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GOVERNO DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE

UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE –


UERN CAMPUS DE NATAL - CAN

Curso de Bacharelado em Direito


Disciplina: Sociologia Jurídica Carga horária: 60h. 2021.2
Profa. Dra. Rouseane da Silva Paula Queiroz
E-mail rouseanepaula@uern.br .

ANA CAROLINA SILVA DE AZEVEDO

Leitura diretiva
1. O artigo Estudos sociojurídicos: apontamentos sobre teorias e temáticas de
pesquisa em sociologia jurídica no Brasil apresenta um panorama da
produção desta área. A partir da leitura deste, solicito que aponte as
principais contribuições, para o campo do Direito, dos seguintes teóricos:

 Giddens  Boaventura de Sousa Santos  Pierre Bourdieu

A partir do texto em análise, tem-se que as contribuições do autor Anthony


Giddens, volta-se para a inserção de novos debates, antes não tão bem
posicionados no campo do Direito. A exemplo, cita-se as modificações no direito civil
atual, ou mesmo direito ambiental. Considera-se que este autor, a partir de suas
abordagens, fornece um mosaico conceitual que sustenta uma melhor assimilação
dos mais diversos riscos sustentáveis, criminais,e familiares que circunda a
sociedade contemporânea.
Em se tratando de Boaventura de Sousa Santos, segundo o artigo ora posto,
sua obra se desvincula das matrizes da pós-modernidade francesa e pauta-se em
estudos sobre pluralismo jurídico, a sociologia dos tribunais, especialmente. A nível
de Brasil, os autores recorrem a Santos (1998) que expõe as contribuições de
Boaventura em relação às lacunas na atuação estatal e jurídica, bem como suas
recentes pesquisas que envolvem o recorte espacial: tribunais e os sistemas de
justiça nos países ocidentais, sobretudo, em experiências democráticas nos
chamados “países de baixo”, (latinoamericanos e africanos).
Há, portanto, uma centralidade na proteção a direitos humanos sob influência
multiculturalista e crítica, em relação à resolução de conflitos no que tange a regras
comunitárias e informais.
Por fim, a respeito das contribuições de Pierre Bourdieu, autor do campo da
sociologia construtivista-estruturalista, analisa o direito como um espaço
atravessado por regras próprias e um demarcado conflito entre grupos dominantes e
dominados nos quais há uma lógica predominante de reprodução. Por essa razão,
centra seus estudos nas relações de dominação, status de classe e manutenção de
poder, questionando os pilares do direito moderno como o formalismo, por exemplo,
que na sua concepção, se estabelece enquanto um instrumento de dominação.

2. Os autores apontam ainda no artigo alguns grupos de pesquisa do país


com produção referendada, peço que busquem alguma dessas produções
(dissertação ou tese) em repositórios. Extraiam e leiam o resumo do trabalho,
para ser apresentado em aula, no retorno do semestre.

NOME DO GRUPO ÁREA INFORM. DA PESQUISA

Centro de Estudos de VIOLÊNCIA E Dissertação: “O TEMPO POR TRÁS


Criminalidade e Segurança CRIMINALIDADE
Pública/CRISP/UFMG DAS GRADES Uma análise das
estratégias dos adolescentes frente à
indeterminação temporal da medida
socioeducativa de internação”
Universidade Federal de Minas Gerais/
Programa de Pós Graduação em
Sociologia. Débora Cecília Ribeiro
Costa -
RESUMO 1 E ANÁLISE:
RESUMO:

Nos casos de aplicação da medida socioeducativa de internação o Estatuto da Criança


e do Adolescente aponta somente o tempo máximo de duração - a saber: três anos -, e
não apresenta indicações temporais para os diferentes atos infracionais. Esta
dissertação visa compreender como a incerteza temporal quanto à extensão da privação
de liberdade é vivenciada e representada pelos adolescentes, de maneira a investigar
de que modo tais percepções interferem na definição situacional edificada durante o
período de acautelamento. Para responder ao problema deste estudo, primeiramente,
fez-se um panorama geral de Minas Gerais, a partir de uma análise quantitativa dos
tempos de internação deste estado. Verificou-se uma correlação estatística entre
tempos maiores de acautelamento e o crime de homicídio, assim como para
adolescentes mais novos. Na sequência, as entrevistas semi estruturadas realizadas
aos adolescentes em regime de internação em Belo Horizonte foram interpretadas,
revelando como a indeterminação temporal estimula os adolescentes a se esforçarem
para a aceleração do seu desligamento, mediante a construção de estratégias voltadas
para o término da internação. Os adolescentes sinalizaram o cumprimento da medida a
partir de um processo de racionalização, em uma tentativa de controlar o tempo
intramuros.

ANÁLISE:
A partir do resumo extraído, vê-se que a discussão interconecta uma pauta
social e jurídica: as incertezas temporais em relação às medidas socioeducativas em
Belo Horizonte. Pois, ainda que o Estatuto da Criança e do Adolescentes delibere o
tempo de 3 anos de cumprimento dessas medidas, o trabalho mostra que há falta de
variações para atos infracionais de menores graus, por exemplo. E isso, expressa,
um largo problema sócio-jurídico.
Segundo exposto, a indeterminação temporal estimula os adolescentes a se
esforçarem para a aceleração do seu desligamento, mediante a construção de
estratégias que visem o fim de sua internação. Em diálogo com o artigo requisitado
para a atividade, tem-se que a frágil base sociológica é um problema latente, que
atravessa o campo jurídico, sobretudo, no direcionamento a que se dá
determinadas sentenças, penalidades e atuação de magistrados.
Por isso, trabalhos como o de Pierre Bourdieu, os quais se debruçam a
entender o direito como um universo de regras próprias e de conflito entre grupos
dominantes e dominados. Pois, são análises que denunciam uma lógica dominante
em manter o status quo vigente e questionam, exatamente, o fato de que o
formalismo, no âmbito social, é utilizado como um instrumento de dominação.
Formalismo este, que encontramos suas repercussões nessa recorte de
estudo, que aponta um problema de indeterminação temporal por lacunas no marco
legal que delibera sobre a aplicação de medidas socioeducativas para adolescentes
(ECA).

NOME DO GRUPO ÁREA INFORM. DA PESQUISA

Grupo de Estudos em Acesso à justiça Autor: Eduardo Rossler


Violência e Administração
de Conflitos/ UFSCAR

RESUMO 2:

Este trabalho situa-se dentro do campo da sociologia das prisões. Mais


especificamente, no processo de apreensão e atualização dos estudos sobre os
efeitos do sistema prisional em determinados grupos da sociedade, a prisionização.
O objeto de interesse é a chamada “vila”, um grupo de casas destinadas aos
gestores do complexo penitenciário Campinas-Hortolândia, no interior do Estado de
São Paulo, localizado a menos de 60 metros dos muros da prisão. Este trabalho tem
a intenção de observar e analisar micro-relações entre os moradores e
ex-moradores desta localidade, todos gestores prisionais e seus familiares, e de que
maneira a prisão e a prisionização contribuem para a organização do seu cotidiano.
Em consonância com as mudanças nas políticas públicas do sistema penitenciário
paulista, como a expansão das unidades prisionais, seu controle pelas facções
criminosas e da guerra contra as drogas, este trabalho buscou apreender como
essas questões foram administradas por esse grupo na busca por estratégias de
manutenção da normalidade das relações sociais estabelecidas neste local. Através
de entrevistas e da reconstrução da memória coletiva do grupo, foi possível perceber
que a influência da prisão gera não apenas uma mudança no discurso sobre a
insegurança no plano consciente, mas também um processo profundo de
subjetivação da lógica prisional, reorganizando as estratégias para garantia da
coesão e solidariedade do grupo. Através de um processo simbiótico (entre prisão e
vila) e conflitante, as relações observadas se mostraram como um esforço constante
das famílias em reforçar e ressignificar os elementos da instituição familiar e de
comunidade, por meio de adaptações que reagem ao cotidiano prisional. Essas
adaptações são incorporadas ao cotidiano e normalizadas, transformando-se de
objetos de disrupção da ordem em elementos que fazem parte da constituição da
própria comunidade. Nem dentro, nem fora, mas através da prisão, a vila torna uma
comunidade sui generis, uma exacerbação da influência da prisão nos grupos que
afeta. Na vila dos gestores, as distinções entre público e privado enfraquecem- se
enfraquecem, na medida em que a solidariedade entre os membros se fortalece. Isto
causa, como procurei demonstrar, uma comunidade com um alto grau de
interdependência, o que acaba resultando em um comportamento ímpar, descolado
da sociedade ampla. Também foi possível observar os dilemas e a grande
dificuldade de readaptação dessas famílias ao convívio com a sociedade,
principalmente no momento em que se desligam dos cargos e encerraram as
conexões com a comunidade da vila.

ANÁLISE:

O trabalho, a partir de seu resumo, expõe uma complexidade social e que


respinga no âmbito jurídico, diante de um conflito, que transpassa literalmente os
muros do sistema prisional: a insegurança que assola os gestores de instituições
prisionais. A estratégia aqui analisada, volta-se ao contexto da "Vila" - local onde se
estabelece o espaço habitacional desses gestores e seus dependentes.
A realidade social é demasiada complexa e expõe o lugar importante, que
estudos de autores como o Boaventura devem ter no âmbito do Direito, ao indicar
para pesquisas de recortes sócio-espaciais, envolvendo, inclusive, o sistema
prisional. Diversos são os partícipes e integrantes nessa engrenagem, além das
pessoas em privação de liberdade, suas famílias, as facções, há também os
gestores, funcionários e parentes. Indivíduos que possuem suas subjetividades
afetadas por um sistema atravessado de limites, complexidades e conflitos políticos,
sociais, dentre outros.
Portanto, vê-se que trabalhos (dissertações, teses) aos quais se voltem a
investigar problemátiCas da realidade social, e questionem falhas, e repensem
estratégias estruturais de buscar maior segurança frente a profundo campo de
inseguranças que a sociedade atual enfrenta, são muito relevantes. Especialmente
por relacionar as dimensões sociais, jurídicas, culturais e subjetivas

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