescente pela
devolução. Cabe aos magistrados, levando em consideração cada caso concreto
determinar o valor indenizatório, analisando a extensão do dano causado.76
Se faz muita crítica a ausência de uniformidade e falta de parâmetros
seguros para se estimar o valor do dano. A criação de uma tabela com valores
predeterminados de danos morais inicialmente parece ser a melhor solução para o
problema, auxiliando os magistrados na fixação dos valores de danos morais. Por
outro lado, esse tabelamento pode gerar um estabelecimento de valores muito
pequenos, além de não reparar os danos efetivamente, podendo servir de estímulo
para o cometimento das atividades que causam prejuízos a outrem.77
Os magistrados vêm-se mostrando adepto ao cálculo da quantificação da
indenização levando em consideração a capacidade econômica dos adotantes,
como se observa em decisões de casos de devolução de crianças no estágio de
convivência, onde se levou em consideração que os magistrados eram lavradores,
de acordo com laudo social, a renda mensal da família era de R$ 1.800,00. Desta
forma nesse caso foi arbitrado como danos morais, o pagamento de três salários
mínimos em favor da criança.78
Em outro exemplo, o magistrado usou o princípio da razoabilidade e
proporcionalidade e análise de capacidade econômica dos adotantes que
devolveram a criança. Foi uma ação civil pública do Tribunal de Justiça de Minas
Gerais, em que o valor indenizatório foi minorado após recurso dos adotantes
ficando em R$ 5.000,00, uma vez que são pessoas simples, sem muitos recursos e
que recebem em média R$ 3.000,00 mensais.79

76 REIS, Clayton. Dano Moral. 5ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2010, p. 101.
77 BERNARDO, Wesley de Oliveira Louzada. Dano Moral: critérios de fixação de valor. Rio de
Janeiro: Renovar. 2005, p. 132.
78 TJ-MG - AC: 10481120002896002 MG, Relator: Hilda Teixeira da Costa, Data de Julgamento:

12/08/2014, Câmaras Cíveis / 2ª CÂMARA CÍVEL. Disponível em: <https://tj-


mg.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/135608610/apelacao-civel-ac-10481120002896002-mg> Acesso
em: 16 de abril de 2019.
79 MINAS GERAIS, Tribunal de Justiça. Apelação Cível nº 1.0702.09.568648-2/002, 8ª Câmara

Cível, Rel. Teresa Cristina da Cunha Peixoto. Disponível em:


<https://bd.tjmg.jus.br/jspui/handle/tjmg/1563>. Acesso em: 16 de abril de 2017.
26

Em outro caso o valor arbitrado aos danos morais foi de R$ 80.000,00, em


decisão o juiz ressalta que os adotantes possuem bom padrão financeiro, renda fixa,
residência em local de classe média alta e condições de vida bem acima da média
nacional.80 Esses critérios são levados em conta para que se possa estabelecer um
valor monetário que sirva de parâmetro para quantificar a indenização, sendo assim
o magistrado fixou o valor de R$ 80.000,00, com o fim de garantir que a criança
tenha um futuro menos fragilizado.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A adoção no Brasil durante os anos passou por diversas modificações, a


última e mais recente em 2017 com o advento da Lei n° 13.509, que deu maior
celeridade ao processo e garante a proteção integral da criança e do adolescente.
Contudo deve se ter mais atenção por parte dos juristas no que diz respeito a
devolução dos menores por parte dos adotantes.
Os casos de devolução de crianças e adolescente vem aumentando
consideravelmente durante os últimos anos e os motivos que levam os adotantes a
devolverem os menores são os mais variados possíveis. Como visto no segundo
capítulo do trabalho a adoção é uma medida irrevogável após o transito em julgado
da sentença, sendo possível apenas no estágio de convivência onde o casal detém
a guarda provisória do menor. A devolução causa diversos danos psicológicos a
criança e ao adolescente, como problemas de identidade, problemas emocionais,
relações sociais, além de dificultar uma adoção posterior por ter em seu cadastro
constada a devolução.
A responsabilidade civil no terceiro capítulo, tem o objetivo principal de tentar
amenizar os problemas causados aos menores, obrigando os adotantes ao
pagamento de danos morais, materiais e obrigação de alimentar os menores, a fim
de proporcionar aos menores melhores condições de vida e serve para desestimular
a adoção imotivada, pois haverá consequências patrimoniais para os adotantes.
Assim pode-se concluir que é preciso que seja implementada uma nova
cultura de adoção para substituir a atual. A noção que se tem da adoção precisa ser

80 SANTA CATARINA. Tribunal de Justiça. Apelação Cível nº 2011.020805-7, 1ª Câmara Cível, Rel.
Des. Joel Dias Figueira Júnior. Disponível em:
<https://tjsc.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/20441959/apelacao-civel-ac-208057-sc-2011020805-
7/inteiro-teor-20441960?ref=juris-tabs>. Acesso em: 16 de abril de 2019.
27

mudada para a concepção de que as crianças e adolescentes não são meros


objetos, mas sim sujeitos de direito que devem ser integralmente protegidos.
Ainda que o Estatuto da Criança e do Adolescente vise uma transformação
social com a garantia do princípio da proteção integral e dignidade humana,
conscientizando a sociedade para que haja uma eficaz e efetiva proteção, deve-se
buscar uma forma de evitar que as crianças e adolescentes sejam devolvidas ao
longo do processo de adoção.
Para que haja prevenção nos casos de devolução é necessário que tenha
uma preparação da família adotante, com suporte a grupos de apoio à adoção,
técnicos do judiciário e dos abrigos. Afinal não é possível acabar com preconceito e
falta de informação com leis, é preciso que exista um processo mais amplo e
abrangente que vise a conscientização daqueles que buscam a adoção.

REFERÊNCIAS

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crianças adotadas revelam deficiências no sistema e na lei. Disponível em:
<http://ibdfam.org.br/noticias/5660/Casos+de+devolu%C3%A7%C3%A3o+de+crian
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BERNARDO, Wesley de Oliveira Louzada. Dano Moral: critérios de fixação de valor.


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BIONDI, Eduardo Abreu. Teoria da perda de uma chance na responsabilidade


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de Janeiro: Lúmen Juris, 2010.
28

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BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil.


Brasília, DF, Senado, 1998.

BRASIL. Lei nº 13.509 de 23 de novembro de 2017. Dispõe sobre adoção e altera


a Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente), a
Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), aprovada pelo Decreto-Lei no 5.452, de
1o de maio de 1943, e a Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil).
Disponível em: <
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato20152018/2017/Lei/L13509.htm#art1>Acess
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BRASIL. Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990. Dispõe sobre o Estatuto da Criança
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AGRADECIMENTOS

Quero agradecer primeiramente a Deus por ter me permitido chegar até


aqui, por ter me dado força, saúde e ter me capacitado.
Agradeço aos meus pais por ter me dado todo apoio durante o curso, para
que eu conseguisse realizar esse sonho mesmo diante de tantas dificuldades
enfrentadas.
Agradeço a Professora Ma Ivana Nobre Bertolazzo e a minha orientadora
Professora Ma Danielle Regina Bartelli Vicentini, por quem tenho profunda admiração
acadêmica. Muito obrigado, sem vocês não seria possível a elaboração deste
trabalho.
E por fim agradeço às minhas amigas de sala, Bianca e Brenda que
estiveram sempre ao meu lado, tiveram paciência (as vezes não muita) e me
ajudaram a me tornar uma pessoa melhor. E a todos os outros amigos que
aguentaram minhas crises de choro e estavam comigo quando precisei.

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