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CENTRO DE TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA
INTRODUÇÃO
TROCADORES DE CALOR
permitida está relacionada com a velocidade de escoamento dos fluidos uma vez que,
aumentando a velocidade aumenta-se também os coeficientes de transferência de calor
por convecção aumentando o coeficiente global. Porém, aumentando-se a velocidade há
também o aumento da queda de pressão implicando em maiores gastos com
bombeamento. Dessa forma, impõem-se uma perda de pressão máxima e dimensiona-se
o trocador de calor procurando utilizar toda a perda de pressão permitida desde que se
consiga alguma redução da área de troca ou melhoria do equipamento. Alguns autores
citam como perda de pressão admissível para líquidos valores entre 10 e 25 psi (70 a 170
kPa) e para gases e vapores menor que 2 psi (14 kPa).
No projeto pode-se dimensionar um equipamento para executar determinada
operação ou pode-se avaliar um trocador de calor para determinar se o serviço pode ou
não ser executado e não na melhor forma de utilizar o equipamento.
Na obtenção dos dados para executar o projeto existem incertezas inerentes à
previsão das propriedades físicas, às correlações para o cálculo dos coeficientes de
transferência de calor, variação das condições operacionais, restrições das dimensões e o
desconhecimento das características da incrustação dos fluidos.
Os trocadores de calor industrial normalmente são classificados de acordo com: a
construção, o processo de transferência de calor envolvido, a compacticidade, o tipo de
arranjo das correntes de fluido, o arranjo dos passes, as fases dos fluidos do processo e os
mecanismos de transferência de calor.
De acordo com a construção os trocadores de calor podem ser do tipo tubular, de
placas, de superfície estendida e regeneradores. Os tubulares são bastante utilizados na
indústria e podem ser do tipo duplo tubo, casco e tubo e serpentina. Os de superfície
estendida são os trocadores com os tubos aletados ou placas aletadas.
O tube pitch (PT) é normalmente escolhido de modo que PT/dext fique entre 1,25 e
1,5 sendo PT a distância entre o centro de dois tubos consecutivos.
Os arranjos triangulares resultam em trocadores de calor mais compactos, porém
apresentam maior dificuldade para executar a limpeza mecânica da superfície externa dos
tubos.
Casco
O casco é a parte externa do trocador de calor (que recobre o feixe de tubos). Para
os cascos que possuem diâmetros de até 24” são utilizados tubos comerciais e, acima
desse valor, são construídos a partir de duas chapas metálicas soldadas.
Chicanas
As chicanas servem para suportar os tubos dando mais rigidez ao equipamento e
para prevenir a vibração dos tubos que pode gerar uma frouxidão. Além disso, devido a
sua configuração, as chicanas geram um aumento da turbulência do fluido que escoa no
casco, através do banco de tubos, ocasionando um aumento no coeficiente de
transferência de calor.
Fator de incrustação
A incrustação é a deposição de material indesejável em uma superfície. Essa
deposição ao longo do tempo resulta em redução da eficiência dessa superfície. No caso
dos trocadores de calor a incrustação pode ocorrer no interior e no exterior dos tubos
fazendo com que haja redução da taxa de calor trocado entre as superfícies. Essa redução
da taxa é resultado da alteração do coeficiente global de transferência de calor.
O fator de incrustação (Rd) é uma resistência adicional ao processo de
transferência de calor e depende da natureza do fluido que está sendo utilizado. Esse valor
é estimado com base em dados obtidos pela redução da transferência de calor decorrente
da deposição do material ao longo do tempo. Além disso, são disponibilizados na
literatura estimativas aproximadas para boa parte dos materiais processados (Anexo II).
O fator de incrustação pode ser avaliado na superfície interna do tubo ou na
superfície externa.
Alocação das correntes
Os fluidos devem ser alocados de acordo com alguns fatores que afetam
diretamente o funcionamento do equipamento e a manutenção do mesmo. Com isso
podem ser observados os seguintes aspectos: incrustação no qual o fluido mais incrustante
deve ser colocado no lado do tubo (pela maior facilidade de limpeza), corrosão devendo
o fluido mais corrosivo ser alocado no lado do tubo (por ter o diâmetro menor e o fluido
6
só ter contato com o interior do tubo torna-se mais adequado), pressão no qual o fluido
com maior pressão deve ser colocado no lado do tubo (é mais fácil e mais barato colocar
apenas os tubos resistentes a maiores pressões), viscosidade no qual o fluido mais viscoso
deve ser colocado no lado do casco (pela presença das chicanas é mais fácil aumentar a
turbulência do fluido no lado casco e consequentemente aumentar o coeficiente
convectivo), coeficiente de transferência de calor colocando o fluido com menor h no
lado do casco (pelo mesmo motivo anteriormente citado) e vazão devendo o fluido com
menor vazão ser colocado no lado do casco (pelo mesmo motivo anterior).
(CT 1-1)
3 1
(CT 1-2)
1 3
Fonte: Araújo, E. C. C., 2002.
(CT 2-4)
(a) (b)
Tq,1 Tq,1
Tq,2
Tq,2
Tf,2
Tf,1 Tf,2 Tf,1
(c) (d)
(e) (f)
(g) (h)
Integrando a Equação 5 entre a entrada (1) e a saída (2) do trocador de calor resulta
em:
𝑇 −𝑇 1 1
𝑙𝑛 𝑇𝑞,2−𝑇𝑓,2 = −𝑈𝐴 (𝑚̇ + 𝑚̇ ) (6)
𝑞,1 𝑓,1 𝑞 𝑐𝑝,𝑞 𝑓 𝑐𝑝,𝑓
Sabe-se que:
𝑄 = 𝑚̇𝑓 𝑐𝑝,𝑓 (𝑇𝑓,2 − 𝑇𝑓,1 ) (7)
e
𝑄 = 𝑚̇𝑞 𝑐𝑝,𝑞 (𝑇𝑞,1 − 𝑇𝑞,2 ) (8)
Substituindo o produto da vazão mássica com o calor específico obtidos nas
Equações 7 e 8 na Equação 6 chegamos que:
𝑄 = 𝑈𝐴(𝑀𝐿𝐷𝑇) (9)
Com MLDT igual a:
∆𝑇1 −∆𝑇2
𝑀𝐿𝐷𝑇 = ∆𝑇 (10)
𝑙𝑛(∆𝑇1 )
2
MÉTODO NUT
O método NUT (ou método da efetividade) foi desenvolvido para solucionar o
problema do não conhecimento de uma ou duas das temperaturas nas extremidades do
trocador. Sabe-se que para calcular a MLDT é necessário conhecer as quatro temperaturas
nas extremidades, porém esses valores nem sempre são possíveis de serem obtidos na
prática.
Com isso, avalia-se a efetividade do trocador de calor em termos do máximo calor
possível de ser trocado pelos fluidos em estudo. A máxima taxa de transferência de calor
seria alcançada pelo fluido que tivesse o menor valor de capacidade calorífica sendo assim
12
sofreria a maior variação de temperatura no trocador de calor. Para a taxa ser máxima
também é necessário que a diferença de temperatura seja a maior possível. Com isso,
pode-se escrever que:
𝑄𝑚𝑎𝑥 = 𝐶𝑚𝑖𝑛 (𝑇𝑞,1 − 𝑇𝑓,1 ) (15)
Sendo Cmin (𝐶 = 𝑚̇𝑐𝑝 ) a menor capacidade calorífica entre os fluidos do trocador de
calor. Assim, deve-se calcular a capacidade calorífica para os dois fluidos de operação e
utilizar o menor valor entre eles.
Com isso, a efetividade do trocador de calor pode ser escrita como:
𝑄
𝜀=𝑄 (16)
𝑚𝑎𝑥
Como esse adimensional é proporcional a área temos que quanto maior o número de
unidades de transferência maior será o trocador de calor.
Um outro adimensional bastante utilizado nessa análise é a razão de capacidades dada
por:
𝐶
𝐶𝑟 = 𝐶 𝑚𝑖𝑛 (18)
𝑚𝑎𝑥
PROJETO
Os métodos mais conhecidos para o cálculo dos coeficientes de transferência e da
perda de carga são: o método de Donahue (1949 e 1955), o método Kern (padrão
industrial desenvolvido em 1950), o método de Tinker (1951) e o método de Bell-
Delaware (1963).
O método Kern é o mais conhecido, porém com precisão inferior ao método de
Tinker e de Bell-Delaware pois considera o escoamento do lado do casco bem mais
simples do que realmente é. O método de Tinker utiliza uma análise mais complexa do
escoamento do lado do casco e o método de Bell-Delaware finaliza a análise do
escoamento do lado do casco sendo o método mais preciso.
O projeto e avaliação dos trocadores de calor segue uma metodologia apresentada
na Figura 8.
Figura 8. Fluxograma de cálculo para o projeto de trocadores de calor.
Não
Sim
Fonte: Autor.
Fluido quente
Fluido frio
1) Balanço de energia
𝑄𝑞 = 𝑚̇𝑞 𝑐𝑝𝑞 ∆𝑇𝑞
𝑄𝑓 = 𝑚̇𝑓 𝑐𝑝𝑓 ∆𝑇𝑓
𝑄𝑞 = 𝑄𝑓
2) Diferença de temperatura
∆𝑇1 − ∆𝑇2
𝑀𝐿𝐷𝑇 =
∆𝑇
ln (∆𝑇1 )
2
Para que o projeto seja viável o fator de correção deve ser maior ou igual a 0,8. A
partir disso, pode-se fazer a definição do número de passes no casco.
𝑄 = 𝑈𝐷 × 𝐴 × 𝐹 × (𝑀𝐿𝐷𝑇)
𝐴
𝑁𝑡𝑢𝑏𝑜𝑠 =
𝜋𝑑𝑒𝑥𝑡 𝐿
𝑄𝑡𝑢𝑏𝑜𝑠
𝐴𝑝𝑎𝑠𝑠𝑒 =
𝑣𝑡
Com isso, o número de tubos por passe é o número inteiro imediatamente superior
ao resultado da razão entre a área de escoamento necessária em cada passe e a área de
escoamento de cada tubo.
𝐴𝑝𝑎𝑠𝑠𝑒
𝑁𝑡𝑢𝑏𝑜𝑠/𝑝𝑎𝑠𝑠𝑒 =
𝜋𝑑𝑖𝑛𝑡 2
4
𝑁𝑡𝑢𝑏𝑜𝑠
𝑁𝑝𝑎𝑠𝑠𝑒𝑠 =
𝑁𝑡𝑢𝑏𝑜𝑠/𝑝𝑎𝑠𝑠𝑒
- Tubos
O escoamento é analisado no conjunto de tubos que formam cada passe. Com isso,
inicialmente faz-se a correção da velocidade de escoamento para o número inteiro de
tubos por passe calculado no item 4 e obtém-se o número de Reynolds.
𝜌𝑡 𝑣𝑡 𝑑𝑖𝑛𝑡
𝑅𝑒𝑡 =
𝜇𝑡
- Casco
𝐴𝑐𝑎𝑠𝑐𝑜 = 𝐷𝐶 × 𝐵
0,75
𝑙𝑚 = 74 𝑑𝑒𝑥𝑡
𝑃T
Vmax = 𝑣
PT − 𝑑𝑒𝑥𝑡 𝑐
𝑄𝑐 𝑚̇𝑐
𝑣𝑐 = =
𝐴𝑐𝑎𝑠𝑐𝑜 𝜌𝑐 𝐴𝑐𝑎𝑠𝑐𝑜
𝜌𝑐 𝑉𝑚𝑎𝑥 𝐷𝐻
𝑅𝑒𝑐 =
𝜇𝑐
Para os trocadores de calor é importante lembrar que deve ser feita a especificação
do coeficiente global com base na área externa dos tubos internos. Desse modo, todas as
influências somadas resultam em um coeficiente global:
18
r
1 1 ln ( rext ) 1 𝑅𝑑𝑖 𝑅𝑑𝑜
int
= + + + +
𝑈𝑜 𝐴𝑜 ℎ𝑖 𝐴𝑖 2πLk ℎ𝑜 𝐴𝑜 𝐴𝑖 𝐴𝑜
Em que, Uo nesse caso é o coeficiente global de projeto (ou “sujo” sendo também
conhecido como UD) já que considera a influência da resistência ao depósito
(incrustação). Pode-se também optar pelo cálculo do coeficiente global “limpo” (UC) que
não considera a resistência à incrustação.
r
1 1 ln ( rext ) 1
int
= + +
𝑈𝑜 𝐴𝑜 ℎ𝑖 𝐴𝑖 2πLk ℎ𝑜 𝐴𝑜
7) Avaliação térmica
Pode ser feita através da avaliação do fator de incrustação uma vez que esse
fator tende a diminuir ao longo do tempo devido ao acúmulo desse depósito. A redução
do coeficiente global resulta em uma redução da taxa de transferência de calor já que
diminui a eficiência térmica. O fator de incrustação pode ser calculado por:
𝑈𝐶 − 𝑈𝐷
𝑅𝑑,𝑐𝑎𝑙𝑐 = | |
𝑈𝐶 𝑈𝐷
Em que UC é o coeficiente global limpo calculado no passo 6 e UD é o coeficiente global
de projeto que foi estimado no início do projeto.
Se o Rd, calc for maior que o fator de incrustação real (Rd, real) então o trocador de
calor está operando com sua eficiência máxima uma vez que a resistência calculada indica
o quanto o trocador de calor suporta de incrustação operando na máxima taxa de calor
trocado. Essa avaliação é bastante comum nas indústrias.
Uma outra forma é avaliar a área de troca de térmica. Se o erro entre a área
calculada utilizando o coeficiente global de projeto obtido no passo 6 (área necessária) e
a área calculada utilizando o coeficiente global estimado no passo 4 (área projeto) for
menor ou igual a 20% o projeto está coerente do ponto de vista térmico.
𝐴𝑝𝑟𝑜𝑗𝑒𝑡𝑜 − 𝐴𝑛𝑒𝑐𝑒𝑠𝑠á𝑟𝑖𝑎
× 100 ≤ 20%
𝐴𝑛𝑒𝑐𝑒𝑠𝑠á𝑟𝑖𝑎
19
8) Avaliação hidráulica
- Casco
𝐷
𝐿 ( 𝐵𝑐 ) (𝑣𝑐 )2
∆𝑃𝐶 = 𝑓 𝜌𝑐
𝐷𝐻 2𝜙𝑐
𝜇 0,14
𝜙𝑐 = ( )
𝜇𝑠
- Tubos
𝐿𝑁𝑝𝑎𝑠𝑠𝑒𝑠 𝑣𝑡 2
∆𝑃𝑡 = 4𝑓 𝜌𝑡
𝑑𝑖𝑛𝑡 2
𝜌𝑡 𝑣𝑡 2
∆𝑃𝑟 = 4𝑁𝑝𝑎𝑠𝑠𝑒𝑠
2
A perda de carga é multiplicada por 4 em razão das múltiplas passagens que se
assume como sendo 4 cargas cinéticas.
Com isso, a perda de carga total nos tubos é a soma das duas contribuições.
Se a perda de carga calculada for menor que a perda de carga admissível o projeto
hidráulico está coerente. A perda de carga admissível para líquido pode ser considerada
como sendo, aproximadamente, 70 kPa.
DUPLO TUBO
DH = Dint − dext
D2int − d2ext
DH =
dext
𝐿 𝑣𝑜 2
∆𝑃 = 4𝑓 𝜌𝑜
𝑑𝑖𝑛𝑡 2
Como os trocadores de calor de duplo tubo são formados por “grampos” pode-se
calcular o número de grampos necessários dividindo-se a área total pela área de um
grampo.
REFERÊNCIAS:
ARAÚJO, E. C. C. Trocadores de Calor (Série Apontamentos). São Carlos,
EdUFSCAR, 2002.
KERN, D. Q. Process Heat Transfer. 2. ed. Japão: Tosho Printing Co., LTD, 1965.
1 = ;F =
F − Cr −
O NUT será n vezes o valor calculado.
Anexo VII. Tabela com os layouts para trocadores casco e tubos (continua).
Anexo VII. Tabela com os layouts para trocadores casco e tubos (conclusão).