ABORDAGEM DE
DEPENDÊNCIAS QUÍMICAS
FREDERICO DUARTE GARCIA (ORG.)
FREDERICO DUARTE GARCIA
FREDERICO DUARTE GARCIA
MANUAL DE ABORDAGEM DE
DEPENDÊNCIAS QUÍMICAS
LHKp.
ISBN 9788567783000
CDU 610
Sobre os autores
p.7
Prefácio
p.15
Sobre os autores:
Alessandra F. Almeida Assumpção: Mestranda no Programa de Pós-Graduação em
Medicina Molecular da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Graduada em Psico-
logia pela UFMG (2012) e graduada em Serviço Social pela Universidade Federal do Espírito
Santo (2005). É preceptora em Neuropsicologia Clínica no Ambulatório de Dependências
Químicas e comportamentais do Hospital das Clínicas/UFMG e integrante do Centro Regional
de Referência em Drogas da UFMG.
Ana Cecília Alves Cardoso: Graduanda em Medicina pela Universidade Federal de Minas Ge-
rais. Possui experiência nas áreas de neurociências e psiquiatria, atuando principalmente nos
seguintes temas: cognição, esquizofrenia, neuropsicologia e dependência química.
Ana Paula Ribeiro: Psicóloga pela Universidade Federal de Minas Gerais (2012). Espe-
cialista em Neuropsicologia pela Faculdade de Medicina de Minas Gerais (2013). Integrante
do Centro Regional de Referência em drogas (CRR - UFMG).
7
Daniel Gonçalves Dias Diniz: Graduando do curso Medicina pela Universidade Federal
de Minas Gerais. Aluno de Iniciação Científica do Ambulatório de Hepatites Virais do Instituto
Alfa - HC - UFMG. Monitor do curso a distância de Eletrocardiografia - CETES - UFMG.
Felix Henrique Paim Kessler: Possui graduação em Medicina pela Universidade Federal
do Rio Grande do Sul (2005). Especialista em Psiquiatria da Infância e Adolescência pela
UFRGS (2011), atuando principalmente nos seguintes temas: genes candidatos, transtorno
de déficit de atenção e hiperatividade, dependência química e crianças e adolescentes. Mé-
dico Contratado do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, atua no Serviço de Psiquiatria da
Infância e Adolescência, atendendo crianças e adolescentes com problemas relacionados
ao uso de substâncias psicoativas na Unidade Álvaro Alvim.
8
terologia do Hospital das Clínicas da UFMG, do Grupo de Pesquisa em Transplante Hepático
do Instituto Alfa de Gastroenterologia do Hospital das Clínicas da UFMG e do Grupo de Pes-
quisas do Ambulatório de Dependência Química da Faculdade de Medicina - UFMG.
Lafaiete Moreira: Psicólogo pela Universidade Federal de Minas Geriais (2010). Mestre
pelo Programa de Pós Graduação em Medicina Molecular da Faculdade de Medicina da UFMG
(2013). Colaborador do Laboratório de Investigações Neuropsicológicas do Instituto Nacional
de Ciências e Tecnologia em Medicina Molecular da UFMG. Neuropsicólogo do Instituto
Jenny de Andrade Faria de Atenção à Saúde do Idoso. Desenvolve trabalhos nas áreas de
Neuropsicologia do envelhecimento, Sintomas Comportamentais e Psicológicos das Demên-
cias e Neuropsicologia das Dependências Químicas.
Lívia Pires Guimarães: Psicóloga pela FUMEC, Especialista em Criminologia pela PUC-
MINAS / ACADEPOL, Especialista em Gestão Pública em Organizações de Saúde pela UFJF,
Especialista em Dependência Química pela UNIFESP, Mestre em Educação, Cultura e Orga-
nizações Sociais pela UEMG / FUNEDI.
Luiz Filipe Araújo: Professor Assistente de Filosofia do Direito, Teoria Geral do Direito
e Prática Jurídica da Universidade Federal de Viçosa. Coordenador do Curso de Direito na
mesma Universidade. Doutorando em Filosofia do Direito na Faculdade de Direito da Univer-
sidade Federal de Minas Gerais (2013). Mestre em Filosofia do Direito pela Universidade
Federal de Minas Gerais (2012). Graduado em Direito pela Universidade Federal de Viçosa
(2008).
9
dação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (2004), Residência Médica em Psicoterapia
pela Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (2006), Mestrado em Ciências Bioló-
gicas: Farmacologia Bioquimica e Molecular pela UFMG (2006), Doutorado em Ciências da
Saúde: Medicina Molecular (2008). É professora Adjunta de Psiquiatria da Faculdade de
Medicina da UFMG. Atualmente é membro da diretoria da Associaçao Mineira de Psiquiatria
na Comissão de Educação Continuada. Tem experiência nas áreas de Psiquiatria, Intercon-
sulta Psiquiátrica, Genética Molecular e Neuroimagem, atuando principalmente nos seguintes
temas: cognição social, neuroimagem e comportamento suicida.
Maíra Ferreira Nogueira da Gama: E9SZ<P?V/ 1PO@SZ/ W?;A/Y/ >XP/ Ba\`e 1?P/-?;/Y?;/
Y? 1DDdBa\`e
Maíra Glória de Freitas Cardoso: Possui graduação em Psicologia pela Universidade
Federal de Minas Gerais (2012). Atualmente é psicóloga (unidade AVE) do HOSPITAL DAS
CLÍINICAS e pesquisadora voluntária - Laboratório de Investigações em Neurociência
Clínica da UFMG. Tem experiência na área de Psicologia, com ênfase em Neuropsicologia
Marta Paula Pereira Coelho: Nutricionista pelo Centro Universitário Newton Paiva.
Atualmente realizandoatendimento nutricional em consultório particular e atendimento nu-
tricional voluntário no Ambulatório de Dependência Química da Faculdade de Medicina –
UFMG e Ambulatório de Hepatites Virais– UFMG.
Moisés de Andrade Júnior: Possui graduação em Psicologia pela UFMG (2005), mes-
trado em Psicologia pela UFMG (2008) e é doutorando em Psicologia pela mesma universi-
dade. Possui especialização em Dependência Química pela UNIFESP (2013)
10
Neliana Buzi Figlie: Psicóloga pela Universidade São Marcos, Especialista em Depen-
dência Química, Mestre em Saúde Mental e Doutora em Ciências pela UNIFESP. Professora
e Pesquisadora Sênior na UNIAD/INPAD, Orientadora no Curso de Pós-Graduação em Psi-
quiatria na UNIFESP.
Orestes Diniz: Psicólogo Clínico, Doutor em Psicologia Clinica (PUC-Rio), Mestre em Psi-
cologia Social (UFMG), Especialista em Terapia de Família Professor Adjunto IV (UFMG).
11
Tamyres Tania Martins Marques, `;/Y7/@Y/ Y? Z7;9? \XYSZS@/ >XP/ B@S6X;9SY/YX
aXYX;/P YX \S@/9 `X;/S9e
12
PREFÁCIO
Frederico Garcia
15
Esper? que este livro possa servir como referQncia para todos os
profissionais envolvidos na abordagem do usuário de drogas e seus
familiares.
Boa leitura!
16
1
PARTE 1
Conceitualização, epidemiologia
e legislação
Capítulo 1
As drogas psicoativas
Tabela 1
Tipos de drogas segundo a classificação de efeito no
sistema nervoso central. Descrição do efeito de cada grupo
_@S-SY?;/9 28S6/Y?;/9 Alucinógenas
(Psicolépticas) (Psico/@/lépticas) (PsicodisPép8icas)
Álcool Cocaína/Crack LSD
Opióides Chá-de-Trombeta
Cactos
Causam diminuição global da São as drogas que causam As drogas perturbadoras
atividade do SNC. Há uma um aumento da atividade causam fenômenos
tendência à redução da cerebral, sobretudo em psíquicos anormais como
atividade motora, da certos grupos de neurônios. os delírios e as alucinações.
reatividade à dor e da As drogas estimulantes
induzem um estado de
ansiedade. É comum um
alerta exagerado, causando
efeito euforizante no início diminuição do sono e do
do uso e posteriormente apetite, sensação de energia
de sonolência e menor fadiga; Uma
aceleração do pensamento
e da fala; taquicardia,
aceleração do pulso e
aumento da pressão arterial
20
Conceito de drogas e seus padrões de uso
21
Manual de abordagem de dependências químicas
22
Conceito de drogas e seus padrões de uso
Tabela 2
Critérios propostos para a caracterização de um comportamento
de dependência ou comportamento aditivoe 2daptado de Goodman, 1990
23
Manual de abordagem de dependências químicas
Figura 1
Classificação categorial dos transtornos relacionados ao uso de
substâncias. No modelo categorial existia a ideia de que o uso e a
intoxicação por drogas não trariam consequências negativas ao usuário.
Contudo, têm-se cada vez mais evidências de que qualquer uso de drogas
está associado a consequências biológicas, psicológicas e sociais.
Uso
Intoxicação aguda
Uso nocivo
Síndrome de dependência
Consequências somáticas/psíquicas/sociais/econômicas
24
Conceito de drogas e seus padrões de uso
Tabela 3
Critério9 diagnóstico9 do CID-10 para uso nocivo (abuso) de substância
25
Manual de abordagem de dependências químicas
Tabela 4
Critérios do CID-10 para dependência de substâncias
27
Manual de abordagem de dependências químicas
Figura 2
A ação das drogas na liberação de dopamina no circuito
de recompensas, via mesocorticolímbica
28
Conceito de drogas e seus padrões de uso
29
Manual de abordagem de dependências químicas
30
Conceito de drogas e seus padrões de uso
Conclusão
Referências
ALVES, H., KESSLER, F., RATTO, L.R.C., Comorbidade: uso de álcool e ou-
tros transtornos psiquiátricos. Rev. Bras. Psiquiatr., v.26, supl I , p.51-53, 2004.
AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION (APA), Diagnostic and Statistical
Manual of Mental Disorders, Fourth Edition. Washington, DC: APA, 1994.
AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION, DSM-5 Development, 2012, [acesso
em 10 de jul. 2013], disponível em: http://www.dsm5.org/Pages/Default.aspx
BRASIL, 2006, Lei número 11.343, de 23 de agosto de 2006 que institui o Sis-
tema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas - Sisnad; prescreve medidas
para prevenção do uso indevido, atenção e reinserção social de usuários e de-
pendentes de drogas; estabelece normas para repressão à produção não autori-
zada e ao tráfico ilícito de drogas; define crimes e dá outras providências.
CARLINI, E. A. [et al.], II Levantamento domiciliar sobre o uso de drogas psi-
cotrópicas no Brasil : estudo envolvendo as 108 maiores cidades do país : 2005
31
Manual de abordagem de dependências químicas
32
Capítulo 2
Introdução
Levantamentos
Prevalência e incidência
34
Epidemiologia do uso de drogas no Brasil e no mundo
Álcool e tabaco
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Drogas ilícitas
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35
Manual de abordagem de dependências químicas
Gráfico 1
Evolução do número de usuários e dependentes de drogas
ilícitas no mundo 1990-2001 a 2010. Adaptado de UNODC,
2012
36
Epidemiologia do uso de drogas no Brasil e no mundo
37
Manual de abordagem de dependências químicas
Gráfico 2
Tendências mundiais na prevalência do uso de diferentes drogas
de 2009 a McNNe Adaptado de UNODC, 2012
38
Epidemiologia do uso de drogas no Brasil e no mundo
39
Manual de abordagem de dependências químicas
Álcool e tabaco
40
Epidemiologia do uso de drogas no Brasil e no mundo
41
Manual de abordagem de dependências químicas
Fatores de risco
42
Epidemiologia do uso de drogas no Brasil e no mundo
Conclusões
43
Manual de abordagem de dependências químicas
Referências
44
Epidemiologia do uso de drogas no Brasil e no mundo
45
Capítulo 3
Introdução
graves para a saúde pública mundial. Há uma tendência UNODC: United Nations Office
mundial que aponta para o uso cada vez mais precoce de oncritório
Drugs and Crimes (Es-
das Nações Unidas
substâncias psicoativas, sendo que tal uso ocorre de sobre Drogas e Crimes). É uma
agencia especializada da
forma cada vez mais pesada. O último relatório do Nações Unidas que presta con-
sultoria dirigida e coordenada
UNODC - Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crimes para responder a questões
aponta uma tendência de aumento do consumo de dro- relacionadas ao tráfíco ilegal,
abuso de drogas, crimes e pre-
gas sintéticas e de prescrição (UNODC, 2013). venção de crimes.
outras drogas tem sido cada vez mais precoce entre estudantes do
ensino fundamental e médio. Entre essa população, a idade média
para o início do consumo de álcool e tabaco é por volta dos 12 anos
de idade e o início do uso de outras drogas, tais como a maconha,
a cocaína e o crack, ocorre por volta dos 13 e 14 anos de idade
(CARLINI et al., 2010).
O uso de drogas gera vários efeitos danosos
para a saúde. Esses danos vão depender de quanto da
substância é utilizada, de que forma e com que padrão
de uso levando a efeitos tóxicos e a dependência. Entre
as consequências diretas e indiretas do consumo de dro-
gas destacam-se os acidentes de trânsito, as agressões, de-
pressões clínicas, distúrbios de conduta, ao lado de
HIV: Vírus da Imunodeficiência
comportamento de risco no âmbito sexual e a transmis-
adquirida. A infecção pelo
vírus pode causar a AIDS, ou
são do vírus HIV e da hepatite B e C pelo uso de drogas
síndrome de imunodeficiência injetáveis. Por outro lado, os efeitos danosos da depen-
adquirida.
dência no contexto social, gera desarmonia familiar, vio-
lência doméstica, abuso infantil, separação, delitos,
abandono escolar, faltas ao trabalho, desemprego e inca-
pacidade para vida.
Para conter esses prejuízos, os governantes necessitam
tomar decisões com base em consensos na forma de lei, regras e
regulações. O conjunto dessas medidas define políticas públicas
(LARANJEIRA; ROMANO, 2004). Apesar dos impactos sociais
relacionados ao consumo e dependência de álcool, tabaco e outras
drogas (ATOD), as estratégias de prevenção, tratamento e políticas
públicas, ainda são muito deficientes, sendo que muitas vezes os re-
cursos são alocados de forma inadequada. Além disso, percebe-se
ainda que há uma grande lacuna entre o que é comprovadamente
eficaz, segundo as pesquisas, e o que de fato se faz, tanto na prática
clínica quanto em relação às políticas de prevenção e controle social
(DIELH et al., 2012).
48
Bases para uma política pública sobre álcool, tabaco e outras drogas baseada em evidências
49
Manual de abordagem de dependências químicas
Figura 1
Modelo Geral de causas do uso de álcool, tabaco e outras drogas.
Adaptado de Birckmayer et. al. 2004.
50
Bases para uma política pública sobre álcool, tabaco e outras drogas baseada em evidências
Tabela 1
Fatores de risco ou de proteção conhecidos para o
desenvolvimento de uso de drogas
51
Manual de abordagem de dependências químicas
Programa de prevenção:Pro-
gramas que visam evitar a ex-
de proteção. Um programa de prevenção planejado deve co-
posição de uma pessoa ou um meçar definindo o ambiente de onde vão partir as ações
grupo de pessoas a um fator
de risco e aumentar o impacto e a partir de então quais os domínios deverão ser traba-
dos fatores de proteção com o
objetivo de se evitar um agravo
lhados. A prevenção visa diminuir os fatores de risco e
de saúde ou doença. aumentar os fatores de proteção para cada um dos do-
mínios de vida definidos como foco do programa de pre-
venção. Em cada um desses ambientes existem diferentes
domínios, cujas ações preventivas podem ser direciona-
das (Tabela 2).
Tabela 2
Diferentes domínios de direcionamento de ações preventivas
Intervenções preventivas
52
Bases para uma política pública sobre álcool, tabaco e outras drogas baseada em evidências
Relacionamento familiar
53
Manual de abordagem de dependências químicas
O ambiente escolar
O ambiente comunitário
54
Bases para uma política pública sobre álcool, tabaco e outras drogas baseada em evidências
Figura 2
Políticas públicas para redução da mobimortalidade do uso abusivo
de álcool e outras drogas. Adaptado de Babor, 2003
Alocatórias Regulatórias
Campanhas educativas. Leis que regulam os preços e
Tratamento para o dependente. taxação de bebidas alcoólicas e
compra de tabaco.
Restrição do horário de funciona-
mento de locais de venda e idade
mínima para compra.
Proibição de propagandas.
Outras medidas
Repressão
Fiscalização
Prisão
Descriminalização
Despenalização ou legalização
55
Manual de abordagem de dependências químicas
Tabela 3
Políticas públicas para redução da morbimortalidade
do uso abusivo de álcool. Adaptado de Babor, 2003.
56
Bases para uma política pública sobre álcool, tabaco e outras drogas baseada em evidências
Considerações finais
Figuras 3
Componentes do tratamento integral do abuso de drogas
57
Manual de abordagem de dependências químicas
Referências
58
Capítulo 4
Introdução
60
Políticas públicas e a assistência integral do paciente com dependência química
61
Manual de abordagem de dependências químicas
62
Políticas públicas e a assistência integral do paciente com dependência química
Política de assistência
63
Manual de abordagem de dependências químicas
64
Políticas públicas e a assistência integral do paciente com dependência química
Conclusão
65
Manual de abordagem de dependências químicas
Referências
66
Capítulo 5
Aspectos do
Estatuto da Criança e do Adolescente
e o uso de drogas
Renato César Cardoso
Luiz Filipe Araújo
Introdução
68
Aspectos do Estatuto da Criança e do Adolescente e o uso de drogas
69
Manual de abordagem de dependências químicas
70
Aspectos do Estatuto da Criança e do Adolescente e o uso de drogas
71
Manual de abordagem de dependências químicas
Tabela 1
Comparação do Código de Menores com o ECA
adaptado de BRANCHER (2000, p. 126)
ASPECTO CÓDIGO DE MENORES ECA
Doutrinário Situação irregular Proteção integral
Caráter Filantrópico Política pública
Fundamento Assistencialista Direito subjetivo
Centralidade local Judiciário Município
Executivo União/estados Município
Decisório Centralizador Participativo
Institucional Estatal Co-gestão
Organizacional Piramidal Rede
Gestão Monocrática Democrática
72
Aspectos do Estatuto da Criança e do Adolescente e o uso de drogas
73
Manual de abordagem de dependências químicas
74
Aspectos do Estatuto da Criança e do Adolescente e o uso de drogas
Referências
75
Capítulo 6
Introdução
78
O papel conselho tutelar na abordagem da criança e adolescente usuários de drogas
Gráfico 1
Promoção, Controle e Defesa dos interesses da Criança e do Adolescente
79
Manual de abordagem de dependências químicas
O conselho tutelar
81
Manual de abordagem de dependências químicas
82
O papel conselho tutelar na abordagem da criança e adolescente usuários de drogas
83
Manual de abordagem de dependências químicas
84
O papel conselho tutelar na abordagem da criança e adolescente usuários de drogas
85
Manual de abordagem de dependências químicas
Notas
1
Para marcar esse paradoxismo na legislação brasileira veja-se o cunho “civiliza-
dor” do Estatuto do Índio - Lei nº 6.001 de 19 de dezembro de 1973 – e intuito
garantidor do Estatuto da Igualdade Racial – Lei nº 12.288, de 20 de julho de 2010.
2
TEPEDINO, Gustavo (Coord). Problemas de Direito Civil. Rio de Janeiro: Reno-
var, 2001. Pág. 1 e segs.
3
GADELHA, Graça apud Alexandre Rocha Araújo. Responsabilização no contexto
do Sistema de Garantia de Direitos de Belo Horizonte: a posição do Conselho Tutelar.
Dissertação de Mestrado. 114p. Belo Horizonte: Fundação João Pinheiro, 2009.
Pág. 50.
4
Lei nº 6697, de 10 de outubro de 1979. Bem como o antigo Código Mello Mat-
tos (Decreto Nº 17.943-A de 12 de outubro de 1927).
5
Para um breve percurso histórico da legislação nos primórdios da Republica cf.
FERREIRA, Laura Valéria Pinto. Menores Desamparados da Proclamação da República
ao Estado Novo. Disponível em: http://www.ufjf.br/virtu/files/2010/05/artigo-
86
O papel conselho tutelar na abordagem da criança e adolescente usuários de drogas
87
Manual de abordagem de dependências químicas
Referências
88
2
89
PARTE 2
Aspectos clínicos dos transtornos
do uso de drogas
Capítulo 7
“Das Utopias
Se as coisas são inatingíveis... ora!
Não é motivo para não querê-las...
Que tristes os caminhos, se não fora
A presença distante das estrelas!”
Mario Quintana
Introdução
92
Efeitos somáticos e alterações clínicas do álcool,tabaco e da maconha.
93
Manual de abordagem de dependências químicas
Tabela 1
Resumo das principais consequências clínicas
associadas ao uso do álcool
95
Manual de abordagem de dependências químicas
Tabela 2
Níveis plasmáticos de álcool (mg%), manifestações clínicas e condutas
97
Manual de abordagem de dependências químicas
Tabela 3
Critérios para o diagnóstico da Síndrome de Abstinência do Álcool (SAA)
99
Manual de abordagem de dependências químicas
Tabela 4
Elementos essenciais para o diagnóstico da Síndrome de
Dependência do Álcool (SDA)
100
Efeitos somáticos e alterações clínicas do álcool,tabaco e da maconha.
101
Manual de abordagem de dependências químicas
102
Efeitos somáticos e alterações clínicas do álcool,tabaco e da maconha.
103
Manual de abordagem de dependências químicas
Manifestações clínicas
104
Efeitos somáticos e alterações clínicas do álcool,tabaco e da maconha.
Referências
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Leggio L. Understanding and treating patients with alcoholic cirrhosis: an update.
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47, 2003.
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ception of drug abusers and addicts and investigators’perception of etiological
factors of psychoactive drug addiction. Collegium Antropologicum, v.33, p.225-31,
2009.
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LEY.; S. Current experimental perspectives on the clinical progression of alco-
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BUKSTEIN, O.G.; BRENT, D.A.; KAMINET, Y. Comorbidity of substance
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v. 146, p. 1131-41, 1989.
CARLINI, E.A.; GALDURÓZ, J.C.F.; NOTO, A.R.; FONSECA, A.M.; CAR-
LINI, C.M.; OLIVEIRA, L.G. II levantamento domiciliar sobre o uso de drogas
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v.57, n.3, p.196-202, 2008.
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GUINDALINI, C.; VALLADA, H.; BREEN, G.; LARANJEIRA, R. Concurrent
crack and powder cocaine users from São Paulo: Do they represent a different
105
Manual de abordagem de dependências químicas
106
Efeitos somáticos e alterações clínicas do álcool,tabaco e da maconha.
107
Capítulo 8
Introdução
O crack e a cocaína
Crack: substância derivada da
Crack (também chamado de craque) é uma cocaína que pode ser fumada.
droga, geralmente, fumada feita a partir da mistura clori- Seus efeitos diferenciam-se do
da cocaína por serem de início
drato de cocaína com bicarbonato de sódio e amonia. É mais rápido e de duração mais
curta.
uma forma impura de cocaína e não um subproduto. O
Manual de abordagem de dependências químicas
110
Alterações clínicas características do uso de crack
Tabela 1
Efeitos e manifestações clínicas relacionadas ao uso do crack/cocaína
Cardíacas
Angina do peito, Arritmias cardíacas, Cardiomiopatia dilatada, Edema agudo de pulmão,
Hipertensão arterial, Hipertrofia de ventrículo esquerdo, Infarto agudo do miocárdio,
Má-formações cardíacas (CIA, CIV e pulmonar), Miocardite, Rotura de aorta
Gastrointestinais
Colite isquêmica, Isquemia intestinal, Perfuração gastroduodenal
Obstétricas
Baixo peso para a idade gestacional, Descolamento prematuro de placenta,
Microcefalia, Prematuridade
Neurológicas
Atrofia cerebral, Convulsões, Dor de cabeça, Hemorragia cerebral,
Infarto cerebral, Vasculite Cerebral
Pulmonares
Bronquilote obliterante, Crack lung, Edema pulmonar, Exacerbação de asma,
Pnemomediastino, Pnemopericárdio, Pneumotórax
Otorrinolaringológicas
Alterações do olfato, Ceratite, Erosão do esmalte do dente, Perfuração de septo nasal,
Rinite crônica, Sinusite osteolítica, Ulceração gengival
Psiquiátricas
Ansiedade, Delírio, Depressão, Paranoia, Psicose, Suicídio
Endócrinas
Hiperprolactinemia
Renais
Insuficiência renal aguda (rabdomiólise)
Outras
Defeito do epitélio da córnea, Hipertermia, Morte súbita, Neuropatia óptica, Priaprismo
111
Manual de abordagem de dependências químicas
Figura 1
Lesões cutâneas por queimadura nas pontas dos dedos de
características de usuários de crack
112
Alterações clínicas características do uso de crack
Figura 2
Aumento do trabalho cardíaco, sob efeito da cocaína, com redução do
aporte de glicose e oxigênio para o coração, aumentando assim o risco
de isquemia, arritmias e infarto agudo do miocárdio (RIBEIRO et al., 2010).
113
Manual de abordagem de dependências químicas
114
Alterações clínicas características do uso de crack
115
Manual de abordagem de dependências químicas
116
Alterações clínicas características do uso de crack
Conclusões:
117
Manual de abordagem de dependências químicas
118
Alterações clínicas características do uso de crack
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Manual de abordagem de dependências químicas
120
Capítulo 9
Adolescência:
desenvolvimento normal e associado
ao uso de drogas
Maila de Castro L. Neves
Marina de Souza Maciel
Introdução
Neurodesenvolvimento
122
Adolescência: desenvolvimento normal e associado ao uso de drogas
123
Manual de abordagem de dependências químicas
124
Adolescência: desenvolvimento normal e associado ao uso de drogas
125
Manual de abordagem de dependências químicas
Uso de drogas
126
Adolescência: desenvolvimento normal e associado ao uso de drogas
127
Manual de abordagem de dependências químicas
128
Adolescência: desenvolvimento normal e associado ao uso de drogas
Conclusões
Referências
130
Adolescência: desenvolvimento normal e associado ao uso de drogas
131
3
133
PARTE 3
Abordagem farmacológica dos
transtornos do uso de drogas
Capítulo 10
Introdução
O sistema gabaérgico
GABA: Ácido gama-
Existem vários subtipos de receptores GABA. O aminobutírico. O GABA é um
álcool potencializa o efeito dos receptores GABA A, que neurotransmissor inibidor do
sistema nervoso.
controla a entrada de cloro para o interior da célula.
Quando o etanol interage com esse receptor, ocorre uma
potencialização de abertura de canais de cloro. O influxo
desse íon torna a célula menos excitável e de difícil des-
polarização. Os dois longos tratos GABAérgicos identi-
ficados são os neurônios que se projetam a partir do
corpo estriado para a substância negra e as células de
Purkinge que se projetam para o cerebelo. Existem ainda
Manual de abordagem de dependências químicas
O sistema glutamatérgico
O sistema opióide
136
Terapias farmacológicas para os transtornos do uso de álcool
Canais de cálcio
Terapia farmacológica
137
Manual de abordagem de dependências químicas
Desintoxicação alcoólica
Tratamento de desintoxi-
cação: também chamado de O tratamento de desintoxicação é o primeiro está-
tratamento de abstinência.
Esta forma de tratamento é
gio do tratamento e pode ser indicado para pacientes de-
feita com a interrupção aguda pendentes ou não de álcool. Consiste num período entre
do consumo de uma droga e o
tratamento sintomático dos uma a duas semanas em que o indivíduo irá se abster de
sintomas de abstinência a
droga. Quando bem feito e álcool em ambiente protegido pela família ou por equipe
acompanhado por uma equipe
multidisciplinar esta forma de
multiprofissional. Esse período costuma ser relativa-
tratamento diminui o sofri- mente mais difícil para indivíduos com maior gravidade
mento do paciente em inter-
romper o uso da droga e de se da síndrome de dependência devido ao aparecimento da
engajar em um projeto terapêu-
tico para o período pós-desin- síndrome de abstinência. Inicialmente, pacientes intoxicados
toxicação. por álcool devem ser avaliados clinicamente e laborato-
Abster: interromper o uso por
completo.
rialmente para exclusão de alterações hidroeletrolíticas,
Síndrome de Abstinência:
hemodinâmicas e infecções que, geralmente são gerado-
Conjunto de sintomas cuja ras de delirium justificando-se assim o estado confusional
gravidade é variável que ocor-
rem quando da interrupção ab- em que os pacientes normalmente se apresentam devido
soluta ou relativa do uso de
uma substância psicoativa às complicações clínicas.
consumida de modo prolon-
gado. O início e a evolução da
O tratamento dos quadros de intoxicação alcoó-
síndrome de abstinência são lica consiste basicamente em cuidados clínicos para os
limitadas no tempo e depen-
dem da categoria e da dose da casos com e sem complicações clínicas, com administra-
substância consumida imedi-
atamente antes da parada ou
ção de dieta, reposição hídroeletrolítica e de tiamina. A
da redução do consumo. A sín- dose de tiamina na primeira semana, caso o paciente
drome de abstinência pode se
complicar pela ocorrência de apresente náuseas e vômitos, deverá ser parenteral na
convulsões.
dose de 300 mg/dia e a partir da segunda semana esta
Delirium: perturbação da con-
sciência com redução da ca- dose poderá ser oral até o final da segunda semana. Deve-
pacidade de direcionar,
focalizar, manter ou deslocar a
se evitar administrar glicose hipertônica, isoladamente
atenção. Alteração na cog- sem que se administre tiamina pelo menos 30 minutos
nição, como déficit de
memória, desorientação, per- antes (Laranjeira et al., 2000; Marques & Ribeiro, 2002).
turbação da linguagem. O
Delirium se desenvolve em um Tiamina: vitamina B1. Esta
curto período de tempo (horas vitamina auxilia no bom fun-
ou dias) te tem uma tendência cionamento do sistema ner-
a flutuar durante o dia sendo voso central, dos músculos e
que os sintomas são mais in- do coração e auxilia no meta-
tensos no final do dia. Tem bolismo da glicose. Sua defi-
como causa uma alteração do ciência pode ocasionar lesão
funcionamento transitória do cerebral e em pacientes depen-
cérebro. Deve ser diferenciado dentes de álcool a Síndrome de
de “delírio” o sintoma psicótico Wernicke-Korsakoff (ver capí-
(ver definição no capítulo 8)
138
tulo 8)
Terapias farmacológicas para os transtornos do uso de álcool
139
Manual de abordagem de dependências químicas
Tabela 1
Sintomas que compõe a síndrome de abstinência leve a moderada
Tabela 2
Síndrome de abstinência grave
141
Manual de abordagem de dependências químicas
Figura 1
Dinâmica de encaminhamento para tratamento
da intoxicação alcoólica na rede
Sensibilizantes ao álcool
Dissulfiram
Esta medicação atua inibindo a enzima hepática acetoal-
deído-desidrogenase (ALDH), que catalisa a oxidação do acetal-
deído em acetato, subprodutos do metabolismo do álcool. O
aumento dos níveis sanguíneos de acetaldeído provoca uma reação
aversiva caracterizada clinicamente por rubor facial, cefaleia pulsátil,
náuseas, vômitos, dor torácica, palpitações, taquicardia, fraqueza,
turvação visual, hipotensão arterial, tontura e sonolência. Nas rea-
142
Terapias farmacológicas para os transtornos do uso de álcool
Indicações
Os pacientes que mais se beneficiam com o uso de dis-
sulfiram são aqueles motivados, sem doenças físicas graves, estáveis
do ponto de vista social e que necessitam de um auxílio externo
para ajudar na sua decisão de interromper o uso de álcool. Para o
uso dessa medicação o paciente deve assinar um termo de consen-
timento livre e esclarecido (TCLE) explicando os objetivos, indica-
ções, contraindicações, precauções e reações adversas caso o álcool
seja ingerido concomitantemente. A supervisão do tratamento por
um familiar ou profissional de saúde favorecem a adesão ao trata-
mento (CASTRO & BALTIERI, 2004; DIEHL et al., 2011).
Contraindicações
As principais contraindicações ao dissulfiram são: doença
vascular cerebral, doença cardiovascular, doença pulmonar grave,
insuficiência renal, cirrose com hipertensão porta, aterosclerose
oculta, transtornos psicóticos, transtornos depressivos, neuropatia
periférica, distúrbios convulsivos idiopáticos, síndromes mentais
orgânicas e gravidez (CASTRO & BALTIERI, 2004; DIEHL et al.,
2010).
143
Manual de abordagem de dependências químicas
Orientações clínicas
A dose habitual é de 250 mg ao dia em dose única diária,
após um intervalo de pelo menos 24 horas sem beber. Alguns
pacientes podem beneficiar-se com doses de 500 mg ao dia.
(CASTRO & BALTIERI, 2004; DIEHL et al., 2011).
Interações medicamentosas
O dissulfiram interfere com a biotransformação dos se-
guintes medicamentos: warfarina, fenitoína, isoniazida, rifampicina,
diazepam, clordiazepóxido, imipramina e desipramina, cujos níveis
plasmáticos devem ser monitorados junto com o tempo de pro-
144
Terapias farmacológicas para os transtornos do uso de álcool
Agentes anti-fissura
Naltrexona
Indicações
A naltrexona atua como um antagonista competitivo nos
receptores opióides. A administração de antagonistas opióides pode
reduzir o consumo de álcool através do bloqueio pós-sináptico dos
receptores opióides µ, δ e κ nas vias mesolímbicas. Os antagonistas
opióides devem ser usados como parte de um programa de trata-
mento que inclua aconselhamento ou psicoterapia. Portanto, são
pouco eficazes quando usados isoladamente. O oferecimento de
intervenções psicossociais (por ex., aconselhamento, treinamento
de habilidades sociais, prevenção de recaída e entrevista motivacio-
nal) associado às intervenções farmacológicas aumentam a eficácia
e a adesão ao tratamento (CASTRO & BALTIERI, 2004; DIEHL
et al., 2011).
Contraindicações
As principais contraindicações a naltrexona são: hepatite
aguda, insuficiência hepática, dependência de opióides ou abstinên-
cia de opióides, necessidade de usar opióides. O uso na gravidez é
considerado contraindicação relativa, que deve ser levado em con-
sideração os riscos e benefícios do tratamento (CASTRO & BAL-
TIERI, 2004; DIEHL et al., 2011).
145
Manual de abordagem de dependências químicas
Precauções
O aumento leve dos níveis séricos das transaminases não
contraindicam o seu emprego. Entretanto, a monitorização mensal
dos valores da bilirrubina e das transaminases séricas nos três pri-
meiros meses, e depois a cada três meses é de suma importância.
Monitorizações mais frequentes devem ser indicadas, quando as
transaminases estiverem elevadas. O naltrexona deve ser suspenso,
quando as elevações das enzimas hepáticas persistirem, salvo se os
aumentos forem brandos e atribuídos ao consumo atual de álcool.
(CASTRO & BALTIERI, 2004; DIEHL et al., 2011)
Orientações clínicas
A posologia recomendada é 50 mg diários. Para diminuir
a gravidade dos efeitos adversos pode-se iniciar com 25 mg diários
nos dois primeiros dias, aumentando a dose para 50 mg diários
se for tolerada. Nas doses acima de 50 mg diários pode induzir
hepatotoxicidade dose-dependente, o que contraindica o seu uso
em pacientes com hepatite aguda e insuficiência hepática. Os prin-
cipais efeitos adversos são: náuseas, cefaleia, vertigem, ansiedade
e irritabilidade, fadiga, insônia, vômitos e sonolência (CASTRO
& BALTIERI, 2004; DIEHL et al., 2011). Para aumentar a ade-
rência ao tratamento, solicita-se ao paciente ingerir a medicação
pela manhã (por ex., junto com o desjejum), principalmente
quando o paciente bebe ao anoitecer.
Para os pacientes com história prévia de abuso de heroína
é necessário de pelo menos um período mínimo de sete dias de abs-
tinência, com vista a prevenir a síndrome de abstinência. Nos pa-
cientes tratados com metadona recomenda-se um período de
abstinência maior (dez a quatorze dias). Nos pacientes dependentes
de opióides, a naltrexona pode ser administrado por pelo menos
seis meses (CASTRO & BALTIERI, 2004; DIEHL et al., 2011)
146
Terapias farmacológicas para os transtornos do uso de álcool
Interações medicamentosas
As interações medicamentosas de maior relevância clínica
são as seguintes medicações: uso concomitante com dissulfiram,
devido ao potencial dos efeitos hepatotóxicos de ambos os medi-
camentos; tioridazina, com piora da letargia e sonolência, pacientes
que necessitam de medicamentos para controle da dor (deve-se
priorizar outros analgésicos não-opiáceos). Os pacientes que serão
submetidos a cirurgias eletivas e analgésicos, contendo opióides no
pós-operatório devem ser alertados para suspenderem a natrexona
pelo menos 72 h antes da cirurgia. (Diehl et al., 2011)
Acamprosato
Indicações
Acamprosato (acetil-homotaurinato de cálcio) é a outra
medicação aprovada para o tratamento da dependência de álcool.
Estudos recentes sugerem que sua eficácia decorra de antagonismo
na neurotransmissão do receptor N-Metil-D-Aspartato (NMDA).
O acamprosato diminui o fluxo de cálcio e a eficácia pós-sináptica
desses neurotransmissores excitatórios (NMDA), diminuindo, por-
tanto a excitabilidade neuronal. É uma droga segura que não inte-
rage com o álcool ou o diazepam, e parece não ter nenhum
potencial de causar dependência. (Castro & Baltieri, 2004; Diehl et
al., 2011)
Contra indicações
Insuficiência hepática e gravidez (CASTRO & BAL-
TIERI, 2004)
Orientações clínicas
A dose usual é de 1998 mg (dois comprimidos de 333 mg
três vezes ao dia) para um peso corporal acima de 60 kg. Não deve
ser prescrito para indivíduos com insuficiência hepática ou renal.
Ensaios clínicos utilizaram o medicamento por seis a doze meses.
147
Manual de abordagem de dependências químicas
Considerações finais
148
Terapias farmacológicas para os transtornos do uso de álcool
Referências
149
Capítulo 11
152
Terapias farmacológicas para os transtornos do uso de cocaína e crack
153
Manual de abordagem de dependências químicas
154
Terapias farmacológicas para os transtornos do uso de cocaína e crack
155
Manual de abordagem de dependências químicas
Antidepressivos
157
Manual de abordagem de dependências químicas
Agonistas dopaminérgicos
158
Terapias farmacológicas para os transtornos do uso de cocaína e crack
Dissulfiram
159
Manual de abordagem de dependências químicas
160
Terapias farmacológicas para os transtornos do uso de cocaína e crack
Anticonvulsivantes
161
Manual de abordagem de dependências químicas
162
Terapias farmacológicas para os transtornos do uso de cocaína e crack
Antipsicóticos
163
Manual de abordagem de dependências químicas
164
Terapias farmacológicas para os transtornos do uso de cocaína e crack
166
Terapias farmacológicas para os transtornos do uso de cocaína e crack
Psicoestimulantes
Psicoestimulantes: medica-
Psicoestimulantes podem ser definidos, em ter- mentos que causam um au-
mento de dopamina e
mos gerais, como medicamentos que produzem excitação produzem excitação psíquica.
psíquica e comportamental; agindo, direta ou indireta- Podem ser usados como
medicamentos de substituição
mente, no aumento da dopamina e noradrenalina na de drogas ilícitas estimulantes.
167
Manual de abordagem de dependências químicas
168
Terapias farmacológicas para os transtornos do uso de cocaína e crack
Anfetaminas
169
Manual de abordagem de dependências químicas
Modafinil e Armodafinil
170
Terapias farmacológicas para os transtornos do uso de cocaína e crack
171
Manual de abordagem de dependências químicas
Perspectivas futuras
172
Terapias farmacológicas para os transtornos do uso de cocaína e crack
173
Manual de abordagem de dependências químicas
Conclusão
Referências
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Capítulo 12
Introdução
Prevalência
180
Terapias farmacológicas para os transtornos do uso da maconha
181
Manual de abordagem de dependências químicas
182
Terapias farmacológicas para os transtornos do uso da maconha
Farmacologia da cannabis
183
Manual de abordagem de dependências químicas
184
Terapias farmacológicas para os transtornos do uso da maconha
Critérios diagnósticos
O mais recente Manual Diagnóstico e Estatístico de
Transtornos Mentais (DSM V), ainda sem versão na língua portu-
guesa, considera que o diagnóstico de um transtorno de uso de
substância é baseado em um padrão patológico de comportamentos
relacionados ao consumo daquela substância que proporciona so-
frimento psíquico ou prejuízo clínico significativo. O DSM V clas-
sifica quatro grupos de critérios diagnósticos (em tradução livre):
incapacidade de controlar o uso, prejuízo social secundário, uso de
risco e critérios farmacológicos. Com relação ao último grupo, não
é necessário que ocorram sinais de tolerância ou de abstinência para
que seja diagnosticado um transtorno, mas a presença desses fenô-
menos associa-se a curso clínico de maior gravidade.
O transtorno relacionado ao uso de cannabis é classificado
como sendo leve, moderado ou grave, de acordo com a quantidade
de sintomas presentes. Outros especificadores são o tempo de abs-
tinência (dividido em inicial e sustentado, tendo como referência 3
e 12 meses) e o fato dessa ocorrer em ambiente seguro, caso acon-
teça em local com restrição de acesso à droga. A gravidade de um
transtorno relacionado ao uso de uma substância varia com o
tempo e reflete a intensidade e frequência do uso num dado mo-
mento. É importante lembrar que o termo dependência (ou adic-
ção) não é utilizado na nova classificação do DSM V, que observa,
principalmente, o transtorno causado pelo uso e considera o amplo
espectro de gravidade encontrado na prática clínica.
Intoxicação
A intoxicação por cannabis caracteriza-se por al-
terações psicológicas e comportamentais problemáticas
que surgem durante ou logo após o uso da substância -
prejuízos de coordenação motora, euforia, ansiedade, sen-
sação de lentificação do tempo, alterações de juízo e isola-
mento social. Sinais clínicos incluem hiperemia conjuntival, Hiperemia conjuntival: ver-
melhidão dos olhos.
185
Manual de abordagem de dependências químicas
186
Terapias farmacológicas para os transtornos do uso da maconha
Síndrome de abstinência
Comorbidades e Associações
187
Manual de abordagem de dependências químicas
188
Terapias farmacológicas para os transtornos do uso da maconha
189
Manual de abordagem de dependências químicas
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Terapias farmacológicas para os transtornos do uso da maconha
191
Manual de abordagem de dependências químicas
192
Terapias farmacológicas para os transtornos do uso da maconha
193
Manual de abordagem de dependências químicas
194
Manual de abordagem de dependências químicas
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Manual de abordagem de dependências químicas
Prevenção
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Terapias farmacológicas para os transtornos do uso da maconha
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Botega NJ. Prática Psiquiátrica no Hospital Geral: Interconsulta e Emergência.
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199
Capítulo 13
Introdução
Tratamento farmacológico
202
Terapias farmacológicas para os transtornos do uso de tabaco
Vareniclina
A Vareniclina é um agonista parcial dos receptores coli-
nérgicos nicotínicos alfa4beta2, que impede a ligação de nicotina a
eles e reduz a vontade de fumar. Mais eficaz que a bupropiona, ela
praticamente triplica chances de sucesso no tratamento (CAHILL
et al., 2013).
Está disponível no mercado brasileiro nas apresentações
de 0,5mg ou 1mg. Inicia-se o tratamento com 0,5 mg, 1 vez ao dia,
por três dias. No quarto dia, prescrever 0,5 mg, duas vezes ao dia.
Do 7º dia em diante, prescrever 1mg, duas vezes ao dia. É impor-
tante que o indivíduo marque uma data para parar de fumar que é
sugerida para oito dias após o início da medicação (MIRRA et al.,
2011).
A vareniclina apresenta um perfil relativamente seguro de
interações e de contra-indicações (apenas hipersensibilidade). En-
tretanto, deve-se ter cautela no uso em pacientes com história de
transtornos psiquiátricos associados. Alguns estudos sugerem agra-
vamento desses sintomas (incluindo suicídio) em indivíduos com
predisposição (AHMED, 2011; MOORE et al., 2011). Embora uma
metanálise publicada em 2011 tenha mostrado um possível au-
mento do risco de eventos cardiovasculares graves, associados ao
uso desse medicamento, tal ocorrência não foi confirmada em es-
tudos metanalíticos posteriores (PROCHASKA & HILTON, 2012;
WARE et al., 2013).
É necessário adequar dose em pacientes portadores de in-
suficiência renal grave que estejam em diálise. O uso de vareniclina
está inteiramente contraindicado em gestante.
204
Terapias farmacológicas para os transtornos do uso de tabaco
205
Manual de abordagem de dependências químicas
Bupropiona
A bupropiona é um antidepressivo que aumenta disponi-
bilidade sináptica da dopamina e noradrenalina (DIEHL, 2010).
Tem sido utilizada no tratamento do tabagismo e praticamente
dobra as chances de sucesso no tratamento (CAHILL et al., 2013).
Encontra-se disponível no mercado brasileiro nas apre-
sentações de 150 mg ou 300 mg. Inicia-se o tratamento com 150
mg/manhã e aumenta-se a dose para um comprimido de 150 mg,
duas vezes ao dia, à partir do 5º dia. Geralmente, as doses são to-
madas no início da manhã e no início da tarde, para evitar um dos
possíveis efeitos colaterais, a insônia. Pode-se, ainda, utilizar o com-
primido de liberação lenta em uma única tomada pela manhã. É
importante que o indivíduo marque uma data para parar de fumar,
sugerida para o 8o dia, após o início da medicação (MIRRA et al.,
2011).
A bupropiona apresenta perfil ideal para pacientes que
temem o ganho de peso que costuma ocorrer nas primeiras sema-
nas de abstinência do tabaco ou pacientes que apresentam a de-
pressão como comorbidade.
É contraindicada em gestantes ou pacientes com história
de epilepsia ou com risco aumentado para convulsões (abstinência
alcoolica, traumatismo cranioencefálico, acidente vascular encefá-
lico, uso de medicamentos que reduzem o limiar convulsivo), pre-
sença de anorexia ou uso de inibidores da monoaminoxidase.
206
Terapias farmacológicas para os transtornos do uso de tabaco
Nortriptilina
A nortriptilina é um antidepressivo tricíclico que tem sido
utilizado no tratamento do tabagismo e dobra a chance de sucesso
(CAHILL et al., 2013).
Está disponível no mercado brasileiro nas apresentações
de 25, 50 ou 75 mg. No tratamento para o tabagismo, emprega-se
uma dose menor que para a depressão. Preconiza-se tomar 25mg,
preferencialmente à noite, em virtude do seu efeito sedativo. Assim
como no uso de outros medicamentos não nicotínicos, é impor-
tante que o indivíduo marque uma data para parar de fumar, o “dia
D”, que pode ser sugerido o 8o dia após o início do medicamento.
Apesar de não ser de primeira linha no tratamento do ta-
bagismo, a nortriptilina é uma medicação barata, geralmente dispo-
nível gratuitamente no serviço público de saúde brasileiro. Dentre
os tricíclicos, é o medicamento com perfil mais brando de efeitos
colaterais, principalmente em dose baixa, como a preconizada para
o tratamento do tabagismo. A nortriptilina apresenta um perfil ideal
para pacientes com problemas de insônia ou que precisam ganhar
peso, pois a sonolência e ganho de peso são efeitos colaterais espe-
rados para esse medicamento. Pacientes que apresentam a depres-
são como comorbidade também podem se beneficiar desta
indicação. Entretanto, para o tratamento da depressão comórbida,
costuma-se empregar uma dose diária maior, entre 50 e 150mg/dia,
que é ajustada segundo o resultado do exame de dosagem sérica da
nortriptilina.
É contraindicada em gestantes e nos quadros de cardio-
patia grave (p. ex., arritmia ou infarto agudo do miocárdio recente),
glaucoma de ângulo fechado, uso de inibidores da monoaminoxi-
dase e medicamentos que prolongam o intervalo Q-T. Sugere-se
cautela nos pacientes com retenção urinária, hiperplasia benigna da
próstata, hipertireoidismo, tumor cerebral, doenças psiquiátricas ou
risco aumentado para convulsões.
207
Manual de abordagem de dependências químicas
Outros medicamentos
Apesar de haver evidência científica de que a clonidina
seja superior ao placebo no tratamento do tabagismo, ela não deve
ser utilizada como primeira escolha, pelo seu potencial de provo-
car muitos efeitos colaterais (MIRRA et al., 2011). O uso de inibi-
dores seletivos da recaptação da serotonina, em monoterapia ou
da naltrexona não mostrou benefício no tratamento do tabagismo
(CAHILL et al., 2013).
A citisina é um agonista parcial dos receptores nicotínicos
alfa4beta2, semelhante à vareniclina, utilizada para o tratamento
contra o tabagismo na Rússia e alguns países do antigo regime so-
cialista com resultados positivos (CAHILL et al., 2013).
Associação de medicamentos
208
Terapias farmacológicas para os transtornos do uso de tabaco
Idosos
A prevalência média do tabagismo em idosos é de 12%
(homens, 17% e mulheres, 9%) (INCA, 2011). Parar de fumar na
terceira idade pode melhorar a qualidade de vida, reduzir o risco de
um infarto do miocárdio, entre outros benefícios (Schofield, 2006).
O tratamento do tabagismo nessa faixa etária lança mão da mesma
abordagem utilizada para os mais jovens e com taxas de sucesso se-
melhantes (RICHERT, 2008). Entretanto, é importante estar atento
a maior possibilidade de comorbidades e maior risco de interações
medicamentosas (HALTY, 2004). No tratamento de tabagistas
nessa faixa etária, é importante lembrar que as próteses dentárias
podem dificultar o uso de gomas de nicotina e, consequentemente,
a aderência à proposta terapêutica. Além disso, alterações da função
renal, comuns em idosos, demandam ajuste da dose de medicamen-
209
Manual de abordagem de dependências químicas
Gestantes
Fumar durante a gravidez aumenta o risco de uma série
de problemas, incluindo o aborto espontâneo, diminuição do cres-
cimento fetal e prematuridade. Apesar disso, aproximadamente
30% das mulheres são fumantes quando engravidam e cerca de
23% continuam fumando durante a gravidez. O aconselhamento
para cessação do tabagismo durante a gravidez mostra aumento das
taxas de abstinência, mas o acompanhamento é importante, pois
uma recaída é comum após o nascimento do bebê. A farmacotera-
pia com reposição de nicotina deve ser considerada apenas quando
uma mulher grávida não conseguir parar com abordagens não far-
macológicas ou quando a probabilidade dos benefícios da cessação
do tabagismo superar os riscos do uso desse tratamento (MIRRA
et al., 2011). Nesse caso, as formulações de liberação intermitentes
de nicotina (goma de mascar ou pastilha) devem ser preferidas por
disponibilizarem ao feto uma dose total diária de nicotina menor
do que os dispositivos de liberação lenta (adesivo) (MACHADO &
LOPES, 2009).
Adolescentes
A adolescência é a época mais comum de início do taba-
gismo e cerca de 11% dos adolescentes brasileiros são fumantes
(INCA, 2011). O aconselhamento é a abordagem que parece ser a
mais efetiva nessa população, mas as taxas de cessação ainda são
muito baixas (MIRRA et al., 2011). É difícil conseguir a adesão de
indivíduos dessa faixa etária em programas formais de cessação do
tabagismo.
210
Terapias farmacológicas para os transtornos do uso de tabaco
Conclusões
211
Manual de abordagem de dependências químicas
Referências
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Lai DTC, Cahill K, Qin Y, Tang JL: Motivational interviewing for smoking ces-
212
Terapias farmacológicas para os transtornos do uso de tabaco
213
4
PARTE 4
Atenção integral e
abordagem psicossocial dos
transtornos de substância
Capítulo 14
218
Abordagem integral do paciente com dependência química
219
Manual de abordagem de dependências químicas
220
Abordagem integral do paciente com dependência química
221
Manual de abordagem de dependências químicas
222
Abordagem integral do paciente com dependência química
224
Abordagem integral do paciente com dependência química
225
Manual de abordagem de dependências químicas
Figura 1
O círculo de Diclementi e Prochasca, relativo ao processo de mudança
e ruptura com a ambivalência. É importante notar que as cinco fases
são uma divisão didática do problema e que o círculo não é unidirecional,
ou seja, o paciente pode evoluir e involuir na fase da mudança a
qualquer momento e que a recaída é considerada uma das fases de
mudança (Prochaska & Velicer, 1997).
226
Abordagem integral do paciente com dependência química
Figura 2
Proposição de modelo técnicas e serviços, para um modelo
de atenção integral do paciente com dependência química a partir
dos princípios do processo de mudança. CAPS: Centro de Atenção
Psicossocial; HG: Hospital Geral; HEP: Hospital especializado em
psiquiatria; UBS: Unidade básica de saúde
P Pré-contemplação
O Redução de danos Consultório/equipe de rua
N
T
O Contemplação
S
Entrevista Motivacional/Projeto terapêutico Atenção básica/UBS
D
E
Mudança
E Tratamento especializado CAPS/Leitos em HG/HEP
N
T
R Reabilitação/Ressocialização
A
D Avaliação e reabilitação cognitiva/Reinserção Centro integrado de reabilitação psicossocial
A sócio/profissional/familiar
227
Manual de abordagem de dependências químicas
228
Abordagem integral do paciente com dependência química
229
Manual de abordagem de dependências químicas
230
Manual de abordagem de dependências químicas
231
Manual de abordagem de dependências químicas
Conclusão
232
Manual de abordagem de dependências químicas
Referências
233
Capítulo 15
Introdução
Marcos legais
237
Manual de abordagem de dependências químicas
Tabela 1
Modalidades de internação psiquiátrica segundo a lei 10.2016, de 2001
e a portaria do gabinete do ministério da saúde 2.391, de 26 de
dezembro de 2002. CRM: conselho regional de medicina
Voluntária Involuntária Compulsória
Se dá com o consentimento Realizada sem o Determinada por medida
expresso do paciente consentimento expresso do judicial pelo juiz competente
paciente e a pedido de A alta se dá somente por
terceiro a condição que seja determinação judicial.
acompanhada de laudo de
médico registrado no CRM
justificando os motivos da
hospitalização.
A alta pode ser solicitada por
parente o7 pessoa próxima
do paciente.
Hospitalização psiquiátrica
voluntária: é a hospitalização
A hospitalização psiquiátrica voluntária é aquela
que acontece quando o pa- que se dá com o consentimento expresso do paciente
ciente, civilmente capaz dá seu
consentimento autorizando a civilmente capaz. Nessa modalidade o paciente tem li-
hospitalização.
berdade para, a qualquer momento, solicitar a inter-
rupção da hospitalização e sua alta. A hospitalização
Hospitalização voluntária-
involuntária: a hospitalização
voluntária poderá tornar-se involuntária quando o paciente
voluntária pode se tornar invol- internado exprimir sua discordância com a manuten-
untária caso o paciente pelo
término da hospitalização ção da internação e houver critérios clínicos para a ma-
tendo critérios clínicos para
que a hospitalização seja man- nutenção da internação, devidamente justificados em
tida. laudo médico. Um exemplo disso é um paciente de-
primido, que exprime ideação suicida, que não tem su-
porte familiar ou assistencial no momento e que pede
alta da sua hospitalização voluntária. Nesse caso o
risco de passagem ao ato suicida é bastante elevado e
esse é um critério clínico para a manutenção da hos-
pitalização. Assim sendo, o médico pode optar por
converter a hospitalização voluntária em involuntária.
238
A hospitalização do paciente com dependência química: critérios clínicos e modalidades de internação...
239
Manual de abordagem de dependências químicas
Figura 1
Fluxograma para avaliação da modalidade de hospitalização psiquiátrica.
Adaptado de Taborda, Baron e Neto
NÃO
Paciente T maior Obter autorização
de 1H anos 4 do responsável legal
SIM
Internação Não
voluntária internação
Termo de Internação
consentimento involuntária
Comunicação ao
Ministério Público
240
A hospitalização do paciente com dependência química: critérios clínicos e modalidades de internação...
241
Manual de abordagem de dependências químicas
242
A hospitalização do paciente com dependência química: critérios clínicos e modalidades de internação...
243
Manual de abordagem de dependências químicas
244
A hospitalização do paciente com dependência química: critérios clínicos e modalidades de internação...
Conclusão
245
Manual de abordagem de dependências químicas
Referências
246
Capítulo 16
Introdução
Consulta motivacional: es-
A consulta motivacional é um estilo de aconse- tilo de aconselhamento cen-
lhamento centrado na pessoa, com foco na resolução trado na pessoa com foco na
resolução de problema da am-
do problema da ambivalência para a mudança. Surgiu bivalência para a mudança.
Desenvolvimento
248
Aconselhamento motivacional em usuários de drogas: conceito, princípios, estratégias e aplicações
249
Manual de abordagem de dependências químicas
250
Aconselhamento motivacional em usuários de drogas: conceito, princípios, estratégias e aplicações
251
Manual de abordagem de dependências químicas
Conclusão
252
Aconselhamento motivacional em usuários de drogas: conceito, princípios, estratégias e aplicações
Referências
253
Manual de abordagem de dependências químicas
254
Capítulo 17
Introdução
256
Terapia cognitiva comportamental na abordagem dos transtornos de uso de tabaco
257
Manual de abordagem de dependências químicas
de um fato isolado;
Magnificação e minimização: exagerar ou minimizar o signi-
!
ficado de um acontecimento;
Personalização: assumir responsabilidade ou culpa por um
!
258
Terapia cognitiva comportamental na abordagem dos transtornos de uso de tabaco
!
Visão em túnel: enxergar somente aspectos que confirmam
o próprio ponto de vista e ignorar ou menosprezar as informações
contrárias;
!
Supergeneralização: estender uma conclusão de um acon-
tecimento isolado para outras áreas do funcionamento.
No caso da dependência de tabaco, quando a pessoa está
fissurada e sente um desejo forte e incontrolável de fumar, crenças
permissivas são ativadas e impedem que o sujeito se lembre das ra-
zões para não usar o cigarro. Ocorre uma distorção cognitiva cha-
mada visão em túnel ou bloqueio mental (BECK, 1993). Esse erro
cognitivo ocorre quando o sujeito dá atenção e assimila preferen-
cialmente, apenas os estímulos favoráveis à fissura e/ou uso de
drogas, desconsiderando todos os outros estímulos, inclusive pen-
samentos alternativos ao uso da droga.
Uma das principais crenças disfuncionais observadas no
tabagista são as crenças acerca do cigarro. Essas se manifestam
desde o início ou até mesmo anteriormente ao uso. São crenças de
conteúdo antecipatório – se eu fumar serei aceito naquele grupo -, per-
missivo – hoje eu tive um dia estressante, mereço relaxar -, inconsequente
– só um trago não vai me fazer mal, entre outros que aumentem a pro-
babilidade do uso imediato. Indivíduos que apresentam tais crenças,
associadas a um perfil de baixa tolerância à frustração, diante de si-
tuações que envolvem estresse ou algum desconforto emocional
podem ter ativadas tais crenças permissivas e antecipatórias, as quais
tornam-se imperativas – preciso fumar agora para relaxar, caso contrário
algo pior pode acontecer.
Após o uso do tabaco, muitas dessas crenças acabam
sendo reforçadas pelos efeitos benéficos iniciais que a droga
proporciona – relaxamento, sensação de bem estar. O uso pro-
longado da nicotina aumenta o risco da instalação da depen-
dência química, na qual os efeitos maléficos e as consequências
prejudiciais já passam a superar os aspectos positivos iniciais.
Nesse estágio, um padrão comportamental já está instalado e
259
Manual de abordagem de dependências químicas
260
Terapia cognitiva comportamental na abordagem dos transtornos de uso de tabaco
261
Manual de abordagem de dependências químicas
262
Terapia cognitiva comportamental na abordagem dos transtornos de uso de tabaco
263
Manual de abordagem de dependências químicas
Técnicas de tratamento
264
Terapia cognitiva comportamental na abordagem dos transtornos de uso de tabaco
265
Manual de abordagem de dependências químicas
Figura 1
Proposta de protocolo utilizada no programa do
Instituto Nacional do Cancêr
Sessões 1ª “Entender 2ª “Os primeiros 3ª “Como vencer 4ª “Benefícios
porque se fuma e dias sem fumar” obstáculos para obtidos após parar
como isso afeta permanecer sem de fumar
sua saúde” fumar”
Intervenções - Informação sobre o - EnsSno de técnicas de - Revisão da sessão Troca de Experiências
tabagismo enfrentamento/solução anterior -Psicoeducação:
- Psicoeducação: de problemas par lidar -Troca de experiências: prevenindo recaídas
trabalhando a com a fissura - como os que -Listagem dos
ambivalência Psicoeducação: o que parearam viveram benefícios a longo
- Apresentação dos é a síndrome de seus dias? prazo
métodos para parar abstinência - Listagem dos -Encorajamento aos
de fumar (abrupta ou - Modificação das benefícios de parar de que ainda não
gradual; redução ou cognições/descrição fumar pararam a conti-
adiamento) de pensamentos alter- - Informação sobre nuarem tentando
-Tarefas: escolher o nativos construtivos possível ganho de - Tarefa: Pense numa
dia para parar de -Treino de assertivi- peso frase que expresse
fumar. dade para lidar com -Encorajar os que não sua razão mais forte
situações de estresse pararam de fumar. para não voltar a
-Revisão da sessão fumar. Escreva neste
anterior carão e guarde com
-Discussão das você.
experiências vividas
-Tarefas: técnica de
respiração profunda e
relaxamento.
Consideraçõe finais
Referências
267
Manual de abordagem de dependências químicas
268
Capítulo 18
Introdução
Clínica da dependência
Estudos realizados, desde a década de oitenta,
química que inclui a terapia sugerem que a clínica de dependência química, que inclui a
de família: propicia maior en-
gajamento e aderência ao terapia de família e o suporte das redes sociais, quando
tratamento. Reduz a recaída e
permite a reestruturação dos comparada à intervenção individual, propicia um maior en-
comportamentos disfuncionais
familiares.
gajamento e aderência do paciente adicto ao tratamento.
Nessa abordagem, as taxas de recaídas ao uso de drogas
são reduzidas, os comportamentos disfuncionais familiares
são reestruturados, de maneira que favoreçam a reabilitação
psicossocial e cognitiva do usuário de drogas (ALEXAN-
DER; PARSONS, 1982; COPELLO; TEMPLETON;
VELLMAN, 2006; SANTISTEBAN et al., 2006; SLE-
NICK; PRESTOPNIK, 2009; LIDDLE et al., 2011;
ROWE, 2012; GUIMARÃES; ALELUIA, 2012). Esses
resultados positivos são decorrentes da compreensão do
início do abuso das substâncias psicoativas, a partir da aná-
lise dos padrões familiares do adicto e da identificação dos
fatores de risco e de proteção, que podem favorecer a
Manual de abordagem de dependências químicas
270
Abordagem terapêutica dos familiares do usuário de drogas
271
Manual de abordagem de dependências químicas
Codependência
272
Abordagem terapêutica dos familiares do usuário de drogas
273
Manual de abordagem de dependências químicas
Tabela 1
Modelos de terapias baseadas na família
Modelos de terapias Conceitos Modelos Estudos Resultados
baseadas na família Teóricos
MDFT Endossada pelo National Institute Sistemas/ Liddle et al., Após 3 meses de tratamento,
for Drug Abuse (NIDA) e pela ecológicos 2011 87% de jovens tratados com
Substance Abuse and Mental MDFT se mantiveram
health Services Administration abstinentes comparado à 23%
(SAHMSA; HUDGINS, 2009), é de Jovens que participaram do
um tratamento ambulatorial que tratamento tradicional.
trabalha com terapia de família,
individual, psicoeducação, vários
sistemas de intervenção sobre os
domínios: desenvolvimento inter
e intrapessoal; padrões transa-
cionais familiares, intervenção
com os membros influentes do
sistema extrafamiliar.
MST Trabalha múltiplos fatores de Sistemas/ Slesnick; 119 adolescentes que apresen-
risco que envolve o dependente, ecológicos Prestopnik, tavam problemas com álcool
entre eles a família e a comu- 2009 tratados com EBFT e FFT
nidade onde este está inserido. tiveram melhores resultados,
O objetivo implícito é de reestru- comparados aos jovens
turar o ambiente para reduzir os submetidos ao tratamento
comportamentos anti-sociais. tradicional quando analisados as
Um exemplo de MST é a Terapia recaídas ao uso de drogas após
Ecologicamente Baseada na 15 meses.
Família (EBFT).
FFT O tratamento visa alterar Comportamental Alexander; Melhoria da dinâmica familiar e
relações negativas da família Parsons, redução na reincidência da
e usa intervenções comportamen- 1982 delinquência dos adolescentes
tais para reforçar respostas tratados com FFT, quando
positivas, sendo uma eficaz comparados a outros programas
abordagem de resolução de de tratamento (Grupos Juvenis
problemas no seio da família no tribunal de Justiça, Grupos
de Terapia Domiciliar, Terapia
psicodinâmica) ou nenhum
tratamento.
BSFT Baseia-se em estudos anteriores Sistêmica Santisteban Em ensaios clínicos do NIDA
que demonstram resultados et al., 2006 em oito locais diferentes, com
positivos usando estratégias de mais de 400 adolescentes
engajamento e estratégico usuários de drogas e famílias
estruturais, visando à demonstram que BSFT foi
reestruturação das interações superior ao grupo terapia na
familiares e promovendo redução do uso de maconha.
mudanças significativamente
positivas na família.
274
Abordagem terapêutica dos familiares do usuário de drogas
275
Manual de abordagem de dependências químicas
Discussão
276
Abordagem terapêutica dos familiares do usuário de drogas
Referências
277
Manual de abordagem de dependências químicas
278
Capítulo 19
Introdução
280
Avaliação neuropsicológica do usuário de drogas
Alterações neuropsicológicas
281
Manual de abordagem de dependências químicas
282
Avaliação neuropsicológica do usuário de drogas
Tabela 1
Funções cognitivas comprometidas de drogas estimulantes e
inibidoras no Sistema Nervoso Central (SNC)
Drogas estimulantes
Cocaína e Crack
Os usuários eventuais de cocaína e crack podem apre-
sentar comprometimentos significativos em comparação com
os grupos controle, nas seguintes funções: atenção sustentada e
alternada, memória espacial, controle inibitório e flexibilidade
cognitiva. Tais alterações levam a uma menor capacidade de
ajustar de forma rápida e flexível o comportamento com rapidez
podendo ter repercursões no desempenho das atividades do
cotidiano (COLZATO; HOMMEL, 2009; COLZATO; HUIZINGA;
HOMMEL, 2009; COLZATO et al., 2009). Em usuários
destas substâncias são observadas frequências maiores de
283
Manual de abordagem de dependências químicas
284
Avaliação neuropsicológica do usuário de drogas
285
Manual de abordagem de dependências químicas
Drogas inibidoras
Álcool
eqol w|ipk ikolk lpzok Qwoow
qpjp{q o pgw zpjwjiw nljzqpj zpjjo iq |lp
pqlo wk nlkpjq wjlk o|pzjzgk ollwzopk
oq mipjz ~lmipz o iko o Qwoow oqo ¡
wjlk o|pzjzgk wgkv ¡ nlyiSok o|pzjzgok qolokv
¡ pok pilonkzow
|zok qzk kglok oqo qpz
nlkzkjpj zpiSz nwo Qwoow o jlpkjolpo qpkjzo
nlkzkjpj zpiSzo nwo Qwoow ¡Iploq ]olkxo~~
(CUNHA; NOVAES, 2004). As alterações mais frequentemente
encontradas são aquelas relacionadas à memória episódica
(CORLEY et al., 2011; CUNHA; NOVAES, 2004), tomada de
decisão (CUNHA; NOVAES, 2004), controle inibitório
(BARDENHAGEM; OSCAR-BERMAN; BOWDEN, 2007;
CUNHA; NOVAES, 2004; HILDEBRANDT et al., 2004; KA-
REKEN et al., 2013; NOEL et al., 2007; ), memória de trabalho
(CUNHA; NOVAES, 2004; HILDEBRANDT et al., 2004;
THOMA et al., 2013), processamento visioespacial (CUNHA;
NOVAES, 2004; SCHOTTENBAUER; HOMMER; WEIN-
GARTNER, 2007), nas habilidades sociais (THOMA et al., 2013),
velocidade psicomotora, velocidade do processamento, atenção, e
gera uma baixa ativação do Córtex Pré-Frontal (CPd) que pode
ser observada mesmo após meses de abstinência, devido a
atividade gabaérgica e serotoninérgica desta região.(ABERNATH;
CHANDLER; WOODWARD, 2012; CUNHA; NOVAES, 2004)
286
Avaliação neuropsicológica do usuário de drogas
Cannabis (Maconha)
A Cannabis, uma das drogas ilícitas mais utilizadas no
mundo, devido aos seus efeitos psicoativos e fisiológicos (bom
humor, euforia e relaxamento) Ii iko nlkpj lzkok mipo
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conha, estão envolvidos na regulação das funções cognitivas, em
circuitos neuronais do córtex, nos neurônios do hipocampo e em
neurônios da amígdala. Ii Jo jzp| jqq o kjlzo
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287
Manual de abordagem de dependências químicas
Heroína/opióides
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nloo iko lo| (BALDACCHINO et al., 2012;
PORTENOY; FOLEY, 1986; VERDEJO-GARCIA et al., 2005)
em funções executivas, como flexibilidade cognitiva e memória de
trabalho e na memória de reconhecimento.
Dependentes e usuários crônicos de opióides apresentam
comprometimentos na memória de trabalho (BALDACCHINO et
al., 2012), memória de reconhecimento (ERSCHE; SAHAKIAN,
2007), fluência verbal, flexibilidade cognitiva (BALDACCHINO et
al., 2012) e planejamento (ERSCHE; SAHAKIAN, 2007).
Após abstinência prolongada, comprometimentos cogni-
tivos consistentes foram observados nas funções executivas (ERS-
CHE; SAHAKIAN, 2007), memória de reconhecimento e
aprendizagem. Ersche e Sahakian (2007) sugerem que mesmo após
alguns anos de abstinência, o comprometimento persistente pode
refletir a neuropatologia nos córtex frontal e temporal. Tal fato é
importante para o planejamento personalizado de tratamento.
288
Avaliação neuropsicológica do usuário de drogas
Conclusão
289
Manual de abordagem de dependências químicas
Referências
290
Avaliação neuropsicológica do usuário de drogas
291
Manual de abordagem de dependências químicas
292
Avaliação neuropsicológica do usuário de drogas
293
Capítulo 20
Introdução
1º Eixo: Formação
296
A inserção do enfermeiro na abordagem do dependente químico
297
Manual de abordagem de dependências químicas
298
A inserção do enfermeiro na abordagem do dependente químico
2º Eixo: Pesquisa
299
Manual de abordagem de dependências químicas
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A inserção do enfermeiro na abordagem do dependente químico
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Manual de abordagem de dependências químicas
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A inserção do enfermeiro na abordagem do dependente químico
Considerações finais
303
Manual de abordagem de dependências químicas
304
A inserção do enfermeiro na abordagem do dependente químico
Referências
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(Cicad) E A Universidade De Alberta - Faculdade De Enfermagem. (2011) Se-
305
Manual de abordagem de dependências químicas
306
Capítulo 21
308
Avaliação das condições sociais do usuário de drogas: limitações, potencialidades, interesses e expectativas...
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Manual de abordagem de dependências químicas
Referências
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321
Manual de abordagem de dependências químicas
322
Avaliação das condições sociais do usuário de drogas: limitações, potencialidades, interesses e expectativas...
323
Capítulo 22
Introdução
326
Reinserção social em usuários de drogas: conceito, princípios, estratégias e aplicações
327
Manual de abordagem de dependências químicas
328
Reinserção social em usuários de drogas: conceito, princípios, estratégias e aplicações
329
Manual de abordagem de dependências químicas
Tabela 1
Estratégias e técnicas utilizadas na prática da reabilitação
psicossocial para dependentes químicos
TÉCNICA DESCRIÇÃO
Psicoeducação • Intervenção em que o paciente recebe informações sobre a etiologia do seu diagnóstico,
como funciona, as possibilidades de tratamento, o prognóstico, dentre outras (COLOM, 2004);
• Visa tornar o dependente químico um colaborador ativo, aliado dos profissionais de saúde
(JUSTO & CALIL, 2004);
• Instrumentos: esclarecimentos, folders educativos, livros com linguagem acessível a leigos,
filmes, etc;
• Busca-se a auto-identificação de pensamentos e comportamentos disfuncionais e/ou
distorcidos que gerem sofrimento e aflição e o conhecimento das consequências e fatores
desencadeantes e mantenedores dos problemas (FIGUEIREDO, 2009).
Reabilitação vocacional • Processo destinado a auxiliar o dependente químico a retomar e manter uma atividade
produtiva, segundo suas possibilidades (MOWBRAY et al, 1997);
• Trabalha-se em torno da postura de prontidão para o trabalho, da empregabilidade
(capacidade de funcionamento adequado da pessoa frente a uma situação de trabalho) e da
superação de barreiras ao trabalho (baixo nível de escolaridade, poucas oportunidades locais
de emprego, estigma dos empregadores);
• Objetiva-se o desenvolvimento e aperfeiçoamento educacional e pessoal, treinamento de
habilidades voltadas para o retorno ao mercado de trabalho – elaboração de currículos,
preparação para entrevistas e pesquisa de vagas disponíveis (BONADIO, 2010).
Grupos operativos • Técnica de trabalho em grupo que propicia um aprendizado aos participantes por meio de uma
leitura crítica da realidade, com postura de investigação, com abertura para dúvidas e inquietações;
• Os participantes assumem diferentes papéis e posições diante das tarefas propostas,
contando com a presença de um:
a) coordenador - que faz intervenções, indagações, problematizações, estabelece articulações entre
as falas dos participantes e direciona o grupo para a realização das tarefas;
330
Reinserção social em usuários de drogas: conceito, princípios, estratégias e aplicações
TÉCNICA DESCRIÇÃO
Grupos operativos b) observador - registra o que ocorreu no encontro, faz o resgate da história do grupo e, posterior-
mente, analisa os pontos emergentes, a movimentação do grupo em torno das tarefas e os papéis
assumidos pelos participantes (Bastos, 2010).
Oficinas terapêuticas •Realização de atividades em grupo que proporcionam aos participantes a expressão de sentimen-
tos e problemas, a realização de atividades produtivas e a prática da cidadania;
•São promotoras da socialização e da inserção social;
•Destacam-se as oficinas expressivas (expressão plástica, corporal, verbal e musical)
e as oficinas de atividades geradoras de renda (MINISTÉRIO DA SAÚDE - BRASIL, 2004).
Arte terapia •O uso da arte como terapia consiste na elaboração de material artístico sem preocupação es-
tética, mas com a finalidade de expressar sentimentos, com caráter catártico;
•Possibilita que o indivíduo se reorganize internamente, através do caráter regenerador da arte;
•Pode ser manifestada sob a forma de pintura, música, teatro, dentre outras (VALENTE, 2005).
Atendimento familiar •Devido às dificuldades e imposições requeridas para cuidar do familiar, faz-se necessária
à disponibilização de apoio e orientação aos familiares do dependente químico;
•Terapia familiar e visitas domiciliares (observação do relacionamento familiar e
identificação de membros chaves no processo de reabilitação) são algumas das
estratégias utilizadas (JORGE et al, 2006).
Suporte social •A rede social é o conjunto de vínculos e intercâmbios interpessoais do dependente químico,
cujo reconhecimento permite o planejamento de intervenções a serem realizadas até mesmo
por ele próprio, com o objetivo de ativá-las, desativá-las ou mobilizá-las para fazer conexões
que norteiem novas possibilidades (BONADIO, 2010);
•A rede se compõe de pessoas que o cercam, tais como a família, vizinhos, colegas de trabalho,
profissionais de saúde, pessoas da comunidade, etc (SOUZA et al, 2006);
•As redes sociais influenciam a auto-imagem do indivíduo e são fundamentais na sua
percepção de identidade e competência (CAVALCANTE et al, 2012).
A família
Tabela 2
Síntese dos principais tópicos em reabilitação psicossocial
Definição • Processo formado por um conjunto de atividades capazes de maximizar as
oportunidades de recuperação de indivíduos e minimizar os efeitos desabilitadores
da cronificação das doenças, por meio do desenvolvimento de insumos individuais,
familiares e comunitários.
Objetivo geral • Oferecer aos indivíduos a oportunidade de alcançar ótimo nível de funcionamento
na comunidade.
Onde realizar • Deve ser desenvolvida nos diversos âmbitos em que os dependentes químicos
vulneráveis ou com algum tipo de comprometimento estejam inseridos, tais
como a família, a comunidade e os serviços sociais, no geral.
Quando realizar • Ocorre concomitantemente à psicoterapia e à farmacoterapia.
Profissionais atuantes • Sugere-se uma equipe multidisciplinar
no processo
Prática • Elaboração de um plano terapêutico individual, composto de avaliação inicial
e uso de diversas estratégias terapêuticas (ver tabela 1)
332
Reinserção social em usuários de drogas: conceito, princípios, estratégias e aplicações
Considerações finais
333
Manual de abordagem de dependências químicas
Referências
334
Reinserção social em usuários de drogas: conceito, princípios, estratégias e aplicações
335
Reinserção social em usuários de drogas: conceito, princípios, estratégias e aplicações
336
Capítulo 23
Introdução
338
Gerenciamento de casos em usuários de drogas: conceito, princípios, estratégias e aplicações
População Alvo
339
Manual de abordagem de dependências químicas
O gerente de caso
340
Gerenciamento de casos em usuários de drogas: conceito, princípios, estratégias e aplicações
341
Manual de abordagem de dependências químicas
343
Manual de abordagem de dependências químicas
ciência no tratamento.
7. Garantir ao paciente que ele poderá ser contatado e encorajado a
retornar ao tratamento em caso de abandono: o gerente deve ser um
articulador entre o paciente e a rede de apoio, de modo que retroces-
sos sejam identificados rapidamente. Caso ocorram recaídas, é im-
portante que o paciente entenda que ele não é o único a passar por
essa situação e que a equipe do serviço de saúde, continua disposta a
ajudá-lo em sua recuperação.
8. Reforçar e dar continuidade ao processo de tratamento, em modo
menos intensivo, dando seguimento ao tratamento no sentido de for-
necer suporte na reabilitação psicossocial do paciente na comunidade,
identificando precocemente futuras dificuldades.
Redução de danos
344
Gerenciamento de casos em usuários de drogas: conceito, princípios, estratégias e aplicações
Família
345
Manual de abordagem de dependências químicas
Considerações finais
346
Gerenciamento de casos em usuários de drogas: conceito, princípios, estratégias e aplicações
Referências
347
Manual de abordagem de dependências químicas
348
Capítulo 24
Introdução
350
Redução de danos no Brasil: desafios e perspectivas
351
Manual de abordagem de dependências químicas
353
Manual de abordagem de dependências químicas
354
Redução de danos no Brasil: desafios e perspectivas
355
Manual de abordagem de dependências químicas
357
Manual de abordagem de dependências químicas
358
Redução de danos no Brasil: desafios e perspectivas
Conclusão
359
Manual de abordagem de dependências químicas
360
Redução de danos no Brasil: desafios e perspectivas
Referências
361
Manual de abordagem de dependências químicas
362
Capítulo 25
Introdução
364
Rede de atenção ao dependente químico: dispositivos de saúde e de assistência social
365
Manual de abordagem de dependências químicas
366
Rede de atenção ao dependente químico: dispositivos de saúde e de assistência social
Tabela 1
Dispositivos de saúde implicados na atenção de usuários de droga
367
Manual de abordagem de dependências químicas
368
Rede de atenção ao dependente químico: dispositivos de saúde e de assistência social
369
Manual de abordagem de dependências químicas
370
Rede de atenção ao dependente químico: dispositivos de saúde e de assistência social
Tabela 2
Dispositivos da assistência social implicados na assistência
de dependentes químicos
371
Manual de abordagem de dependências químicas
372
Rede de atenção ao dependente químico: dispositivos de saúde e de assistência social
373
Manual de abordagem de dependências químicas
Tabela 3
Fluxograma de integração das redes de atenção relativas
aos serviços de saúde e de assistência social
CREAS
UNIDADE DE
ACOLHIMENTO
CRAS
CENTRO-POP CAPSad
UBS
HOSPITAL PRONTO
HOSPITAL GERAL
PSIQUIÁTRICO SOCORRO
AMBULATÓRIO
NASF
Políticas de Políticas de
Assistência Social Saúde
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Rede de atenção ao dependente químico: dispositivos de saúde e de assistência social
Considerações finais
375
Manual de abordagem de dependências químicas
Referências
376
Este livro foi compostona fontes Garamond e Univers Condensed e
impresso na Gráfica O Lutador em fevereiro de 2014.
9 788567 783000