Você está na página 1de 1

A REVOLTA DA VACINA

Abraham Shapiro

Poucos brasileiros conhecem a Revolta da Vacina. Foi uma rebelião popular de quatro dias no Rio de
Janeiro em novembro de 1904, quando Oswaldo Cruz, diretor da Saúde Pública do governo
Rodrigues Alves, quis vacinar a população da cidade contra a febre amarela.

As pessoas imaginavam que seriam infectadas com a doença e entraram em pânico. Rui Barbosa,
inclusive, posicionou-se contra a medida, alegando constrangimento das mulheres em expor o braço
nu para os enfermeiros. Assim, os cariocas, inflamados, levantaram barricadas, destruíram a
iluminação pública e incendiaram bondes.

Qual foi a causa deste evento histórico? Foram crenças que formam a opinião pública, o chamado
“senso comum”, fato presente no dia a dia de cada indivíduo, por todas as gerações da Humanidade.

Cá estamos diante da iminente vacina contra o Covid 19, politizada e despertando ânimos das
populações de modo nada diferente do que aconteceu há 102 anos.

O senso comum tem o poder de dar sentido à vida e de manter o status vigente. Mas ele também
pode ser negativo e polarizado, gerando radicalismo pelo ausência de informações verdadeiras.

Portanto, a coisa certa que os governantes deviam fazer não consiste em dizer qual é a verdade e
deixar que as pessoas acreditem ou não. Seria preferível mostrar a todos que, se tomarem
determinada atitude, obterão certo resultado; e se não tomarem, o resultado será outro. Em
seguida, apresentar as causas e os efeitos de tudo o que estão dizendo e fazendo. Um líder deve
falar claro, sob total orientação e apoio de técnicos competentes e deixando de lado a maldição do
interesse político em função única e exclusiva de preservar a vida de seu povo.

Isto seria a atitude de líderes verdadeiros. Mas onde estão estes líderes?

Você também pode gostar