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APOSTILA

CURSO DE RECICLAGEM
PARA CONDUTORES
INFRATORES

IBACBRASIL
Curso de Reciclagem para Condutores Infratores – 2018. Todos os direitos
reservados. IbacBrasil – Instituto Base de Conteúdos e Tecnologias Educacionais
Ltda. CNPJ: 05974557000147.
Dados Internacionais para Catalogação na Publicação (CIP)
(Mônica Catani M. de Souza , CRB-9/807, PR, Brasil)

C977 Curso de reciclagem para condutores infratores / Instituto


Instituto Base de Conteúdos e Tecnologias
Educacionais.  Curitiba : IbacBrasil, 2018.

ISBN 978-85-62933-04-2

1. Educação no trânsito. I. Instituto Base de


Conteúdos e Tecnologias Educacionais.

CDU 376
Curso de Reciclagem para Condutores Infratores

Sumário

Núcleo Temático 1 - Atualização em legislação de trânsito...................................................... 09


Unidade de Estudo 1 - O Sistema Nacional de Trânsito – atribuições dos órgãos
normativos, executivos e rodoviários de trânsito ........................................................... 09
Objetivo ............................................................................................................................... 09
Introdução – necessidade de regras para o trânsito .......................................................... 09
Elementos do trânsito ......................................................................................................... 13
Sistema Nacional de Trânsito (SNT) ................................................................................... 14

Unidade de Estudo 2 - Penalidades e crimes de trânsito...................................................... 24

Objetivo ............................................................................................................................... 24
Infrações.............................................................................................................................. 24
Penalidades ........................................................................................................................ 36
Medidas administrativas ..................................................................................................... 45

Unidade de Estudo 3 - Direitos, deveres e responsabilidades do cidadão condutor de


veículos em relação ao trânsito ...................................................................................... 56
Objetivo ............................................................................................................................... 56
O que é cidadania? .............................................................................................................. 56
Educação para o trânsito .................................................................................................... 57
A educação infantil para o trânsito .................................................................................... 58
Comportamento do condutor ............................................................................................. 60
Imprudência, imperícia e negligência ................................................................................ 61
Pedestres e condutores de veículos não motorizados ....................................................... 62

Unidade de Estudo 4 - Segurança e atitudes do condutor, passageiros, pedestres e demais


atores no processo de circulação .................................................................................... 68
Objetivo ............................................................................................................................... 68
Segurança no trânsito ......................................................................................................... 68
Comportamento seguro ou inseguro no trânsito ............................................................... 70

Unidade de Estudo 5 - Formação do condutor, exigências para as categorias de habilitação,


documentos do condutor e do veículo: apresentação e validade ..................................... 75
Objetivo ............................................................................................................................... 75
Habilitação para dirigir ........................................................................................................ 75
Categorias de habilitação ................................................................................................... 76
Requisitos obrigatórios para alteração de categorias C,D e E ............................................ 78
Exames para obtenção da CNH ........................................................................................... 82
Licença de Aprendizagem de Direção Veicular (LADV) ....................................................... 84
Direção veicular .................................................................................................................. 85
Permissão para dirigir ........................................................................................................ 86
Renovação da CNH e exame psicológico ............................................................................ 87
Documentação obrigatória do condutor ........................................................................... 88
Documentação do veículo................................................................................................... 89

Unidade de Estudo 6 - Normas gerais de circulação e conduta ......................................... 96


Objetivo ............................................................................................................................... 96
Trânsito .............................................................................................................................. 96
Classificação das vias .......................................................................................................... 98
Normas Gerais de Circulação e Conduta .......................................................................... 103
Regras para conversões ................................................................................................... 108
Utilização das luzes do veículo em vias públicas .............................................................. 109
Outras regras de segurança .............................................................................................. 110
Condução de veículos por motoristas profissionais ......................................................... 111
Infrações e penalidades referentes ao estacionamento, parada, circulação, documentação
do condutor e do veículo .................................................................................................. 113

Unidade de Estudo 7 - Sinalizações de trânsito.............................................................. 119


Objetivo ............................................................................................................................. 119
Sinalização de trânsito ...................................................................................................... 119
Sinalização vertical ............................................................................................................ 120
Sinalização especial de advertência e indicação ............................................................... 124
Sinalização horizontal........................................................................................................ 126
Características da sinalização horizontal .......................................................................... 126
Dispositivos de sinalização auxiliar ................................................................................... 132
Gestos dos condutores ..................................................................................................... 133
Sinais sonoros.................................................................................................................... 134

Unidade de Estudo 8 - Meio Ambiente.......................................................................... 140


Objetivo ............................................................................................................................. 140
O código de Trânsito Brasileiro (CTB) e o meio ambiente ............................................... 140
Poluição do ar, da água e do solo ..................................................................................... 141
Poluição sonora ................................................................................................................ 142
Poluição atmosférica: emissão de gases e partículas ...................................................... 142
Materiais recicláveis ......................................................................................................... 145

Unidade de Estudo 9 - Elementos poluidores e os cuidados para a conservação dos


veículos ....................................................................................................................... 154
Objetivo ............................................................................................................................. 154
Elementos poluidores dos veículos e os cuidados na sua conservação ............................ 154

Como poluir menos. .......................................................................................................... 155

Outras soluções para a redução da poluição do ar. .......................................................... 158


Os 5 Rs para um trânsito melhor. ...................................................................................... 158

Núcleo Temático 2 - Direção defensiva: abordagens do Código de Trânsito Brasileiro – CTB


para veículos de duas, quatro ou mais rodas .......................................................................... 161
Unidade de Estudo 1 - Conceito de direção defensiva e condições adversas ................... 161
Objetivo ............................................................................................................................. 161
Direção defensiva e motorista defensivo: conceitos e definições .................................... 161
Categorias e elementos da direção defensiva................................................................... 162
Condições adversas ........................................................................................................... 165

Unidade de Estudo 2 - Situações de risco .......................................................................... 175

Objetivo ............................................................................................................................. 175


Situação de risco ............................................................................................................... 175
Situações de risco em ultrapassagens ............................................................................... 176
Situações de risco em derrapagens ................................................................................... 179
Situações de risco em pista irregular ................................................................................ 179
Situações de risco em cruzamentos entre vias ................................................................. 180
Situações de risco em frenagem normal e de emergência ............................................... 181
A diferença entre parar e estacionar................................................................................. 183

Unidade de Estudo 3 - Condução, equipamentos de segurança e manutenção de veículos


.................................................................................................................................... 187
Objetivo ............................................................................................................................. 187
Procedimentos adequados do condutor antes da movimentação de veículos ................ 187
Atitudes do motorista ....................................................................................................... 190
Atitudes do motorista com passageiros............................................................................ 192
Atitudes do motorista com o transporte de cargas .......................................................... 195
Condução de veículos ........................................................................................................ 196
Equipamentos de segurança do condutor ........................................................................ 199
Equipamentos de segurança para pilotagem de motocicletas ......................................... 201
Manutenção do veículo ..................................................................................................... 202

Unidade de Estudo 4 - Como evitar acidentes e quais cuidados devem ser tomados na
direção ........................................................................................................................ 206
Objetivo ............................................................................................................................. 206
Medidas integradas para a prevenção de acidentes no trânsito ...................................... 206
Cuidados na direção .......................................................................................................... 210
Acidentes de trânsito ........................................................................................................ 215

Unidade de Estudo 5 - Estado físico e mental do condutor ............................................ 220


Objetivo ............................................................................................................................. 220
Estado físico e mental do condutor................................................................................... 220
Condições que influenciam o modo de dirigir................................................................... 221
Consumo de bebidas alcoólicas e drogas psicoativas ....................................................... 224

Núcleo Temático 3 - Noções de Primeiros Socorros................................................................ 233


Unidade de Estudo 1 - Sinalização do local do acidente e acionamento de recursos ....... 233
Objetivo ............................................................................................................................. 233
Primeiros socorros no trânsito .......................................................................................... 233
Acidentes de trânsito e omissão de socorro .................................................................... 236
Consequências dos acidentes .......................................................................................... 237
Sinalização do local do acidente ....................................................................................... 238
Acionamento dos recursos: bombeiros, polícia, ambulância, concessionaria da via e
outros ................................................................................................................................ 240
Tipos de acidentes ............................................................................................................ 242
Tipos de socorristas .......................................................................................................... 244

Unidade de Estudo 2 - Verificação das condições gerais da vítima ..................................... 249

Objetivo ............................................................................................................................. 249


Avaliação das condições gerais da vítima de acidente de trânsito ................................... 249
O que são sinais vitais? ..................................................................................................... 250
Avaliação inicial ou primária ............................................................................................. 251
Avaliação secundária......................................................................................................... 253
Compressão cardíaca ........................................................................................................ 255

Unidade de Estudo 3 - Cuidados com ferimento, hemorragias, choque, convulsão,


desmaio, fraturas, queimaduras, intoxicação e choque elétrico ..................................... 258
Objetivo ............................................................................................................................ 258
A função dos primeiros socorros ...................................................................................... 259
Fraturas ............................................................................................................................ 259
Imobilização do Local Fraturado ...................................................................................... 260
Fratura de crânio ............................................................................................................... 264
Fratura do pescoço ou da coluna vertebral ..................................................................... 265
Queimaduras .................................................................................................................... 266
Intoxicação ........................................................................................................................ 268
Choque elétrico ................................................................................................................ 268
Ferimentos abertos e fechados ........................................................................................ 269
Hemorragia ....................................................................................................................... 271
Estado de choque .............................................................................................................. 274
Convulsão ......................................................................................................................... 275
Desmaio ............................................................................................................................ 276
Amputação ....................................................................................................................... 276

Unidade de Estudo 4 - Cuidados com a vítima (o que não fazer) ................................... 279
Objetivo ............................................................................................................................. 279
Ações que devem ser executadas diante da ocorrência de acidentes de trânsito .......... 279
Extintor de incêndio: regras vigentes ............................................................................... 281
Comportamentos inadequados em acidentes de trânsito ............................................... 283
Cuidados para não movimentar a vítima de acidentes .................................................... 284

Núcleo Temático 4 - Relacionamento Interpessoal................................................................. 287


Unidade de Estudo 1 - Cidadania e relacionamento interpessoal ................................... 287
Objetivo ............................................................................................................................. 287
Ser humano: trânsito, cidadania e meio ambiente .......................................................... 287
Indivíduo, grupo e sociedade ........................................................................................... 280
Necessidades do ser humano no convívio social .............................................................. 288
Educação para o trânsito .................................................................................................. 290
Relação indivíduo, via e veículo ........................................................................................ 291
Comunicação no trânsito .................................................................................................. 292
Relacionamento social no trânsito ................................................................................... 294
Comportamento solidário no trânsito .............................................................................. 294

Unidade de Estudo 2 – Características e perfil psicológico do condutor ............................. 296

Objetivo ............................................................................................................................. 296


Características do condutor .............................................................................................. 296
Perfil psicológico do condutor .......................................................................................... 299
Comportamentos do condutor e respeito às normas de trânsito .................................... 301

Unidade de Estudo 3 - Fatores causadores de estresse .................................................. 304


Objetivo ............................................................................................................................. 304
Fatores que influenciam as relações no trânsito .............................................................. 304
Fatores causadores do estresse ....................................................................................... 305
Fatores que podem diminuir o estresse no trânsito......................................................... 307

Unidade de Estudo 4 - Responsabilidade do condutor em relação aos demais atores do


processo de circulação ................................................................................................. 310
Objetivo ............................................................................................................................. 310
Responsabilidade do condutor em relação aos demais atores do processo de circulação
........................................................................................................................................... 310
Deveres e direitos dos motociclistas ................................................................................. 316
Seguro DPVAT ................................................................................................................... 318

Unidade de Estudo 5 - Papel dos agentes da autoridade de trânsito .............................. 321


Objetivo ............................................................................................................................. 321
A fiscalização de trânsito................................................................................................... 321
Quem é o agente da autoridade de trânsito? .................................................................. 322
A função do agente de trânsito ........................................................................................ 316
Infração ............................................................................................................................ 324
Autuação .......................................................................................................................... 324
O papel da Polícia Militar no trânsito ................................................................................ 325
O registro do bom condutor .............................................................................................. 325
Núcleo Temático 1 – Atualização em legislação de trânsito
Unidade de Estudo 1 – Sistema Nacional de Trânsito – atribuições dos
órgãos normativos, executivos e rodoviários de trânsito

Objetivo: compreender a legislação de trânsito como fenômeno de evolução


histórica e as atribuições dos órgãos que constituem o Sistema Nacional de
Trânsito.

Tópicos desta Unidade

• Introdução – necessidade de regras para o trânsito;


• Elementos do trânsito;
• Sistema Nacional de Trânsito (SNT).

Olá! Seja bem-vindo ao Curso de Reciclagem para Condutores


Infratores! Ao realizar esse curso, você ampliará seus
conhecimentos sobre os temas que envolvem o trânsito e a direção
de um veículo, vindo a ter condições de realizar a sua efetiva mudança como
condutor. Neste primeiro Núcleo Temático, vamos apresentar a atualização da
legislação de trânsito e as competências dos órgãos normativos e consultivos,
executivos, rodoviários e de fiscalização que constituem o Sistema Nacional de
Trânsito. Este Núcleo ajudará você a entender como funcionam esses órgãos
que regem nossas regras e condutas. Vamos começar?

Introdução – necessidade de regras para o trânsito

Antes do advento das máquinas, em especial dos automóveis, a locomoção


dos seres humanos era facilitada por cavalos e carroças. Assim que o tráfego
dos automóveis começou a se intensificar, as sinalizações tornaram-se
necessárias, além da instituição de direitos e deveres para os envolvidos nesse
sistema.

9
A invenção do automóvel e sua inserção no dia a dia despertaram a
curiosidade e a paixão das pessoas por meios de locomoção inovadores, o que
fez surgir a necessidade da criação de regras sociais de uso dessas máquinas
em espaços comuns.

O primeiro automóvel foi criado na França, em 1771, pelo francês Nicholas


Cugnot. O mundo jamais seria o mesmo após essa grande invenção! O
veículo automotor chegou ao Brasil no início do século XX
acompanhando o surgimento da industrialização. Acompanhe a evolução.

Primeiro automóvel do mundo Automóvel nos dias atuais

Fonte: Shutterstock/Morphart Creation Freepik

São Paulo recebeu o primeiro carro trazido para o nosso país. Com o tempo e
a inserção dos veículos no cotidiano das cidades, foram criadas regras de
direção e de comportamento adequado nas vias públicas, o que pode ser
constatado no Decreto n. 8.324 de 27 de outubro de 1910, que regulamentava
o transporte de pessoas e mercadorias por automóveis industriais (Brasil,
1910):

“Art. 21. O motorneiro deve estar constantemente


senhor da velocidade de seu veículo, devendo
diminuir a marcha ou mesmo parar o movimento,
todas as vezes que o automóvel possa ser causa
de acidentes.”.

10
Observa-se que as orientações sobre as responsabilidades do condutor (na
época chamado motorneiro) em relação à velocidade obtida pelo veículo
sempre estiveram presentes.

Além do fator velocidade, que propiciou emoção, mas ocasionou muitos


acidentes, ao longo dos anos, o automóvel também se tornou símbolo
de status e de poder.

Desde o início e atualmente, muitos condutores usam seus veículos como


forma de demonstrar a classe social a que pertencem e deixam de exercitar o
que aprenderam durante o processo para obtenção da Carteira Nacional de
Habilitação – CNH.

Esse cenário contribui para o aumento expressivo do número de acidentes de


trânsito com vítimas.

Você sabia?
O primeiro acidente automobilístico no Brasil aconteceu no Rio de
Janeiro, em 1897. Isso mesmo, um Serpollet a vapor, modelo 1891
de propriedade do jornalista José do Patrocínio e dirigido pelo poeta Olavo
Bilac, bateu contra uma árvore quando o veículo estava a 4km/h. Apesar de o
veículo ter ido direto para o ferro velho, nenhum dos ocupantes sofreu
ferimentos graves.

Baseando-nos nesse histórico, é possível considerar a necessidade de


mobilizar a sociedade brasileira para que um novo posicionamento no
trânsito seja adotado. Essa mobilização deve envolver condutores,
passageiros e pedestres, pois é dever de todo cidadão cumprir as normas,
exercitar a educação no trânsito e colaborar para a segurança de todos. Nesse
contexto, a legislação, por sua vez, tem por objetivo garantir a segurança dos
envolvidos no trânsito, seja nas vias ou nos veículos.

A Legislação referente a trânsito no Brasil teve início no período imperial pelo


Decreto n. 720 A, de 24 de outubro de 1850, que tratava da concessão de

11
privilégios para a criação de uma companhia de ônibus. Já o Decreto n. 1031,
de 7 de agosto de 1852, tratava de autorização para construção de estradas e,
em 1953, D. Pedro II aprovou um Código de Posturas que mais tarde se
transformou no Serviço de Trânsito do Estado de Guanabara.
Já no período republicano podemos observar a evolução conforme o resumo a
seguir sobre a história da legislação de trânsito.

Decreto n. 8.324, de 1910

Aprova o regulamento para o serviço subvencionado 1 de transportes por


automóveis. Tinha como finalidade principal a construção de estradas e as
primeiras regras do serviço de transporte por automóvel.

Código Nacional de Trânsito de 1941

O Decreto-Lei n. 2.994, de 28 de janeiro de 1941 foi o primeiro código de


trânsito brasileiro a regulamentar a propriedade, a circulação e as infrações
cometidas pelos condutores. A habilitação era concedida após uma prova nas
repartições de trânsito, sem exigência de curso teórico ou de aulas práticas.
Por meio desse decreto é que foi criado o Conselho Nacional de Trânsito
(Contran). No mesmo ano, o Decreto-Lei n. 3.651, de 25 de setembro de 1941,
revogou o Decreto n. 2.994/1941, mas pouco trouxe de inovação ao texto
anterior.

Código Nacional de Trânsito de 1966

A Lei n. 5.108, de 21 de setembro de 1966, entrou em vigor com apenas 131


artigos. Sob essa lei foram criados os órgãos integrantes da administração de
trânsito, que mais tarde resultaram no Sistema Nacional de Trânsito. Essa lei
que foi regulamentada pelo Poder Executivo no Decreto n. 62.127, de 16 de
janeiro de 1968, que, por meio de 264 artigos e 8 anexos, estabeleceu as

1
Que recebeu algum tipo de auxílio ou ajuda; incentivo governamental.

12
infrações por grupos de 1 a 4, trouxe as regras para recursos, e as definições e
conceitos passaram a integrar o anexo e não mais o corpo da lei.
Em 1968, o Brasil participou da Convenção de Viena sobre Trânsito Viário
assinando, naquela ocasião, regras de uniformização do trânsito em nível
internacional. Essas regras passaram a vigorar no Brasil pelo Decreto n.
86.714, de 10 de dezembro de 1981.

Código de Trânsito Brasileiro de 1997

Oriundo do Projeto de Lei n. 3.710 de 1993, este código tramitou pelo


Congresso Nacional por 4 anos, sendo sancionado pelo Presidente em 23 de
setembro de 1997 com 341 artigos, dos quais 17 foram vetados. Por essa lei se
tornaram obrigatórios os cursos de formação e atualização de condutores,
foram instituídos os crimes específicos de trânsito, ocorreu a mudança de
grupo de infrações para natureza da infração e a reestruturação do Sistema
Nacional de Trânsito, entre outras inovações.

Até a presente data, já ocorreram 40 alterações no Código de Trânsito


Brasileiro que trouxeram diversas modificações substanciais ao longo dos
anos.

Elementos do trânsito

O trânsito é composto por tudo o que envolve a circulação nas vias: pessoas,
veículos ou animais, de maneira isolada ou em grupos, para operações de
carga, descarga, circulação e estacionamento. Conheça os elementos
essenciais do trânsito e as especificidades de cada um:

O ser humano

O ser humano pode ter muitas reações no trânsito. O comportamento do


condutor, do passageiro ou do pedestre reflete sua educação e formação
humana desde a infância. Pessoas com maior flexibilidade e capacidade de

13
aceitar normas se comprometem mais com as regras; já pessoas com
ansiedade e medo podem colocar em risco a própria segurança e a de outras
pessoas, além da predisposição para cometer infrações e provocar acidentes.
Vale lembrar que a ética faz do homem um ser capaz de se adaptar às regras e
de cumpri-las, tornando o ambiente social mais seguro e confortável para todos
os envolvidos. O conhecimento das leis de trânsito, o controle das situações e
o reconhecimento de riscos dependem diretamente do comportamento do
usuário do trânsito.

O veículo

Criado para transportar pessoas e cargas, os veículos atendem à necessidade


de ir e vir dos usuários. É considerado veículo todo meio de transporte que tem
capacidade de se locomover por meio de impulso produzido por motor,
combustão interna, eletricidade, que se move por si mesmo, tração animal,
reboque e semirreboque. Os veículos classificam-se em automóvel,
motocicleta, motoneta, bicicleta, carroça, carro de mão, entre outros.

A via

Superfície em que ocorre o fluxo de trânsito. Além da pista de rolamento, a via


compreende calçadas, acostamentos, ilhas e canteiros.

Sistema Nacional de Trânsito (SNT)

O Sistema Nacional de Trânsito (SNT) é o conjunto de órgãos e entidades


de trânsito com caráter normativo/consultivo ou executivo, pertencente à
União, aos Estados, Distrito Federal e Municípios, que se integram, com a
finalidade de exercício das seguintes atividades:

• planejamento;
• administração;
• normatização;
• pesquisa;
• registro e licenciamento de veículos;
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• formação;
• habilitação e reciclagem dos condutores;
• educação;
• engenharia;
• operação do sistema viário;
• policiamento;
• fiscalização;
• julgamento de infrações e de recursos e aplicação de penalidade.

A coordenação máxima do Sistema Nacional de Trânsito é exercida pelo


Ministério da Infraestrutura, conforme Decreto n. 10.368/2020 2. O SNT,
formado por órgãos e entidades da União, dos estados e Distrito Federal e dos
municípios, tem por objetivo estabelecer as diretrizes da Política Nacional de
Trânsito.

O Conselho Nacional de Trânsito – Contran é o órgão máximo do Sistema


Nacional de Trânsito que atua normativa e consultivamente e sua atuação é
regida pela Resolução n. 820/21 do Contran.

A segurança, o fluxo, o conforto, a defesa ambiental, a educação para o


trânsito e a fiscalização são de competência do SNT. Conforme o art. 5.º do
Código de Trânsito Brasileiro – CTB (Brasil, 1997), é ele que estabelece:

• Atividades de planejamento, administração, normatização e pesquisa;


• Registro e licenciamento de veículos;
• Formação, habilitação e reciclagem de condutores;
• Educação e engenharia de tráfego;
• Operação do sistema viário;
• Policiamento;
• Fiscalização;
• Julgamento de infrações e de recursos;
• Aplicação de penalidades.

2
https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/decreto-n-10.368-de-22-de-maio-de-2020-258114524

15
Conforme o art. 6.º do CTB, o SNT tem como objetivos gerais:
“I – Estabelecer diretrizes da Política Nacional de
Trânsito, com vistas à segurança, à fluidez, ao conforto, à
defesa ambiental e à educação para o trânsito, e fiscalizar
seu cumprimento.
II – Fixar, mediante normas e procedimentos, a
padronização de critérios técnicos, financeiros e
administrativos para a execução das atividades de
trânsito.
III – Estabelecer a sistemática de fluxos permanentes de
informações entre os seus diversos órgãos e entidades, a
fim de facilitar o processo decisório e a integração do
Sistema.”
Brasil, 1997

O objetivo do Sistema Nacional de Trânsito – SNT é implantar uma política em


todo o território nacional, com regras, para atender à segurança, fluidez,
conforto e educação no trânsito (Lei 14.071/20).

O SNT padroniza os critérios técnicos, financeiros e administrativos, fixando


normas comuns em todos os Estados para a execução das atividades de
trânsito além de estabelecer canais de comunicação entre órgãos e entidades
que compõe o SNT.
Os órgãos são divididos de acordo com a sua competência, conforme vemos a
seguir:
Órgãos normativos e consultivos
São os responsáveis por regulamentar e coordenar as normas de trânsito. Há órgãos nas
esferas federal e estadual.
Órgãos executivos
Cabe aos órgãos executivos de trânsito fazer cumprir a legislação e as normas de trânsito.
Há órgãos executivos nas esferas federal, estadual e municipal.

A seguir, os órgãos e as entidades que compõem o SNT, conforme art. 7.º do


CTB (Brasil,1997):

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“I - o Conselho Nacional de Trânsito – CONTRAN,
coordenador do Sistema e órgão máximo normativo e
consultivo;
II - os Conselhos Estaduais de Trânsito – CETRAN e
o Conselho de Trânsito do Distrito Federal -
CONTRANDIFE, órgãos normativos, consultivos e
coordenadores;
III - os órgãos e entidades executivos de trânsito da
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios;
IV - os órgãos e entidades executivos rodoviários da
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios;
V - a Polícia Rodoviária Federal;
VI - as Polícias Militares dos Estados e do Distrito
Federal; e
VII - as Juntas Administrativas de Recursos de
Infrações - JARI.”
Brasil, 1997

Todo cidadão precisa saber como funciona o Sistema Nacional de Trânsito. No


quadro a seguir, observe com atenção sua organização e suas atribuições.

Quadro 1 – Órgãos e as entidades que compõem o SNT


Órgãos Normativo / Consultivo
CONTRAN É o órgão máximo do SNT e sua função principal é
estabelecer normas regulamentares para o CTB e
diretrizes para a Política Nacional de Trânsito. Esse órgão
também é responsável pela coordenação dos órgãos do
SNT.
CETRAN É o órgão responsável pelo SNT na esfera estadual. Cada
estado do Brasil dever ter um Cetran, que tem caráter
normativo e consultivo dentro de sua circunscrição.
CONTRANDIFE Sua competência está restrita apenas ao Distrito Federal.
Assim como ocorre nos estados, também é normativo e

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consultivo.
Órgãos Executivos
SENATRAN Anteriormente conhecido como Denatran até que o
Decreto 10788/21 elevou ao patamar de Secretaria
Nacional de Trânsito (Senatran). Atua como secretário
executivo do Contran, é responsável por supervisionar,
coordenar, controlar e fiscalizar a execução da Política do
Programa Nacional de Trânsito. Os Departamentos
Estaduais de Trânsito (Detran) estão sob a circunscrição
desse órgão. Nos casos em que o Detran apresenta
deficiências técnicas ou dificuldades operacionais que
impedem a prestação de serviços corretamente, o
Senatran atua como órgão corregedor. Brasília – DF é sua
cidade-sede, porém sua área de atuação abrange todo o
território nacional.
DNIT É um órgão executivo rodoviário que realiza atividades
associadas à construção, manutenção e à operação da
infraestrutura dos segmentos do Sistema Federal de
Viação (SFV) sob a administração direta da União nos
modais: rodoviário, ferroviário e aquaviário.
POLÍCIA É o órgão responsável pela supervisão das rodovias e das
RODOVIÁRIA estradas federais e pela fiscalização do cumprimento às
FEDERAL normas de trânsito por parte dos condutores. Tais
atividades são realizadas por meio de patrulhamento
ostensivo nas rodovias federais.
DETRAN É uma entidade executiva de trânsito dos estados. Há uma
em cada capital brasileira. Cabe ao Detran a
administração e o controle do registro da frota de veículos
no estado, além de ser o responsável por realizar o
emplacamento, por verificar os itens de segurança
obrigatórios dos veículos automotores e também pela
realização, fiscalização e controle do processo de
formação, de aperfeiçoamento, de reciclagem e de

18
suspensão de condutores, além de expedir ou cassar a
Licença de Aprendizagem, Permissão para Dirigir e
Carteira Nacional de Habilitação.
DER A atribuição desse departamento é executar o programa
rodoviário de acordo com diretrizes gerais e específicas
que regem a ação governamental na esfera estadual.
Também é sua função programar, executar e controlar
todos os serviços técnicos e administrativos concernentes
a estudos, projetos, obras, conservação, operação e
administração das estradas e obras de artes rodoviárias
compreendidas no Plano Rodoviário Estadual, nos planos
complementares e nos programas anuais especiais
definidos pela Secretária de Infraestrutura e Logística.
POLÍCIA MILITAR Entre as diversas responsabilidades, as polícias militares
dos estados e do Distrito Federal têm como dever
“fiscalizar o trânsito, quando e conforme convênio firmado,
como agente do órgão ou entidade executiva de trânsito
ou executivos rodoviários, concomitantemente com os
demais credenciados” (Brasil, 1997).
DEPARTAMENTO Cada município deve dispor de um órgão responsável por
DE TRÂNSITO fiscalizar o trânsito no âmbito de sua circunscrição
DOS cabendo a eles o planejamento, a regulamentação e
MUNICÍPIOS operação do trânsito de veículos, de pedestres e de
animais.
JARI Esse órgão funciona junto a cada um dos organismos que
realizam fiscalização, autuação e aplicação de
penalidades, e cabe a ele julgar os recursos contrários às
penalidades aplicadas pelos órgãos executivos ou
rodoviários. Contra decisões de uma JARI cabe recurso ao
Cetran ou Colegiado a depender da esfera do órgão
executivo que fez a autuação.

Além das atribuições dos órgãos normativos e executivos no Sistema Nacional


de Trânsito, temos as Câmaras Temáticas, que são órgãos técnicos

19
vinculados ao Conselho Nacional de Trânsito – Contran, as quais têm
como objetivo estudar e oferecer sugestões e embasamento técnico sobre
assuntos específicos para decisões do Conselho nos termos do art. 13 do
Código de Trânsito Brasileiro (CTB).

Atualmente, há cinco Câmaras, conforme regimento interno aprovado pela


Resolução Contran n. 777/19:

I. Assuntos Veiculares e Ambientais (CTAV);


II. Educação e Saúde para o Trânsito (CTES);
III. Engenharia de Tráfego e Sinalização de Trânsito (CTET);
IV. Esforço Legal (CTEL);
V. Transporte Rodoviário (CTTR).

Clique aqui 3 e conheça o Regimento Interno das Câmaras Temáticas.

Cada Câmara é constituída por especialistas representantes de órgãos e


entidades executivos da União, dos estados e do Distrito Federal e dos
municípios, em igual número, pertencentes ao Sistema Nacional de Trânsito,
além de especialistas representantes dos diversos segmentos da sociedade
relacionados com o trânsito, todos indicados segundo regimento específico
definido pelo Contran e designados pelo ministro ou dirigente coordenador
máximo do Sistema Nacional de Trânsito.

A coordenação das Câmaras Temáticas será exercida por representantes do


órgão máximo executivo de trânsito da União ou dos Ministérios representados
no Contran, conforme definido no ato de criação de cada Câmara Temática.

As Ciretrans (circunscrições regionais de trânsito) funcionam como se fossem


filiais do Detran nos municípios do interior e sua existência se remete ao antigo
Código nacional de Trânsito (CNT) (art. 3º), com regras de criação
estabelecidas pela Resolução do Contran n. 379/67 (atualmente revogada).

3
https://www.gov.br/infraestrutura/pt-br/assuntos/transito/conteudo-
contran/resolucoes/resolucao7772019.pdf

20
Em razão da revogação da resolução do Contran n. 379/67, restou a cada
Estado fazer a própria normatização e organização em sua estrutura
administrativa.
No Estado do Paraná, por exemplo, a Ciretran está regulamentada pelo
Decreto Estadual n. 4.662, de 19 de julho de 2016. Em São Paulo, as Ciretrans
funcionam integradas ao “Poupatempo 4”. Em Santa Catarina, está vinculado à
estrutura da Polícia Civil. Ou seja, cada estado estabeleceu regra própria para
que a prestação dos serviços com relação aos veículos ou condutores seja
realizada o mais próximo da população.

Para conhecer a Composição do Contran e as competências dos órgãos do


SNT, acesse o CTB, Lei n. 9.503/1997 5, atualizado pela Lei n. 14.071/2020, e
leia os seguintes artigos:

• Art. 10: Composição do Contran;

• Art. 12: Competências do Contran;


• Art. 13: Objetivos das Câmaras Temáticas e órgãos técnicos vinculados
ao Contran;
• Art. 14: Competências dos Cetran e Contrandife;
• Art. 17: Competências das Jari;
• Art. 19: Competências do órgão máximo executivo da União;
• Art. 20: Competências da Polícia Rodoviária Federal e suas jurisdições;
• Art. 21: Competências dos órgãos e entidades executivos rodoviários da
União;
• Art. 22: Competências dos órgãos e entidades executivos de trânsito da
União;
• Art. 23: Competências das Polícias Militares dos Estados e Distrito
Federal;
• Art. 24: Competências dos órgãos e entidades executivos de trânsito dos
municípios em sua jurisdição;

4
Programa que busca facilitar o acesso do cidadão às informações de todos os serviços
públicos no estado de São Paulo.

5
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2020/Lei/L14071.htm

21
• Art. 25: Distribuição de atividades pelos órgãos e entidades executivos
do SNT.

Nesta Unidade de Estudo, discorremos sobre os elementos do


trânsito, fizemos uma breve explicação sobre o histórico da
legislação no Brasil e apresentamos os órgãos responsáveis pelo
trânsito. Agora, realize os exercícios para melhor fixar o conteúdo e até a
próxima Unidade!

Referências

BRASIL. Decreto n. 8.324, de 27 de outubro de 1910. Aprova o regulamento


para o serviço subvencionado de transportes por automóveis. Diário Oficial da
União, Poder Legislativo, Rio de Janeiro, 23 nov. 1910. Disponível em:
<https://bit.ly/38xdkpV>. Acesso em: 6 mar. 2021.

_____. Lei n. 9.503, de 23 de setembro de 1997. Institui o Código de Trânsito


Brasileiro. Diário Oficial da União, Brasília, 24 set. 1997. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9503.htm>. Acesso em: 6 out. 2021.

_____. Lei n. 14.071, de 13 de outubro de 2020. Altera a Lei n. 9.503, de 23 de


setembro de 1997 (Código de Trânsito Brasileiro), para modificar a composição
do Conselho Nacional de Trânsito e ampliar o prazo de validade das
habilitações; e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, 14
out. 2020. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-
2022/2020/Lei/L14071.htm>. Acesso em: 6 out. 2021.

_____. Decreto n. 10.788, de 6 de setembro de 2021. Aprova a Estrutura


Regimental e o Quadro Demonstrativo dos Cargos em Comissão e das
Funções de Confiança do Ministério da Infraestrutura, remaneja e transforma
cargos em comissão e funções de confiança e altera o Decreto n. 9.660, 1º de
janeiro de 2019. Diário Oficial da União, Brasília, 8 set. 2021. Disponível em:
<https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/decreto-n-10.788-de-6-de-setembro-de-
2021-343294011>. Acesso em: 22 set. 2021.

BRASIL. Ministério das Cidades. CONTRAN – Conselho Nacional de Trânsito.


Resolução Contran n. 357, de 2 de agosto de 2010. Estabelece diretrizes para

22
elaboração do Regimento Interno das Juntas Administrativas de Recursos de
Infrações – JARI. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 5
ago. 2010. Disponível em: <https://www.gov.br/infraestrutura/pt-
br/assuntos/transito/conteudo-
contran/resolucoes/resolucao_contran_357_10.pdf>. Acesso em: 6 out. 2021.

BRASIL. Ministério das Cidades. Departamento Nacional de Trânsito. Conselho


Nacional de Trânsito. 100 anos de Legislação de Trânsito no Brasil: 1910 –
2010. Brasília: Ministério das Cidades, 2010. Disponível em:
<https://www.sinaldetransito.com.br/artigos/100_anos_de_legislacao_de_transit
o.pdf >. Acesso em: 6 out. 2021.

ITT – INSTITUTO TECNOLÓGICO DE TRANSPORTE E TRÂNSITO


(Coord.). Capacitação de Recursos Humanos. Apostila do Curso de
Formação de Instrutor de Trânsito. Módulo IV. Parte A. Legislação de Trânsito.
Curso a distância. Versão 10.10.01. Curitiba: ITT, 2001.

23
Núcleo Temático 1 – Atualização em legislação de trânsito
Unidade de Estudo 2 – Penalidades e crimes de trânsito

Objetivo: conhecer as infrações e os crimes que ocorrem no trânsito e as


respectivas penalidades para quem comete esses atos.

Tópicos desta Unidade

• Infrações;
• Penalidades;
• Medidas administrativas;
• Crimes de trânsito;
• Processos administrativos.

Olá! Continuando nossos estudos sobre atualização em legislação


de trânsito, nesta unidade abordaremos as penalidades, as
medidas administrativas, os crimes de trânsito e o processo
administrativo para esses casos, de acordo com as determinações do Código
de Trânsito Brasileiro (CTB). Para iniciar, vamos relembrar o conceito de
infração de trânsito.

Infrações

De acordo com o art. 161 do CTB, a Lei n. 9.503, de 23 de setembro de 1997,


com redação dada pela Lei n. 14.071, de 13 de outubro de 2020, infração de
trânsito é:

“a inobservância de qualquer preceito deste Código ou da


legislação complementar, e o infrator sujeita-se às
penalidades e às medidas administrativas indicadas em
cada artigo deste Capítulo e às punições previstas no
Capítulo XIX deste Código.”
Brasil, 1997

24
Portanto, é importante conhecer a legislação, acompanhar regularmente
atualizações e ficar atento à sinalização e ao trânsito de modo geral. Todo o
condutor que não cumprir as normas definidas pela legislação estará sujeito a
uma infração de trânsito.

Você sabe qual é o órgão que regulamenta os procedimentos para


a fiscalização das infrações e aplicação das penalidades e medidas
administrativas a elas atribuídas?

É o Conselho Nacional de Trânsito (Contran), que cria mecanismos para a


regulamentação das infrações e as respectivas penalidades.

Para comprovar uma infração, as autoridades de trânsito ou os agentes podem


utilizar aparelhos eletrônicos ou audiovisuais, aparelhos que produzem reações
químicas e outros meios tecnológicos disponíveis. Além disso, a palavra do
agente da autoridade de trânsito apresenta o princípio de presunção de
veracidade, sendo passível de contestação por meio de recurso.

E por falar em infrações, você sabe quais foram as normas de


trânsito alteradas nos últimos anos?
Então, confira as mudanças:

Álcool

A primeira alteração do código ocorreu em razão da Medida Provisória n.


415/08, de origem do executivo federal, que pretendia proibir a venda de
bebidas alcoólicas em rodovias federais e ao passar pelo Congresso Nacional
sofreu modificações, transformando-se na Lei n. 11705/08, conhecida como Lei
Seca.

Todavia, essa lei foi questionada quanto à sua constitucionalidade junto ao


Supremo Tribunal Federal, vindo a ter alguns dispositivos anulados.

25
Em resposta, o Congresso Nacional promoveu a alteração pela Lei n.
12.760/2012 trazendo novas regras com detalhes sobre a verificação da
irregularidade por parte do agente de trânsito.
É importante ter ciência das normas para que possamos respeitá-las conforme
o Código de Trânsito determina.
A penalidade para a infração de alcoolemia continua sendo gravíssima,
gerando 12 meses de suspensão da CNH.
A seguir, veja as modificações na legislação de trânsito com relação ao álcool:

Quadro 1 – Alterações legislativas – ingestão de álcool por condutores


de veículos
Lei Limite de álcool Infração Crime
Lei n. 9.503/97 Igual ou superior Multa de R$ Conduzir veículo
(CTB) a 6 dg/l de álcool 955,00 (infração sob influência de
por litro de gravíssima álcool expondo
sangue ou multiplicada por outros a perigo.
0,3mg/l de álcool 5) e suspensão Pena de 6 meses
por litro de ar da CNH por 12 a 3 anos de
alveolar expirado meses. detenção.
(exame feito pelo
bafômetro).
Lei n. 11.705/08 Qualquer Multa de R$ Caracteriza-se
concentração de 955,00 (infração crime se a
álcool é infração gravíssima concentração de
de trânsito, mas multiplicada por álcool no sangue
com tolerância de 5) e suspensão for igual ou acima
2 dg/l de álcool da CNH por 12 de 0,6 dg/l de
por litro de meses. Multa em álcool por litro de
sangue (exame dobro na sangue.
de sangue) e 0,1 reincidência no
mg/l de álcool por período de 1 ano.
litro de ar (exame
no bafômetro).

26
Lei n.12.760/12 Qualquer Multa de R$ Além do exame
concentração de 1915,00 (infração clínico,
álcool é infração, gravíssima acrescenta-se
sem tolerância multiplicada por prova
(descontada a 10) e suspensão testemunhal ou
margem de erro da CNH por 12 imagens
do aparelho). meses. Multa em (foto/vídeo) de
dobro na sinais de
reincidência no alteração da
período de 1 ano. capacidade
Lei n. 13.281/16 A multa sobe motora. Pena de
para R$ 2.934,70 6 meses a 3 anos
pelo aumento de prisão.
Lei n. 13.546/17 geral dos valores. Altera a punição
Esta Lei para o condutor
13.281/16 embriagado que
também cria a causar homicídio
infração da culposo (prisão
recusa em se de 5 anos a 8
submeter aos anos) ou lesão
testes conforme o corporal culposa
art. 277, (prisão de 3 a 5
aplicando a anos).
Lei n. 14.071/20 punição de Proibição de
suspensão por 12 conversão da
meses e a multa pena privativa de
de R$ 2.934,70. liberdade pela
restritiva de
direitos (penas
alternativas).

Logo, na fiscalização com o etilômetro (conhecido como bafômetro) será


passível de infração se constatado no equipamento um teor de álcool superior

27
a 0,05 mg/l de ar alveolar até 0,33 mg/l. Já o crime se caracterizará pelo teor
de álcool igual ou superior a 0,34 mg/l ar alveolar.

A combinação de direção + álcool, além de implicar penalidades estabelecidas


pelo Código de Trânsito, pode causar diversos riscos aos usuários da via.

Farol baixo

Estabelecida pela Lei n. 13.290/16, a obrigatoriedade do farol baixo nas


rodovias durante o dia gerou diversas dúvidas e aplicação de penalidades a
condutores que nem sabiam qual é a forma correta de proceder.
No entanto, em 2020 a Lei n. 14.071 trouxe a obrigatoriedade do farol baixo,
estabelecendo outros critérios. Confira, no quadro comparativo a seguir, o que
determina a legislação:

Quadro 2 – Alterações legislativas – uso do farol baixo


Antes da Lei n. Depois da Lei n. Depois da Lei n.
13.290/16 13.290/16 14.071/20
Art. 40. O uso de luzes Art. 40. O uso de luzes Art. 40. O uso de luzes em
em veículo obedecerá às em veículo obedecerá veículo obedecerá às
seguintes às seguintes seguintes determinações:
determinações: determinações: I - o condutor manterá
I - o condutor manterá acesos os faróis do
I - o condutor manterá acesos os faróis do veículo, por meio da
acesos os faróis do veículo, utilizando luz utilização da luz baixa:
veículo, utilizando luz baixa, durante a noite a) à noite;
baixa, durante a noite e e durante o dia nos b) mesmo durante o dia,
durante o dia nos túneis túneis providos de em túneis e sob chuva,
providos de iluminação iluminação pública e neblina ou cerração;
pública; nas rodovias; [...]
[...] IV – (revogado);
Parágrafo único. Os [...]
veículos de transporte § 1º Os veículos de
coletivo regular de transporte coletivo de
passageiros, quando passageiros, quando
circularem em faixas circularem em faixas ou
próprias a eles pistas a eles destinadas, e
destinadas, e os ciclos as motocicletas,
motorizados deverão motonetas e ciclomotores
utilizar-se de farol de luz deverão utilizar-se de farol
baixa durante o dia e a de luz baixa durante o dia
noite. e à noite.
§ 2º Os veículos que não

28
dispuserem de luzes de
rodagem diurna deverão
manter acesos os faróis
nas rodovias de pista
simples situadas fora dos
perímetros urbanos,
mesmo durante o dia.

Art. 250. Quando o Art. 250. Quando o Art. 250. Quando o veículo
veículo estiver em veículo estiver em estiver em movimento:
movimento: movimento: I - deixar de manter acesa
I - deixar de manter I - deixar de manter a luz baixa:
acesa a luz baixa: acesa a luz baixa: b) de dia, em túneis e sob
a) durante a noite; a) durante a noite; chuva, neblina ou
b) de dia, nos túneis b) de dia, nos túneis cerração;
providos de iluminação providos de iluminação c) de dia, no caso de
pública; pública e nas rodovias; veículos de transporte
c) de dia e de noite, [...] coletivo de passageiros
tratando-se de veículo de em circulação em faixas
transporte coletivo de Infração - média; ou pistas a eles
passageiros, circulando Penalidade - multa. destinadas;
em faixas ou pistas a d) de dia, no caso de
eles destinadas; motocicletas, motonetas e
d) de dia e de noite. ciclomotores;
tratando-se de e) de dia, em rodovias de
ciclomotores; pista simples situadas fora
[...] dos perímetros urbanos,
no caso de veículos
Infração - média; desprovidos de luzes de
Penalidade - multa. rodagem diurna;
II - (revogado);
[...]

Infração - média;
Penalidade - multa.

Fique Atento!
As motocicletas, motonetas e ciclomotores deverão utilizar-se de
farol de luz baixa durante o dia e à noite, independentemente da
via em que estiverem circulando sob pena de praticarem infração
de natureza média.

Caso seu veículo tenha sido fabricado com as luzes de rodagem diurna (DRL),
estará dispensado de manter aceso o farol baixo tendo em vista que esse
dispositivo DRL acende automaticamente quando o veículo é ligado.

29
Som alto

Usar no veículo equipamento com som em volume ou frequência não


autorizados pelo Contran é uma infração.

A Resolução n. 204 determinava a medição da frequência do som pelo


decibelímetro e a classificação dos níveis era feita por uma tabela balizadora.

Todavia, em 2016 o entendimento do Conselho Nacional de Trânsito mudou,


retirando a obrigatoriedade de medição por decibelímetro e estipulando critério
subjetivo para o agente verificar a infração.

A Resolução n. 624/16, em seu art. 1º, estabelece:

“fica proibida a utilização, em veículos de qualquer


espécie, de equipamento que produza som audível pelo
lado externo, independentemente do volume ou
frequência, que perturbe o sossego público, nas vias
terrestres abertas à circulação.”
Brasil, 2016c

Logo, não se faz necessária medição. Basta que o agente constate que é
audível na parte externa do veículo e que perturbe o sossego público para se
configurar a infração que é de natureza grave.

Mas essa resolução estabeleceu algumas exceções que valem para:

• ruídos produzidos por buzinas;


• alarmes;
• sinalizadores de marcha à ré;
• sirenes;
• outros componentes obrigatórios do próprio veículo.

30
Também não serão multados pelo som excessivo os carros de som utilizados
para publicidade, entretenimento e comunicação, e veículos de competição,
desde que estejam autorizados pelo órgão de trânsito.

Validade da Carteira Nacional de Habilitação

A Lei n. 14.071/20 determinou a ampliação da validade da CNH. Os exames


médicos que regulam a validade da CNH realizados a partir de 12 de abril de
2021 já contaram com a ampliação dos prazos.

Quadro 3 – Alteração legislativa – validade da CNH


Antes da Lei 14.071/20 Depois da Lei 14.071/20
Condutor com até 65 anos de idade Condutor com até 50 anos de idade – até
– até 5 anos de validade. 10 anos de validade.
Condutor com mais de 65 anos de Condutor de 50 a 70 anos de idade – até
idade – até 3 anos de validade. 5 anos de validade.
Condutor com 70 ou mais anos de idade
– até 3 anos de validade.

Vale lembrar que tanto antes da Lei n. 14071/20 quanto depois dela, a validade
continua sendo conforme determinação do médico perito que poderá reduzir o
tempo caso constate situações que possam diminuir a capacidade para
conduzir o veículo.

Curso de Reciclagem Preventivo

Uma inovação, introduzida pela Lei n. 13.281/16, foi a previsão do condutor se


submeter a curso de reciclagem preventivo caso exerça atividade remunerada
(EAR).

Quando a Lei n. 13.281/16 inseriu os parágrafos 5º a 7º no art. 261 do Código


de Trânsito Brasileiro, estabeleceu que os condutores de categoria C, D ou E

31
que tivessem EAR na CNH poderiam participar de curso de reciclagem
preventivo sempre que atingissem 14 pontos e não ultrapassassem 19 pontos.

Com a entrada da Lei n. 14.071/20, ocorreu uma alteração nos requisitos para
o Curso de Reciclagem Preventivo, qual seja:

• poderá ser feito por condutor de qualquer categoria de CNH, desde que
tenha EAR em seu prontuário; e
• tenha atingido 30 pontos nos últimos 12 meses e não tenha
ultrapassado 39 pontos.

Após a realização do curso, os pontos atribuídos são eliminados. Todavia, a


opção por novo curso só pode acontecer depois de 12 meses da certificação
do curso anterior.

Exame toxicológico

A obrigatoriedade desse exame foi inserida no Código de Trânsito Brasileiro


pela Lei n. 13.103/15, que regulamentou o exercício da profissão de motorista
(Brasil, 2015).

O entendimento do legislador era a busca por qualidade de vida e segurança


para os motoristas, além de reduzir os acidentes ou sinistros de trânsito.

Fixou-se a obrigatoriedade do exame para adição ou renovação das categorias


C, D ou E e teste intermediário em 2 anos e 6 meses para CNH com 5 anos de
validade ou 1 ano e 6 meses para CNH com 3 anos de validade.

Todavia, não houve a determinação de punição caso houvesse o


descumprimento da regra, ficando o motorista apenas impedido de renovar
caso não realizasse o exame toxicológico.

Com a Lei n. 14.071/20, o legislador pretendeu estabelecer a punição pela não


realização dos exames intermediários no art. 165-B.

32
Logo, a exigência passou a ocorrer na renovação ou inclusão de categoria C, D
ou E e a cada 2 anos e 6 meses independentemente da validade da CNH para
condutores até 70 anos. Após completar 70 anos, o exame toxicológico
somente será exigido por ocasião da renovação ou inclusão da categoria.

Veja como fica a regra:

Quadro 4 – Comparativo sobre exame toxicológico


Categoria C, D ou E Sem EAR Com EAR
Validade da CNH – 10 - exame na renovação - exame na renovação
anos ou inclusão; ou inclusão;
- repetição com 2 anos e - repetição com 2 anos e
6 meses*; 6 meses**;
- repetição com 5 anos*; - repetição com 5
e anos**; e
- repetição com 7 anos e - repetição com 7 anos e
meio*. meio**.
Infração se flagrado Infração se flagrado
conduzindo com exame conduzindo com exame
intermediário vencido. intermediário vencido.
Validade da CNH – 5 - Exame na renovação - Exame na renovação
anos ou inclusão; e ou inclusão; e
- repetição com 2 anos e - repetição com 2 anos e
6 meses*; 6 meses**;
Infração se flagrado Infração se flagrado
conduzindo com exame conduzindo com exame
intermediário vencido. intermediário vencido.
Validade da CNH – 3 Somente na renovação Somente na renovação
anos ou inclusão de ou inclusão de
categoria. categoria.
* dispensados os exames intermediários se estiver conduzindo apenas categoria A ou B.
** infração do parágrafo único. No momento da renovação se não realizou um dos exames
intermediários independentemente se conduziu veículos de categoria C, D ou E.

33
Uso de aparelho celular ao dirigir

A redação anterior à Lei 13.281/16 não estabelecia especificamente a infração


pelo uso do celular, tratando de forma genérica a retirada de uma das mãos do
volante como infração (excetuando-se as condutas previstas do inciso V).
Vejamos:
“Art. 252. Dirigir o veículo:
[...]
V - com apenas uma das mãos, exceto quando deva fazer
sinais regulamentares de braço, mudar a marcha do
veículo, ou acionar equipamentos e acessórios do veículo;
VI - utilizando-se de fones nos ouvidos conectados a
aparelhagem sonora ou de telefone celular;
Infração - média;
Penalidade - multa.”
Brasil, 1997

Com a alteração implementada pela Lei n. 13.281/16, foi criado o parágrafo


único estabelecendo que:

“Parágrafo único. A hipótese prevista no inciso V


caracterizar-se-á como infração gravíssima no caso de o
condutor estar segurando ou manuseando telefone
celular.”
Brasil, 1997
Logo, conduzir o veículo segurando ou manuseando telefone celular é infração
gravíssima, punida com multa de R$ 293,47 e 7 pontos na habilitação.

Ciclovia e ciclofaixa

De acordo com a Lei n. 14.071/20, parar o veículo sobre ciclovia ou ciclofaixa


também é uma infração.
Até então só havia a previsão de infração por estacionar sobre a ciclovia ou
ciclofaixa no art. 181, VIII 1.

1
VIII - no passeio ou sobre faixa destinada a pedestre, sobre ciclovia ou ciclofaixa, bem como nas ilhas, refúgios, ao
lado ou sobre canteiros centrais, divisores de pista de rolamento, marcas de canalização, gramados ou jardim público:
Infração - grave;
Penalidade - multa;

34
Agora, estacionar nesses casos significa cometer infração média com multa e 4
pontos no prontuário; já se parar nessas condições, a infração será grave com
multa e 5 pontos no prontuário.

Fique atento!
“Art. 182. Parar o veículo:
[...]
XI - sobre ciclovia ou ciclofaixa:
Infração – grave;
Penalidade - multa.”
Brasil, 1997

Quer conferir na íntegra todas essas redações?

• Lei n. 12.760, de 20 de dezembro de 2012 2.


• Lei n. 12.971, de 9 de maio de 2014 3.
• Lei n. 13.103/15, de 2 de março de 2015 4.
• Lei n. 13.290, de 23 de maio de 2016 5.
• Resolução n. 624, de 19 de outubro de 2016 6.
• Lei n. 13.546, de 19 de dezembro de 2017 7.
• Lei n. 14.071, de 13 de outubro de 2020 8.

2
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-
2014/2012/lei/l12760.htm#:~:text=Altera%20a%20Lei%20n%C2%BA%209.503,eu%20sanciono%20a%
20seguinte%20Lei%3A&text=270%20da%20Lei%20n%C2%BA%209.503,do%20C%C3%B3digo%20d
e%20Tr%C3%A2nsito%20Brasileiro.
3
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-
2014/2014/lei/l12971.htm#:~:text=LEI%20N%C2%BA%2012.971%2C%20DE%209%20DE%20MAIO
%20DE%202014.&text=Altera%20os%20arts.,administrativas%20e%20crimes%20de%20tr%C3%A2nsi
to.
4
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13103.htm
5
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-
2018/2016/Lei/L13290.htm#:~:text=Torna%20obrigat%C3%B3rio%20o%20uso%2C%20nas,Art.
6
https://www.legisweb.com.br/legislacao/?id=330053#:~:text=Resolve%3A,vias%20terrestres%20abert
as%20%C3%A0%20circula%C3%A7%C3%A3o.
7
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13546.htm#art3
8
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2020/Lei/L14071.htm

35
Penalidades

Você sabe o que é uma penalidade?

Penalidade é um sistema ao qual se recorre para punir o condutor ou o


proprietário do veículo que desobedeça à legislação de trânsito. Há
diversos tipos de penalidades, os quais variam de acordo com a infração, e
somente as autoridades de trânsito podem aplicá-las.

Tendo ocorrido uma infração de trânsito, o condutor ou proprietário do veículo


poderá apresentar defesa prévia à autoridade do órgão que o autuou. Não
sendo aceita essa defesa, será imposta a penalidade sobre a qual poderá
interpor recurso à Junta Administrativa de Recursos de Infrações – JARI,
dentro do prazo legal. Não sendo acatado o recurso, caberá em 2ª instância
recurso ao Cetran ou Colegiado a depender do órgão autuador. Após análise
do recurso em 2ª instância ou não havendo interesse do infrator em recorrer,
as penalidades decorrentes da infração cometida se tornarão obrigatórias. Na
sequência desta unidade de estudo, falaremos sobre elas de forma individual.
Então, vamos começar?

O art. 256 do CTB (Brasil, 1997) estabelece diversas formas de


penalidades que as autoridades de trânsito podem aplicar aos condutores
infratores, aos proprietários de veículos e também ao embarcador e ao
transportador:

Resumo das penalidades


Advertência por escrito
Penalidade aplicada pela autoridade de trânsito que substitui uma punição de
multa por uma advertência por escrito – isso faz com que a multa para
aquela infração deixe de existir. Poderá ser aplicada às infrações de natureza
leve ou média, caso o infrator não tenha cometido nenhuma outra infração
nos últimos 12 meses.
Multa
Penalidade pecuniária aplicada pela prática das infrações. É geralmente
acompanhada de registro de pontos na CNH do condutor (Leve – 3 pontos.
Média – 4 pontos. Grave – 5 pontos. Gravíssima – 7 pontos). É o resultado

36
do processo administrativo cujo valor pecuniário já consta no artigo de
enquadramento da irregularidade cometida, juntamente com a formalização
dos pontos ao prontuário do infrator, que será computado e ficará mantido
por 12 meses para somatória. Mas após esse período, permanecerá por 5
anos no prontuário não vigente para avaliação de recursos e crimes.
Suspensão do direito de dirigir
O condutor estará suspenso do direito de dirigir quando, no período de 12
meses, atingir 20, 30 ou 40 pontos em seu prontuário, ou quando o condutor
cometer uma infração de suspensão direta, por exemplo: dirigir embriagado.
O período de suspensão dependerá da infração cometida; quando suspenso,
o condutor deverá entregar sua CNH e realizar o Curso de Reciclagem,
cumprindo toda sua penalidade. Após o curso e o período de suspensão, o
documento poderá ser retirado no Detran do estado. Essas informações
constam no art. 261 do CTB.
Cassação do documento de habilitação
Conforme previsto no art. 263 do CTB, ocorre quando o condutor, estando
suspenso do direito de dirigir, conduzir qualquer veículo. Essa penalidade
prevê a cassação do documento CNH por 2 (dois) anos, devendo o infrator
se submeter aos exames referidos no processo de habilitação somente após
esse período... Artigos que enquadram a cassação da CNH: quando o
condutor for flagrado dirigindo e estiver com esse direito suspenso; o infrator
conduzir qualquer outro veículo; reincidência às mesmas infrações
gravíssimas previstas nos arts. 163, 164, 165, 173, 174 e 175 9 e no inciso II
do art. 162 do CTB, no prazo de 12 meses; condenado judicialmente por
delito de trânsito observado no art. 160.
Cassação da permissão para dirigir
O condutor terá a permissão cassada se cometer no período de 12 meses da
validade uma infração grave ou gravíssima ou ser reincidente em infração
média.
Curso de reciclagem
É obrigatório para o condutor envolvido em acidente grave, condenado por
delito de trânsito ou quando o infrator recebe a penalidade de suspensão do
direito de dirigir. Sempre que o condutor for suspenso do direito de dirigir,
terá obrigatoriamente que realizar o curso de reciclagem. Essas informações
constam no art. 268 e na Resolução n. 789/20 do Contran.

Se você estiver com o direito de dirigir suspenso e for pego


dirigindo, a sua CNH será cassada e somente após dois anos da
cassação poderá requerer sua reabilitação, submetendo-se a todos
os exames necessários à habilitação, na forma estabelecida pelo Contran.

É importante lembrar-se de que o agente de trânsito autua o infrator, contudo


isso ainda não é a multa. Somente a autoridade de trânsito, que é o diretor do
órgão autuador, é quem poderá fazer a imposição da penalidade multa, quando

9
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9503Compilado.htm

37
poderá ser objeto de contestação por recurso. As restrições e as
consequências dessa penalidade só serão obrigatórias após encerradas as
possibilidades de defesa administrativa.

Advertência por escrito

A advertência por escrito deverá ser imposta em substituição à penalidade


de multa para infração de natureza leve ou média se o infrator não tiver
cometido nenhuma infração nos últimos 12 meses.

Multas

Quando o condutor comete uma infração de trânsito, recebe uma multa


como penalidade; ela é classificada em quatro categorias de acordo com a
gravidade, cada uma com o respectivo valor pecuniário, conforme estabelecido
no art. 258 do CTB (Brasil, 1997).

Os valores das infrações estão estabelecidos no art. 258 e poderão ser


corrigidos monetariamente por Resolução do Contran.

O art. 259 do CTB institui a pontuação para a infração, dependendo de sua


classificação (Brasil, 1997).

Na tabela a seguir, confira a pontuação de cada multa, de acordo com a


legislação atual. Fique sempre atento ao valor e às atualizações de valores
das multas.

Quadro 5 – Classificação das infrações


Gravidade Pontuação Valores
Leve 3 pontos 88,38
Média 4 pontos 130,16
Grave 5 pontos 195,23
Gravíssima 7 pontos 293,47
Fonte: Brasil, 2016.

38
Pontuação

O condutor acrescenta pontos à CNH a cada infração cometida. A Lei n.


14.071/2020 apresentou mudanças na forma de contagem dos pontos para a
aplicação da penalidade da suspensão do direito de dirigir. Assim, haverá a
suspensão sempre que o infrator atingir, no período de 12 (doze) meses, a
seguinte contagem de pontos:
“a) 20 (vinte) pontos, caso constem 2 (duas) ou mais
infrações gravíssimas na pontuação;
b) 30 (trinta) pontos, caso conste 1 (uma) infração
gravíssima na pontuação;
c) 40 (quarenta) pontos, caso não conste nenhuma
infração gravíssima na pontuação.”
Brasil, 2020

Atenção: para condutores que exercem atividade remunerada (EAR) com o


veículo, a penalidade de suspensão do direito de dirigir será imposta quando o
infrator atingir o limite de 40 (quarenta) pontos, independentemente da
natureza das infrações cometidas. Todavia, será facultado a ele participar de
curso preventivo de reciclagem sempre que, no período de 12 (doze) meses,
atingir 30 (trinta) pontos e não ultrapassar os 39 pontos.

É importante lembrar que, para qualquer condutor, a imposição da penalidade


de suspensão do direito de dirigir elimina a quantidade de pontos computados.

Ao atingir o limite de pontos indicados, em um período de 12 meses, será


suspenso o direito de dirigir por um prazo mínimo de seis meses a um ano.
No caso de reincidência no período de 12 meses: de 8 meses a 2 anos.

A quantidade de pontos que será anotada no cadastro do documento de


habilitação do infrator dependerá da classificação da infração, conforme
apresentado no Quadro 1.

39
Ao cometer uma infração, a CNH fica pontuada por um período de 12 meses.
Por exemplo: se a infração acontecer em dezembro de 2022, sua CNH ficará
pontuada até dezembro de 2023, ou em caso de suspensão, quando seus
pontos serão eliminados.

Em 2017 houve uma mudança no CTB no que diz respeito à apresentação


do condutor. Acompanhe:

Segundo o parágrafo 10° do art. 257 do CTB, incluído pela Lei n. 13.495/17, a
indicação do condutor de forma antecipada é possível (Brasil, 2017a).

Vamos ver o que destaca a regulamentação?


“O proprietário poderá indicar ao órgão executivo de
trânsito o principal condutor do veículo, o qual, após
aceitar a indicação, terá seu nome inscrito em campo
próprio do cadastro do veículo no Renavam.
§ 11. O principal condutor será excluído do Renavam:
I. quando houver transferência de propriedade do veículo;
II. mediante requerimento próprio ou do proprietário do
veículo;
III. a partir da indicação de outro principal condutor.”
Brasil, 2017

Com essa regulamentação, as empresas e as pessoas físicas poderão


antecipar as informações, evitando punições por infrações que não cometeram!
Procure o Detran do seu estado para fazer o cadastro de principal condutor.

Mas atenção: quando não for imediata a identificação do infrator, o principal


condutor ou o proprietário do veículo terão o prazo de 30 (trinta) dias, contados
a partir da notificação da autuação, para apresentar o condutor ao órgão
executivo de trânsito.

40
Se, transcorrido o prazo, ninguém for indicado, será considerado responsável
pela infração o principal condutor ou, em sua ausência, o proprietário do
veículo.

Ao condutor identificado será atribuída pontuação pelas infrações de sua


responsabilidade ou a suspensão do direito de dirigir quando a infração for
punível de forma específica com essa penalidade, nos termos do art. 261 do
CTB, atualizado pela Lei n. 14.071/2020 (Brasil, 2020).

Suspensão do direito de dirigir

Figura 1 – Suspensão do direito de dirigir.

A suspensão da habilitação é uma penalidade que deixará o condutor sem


dirigir por um tempo determinado, conforme seu prontuário ou infração. A
suspensão de habilitação poderá ocorrer de forma indireta, ou seja, pela
somatória de 20 a 40 pontos (conforme a natureza da
infração) num período de 12 meses ou por infração de suspensão direta.

41
Ao atingir o limite de pontos indicados, em um período de 12 meses, o direito
de dirigir será suspenso por um prazo mínimo de seis meses a um ano. No
caso de reincidência no período de 12 meses: o direito de dirigir é suspenso de
8 meses a 2 anos.

É importante lembrar que, para qualquer condutor, a imposição da penalidade


de suspensão do direito de dirigir elimina a quantidade de pontos computados.

A suspensão direta ocorre pela prática de determinadas condutas que a


legislação entende como de alto risco à segurança no trânsito e à vida. No
quadro a seguir, você poderá conhecê-los.

Quadro 6 – Infrações que geram suspensão direta do direito de dirigir


Art. 165. Dirigir sob a Art. 165-A. Recusar-se a Art. 165-B. Conduzir
influência de álcool ou de ser submetido a teste, veículo para o qual seja
qualquer outra substância exame clínico, perícia ou exigida habilitação nas
psicoativa que determine outro procedimento que categorias C, D ou E sem
dependência: permita certificar influência realizar o exame
Infração - gravíssima; de álcool ou outra toxicológico previsto no §
Penalidade - multa (dez substância psicoativa, na 2º do art. 148-A deste
vezes) e suspensão do forma estabelecida pelo Código, após 30 (trinta)
direito de dirigir por 12 art. 277 dias do vencimento do
(doze) meses. Infração – gravíssima prazo estabelecido:
Medida administrativa - Penalidade - multa (dez Infração - gravíssima;
recolhimento do vezes) e suspensão do Penalidade - multa (cinco
documento de habilitação direito de dirigir por 12 vezes) e suspensão do
e retenção do veículo, (doze) meses; direito de dirigir por 3 (três)
observado o disposto no § Medida administrativa - meses, condicionado o
4º do art. 270 da Lei recolhimento do levantamento da
no 9.503, de 23 de documento de habilitação suspensão à inclusão no
setembro de 1997 - do e retenção do veículo, Renach de resultado
Código de Trânsito observado o disposto no § negativo em novo
Brasileiro. 4º do art. 270 exame.
Parágrafo único. Aplica-se Parágrafo único. Aplica-se Parágrafo único. Incorre na
em dobro a multa prevista em dobro a multa prevista mesma penalidade o
no caput em caso de no caput em caso de condutor que exerce
reincidência no período de reincidência no período de atividade remunerada ao
até 12 (doze) meses. até 12 (doze) meses. veículo e não comprova a
realização de exame
toxicológico periódico
exigido pelo § 2º do art.
148-A deste Código por
ocasião da renovação do
documento de habilitação
nas categorias C, D ou E.

42
Art. 170. Dirigir Art. 173. Disputar corrida: Art. 174. Promover, na
ameaçando os pedestres Infração - gravíssima; via, competição, eventos
que estejam atravessando Penalidade - multa (dez organizados, exibição e
a via pública, ou os demais vezes), suspensão do demonstração de perícia
veículos: direito de dirigir e em manobra de veículo, ou
Infração - gravíssima; apreensão do veículo; deles participar, como
Penalidade - multa e Medida administrativa - condutor, sem permissão
suspensão do direito de recolhimento do da autoridade de trânsito
dirigir; documento de habilitação com circunscrição sobre a
Medida administrativa - e remoção do veículo. via:
retenção do veículo e Parágrafo único. Aplica-se Infração - gravíssima;
recolhimento do em dobro a multa prevista Penalidade - multa (dez
documento de habilitação. no caput em caso de vezes), suspensão do
reincidência no período de direito de dirigir e
12 (doze) meses da apreensão do veículo;
infração anterior. Medida administrativa -
recolhimento do
documento de habilitação
e remoção do veículo.
§ 1º As penalidades são
aplicáveis aos promotores
e aos condutores
participantes.
§ 2o Aplica-se em dobro a
multa prevista no caput em
caso de reincidência no
período de 12 (doze)
meses da infração anterior.

Art. 175. Utilizar-se de Art. 176. Deixar o condutor Art. 210. Transpor, sem
veículo para demonstrar envolvido em acidente autorização, bloqueio
ou exibir manobra com vítima: viário policial:
perigosa, mediante I - de prestar ou Infração - gravíssima;
arrancada brusca, providenciar socorro à Penalidade - multa,
derrapagem ou frenagem vítima, podendo fazê-lo; apreensão do veículo e
com deslizamento ou II - de adotar providências, suspensão do direito de
arrastamento de pneus: podendo fazê-lo, no dirigir;
Infração - gravíssima; sentido de evitar perigo Medida administrativa -
Penalidade - multa (dez para o trânsito no local; remoção do veículo e
vezes), suspensão do III - de preservar o local, recolhimento do
direito de dirigir e de forma a facilitar os documento de habilitação.
apreensão do veículo; trabalhos da polícia e da
Medida administrativa - perícia;
recolhimento do IV - de adotar providências
documento de habilitação para remover o veículo do
e remoção do veículo. local, quando
Parágrafo único. Aplica-se determinadas por policial
em dobro a multa prevista ou agente da autoridade
no caput em caso de de trânsito;
reincidência no período de V - de identificar-se ao
12 (doze) meses da policial e de lhe prestar
infração anterior. informações necessárias à
confecção do boletim de
ocorrência:
Infração - gravíssima;

43
Penalidade - multa (cinco
vezes) e suspensão do
direito de dirigir;
Medida administrativa -
recolhimento do
documento de habilitação.
Art. 218. Transitar em Art. 244. Conduzir Art. 253-A. Usar qualquer
velocidade superior à motocicleta, motoneta ou veículo para,
máxima permitida para o ciclomotor: deliberadamente,
local, medida por I - sem usar capacete de interromper, restringir ou
instrumento ou segurança ou vestuário de perturbar a circulação na
equipamento hábil, em acordo com as normas e via sem autorização do
rodovias, vias de trânsito as especificações órgão ou entidade de
rápido, vias arteriais e aprovadas pelo Contran; trânsito com circunscrição
demais vias: II - transportando sobre ela:
I - quando a velocidade for passageiro sem o Infração - gravíssima;
superior à máxima em até capacete de segurança, na Penalidade - multa (vinte
20% (vinte por cento): forma estabelecida no vezes) e suspensão do
Infração - média; inciso anterior, ou fora do direito de dirigir por 12
Penalidade - multa; assento suplementar (doze) meses;
II - quando a velocidade colocado atrás do condutor Medida administrativa -
for superior à máxima em ou em carro lateral; remoção do veículo.
mais de 20% (vinte por III - fazendo malabarismo § 1º Aplica-se a multa
cento) até 50% (cinquenta ou equilibrando-se apenas agravada em 60
por cento): em uma roda; (sessenta) vezes aos
Infração - grave; IV - (revogado); (Redação organizadores da conduta
Penalidade - multa; dada pela Lei n. 14.071, prevista no caput.
III - quando a velocidade de 2020) o) § 2º Aplica-se em dobro a
for superior à máxima em V - transportando criança multa em caso de
mais de 50% (cinquenta menor de 10 (dez) anos de reincidência no período de
por cento): idade ou que não tenha, 12 (doze) meses.
Infração - gravíssima; nas circunstâncias, § 3º As penalidades são
Penalidade - multa (três condições de cuidar da aplicáveis a pessoas
vezes) e suspensão do própria segurança: físicas ou jurídicas que
direito de dirigir. Infração - gravíssima; incorram na infração,
Penalidade - multa e devendo a autoridade com
suspensão do direito de circunscrição sobre a via
dirigir; restabelecer de imediato,
Medida administrativa - se possível, as condições
retenção do veículo até de normalidade para a
regularização e circulação na via.
recolhimento do
documento de habilitação;

No caso de infrações com previsão de suspensão direta do direito de dirigir, o


tempo será de 2 a 8 meses, exceto para as infrações com prazo descrito no
dispositivo infracional e na reincidência no período de 12 meses de 8 a 18
meses.

44
Medidas administrativas

Segundo o art. 269 do CTB (Brasil, 1997), dependendo da infração, poderão


ser aplicadas as seguintes medidas administrativas:

Resumo das medidas administrativas


Retenção do veículo
Consiste na manutenção do veículo no local em que se encontra (conforme
art. 270) com a finalidade de que a irregularidade constatada seja sanada
pelo condutor do veículo. Caso não seja possível saná-la no local, o veículo
deve ser liberado, desde que ofereça condições de segurança, mediante o
recolhimento do Certificado de Licenciamento Anual fixando prazo para
regularização da situação por parte do condutor. Algumas infrações pedem a
retenção do veículo no momento em que é constatada a irregularidade pelo
agente da autoridade.
Remoção do veículo
Ocorre quando o veículo está estacionado de forma irregular,
independentemente da presença ou não do condutor (por exemplo,
estacionar o veículo na calçada). Caso esteja presente, será determinada a
retirada pelo próprio condutor e havendo a recusa será aplicada a medida
administrativa. Sempre que houver prejuízo à circulação, o veículo em
questão será removido para a regularização do trânsito.
Recolhimento da permissão para dirigir ou da CNH, do Certificado de
Registro do Veículo (CRV)
Ocorre mediante recibo, além dos casos previstos no CTB, quando houver
suspeita de sua autenticidade ou adulteração.
Recolhimento do Certificado de Licenciamento Anual (CLA)
Será realizado mediante recibo, além dos casos previstos no CTB. Vale
lembrar que o Certificado de Licenciamento agora é expedido por meio físico
ou digital à escolha do proprietário desde que não haja débitos pendentes ou
bloqueio em razão de não apresentação do veículo para recall.
Transbordo do excesso de carga para outro veículo
Medida administrativa que ocorre quando há transferência do excesso de
carga de um veículo para outro.
Realização do teste de dosagem de alcoolemia
Medida administrativa, entendida como perícia de substância entorpecente
ou que determine dependência física ou psíquica.
Recolhimento de animais
Que se encontram soltos nas vias e na faixa de domínio das vias de
circulação.
Realização de exames de aptidão física e mental
De legislação, de prática de primeiros socorros e de direção veicular.

45
Figura 2 – A remoção do veículo é uma medida administrativa.
Fonte: Shutterstock/aapsly.

Vamos ver algumas condições que afetam a aplicação das penalidades e das
medidas administrativas? Analise-as a seguir!

Você sabia que nenhuma penalidade pode ser aplicada quando a sinalização
na via estiver insuficiente ou incorreta? Essa determinação está prevista no art.
90 do CTB (Brasil, 1997). Para saber mais, vá direto ao art. 90 10.

“Art. 90. Não serão aplicadas as sanções previstas neste


Código por inobservância à sinalização quando esta for
insuficiente ou incorreta.

§ 1º O órgão ou entidade de trânsito com circunscrição


sobre a via é responsável pela implantação da
sinalização, respondendo pela sua falta, insuficiência ou
incorreta colocação.”

Brasil, 1997

10
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9503.htm

46
Retenção e remoção do veículo

A seguir, você poderá verificar algumas situações em que a retenção


ocorrerá:

• O veículo portar placas de identificação em desacordo com o


estabelecido pelo Contran;
• O veículo estiver com cor ou qualquer outra característica alterada, com
falta de equipamento obrigatório ou acessório proibido; com vidros total
ou parcialmente cobertos por película refletiva (não autorizadas); em
mau estado de conservação e segurança ou reprovado em teste de
inspeção veicular;
• O veículo estiver derramando carga, combustível ou lubrificante;
• O condutor estiver sem os documentos de porte obrigatório, por
exemplo: CNH e CRLV.
• O condutor promover ou participar de competição ou manobra perigosa
na via sem autorização;
• O condutor pilotar motocicleta sem capacete, com passageiro sem
capacete ou com criança menor de 10 anos;
• O condutor, no caso de acidente com vítima, deixar de prestar socorro,
de providenciar tarefas para evitar perigo ao trânsito local e de preservar
o local para a perícia.

Remoção do veículo
Agora, veja algumas possibilidades em que a remoção do veículo pode
ocorrer:

• O veículo estiver estacionado nas esquinas a menos de 5 metros do


alinhamento da pista transversal; afastado mais de meio metro da guia
da calçada; junto a hidrantes ou registros de água sinalizados; em
viadutos, pontes e túneis, salvo quando houver autorização na entrada
e/ou saída dos veículos; em lugares de passeios, em faixas destinadas a
pedestres e em pontos de embarque e desembarque de passageiros de
coletivos;

47
• Quando o condutor deixar de efetuar o registro do veículo no prazo de
30 dias junto ao órgão executivo (ocorridas as hipóteses previstas no art.
123 do CTB), a medida administrativa relativa à infração é a de remoção
do veículo.
• O veículo estiver imobilizado na via por falta de combustível.

É importante ressaltar que, de acordo com o art. 271, parágrafo 9º do CTB,


com redação dada pela Lei n. 14.071/2020, não caberá remoção do veículo
nos casos em que a irregularidade for sanada pelo condutor ainda no local da
infração (Brasil, 2020).

Crimes de trânsito

O condutor que praticar homicídio culposo ou lesões corporais


culposas na condução de um veículo estará cometendo um crime de
trânsito. A pena prevista vai de restritivas de direitos a privativas de liberdade,
por exemplo, a detenção do condutor.

Quando você é o responsável por um acidente de trânsito com vítima, deve


prestar atendimento, chamando por socorro. Caso abandone o local, estará
cometendo o crime de omissão de socorro e o de afastar-se do local do
acidente. Se a vítima falecer, mesmo que o socorro tenha sido prestado, você
poderá ser responsabilizado por um crime de trânsito previsto no parágrafo 1º,
inciso III, do art. 302 e com o art. 305. Vejamos:

“Art. 302. Praticar homicídio culposo na direção de veículo


automotor:
Penas - detenção, de dois a quatro anos, e suspensão ou
proibição de se obter a permissão ou a habilitação para
dirigir veículo automotor.
§ 1º No homicídio culposo cometido na direção de
veículo automotor, a pena é aumentada de 1/3 (um terço)
à metade, se o agente
I - não possuir Permissão para Dirigir ou Carteira de
Habilitação;
II - praticá-lo em faixa de pedestres ou na calçada;

48
III - deixar de prestar socorro, quando possível fazê-lo
sem risco pessoal, à vítima do acidente;
IV - no exercício de sua profissão ou atividade, estiver
conduzindo veículo de transporte de passageiros.
[...]
Art. 305. Afastar-se o condutor do veículo do local do
acidente, para fugir à responsabilidade penal ou civil que
lhe possa ser atribuída:
Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa.”

Brasil, 1997

Você conhece quais são os crimes de trânsito? Veja no Quadro o que o


Código de Trânsito Brasileiro (CTB) diz sobre isso (Brasil, 1997).

Quadro 6 – Crimes de trânsito


Crime Artigo do Pena
CTB
Homicídio culposo Art. 302 Detenção de dois a quatro anos e suspensão
ou proibição de se obter a permissão ou a
habilitação para dirigir veículo automotor. Na
conduta qualificada 11 do parágrafo 1º a pena
pode chegar a 6 anos e no parágrafo 3º pode
chegar a 8 anos.
Lesão corporal Art. 303 Detenção de seis meses a dois anos,
suspensão ou proibição de se obter a
culposa 12
permissão ou habilitação. Na conduta
qualificada 13 do parágrafo 1º pode chegar a
3 anos e no parágrafo 2º pode chegar a 5
anos.

Omissão de Art. 304 Detenção de seis meses a um ano ou


socorro 14 multa.

11
§ 1o No homicídio culposo cometido na direção de veículo automotor, a pena é aumentada de 1/3 (um terço) à
metade, se o agente:
I - não possuir Permissão para Dirigir ou Carteira de Habilitação;
12
Lesão praticada a uma vítima quando o condutor não quis praticá-la. Pode ser por imprudência, negligência e
imperícia do condutor.
13 § 1o Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) à metade, se ocorrer qualquer das hipóteses do § 1o do art. 302. § 2o A

pena privativa de liberdade é de reclusão de dois a cinco anos, sem prejuízo das outras penas previstas neste artigo,
se o agente conduz o veículo com capacidade psicomotora alterada em razão da influência de álcool ou de outra
substância psicoativa que determine dependência, e se do crime resultar lesão corporal de natureza grave ou
gravíssima.

14
Deixar de prestar socorro à vítima ou deixar de comunicar as autoridades sobre o acidente.

49
Evasão do local Art. 305 Detenção de seis meses a um ano ou multa.
do acidente 15
Embriaguez ao Art. 306 Detenção de seis meses a três anos, multa,
volante 16 suspensão, ou proibição de se obter a
permissão ou a habilitação para dirigir.
Violação da Art. 307 Detenção de seis meses a um ano e multa.
suspensão ou O infrator ainda é punido com nova
proibição de dirigir suspensão por prazo igual ao que ele
descumpriu.
Participação em Art. 308 Detenção de seis meses a três anos, multa
e suspensão ou proibição de obter a
competição não
permissão. Na conduta qualificada 18 do
autorizada 17 parágrafo 1º pode chegar a 6 anos e no
parágrafo 2º até 10 anos

Dirigir sem Art. 309 Detenção de seis meses a um ano e multa.


habilitação 19
Entrega da Art. 310 Detenção de seis meses a um ano ou multa.
direção do veículo
a quem não tem
condições de
dirigir 20
Excesso de Art. 311 Detenção de seis meses a um ano ou multa.
velocidade 21
Fraude Art. 312 Detenção de seis meses a um ano ou multa.
processual 22
Fonte: Adaptado de Brasil, 1997, atualizado pela Lei 13.546/17.

15
Fugir do local do acidente sem prestar socorro à vítima e explicação à Justiça
16
Dirigir um veículo automotor após o uso de bebidas alcoólicas.
17
Competições de rua popularmente chamadas de “racha”.
18 Caixa de explicação 10

§ 1o Se da prática do crime previsto no caput resultar lesão corporal de natureza grave, e as circunstâncias
demonstrarem que o agente não quis o resultado nem assumiu o risco de produzi-lo, a pena privativa de liberdade é de
reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, sem prejuízo das outras penas previstas neste artigo. § 2o Se da prática do crime
previsto no caput resultar morte, e as circunstâncias demonstrarem que o agente não quis o resultado nem assumiu o
risco de produzi-lo, a pena privativa de liberdade é de reclusão de 5 (cinco) a 10 (dez) anos, sem prejuízo das outras
penas previstas neste artigo.

19 Dirigir um veículo automotor sem estar habilitado.

20
Consentir que outra pessoa que não tenha a permissão para dirigir ou esteja incapaz dirija um veículo automotor.
21
Dirigir um veículo automotor em velocidade maior que a permitida na via.
22
Alteração do local ou das cenas do crime, induzindo o perito ou as autoridades ao erro.

50
Para os crimes dolosos de trânsito, as penalidades são mais severas:

• Por um prazo entre 2 meses e 5 anos, poderá ter a cassação do direito


de dirigir ou a proibição de obter uma nova habilitação;
• Ao ser punido, o condutor pode, além de pagar multa, reparar os danos
causados ao patrimônio público ou a terceiros;
• Para determinados crimes, as penas podem chegar a 20 anos.

A partir de janeiro de 2019, passou a vigorar uma alteração no Código de


Trânsito Brasileiro, com a inclusão do art. 278-A, que corresponde à Lei n.
13.804, de 10 de janeiro de 2019. Esta Lei prevê medidas de repressão ao
contrabando, ao descaminho, ao furto, ao roubo e à receptação (Brasil,
2019). O motorista infrator envolvido nesse delito terá punição do direito
de dirigir. Mas essa ação é entendida como um crime. Se condenado em
juízo perante o Código Penal quanto aos crimes ali previstos (arts. 180,
334 e 334-A do Decreto-Lei n. 2.848, de 7 de dezembro de 1940, Código
Penal) (Brasil, 1940), o motorista terá sua carteira de habilitação cassada,
ficando 5 anos sem dirigir e somente poderá requerer sua reabilitação,
submetendo-se a todos os exames necessários, na forma prevista pelo
Código de Trânsito Brasileiro.

Para saber mais sobre os crimes e as consequências para o condutor, leia os


arts. 291 a 309 23 do CTB (Brasil, 1997).

Processos administrativos

Em seu capítulo XVIII, o CTB (Brasil, 1997) apresenta o processo


administrativo dividido em duas seções:

• Seção I: Da Autuação.
• Seção II: Do Julgamento das Autuações e Penalidades.

23
http://www.planalto.gov..br/ccivil_03/lei/l9503.htm

51
No art. 280 do CTB (Brasil, 1997), no que diz respeito à autuação, o processo
administrativo prevê que, em situações de infração prevista na legislação, será
lavrado auto de infração, no qual deverá constar:
“1. Tipificação da infração;
2. Local, data e hora do cometimento da infração;
3. Caracteres da placa de identificação do veículo, sua
marca e espécie, e outros elementos julgados
necessários à identificação;
4. Prontuário do condutor, sempre que possível;
5. Identificação do órgão ou entidade e da autoridade ou
agente autuador ou equipamento que comprova a
infração;
6. Assinatura do infrator, sempre que possível, valendo
essa como notificação do cometimento da infração.”
Brasil, 1997

A infração deverá ser comprovada por declaração da autoridade ou do agente


de trânsito por meio de aparelho eletrônico ou equipamento audiovisual,
reações químicas ou qualquer outro meio tecnologicamente disponível,
previamente regulamentado pelo Contran.

Quando possível, o infrator deverá ser notificado imediatamente sobre a


infração cometida. Não sendo possível a autuação em flagrante, o agente de
trânsito relatará o fato à autoridade no próprio auto de infração, informando os
dados a respeito do veículo e qual foi a infração.

Assim, para toda autuação, será aberto um procedimento administrativo,


para que, ao final, sejam determinadas as penalidades de acordo com o ato
infracional.

Nas situações em que o infrator não concorda com a autuação, poderá,


inicialmente, apresentar defesa prévia à autoridade do órgão que autuou e
não sendo aceita a defesa e imposta a penalidade, poderá interpor
recursos em primeira instância à JARI (Junta Administrativa de Recursos

52
e Infrações) e, não sendo acatada a defesa, recorrer em segunda instância
ao Conselho Estadual de Trânsito (Cetran) contra órgãos autuadores
municipais ou estaduais, ou ainda ao Colegiado para infrações de competência
de órgãos federais.

Chegamos ao final de mais uma Unidade de Estudo. Esperamos


que as informações repassadas até aqui tenham sido válidas, e
que você tenha percebido a importância da realização deste curso,
que traz conhecimentos úteis que, com certeza, serão utilizados em seu dia a
dia como condutor. Desenvolva os exercícios para melhor fixação do conteúdo
e vamos em frente!

Referências

BRASIL. Decreto-Lei n. 2.848, de 7 de dezembro de 1940. Código Penal.


Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Rio de Janeiro, DF, 31 dez. 1940.
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del2848.htm>.
Acesso em: 6 out. 2021.

_____. Lei n. 9.503, de 23 de setembro de 1997. Institui o Código de Trânsito


Brasileiro. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 24 set.
1997. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9503.htm>.
Acesso em: 6 out. 2021.

_____. Lei n. 12.760, de 20 de dezembro de 2012. Altera a Lei n. 9.503, de 23


de setembro de 1997, que institui o Código de Trânsito Brasileiro. Diário
Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 21 dez. 2012. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2012/lei/l12760.htm>.
Acesso em: 6 out. 2021.

_____. Lei n. 12.971, de 9 de maio de 2014. Altera os arts. 173, 174, 175, 191,
202, 203, 292, 302, 303, 306 e 308 da Lei n. 9.503, de 23 de setembro de
1997, que institui o Código de Trânsito Brasileiro, para dispor sobre sanções
administrativas e crimes de trânsito. Diário Oficial da União, Poder Legislativo,
Brasília, DF, 12 maio 2014. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2014/lei/l12971.htm>.
Acesso em: 6 out. 2021.

53
_____. Lei n. 13.103, de 2 de março de 2015. Dispõe sobre o exercício da
profissão de motorista; altera a Consolidação das Leis do Trabalho - CLT,
aprovada pelo Decreto-Lei n. 5.452, de 1º de maio de 1943, e as Leis n. 9.503,
de 23 de setembro de 1997 - Código de Trânsito Brasileiro, e 11.442, de 5 de
janeiro de 2007 (empresas e transportadores autônomos de carga), para
disciplinar a jornada de trabalho e o tempo de direção do motorista profissional;
altera a Lei n. 7.408, de 25 de novembro de 1985; revoga dispositivos da Lei n.
12.619, de 30 de abril de 2012; e dá outras providências. Diário Oficial da
União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 3 mar. 2015. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13103.htm>.
Acesso em: 6 out. 2021.

_____. Lei n. 13.281, de 4 de maio de 2016. Altera a Lei n. 9.503, de 23 de


setembro de 1997 (Código de Trânsito Brasileiro), e a Lei n. 13.146, de 6 de
julho de 2015. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 5 maio
2016a. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-
2018/2016/lei/l13281.htm>. Acesso em: 6 out. 2021.

_____. Lei n. 13.290, de 23 de maio de 2016. Torna obrigatório o uso, nas


rodovias, de farol baixo aceso durante o dia e dá outras providências. Diário
Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 24 maio 2016b. Disponível
em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2014/lei/l12971.htm>.
Acesso em: 6 out. 2021.

_____. Lei n. 13.495, de 24 de outubro de 2017. Altera dispositivos da Lei n.


9.503, de 23 de setembro de 1997 (Código de Trânsito Brasileiro), para
possibilitar ao proprietário cadastrar o principal condutor do veículo automotor
no Registro Nacional de Veículos Automotores (Renavam), para fins de
responsabilidade. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 25
out. 2017a. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-
2018/2017/lei/l13495.htm>. Acesso em: 6 out. 2021.

_____. Lei n. 13.546, de 19 de dezembro de 2017. Altera dispositivos da Lei n.


9.503, de 23 de setembro de 1997 (Código de Trânsito Brasileiro), para dispor
sobre crimes cometidos na direção de veículos automotores. Diário Oficial da
União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 20 dez. 2017b. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-

54
2018/2017/lei/L13546.htm#:~:text=Altera%20dispositivos%20da%20Lei%20n%
C2%BA,Art.>. Acesso em: 6 out. 2021.

_____. Lei n. 13.804, de 10 de janeiro de 2019. Dispõe sobre medidas de


prevenção e repressão ao contrabando, ao descaminho, ao furto, ao roubo e à
receptação; altera as Leis n. 9.503, de 23 de setembro de 1997 (Código de
Trânsito Brasileiro), e 6.437, de 20 de agosto de 1977. Diário Oficial da União,
Poder Legislativo, Brasília, DF, 11 jan. 2019. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13804.htm>.
Acesso em: 6 out. 2021.

_____. Lei n. 14.071, de 13 de outubro de 2020. Altera a Lei n. 9.503, de 23 de


setembro de 1997 (Código de Trânsito Brasileiro), para modificar a composição
do Conselho Nacional de Trânsito e ampliar o prazo de validade das
habilitações; e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 14
out. 2020. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-
2022/2020/Lei/L14071.htm>. Acesso em: 6 out. 2021.

BRASIL. CONTRAN – Conselho Nacional de Trânsito. Resolução n. 624, de 19


de outubro de 2016. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF,
21 out. 2016c. Disponível em: <https://www.gov.br/infraestrutura/pt-
br/assuntos/transito/conteudo-contran/resolucoes/resolucao_624-2016.pdf>.
Acesso em: 6 out. 2021.

55
Núcleo Temático 1 – Atualização em legislação de trânsito
Unidade de Estudo 3 – Direitos, deveres e responsabilidades do cidadão
condutor de veículos em relação ao trânsito

Objetivo: entender os direitos, os deveres e a importância da educação para o


trânsito.

Tópicos desta Unidade

• O que é cidadania;
• Educação para o trânsito;
• A educação infantil para o trânsito;
• Comportamento do condutor;
• Imprudência, imperícia e negligência;
• Pedestres e condutores de veículos não motorizados.

Olá! Para começar, devemos ter sempre em mente que falar sobre
o trânsito implica dialogar sobre uma relação cidadã entre pessoas
que partilham espaços e vias em comum. Nessa relação, todos
têm direitos, deveres e responsabilidades como condutores ou pedestres, e o
que permite que tudo transcorra bem é a educação para o trânsito que cada
um recebe, desde a infância, para que o direito de ir e vir possa ser plenamente
assegurado a todos.

Para conversarmos sobre educação para o trânsito, é preciso entender o nosso


papel de cidadãos. Vamos lá!

O que é cidadania

É a relação de direitos e deveres que o indivíduo vai adquirir em uma


determinada sociedade.

Mas que direitos são esses?

56
• O direito civil refere-se, por exemplo, ao seu direito de ir e vir, de
escolher uma religião, entre outros;
• Já o direito político refere-se ao seu direito de voto livre, de escolha de
seus governantes e de envolvimento em ações políticas do país;
• O direito social refere-se a ações coletivas de benefícios para toda a
comunidade, ou seja, toda a ação que beneficia a sociedade como um
todo, sem distinção de raça, posição social ou cultural. Podemos citar
como exemplo a mobilidade urbana e suas condições de uso com ações
positivas e regras para circular.

E os deveres?

Os deveres estão relacionados aos princípios éticos e morais do ser humano,


ou seja, são obrigações relacionadas ao conjunto de regras aceitas para viver
em sociedade. Respeitar os direitos das outras pessoas, cumprir as leis,
preservar o meio ambiente, proteger o patrimônio público são deveres de um
cidadão e isso compreende a necessidade do cumprimento de regras.

Educação para o trânsito

No processo de educação para o trânsito, objetiva-se apresentar as regras


básicas do trânsito aos pedestres e aos condutores. É fundamental conhecer
e respeitar os direitos e os deveres, pois isso pode garantir a segurança de
todos.

A legislação de trânsito apresenta os direitos e deveres que organizam o


sistema desse âmbito. Mas não basta conhecer as leis; é preciso ter atitudes
de respeito em relação aos demais condutores e usuários das vias.
Motoristas, ciclistas, condutores de todos os veículos e também os pedestres
devem reconhecer seu papel social no trânsito e saber que segurança e
respeito precisam estar em harmonia para garantir a qualidade de vida de
todos e uma cultura de paz e segurança no trânsito.

57
Figura 1 – Colabore para a boa convivência no trânsito.
Fonte: Shutterstock/4 PM production.

A educação infantil para o trânsito

A criança é um ser curioso e atento ao ambiente que frequenta e, quando


recebe a orientação correta de como agir, passa a perceber rapidamente os
erros. Portanto, trabalhar educação de trânsito com crianças, além de ser
fundamental, pode se tornar interessante, pois elas são ágeis para assimilar as
informações e se envolvem com o assunto. Uma criança estimulada em sua
educação social será um adulto mais consciente.

A Educação Infantil para o trânsito pode ser uma maneira eficaz para
conscientização dos cidadãos com relação aos seus direitos e deveres no
trânsito. Ao tomarem conhecimento de algumas regras, as crianças têm o
poder de influenciar os adultos na tomada de decisões no trânsito e evitar
riscos desnecessários.

A Lei n. 14.071/2020 determinou, inclusive, que os órgãos ou entidades


executivos de trânsito dos Estados e do Distrito Federal deverão criar,
implantar e manter escolas públicas de trânsito, destinadas à educação de

58
crianças e adolescentes, por meio de aulas teóricas e práticas sobre legislação,
sinalização e comportamento no trânsito (art. 22, XVII, CTB) (Brasil, 2020).

Observe, a seguir, atitudes de pedestres e condutores que podem causar


acidentes de trânsito e o que é preciso fazer para evitar e prevenir esse tipo de
situação.

Acidentes de trânsito: pedestres e condutores

Tenha sempre em mente que conduzir um veículo é muito mais do que apenas
dirigi-lo. É preciso considerar todos os aspectos envolvidos nesse contexto.
O bom convívio social e o respeito são atitudes importantes para condutores
e pedestres.

Programas e campanhas para a segurança no trânsito surgem com frequência.


Mas, ainda assim, é grande o número de acidentes de trânsito causados tanto
por pedestres como por condutores.

O Código de Trânsito Brasileiro (Brasil, 1997) classifica como vítima de


acidente de trânsito quem necessita de atendimento médico no local do
acidente, contudo, ainda que não seja necessário acionar o socorro médico,
devem-se considerar os reflexos que os acidentes causam, pois geram
prejuízos sociais e financeiros, tanto para o cidadão envolvido quanto para a
sociedade em geral, e qualquer pessoa pode ser vítima desses infortúnios.

Aposentadorias e mortes precoces, leitos de hospital ocupados por


acidentados de trânsito e indenizações são alguns dos efeitos negativos que
um acidente pode causar, portanto devemos nos comprometer com as regras
para evitar sofrimentos e preservar a vida.

Quantas vezes você já presenciou um pedestre correndo para atravessar a rua,


fora da faixa e com veículos em movimento na via? Isso acontece com muita
frequência. A pressa diária no trânsito acaba fazendo com que as pessoas
coloquem a própria vida e a de outras pessoas em risco.

59
Comportamento do condutor

Acidentes também são provocados por imprudência e mau comportamento do


condutor.

Vamos relembrar algumas dessas atitudes?

• Falta de atenção ao cruzar uma via;


• Dar marcha à ré inadequadamente;
• Desrespeito e desatenção à sinalização de trânsito;

A maioria dos acidentes é provocada por falta de atenção e desrespeito


às normas. Segundo o CTB, “o condutor deve sempre estar bem disposto,
equilibrado e sóbrio” (Brasil, 1997) para que possa ter completo domínio de
suas ações e não se envolver em situações de risco.

Para obter a CNH, o futuro condutor precisa atender a alguns requisitos


descritos no Código de Trânsito Brasileiro – CTB (Brasil, 1997), tais como:

• Ser penalmente imputável 1;


• Saber ler e escrever;
• Possuir CPF (Cadastro de Pessoa Física);
• Possuir documento de identidade ou equivalente;
• Estar apto física, mental e psicologicamente (aprovação na avaliação
psicológica, e no exame de aptidão física e mental);
• Participar dos cursos teórico e prático para direção veicular;
• Ter sido aprovado no exame técnico-teórico e de direção veicular.

Como condutor, você tem o dever de:


• Saber sobre a legislação de trânsito e sua aplicabilidade;

1
Aquele que pode responder legalmente por seus atos; maior de 18 anos.

60
• Obedecer e zelar pelo cumprimento da legislação de trânsito;
• Ter noções de mecânica;
• Ter conhecimento sobre direção defensiva;
• Ter controle sobre seu estado emocional (para saber lidar com todas as
situações no trânsito) e controle técnico do veículo;
• Promover um trânsito seguro e confiável.

Atualmente, percebe-se um grande número de pedestres que circulam


utilizando o telefone celular pelas vias, digitando ou falando, e não percebem a
aproximação dos veículos, colocando a própria vida em risco e podendo causar
acidentes no trânsito. Assim, é fundamental que o motorista também esteja
atento a possíveis atitudes dos pedestres.

No trânsito, fique sempre atento ao que está acontecendo à sua volta.

Observe, a seguir, alguns exemplos de atitudes que podem causar acidentes.

• O pedestre pode surgir de repente pelas laterais da via;


• O pedestre pode sair de trás de veículos;
• O pedestre pode não conhecer as regras de circulação em vias públicas
e, por consequência, não reconhecer os seus respectivos deveres.

Quando você é surpreendido por uma situação imprevista, mas a sua atenção
está totalmente voltada para a atividade que está desenvolvendo, aumentam
as chances de tomar uma decisão assertiva. Essa decisão pode ser
determinante para evitar um acidente.

Imprudência, imperícia e negligência

O condutor que se arrisca de forma desnecessária acredita que tem o domínio


do carro e do ambiente, não crê na real possibilidade da ocorrência de um
acidente e acaba por desqualificar e negligenciar o outro. Há algumas
características de condutores que aumentam o risco de acidentes no trânsito,

61
por isso é importante ficar atento às regras para poder identificar esse
comportamento em outros condutores.

São três aspectos negativos que você, como condutor, deve evitar para
minimizar as chances de se envolver em acidentes ou acabar contribuindo para
o mau funcionamento do trânsito. Vamos descobrir o que significam?
Negligência
Falta de cuidado, de aplicação, de exatidão, de interesse e de atenção,
em que há descuido, displicência, desatenção, desleixo, desmazelo ou
preguiça. O condutor negligente, por exemplo, não tem equipamentos
obrigatórios no veículo, ou não realiza a correta manutenção desses
equipamentos, não conduz o veículo respeitando a direção defensiva e não
tem posse dos documentos do veículo.
Imperícia
Refere-se ao condutor que não tem perícia, não tem competência nem
habilidade, não tem experiência e não está apto para dirigir. É a falta de
qualificação técnica, teórica ou prática, ou ausência de conhecimentos
básicos sobre o veículo. Vale lembrar que todo motorista foi aprovado em
seu exame de direção pela competência teórica e técnica, mas nem todos
executam com precisão, por isso é importante praticarmos as técnicas para
ficarmos cada vez mais hábeis.
Imprudência
Refere-se ao condutor que não tem prudência nem cautela. Por exemplo:
dirigir alcoolizado; conduzir o veículo de forma inadequada; realizar uma
ultrapassagem não permitida; utilizar equipamentos de segurança do veículo
sem condições adequadas de uso; dirigir em velocidade inadequada;
desrespeitar a sinalização e o pedestre.

Vamos ver quais são as recomendações do CTB para pedestres e condutores


de veículos não motorizados? Acompanhe!

Pedestres e condutores de veículos não motorizados

O Código de Trânsito Brasileiro estabelece regras para os elementos do


trânsito, inclusive para ciclistas, pedestres e veículos de tração animal
(carroças). Vamos relembrar essas normas!

Veículo não motorizado é todo meio de transporte conduzido pela força


humana (bicicleta) ou por tração animal (carroça).

62
Figura 2 – Ciclistas conduzindo conforme regras de trânsito.
Fonte: Shutterstock/Rasica.

Existem normas e leis que orientam pedestres e condutores de veículos não


motorizados. O CTB (Brasil, 1997) prevê, nos arts. 68, 69 e 70, as seguintes
disposições:

• Art. 68: Garante ao pedestre a qualidade de acesso às vias de


transição em locais de perímetro urbano e acostamentos nas vias
rurais. É permitido à autoridade competente utilizar parte do espaço
destinado à circulação do pedestre para outros fins, desde que essa
adequação não seja prejudicial ao pedestre;
• Nas áreas urbanas, quando não houver passeios, ou quando não for
possível a utilização destes, a circulação de pedestres na pista de
rolamento será feita com prioridade sobre os veículos, pelos
bordos da pista, em fila única, exceto em locais proibidos pela
sinalização e nas situações em que a segurança ficar comprometida;
• Nas vias rurais, quando não houver acostamento, ou quando não for
possível a utilização deste, a circulação de pedestres na pista de
rolamento será feita com prioridade sobre os veículos, pelos
bordos da pista, em fila única, em sentido contrário ao

63
deslocamento de veículos, exceto em locais proibidos pela sinalização
e nas situações em que a segurança ficar comprometida;
• Art. 69: Apresenta as precauções de segurança para o pedestre,
como estar atento ao realizar uma travessia; ter visibilidade e noção da
distância e da velocidade dos veículos, utilizando sempre as faixas ou
passagens a ele destinadas, observadas as seguintes disposições:

o Onde não houver faixa ou passagem, o cruzamento da via


deverá ser feito em sentido perpendicular ao de seu eixo;
o Para atravessar uma passagem sinalizada para pedestres ou
delimitada por marcas sobre a pista, devem ser observadas as
seguintes normas: onde houver foco de pedestres, obedecer às
indicações das luzes e onde não houver foco de pedestres,
aguardar que o semáforo ou o agente de trânsito interrompa o
fluxo de veículos;
o Nas interseções e nas proximidades, onde não existam faixas
de travessia, os pedestres devem atravessar a via na
continuação da calçada, observadas as seguintes normas: não
deverão adentrar na pista sem antes se certificarem de que podem
fazê-lo sem obstruir o trânsito de veículos e, uma vez iniciada a
travessia de uma pista, os pedestres não deverão aumentar o seu
percurso, demorar-se ou parar sobre ela sem necessidade.
• Art. 70: Destaca a prioridade de passagem em vias com faixas
delimitadas, exceto em locais com sinalização semafórica, onde
deverão ser respeitadas as determinações do CTB.

Vale ressaltar que, nos locais em que houver sinalização semafórica de


controle de passagem, será dada preferência aos pedestres que não
tenham concluído a travessia, mesmo em caso de mudança do semáforo,
liberando a passagem dos veículos.

Diante disso, vemos que o pedestre precisa estar sempre atento, obedecer
à sinalização e cruzar a via pública somente na faixa própria. E quando

64
não houver faixa adequada, a travessia deverá ser feita pela via perpendicular
à calçada.

Também é dever do pedestre, ao ouvir o alarme sonoro ou avistar a luz


intermitente de veículos destinados a socorro de incêndio e salvamento, os de
polícia, os de fiscalização e operação de trânsito e as ambulâncias, aguardar
no passeio e somente atravessar a via quando o veículo já tiver passado pelo
local (art. 29, VII, b, CTB atualizado pela Lei n. 14.071/2020) (Brasil, 2020).

Figura 3 – Acidentes de trânsito muitas vezes são causados por pedestres.

Fonte: Shutterstock/Christian Mueller.

Você sabia que, no Brasil, desde 1998, com a vigência do CTB, é


obrigatória a educação para o trânsito em escolas das redes
pública e privada, desde a Educação Básica até o Ensino Superior,
numa perspectiva interdisciplinar?

Vamos ver melhor sobre isso a seguir.

65
O CTB dedica o Capítulo VI à educação para o trânsito. O art. 74 cita que “a
educação para o trânsito é direito de todos e constitui dever prioritário
para os componentes do Sistema Nacional de Trânsito” (Brasil, 1997).

Já no art. 76 do CTB destaca-se a recomendação para promover a educação


para o trânsito da Educação Infantil até o Ensino Superior, “por meio de
planejamento e ações coordenadas entre os órgãos e entidades do Sistema
Nacional de Trânsito e de Educação, da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios, nas respectivas áreas de atuação” (Brasil, 1997).
O CTB define, ainda, que o Ministério da Educação e do Desporto, mediante
proposta do Conselho Nacional de Trânsito (Contran) e do Conselho de
Reitores das Universidades Brasileiras, diretamente ou mediante convênio,
deverá promover:
“I – A adoção, em todos os níveis de ensino, de um
currículo interdisciplinar com conteúdo programático sobre
segurança de trânsito;
II – A adoção de conteúdos relativos à educação para o
trânsito nas escolas de formação para o magistério e o
treinamento de professores e multiplicadores;
III – A criação de corpos técnicos interprofissionais para
levantamento e análise de dados estatísticos relativos ao
trânsito;
IV – A elaboração de planos de redução de acidentes de
trânsito junto aos núcleos interdisciplinares universitários
de trânsito, com vistas à integração universidades-
sociedade na área de trânsito.”
Brasil, 1997

Ainda sobre educação para o trânsito, a Lei n. 14.071/2020 determinou que os


órgãos ou entidades executivos de trânsito dos Estados e do Distrito Federal
deverão criar, implantar e manter escolas públicas de trânsito, destinadas à
educação de crianças e adolescentes, por meio de aulas teóricas e práticas
sobre legislação, sinalização e comportamento no trânsito (Brasil, 2020).

66
Perceba que o país está se adaptando e procurando aprimorar a
formação dos indivíduos no trânsito de todos os estados. Diante
disso, a sua conduta como portador da CNH deve ser exemplar, e
as correções necessárias devem ser realizadas a fim de que você contribua
para o bom fluxo e funcionamento do trânsito do qual participa. Vamos realizar
os exercícios e dar sequência aos nossos estudos? Até a próxima Unidade!

Referências

BRASIL. Lei n. 9.503, de 23 de setembro de 1997. Institui o Código de Trânsito


Brasileiro. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 24 set.
1997. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9503.htm>.
Acesso em: 7 out. 2021.

_____. Lei n. 14.071, de 13 de outubro de 2020. Altera a Lei n. 9.503, de 23 de


setembro de 1997 (Código de Trânsito Brasileiro), para modificar a composição
do Conselho Nacional de Trânsito e ampliar o prazo de validade das
habilitações; e dá outras providências. Diário Oficial da União, Poder
Legislativo, Brasília, DF, Brasília, 14 out. 2020. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2020/Lei/L14071.htm>.
Acesso em: 7 out. 2021.

67
Núcleo Temático 1 – Atualização em legislação de trânsito (12 horas-aula)
Unidade de Estudo 4 – Segurança e atitudes do condutor, passageiros,
pedestres e demais atores no processo de circulação

Objetivo: entender os aspectos centrais da segurança e dos comportamentos


dos indivíduos participantes do trânsito.

Tópicos desta Unidade

• Segurança no trânsito;
• Comportamento seguro e inseguro no trânsito.

Olá! De que forma você, como condutor, como passageiro ou como


pedestre está seguro no trânsito? E de que forma, na experiência
desses diferentes papéis, consegue oferecer segurança aos
outros? Nesta unidade de estudo, vamos conhecer alguns aspectos
importantes sobre a segurança no trânsito. Vamos lá?

Segurança no trânsito

De acordo com o Detran-PR (2018),

“Existem procedimentos que, quando praticados


conscientemente, ajudam a evitar acidentes. Podemos
chamar estes procedimentos de Método Básico da
Prevenção de Acidentes e aplicá-los em qualquer
atividade no dia a dia, que envolva riscos.”
Detran-PR, 2018

Com base no exposto acima, podemos entender que devemos estar


preparados em todos os momentos para atitudes que ajudem na prevenção.
Isso vai além de conhecer os fatores que podem causar colisões e outros
graves infortúnios.

68
“Ver, pensar e agir com conhecimento, rapidez e
responsabilidade são princípios básicos de qualquer
método de prevenção de acidentes.”
Detran-PR, 2018

Para compreendermos os princípios básicos da prevenção de acidentes e


aplicá-los, vamos rever a definição de trânsito.

De acordo com o art. 1º, parágrafo 1º do CTB (Lei n. 9.503/1997), considera-se


trânsito:
“a utilização das vias por pessoas, veículos e animais,
isolados ou em grupos, conduzidos ou não, para fins de
circulação, parada, estacionamento e operação de carga
ou descarga.”
Brasil, 1997

Dessa forma, trânsito é a utilização do espaço aberto à circulação, ou seja, a


movimentação e a imobilização de veículos, pessoas e animais nas vias
terrestres.

Mas como tornar essa movimentação e imobilização segura para


todos?

A maior parte dos acidentes é causada por falha humana. Apesar de a


responsabilidade no trânsito ser um dever de todos, a parcela maior de
atenção e cuidado cabe aos condutores.

Você sabia?
Em novembro de 2020 ocorreu a alteração da NBR 10697 da
ABNT, que mudou a terminologia de acidentes de trânsito para
sinistros de trânsito. Portanto, orienta-se utilizar esta terminologia, com o
entendimento de que o que ocorre no trânsito não se trata de um acidente, mas
de um evento responsabilizável a alguém.

69
De acordo com a NBR 10697:2020, no tópico 2.1.1, é considerado um
sinistro de trânsito:
“todo evento que resulte em dano ao veículo ou à sua
carga e/ou lesões à pessoas e/ou animais e que possa
trazer dano material ou prejuízos ao trânsito, à via ou ao
meio ambiente, em que pelo menos uma das partes está
em movimento nas vias terrestres ou em áreas abertas ao
público.”

ABNT, 2020

Contudo, as duas nomenclaturas ainda são utilizadas em diversas situações


comunicativas sobre as ocorrências no trânsito.
As leis, a engenharia, o esforço legal, a sinalização, a educação e as
campanhas por um trânsito mais consciente de nada adiantam se não houver a
colaboração dos cidadãos dentro desse sistema integrado de ações que visam
a um comportamento ético e responsável no trânsito.

É importante que todos conheçam e apliquem as regras de circulação e de


conduta para uma movimentação segura nas vias públicas.

Comportamento seguro e inseguro no trânsito

Um comportamento seguro e adequado no trânsito depende de bons


estímulos, reforços positivos, informações e orientações. Além da formação
específica que o condutor recebe para ser habilitado, o comportamento seguro
e adequado também resulta da observação e repetição ou imitação do
comportamento de outros condutores. Por isso, ao trafegar pelas vias, é
fundamental estar atento.

Contudo, o comportamento de uma pessoa pode mudar de acordo com as


condições apresentadas no dia a dia.

70
A falta de segurança, o nervosismo e a pressa geram, muitas vezes,
comportamentos agressivos que fazem com que o condutor utilize com
violência o veículo no trânsito.

O comportamento inseguro no trânsito pode ser gerado também, por


exemplo, pelo consumo de bebidas alcoólicas ou pelo uso de outras
substâncias que prejudiquem a capacidade de julgamento, antes de assumir o
controle de um veículo ou de caminhar próximo a uma via movimentada.
Condutores, passageiros, pedestres devem resguardar-se mutuamente de
comportamentos inseguros, afinal todos os usuários do trânsito são
responsáveis por comportamentos adequados que gerem a segurança no
trânsito.

As emoções, além de serem responsáveis por reações e comportamentos,


estão presentes em pensamentos, hábitos, avaliações e julgamentos, e
como consequência, influenciam escolhas e decisões a cada instante da vida.

O respeito é um princípio fundamental para a boa convivência entre as


pessoas, e no trânsito não é diferente, pois as atitudes de seus atores
dependem basicamente desse respeito entre si.

O resultado da boa educação no trânsito gera um comportamento correto, que


promove segurança e tranquilidade para todos. Nesse sentido, o
comportamento é definido como a conduta que o motorista/pedestre tem
diante das situações vivenciadas no trânsito.

Ao seguir as regras, além de adotar um comportamento adequado no trânsito,


você contribui para a construção de um ambiente seguro e confiável.
“Transitar faz parte das nossas vidas, em que o trânsito
nos influencia e nós o modificamos a todo o momento.
Existe uma relação muito estreita entre “o que o trânsito
nos dá” e “o que damos ao trânsito” ou “o que damos aos
outros que, como nós, participam do trânsito”. Há uma

71
troca sinérgica de emoções, comportamentos e valores
éticos de cada pessoa.”
Crivella, 2010, p. 53.

É importante considerarmos que ações não planejadas podem gerar


resultados danosos em nossas vidas, e isso se reflete no nosso cotidiano
em todos os setores, inclusive no trânsito. O CTB destaca a importância de se
preservar a vida e o meio ambiente.

O CTB prevê normas gerais de circulação e conduta relacionadas aos usuários


das vias. De acordo com o art. 26 do CTB (Brasil, 1997), esses usuários
devem:
“I. Abster-se de todo ato que possa constituir perigo ou
obstáculo para o trânsito de veículos, de pessoas ou de
animais ou ainda causar danos a propriedades públicas
ou privadas;
II. Abster-se de obstruir o trânsito ou torná-lo perigoso,
atirando, depositando ou abandonando objetos ou
substâncias, ou criando qualquer outro obstáculo [na via].”

O art. 27 do CTB também cita que, “antes de colocar um veículo em circulação


nas vias públicas, o condutor deverá verificar a existência e as boas
condições de funcionamento dos equipamentos de uso obrigatório”
(Brasil, 1997), além de conferir se a quantidade de combustível é suficiente
para chegar ao local de destino.

Já o art. 28 afirma que o condutor deverá ter domínio do próprio veículo,


dirigindo-o com atenção e cuidados indispensáveis à segurança do
trânsito (Brasil, 1997).

Devemos relembrar ainda que o parágrafo 2.º do art. 29 do CTB ressalta:


“O trânsito de veículos nas vias terrestres abertas à
circulação obedecerá às seguintes normas:
[...]

72
XIII
[...]
§ 2.º Respeitadas as normas de circulação e conduta
estabelecidas neste artigo, em ordem decrescente, os
veículos de maior porte serão sempre responsáveis pela
segurança dos menores, os motorizados pelos não
motorizados e, juntos, pela incolumidade dos pedestres.”
Brasil, 1997
Podemos observar, portanto, que há uma corresponsabilidade no trânsito
assumida por cada um quando o assunto é segurança.

No art. 52 do CTB consta que os veículos de tração animal ou humana


deverão ser conduzidos pela direita da pista, junto ao meio-fio ou no
acostamento, sempre que não houver faixa especial a eles destinada. Nesse
caso, os condutores devem obedecer às normas de circulação previstas pelo
CTB e pelas regras fixadas pelo órgão ou entidade com circunscrição sobre a
via (Brasil, 1997).

O art. 53, por sua vez, determina que os animais isolados ou em grupos só
poderão circular nas vias quando conduzidos em rebanhos divididos em grupos
de tamanho moderado e separados uns dos outros por espaços suficientes, a
fim de não obstruir o trânsito, e os animais que circularem pela pista de
rolamento deverão ser mantidos junto à borda da pista (Brasil, 1997).

O ser humano, seja qual for sua posição ou situação no trânsito (condutor,
pedestre, passageiro e outros), deve ter em mente a sua responsabilidade com
os demais usuários da via.

O fato de estarmos em trânsito o tempo todo, ora como pedestre,


ora como ciclista ou dirigindo veículos, nos faz participantes dessa
dinâmica complexa, portanto seguir as regras é fundamental para
que sejamos bons cidadãos e, assim, termos garantidos os nossos direitos.

73
Referências

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10697:2020 –


Pesquisa de sinistros de trânsito – Terminologia. Rio de Janeiro: ABNT, 2020.

BRASIL. Lei n. 9.503, de 23 de setembro de 1997. Institui o Código de Trânsito


Brasileiro. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, 24 set. 1997.
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9503.htm>. Acesso
em: 7 out. 2021.

_____. Lei n. 14.071, de 13 de outubro de 2020. Altera a Lei n. 9.503, de 23 de


setembro de 1997 (Código de Trânsito Brasileiro), para modificar a composição
do Conselho Nacional de Trânsito e ampliar o prazo de validade das
habilitações; e dá outras providências. Diário Oficial da União, Poder
Legislativo, Brasília, DF, 14 out. 2020. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2020/Lei/L14071.htm>.
Acesso em: 7 out. 2021.

CRIVELLA, R. Novos paradigmas na gestão do trânsito gaúcho. In: MARIUZA,


C. A.; GARCIA, L. F. Trânsito e mobilidade urbana: psicologia, educação e
cidadania. Porto Alegre: Conselho Regional de Psicologia do Rio Grande do
Sul, 2010. Disponível em:
<http://www.crprs.org.br/upload/files_publications/arquivo52.pdf>. Acesso em: 7
out. 2021.

DETRAN/PR – Departamento de Trânsito do Paraná. Como prevenir acidentes.


Detran, 2018. Disponível em:
<http://www.detran.pr.gov.br/modules/catasg/servicos-
detalhes.php?tema=motorista&id=343>. Acesso em: 7 out. 2021.

HOUAISS, A.; VILLAR, M. de S. Dicionário eletrônico Houaiss da língua


portuguesa. Versão 3.0. Rio de Janeiro: Instituto Antônio Houaiss; Objetiva,
2009. 1 CD-ROM.

74
Núcleo Temático 1 – Atualização em legislação de trânsito
Unidade de Estudo 5 – Formação do condutor, exigências para as
categorias de habilitação, documentos do condutor e do veículo:
apresentação e validade

Objetivo: conhecer os requisitos para a obtenção da CNH, suas diferentes


categorias e os documentos de porte obrigatório.

Tópicos desta Unidade

• Habilitação para dirigir;


• Categorias de habilitação;
• Requisitos obrigatórios para alteração de categorias C, D e E;
• Identificação do veículo;
• Exames para obtenção da CNH;
• Licença de Aprendizagem de Direção Veicular (LADV);
• Permissão para dirigir;
• Renovação da CNH e exame psicológico;
• Documentação obrigatória do condutor;
• Documentação do veículo.

Olá! Você recorda quais são as categorias de habilitação e os


requisitos necessários para a obtenção de cada uma delas? Nesta
Unidade de Estudo, trataremos dos critérios para a liberação da
primeira licença para dirigir e as demais categorias de habilitação. Falaremos
também sobre a documentação necessária do condutor e do veículo. Vamos
lá?

Habilitação para dirigir

Para obter a habilitação e poder conduzir veículo automotor e elétrico, o


futuro condutor precisa atender a alguns requisitos que estão descritos no CTB
(Brasil, 1997) e na Resolução n. 789/20 do Contran (Brasil, 2020a):

75
• Ser penalmente imputável;
• Saber ler e escrever;
• Possuir documento de identidade ou equivalente;
• Possuir Cadastro de Pessoa Física – CPF.

O candidato pode requerer a Autorização para Conduzir Ciclomotores (ACC),


ou a habilitação na categoria A (duas e três rodas), e/ou a habilitação na
categoria B (a mais comum), submetendo-se a um único Exame de Aptidão
Física e Mental e Avaliação Psicológica.

De acordo com a Lei n. 13.103/2015, o candidato à habilitação para categorias


C, D e E deverá se submeter ao exame toxicológico, além dos exames de
aptidão física e mental e avaliação psicológica (Brasil, 2015).

Categorias de habilitação

Cada categoria refere-se à habilitação para dirigir determinados tipos de


veículos. As categorias são identificadas por letras que vão de A a E, e a
combinação dessas letras na CNH indicam as habilidades do condutor.

A Autorização para Conduzir Ciclomotor – ACC, que se destina a veículos de


até 50 cilindradas, não é considerada uma categoria, mas, assim como para a
obtenção da CNH, requer o cumprimento de exigências legais, havendo
previsão de penalidades para as infrações cometidas.

No Quadro 1, a seguir, você pode conferir as informações gerais e alguns


exemplos de veículos referentes à Autorização para Conduzir Ciclomotores –
ACC, e a cada uma das cinco categorias de habilitação existentes no Brasil.

Quadro 1 – ACC e categorias da CNH


ACC – Autorização para Autorização para condução de veículos de 2 ou 3
Conduzir Ciclomotores rodas, com motores de até 50 cilindradas ou de
motor de propulsão elétrica com potência máxima

76
de 4 KW e que não excedam à velocidade de 50
km/h.

Categoria A Todos os veículos automotores e elétricos, de 2


ou 3 rodas, com ou sem carro lateral.

Categoria B Veículos automotores e elétricos de 4 rodas cujo


peso bruto total não exceda a 3.500 kg e cuja
lotação não excede a 8 lugares, excluído o do
motorista, contemplando a combinação de
unidade acoplada, reboque, semirreboque ou
articulada, desde que o peso bruto total
combinado dos veículos não ultrapasse a
capacidade de peso estabelecida para a
categoria. Veículos automotores da espécie
motor-casa, cujo peso não exceda a 6.000 kg e
cuja lotação não exceda a oito lugares, excluído o
do motorista. Tratores de roda e equipamentos
automotores destinados a executar trabalhos
agrícolas
Categoria C Todos os veículos automotores e elétricos
utilizados em transporte de carga cujo peso bruto
total excede 3.500 kg; tratores de esteira, tratores
mistos ou equipamentos automotores destinados
à movimentação de cargas, de terraplanagem, de
construção ou de pavimentação; veículos
automotores da espécie motor-casa, cujo PBT

77
ultrapasse 6.000 kg, e cuja lotação não exceda a
oito lugares, excluído o do motorista; combinação
de veículos em que a unidade acoplada, reboque
e semirreboque ou articulada não excede 6.000
kg de PBT; todos os veículos abrangidos pela
categoria B.
Categoria D Veículos automotores e elétricos utilizados no
transporte de passageiros cuja lotação excede 8
lugares; veículos destinados ao transporte de
escolares independentemente da lotação;
veículos automotores da espécie motor-casa,
cuja lotação exceda a oito lugares, excluído o do
motorista; ônibus articulado; todos os veículos
abrangidos nas categorias B e C.
Categoria E Combinação de veículos automotores e elétricos
em que a unidade tratora se enquadra nas
categorias B, C ou D e cuja unidade acoplada,
reboque, semirreboque, articulada ou com mais
de uma unidade tracionada, tenha 6.000 kg ou
mais de peso bruto total, ou a lotação exceda a 8
lugares; combinações de veículos automotores e
elétricos com mais de uma unidade tracionada,
independentemente da capacidade máxima de
tração ou PBTC; todos os veículos abrangidos
pelas categorias B, C e D.
Fonte: Brasil, 2020a.

Requisitos obrigatórios para alteração de categorias C, D e E

A alteração de categoria é válida somente para quem já possui uma


habilitação. O condutor que tem o interesse em habilitar-se em outras
categorias deverá procurar um Centro de Formação para Condutores e iniciar o
processo de alteração conforme as normas do CTB e Resolução do Contran.

78
Além dos requisitos básicos válidos, o condutor que solicitar a alteração
de habilitação para as categorias C, D e E precisa passar pelo
exame toxicológico e prestar atenção às seguintes exigências (Brasil, 1997):

Categoria C

Estar habilitado há, no mínimo, 1 (um) ano na categoria B e não ter cometido
infração grave, gravíssima ou ser reincidente em infração média durante os
últimos 12 (doze) meses.

Categoria D

Ter idade mínima de 21 (vinte e um) anos, estar habilitado há, pelo menos, 2
(dois) anos na categoria B ou 1 (um) ano na categoria C, e não ter cometido
infração gravíssima nos últimos 12 (doze) meses.

Categoria E

Estar habilitado há, no mínimo, 1 (um) ano na categoria C e não ter cometido
infração gravíssima nos últimos 12 (doze) meses.

Além dos requisitos apresentados, o candidato deve realizar novo exame


médico e nova avaliação psicológica. Se o condutor exercer atividade
remunerada – EAR, essa informação constará no campo de observação da
Carteira Nacional de Habilitação (CNH).

A medida abrange motoristas de caminhão, de ônibus, taxistas,


mototaxistas, motoboys ou motofretistas que realizam o transporte de
pequenas cargas que deverão realizar o curso especializado de acordo com a
atividade que desejem desenvolver.

As especializações para condutores compreende os cursos de transporte


coletivo de passageiros, transporte de escolares, transporte de produtos
perigosos, transporte de emergência, transporte de carga indivisível e

79
transporte de cargas e pessoas em motocicletas (motofrete e mototáxi) que
estão regulamentados por Resolução do Contran.

Outra regra refere-se ao exame toxicológico, instituído pela Lei n. 13.103/15 e


alterado pela Lei n. 14.071/20 e que se encontra regulamentado pelas
Resoluções Contran n. 691/2017, 713/2017, 843/2021 e 855/2021. Esse exame
é obrigatório para as categorias C, D e E tanto na obtenção quanto na
renovação da CNH, e deverá ser realizado em laboratórios credenciados junto
ao Senatran.

Os condutores das categorias C, D e E com idade inferior a 70 (setenta)


anos serão submetidos a novo exame a cada período de 2 (dois) anos e 6
(seis) meses, a partir da obtenção ou renovação da CNH, independentemente
do prazo de validade da mesma.

Caso o resultado do exame seja positivo, acarretará ao condutor a


suspensão do direito de dirigir pelo período de 3 (três) meses,
condicionado o levantamento da suspensão à inclusão, no Renach, de
resultado negativo em novo exame.

Identificação do veículo

A identificação visual do veículo é feita por meio das placas dianteiras e


traseiras. A dianteira é parafusada, a traseira é lacrada (para as placas
anteriores ao padrão Mercosul), de acordo com especificações e modelos
estabelecidos pelo Contran. Já os ciclos (motos) têm somente placa traseira
lacrada.

A Resolução n. 780, de 26 de junho de 2019, estabelece as regras do sistema


de Placas de Identificação de Veículos no padrão disposto na Resolução do
Mercosul. Esse padrão é válido em todo o Brasil desde 31 de janeiro de 2020.
Assim, o novo modelo de placa é obrigatório nos casos de primeiro
emplacamento. A placa antiga deve ser substituída em caso de troca de

80
município ou de troca de propriedade do veículo se houver mudança de
município, ou ainda em caso de furto ou deterioração desta.

A placa apresenta o padrão com quatro letras e três números, e a cor de


fundo é totalmente branca. Acompanhe a seguir o significado de cada item
contido na placa.

1 Código bidimensional (QR-Code)


2 Hot stamp personalizado
3 Marca d’água
4 Bandeira do país
5 Distintivo do Brasil
6 Selo fiscal federal (chip)
7 Ondas sinusoidais
8 Logotipo do Mercosul

A cor das fontes (letras e números) diferencia o tipo de veículo: cor preta para
veículos de passeio, vermelha para veículos comerciais, azul para carros
oficiais, verde para veículos em teste, dourado para os automóveis
diplomáticos e cinza prata para os veículos de colecionadores.

81
Exames para obtenção da CNH

O primeiro passo para o início do processo de formação do condutor é abrir o


processo de habilitação em um Centro de Formação de Condutores (CFC). A
partir da abertura do processo nas categorias B ou A (ou então AB), que terá
validade de um ano, o candidato deverá realizar:
a. Avaliação psicológica;
b. Exame de aptidão física e mental;
c. 45 horas de aulas teóricas;
d. Exame teórico junto ao Detran 1;
e. 20 aulas práticas para categoria B, e 20 aulas práticas para
categoria A.
f. Exame de direção veicular 2.

Na avaliação psicológica (psicotécnico), são realizadas entrevistas diretas


e individuais; testes psicológicos, que deverão ocorrer conforme as
resoluções do Conselho Federal de Psicologia (CFP); dinâmicas de grupo e
intervenções verbais para a avaliação dos seguintes processos psíquicos, de
acordo com o Contran (Brasil, 2012):
1 Tomada de informação
2 Processamento de informação
3 Tomada de decisão
4 Comportamento
5 Autoavaliação do comportamento
6 Traços de personalidade, equilíbrio psíquico e de aptidões
perceptorreacionais e motoras

No laudo psicológico, deve constar um parecer, que pode ser “apto”, “inapto
temporariamente” ou “inapto”. Nessa avaliação, não existe o resultado “apto
com restrições”.

1
Exame escrito sobre a integralidade do conteúdo programático desenvolvido em Curso de Formação
para Condutor, que envolve questões sobre: legislação de trânsito, primeiros socorros, funcionamento do
veículo de duas ou mais rodas, direção defensiva, proteção e respeito ao meio ambiente e de convívio
social no trânsito.
2
Realizado em via pública ou área específica, em veículo da categoria para a qual esteja se habilitando.

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No laudo médico do Exame de Aptidão Física e Mental, consta um
parecer similar ao do laudo psicológico, que pode ser “apto”, “apto com
restrições”, “inapto temporariamente” ou “inapto”.

De acordo com o parágrafo 2º do art. 147 do CTB, atualizado pela Lei n.


14.071/20,
“o exame de aptidão física e mental, a ser realizado no
local de residência ou domicílio do examinado, será
preliminar e renovável com a seguinte periodicidade:
I – a cada 10 (dez) anos, para condutores com idade
inferior a 50 (cinquenta) anos;
II – a cada 5 (cinco) anos, para condutores com idade
igual ou superior a 50 (cinquenta) anos e inferior a 70
(setenta) anos;
III – a cada 3 (três) anos, para condutores com idade igual
ou superior a 70 (setenta) anos.
Quando houver indícios de deficiência física ou mental, ou
de progressividade de doença que possa diminuir a
capacidade para conduzir o veículo, os prazos previstos
poderão ser diminuídos por proposta do perito
examinador.”
Brasil, 2020c.

O Detran oferece uma junta médica especial para a avaliação dos candidatos
com deficiência.

Após a aprovação nos exames médico e psicológico, o candidato poderá


realizar o curso teórico-técnico no Centro de Formação de Condutores (CFC).
Com o curso concluído, será submetido ao Exame Escrito (exame técnico-
teórico), que é constituído por uma prova convencional ou eletrônica, as
quais incluem todo o conteúdo programático equivalente à carga horária
de cada disciplina, organizada de forma individual, única e sigilosa. Para
aprovação, o candidato deve obter, no mínimo, 70% de acerto das questões.

83
Caso o candidato reprove no exame escrito sobre legislação de trânsito ou
de direção veicular, observado o prazo previsto no parágrafo 3º, art. 2º,
Resolução n. 789/20, poderá repeti-lo a qualquer tempo, sendo dispensado
do exame no qual tenha sido aprovado.

Após a realização do exame teórico-técnico no Detran e da aprovação do


candidato nessa etapa, ele receberá a Licença para Aprendizagem de Direção
Veicular (LADV), e somente com a posse desta é que poderá iniciar as aulas
práticas de direção.

A seguir, apresentamos uma descrição detalhada sobre essa licença.


Acompanhe!

Licença para Aprendizagem de Direção Veicular (LADV)

Para iniciar o aprendizado prático de direção veicular em um CFC, o aluno


receberá a LADV, expedida pelo Detran do estado. Essa licença terá, no
mínimo, as seguintes informações: identificação do órgão ou entidade
executivo de trânsito expedidor; nome completo, número do documento de
identidade, do CPF e do formulário RENACH do candidato; categoria
pretendida; nome do Centro de Formação de Condutores (CFC); e prazo de
validade.

Para realizar a prática de direção veicular, o candidato deve portar a LADV


acompanhada de documento de identidade e estar acompanhado de um
instrutor.

Se o candidato optar pela mudança de CFC, deverá ser expedida nova LADV.
Para tanto, devem-se considerar as aulas já ministradas e o prazo de
validade. O candidato que conduzir o veículo em desacordo com o disposto na
Resolução terá a LADV suspensa por 6 meses.

Além do aprendiz e do instrutor, o veículo utilizado na aprendizagem poderá


conduzir apenas mais 1 acompanhante.

84
Direção veicular

Após a realização do curso prático, o candidato poderá realizar o exame prático


a fim de obter a CNH para veículos automotores e/ou elétricos conforme
categoria pretendida.

Conforme o art. 15 da Resolução n. 789/2020, o exame de direção veicular


deverá ser realizado:
“I. Em locais e horários estabelecidos pelo [...] [Detran], de
acordo com a autoridade responsável pela via;
II. Em veículo da categoria pretendida, com transmissão
mecânica e duplo comando de freios;
III. Em veículo identificado como “aprendiz em exame”,
quando não for destinado à formação de condutores.”
Brasil, 2020a.

Esse exame compreenderá duas fases:

1. A colocação do veículo em uma vaga delimitada por balizas;


2. A direção do veículo em via pública.

Balizas removíveis

A delimitação da vaga balizada para o Exame de Direção Veicular deve


atender às seguintes especificações:

• Comprimento total do veículo, acrescido de 40%;


• Largura total do veículo, acrescido de 40%.

Avaliação do candidato
O futuro condutor será aprovado quando:

• Não ultrapassar as 3 (três) tentativas de manobras na baliza;

85
• Não exceder o tempo determinado à colocação do veículo no espaço de
baliza;
• Não cometer falta eliminatória;
• A soma dos pontos negativos não ultrapassar 3 (três).

Para a categoria A, o Exame de Direção Veicular é realizado em um local


específico destinado para essa atividade e com a utilização de veículo com
cilindrada acima de 120 cm³.

O exame também deve apresentar obstáculos, tais como: zigue-zague (slalow),


prancha ou elevação, sonorizadores, duas curvas sequenciais e duas rotatórias
circulares.

O candidato é considerado reprovado no Exame de Direção Veicular se


cometer falta eliminatória ou se a soma dos pontos negativos ultrapassar
3 (três), conforme cita o parágrafo único do art. 18 da Resolução n. 789/2020.

A pontuação negativa por faltas cometidas durante todas as etapas do exame é


assim classificada:

• Uma falta eliminatória: reprovação;


• Uma falta grave: 3 (três) pontos negativos;
• Uma falta média: 2 (dois) pontos negativos;
• Uma falta leve: 1 (um) ponto negativo.

Brasil, 2020a

Após todo esse processo, se o candidato for aprovado, receberá a Permissão


para dirigir (PPD) ou Autorização para conduzir ciclomotores (ACC), provisória
e válida por um ano.

Permissão para dirigir (PPD)

A renovação da permissão para dirigir (PPD) para CNH só será expedida após
12 (doze) meses da sua emissão.

86
O condutor terá prazo de 30 dias para efetivar sua habilitação junto ao Detran.
Durante esse tempo, poderá continuar dirigindo sem incorrer em infração de
trânsito.

Lembre-se de que, durante o período da permissão, o condutor não


poderá incorrer em infrações de natureza grave, gravíssima ou
ser reincidente em infração média. Caso ocorra uma irregularidade dessa
natureza, sua habilitação será cassada e terá que iniciar novo processo.

Ao candidato considerado apto para conduzir ciclomotores é conferida a ACC


(Autorização para Conduzir Ciclomotores) provisória, com validade de 1 ano.

Caso o permissionário cometa uma infração grave, gravíssima, ou seja


reincidente em uma infração média, deverá reiniciar todo o processo de
habilitação, precisando, nesse caso, refazê-lo em todas as etapas, conforme o
parágrafo 4.º do art. 148 do CTB − Lei n. 9.503, de 23 de setembro de 1997
(Brasil, 1997).

Renovação da CNH e exame psicológico

A validade da CNH está relacionada à validade do Exame de Aptidão Física e


Mental e sua renovação deverá ser realizada de acordo com o art. 147 do CTB,
atualizado pela Lei n. 14.071/20.

Outros prazos também podem ser estabelecidos a critério médico e,


dependendo do caso, o exame psicológico também deve ser renovado.
Entenda melhor esse assunto lendo o art. 147 do CTB 3 e o art. 5.º da
Resolução n. 789/2020 4.
De acordo com o art.150 do CTB 5 e normatização do Contran, o condutor que,
ao renovar os exames, não tiver curso de direção defensiva e primeiros

3
https://www.ctbdigital.com.br/artigo/art147
4
https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/resolucao-n-789-de-18-de-junho-de-2020-263185648
5
https://www.ctbdigital.com.br/artigo/art150#:~:text=Art.-
,150,submetido%2C%20conforme%20normatiza%C3%A7%C3%A3o%20do%20CONTRAN.

87
socorros, deverá ser submetido a eles. (Parágrafo único do art. 150 do CTB)
(Brasil, 1997).

Após o vencimento da CNH, é possível continuar a dirigir durante 30 (trinta)


dias sem que se configure uma irregularidade de trânsito, mas, após esse
prazo, dirigir com a CNH fora do prazo de validade constitui uma infração
gravíssima. Para prevenir essa situação, o processo de renovação pode ser
iniciado antes da data de vencimento.

Observa-se que a renovação ou a emissão de uma nova via da CNH também


dependerão da quitação de débitos constantes do prontuário do condutor (art.
159, parágrafo 8º, CTB) (Brasil, 1997).

Documentação obrigatória do condutor

Conforme o art. 1.º da Resolução Contran n. 205, de 20 de outubro de


2006 (Brasil, 2006), os documentos obrigatórios são:

I. Autorização para Conduzir Ciclomotor (ACC), Permissão para


Dirigir (PPD) ou Carteira Nacional de Habilitação (CNH) originais
(física ou digital).
II. Certificado de Registro e Licenciamento Anual de Veículo (CRLV)
original.

O art. 159, alterado pela Lei n. 14.071/2020, define que a Carteira Nacional de
Habilitação passa a ser expedida em meio físico e/ou digital, à escolha do
condutor e terá fé pública e equivalerá a documento de identidade em todo o
território nacional.

88
CNH Física CNH Digital

Carteira Nacional de Habilitação (CNH).

Importante: de acordo com a Lei n. 13.281 de maio de 2016, o CRLV ou CLA


continua sendo um documento do veículo de Porte Obrigatório (Brasil, 2016).
Contudo, poderá ocorrer de o condutor Não Ser Autuado se a fiscalização
naquele momento puder consultar o sistema informatizado. Caso não seja
possível, continuará sendo uma Multa Leve, mas há previsão de medida
administrativa de retenção do veículo até a apresentação do documento.

Essa dispensa em razão da alteração trazida pela Lei n. 14071/20 também se


aplica ao porte do documento de habilitação que será dispensado quando, no
momento da fiscalização, o agente conseguir comprovar que o condutor está
habilitado por meio de acesso ao sistema de verificação.

Documentação do veículo

Tão importante quanto a CNH são os documentos do veículo, não é mesmo?


Vamos ver quais são eles?

89
Certificado de Registro de Veículo em Meio Digital (CRV-e)

A Resolução Contran n. 809/20 regulamentou o novo modelo de documento do


veículo trazendo diversas alterações. Veja as principais regras.

O CRLV-e será obrigatoriamente emitido nos seguintes casos:


Art. 3 [...]
I – no registro do veículo;
II – no licenciamento anual do veículo;
III. – na transferência de propriedade;
IV – na mudança de município de domicílio ou de município de residência do
proprietário;
V – na alteração de qualquer característica do veículo;
VI – na mudança de categoria;
[...]
VIII – no caso de remarcação de chassi.

A emissão do CRLV-e poderá ser expedida por meio físico ou digital, à escolha
do proprietário. Todavia, se a escolha for pelo modelo físico, a impressão não
será mais em papel moeda e sim em papel A4 comum branco.

Já para os usuários do app Carteira Digital de Trânsito (CDT) obtido pelo site
www.gov.br, será no ícone veículos, conforme imagem a seguir.

90
Figura 1 - App Carteira Digital de Trânsito.
Fonte: Governo do Brasil.

Fique atento. Não se expedirá o Certificado de Registro do Veículo


(CRV), também conhecido como DUT (documento único de
transferência). Quem tem esse documento expedido irá utilizá-lo
quando realizar uma transferência ou alterar características do veículo e,
depois disso, não será expedido novo CRV, mas o CRLV-e.

O porte do documento do veículo será dispensado quando, no momento da


fiscalização, o agente tiver acesso ao sistema para verificar as informações
necessárias.

Toda e qualquer alteração precisa ser solicitada antecipadamente aos órgãos


de trânsito responsáveis. Somente após essa autorização é que se executa a
alteração e, na sequência, se procede à inclusão no documento.

Qualquer uma dessas alterações deve ser comunicada imediatamente ao


Detran. O prazo máximo para transferência de propriedade é de 30 dias, e

91
ultrapassar esse prazo constitui infração MÉDIA (art. 233 do CTB) (Brasil,
1997).

O Certificado de Registro de Licenciamento de Veículos (CRLV) ou Certificado


de Licenciamento Anual (CLA) agora é o CRLV-e e deve ser renovado
anualmente. Sua emissão acontece após terem sido quitados todos os débitos
do veículo (taxa de Licenciamento, Seguro Obrigatório, Imposto sobre a
Propriedade de Veículo Automotor (IPVA) e multas vencidas)

Quando houver suspeita de adulteração do documento, o condutor terá o


Certificado de Licenciamento Anual recolhido.

Chegamos ao fim de mais uma Unidade de Estudo. Esperamos ter


contribuído para o esclarecimento de dúvidas acerca dos principais
critérios para a obtenção da CNH. Vale a pena observar algumas
informações complementares sobre o processo de habilitação no Código de
Trânsito, por exemplo, as destacadas nos arts. 140 a 160, assim como a
Resolução n. 789/2020. Até breve!

Referências

BRASIL. Lei n. 9.503, de 23 de setembro de 1997. Institui o Código de Trânsito


Brasileiro. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 24 set.
1997. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9503.htm>.
Acesso em: 8 out. 2021.

_____. Lei n. 13.103, de 2 de março de 2015. Dispõe sobre o exercício da


profissão de motorista; altera a Consolidação das Leis do Trabalho – CLT,
aprovada pelo Decreto-Lei n. 5.452, de 1º de maio de 1943, e as Leis n. 9.503,
de 23 de setembro de 1997 – Código de Trânsito Brasileiro, e 11.442, de 5 de
janeiro de 2007 (empresas e transportadores autônomos de carga), para
disciplinar a jornada de trabalho e o tempo de direção do motorista profissional;
altera a Lei n. 7.408, de 25 de novembro de 1985; revoga dispositivos da Lei n.
12.619, de 30 de abril de 2012; e dá outras providências. Diário Oficial da
União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 3 mar. 2015. Disponível em:

92
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13103.htm>.
Acesso em: 8 out. 2021.

_____. Lei n. 13.281, de 4 de maio de 2016. Altera a Lei n. 9.503, de 23 de


setembro de 1997 (Código de Trânsito Brasileiro), e a Lei n. 13.146, de 6 de
julho de 2015. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 5 maio
2016. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-
2018/2016/lei/l13281.htm>. Acesso em: 8 out. 2021.

_____. Lei n. 14.071, de 13 de outubro de 2020. Altera a Lei n. 9.503, de 23 de


setembro de 1997 (Código de Trânsito Brasileiro), para modificar a composição
do Conselho Nacional de Trânsito e ampliar o prazo de validade das
habilitações; e dá outras providências. Diário Oficial da União, Poder
Legislativo, Brasília, 14 out. 2020c. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2020/Lei/L14071.htm>.
Acesso em: 7 mar. 2021.

BRASIL. CONTRAN – Conselho Nacional de Trânsito. Resolução Contran n.


205, de 20 de outubro de 2006. Dispõe sobre os documentos de porte
obrigatório e dá outras providências. Diário Oficial da União, Poder
Legislativo, Brasília, DF, 10 nov. 2006. Disponível
em: <https://www.gov.br/infraestrutura/pt-br/assuntos/transito/conteudo-
contran/resolucoes/resolucao205_06.pdf>. Acesso em: 8 out. 2021.

_____. Resolução Contran n. 425, de 27 de novembro de 2012. Dispõe sobre


o exame de aptidão física e mental, a avaliação psicológica e o credenciamento
das entidades públicas e privadas de que tratam o art. 147, I e parágrafos 1.º a
4.º e o art. 148 do Código de Trânsito Brasileiro. Diário Oficial da União,
Poder Legislativo, Brasília, DF, 10 dez. 2012. Disponível em:
<https://www.gov.br/infraestrutura/pt-br/assuntos/transito/conteudo-
contran/resolucoes/resolu-o-uo-425-1.pdf>. Acesso em: 8 out. 2021.

_____. Resolução Contran n. 691, de 27 de setembro de 2017. Dispõe sobre o


exame toxicológico de larga janela de detecção, em amostra queratínica, para
a habilitação, renovação ou mudança para as categorias C, D e E, decorrente
da Lei n. 13.103, de 2 de março de 2015. Diário Oficial da União, Poder
Legislativo, Brasília, DF, 28 set. 2017a. Disponível em

93
<https://www.gov.br/infraestrutura/pt-br/assuntos/transito/conteudo-
contran/resolucoes/resolucao6912017aprovada.pdf>. Acesso em: 8 out. 2021.

_____. Resolução Contran n. 713, de 30 de novembro de 2017. Altera o art. 4º,


§2º e o art. 11, §4º, da Resolução Contran n. 691, de 27 de setembro de 2017,
que dispõe sobre o exame toxicológico de larga janela de detecção, em
amostra queratínica, para a habilitação, renovação ou mudança para as
categorias C, D e E, decorrente da Lei n. 13.103, de 2 de março de 2015.
Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 6 dez. 2017b.
Disponível em <https://www.gov.br/infraestrutura/pt-
br/assuntos/transito/conteudo-contran/resolucoes/resolucao7132017.pdf>.
Acesso em: 8 out. 2021.

_____. Resolução Contran n. 780, de 26 de junho de 2019. Dispõe sobre o


novo sistema de Placas de Identificação Veicular. Diário Oficial da União,
Poder Legislativo, Brasília, DF, 28 jun. 2019. Disponível em:
<https://www.gov.br/infraestrutura/pt-br/assuntos/transito/conteudo-
contran/resolucoes/resolucao7802019.pdf>. Acesso em: 8 out. 2021.

_____. CONTRAN – Conselho Nacional de Trânsito. Resolução n. 789, de 18


de junho de 2020. Consolida normas sobre o processo de formação de
condutores de veículos automotores e elétricos. Diário Oficial da União, Poder
Legislativo, Brasília, DF, 24 jun. 2020a. Disponível em:
<https://www.gov.br/infraestrutura/pt-br/assuntos/transito/conteudo-
contran/resolucoes/resolucao789-2020.pdf>. Acesso em: 8 out. 2021.

_____. Resolução Contran n. 809, de 15 de dezembro de 2020. Dispõe sobre


os requisitos para emissão do Certificado de Registro de Veículo (CRV), do
Certificado de Licenciamento Anual (CLA) e do comprovante de transferência
de propriedade em meio digital. Diário Oficial da União, Poder Legislativo,
Brasília, DF, 24 dez. 2020b. Disponível em:
<https://www.gov.br/infraestrutura/pt-br/assuntos/transito/conteudo-
contran/resolucoes/Resolucao8092020.pdf>. Acesso em: 8 out. 2021.

_____. Resolução Contran n. 843, de 8 de abril de 2021. Altera a Resolução


Contran n. 691, de 27 de setembro de 2017, que dispõe sobre o exame
toxicológico de larga janela de detecção, em amostra queratínica, para a

94
habilitação, renovação ou mudança para as categorias C, D e E, decorrente da
Lei n. 13.103, de 2 de março de 2015. Diário Oficial da União, Poder
Legislativo, Brasília, DF, 12 abr. 2021. Disponível em
<https://www.gov.br/infraestrutura/pt-br/assuntos/transito/conteudo-
contran/resolucoes/Resolucao8432021R.pdf>. Acesso em: 8 out. 2021.

_____. Resolução n. 849, de 8 de abril de 2021. Altera a Resolução Contran n.


789, de 18 de junho de 2020, que consolida normas sobre o processo de
formação de condutores de veículos automotores e elétricos. Diário Oficial da
União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 12 abr. 2021. Disponível em:
<https://www.gov.br/infraestrutura/pt-br/assuntos/transito/conteudo-
contran/resolucoes/Resolucao8492021.pdf>. Acesso em: 8 out. 2021.

_____. Resolução Contran n. 855, de 19 de julho de 2021. Referenda a


Deliberação Contran n. 222, de 27 de abril de 2021, que altera as Resoluções
Contran n. 691, de 27 de setembro de 2017, e n. 390, de 11 de agosto de
2011. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 26 jul. 2021.
Disponível em <https://www.gov.br/infraestrutura/pt-
br/assuntos/transito/conteudo-contran/resolucoes/Resolucao8552021.pdf>.
Acesso em: 8 out. 2021.

DETRAN/PR – Departamento de Trânsito do Paraná. Fazer exame toxicológico


para ter carteira de motorista C, D e E. Detran, S.d. Disponível
em: <http://www.detran.pr.gov.br/servicos/Motorista/Exames-e-provas/Fazer-
exame-toxicologico-para-ter-carteira-de-motorista-C-D-e-E-J0o2BDoQ>.
Acesso em: 7 mar. 2021.

95
Núcleo Temático 1 – Atualização em legislação de trânsito
Unidade de Estudo 6 – Normas gerais de circulação e conduta

Objetivo: entender as regras gerais de circulação e conduta.

Tópicos desta Unidade

• Trânsito;
• Classificação de vias;
• Normas gerais de circulação e conduta;
• Regras para conversões;
• Utilização das luzes do veículo em vias públicas;
• Outras regras de segurança;
• Condução de veículos por motoristas profissionais;
• Infrações e penalidades referentes ao estacionamento, parada,
circulação, documentação do condutor e do veículo.

Olá! Você se recorda das normas que os usuários das vias, tanto
pedestres quanto condutores, devem seguir para que seu
comportamento no trânsito seja adequado? É muito importante
conhecer as normas gerais de circulação e conduta, pois elas definem o
comportamento dos usuários do trânsito. A compreensão desse assunto
começa com um bom entendimento do que compõe o trânsito, a classificação
das vias públicas, os limites de velocidade permitidos e meios de fiscalização,
entre outros temas relacionados. Vamos iniciar os estudos?

Trânsito

Trânsito é sinônimo de movimentação. Segundo o CTB, Lei n. 9.503, de 23 de


setembro de 1997 (Brasil, 1997), trânsito é a “movimentação e imobilização
de veículos, pessoas e animais nas vias terrestres”, e para que flua com
tranquilidade e acidentes sejam evitados, há necessidade de ordem e
regulamentação.

96
Como condutor, passageiro ou pedestre, o ser humano é a figura mais
importante no trânsito, pois é o único que tem o poder de modificá-lo para
torná-lo mais seguro e organizado. Contudo, quando deixa de cumprir as
normas estabelecidas, tem a condição de desorganizá-lo ocasionando graves
problemas.

Quando um cidadão utiliza um veículo para se locomover, ele deve estar


seguro, confiante, com bom controle emocional e excelente raciocínio.

Segundo o CTB, a responsabilidade do condutor começa muito antes de


colocar o veículo para circular em vias públicas. Verificar as condições do
veículo, a documentação, as condições dos seus passageiros e a sua própria é
importante para uma direção segura e regular.

A legislação define regras para a utilização do espaço comum, para que todos
tenham os mesmos direitos. O descumprimento das regras caracteriza infração
de trânsito, lembrando que, em relação às infrações, quando o condutor ou o
pedestre for flagrado pelo agente de fiscalização de trânsito ou dispositivo
eletrônico homologado pelo SNT, será notificado e serão aplicadas as
penalidades de acordo com a gravidade delas.

Para colaborar com a segurança e a qualidade de vida de todas as pessoas


que trafegam nas vias, devemos fortalecer atitudes, como:

• Seguir as regras de sinalização e circulação;


• Ter conhecimento das atitudes que resultam em infrações de trânsito;
• Desenvolver a consciência das próprias atitudes no trânsito;
• Estacionar somente em local permitido;
• Realizar apenas conversões autorizadas e seguras;
• Respeitar a preferência dos pedestres e a dos demais condutores;
• Respeitar os limites de velocidade;
• Respeitar todos os usuários das vias públicas, incluindo o agente de
trânsito.

97
Vamos aprender um pouco mais sobre vias públicas? Acompanhe a
seguir!

Classificação das vias

As vias são locais por onde transitam pessoas, animais e veículos.

Ruas, avenidas, logradouros, caminhos, passagens, estradas e rodovias são


exemplos de vias.

Seu uso é regulamentado pelo órgão ou entidade responsável, de acordo com


a região onde está situada. As vias são classificadas em rurais e urbanas.

Vias rurais

São vias abertas na zona rural, divididas em:

Rodovias Estradas
Vias pavimentadas Vias não pavimentadas

98
Vias urbanas

As vias urbanas são classificadas em:


Via de trânsito rápido

Vias com acesso de trânsito livre, sem interseções em nível, sem


acessibilidade direta aos lotes limítrofes e sem travessia de pedestres.
Via arterial

Caracterizada por interseções em nível, geralmente controlada por semáforo,


com acessibilidade aos lotes lindeiros1, ou seja, terrenos e/ou edificações
que se encontram às margens da via, e às vias secundárias locais,
possibilitando o trânsito entre as regiões da cidade.

Via coletora

Destinada a coletar e a distribuir o trânsito que necessita entrar ou sair das


vias rápidas ou arteriais, possibilitando a circulação dentro das regiões da

1
Lotes lindeiros são terrenos ou edificações como casas, prédios, áreas comerciais, entradas e saídas de
veículos, entre outros, que se encontram ao longo e às margens das vias.

99
cidade.
Via local

Caracterizada por interseções em nível não semaforizadas e destinada


apenas ao acesso local a áreas restritas.
Condomínios fechados

Nas vias internas pertencentes a condomínios construídos por unidades


autônomas, a sinalização fica sob a responsabilidade do condomínio, após
aprovação dos projetos pelo órgão ou entidade com circunscrição sobre a
via.

Nos arts. 61 e 62, o CTB (Brasil, 1997) regulamenta a velocidade máxima e a


mínima das vias. O condutor pode ser penalizado por transitar tanto em
velocidade inferior à mínima permitida quanto superior à máxima
permitida.

A velocidade mínima será de 50% do limite máximo estabelecido, e segundo o


CTB, art. 219, andar abaixo dela constitui infração média (Brasil, 1997).

O limite máximo estabelecido para a via deverá ser observado em situações


favoráveis de tempo, via, estado do veículo e demais condições adversas.

É muito importante que você saiba exatamente a velocidade de circulação


permitida nos diferentes tipos de via.

100
Vamos relembrar as velocidades permitidas nas vias urbanas e rurais, onde
não há sinalização? Fique atento!

Quadro 1 – Velocidade máxima permitida nas vias urbanas e rurais


(onde não há sinalização)
Vias urbanas Vias rurais
Via Velocidade Via Tipo de Velocidade
máxima veículo Máxima
(qualquer
veículo)
Trânsito 80 km/h Automóveis, Nas rodovias
de pistas
rápido camionetas e
duplas - 110
Arterial 60 km/h motocicletas km/h.
Nas rodovias
Rodovia
de pista
simples – 100
km/h.
Coletora 40 km/h Demais 90 km/h
veículos
Local 30 km/h Estrada Todos os 60 km/h
veículos
Fonte: Brasil, 1997.

As velocidades poderão ser superiores ou inferiores às estabelecidas onde não


existir sinalização de acordo com a regulamentação do órgão ou entidade de
trânsito ou rodoviário com circunscrição sobre a via, seguindo o que determina
o parágrafo 2º do art. 6º do CTB (Brasil, 1997).

Lembre-se de que existem também vias e áreas destinadas somente aos


pedestres.

101
Fiscalização eletrônica

Os órgãos de trânsito se utilizam de tecnologias cada vez mais avançadas para


o acompanhamento e a fiscalização do que ocorre nas vias de circulação,
visando o cumprimento das normas de segurança previstas em lei.

De acordo com o art. 280, parágrafo 2º da Lei n. 9.503 – CTB (Brasil, 1997),
“a infração de trânsito deverá ser comprovada por
declaração da autoridade ou agente da autoridade de
trânsito, por aparelho eletrônico ou por equipamento
audiovisual, reações químicas ou qualquer outro meio
tecnologicamente disponível previamente regulamentado
pelo Contran.”
Brasil, 1997

Dessa forma, as informações obtidas pelos equipamentos de fiscalização


eletrônica fundamentam a emissão dos autos de infração.

O radar é um dos principais equipamentos de fiscalização eletrônica e tem


auxiliado a comprovar infrações como o descumprimento do limite de
velocidade, o avanço no semáforo com sinal vermelho e a ocupação da faixa
de pedestres por veículos, entre outras possibilidades.

O radar mede a velocidade dos veículos em vias urbanas e rurais e registra


prova fotográfica da infração em caso de velocidade acima do permitido.

Uma via com fiscalização eletrônica deverá apresentar sinalização vertical


regulamentada (placa R-19), e seus usuários não deverão ultrapassar a
velocidade indicada. Caso o radar acuse a infração, o condutor receberá uma
notificação informando a irregularidade cometida.

As informações a seguir são registradas por equipamentos:

• Identificação do equipamento;

102
• Data, local e hora da infração;
• Identificação do veículo (placa, marca e modelo);
• Velocidade regulamentada;
• Velocidade do veículo.

Na sequência, vamos entender melhor como é a prática das


normas de circulação e conduta?

Normas Gerais de Circulação e Conduta

Em seu Capítulo III, o CTB (Brasil, 1997) institui as Normas Gerais de


Circulação e Conduta. Essas normas devem ser apresentadas a todos os
candidatos à obtenção da CNH e conhecê-las é fundamental para que todos
possam circular corretamente. Dessa forma, é possível cumprir a principal
determinação do CTB:

“transitar sem constituir perigo ou obstáculo a si próprio e aos demais


elementos do trânsito”.
Brasil, 1997

Todas as regras derivam desse conceito.

Usuários das vias terrestres


O art. 26 do CTB indica que todos os usuários das vias terrestres
devem:
“I. abster-se de todo ato que possa constituir perigo
ou obstáculo para o trânsito de veículos, de pessoas ou
de animais, ou ainda causar danos a propriedades
públicas ou privadas;
II. abster-se de obstruir o trânsito ou torná-lo
perigoso, atirando, depositando ou abandonando na via
objetos ou substâncias, ou criando qualquer outro
obstáculo.”

Brasil, 1997

103
Já o art. 27 (Brasil, 1997) determina que, antes de colocar o veículo em
circulação nas vias públicas, o condutor deverá verificar a existência e as
boas condições de funcionamento dos equipamentos de uso obrigatório,
bem como assegurar-se da existência de combustível suficiente para chegar ao
local de destino.

Lado da condução na via

O Brasil adota a Convenção de Viena, de 1968, para definir o lado de


condução na via. Conforme cita o art. 29 do CTB (Brasil, 1997), o trânsito de
veículos nas vias terrestres abertas à circulação deve obedecer às seguintes
normas:

• A circulação deve ser feita pelo lado direito da via, admitindo-se as


exceções devidamente sinalizadas;
• O condutor deve manter distância de segurança lateral e frontal
entre o respectivo veículo que está conduzindo e os demais. Deve
também manter distância da borda da pista. Para isso, é necessário
considerar, naquele momento, a velocidade e as condições climáticas,
do local, da circulação e do veículo.

Prioridade de passagem ou regras de preferência

É muito importante relembrar as normas referentes à prioridade de


passagem e às regras de preferência. De acordo com o art. 26 e 29 do CTB
(BRASIL, 1997):
1. Quando for ingressar numa via procedente de um lote
lindeiro (estacionamento, saída de garagem, entre outros), deve-se dar
preferência aos veículos e pedestres que estejam transitando por ali;
2. Quando veículos, transitando por fluxos que se cruzam, se aproximarem
de local não sinalizado, terão preferência de passagem:

104
• No caso de haver somente um fluxo proveniente de rodovia:
aquele que estiver circulando por ela;
• No caso de rotatória: o que estiver circulando por ela;
• Nos demais casos: aquele que vier pela direita do condutor.

Os veículos destinados a socorro de incêndio e salvamento, os de polícia, os


de fiscalização e operação de trânsito e as ambulâncias, além de prioridade de
trânsito, gozam de livre circulação, estacionamento e parada, quando em
serviço de urgência, de policiamento ostensivo ou de preservação da ordem
pública, devidamente identificados por dispositivos regulamentares de alarme
sonoro e iluminação vermelha intermitente.

• Deixar de dar passagem aos veículos precedidos de batedores é


infração gravíssima. Penalidade: multa (art. 189, CTB) (Brasil, 1997);
• Seguir veículo em serviço de urgência, estando este com prioridade de
passagem devidamente identificado é infração grave. Penalidade:
multa (art. 190, CTB) (Brasil, 1997).

Lembre-se de nunca obstruir o cruzamento. Mesmo quando o sinal estiver


verde, caso não seja possível passar sem obstrui-lo, aguarde a liberação do
cruzamento para não impedir o tráfego em caso de congestionamento.

Frenagem e velocidade do veículo

Você deve se lembrar de que nenhum condutor deve frear bruscamente o


veículo, exceto por motivos de segurança. Para regular a velocidade, o
condutor deve observar frequentemente as placas de limite de velocidade, as
condições da via, do veículo e da carga, bem como as condições
meteorológicas e a intensidade do trânsito, obedecendo ao limite máximo de
velocidade permitida para a via (Brasil, 1997).

105
Ultrapassagens

Conforme cita o CTB (Brasil, 1997), a ultrapassagem de outro veículo em


movimento deve ser feita pela esquerda, obedecendo à sinalização
estabelecida e às demais normas do CTB.

A ultrapassagem pode ser realizada pela direita quando o veículo a ser


ultrapassado sinalizar o propósito de entrar à esquerda. Porém, antes de
efetuar essa ultrapassagem, é preciso certificar-se de que:
1 Pode fazê-la sem criar uma situação de perigo para outros
usuários da via que o seguem, precedem ou vão cruzar com
ele, devendo, nesse caso, considerar a posição, direção e
velocidade.
2 Nenhum motorista que esteja atrás de você iniciou uma
manobra para ultrapassá-lo.
3 O condutor que o precede na mesma faixa de trânsito não
indicou o propósito de ultrapassar um terceiro veículo.
4 A faixa de trânsito que vai tomar está livre numa extensão
suficiente para que a manobra não coloque em perigo ou
obstrua o trânsito que vem em sentido contrário.
5 Indicou com antecedência a manobra pretendida, acionando
a luz indicadora de direção do veículo ou por meio de gesto
convencional de braço.
6 Afastou-se do condutor ou condutores aos quais ultrapassa,
de tal maneira que deixe livre uma distância lateral de
segurança.
7 Retomou a faixa de trânsito de origem após a efetivação da
manobra, acionando a luz indicadora de direção do veículo
ou fazendo gesto convencional de braço, além de adotar os
cuidados necessários para não colocar em perigo ou obstruir
o trânsito dos veículos que ultrapassou.

E quando se percebe que outro veículo que está atrás de você tem o propósito
de ultrapassá-lo, o que você deve fazer? Veja a seguir algumas orientações.

Se o veículo estiver circulando pela faixa da esquerda, você deve sinalizar e


deslocar-se para a faixa da direita, sem acelerar a marcha.

Se o condutor estiver circulando pelas demais faixas, você deve manter-se


naquela na qual está circulando, também sem acelerar a marcha. Além disso,
os veículos mais lentos, quando estiverem em fila, devem manter uma

106
distância suficiente entre si para possibilitar que veículos que queiram
ultrapassá-los possam se intercalar na fila com segurança.

Quando o condutor pretende ultrapassar um veículo de transporte coletivo


que está parado, efetuando embarque ou desembarque de passageiros, ele
deve diminuir a velocidade e dirigir com muita atenção ou parar o veículo para
proporcionar segurança aos pedestres.

Porém, antes de efetuar essa ultrapassagem, é preciso certificar-se de que:


- indicou com antecedência a manobra pretendida, acionando a luz indicadora
de direção do veículo ou por meio de gesto convencional de braço;
- retomou a faixa de trânsito de origem após a efetivação da manobra,
acionando a luz indicadora de direção do veículo ou fazendo gesto
convencional de braço, além de adotar os cuidados necessários para não
colocar em perigo ou obstruir o trânsito dos veículos que ultrapassou.

E quando é proibido ultrapassar, quais são as orientações?

Segundo o CTB (Brasil, 1997), é proibido ultrapassar em vias que têm


duplo sentido de direção e pista única, nos trechos em curvas e em
aclives sem que o condutor consiga visualizar, nas passagens de nível,
nas pontes e viadutos e nas travessias de pedestres, exceto quando houver
sinalização que permita a ultrapassagem e em interseções e suas
proximidades.
A linha dupla contínua indica proibição de ultrapassagem. Observe
no exemplo a seguir.

107
Figura 1 – Linha dupla contínua: proibição de ultrapassagem.
Fonte: Pexels.

Para melhor organizar o sistema de trânsito, há também regras


para conversões. Vamos conhecê-las?

Regras para conversões

As conversões podem ser realizadas para a direita ou para a esquerda.


Popularmente, as pessoas se referem às conversões como “virar à esquerda” e
“virar à direita”.

Antes de executar uma conversão, verifique a possibilidade de realizá-


la. Observe a sinalização, as condições do trânsito e as posições dos
outros veículos. Sinalize com antecedência, pois deixar de sinalizar é infração
de trânsito de natureza grave.

A seguir, algumas providências devem ser tomadas para cada conversão.


Acompanhe!

108
Conversão à direita

O condutor deve permanecer na faixa da direita com a maior antecedência


possível, sinalizar a intenção e, ao manobrar, deve entrar na via à direita o
mais próximo possível da borda da pista. Além disso, deve respeitar a
sinalização de trânsito e jamais se esquecer de dar preferência ao pedestre.

Lembre-se: agora é livre o movimento de conversão à direita diante de sinal


vermelho do semáforo onde houver sinalização indicativa que permita essa
conversão (Lei n. 14.071/20).

Conversão à esquerda

O condutor deve sinalizar para a esquerda, diminuir a velocidade e aproximar o


carro da linha divisória da rua. Quando alinhar o veículo à linha pontilhada da
rua em que deseja entrar, deve girar o volante para a esquerda e entrar na via.

Lembre-se de que, nas vias rurais providas de acostamento, a conversão à


esquerda e a manobra de retorno devem ser feitas nos locais apropriados.
Quando estes não existirem, o condutor deve aguardar no acostamento, à
direita, para cruzar a pista com segurança.

Em todas essas situações, é importante que o condutor observe as condições


atuais do trânsito naquele local e respeite os pedestres e demais veículos.

Como devemos proceder para utilizar corretamente as luzes do


veículo e o pisca-alerta?

Utilização das luzes do veículo em vias públicas

O motorista deverá manter os faróis do veículo acesos e usar luz baixa durante
a noite e durante o dia nos túneis, ou quando estiver conduzindo sob chuva,
neblina ou cerração, e nas rodovias de pista simples fora do perímetro urbano.

109
Já nas vias não iluminadas, o motorista deverá utilizar luz alta, exceto ao cruzar
com outro veículo ou se estiver seguindo-o.

A troca de luz baixa e alta, de maneira intermitente e por curto período de


tempo, com vistas a advertir outros motoristas, poderá ser usada apenas para
indicar a intenção de ultrapassagem do veículo que segue à frente ou para
apontar a existência de risco à segurança aos demais veículos que circulam no
sentido contrário.

Veja outras orientações para uso da luz do veículo:

• Durante a noite, em circulação, o motorista deverá manter acesa a luz


de placa;
• À noite, quando o motorista estiver parado para embarque ou
desembarque de passageiros e carga ou descarga de mercadorias,
deverá manter acesas as luzes de posição.

Vale relembrar que os veículos de transporte coletivo de passageiros, quando


circularem em faixas a eles destinadas, e as motocicletas, motonetas e
ciclomotores deverão utilizar farol de luz baixa durante o dia e à noite.

Quanto ao pisca-alerta, só deverá ser utilizado em imobilizações ou situações


de emergência, e quando a regulamentação da via determinar o uso.

O CTB ainda estabelece outras regras de segurança e normas para a


condução de veículos. Vamos continuar com o estudo sobre esse assunto?

Outras regras de segurança

Os arts. 54, 55, 64 e 65 do CTB trazem determinações para a segurança dos


condutores e dos passageiros.
Art. 54. Os condutores de motocicletas, motonetas e
ciclomotores só poderão circular nas vias:

110
“I. Utilizando capacete de segurança, com viseira ou
óculos protetores;
II. Segurando o guidom com as duas mãos;
III. Usando vestuário de proteção, de acordo com as
especificações do Contran.
Art. 55. Os passageiros de motocicletas, motonetas e
ciclomotores só poderão ser transportados:
I. Utilizando capacete de segurança;
II. Em carro lateral acoplado aos veículos ou em assento
suplementar atrás do condutor;
III. Usando vestuário de proteção, de acordo com as
especificações do Contran.
[...]
Art. 64. As crianças com idade inferior a 10 (dez) anos
que não tenham atingido 1,45 m (um metro e quarenta e
cinco centímetros) de altura devem ser transportadas nos
bancos traseiros, em dispositivo de retenção adequado
para cada idade, peso e altura, salvo exceções
relacionadas a tipos específicos de veículos
regulamentadas pelo Contran.
Art. 65. É obrigatório o uso do cinto de segurança para
condutor e passageiros em todas as vias do território
nacional, salvo em situações regulamentadas pelo
Contran.”

Brasil, 1997

As regras de segurança são claras e muito importantes, não é


mesmo? Vamos prosseguir!

Condução de veículos por motoristas profissionais

A Lei n. 13.103, de 2 de março de 2015, no sentido de melhorar as regras de


segurança, alterou a Lei n. 12.619, de 30 de abril de 2012 (Brasil, 2012),
que incluiu, no CTB no Capítulo III-A, as normas para condução de veículos

111
por motoristas profissionais de transporte rodoviário de cargas e de
transporte rodoviário coletivo de passageiros.

De acordo com o art. 67-C do CTB, “É vedado ao motorista profissional


dirigir por mais de 5 (cinco) horas e meia ininterruptas veículos de
transporte rodoviário coletivo de passageiros ou de transporte rodoviário de
cargas.” (Brasil, 1997).

Para a condução de veículo de transporte de carga, serão observados 30


(trinta) minutos para descanso dentro de cada 6 (seis) horas, sendo facultado o
seu fracionamento e o do tempo de direção desde que não ultrapassadas 5
(cinco) horas e meia contínuas no exercício da condução.

Na condução de veículo rodoviário de passageiros, serão observados 30


(trinta) minutos para descanso a cada 4 (quatro) horas, sendo facultado o seu
fracionamento e o do tempo de direção.

Para situações excepcionais de inobservância justificada do tempo de direção,


devidamente registradas, esse tempo poderá ser elevado pelo período
necessário para que o condutor, o veículo e a carga cheguem a um lugar que
ofereça a segurança e o atendimento demandados, desde que não haja
comprometimento da segurança rodoviária, de acordo com o parágrafo 2º do
art. 67-C do CTB (Brasil, 1997).

De acordo com o parágrafo 3º do art. 67-C do CTB (Brasil, 1997),

“§ 3º O condutor é obrigado, dentro do período de 24 (vinte


e quatro) horas, a observar o mínimo de 11 (onze) horas de
descanso, que podem ser fracionadas, usufruídas no
veículo e coincidir com os intervalos mencionados no § 1o,
observadas no primeiro período 8 (oito) horas ininterruptas
de descanso.”

Brasil, 1997

112
Entende-se como tempo de direção ou de condução apenas o período em que
o condutor está efetivamente ao volante, em curso entre a origem e o
destino.

O parágrafo 6º do art. 67-C do CTB determina que o condutor somente poderá


iniciar uma viagem após o cumprimento integral do intervalo de descanso
(BRASIL, 1997).

De acordo com o parágrafo 7º do art. 67-C do CTB (BRASIL, 1997),


“Nenhum transportador de cargas ou coletivo de
passageiros, embarcador, consignatário de cargas,
operador de terminais de carga, operador de transporte
multimodal de cargas ou agente de cargas ordenará a
qualquer motorista a seu serviço, ainda que
subcontratado, que conduza veículo referido no caput
sem a observância do disposto no § 6º.”

De acordo com o Art. 67-E, da Lei n. 13.103 (Brasil, 2015), o motorista


profissional é responsável por controlar e registrar o tempo de condução
estipulado no art. 67-C, com vistas à sua estrita observância.

Infrações e penalidades referentes ao estacionamento, parada, circulação,


documentação do condutor e do veículo

Veja, a seguir, outras normas que devem ser seguidas pelos condutores
(Brasil, 1997):

• O condutor deve ter o pleno domínio do veículo, conduzi-lo com atenção


e cuidado, visando à segurança no trânsito, portanto deve estar bem
equilibrado, disposto e sóbrio (art. 165, 165-A, penalidade de multa e
suspensão do direito de dirigir).
• O condutor não deve conduzir veículo para o qual seja exigida
habilitação nas categorias C, D ou E, sem realizar o exame toxicológico

113
previsto (art. 165-B, infração gravíssima; multa e suspensão do direito
de dirigir);
• É preciso verificar o porte da documentação obrigatória e sua
validade (art. 232, com penalidade de multa e medida administrativa de
retenção do veículo);
• É obrigatório o uso de dispositivo apropriado para crianças conforme a
idade (art. 168, com penalidade de multa e medida administrativa de
retenção do veículo);
• Deve usar calçados que se firmem aos pés e não comprometam a
utilização dos pedais (art. 252, IV, com penalidade de multa);
• Se observado na CNH, deve usar lentes corretivas de visão, próteses ou
adaptações ao veículo (art. 162, penalidade de multa e medida
administrativa de retenção do veículo);
• Não pode dirigir com o braço para fora do veículo (art. 252, I, penalidade
de multa);
• Não pode arremessar nem deixar que seus passageiros
arremessem objetos para fora do veículo (art. 172, penalidade de multa);
• Deve verificar se há combustível suficiente (art. 180, penalidade de
multa);
• As condições do veículo também são de responsabilidade do
proprietário e condutor (art. 230, penalidade de multa e medida
administrativa de retenção do veículo);
• Não estacionar em fila dupla, locais proibidos, em esquinas, faixas de
pedestres, calçadas e demais locais que atrapalham a circulação de
veículos e pedestres (art. 181, XI, art. 181, XVIII, art. 181, I, art. 181, VIII,
com penalidade de multa e medida administrativa de remoção do
veículo);
• Não parar em locais de proibido parar, faixas de pedestres,
cruzamentos de vias, na pista de rolamento e outros locais que
aumentam o risco de acidentes (, art. 182, X, art. 182, VI, art. 182, VII,
art. 182, V, com penalidade de multa e medida administrativa de
remoção do veículo).

114
A negligência pode gerar incidentes de trânsito. O descumprimento a qualquer
uma dessas regras é considerado infração de trânsito.

Todas essas regras de circulação têm como objetivo orientar o condutor para
a utilização correta das vias públicas e auxiliar para o bom
comportamento no trânsito. Seguindo-as, o condutor contribuirá para um
trânsito mais seguro.
É muito importante recordar. Clique a seguir para conferir os seguintes
artigos do CTB:

Art. 43.
Ao regular a velocidade, o condutor deverá observar constantemente as
condições físicas da via, do veículo e da carga, as condições meteorológicas e
a intensidade do trânsito, obedecendo aos limites máximos de velocidade
estabelecidos para a via, além de:

I - não obstruir a marcha normal dos demais veículos em circulação sem


causa justificada, transitando a uma velocidade anormalmente reduzida;

II - sempre que quiser diminuir a velocidade de seu veículo deverá antes


certificar-se de que pode fazê-lo sem risco nem inconvenientes para os outros
condutores, a não ser que haja perigo iminente;

III - indicar, de forma clara, com a antecedência necessária e a


sinalização devida, a manobra de redução de velocidade.

Brasil, 1997
Art. 44-A.
É livre o movimento de conversão à direita diante de sinal vermelho do
semáforo onde houver sinalização indicativa que permita essa conversão,
observados os arts. 44, 45 e 70 deste Código. (Incluído pela Lei nº 14.071, de
2020) (Vigência)

Brasil, 1997
Art. 45.
Mesmo que a indicação luminosa do semáforo lhe seja favorável, nenhum

115
condutor pode entrar em uma interseção se houver possibilidade de ser
obrigado a imobilizar o veículo na área do cruzamento, obstruindo ou
impedindo a passagem do trânsito transversal.

Brasil, 1997

Segundo o CTB (Brasil, 1997), quando o condutor está em circulação com um


veículo e se aproxima de qualquer tipo de cruzamento, é preciso ter prudência
e transitar em velocidade moderada, a fim de parar o veículo com segurança
para dar preferência aos pedestres e veículos.

Normas de circulação para pedestres

Lembre-se de que existem também vias e áreas destinadas aos pedestres


e normas de circulação para eles:

• Quando o ciclista está desmontado e empurrando a bicicleta, ele é


considerado um pedestre;
• As travessias devem ser feitas pela faixa de segurança e
somente quando o sinal do semáforo estiver favorável para o pedestre.

• Em vias urbanas, os pedestres devem utilizar os passeios e as


calçadas. De acordo com o art. 68, parágrafo 2º do CTB,
“Quando não houver passeios ou quando não for possível
sua utilização, a circulação de pedestres na pista de
rolamento será feita com prioridade sobre os veículos,
pelos bordos da pista, em fila única, exceto em locais
proibidos pela sinalização e nas situações em que a
segurança ficar comprometida.”
Brasil, 1997
• Em vias rurais, os pedestres devem usar o acostamento no sentido
contrário do fluxo de veículos e em uma única fila. Conforme o parágrafo
3º do art. 68 do CTB,

116
“...quando não houver acostamento ou quando não for
possível sua utilização, a circulação de pedestres na pista
de rolamento será feita com prioridade sobre os veículos,
pelos bordos da pista, em fila única, em sentido contrário
ao deslocamento de veículos, exceto em locais proibidos
pela sinalização e nas situações em que a segurança ficar
comprometida.”

Brasil, 1997

Condutor: além de seguir essas normas e condutas estabelecidas


pelo CTB, é preciso estar sempre atento às condutas dos demais
motoristas e pedestres, pois um simples descuido poderá gerar um
grave acidente. Respeite as normas, respeite o trânsito! Bons estudos e até a
próxima Unidade de Estudo.

Referências

BRASIL. Lei n. 9.503, de 23 de setembro de 1997. Institui o Código de Trânsito


Brasileiro. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 24 set.
1997. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9503.htm>.
Acesso em: 3 out. 2021.

_____. Lei n. 13.103, de 2 de março de 2015. Dispõe sobre o exercício da


profissão de motorista; altera a Consolidação das Leis do Trabalho - CLT,
aprovada pelo Decreto-Lei n. 5.452, de 1o de maio de 1943, e as Leis n. 9.503,
de 23 de setembro de 1997 – Código de Trânsito Brasileiro, e 11.442, de 5 de
janeiro de 2007 (empresas e transportadores autônomos de carga), para
disciplinar a jornada de trabalho e o tempo de direção do motorista profissional;
altera a Lei n. 7.408, de 25 de novembro de 1985; revoga dispositivos da Lei
n. 12.619, de 30 de abril de 2012; e dá outras providências. Diário Oficial da
União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 3 mar. 2015. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13103.htm>.
Acesso em: 3 out. 2021.

117
_____. Lei n. 14.071, de 13 de outubro de 2020. Altera a Lei n. 9.503, de 23 de
setembro de 1997 (Código de Trânsito Brasileiro), para modificar a composição
do Conselho Nacional de Trânsito e ampliar o prazo de validade das
habilitações; e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, 14
out. 2020. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-
2022/2020/Lei/L14071.htm>. Acesso em: 3 out. 2021.

CARVALHO, R. O manual para encontrar a posição de dirigir correta. Revista


Quatro Rodas, 14 mar. 2017. Disponível em:
<https://quatrorodas.abril.com.br/noticias/o-manual-para-encontrar-a-posicao-
de-dirigir-correta/>. Acesso em: 3 out. 2021

COMUNIDADE E TRÂNSITO. Guia para a municipalização do trânsito.


Curitiba: Tecnodata, 2006. Disponível em:
<http://www.educacaotransito.pr.gov.br/arquivos/File/arquivos/Comunidade/Cid
adania%20e%20Transito.pdf>. Acesso em: 3 out. 2021.

LOTE lindeiro. Dicionário Informal, 2014. Disponível em:


<http://www.dicionarioinformal.com.br/lote%20lindeiro/>. Acesso em: 3 out.
2021.

118
Núcleo Temático 1 – Atualização em legislação de trânsito
Unidade de Estudo 7 – Sinalizações de trânsito

Objetivo: Relembrar as sinalizações de trânsito de acordo com o Código de


Trânsito Brasileiro (CTB).

Tópicos desta Unidade


• Sinalização de trânsito;
• Sinalização vertical;
• Sinais sonoros;
• Sinalização especial de advertência e indicação;
• Sinalização horizontal;
• Características da sinalização horizontal;
• Dispositivos de sinalização auxiliar;
• Gestos dos condutores.

Olá! Nesta Unidade de Estudo, vamos relembrar as sinalizações de


trânsito. Fique atento a todas as recomendações e aplique esses
conhecimentos em seu dia a dia. Preparado para começar? Então,
vamos lá!

Sinalização de trânsito

A sinalização é de fundamental importância para o deslocamento regular e


seguro em vias urbanas. Além de orientar a movimentação, ela também
propicia a organização do trânsito que fica temporariamente imobilizado em
breves paradas ou em estacionamentos. Por isso, precisamos conhecer e
praticar a leitura e a identificação de seus símbolos para que possamos utilizar
os espaços de trânsito corretamente.

Quem desrespeita a sinalização está cometendo uma infração de trânsito!

119
A sinalização indica regras de trânsito por meio de formas, cores e símbolos,
orientando o condutor a adotar uma conduta mais segura. É o conjunto de
sinais e dispositivos de segurança colocados na via pública com
informações direcionadas a condutores e pedestres. Envolve placas,
linhas, legendas, gestos e outros, que servem para orientar o condutor e o
pedestre quanto ao seu deslocamento. A sinalização orienta e oferece
segurança e conforto aos usuários da via, além de melhorar o fluxo no
trânsito.
Segundo o art. 87 do CTB, os sinais de trânsito classificam-se em:

“I. verticais;
II. horizontais;
III. dispositivos de sinalização auxiliar;
IV. luminosos;
V. sonoros;
VI. gestos do agente de trânsito e do condutor”.

Brasil, 1997.

Conforme o art. 90 do CTB, quando a sinalização for insuficiente ou estiver


incorreta, não serão aplicadas as sanções previstas no CTB.

Em uma ordem hierárquica, primeiramente devemos obedecer às ordens do


agente de trânsito sobre a circulação e demais sinais; depois, as indicações do
semáforo sobre os demais sinais; em seguida, as indicações dos sinais sobre
as outras normas de trânsito.

Vamos ver agora os conjuntos de sinalização. Acompanhe!

Sinalização vertical

É um subsistema de sinalização viária posicionado verticalmente,


normalmente em placa, fixado ao lado ou suspenso sobre a pista. Tem

120
como função transmitir mensagem de caráter permanente e, eventualmente,
variável, por meio de legendas e/ou símbolos pré-reconhecidos e legalmente
instituídos.

As placas de sinalização vertical podem ser de:

• regulamentação;
• advertência;
• indicação.

Vamos relembrar, a seguir, cada um desses modelos?

Sinalização de regulamentação

Esse tipo de sinalização indica condições, proibições, obrigações ou


restrições relacionadas ao que podemos ou não fazer na via. São 51
placas diferentes (anexo II do CTB) que se encontram nos perímetros urbano e
rural.

As placas de regulamentação apresentam mensagens imperativas, e o


desrespeito a elas constitui infração (com penalidade de multa). Essas placas
representam obrigações (29 placas) e proibições (20 placas). Quando cortadas
por uma tarja vermelha, a ação nelas representada é proibida. Sem a tarja, a
ação nelas representada constitui-se em uma obrigação.

121
Figura 1 – Placas de regulamentação.
Com relação ao formato das placas de regulamentação, às 49 placas somam-
se duas exceções: a R-1(octogonal) informando a “Parada obrigatória” em
cruzamentos e a R-2 (triangular) informando “Dê a preferência” no encontro de
vias. Essas placas apresentam formato diferenciado a fim de serem
reconhecidas de qualquer ângulo; as demais são circulares e posicionadas do
lado direito das vias, de frente para o condutor.

Figura 2 – Placas de regulamentação de formatos diferentes.

Sinais de regulamentação podem ter informações complementares, tais como


período de validade, características e uso do veículo e condições de
estacionamento. Devem estar em uma placa adicional ou incorporada à placa
principal, formando um só conjunto, na forma retangular, com as mesmas cores
do sinal de regulamentação. Essas informações adicionais precisam ser lidas
com atenção, pois podem trazer períodos de permissão ou de proibição,
acesso restrito, tempo de permanência nas vagas etc.

122
Observe o exemplo a seguir:

Figura 3 – Sinalização de regulamentação com informações complementares.

Sinalização de advertência

Tem por finalidade alertar os usuários da via para condições


potencialmente perigosas, indicando sua natureza. A forma padrão dos
sinais de advertência é quadrada, e uma das diagonais deve estar na posição
vertical. À sinalização de advertência estão associadas as cores amarela e
preta.

As placas de “Sentido único”, “Sentido duplo” e “Cruz de Santo André” são as


exceções dos formatos apresentados como padrão. Observe:

Figura 4 – Placas de advertência com formato diferentes.

No caso de sinalização especial de advertência para obras, utiliza-se a forma


padrão. O que muda é apenas a cor (de amarelo para laranja).

123
Figura 5 – Sinalização de advertência para obras.

Você Sabia?

A explicação para a placa A-41, que adverte ao condutor a existência de


cruzamento de linha férrea, ser conhecida como Cruz de Santo André é de
caráter religioso, pois André, seguidor de Jesus Cristo, irmão dos discípulos
Pedro e Tiago, foi crucificado em uma cruz do tipo Crux Decussata, em forma
de X. Ao longo dos séculos, esse tipo de cruz, em X, ficou conhecido como
Cruz de Santo André.

Sinalização especial de advertência

Tem a função de chamar atenção dos condutores de veículos para a


existência de perigo na via ou nas proximidades. Ela pode ser:

1. Especial para faixas ou pistas exclusivas de ônibus;


2. Especial para pedestres;
3. Especial de advertência somente para rodovias, estradas e vias de
trânsito rápido.

Caso seja necessário incluir informações complementares aos sinais de


advertência, estas devem ser inscritas em placa adicional ou incorporadas à
placa principal, formando um só conjunto.

124
Sinalização de indicação

Indica as vias e os locais de interesse, a fim de orientar os condutores


quanto aos percursos, destinos, distâncias e serviços auxiliares. Essas
sinalizações têm caráter informativo ou educativo e são divididas nos
seguintes grupos:

Placas de identificação: têm por finalidade identificar as vias e os locais


de interesse, bem como orientar condutores de veículos quanto a percursos,
destinos, distâncias, serviços auxiliares e também ter como função a educação
do usuário. Posicionam o condutor ao longo do deslocamento ou com relação a
distâncias ou locais de destino.

Placas de identificação de rodovias e estradas:

a. Placas de identificação de municípios;


b. Placas de identificação de interesse de tráfego e logradouros;
c. Placas de identificação nominal de pontes, viadutos,
d. Placas de identificação quilométrica;
e. Placas de pedágio.

Placas de orientação de destino:


a. Placas indicativas de sentido (direção);
b. Placas indicativas de distância;
c. Placas diagramadas.

Placas educativas para pedestres e condutores.

Placas de serviços auxiliares, que, em geral, apresentam as cores azul,


branca e preta.

Placas de atrativos turísticos, cujo fundo e legenda devem ter


respectivamente as cores marrom e branca.

125
Confira exemplos dessas placas a seguir.

1 Placas de identificação de rodovias e estradas


2 Placas de orientação de destino
3 Placas educativas para pedestres e condutores
4 Placas de serviços auxiliares
5 Placas de atrativos turísticos

Sinalização horizontal

A sinalização horizontal é composta por linhas, marcações, símbolos e


legendas, que são pintados ou colocados nas vias com o objetivo de organizar
o trânsito e complementar a sinalização vertical de regulamentação,
advertência ou indicação.
O conjunto composto por linhas, marcações, símbolos e legendas é chamado
de marca viária e tem a função de regulamentar, advertir, informar ou
indicar ao condutor e ao pedestre qual é o comportamento ideal naquela
via.

Características da sinalização horizontal

No Quadro 1, a seguir, você pode conferir alguns dos padrões de traçados e


cores da sinalização horizontal.

126
Quadro 1 – Tipos de traçados e cores utilizados na sinalização horizontal
Traçado Significado
Contínuo Linhas simples e contínuas, longitudinais ou
transversais:
Proibida a ultrapassagem em ambos os sentidos.
Tracejada ou Linhas simples com espaçamentos de extensão igual ou
seccionada maior que o traço:
Permitida a ultrapassagem em ambos os sentidos.
Símbolos e Informações escritas ou desenhadas complementares à
legendas sinalização:
Parar, permitido para cadeirante.
Cores Utilização
Amarela 1. Separar movimentos veiculares de fluxos
opostos.
2. Regulamentar ultrapassagem e deslocamento
lateral.
3. Delimitar espaços proibidos para estacionamento
e/ou parada.
4. Demarcar obstáculos transversais à pista
(lombada).
Vermelha 1. Demarcar ciclovias ou ciclofaixas.
2. Inscrever símbolo (cruz).
Branca 1. Separar movimentos veiculares de mesmo
sentido.
2. Delimitar áreas de circulação, linha de bordo.
3. Delimitar trechos das pistas destinados ao
estacionamento regulamentado de veículos em
condições especiais.
4. Regulamentar faixa de travessia de pedestres.
5. Regulamentar linha de transposição e
ultrapassagem.
6. Demarcar linha de retenção e linha de “Dê a
preferência”.

127
7. Inscrever setas, símbolos e legendas.
Azul 1. Inscrever símbolo em áreas especiais de
estacionamento ou de parada para embarque e
desembarque para pessoas com deficiência
física.
Preta 1. Informações escritas ou desenhadas
complementares à sinalização: Parar, permitido
para cadeirante.
Fonte: Brasil, 1997.

A sinalização horizontal pode ser classificada em:

Marcas transversais

Ordenam os deslocamentos frontais dos veículos e os harmonizam com o


deslocamento de outros veículos e pedestres. São subdivididas em:

Linha de retenção

Indica ao condutor o local limite em que deve parar o veículo.


Linhas de estímulos à redução de velocidade

Conjunto de linhas paralelas que, pelo efeito visual, induzem o condutor a reduzir a
velocidade do veículo.

128
Marcas de canalização

Direcionam a circulação de veículos pela marcação de área de pavimento não


utilizável.

Faixas de travessia de pedestres

Regulamentam o local de travessia dos pedestres.

Marcação de cruzamentos rodocicloviários

Regulamenta o local de travessia dos ciclistas.


Marcação de área de conflito

Indica a área em que o condutor não deve parar ou estacionar o veículo para não
prejudicar a circulação.

129
Marca de área de cruzamento com faixa exclusiva

Indica ao condutor a existência de faixa exclusiva.

Fonte: Manual Brasileiro de Sinalização de Trânsito – Contran, 2007.

Marcas de delimitação e controle de estacionamento e/ou parada

Delimitam e proporcionam melhor controle das áreas nas quais o


estacionamento e a parada de veículos são proibidos ou regulamentados; são
complementares à sinalização vertical quando no bordo da via. Em casos
específicos, têm poder de regulamentação. Essas marcas são subdivididas em:

1 Linhas de indicação de proibição de estacionamento e/ou parada (cor


amarela): delimitam a extensão da pista ao longo da qual se aplica a
proibição.
2 Marca delimitadora de parada de veículos específicos (cor amarela):
delimita a extensão da pista destinada exclusivamente à parada.
3 Marca delimitadora de estacionamento regulamentado (cor branca): delimita
a extensão da pista onde é permitido estacionar. As marcas podem ser em
paralelo ao meio-fio ou em ângulo.

Inscrições no pavimento

Constituem-se em setas, símbolos e legendas que melhoram a percepção do


condutor quanto às condições de operação da via, facilitando a tomada de
decisão no tempo adequado. São subdivididas nos seguintes tipos:

Símbolos Indicam mudança obrigatória de faixa ou movimentos em curva,


direcionais minirrotatória
Símbolos Indicam e alertam o condutor sobre situações específicas na via.
Ex.: símbolo de vaga prioritária para pessoas com deficiência.
Legendas Advertem acerca das condições particulares de operação de via e
complementam sinais de regulamentação e advertência. Ex.:
PARE.

130
Além disso, as marcas viárias podem apresentar diversos padrões que
transmitem diferentes significados. Observe:

Linha de divisão de fluxos opostos


amarela: simples contínua

Não permite ultrapassagem e


deslocamentos laterais.

Linha de divisão de fluxos opostos


amarela: simples seccionada

Permite ultrapassagem e
deslocamentos laterais.

Linha de divisão de fluxos opostos


amarela: dupla contínua

Não permite ultrapassagem e


deslocamentos laterais.

Linha de divisão de fluxos opostos


amarela: contínua e seccionada

Permite a ultrapassagem para um


único sentido, aquele em que está
seccionado.

Linha de divisão de fluxos opostos


amarela: dupla seccionada

Permite ultrapassagem.

131
Linha de divisão de fluxos de
mesmo sentido branca: contínua

Não permite ultrapassagem e


transposição de faixa de trânsito.

Linha de divisão de fluxos de


mesmo sentido branca:
seccionada

Permite ultrapassagem e
transposição de faixa de trânsito.

Linha de bordo branca

Delimita, com linha contínua, a parte


da pista destinada ao deslocamento
dos veículos.

Linhas de continuidade amarela ou


branca

Dá continuidade visual às marcações


longitudinais (cor branca, quando dá
continuidade a linhas brancas; cor
amarela, quando dá continuidade a
linhas amarelas).
Sinalização horizontal
Fonte: Brasil, 2007b.

Na sinalização horizontal, a marca que indica ao condutor o local limite em que


se deve parar o veículo é chamada de Linha de Retenção!

Dispositivos de sinalização auxiliar

Esses dispositivos são elementos aplicados ao pavimento da via, junto a ela ou


nos obstáculos próximos, com a finalidade de tornar mais eficiente e segura a
operação da via.

132
Pavimentos
Coloridos, rugosos, pisos franjados e ondulações transversais.
Dispositivos de proteção contínua
Gradis de canalização e retenção, dispositivos de contenção e bloqueio, defesas
metálicas, barreiras de concreto e dispositivos antiofuscamento.
Dispositivos luminosos
Painel eletrônico, barreira eletrônica e semáforos, cuja função é coordenar o trânsito
alternando a passagem de veículos e pedestres.
Dispositivos de uso temporário
Cones, cilindros, balizadores, cavaletes, tapumes, fitas zebradas, barreiras, gradis,
bandeiras e faixas.
Sinalização semafórica para pedestres
Orientação para travessia dos pedestres. A cor vermelha indica que os
veículos estão se deslocando e está proibida a travessia de pedestres. A
cor verde indica que o pedestre pode atravessar. E a cor vermelha
intermitente avisa que os pedestres não devem iniciar travessia, pois a via
será liberada aos veículos.
Compostos de cores, formas e materiais diversos, dotados ou não de
refletividade, suas funções são: reduzir a velocidade praticada; oferecer
proteção aos usuários; incrementar a visibilidade da sinalização, do
alinhamento da via e de obstáculos à circulação; bem como alertar os
condutores para situações de perigo potencial, de caráter permanente,
temporário ou emergencial.

Os seguintes dispositivos também podem ser elencados como auxiliares da


sinalização de trânsito:

Gestos dos condutores

Os sinais por gestos servem para reforçar ou substituir a sinalização


deficiente do veículo. Muitos motoristas perderam o hábito do uso de gestos,
mas os veículos de tração humana não apresentam dispositivos luminosos de
sinalização, como as bicicletas, por exemplo, portanto seus condutores usam
frequentemente os gestos. Veja, na imagem a seguir, alguns exemplos desses
sinais.

133
Sinais por gestos realizados pelos condutores
Dobrar à esquerda Dobrar à direita Diminuir a marcha ou
parar

Sinais sonoros

São utilizados junto aos gestos dos agentes na coordenação do fluxo. Os


silvos, como são chamados, servem para chamar a atenção de motoristas
sobre a atuação do agente de trânsito.

O agente de trânsito é a autoridade máxima no momento em que está atuando.


Desobedecer às ordens do agente de trânsito, conforme o art. 195 do CTB,
constitui infração grave (Brasil, 1997).

A buzina dos veículos é o sinal sonoro utilizado pelos condutores.

Ela pode ser usada para alertar situações incomuns no trânsito, como um
pedestre que está atravessando a rua em meio ao fluxo de veículos.

Veja, no Quadro 2, os tipos de sinais usados pelos agentes de trânsito.


Quadro 2 – Tipos de sinais sonoros usados pelos agentes de trânsito
Sinais de apito Significado Emprego
Um silvo breve Siga Liberar o trânsito em
direção/sentido indicado
pelo agente.
Dois silvos breves Pare Indicar parada
obrigatória.
Um silvo longo Diminua a marcha Quando for necessário

134
fazer diminuir a marcha
dos veículos.
Fonte: Adaptado de Brasil, 1997.

Algumas inserções de sinalização definidas pelas Leis n. 10.048/2000 e


10.098/2000

As Leis n. 10.048, de 8 de novembro de 2000 (Brasil, 2000a), e n. 10.098, de


19 de dezembro de 2000 (Brasil, 2000b), estabelecem normas gerais e critérios
básicos para a promoção de acessibilidade a pessoas com deficiência ou com
mobilidade reduzida. Com isso, outras orientações surgiram na área de
sinalização.

No Capítulo III, a Lei n. 10.098/2000 (Brasil, 2000b) dispõe a respeito do


desenho e da localização do mobiliário urbano:
“Art. 8.º Os sinais de tráfego, semáforos, postes de
iluminação ou quaisquer outros elementos verticais de
sinalização que devam ser instalados em itinerário ou
espaço de acesso para pedestres deverão ser dispostos
de forma a não dificultar ou impedir a circulação, e de
modo que possam ser utilizados com a máxima
comodidade.
Art. 9.º Os semáforos para pedestres instalados nas vias
públicas deverão estar equipados com mecanismo que
emita sinal sonoro suave, intermitente e sem estridência,
ou com mecanismo alternativo, que sirva de guia ou
orientação para a travessia de pessoas portadoras de
deficiência visual, se a intensidade do fluxo de veículos e
a periculosidade da via assim determinarem.
Art. 10.º Os elementos do mobiliário urbano deverão ser
projetados e instalados em locais que permitam sejam
eles utilizados pelas pessoas portadoras de deficiência ou
com mobilidade reduzida.”
Brasil, 2000b.

135
Além disso, a Resolução do Contran n. 304, de 18 de dezembro de 2008
(BRASIL, 2008), discorre sobre as vagas de estacionamento destinadas
exclusivamente a veículos que transportam pessoas com necessidades
especiais e com dificuldade de locomoção 1.

O art. 81 do CTB institui que, nas vias públicas e nos imóveis, é proibido
colocar luzes, publicidade, inscrições, vegetação e mobiliário que possam gerar
confusão, interferir na visibilidade da sinalização e comprometer a segurança
do trânsito (Brasil, 1997). O grande acúmulo de anúncios que desviam a
atenção dos condutores nas ruas é chamado de poluição visual.

No Anexo I da Resolução n. 304 do Contran 2 (Brasil, 2008) está disponível o


modelo de sinalização vertical de regulamentação das vagas de
estacionamento exclusivas para esses veículos.
Algumas sinalizações, como painéis ou faixas, poderão complementar as já
existentes de forma a auxiliar o cidadão em relação a regras, restrições,
possíveis congestionamentos e acidentes. As câmeras de monitoramento
urbano também auxiliam a fiscalização no controle de problemas e
irregularidades.

As imagens captadas pelas câmeras são projetadas em um painel e, com base


nelas, os operadores enviam informações rápidas aos painéis de trânsito por
meio de computadores. Assim, os condutores recebem informações em tempo
real sobre o trânsito e orientações a respeito das vias públicas.

1
As vagas destinadas exclusivamente a veículos que transportam pessoas com deficiências e com
dificuldade de locomoção também são dispostas em espaços comerciais que seguem esse mesmo
critério de acessibilidade. A lei 13.281/16, mudou a penalidade de quem descumpre a regra das vagas
especiais. A infração passou a ser gravíssima e sete pontos na CNH. No espaço público, o infrator poderá
ter seu veículo removido pela autoridade competente.
2
https://www.gov.br/infraestrutura/pt-br/assuntos/transito/conteudo-
contran/resolucoes/resolucao_contran_304.pdf

136
Finalizamos esta Unidade de Estudo e esperamos que você tenha
atualizado seus conhecimentos sobre os tipos de sinalização de
trânsito. Agora, é só observar atentamente as sinalizações e
cumprir seu papel de cidadão, seja pedestre ou condutor. Até a próxima
Unidade de Estudos!

Referências

BRASIL. Conselho Nacional de Trânsito. Manual brasileiro de sinalização de


trânsito – Sinalização Temporária. Brasília: Contran, 2017. v. 7. Disponível em:
<https://antigo.infraestrutura.gov.br/images/Educacao/Publicacoes/Manual_VO
L_VII_2.pdf>. Acesso em: 5 out. 2021.

BRASIL. Lei n. 9.503, de 23 de setembro de 1997. Institui o Código de Trânsito


Brasileiro. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 24 set.
1997. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9503.htm>.
Acesso em: 5 out. 2021.

_____. Lei n. 10.048, de 8 de novembro de 2000. Dá prioridade de atendimento


às pessoas que especifica, e dá outras providências. Diário Oficial da União,
Poder Legislativo, Brasília, DF, 9 nov. 2000a. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l10048.htm>. Acesso em: 5 out. 2021.

_____. Lei n. 10.098, de 19 de dezembro de 2000. Estabelece normas gerais e


critérios básicos para a promoção da acessibilidade das pessoas portadoras de
deficiência ou com mobilidade reduzida, e dá outras providências. Diário
Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 20 dez. 2000b. Disponível
em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l10098.htm>. Acesso em: 5 out.
2021.

_____. Lei n. 13.281, de 4 de maio de 2016. Altera a Lei n. 9.503, de 23 de


setembro de 1997 (Código de Trânsito Brasileiro), e a Lei n. 13.146, de 6 de
julho de 2015. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 5 maio
2016. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-
2018/2016/lei/l13281.htm>. Acesso em: 5 out. 2021.

137
_____. Lei n. 14.071, de 13 de outubro de 2020. Altera a Lei n. 9.503, de 23 de
setembro de 1997 (Código de Trânsito Brasileiro), para modificar a composição
do Conselho Nacional de Trânsito e ampliar o prazo de validade das
habilitações; e dá outras providências. Diário Oficial da União, Poder
Legislativo, Brasília, DF, 14 out. 2020. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2020/Lei/L14071.htm>.
Acesso em: 5 out. 2021.

BRASIL. Conselho Nacional de Trânsito. Resolução n. 304, de 18 de dezembro


de 2008. Dispõe sobre as vagas de estacionamento destinadas exclusivamente
a veículos que transportem pessoas portadoras de deficiência e com
dificuldade de locomoção. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília,
DF, 22 dez. 2008. Disponível em: em: <https://www.gov.br/infraestrutura/pt-
br/assuntos/transito/conteudo-
contran/resolucoes/resolucao_contran_304.pdf>. Acesso em: 5 out. 2021.

_____. Resolução n. 236, de 11 de maio de 2007. Aprova o Volume IV –


Sinalização Horizontal, do Manual Brasileiro de Sinalização de Trânsito. Diário
Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 21 maio, 2007.
Disponível em: <https://www.gov.br/infraestrutura/pt-
br/assuntos/transito/conteudo-contran/resolucoes/resolucao_contran_236.pdf>.
Acesso em: 5 out. 2021.

_____. Manual brasileiro de sinalização de trânsito – Sinalização horizontal.


Brasília: Contran, 2007. v. IV. Disponível em:
<https://www.gov.br/infraestrutura/pt-br/assuntos/transito/arquivos-
denatran/educacao/publicacoes/manual_vol_iv_2.pdf>. Acesso em: 5 out.
2021.

_____. Manual brasileiro de sinalização de trânsito – Sinalização vertical de


indicação. Brasília: Contran, 2014. v. III. Disponível em: <
https://www.gov.br/infraestrutura/pt-br/assuntos/transito/noticias-
senatran/manual-brasileiro-de-sinalizacao-de-transito-1>. Acesso em: 12 nov.
2021.

_____. Manual brasileiro de sinalização de trânsito. – Sinalização


temporária. Brasília: Contran, 2017. v. VII. Disponível em:

138
<https://www.gov.br/infraestrutura/pt-br/assuntos/transito/arquivos-
denatran/educacao/publicacoes/manual_vol_vii_2.pdf>. Acesso em: 5 out.
2021.

DER – AL – Departamento de Estradas de Rodagem de Alagoas. Placas de


Indicação e Placas de Atrativos Turísticos. DER – AL, S.d. Disponível em:
<http://www.der.al.gov.br/sinalizacao/placas-de-indicacao>. Acesso em: 5 out.
2021.

139
Núcleo Temático 1 – Atualização em legislação de trânsito
Unidade de Estudo 8 – Meio ambiente

Objetivo: compreender a legislação de trânsito que prevê infrações e


penalidades a fim de auxiliar na proteção ambiental.

Tópicos desta Unidade

• O Código de Trânsito Brasileiro (CTB) e o meio ambiente;


• Poluição do ar, da água e do solo;
• Poluição atmosférica: emissão de gases e partículas;
• Materiais recicláveis;
• Poluição sonora.

Olá! Nesta Unidade, você terá a oportunidade de relembrar a


legislação de trânsito e a relação desta com o meio ambiente.
Vamos iniciar? Bons estudos!

O Código de Trânsito Brasileiro (CTB) e o meio ambiente

Você já presenciou algum condutor ou passageiro arremessando


objetos pela janela de um veículo?

Essa situação é passível de penalidade, conforme prevê o CTB − Lei n. 9.503,


de 23 de setembro de 1997 (Brasil, 1997).

Falar sobre trânsito e meio ambiente parece, a princípio, um assunto distante


um do outro, mas não é. Depois das fábricas, o carro é o maior agente poluidor
dos centros urbanos, pois o grande número de veículos e a emissão constante
de seus resíduos fazem dele um vilão para o meio ambiente.

Todos os anos são realizadas reuniões, no Brasil e no mundo, sobre meio


ambiente e sobre os impactos causados pela sua destruição, com o objetivo de

140
elaborar e efetivar acordos que garantam modos de vida mais sustentáveis e
mecanismos para um equilíbrio consciente entre o ser humano e a natureza.

Mas quando se fala sobre a relação ser humano-meio ambiente-veículo, todas


as pessoas podem contribuir para a preservação ambiental. Ações como lavar
o veículo com o uso de uma mangueira podem provocar grande desperdício de
água, por isso o ideal é levar o veículo em lugares especializados para esse
serviço, dando preferência às lavagens a seco com produtos biodegradáveis
que não poluam o meio ambiente.

Por meio de acordos internacionais, os códigos ambientais estabelecidos no


Brasil objetivam o controle de emissão de poluentes, a pesquisa e a
qualidade de vida.

O Contran, juntamente com outros órgãos, estabelece punição para quem


descumpre as normas de controle ambiental direcionado aos veículos. A
finalidade é garantir e preservar a vida, a saúde e o meio ambiente.

A Legislação de Trânsito define as responsabilidades em relação à


proteção ao meio ambiente, além de apresentar infrações e penalidades.
O Sistema Nacional de Trânsito (SNT) é o conjunto de órgãos e entidades
da União, dos estados e do Distrito Federal e dos municípios, que têm a
finalidade de exercer as atividades que envolvem o trânsito (Brasil, 1997),
além de priorizar ações em defesa da vida, incluindo a preservação do meio
ambiente e a fiscalização do nível de emissão de poluentes e ruídos.

A poluição ambiental agride o ar, a água e o solo, contaminando todas as


formas de vida. Existem vários tipos de poluição resultantes das atividades
humanas, entre as quais:

Poluição do ar

A queima incompleta de combustíveis é a principal causa de poluição do ar;


entre os principais poluidores do meio ambiente destacam-se as indústrias, as

141
usinas e os veículos. Os veículos à combustão emitem alguns gases poluentes,
como o monóxido de carbono, o chumbo e o nitrogênio. O nível elevado de
poluição no ar pode ser sentido pelos seres humanos por meio de alguns
sintomas, como a ardência nos olhos, náuseas e dificuldade de respirar.

Poluição da água e do solo

Os veículos contribuem para esse tipo de poluição, principalmente pela troca


de óleo e lubrificantes mal acondicionados e por produtos utilizados em sua
lavagem periódica.

Poluição sonora

Alguns sons emitidos pelos veículos são responsáveis pela redução da


qualidade de vida, portanto recomenda-se manter o motor regulado, o
escapamento em bom estado e evitar o uso desnecessário da buzina.

Poluição atmosférica: emissão de gases e partículas

A poluição atmosférica nas grandes cidades afeta a saúde das pessoas e


impacta diretamente na qualidade de vida delas. Os altos índices de poluição
no ar têm uma parcela importante na emissão de poluentes produzidos pelos
veículos automotores, porém as indústrias e as queimadas também contribuem
substancialmente para esse quadro.

O art. 104 do CTB (Brasil, 1997) estabelece que os veículos em circulação


terão as condições de segurança, de controle de emissão de gases
poluentes e de ruído avaliadas mediante inspeção, que será obrigatória,
na forma e na periodicidade estabelecidas pelo Conselho Nacional de Trânsito
(Contran), para os itens de segurança, e pelo Conselho Nacional do Meio
Ambiente (Conama), para emissão de gases poluentes e ruídos.

A emissão irregular de gases produzida por veículos é infração de


natureza grave. No parágrafo 5.º do art. 104, o CTB prevê que será “aplicada

142
a medida administrativa de retenção aos veículos reprovados na inspeção de
segurança e na emissão de gases poluentes e ruído” (Brasil, 1997).
Poluição emitida pelas indústrias Poluição emitida pelos automóveis

Fonte: Shutterstock/Konstantin. Fonte: Shutterstock/Toa5.

Leia, a seguir, algumas informações que podem ajudar a reduzir a poluição e


também gastar menos combustível:

• Trocar a marcha na rotação correta;


• Evitar reduções constantes de marcha, acelerações bruscas e freadas
em excesso;
• Desligar o veículo em caso de longas paradas.

Manter o veículo sempre em boas condições mecânicas contribui


para a preservação do meio ambiente!

E o que o CTB prevê em relação à atuação do condutor e à proteção do meio


ambiente?
“Art. 172 Atirar do veículo ou abandonar na via objetos
ou substâncias:
• Infração: média.
• Penalidade: multa”
Brasil, 1997

143
Figura 1 – Dê o destino certo a cada tipo de resíduo que recolher em seu veículo.
Fonte: Shutterstock/Nitikan T.

É necessário manter as vias de trânsito limpas e em condições de uso. O


consumismo desenfreado impacta diretamente o equilíbrio ambiental,
principalmente pelo grande aumento da produção de materiais
descartados. Por isso, é importante identificar os produtos que podem ser
reutilizados com outra função e aqueles que podem ser reciclados, ou seja,
transformados em novos materiais. Lixo será somente aquilo que não puder ser
reutilizado ou reciclado.

A seguir, alguns exemplos de materiais e o tempo que levam para se degradar:

144
Figura 2 - Tempo de degradação para deixar de causar danos ao meio ambiente.

Fonte: Detran-PR, S.d.

Nunca jogue lixo e outros objetos pela janela do carro, não retire flores e
folhagens das margens da via e, quando for à praia ou ao parque, recolha
o seu lixo.

E quanto aos materiais recicláveis?

Materiais recicláveis

Você já sabe que, daquilo que comumente chamamos de lixo, grande parte
pode ser reciclada e reutilizada. O material reciclável pode ser reutilizado e
transformado em novos objetos. Portanto, para que isso aconteça, o lixo deve
ser separado.

Praticamente todos os materiais descartados podem ser reciclados.


Entretanto, antes de separá-los, é necessário tomarmos alguns cuidados, como
retirar os resíduos de alimentos que ficam nas embalagens, para evitar a
contaminação e não estragar o material.

145
Figura 3 – Você é responsável pelo destino que dá aos resíduos que produz.
Fonte: Freepik.

De modo geral, os meios de transportes, como carros, motos, caminhões e


ônibus, também produzem lixo durante sua vida útil. Essa produção de
resíduos ocorre nas trocas de fluidos, materiais e peças. Por isso, é importante
saber que os resíduos produzidos pelos veículos são do tipo industrial e
devem ser descartados em locais apropriados.

Os pneus, quando chegam ao final da vida útil, devem ser levados a um local
apropriado, como uma revenda de pneus, uma borracharia ou um ponto de
coleta de pneus da Prefeitura Municipal. Os pneus descartados podem ser
reaproveitados de diversos modos, por exemplo, como combustível alternativo
para indústrias de cimento, na fabricação de solados de sapatos, borrachas de
vedação, pavimentação de vias públicas, enfeites e floreiras etc.

146
Figura 4 – Pneus descartados incorretamente.
Fonte: Shutterstock/KatMoy.

Separe o lixo orgânico (alimentos e também o lixo de banheiro) dos recicláveis


(vidros, papéis, plásticos e latas), faça o descarte correto dos materiais e
colabore com a saúde do meio ambiente!

Além do lixo descartado de forma incorreta, há outros fatores que


podem causar a poluição ambiental. Vamos conhecê-los?

Queimadas

As queimadas nos centros urbanos e no perímetro rural ainda são realidade em


nosso país. Apesar de proibido, o homem continua usando desse mau hábito
para se livrar de matérias que se acumulam em terrenos públicos ou privados.
Essa prática pode ser muito perigosa, pois as queimadas podem sair do
controle e causar grandes danos ao ambiente e à população, causando
acidentes e trazendo prejuízos irreversíveis.

Fogueiras, queima de materiais e bitucas de cigarro podem causar grandes


incêndios.

147
Ao longo das vias, a fumaça das queimadas pode prejudicar a visão do
motorista e provocar dificuldade de respiração, o que aumenta o risco de
acidentes, além de danos que podem ser irreversíveis à natureza. Qualquer ato
que possa provocar uma queimada deve ser evitado, especialmente se o
tempo estiver seco, o que possibilita que o fogo se alastre rapidamente e cause
ainda mais prejuízo.

Vegetação local e animais silvestres

Além dos cuidados com a vegetação local, os animais silvestres também


requerem atenção e o lugar primordial deles é nas matas. Ajude a preservar a
natureza!

Respeite a sinalização em todos os lugares, principalmente nas estradas. A


sinalização de animais silvestres nas proximidades indica que a velocidade do
veículo deve ser reduzida.

Poluição sonora

A poluição sonora no trânsito tem origem em diversos fatores: motores de


veículos desregulados, escapamentos furados ou fora do padrão, buzinas,
alarmes e equipamentos de som com volume acima do permitido. Vamos
ver algumas dessas causas de poluição.

Uso de buzina, outros sons e ruídos

A buzina é um equipamento obrigatório, mas quando usada


indiscriminadamente é considerada poluição sonora e pode causar problemas
auditivos, além de distrair o motorista e até ocasionar acidentes. A buzina deve
ser usada sempre em toque breve e somente quando for necessário.

É comum observarmos o uso da buzina em várias situações do dia a dia, por


exemplo, quando um condutor encontra uma pessoa conhecida em seu trajeto,

148
quando quer chamar a atenção por algum motivo ou para expressar a
impaciência enquanto aguarda por algo ou alguém.

O art. 227 do CTB cita que é expressamente proibida a utilização da buzina:


“I. em situação que não a de simples toque breve como
advertência ao pedestre ou a condutores de outros
veículos;
II. prolongada e sucessivamente a qualquer pretexto;
III. entre (22h) vinte e duas e (6h) seis horas;
IV. em locais e horários proibidos pela sinalização;
V. em desacordo com os padrões e as frequências
estabelecidas pelo Contran.
• Infração: leve.
• Penalidade: multa.”
Brasil, 1997

Para saber mais, acesse a Resolução Contran n. 764 1, de 20 de dezembro de


2018.

Até outubro de 2016, a legislação que dava conta do tema era a Resolução
Contran n. 204/06. Após essa data, a Resolução Contran n. 624/16 2 passou a
determinar as regras nesse âmbito.

E o que acontece com um condutor que for pego dirigindo com equipamento
de som com volume e/ou frequência acima do permitido?

De acordo com o art. 228 do CTB,


“Usar no veículo equipamento com som em volume ou
frequência que não sejam autorizados pelo Contran gera:
• Infração: grave.
• Penalidade: multa.

1
https://www.gov.br/infraestrutura/pt-br/assuntos/transito/conteudo-
contran/resolucoes/resolucao7642018.pdf
2
https://www.gov.br/infraestrutura/pt-br/assuntos/transito/conteudo-
contran/resolucoes/resolucao_624-2016.pdf

149
• Medida administrativa: retenção do veículo para
regularização.”
Brasil, 1997

O som do carro é considerado som ambiente, ou seja, quando propagado para


fora do veículo, torna-se irregular, causando desconforto a terceiros.

A altura excessiva do volume do som não permite que o condutor perceba


riscos e emergências à sua volta, além de causar danos ao aparelho auditivo,
por isso é necessário deixar o som em um volume audível apenas no interior
do veículo. Assim, o motorista poderá perceber alarmes de emergência, como
a sirene do carro de bombeiros, da ambulância e da polícia, entre outros tipos
de alerta.

O CTB prevê a proibição do uso de qualquer equipamento que


produza poluição sonora, tais como:

• roncos de motor;
• escapamentos abertos;
• buzinas estridentes;
• aparelhos de som em volume alto.

Além disso, o uso irregular de aparelhos de alarme e outros


dispositivos que produzem sons e ruídos que perturbam o sossego público é
fiscalizado pelo Contran e está definido no art. 229 do CTB (Brasil, 1997). Em
caso de desacordo com essa regulamentação, o indivíduo estará sujeito a:

• Infração: média;
• Penalidade: multa e apreensão do veículo;
• Medida administrativa: remoção do veículo.

Carros com alto-falantes, trios elétricos e outros veículos que produzam sons e
barulhos acima do limite necessitam de autorização especial para essa função
e devem estar regulamentados pela lei.

150
Como você sabe, os limites de barulho são regulamentados por lei. Então, é
importante a atenção às placas de sinalização e aos limites de ruídos para o
dia e para a noite, principalmente em lugares próximos a hospitais e escolas.

Pequenos detalhes do dia a dia fazem a diferença no momento de dirigir e


colaboram com o meio ambiente. Para que todos os usuários tenham
qualidade no trânsito, é importante que cada um reflita a respeito de suas
respectivas atitudes, sem agredir o meio ambiente.

O art. 231 do CTB determina algumas penalidades para quem transitar com o
veículo:
“I. danificando a via, suas instalações e equipamentos;
II. derramando, lançando ou arrastando sobre a via:
a) carga que esteja transportando;
b) combustível ou lubrificante que esteja utilizando;
c) qualquer objeto que possa acarretar risco de acidente.
• Infração − gravíssima.
• Penalidade – multa.
• Medida administrativa − retenção do veículo para
regularização.
III. produzindo fumaça, gases ou partículas em níveis
superiores aos fixados pelo Contran;
IV. com suas dimensões ou de sua carga superiores aos
limites estabelecidos legalmente ou pela sinalização, sem
autorização.
• Infração − grave.
• Penalidade – multa.
• Medida administrativa − retenção do veículo para
regularização.”
Brasil, 1997

151
Nesta Unidade, você relembrou que é preciso manter as vias
públicas, as calçadas e os recantos em perfeitas condições, além
de respeitar o direito de silêncio. Agora é com você! Preservar o
meio ambiente e respeitar o trânsito são atos de responsabilidade individual e
coletiva de toda a sociedade. Desenvolva os exercícios de fixação e até a
próxima Unidade!

Referências

BRASIL. Lei n. 9.503, de 23 de setembro de 1997. Institui o Código de Trânsito


Brasileiro. Diário Oficial da União, Brasília, Poder Legislativo, Brasília, DF, 24
set. 1997. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9503.htm>.
Acesso em: 5 out. 2021.

_____. Lei n. 14.071, de 13 de outubro de 2020. Altera a Lei n. 9.503, de 23 de


setembro de 1997 (Código de Trânsito Brasileiro), para modificar a composição
do Conselho Nacional de Trânsito e ampliar o prazo de validade das
habilitações; e dá outras providências. Diário Oficial da União, Poder
Legislativo, Brasília, DF, 14 out. 2020. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2020/Lei/L14071.htm>.
Acesso em: 5 out. 2021.

BRASIL. CONTRAN – Conselho Nacional de Trânsito. Resolução n. 624, de 19


de outubro de 2016. Regulamenta a fiscalização de sons produzidos por
equipamentos utilizados em veículos, a que se refere o art. 228, do Código de
Trânsito Brasileiro. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 21
out. 2016. Disponível em: <https://www.gov.br/infraestrutura/pt-
br/assuntos/transito/conteudo-contran/resolucoes/resolucao_624-2016.pdf>.
Acesso em: 5 out. 2021.

_____. Resolução n. 764, de 20 de dezembro de 2018. Estabelece método de


ensaio para medição de pressão sonora por buzina ou equipamento similar de
veículos automotores. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF,
31 dez. 2018. Disponível em: <https://www.gov.br/infraestrutura/pt-
br/assuntos/transito/conteudo-contran/resolucoes/resolucao7642018.pdf>.
Acesso em: 5 out. 2021.

152
DETRAN-PR. Detran na escola – Manual do professor. Ensino Fundamental 1,
3º ano. DetranPR, S.d. Disponível em:
<http://www.detran.pr.gov.br/arquivos/File/coordenadoria/coet/materiaisimpress
os/apostila_3_livro_do_professor.pdf>. Acesso em: 5 out. 2021.

153
Núcleo Temático 1 – Atualização em legislação de trânsito
Unidade de Estudo 9 – Elementos poluidores e os cuidados para a
conservação dos veículos

Objetivos:

• Entender os elementos dos veículos que podem poluir o meio ambiente;


• Conhecer os cuidados para conservar os veículos.

Tópicos desta Unidade

• Elementos poluidores dos veículos e os cuidados na sua conservação;


• Como poluir menos;
• Outras soluções para a redução da poluição do ar;
• Os 5 Rs para um trânsito melhor.

Olá! Nesta última Unidade deste núcleo temático, você vai


perceber que é necessário conservar o veículo para diminuir a
poluição e também que algumas atitudes no dia a dia podem
ajudar na preservação do meio ambiente. Vamos em frente?

Elementos poluidores dos veículos e os cuidados na sua conservação

Adulteração de combustíveis, além de ser crime no Brasil, é sempre um


assunto polêmico, pois afeta não só o desempenho do veículo, mas também a
economia e o meio ambiente.

Você sabe como é realizada essa adulteração?

Geralmente são adicionados à gasolina produtos mais baratos e não


autorizados. Esse procedimento faz com que aumente a lucratividade no
momento da venda, mas traz grandes prejuízos ao consumidor e ao meio
ambiente. Normalmente, são adicionados etanol, óleo diesel, solventes,
aguarrás, querosene, entre outros. Na queima, esses elementos liberam gases

154
altamente tóxicos e nocivos à natureza e comprometem o motor dos veículos,
afetando sua autonomia e gerando o desgaste de peças, o que exige uma
manutenção mais frequente e, consequentemente, mais despesas.

Figura 1 – Ao abastecer o veículo, você é consumidor. Procure por combustíveis com garantias
de qualidade.
Fonte: Freepik.

Como poluir menos?

Algumas ações realizadas no dia a dia fazem diferença no momento de dirigir e


colaboram para a diminuição da poluição do meio ambiente. Para termos um
trânsito de boa qualidade e sem agressão ao meio ambiente, é importante que
cada um reflita sobre as suas próprias atitudes como motorista e como
pedestre.

É possível economizar até 10% de combustível com a verificação


frequente de velas e pneus e com a manutenção correta do
veículo.

155
Acompanhe as dicas a seguir e veja como é possível economizar combustível
e reduzir a poluição:

• Troque a marcha na rotação correta do motor;


• Observe e acompanhe a vida útil de alguns elementos do veículo como
os filtros de óleo e de ar, o óleo e o catalisador. Esses componentes são
importantes para o controle da poluição;
• Evite reduções constantes de marcha, acelerações e freadas bruscas;
• Desligue o veículo em caso de longas paradas;
• Procure manter velocidades constantes enquanto trafega;
• Não se deve ficar acelerando quando o veículo estiver parado;
• Faça sempre a manutenção e a revisão do veículo, conforme
especificado pelo fabricante (consulte o manual do proprietário do
veículo);
• Faça sempre a manutenção preventiva do escapamento, sistema de
injeção e purificador de ar, conforme especificado pelo fabricante
(consulte o manual do veículo);
• Em veículos (antigos) com afogador, acione-o somente se necessário
para dar a partida, e lembre-se de desativá-lo em seguida.

Lembre-se de orientar os passageiros para que guardem os descartes


(lixo) do carro. Tenha sempre um porta-lixo para o descarte correto de qualquer
item.

156
Figura 2 – Condutor: oriente os passageiros para o descarte correto de resíduos no interior do
veículo.
Fonte: IbacBrasil – Tecnologias Educacionais Ltda.

O crescimento e o desenvolvimento urbano e rural dependem de uma


infraestrutura adequada de vias (estradas, ruas) que permitam o transporte de
pessoas e produtos de modo a afetar o meio ambiente minimamente, por isso o
equilíbrio entre trânsito e meio ambiente torna-se fundamental. Os órgãos
executivos rodoviários, como o Departamento de Estradas de Rodagem
(DER) e o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT),
dispõem de programas de atuação ambiental, visando à manutenção e à
preservação do espaço.

Os impactos negativos podem ser evitáveis e inevitáveis. Quando é identificado


um impacto negativo evitável, os órgãos responsáveis executam programas
que visam reduzir a sua extensão e intensidade. Podemos citar como exemplo
os Programas de Salvamento da Flora, que coletam plantas em extinção nas
áreas a serem desflorestadas e as replantam em áreas de preservação. Nos

157
impactos inevitáveis, o desflorestamento da área onde é construída uma via é
compensado: novas florestas são plantadas em outras áreas.

Várias ações são desenvolvidas ou exigidas pelos órgãos responsáveis para


que a natureza seja compensada com as alterações, por exemplo, implantação
de recantos, manutenção de viveiros, paisagismos, canteiros.

Lembre-se de que a preservação do meio ambiente depende não só de ações


governamentais mas também da ação direta do ser humano.

Outras soluções para a redução da poluição do ar

Com o intuito de manter o ar o mais limpo possível, pode-se promover:

• A instalação de filtros em indústrias (que devem ficar distantes dos


centros populosos);
• A criação de áreas verdes em centros urbanos;
• A verificação da quantidade de emissão de poluentes pelos veículos;
• A verificação dos níveis de poluição do ar;
• Investimentos em transportes coletivos e em veículos menos poluentes.

Utilizar mais o transporte público pode ajudar o meio ambiente, pois diminui o
número de veículos em circulação e contribui para a redução da emissão de
poluentes.

Visando à redução na emissão de poluentes, já existem ônibus, em São Paulo


e Curitiba, por exemplo, que utilizam energias alternativas, tais como o
biocombustível, o etanol e a energia elétrica.

Os 5 Rs para um trânsito melhor

Cinco palavras iniciadas com a letra R representam em síntese o que se pode


e se deve fazer para a melhoria da qualidade e do desenvolvimento sustentável
do trânsito. Repensar, recusar, reduzir, reutilizar e reciclar são propostas de

158
ação e reflexão para todos os atores envolvidos de alguma forma com o
trânsito em todos os lugares e principalmente nos grandes centros urbanos.

Aplicar os 5Rs implica agir como um consumidor consciente e refletir sobre os


impactos que os objetos de consumo causarão no meio ambiente e, portanto,
nas cidades e no trânsito. Exige a definição de um posicionamento. Dizer “não”
para o que se sabe que é desnecessário, para o que consome muita energia e
recursos naturais não renováveis impõe-se como um dever para as pessoas,
em todos os âmbitos de suas vidas, inclusive no trânsito.

A maioria dos plásticos é derivada do petróleo. Quando o plástico é descartado


no meio ambiente, leva em torno de 50 anos para se decompor, pois sua
estrutura é composta por polímeros, os quais podem ser naturais (por exemplo,
a borracha ou a celulose que existem na natureza); ou artificiais, produzidos
em laboratórios utilizando-se do petróleo (por exemplo, pneus, sacolas,
silicone, entre outros).

Nesta Unidade, você estudou sobre a importância do meio


ambiente e a necessidade de um posicionamento responsável para
o aumento da qualidade e da segurança no trânsito. O próximo
Núcleo Temático lhe permitirá aprofundar os estudos sobre o trânsito e ficar
muito bem preparado! Até breve!

Referências

BRASIL. Lei n. 9.503, de 23 de setembro de 1997. Institui o Código de Trânsito


Brasileiro. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 24 set.
1997. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9503.htm>.
Acesso em: 6 out. 2021.

_____. Lei n. 14.071, de 13 de outubro de 2020. Altera a Lei n. 9.503, de 23 de


setembro de 1997 (Código de Trânsito Brasileiro), para modificar a composição
do Conselho Nacional de Trânsito e ampliar o prazo de validade das

159
habilitações; e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, 14
out. 2020. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-
2022/2020/Lei/L14071.htm>. Acesso em: 6 out. 2021.

DNIT – DEPARTAMENTO NACIONAL DE INFRAESTRUTURA DE


TRANSPORTES. Meio ambiente. DNIT, 3 maio 2012. Disponível em:
<http://www.dnit.gov.br/meio-ambiente>. Acesso em: 6 out. 2021.

PAES, J. L.; SILVA, J. N.; GALVARRO, S. F. S. Considerações sobre a


poluição do ar em grandes metrópoles. Revista Ponto de Vista, Viçosa, Minas
Gerais, v. 5, n. 1, 15 out. 2008. Disponível em:
<https://periodicos.ufv.br/RPV/issue/view/354>. Acesso em: 6 out. 2021.

PETROBRAS DISTRIBUIDORA. De olho no combustível. BR, 2018. Disponível


em:
<http://www.br.com.br/wcm/connect/lib_portalconteudo/home/produtos+e+servi
cos/para+seu+veiculo/de+olho+no+combustivel/de+olho+no+combustivel>.
Acesso em: 6 out. 2021.

PORTAL BRASIL. Meio ambiente: melhoria na gestão de resíduos sólidos no


Brasil. Ministério do Meio Ambiente, 14 maio 2020. Disponível em:
<www.gov.br/pt-br/noticias/financas-impostos-e-gestao-publica/500-
dias/noticias-500-dias/meio-ambiente-melhoria-na-gestao-de-residuos-solidos-
no-brasil>. Acesso em: 6 out. 2021.

RECICLOTECA – Centro de Informações sobre Reciclagem e Meio Ambiente.


Orgânicos: definição, composto e como fazer a compostagem. Recicloteca,
2013. Disponível em: <http://www.recicloteca.org.br/material-
reciclavel/organicos/>. Acesso em: 6 out. 2021.

160
Núcleo Temático 2 – Direção defensiva: abordagens do Código de
Trânsito Brasileiro – CTB
Unidade de Estudos 1 – Conceito de direção defensiva e condições
adversas

Objetivo: identificar as formas adequadas de dirigir e os fatores que podem


influenciar no desempenho do condutor.

Tópicos desta Unidade

• Direção defensiva e motorista defensivo: conceitos e definições;


• Categorias e elementos da direção defensiva;
• Condições adversas.

Olá! Você sabia que é possível prevenir os principais acidentes de


trânsito? Podemos evitar situações de risco praticando a direção
defensiva. Nesta primeira Unidade de Estudo, você vai conhecer
os comportamentos corretos para dirigir com mais segurança. Preparado?
Então, vamos lá!

Direção defensiva e motorista defensivo: conceitos e definições

Dirigir defensivamente é conduzir o veículo com segurança, de maneira a


evitar acidentes, independentemente das ações incorretas dos outros
usuários do trânsito ou de condições adversas que se apresentem para o
momento.

Um motorista que pratica a direção defensiva está sempre atento a tudo o


que acontece no trânsito. Ele observa a movimentação de veículos e
pedestres, presta atenção na sinalização, nas condições do tempo, enfim, em
todos os elementos à sua volta. Com isso, consegue antecipar situações e
evitar acidentes.

A educação do condutor faz toda a diferença!

161
Figura 1 – O motorista defensivo está sempre atento ao trânsito.
Fonte: Shutterstock/NDAB Creativity.

Para o Código de Trânsito Brasileiro (CTB), a direção defensiva refere-se à


postura do condutor, a fim de chamar sua atenção para a responsabilidade e a
necessidade de se cumprir a lei, a fim de se evitar o mal maior, que seria, no
caso, um sinistro de trânsito.

Já a legislação de trânsito refere-se a uma questão infracional, ou seja, ao


cometer uma infração, o cidadão será punido com multas e penalidades
previstas em lei.

Você se considera um motorista defensivo?

Categorias e elementos da direção defensiva

A direção defensiva pode ser dividida em duas categorias:

162
Preventiva
É a atitude do motorista que permanece atento para evitar situações de risco.
Corretiva
É a atitude que o motorista deve ter quando está diante de um possível
acidente, corrigindo situações que não estavam previstas.

O motorista defensivo sabe analisar os riscos, avaliar problemas, observar


comportamentos e situações para evitar acidentes, apesar das condições
adversas.

Acompanhe a seguir os elementos da direção defensiva:


Conhecimento

Para que você possa conduzir o seu veículo com segurança, é


necessário ter conhecimento prático, ou seja, saber dirigir. É
importante conhecer também:

• Os seus direitos e deveres como condutor e como


pedestre;
• As leis de trânsito;
• As normas;
• Os trajetos;
• As sinalizações;
• O veículo.

Esses conhecimentos são necessários para que você possa


tomar boas decisões no trânsito e com agilidade, sempre que
necessário. Isso evita danos ao motorista e ao seu carro, aos
outros usuários e à via pública.
Atenção

Ao conduzir o seu veículo, esteja sempre alerta! Fique atento e


consciente desde o momento em que entrar no veículo até
chegar ao seu destino. O risco de acidente pode diminuir
quando o condutor está atento!

Previsão

Previsão é a capacidade de se antecipar aos acontecimentos e


reagir rapidamente. Prever não é a mesma coisa que adivinhar!

Quando o motorista está atento e analisa tudo o que acontece


ao seu redor, ele consegue identificar os riscos, prevendo
possíveis acidentes. Assim, ele tem mais tempo para tomar
atitudes seguras.

163
A previsão também pode ser usada em outras situações que
previnem possíveis ocorrências mais distantes, como quando o
motorista realiza antecipadamente a revisão do veículo e a
verificação dos equipamentos obrigatórios, evitando, assim, que
o carro apresente problemas em via pública.

Decisão

É a capacidade de analisar rapidamente a situação e escolher


que ação deve ser tomada. A decisão no trânsito requer uma
iniciativa imediata, pois, ao identificar uma situação de perigo, o
condutor precisa decidir o que fazer a tempo de evitar um
acidente.

Habilidade

A habilidade está relacionada à experiência do condutor e pode


ser desenvolvida com a prática. O motorista é considerado hábil
para conduzir e manobrar o seu veículo quando tem
conhecimentos teóricos e práticos e desenvolve atenção,
previsão e a capacidade de decisão.

Quanto mais o condutor exercitar os elementos da direção defensiva, mais


habilidoso e apto estará para as adversidades que o trânsito apresenta.

Todos, pedestres a motoristas, devem colaborar para um trânsito mais seguro.

Agora que você relembrou os elementos da direção defensiva, é só contribuir


para um trânsito melhor!

Acidentes de trânsito: causas

Um acidente é algo inesperado, um acontecimento imprevisto, mas no trânsito


representa uma ocorrência responsabilizável, ou seja, que pode ser provocada
por alguém. Por isso, um acidente no trânsito é chamado de sinistro.

Veja a definição de sinistro de trânsito da Associação Brasileira de Normas


Técnicas (ABNT NBR 10697):

164
“Sinistro de trânsito é todo evento que resulte em dano ao
veículo ou à sua carga e/ou em lesões a pessoas e/ou
animais, e que possa trazer dano material ou prejuízos ao
trânsito, à via ou ao meio ambiente, em que pelo menos
uma das partes está em movimento nas vias terrestres ou
em áreas abertas ao público.”
ABNT, 2020.

Nesse sentido, é importante que as pessoas tenham consciência de que


sinistros podem ser evitados desde que condutores e pedestres
tenham responsabilidade e atenção.

Veja a seguir como se reflete o comportamento dos condutores de veículos e


as falhas humanas que podem levar a um acidente de trânsito!
Negligência
É o motorista que age com descaso, não observa e é desatento (por
exemplo: não cuida da manutenção do veículo; entrega a direção do veículo
a pessoas não habilitadas).
Imperícia
É a falta de habilidade ou de conhecimento ao dirigir que decorre
principalmente da formação inadequada do condutor (exemplo: não sabe agir
em situações de emergência).
Imprudência
Ocorre quando o condutor conhece a lei, mas desobedece às regras de
conduta (exemplo: excede a velocidade da via; dirige sob a influência de
álcool; não respeita as regras e os sinais de trânsito).

É preciso que essas falhas sejam enfrentadas com seriedade e que


negligência, imperícia e imprudência possam tornar-se precaução, bom senso
e sabedoria para um trânsito mais respeitoso.

Condições adversas

Condições adversas são situações e fatores que atrapalham e/ou


interferem na forma de dirigir. Portanto, é preciso estar atento e preparado
para, diante delas, agir de forma adequada e tomar a decisão mais acertada a
fim de evitar acidentes.

165
Atitudes como obedecer à sinalização, não ultrapassar o limite de velocidade e
respeitar os outros motoristas e pedestres são maneiras de se precaver de
condições adversas.

Veja, a seguir, algumas condições adversas que podem prejudicar a forma de


dirigir.

Luz

As condições de iluminação são muito importantes na direção defensiva.

A ausência de luz ocasiona a penumbra, o que geralmente ocorre ao anoitecer,


amanhecer, no interior de túneis, viadutos e durante tempestades.

Quando acontece uma penumbra, o condutor deve redobrar a atenção, manter


a luz baixa ligada e reduzir a velocidade.

Figura 2 – Penumbra.
Fonte: Pìxabay.

Excesso de luz natural pode causar ofuscamento momentâneo da visão do


motorista.

166
Figura 3 – Excesso de luz natural.
Fonte: Shutterstock/Rejdan.
Excesso de luz artificial pode prejudicar a visão do condutor, tornando a
direção insegura.

Figura 4 – Excesso de luz artificial.


Fonte: Shutterstock/Travel_Master.

É importante ver e ser visto, por isso algumas atitudes devem ser tomadas:

• manter as luzes do veículo em perfeito funcionamento;

167
• usar óculos de sol ou a pala de proteção do veículo para motorista;
• não utilizar luz alta em vias iluminadas à noite;
• em caso de ofuscamento, orientar-se pela margem direita da via,
utilizando as linhas da borda da pista;
• utilizar os faróis baixos à noite ou sob chuva forte.

À noite, é mais difícil enxergar detalhes, por isso é importante reduzir a


velocidade para ter mais tempo na avaliação de obstáculos, por exemplo,
animais, buracos ou pessoas.

Tempo

As condições atmosféricas também podem dificultar a visão do condutor,


prejudicando o correto uso do veículo no trânsito.

Chuva, vento, granizo, neve, neblina e até calor excessivo diminuem muito a
capacidade de o condutor ver e avaliar as condições reais da estrada e do
veículo.

Além da dificuldade visual, as condições adversas de tempo causam


problemas nas estradas, como barro, areia e desmoronamento, tornando-as
mais lisas e perigosas, o que pode causar derrapagens e acidentes.

E o que fazer diante desse tipo de condição adversa?

Deve-se reduzir a marcha, acender as luzes do veículo e, se necessário,


procurar um local adequado, sem riscos (como um recanto, posto rodoviário ou
posto de gasolina), e esperar que as condições do tempo melhorem. Observe
outros procedimentos a seguir.

168
Neblina, cerração ou nevoeiro

Nesses casos, o condutor deve usar luz baixa, diminuir a velocidade e ter mais
atenção para conduzir o veículo.
Em caso de visibilidade nula, pare em um lugar seguro e aguarde.

Os procedimentos corretos são os seguintes:

• reduzir a velocidade;
• não ultrapassar;
• ligar o limpador de para-brisa;
• parar em lugar seguro e aguardar, se necessário;
• evitar parar na via, mas, se for necessário, usar sempre o acostamento,
e posicionar o triângulo de segurança em local visível;
• se precisar parar, ligar o pisca-alerta, que não deve ser utilizado com o
carro em movimento;
• ligar os faróis do veículo, utilizando a luz baixa.

Ventos fortes

Os ventos fortes podem desequilibrar os veículos. Confira como o condutor


deve agir quando se deparar com essa situação:

• Ventos transversais: o condutor deve abrir os vidros, reduzir a


velocidade e manter o volante firme;
• Ventos frontais: o condutor deve fechar os vidros, reduzir a velocidade,
segurar o volante com firmeza e manter o alinhamento do veículo.

Chuva

O perigo de conduzir um veículo na chuva começa nos primeiros pingos, pois


eles se misturam à fuligem, à poeira e aos resíduos de borracha dos pneus
formando uma camada fina sobre a pista, deixando-a escorregadia.

169
A alta velocidade e o tempo de vida dos pneus podem ampliar as chances de
acidente, portanto reduza a velocidade, mantenha os pneus em excelentes
condições e fique a uma distância segura do veículo à sua frente.

A Lei Federal n. 14.071/2020 tornou obrigatório, para qualquer motorista que


conduza sob chuva, mesmo de dia, ligar os faróis do veículo utilizando a luz
baixa, conforme item “b” do inciso I, art. 40 (Brasil, 2020).

A desobediência a essa obrigação, conforme art. 250 do CTB, é considerada


uma infração média (Brasil, 1997).

Aquaplanagem ou hidroplanagem

A aquaplanagem ocorre quando uma fina camada de água impede a


aderência dos pneus ao solo. Em alta velocidade, o veículo pode perder o
contato com o asfalto e derrapar. Para evitar esse fenômeno, o procedimento
correto é tirar o pé do acelerador, não acionar o freio, não virar o volante para a
direita ou para a esquerda e não usar marcha de força.

Outro fator que ocorre como efeito da chuva são os alagamentos. Nessa
situação, é necessário parar em um lugar alto e seguro e aguardar o nível da
água baixar.

Se o motorista se deparar com alguma dessas situações ao conduzir o veículo,


deve manter a atenção redobrada e, se possível, evitar dirigir em condições
inseguras.

Via

Ao longo do trajeto, é possível que o condutor encontre várias adversidades no


pavimento que poderão desestabilizar o veículo. Por conta disso, a atenção
direcionada aos elementos da pista ou via ajudará a controlar situações de
risco.

170
O condutor deve ficar atento às mudanças no pavimento, à ausência de
asfalto, aos buracos, às ondulações, aos desníveis e à sinalização
ausente ou deficiente. Manter velocidade compatível com as condições da via
evita acidentes e avarias ao veículo como a quebra de suspensão ou danos
aos pneus.

Trânsito

O grande movimento de veículos nos horários de pico nas vias urbanas das
grandes cidades ou em período de férias ou feriados prolongados nas estradas
e rodovias deixa o trânsito muito carregado.

Para evitar o tráfego intenso, é importante o condutor pesquisar o trajeto com


antecedência, programar sua saída, conhecer opções de caminhos alternativos
para evitar dificuldades e congestionamentos. Também é muito importante que
o condutor mantenha o controle e tenha paciência nessas situações.

Veículo

A condição do veículo pode ser responsável por um número considerável de


acidentes de trânsito que podem envolver outros veículos, pedestres, animais
e patrimônio público/privado.

Por isso, é necessário manter o veículo em condições adequadas para transitar


e que permita reagir instantânea e eficientemente a todos os comandos
necessários.

Confira o que condutor deve verificar periodicamente.

1. Pneus e roda sobressalente (estepe): devem estar com sulco de


pelo menos 1,6 milímetros (Resolução Contran n. 558/1980, art. 4º) e
com calibragem adequada (Contran, 1980); é importante calibrá-los
regularmente;

171
2. Rodas: devem ser alinhadas e balanceadas;
3. Motor: deve estar bem regulado, pois evita o consumo excessivo de
combustível e óleo. Os níveis de óleo e temperatura (água) podem ser
acompanhados pelo painel do veículo e conferidos periodicamente;
4. Retrovisores internos e externos: devem estar limpos, firmes e bem
regulados;
5. Bateria: carga da bateria e cabos devem ser conferidos
periodicamente
6. Cintos de segurança: verificar se todos os cintos de segurança do
veículo estão funcionando adequadamente, possibilitando a regulagem e
o engate.

Um veículo em mau estado de conservação pode sofrer penalidade


prevista no Código de Trânsito Brasileiro (CTB) – Lei n. 9.503, de 23 de
setembro de 1997, e caracterizar-se como infração de natureza grave e perda
de 5 pontos na CNH.

Lembre-se: realizar revisões no veículo conforme a indicação do fabricante é a


melhor maneira de garantir a sua conservação colaborando com a segurança
no trânsito e cumprindo a legislação.

Figura 5 – Mantenha o seu veículo em perfeito estado para locomoção.


Fonte: Freepik.

172
Motorista

Todo condutor deverá dirigir seu veículo estando bem disposto, equilibrado e
sóbrio, o que significa que a responsabilidade vai além de portar a CNH. Cabe
ao motorista assumir a condição de direção e a responsabilidade pela sua
segurança e a dos demais.

Lembre-se de que a causa de muitos acidentes depende de como o motorista


conduz o veículo.

Chegamos ao final desta primeira Unidade de Estudo. Aqui, você relembrou a


importância da direção defensiva e de como o condutor pode identificar as
condições adversas e evitar acidentes. Analisando e refletindo sobre as
informações até aqui repassadas, você estará ainda mais preparado para
identificar situações de risco e contribuir para um trânsito melhor. Clique no
botão a seguir e responda aos exercícios desta unidade de estudo. Até a
próxima!

Referências

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 10697:2020 –


Pesquisa de sinistros de trânsito – Terminologia. Rio de Janeiro: ABNT, 2020.

BRASIL. Lei n. 9.503, de 23 de setembro de 1997. Institui o Código de Trânsito


Brasileiro. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 24 set.
1997. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9503.htm>. Acesso em: 2 out. 2021.

_____. Lei n. 14.071, de 13 de outubro de 2020. Altera a Lei n. 9.503, de 23 de


setembro de 1997 (Código de Trânsito Brasileiro), para modificar a composição
do Conselho Nacional de Trânsito e ampliar o prazo de validade das
habilitações; e dá outras providências. Diário Oficial da União, Poder
Legislativo, Brasília, DF, 14 out. 2020. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2020/Lei/L14071.htm>.
Acesso em: 2 out. 2021.

173
BRASIL. Ministério das Cidades. Direção defensiva: trânsito seguro é um
direito de todos. Brasília: Ministério das Cidades, 2005. Disponível em:
<http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/dt000002.pdf>. Acesso em:
2 out. 2021.

CONTRAN – Conselho Nacional de Trânsito. Resolução n. 558, de 15 de abril


de 1980. Fabricação e reforma de pneumático com indicadores de
profundidade. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 23 abr.
1980. Disponível em: <https://www.gov.br/infraestrutura/pt-
br/assuntos/transito/conteudo-denatran/resolucoes-contran>. Acesso em: 2 out.
2021.

174
Núcleo Temático 2 – Direção defensiva: abordagens do Código de
Trânsito Brasileiro – CTB
Unidade de Estudo 2 – Situações de risco

Objetivo: reconhecer as situações de risco do trânsito nas cidades e rodovias,


como cruzamentos, curvas, ultrapassagens, frenagens, buracos, ondulações,
entre outros, a fim de prevenir acidentes.

Tópicos desta Unidade

• Situações de risco;
• Situações de risco em ultrapassagens;
• Situações de risco em derrapagens;
• Situações de risco em pista irregular;
• Situações de risco em cruzamentos entre vias;
• Situações de risco em frenagem normal e de emergência;
• A diferença entre parar e estacionar.

Olá! Como você deve saber, a maioria dos sinistros de trânsito é


causada pelo excesso de velocidade, mas outras ações também
colocam a vida de muitas pessoas em risco e são frequentemente
praticadas por motoristas que não respeitam as normas de trânsito e acabam
provocando acidentes. Vamos estudar aqui sobre as situações de risco a que
somos submetidos no trânsito, e como podemos preveni-las e evitá-las.

Situações de risco

É uma situação na qual há uma possibilidade (ou chance) de algo não sair
conforme o esperado ou de algo perigoso acontecer.

São diversos os perigos e os obstáculos encontrados no percurso, no dia a dia


no trânsito.

175
De modo geral, o risco é a probabilidade de que o perigo ocorra. Mas quando
se aumenta a percepção sobre as situações de risco que se pode correr,
aprende-se a evitar o perigo.
No trânsito, acontecimentos inesperados podem resultar em situações de risco.

Ações imprudentes mais comuns que levam a situações de risco: desrespeito à


sinalização, excesso de velocidade, desatenção com o fluxo viário (erro de
distância), ultrapassagens perigosas e ultrapassagem de mais de um veículo
por vez (o que faz aumentar o tempo de permanência na via de sentido
contrário), entre outros.

Veja, a seguir, algumas situações que colocam condutor, passageiros e


pedestres em risco.

Situações de risco em ultrapassagens

As situações de risco em ultrapassagens são ocasionadas pelo


descumprimento das regras que objetivam a segurança de todos. Ao dominar
essas regras, o motorista defensivo amplia sua percepção sobre essas
situações.

O CTB nos apresenta algumas regras de ultrapassagem segura. O Anexo I do


Código de Trânsito Brasileiro – CTB (Brasil, 1997) traz a definição de duas
situações diferentes:

Passagem por outro veículo


É o movimento de passagem à frente de outro veículo que se desloca no
mesmo sentido, em menor velocidade, mas em faixas distintas da via.
Ultrapassagem
É o movimento de passar à frente de outro veículo que se desloca no mesmo
sentido, em menor velocidade e na mesma faixa de tráfego, necessitando
sair e retornar à faixa de origem.

Atenção e cuidado são elementos fundamentais para uma boa condução.


Fique atento!

176
Sobre a passagem de veículos, é importante ressaltar que o CTB (1997)
determina que a circulação dos veículos obedeça a uma série de regras.
Confira:

A Lei Federal n. 14.071/2020 alterou as regras e destacou como obrigatório


que todo motorista deixe livre a passagem pela faixa da esquerda, indo para
a direita da via e parando, se necessário, toda vez que veículos destinados a
socorro de incêndio e salvamento, de polícia, de fiscalização e operação de
trânsito, e ambulâncias estiverem com alarme sonoro e iluminação intermitente
acionados (Brasil, 2020).

O condutor deverá manter a velocidade constante para permitir a


ultrapassagem assim que perceber que outro veículo irá realizá-la.

Lembre-se: uma ultrapassagem só deve ser feita quando a sinalização o


permitir.

A ultrapassagem é permitida:

• Quando indicada pela sinalização e em locais apropriados;


• Quando há plenas condições de segurança;
• Quando o condutor tiver total visibilidade da via;
• Somente pela esquerda.

Lembre-se: ultrapassagens não devem ocorrer em curvas, túneis, viadutos,


aclives, lombadas, cruzamentos, pontes ou pontos inseguros.

Ultrapassagens sem segurança podem causar colisões com veículos que estão
em sentido contrário e ocasionar acidentes graves que podem resultar em
mortes.

177
Você se lembra dos cuidados básicos necessários para ultrapassar
um veículo?

Vamos recordar.

• Manter distância do veículo que segue à sua frente para não perder o
ângulo de visão;
• Sinalizar com antecedência, pois o motorista que segue à frente e o que
segue atrás precisam saber de suas intenções;
• Conferir o ângulo de visão pelo retrovisor e a situação do tráfego;
• Verificar se há espaço suficiente à frente do veículo que será
ultrapassado e se há condição de segurança para a manobra;
• Ao retornar à faixa, realizar o mesmo procedimento: conferir o espelho
retrovisor, sinalizar e retornar mantendo distância.

Ao se deparar com a placa “Proibido ultrapassar”, seja responsável.


Respeite-a e evite acidentes!

Figura 1 – Placa de sinalização: Proibido ultrapassar.


Fonte: Brasil, 1997.

178
Situações de risco em derrapagens

A derrapagem (ou arrastamento de pneus) é causada pela falta de


aderência da borracha com o piso. Essa situação caracteriza-se como de
alto risco, pois o condutor perde o domínio do veículo.

O condutor deve conferir a qualidade dos pneus e mantê-los sempre calibrados


conforme as recomendações do fabricante. Se notar qualquer deformação,
como furos ou desgaste irregular, deve procurar assistência técnica ou trocar
os pneus.

O desgaste irregular nos pneus, a calibragem incorreta, o piso molhado ou


escorregadio por causa de areia, pedras, fuligem ou até grãos podem causar
derrapagens.

Você sabe o que o Código de Trânsito Brasileiro (CTB) prevê para derrapagens
realizadas de propósito? Observe:

Art. 175. Utilizar-se de veículo para, em via pública,


demonstrar ou exibir manobra perigosa, arrancada
brusca, derrapagem ou frenagem com deslizamento ou
arrastamento de pneus [é]:
• Infração: gravíssima;
• Penalidade: multa, suspensão do direito de dirigir e
apreensão do veículo;
• Medida administrativa: recolhimento do documento de
habilitação e remoção do veículo.
Brasil, 1997.

Situações de risco em pista irregular

Você sabia que a qualidade da pista pode comprometer o percurso


do condutor, a qualidade do percurso e a segurança dos usuários?

179
Veículos com carga acima do peso permitido danificam as pistas (urbanas
ou rodovias) causando deformações e ondulações no pavimento; esses
buracos e desníveis podem tirar o motorista da sua trajetória. Outros fatores
que podem causar acidentes graves são obras, cortes na pista e alterações de
nível, portanto o condutor deve verificar o mapeamento das obras, reduzir a
velocidade e observar a sinalização.

Situações de risco em cruzamentos entre vias

As placas de regulamentação e/ou semáforos determinam a preferência


no momento da passagem. Portanto, ao se aproximar de um cruzamento, o
motorista deve diminuir a velocidade do veículo e observar a sinalização.

Em um cruzamento com sinalização falha ou nula, a preferência é sempre do


veículo que se aproxima pela direita; essa regra está no Código de Trânsito
Brasileiro (Brasil,1997).

Vamos fixar essas regras?

• São as placas de regulamentação e/ou os semáforos que determinam a


preferência da passagem no cruzamento entre vias;
• Ao se aproximar de um cruzamento, o motorista deve diminuir a
velocidade e observar a sinalização;
• Em um cruzamento com sinalização falha ou nula, a preferência de
passagem é sempre do veículo que se aproxima pela direita;
• Em uma rotatória, a preferência de passagem será sempre do veículo
que já estiver circulando por ela;
• Antes de passar, o motorista deve observar se é possível atravessar a
via para seguir em frente;
• Em todas as situações, o motorista deve respeitar a sinalização.

180
Situações de risco em frenagem normal e de emergência

Frenagem é o acionamento do sistema de freios para diminuir a


velocidade de um veículo ou pará-lo. Ao realizar a frenagem, o veículo ainda
percorre certa distância. Por isso, o motorista precisa estar atento e manter
distância do veículo que está à frente.

Em uma emergência, para o sistema de freios convencional, quando o


condutor aciona os freios fortemente, deve-se tomar cuidado ao frear, evitando
as derrapagens.

Figura 2 – Frenagem de emergência.


Fonte: Shutterstock/Yauhen_D.

A distância de frenagem aumenta de acordo com a velocidade do veículo,


conforme pode ser verificado na Figura 3. Dessa forma, quanto maior a
velocidade do veículo, maior será a distância percorrida por ele até que pare
efetivamente.

Tanto para diminuir a velocidade quanto parar um veículo, leva-se em conta o


tempo de reação do condutor, ou seja, a tomada de decisão para acionar o

181
freio, a desaceleração do veículo e as condições, por exemplo, pista molhada
ou escorregadia.

Figura 3 - Distância aproximada de frenagem.


Fonte: Obelheiro et al., 2016.

Perceba que, respeitando sempre os limites de velocidade, o motorista terá


possibilidade de realizar manobras mais seguras.

Você Sabia?

O sistema de freios do veículo precisa ter manutenção constante


para poder funcionar e proporcionar segurança ao motorista
e aos passageiros. O sistema de freios tem muitos componentes, tais como:
lona de freio, pastilhas de freio, óleo de freio, pedais etc., que podem variar de
carro para carro. Além da manutenção dos componentes do sistema de freios,
é necessário verificar a condição dos pneus, pois eles interferem diretamente
na frenagem.

182
Quando for possível, o condutor deve procurar conhecer o tipo e a qualidade
da via que irá percorrer. Quando não se conhece bem a via, deve-se ficar ainda
mais atento à velocidade e à distância mantida dos demais veículos.

Importante: segundo a legislação vigente, é obrigatório aos veículos, saídos


de fábrica a partir de 2014, um sistema de freios chamado ABS (sigla para Anti-
lock Braking System), que evita que as rodas sejam bloqueadas durante a
frenagem (quando o pedal de freio é acionado fortemente) e ocorra o
descontrole do veículo.

A diferença entre parar e estacionar

Você sabe qual é a diferença entre parada e estacionamento?

Muitos motoristas têm dúvidas com relação ao procedimento e, por conta disso,
acabam cometendo infração de trânsito.

O CTB determina que a parada é a imobilização do veículo com a finalidade


e pelo tempo estritamente necessário para efetuar embarque ou
desembarque de passageiros; ou seja, em local apropriado e devidamente
sinalizado com a placa de regulamentação que permita a parada do veículo
apenas para esses fins. Após efetuar embarque ou desembarque, o condutor
deve retirar o veículo do local, respeitando, assim, a fluidez do trânsito.

Parar em local proibido para atender ao telefone ou efetuar carga e


descarga é considerado estacionamento (ou seja, uma infração de trânsito
média) e gera 4 pontos na CNH e medida administrativa de remoção do
veículo.

Outras situações em que será necessária a parada do veículo:

• Antes de uma via preferencial;


• Antes de passar uma via férrea;

183
• Para a passagem de ambulâncias, veículos batedores (aqueles que
realizam escolta), caminhões do Corpo de Bombeiros e veículos da
polícia;
• Quando o sinal do semáforo estiver vermelho;
• Em cruzamentos com faixa de retenção (a faixa que fica a 1 metro de
distância da faixa de pedestres);
• Em travessias de via pública para pessoas com necessidades físicas
especiais, idosos, crianças e demais pedestres;
• Quando houver placa de parada obrigatória;
• Conforme a ordem do agente de trânsito.

E onde você não deve parar?

• Em túneis;
• Pontes;
• Viadutos;
• Na contramão;
• A menos de 5 metros de esquinas;
• Em calçadas;
• Longe da borda da pista;
• Sobre a pista de rolamento (via);
• Sobre os canteiros divisores da pista.

E o que é estacionar?

Estacionar é parar um veículo num determinado lugar e mantê-lo imobilizado


por tempo superior ao necessário para embarque ou desembarque de
passageiros.

Condutor, você sabe onde é proibido estacionar?

184
Em lugares onde houver sinalização proibindo estacionar, tais como:

• pontos de ônibus;
• próximo a hidrantes;
• túneis;
• viadutos;
• pontes;
• acostamentos;
• portas e portões particulares ou de repartições públicas;
• calçadas;
• longe da borda da pista;
• sobre a pista de rolamento (via);
• sobre os canteiros divisores da pista;
• na contramão;
• entradas ou saídas de veículos com guias de calçada rebaixadas (meio-
fio).

Conheça as placas:

Estacionamento Proibido estacionar. Proibido parar e


regulamentado estacionar.
(permitido).

Nesta Unidade de Estudo, você relembrou como deve agir em


situações de risco no trânsito, certo? Então, a partir de agora, siga
todas essas orientações para garantir a sua segurança e a dos
demais usuários do trânsito.
Até a próxima!

185
Referências

BRASIL. Lei n. 9.503, de 23 de setembro de 1997. Institui o Código de Trânsito


Brasileiro. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 24 set.
1997. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9503.htm>.
Acesso em: 2 out. 2021.

_____. Lei n. 14.071, de 13 de outubro de 2020. Altera a Lei n. 9.503, de 23 de


setembro de 1997 (Código de Trânsito Brasileiro), para modificar a composição
do Conselho Nacional de Trânsito e ampliar o prazo de validade das
habilitações; e dá outras providências. Diário Oficial da União, Poder
Legislativo, Brasília, DF, 14 out. 2020. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2020/Lei/L14071.htm>.
Acesso em: 2 out. 2021.

BRASIL. Ministério das Cidades. Denatran. Direção defensiva: trânsito seguro


é um direito de todos. Brasília: Ministério das Cidades, 2005. Disponível em:
<http://vias-
seguras.com/comportamentos/direcao_defensiva_manual_denatran>. Acesso
em: 1 out. 2021.

OBELHEIRO, M. et al. O desenho de cidades seguras – Diretrizes e exemplos


para promover a segurança viária a partir do desenho urbano. World
Resources Institute Brasil, São Paulo, jul. 2016. Disponível em:
<https://wribrasil.org.br/pt/publicacoes/o-desenho-de-cidades-seguras>. Acesso
em: 2 out. 2021.

186
Núcleo Temático 2 – Direção defensiva: abordagens do Código de
Trânsito Brasileiro – CTB
Unidade de Estudo 3 – Condução, equipamentos de segurança e
manutenção de veículos

Objetivo: Reconhecer os cuidados necessários para a condução de veículos


com passageiros e/ou cargas.

Tópicos desta Unidade

• Procedimentos adequados do condutor antes da movimentação de


veículos;
• Atitudes do motorista;
• Atitudes do motorista com passageiros;
• Atitudes do motorista com o transporte de cargas;
• Condução de veículos;
• Equipamentos de segurança do condutor e passageiros;
• Equipamentos de segurança para pilotagem de motocicletas;
• Manutenção de veículos.

Olá! Seja bem-vindo a mais uma Unidade de Estudo do Curso de


Reciclagem para Condutores Infratores. Você tem levado o seu
carro regularmente para a revisão? A manutenção prévia do
veículo contribui para a segurança do condutor, dos passageiros e dos demais
usuários da via. Nesta Unidade, você poderá relembrar os cuidados
necessários para a condução de veículos com passageiros e cargas, além dos
equipamentos de segurança obrigatórios. Vamos iniciar? Bons estudos!

Procedimentos adequados do condutor antes da movimentação de


veículos

Ao pensar em segurança no trânsito, o principal agente é o condutor do


veículo. Para que se possa dirigir tranquilamente, é preciso
estar concentrado e seguir os procedimentos da direção defensiva. O

187
planejamento prévio do percurso pode evitar transtornos. Antes de partir,
recomenda-se verificar as condições do tempo e do trânsito por onde pretende
seguir. E se for utilizar o GPS (Global Positioning System), traçar a rota antes
de colocar o veículo em movimento.

Vamos relembrar a forma adequada de se posicionar no veículo?


Sente corretamente no veículo
O primeiro passo é sentar-se corretamente no banco com os pés alcançando
os pedais, mas deixando os joelhos semiflexionados, as costas retas e os
punhos alcançando o volante, de maneira que os braços também fiquem
semiflexionados. Você deve estar confortável, não ficar muito perto nem
longe do volante, pois é preciso ter espaço suficiente para manobrar.

Figura 1 - Posição adequada dos pés.


Fonte: Shutterstock/Nor Gal.
Regule os espelhos retrovisores internos e externos
Antes de sair, o condutor deve ajustar o retrovisor interno do carro de forma
que visualize a maior parte do vidro traseiro. O segundo passo é alinhar os
retrovisores externos para que eles mostrem mais da via e menos do seu
próprio carro, por isso deve abrir o espelho até que seu veículo saia do seu
campo de visão.

188
Figura 2 - Regulagem dos espelhos retrovisores.
Fonte: Freepik.
Ajuste o cinto de segurança
Após sentar e ajustar os espelhos, chegou a hora de colocar o cinto de
segurança, que é item obrigatório! Você deve travá-lo e certificar-se de que
seus passageiros também estejam usando esse dispositivo.

Figura 3 - Cinto de segurança é item obrigatório de segurança.


Fonte: Freepik.
Verifique se o câmbio está em ponto neutro
Depois, você já pode acionar a chave de partida. Então, com o carro ligado, você
deve observar o painel e certificar-se de que não há luzes vermelhas acionadas,
além da luz do freio de estacionamento.

189
Figura 4 - Câmbio em ponto neutro.
Fonte: Shutterstock/Virrage Images.

Com o posicionamento correto, o condutor estará pronto para dirigir!

Atitudes do motorista

A atitude correta do motorista é o primeiro passo para a segurança de todos. O


motorista consciente respeita as regras e as normas de trânsito, é
responsável e sabe se comportar com segurança quando está dirigindo.

Atitudes simples do condutor podem contribuir para a prevenção de


acidentes beneficiando o tráfego e a sociedade. Observe algumas dessas
atitudes:
Respeitar o limite de velocidade indicado nas placas de
sinalização.

Respeitar os sinais de trânsito.

Nunca falar ao celular enquanto estiver dirigindo.

Acender o farol de luz baixa ao dirigir à noite, pois a escuridão


dificulta a visibilidade e mesmo durante o dia, nas rodovias e em
túneis e sob chuva, neblina ou cerração.

190
De acordo com a Lei n. 14.071/20, art. 40, parágrafo 1°, os
veículos de transporte coletivo de passageiros, quando
circularem em faixas ou pistas a eles destinadas, e as
motocicletas, motonetas e ciclomotores deverão utilizar-se de
farol de luz baixa durante o dia (Brasil, 2020).
Quando estiver sob chuva forte, garoa, neblina ou cerração,
acender o farol de luz baixa, diminuir a velocidade e redobrar a
atenção.
Em manobras, avaliar os tipos de parada e a distância entre os
veículos (usar as setas indicadoras ou o braço para sinalizar.
Depois, manter as duas mãos no volante e realizar a manobra).

Lembre-se: a manobra deve ser realizada com segurança, mas com a


rapidez possível para não atrapalhar o trânsito.

Ponto cego

Ao realizar conversão em uma esquina, o condutor deve mover a cabeça para


olhar o que acontece à sua volta. Na maioria das vezes, apenas desviar o olhar
não é suficiente, pois a coluna do para-brisa pode ocultar um veículo ou um
pedestre que esteja próximo.

Esse ponto em que os objetos e as pessoas não podem ser facilmente vistos
pelo condutor é chamado de ponto cego. É importante estar atento a ele
para diminuir os riscos de acidente, especialmente em manobras realizadas em
esquinas e cruzamentos.

Todos os veículos apresentam pontos cegos, sendo o mais comum a coluna do


para-brisa. As cargas também podem bloquear a visão do condutor.

Esses pontos atrapalham a visão do motorista, dificultando a visualização de


pedestres, motocicletas, bicicletas e outros veículos. Por isso, é importante
conhecê-los e reconhecê-los no momento de manobrar.

191
Atitudes do motorista com passageiros

Durante o transporte dos passageiros, a responsabilidade é, primeiramente, do


condutor.

Antes de iniciar o percurso, o motorista deve conferir se todos os passageiros


estão usando cinto de segurança.

Desordem dentro do veículo, passageiros, alterados, irritados, embriagados e


assuntos que distraiam o condutor podem comprometer a sua atenção e
interferir na dirigibilidade.

É também dever do condutor atentar para o número de passageiros, para não


ultrapassar o limite da capacidade do veículo.

Agora, vamos falar de um assunto de extrema importância: o transporte de


crianças! Acompanhe!

Crianças menores de 10 anos devem ser transportadas no banco traseiro dos


veículos nos dispositivos de retenção projetados especificamente para cada
faixa etária, levando-se em conta o peso e altura da criança. Esses dispositivos
são o bebê-conforto, a cadeirinha e o assento de elevação.

Eles foram criados para proteger as crianças no caso de ser necessário reduzir
repentinamente a velocidade do veículo ou, inevitavelmente, no caso de uma
colisão.
Clique nas setas e navegue pelas imagens.

192
Até 1 ano De 1 a 4 anos Dos 4 aos 7 Dos 7 anos e A partir dos
anos e meio meio aos 10 10 anos
anos

(ou até 13kg) (ou com peso (ou com até Banco Banco
Bebê entre 9 a 18 1,45 m de traseiro com traseiro ou
conforto, Kg) altura e peso cinto de dianteiro com
instalado de Cadeirinha, entre 15 a 36 segurança cinto de
costas para o voltada para a Kg) de três segurança de
banco frente do Assento de pontos. três pontos.
dianteiro. veículo. elevação
voltado para a
frente do
veículo e cinto
de segurança
de três pontos.

É muito importante considerar, além da idade, o peso e a altura da criança,


pois cada uma tem um ritmo de crescimento diferente.

Sobre o limite de altura e idade, a Lei n. 14.071/20 regulamenta, em seu art.


64, que as crianças com idade inferior a 10 (dez) anos que não tenham atingido
1,45 m (um metro e quarenta e cinco centímetros) de altura devem ser
transportadas nos bancos traseiros, em dispositivo de retenção adequado
para cada idade, peso e altura, conforme quadro acima (Brasil, 2020).

De acordo com o art. 3° da Resolução n. 819/21 (Brasil, 2021),


“o transporte de criança com idade inferior a dez anos
pode ser realizado no banco dianteiro do veículo, com o
uso do dispositivo de retenção adequado ao seu peso e
altura, nas seguintes situações:

193
I - quando o veículo for dotado exclusivamente deste
banco;
II – quando a quantidade de crianças com esta idade
exceder a lotação do banco traseiro; ou
III – quando o veículo for dotado originalmente (fabricado)
de cintos de segurança subabdominais (dois pontos) nos
bancos traseiros; ou
IV – quando a criança já tiver atingido 1,45m de altura.

Parágrafo único. Excepcionalmente, as crianças com


idade superior a quatro anos e inferior a sete anos e meio
podem ser transportadas utilizando cinto de segurança de
dois pontos sem o dispositivo denominado “assento de
elevação”, nos bancos traseiros, quando o veículo for
dotado originalmente destes cintos.”
Brasil, 2021

E quando o transporte de crianças for realizado em veículo de


transporte coletivo de passageiros ou veículo de aluguel?

De acordo com o art. 2° da Resolução n. 819/21 (Brasil, 2021):

“§2° As exigências relativas ao sistema de retenção, no


transporte de crianças com até sete anos e meio de
idade, não se aplicam aos veículos de transporte coletivo
de passageiros, aos de aluguel de que trata a alínea “d”
do inciso III do art. 96 do CTB, aos de transporte
remunerado individual de passageiros, aos veículos
escolares e aos demais veículos com peso bruto total
superior a 3,5 t.
§3° A isenção prevista no § 2° se aplica aos veículos de
transporte remunerado individual de passageiros durante
a efetiva prestação do serviço.”
Brasil, 2021

194
Atitudes do motorista com o transporte de cargas

De modo geral, o transporte de cargas obriga o condutor a dirigir com


mais segurança e atenção. Uma carga, independentemente do tamanho,
pode provocar acidentes se estiver mal distribuída, mal embalada e sem a
imobilização correta.

Ao transportar cargas, o condutor deve atentar para as seguintes orientações:

• Respeitar o limite de peso, pois volume e peso devem ser compatíveis


com a capacidade do veículo e da via;
• Nunca transportar passageiros no compartimento de carga;
• Conferir se a carga está imobilizada corretamente para seguir viagem;
• Aproveitar as paradas para conferir as condições da carga.

Figura 5 – Cuidados especiais para o transporte de cargas.


Fonte: Shutterstock/MAZNEV GENNADY.

195
Condução de veículos

Com o ritmo agitado da vida moderna, dirigir se tornou uma necessidade. Mas
é importante saber que essa ação precisa ser segura.
Vamos relembrar com você, caro condutor, alguns dos procedimentos
necessários para uma boa condução do veículo. Fique atento e coloque em
prática sempre!
Parar
Quando estiver em uma via urbana, o veículo deve ser parado próximo ao
bordo da pista; nesse caso, é preciso observar a permissão para parar.
Como vimos anteriormente, considera-se parada o tempo necessário para
embarque e desembarque de passageiros e qualquer tempo além desse
caracteriza o veículo como estacionado.
Estacionar
O motorista só pode estacionar seu veículo em locais permitidos. Estacionar
onde só é permitido parar pode ocasionar multa, além de gerar pontos na
CNH.
Preferência
Ao se aproximar de um cruzamento não sinalizado, a preferência será do
veículo que vier pela direita.
Conversão
A Lei n. 14.071/20 permite que o movimento de conversão à direita, quando
o condutor estiver diante de sinal vermelho do semáforo, será livre, desde
que haja sinalização indicativa (Brasil, 2020).
Entrada em rodovias
O condutor deve esperar a oportunidade segura para entrar na via, sinalizar,
utilizar a faixa de aceleração e acelerar de acordo com o fluxo da rodovia.
Saída de rodovias
O condutor deve sinalizar, desacelerar e utilizar a faixa de desaceleração.

Mas o que são faixas de aceleração e desaceleração?

As faixas de aceleração e desaceleração são faixas de trânsito projetadas


exclusivamente para que a entrada (convergência) e a saída (divergência) de
veículos em uma via principal (rodovias, por exemplo) possam ser feitas de
modo seguro e satisfatório para as operações de tráfego.

A faixa de aceleração possibilita que o tráfego que está entrando em uma via
principal aumente a velocidade até um valor que se aproxima daquele que irá

196
encontrar nessa via (velocidade diretriz). Por outro lado, a faixa de
desaceleração possibilita ao tráfego que está saindo reduzir sua
velocidade de acordo com as restrições do alinhamento do ramo (velocidade
da curva de saída), sem prejudicar o tráfego de passagem da via principal.

Figura 6 − Faixas de aceleração e desaceleração.


Fonte: Shutterstock/Miks Mihails Ignats.

Curvas

Numa curva, entra em ação a força centrífuga que impulsiona o veículo para
fora do trajeto ou a força centrípeta que puxa o veículo para o centro da
trajetória. Para realizar uma curva de maneira segura e evitar acidentes, são
necessários alguns cuidados:

197
• Calcular a velocidade necessária para fazer a curva. Quanto mais
fechada a curva, mais deve-se reduzir a velocidade;
• Frear ou diminuir a velocidade sempre antes de entrar na curva (entrar
com excesso de velocidade é perigoso, e, ao frear bruscamente, o carro
pode derrapar);
• Pisar de leve no acelerador ao fazer a curva. A aceleração aumenta a
aderência. Normalmente, é necessário reduzir a marcha nesse ponto.

Marcha à ré

Considera-se uma manobra perigosa, pois a visibilidade pode ficar


comprometida pela própria estrutura do veículo.
É imprescindível ter muito cuidado ao sair da área de estacionamento em
lugares com grande movimentação de pedestres e veículos.

Pessoas de baixa estatura, crianças, muretas e outros obstáculos abaixo da


altura do porta-malas do automóvel dificultam a manobra e podem
comprometer a dirigibilidade do condutor.

O condutor deve observar atrás do veículo antes de manobrar, solicitar


ajuda em caso de baixa visibilidade, e lembrar-se de que, dependendo da
forma de execução da manobra, poderá cometer uma infração de trânsito.

Para realizar uma marcha à ré segura, é necessário respeitar as seguintes


recomendações:

• É proibido transitar longos percursos em marcha à ré, sendo autorizados


apenas para manobras de estacionamento;
• Não se deve retornar em marcha à ré em esquinas, curvas e outros
locais que não ofereçam visibilidade segura.

198
Aclives e declives (ladeiras)

Nos aclives, o condutor deve acelerar o veículo ao começar a subir e


ir reduzindo as marchas conforme a necessidade.

Nesses locais, a visibilidade é reduzida, portanto a ultrapassagem não deve ser


realizada.

Em declives, para auxiliar e intensificar a frenagem, é preciso manter a marcha


do veículo engrenada.

Equipamentos de segurança do condutor

Os equipamentos de segurança servem para proteger o condutor e seus


passageiros, pois eles aumentam as chances de sobrevida em caso de
acidente, desde que usados de forma correta.

O encosto do banco dianteiro deve ficar na posição 125º, para que o encosto
de cabeça do banco possa inibir o efeito chicote em caso de acidente.

Figura 7 – Encosto do banco em ângulo de até 125º.


Fonte: Freepik.

199
O encosto de cabeça deve estar regulado no mínimo na altura dos olhos,
pois, em caso de acidente, ele protegerá contra lesões na coluna cervical e no
pescoço.

As crianças devem estar sentadas e retidas em seus dispositivos próprios para


a idade, ou usando diretamente o cinto de segurança no banco traseiro do
veículo.

Os ocupantes do veículo, inclusive os passageiros do banco traseiro, devem


utilizar o cinto de segurança de forma individual. A falta desse equipamento,
além de perigoso, é uma infração de trânsito grave.

O objetivo do cinto de segurança é reter os passageiros e o motorista dentro do


veículo em caso de parada súbita, tombamento ou capotamento, diminuindo as
lesões e aumentando as chances de sobrevivência.

Os cintos de segurança são classificados em três tipos:


Subabdominal
Foi o primeiro tipo de cinto adotado em veículos, e ainda é utilizado. Esse
cinto segura apenas pelo abdome e impede que o passageiro seja lançado
para fora do veículo, porém não protege o tórax nem a cabeça.
Diagonal
Esse cinto transpassa o corpo do indivíduo do ombro até o quadril. Ele
diminui o impacto, impedindo o choque do tórax e da cabeça. Mas, em caso
de acidente, o corpo pode passar por baixo do cinto.
Três pontos
É o cinto que oferece maior segurança, pois a faixa diagonal transpassa do
ombro até o quadril e a faixa subabdominal protege o abdome. Ele impede
que o corpo seja arremessado para fora do veículo, além de proteger o tórax
e a cabeça. A faixa transversal deve vir sobre o ombro, atravessando o peito,
sem tocar o pescoço.

Além dos equipamentos apresentados acima, existem também outros


dispositivos de segurança, indicados no art. 105 do CTB (Brasil, 1997), que são
os equipamentos suplementares de retenção (air bag frontal/lateral para o
condutor e para o passageiro do banco dianteiro)

200
Outro equipamento de segurança do veículo que se torna obrigatório a partir
da Lei n. 14.071/20 são as luzes de rodagem diurna (Brasil, 2020).

Equipamentos de segurança para pilotagem de motocicleta

Para pilotar uma motocicleta, é de fundamental importância o uso dos


equipamentos de segurança descritos a seguir, além de alguns cuidados
importantes. Acompanhe:

• Capacete: de uso obrigatório, deve ser usado corretamente. É o


equipamento de maior importância para o motociclista, pois pode evitar a
morte em caso de acidente grave;
• Viseira ou óculos: é muito importante o uso de óculos ou viseira para
proteger os olhos, pois um simples cisco pode fazer com que o condutor
perca o controle da motocicleta e ocasione um acidente. A Lei n.
14.071/20 prevê infração média para o ato de trafegar sem viseira ou
com a viseira levantada;
• Vestimenta: a utilização de vestimenta correta e de material
resistente pode ajudar a diminuir o risco de lesões em caso de acidente.
Utilizar roupas próprias para motociclistas, além de luvas, que protegem
as mãos e evitam que escorreguem das manoplas (aquela parte que fica
no guidão da moto e onde o condutor segura para pilotar). Segundo o
art. 244 da Lei n. 14.071/20, é infração gravíssima o ato de conduzir
motocicleta, motoneta ou ciclomotor sem usar capacete de segurança ou
vestuário de acordo com as normas e as especificações aprovadas pelo
Contran (Brasil, 2020);
• Botas: é o calçado mais indicado para quem pilota uma motocicleta;
ela garante maior firmeza na hora de pilotar e protege os pés e os
tornozelos;
• Postura: conhecer a postura correta para pilotar uma motocicleta é
importante, principalmente para realizar manobras, desvios e oferecer
um pouco mais de conforto para o piloto.

201
O motociclista deve lembrar-se sempre das regras que se aplicam a esse
condutor.

Crianças: o motociclista não pode transportar criança menor de 10 (dez) anos


de idade ou que não tenha condições de cuidar da própria segurança, sendo tal
ato uma infração gravíssima, levando a penalidades, como multa e suspensão
do direito de dirigir e até mesmo à retenção do veículo até regularização e
recolhimento do documento de habilitação;

Uso do farol: motocicletas, motonetas e ciclomotores deverão utilizar-se de


farol de luz baixa durante o dia e à noite, em qualquer circunstância.

Obedecer às regras e à sinalização é fazer do trânsito um lugar melhor tanto


para você quanto para os outros condutores e pedestres.

Manutenção do veículo

Manutenção é o controle e o cuidado frequente com o veículo. A manutenção


adequada contribui para o bom desempenho do veículo, aumenta a vida útil
dos componentes e contribui para evitar a ocorrência de acidentes.

Leia as orientações a seguir sobre esses cuidados.

• Conferir e calibrar os pneus, inclusive o estepe;


• Verificar o nível do óleo do motor e de acordo com a necessidade, trocá-
lo ou completá-lo;
• Completar o nível da água do reservatório de expansão ou do radiador;
• Verificar o funcionamento dos limpadores de para-brisa e, se necessário,
trocar as palhetas;
• Realizar o alinhamento da direção e o balanceamento das rodas;
• Verificar o funcionamento da buzina;
• Conferir faróis, lanternas e pisca-alerta;

202
• Verificar o estado das pastilhas e o nível do fluido de freio. Pastilhas
novas demoram a frear o carro, por isso, o condutor deve dirigir com
cuidado redobrado após trocá-las;

Pastilhas novas demoram a frear o carro, por isso o condutor deve dirigir com
cuidado redobrado após trocá-las.

Luzes obrigatórias do veículo

Além de desempenhar sua função principal, que é iluminar quando necessário,


as luzes são um importante meio de comunicação entre os condutores no
trânsito.

Conduzir o veículo com defeito no sistema de iluminação implica uma infração


média.

A partir da Lei n. 14.071/20, passou a ser obrigatório o uso de luz baixa durante
o dia em rodovias somente de pistas simples fora do perímetro urbano. O não
cumprimento dessa regra acarreta em infração média.

Lâmpada-piloto: localizadas no painel, indicam que determinados dispositivos


no veículo estão funcionando de maneira normal, defeituosa ou com falhas.

Faróis: são de cor branca ou amarela. Sua utilização é necessária do


entardecer até o amanhecer ou em ocasiões de baixa iluminação.

Fique atento ao perceber luzes vermelhas acesas no painel, pois essa cor
indica a necessidade de parada imediata do veículo até que se resolva o
problema.

Selecione as figuras a seguir e confira as luzes obrigatórias e suas respectivas


utilizações.

203
Faróis de luz alta – devem ser usadas à noite, em vias sem
iluminação. Iluminam uma grande distância à frente do
veículo.
Faróis de luz baixa – facho de luz destinado a iluminar a via
diante do veículo, sem ocasionar ofuscamento ou incômodos
injustificáveis aos outros condutores e usuários da via que
venham em sentido contrário.
Faróis de luz de neblina – luz do veículo destinada a
aumentar a iluminação da via em caso de neblina, chuva
forte ou nuvens de pó.

Luz de posição (lanterna) – deve ser utilizada com chuva


forte, neblina ou cerração. Indica a presença e a largura do
veículo.
Lanterna indicadora de direção (setas ou pisca-pisca) – alerta
a intenção de mudar a direção do veículo. Deixar de indicar
as manobras com antecedência é infração grave.

Pisca-alerta – só deverá ser utilizado quando o veículo


estiver imobilizado ou em situação de emergência. Utilizá-lo
em outra situação constitui infração média (art. 251-l).

Freio de estacionamento – trava as rodas traseiras; é


acionado geralmente por uma alavanca manual. Sua
finalidade principal é manter o veículo parado, quer com o
motor ligado ou não.
Lâmpada piloto de funcionamento defeituoso do sistema de
freio – sinaliza a falta de fluido de freio.

Vale lembrar que o farol baixo faz parte dos equipamentos obrigatórios
nos veículos e, nesse caso, o acionamento de faroletes, faróis de
milha ou auxiliares não poderão substituir esse dispositivo.

De acordo com normas do Conselho Nacional de Trânsito – Contran,


veículos que forem fabricados a partir de 2021 deverão contar com as luzes de
rodagem

204
diurna ou DRL (Daytime Running Lamp), que já constam de alguns modelos.
Diferentemente dos faróis de acionamento mecânico, as DRL são ligadas
automaticamente com o carro.

Nesta unidade de estudo, você reviu a importância de seguir os


procedimentos adequados para a condução de veículos com
passageiros e com carga, a conferência dos equipamentos de
segurança e a revisão mecânica. Agora é com você! Siga todas as orientações
apresentadas e dirija com segurança. Até a próxima unidade!

Referências

BRASIL. Lei n. 9.503, de 23 de setembro de 1997. Institui o Código de Trânsito


Brasileiro. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 24 set.
1997. Disponível em:<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9503.htm>.
Acesso em: 2 out. 2021.

_____. Lei n. 14.071, de 13 de outubro de 2020. Altera a Lei n. 9.503, de 23 de


setembro de 1997 (Código de Trânsito Brasileiro), para modificar a composição
do Conselho Nacional de Trânsito e ampliar o prazo de validade das
habilitações; e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 14
out. 2020. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-
2022/2020/Lei/L14071.htm>. Acesso em: 2 out. 2021.

BRASIL. CONTRAN – Conselho Nacional do Trânsito. Resolução Contran n.


819, de 17 de março de 2021. Dispõe sobre o transporte de crianças com idade
inferior a dez anos que não tenham atingido 1,45 m (um metro e quarenta e
cinco centímetros) de altura no dispositivo de retenção adequado. Diário Oficial
da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 24 mar. 2021. Disponível em:
<https://www.gov.br/infraestrutura/pt-br/assuntos/transito/conteudo-
contran/resolucoes/Resolucao8192021.pdf>. Acesso em: 2 out. 2021.

BRASIL. Ministério das Cidades. Departamento Nacional de Trânsito. Direção


defensiva: trânsito seguro é um direito de todos. Brasília: Ministério das
Cidades, 2005. Disponível em: <http://vias-
seguras.com/documentos/arquivos/denatran_manual_de_direcao_defensiva_m
aio_2005>. Acesso em: 2 out. 2021.

205
Núcleo Temático 2 – Direção defensiva: abordagens do Código de
Trânsito Brasileiro – CTB
Unidade de Estudo 4 – Como evitar acidentes e quais cuidados devem ser
tomados na direção

Objetivo: compreender elementos que podem evitar acidentes de trânsito e os


cuidados que devem ser tomados durante a direção.

Tópicos desta Unidade

• Medidas integradas para a prevenção de acidentes no trânsito;

• Cuidados na direção;

• Acidentes de trânsito.

Olá! Você sabe que atualmente as pessoas estão quase sempre


com pressa, seja para chegar ao trabalho, em casa ou a outros
lugares. Nesses momentos, em que as pessoas querem chegar ao
seu destino ou desviar de um congestionamento, é que geralmente ocorre a
maioria dos acidentes de trânsito. Nesta Unidade de Estudo, vamos refletir
sobre quais cuidados devem ser tomados quando você está na direção de um
veículo e como evitar acidentes. Bons estudos!

Medidas integradas para a prevenção de acidentes no trânsito

O trânsito requer a união de esforços de diferentes áreas do conhecimento


humano para dar conta de toda a sua complexidade. Por isso, para o seu
planejamento e prevenção de acidentes, são previstas medidas integradas que
envolvem a educação, a engenharia de tráfego, o policiamento, entre outras
frentes de atuação.

206
Educação para o trânsito

A educação para o trânsito é amparada pelo capítulo VI da Lei n. 9.503/97,


quando foi sancionado o atual Código de Trânsito Brasileiro (Brasil, 1997).

A educação para o trânsito tem como principal função orientar todos os


usuários das vias sobre seus direitos e deveres no trânsito. Crianças,
jovens e adultos devem estar conscientes da responsabilidade de promover um
trânsito mais seguro, que é dever de todos. No caso das crianças, estas
precisam saber dos riscos, dos perigos, das causas e das consequências dos
acidentes de trânsito (por exemplo: quando uma criança estiver aprendendo a
atravessar uma rua, deve ser orientada de que é necessário olhar para os dois
lados de uma via e conferir se existe algum veículo se aproximando).

A Lei n. 14.071/2020 prevê, inclusive, que os estados e o Distrito Federal


deverão levar a educação de trânsito às escolas públicas de trânsito,
destinadas à educação de crianças e adolescentes, por meio de aulas teóricas
e práticas sobre legislação, sinalização e comportamento no trânsito. Essas
escolas, entre outras ações, capacitam monitores que realizam formações
educativas.

Muitas campanhas ganharam destaque com temas como "O respeito à faixa
de pedestres", "O uso do cinto de segurança" e "A não ingestão de
bebidas alcoólicas antes de dirigir". Mas a educação para um trânsito mais
seguro e pacífico deve acontecer também dentro de casa, com diálogo
constante e bons exemplos.

207
Figura 1 – Educação é uma forma de promover a paz no trânsito.
Fonte: Shutterstock/No-Mad.

Atenção, condutor: não basta conhecer as leis; é necessário respeitá-las!

Engenharia de tráfego

O objetivo da engenharia de tráfego vai além da sinalização, pavimentação e


calçadas. Engenheiros, administradores e outros técnicos especialistas nessa
área planejam e desenvolvem projetos para melhorar os dispositivos de
segurança do trânsito e das vias, a fim de facilitar o deslocamento.

208
Figura 2 – O engenheiro de tráfego ajuda no planejamento das vias.
Fonte: Freepik.

Planejar o trânsito é pensar em infraestrutura que garanta a mobilidade de


todos os seus usuários de maneira inteligente, sustentável e inclusiva,
garantindo sua fluidez em condições seguras e adequadas.

Policiamento

Os agentes de trânsito e os policiais têm a função de orientar os usuários das


vias, organizar e fiscalizar o trânsito para que haja o cumprimento das leis e a
diminuição de acidentes e de abusos no trânsito.

Esses profissionais devem policiar, fiscalizar, notificar e autuar os infratores.

209
Figura 3 – O Agente de Trânsito é responsável pela segurança das vias.
Fonte: Shutterstock/StockPhotosLV.

Cuidados na direção

Quando estiver dirigindo na cidade ou perímetro urbano, o condutor deve ter os


seguintes cuidados:

Observar e respeitar a sinalização e o espaço.

Respeitar a velocidade do local. Vias urbanas exigem


velocidades reduzidas, portanto, deve-se estar atento.

Verificar a presença de ciclistas, pedestres e animais.

Utilizar as luzes do veículo de forma adequada, não deixando de


sinalizar suas manobras.

210
Utilizar sempre o cinto de segurança.

Acionar a buzina em breves toques somente para alertar


motoristas e pedestres.

Não estacionar ou parar em locais proibidos para não


prejudicar a circulação.

Figura 4 – O uso do cinto de segurança pode salvar vidas.


Fonte: Freepik.

Nas estradas, muitos acidentes ocorrem devido a imprudências e incertezas;


para evitá-los, o condutor deve tomar os seguintes cuidados:

• Não realizar ultrapassagens em curvas nem em faixa contínua;


• Quando o veículo estiver em uma descida, atrás de um caminhão, o
motorista deve ponderar a ultrapassagem. Nesse momento, o caminhão
pode estar embalado, o que aumenta a dificuldade de ultrapassagem;
• O motociclista deve tomar cuidado para não ser puxado pelo ar que se
forma nas proximidades dos caminhões. Isso pode ocasionar acidentes
fatais;

211
• Nunca dirigir cansado. Em uma viagem longa, é interessante o
condutor efetuar algumas paradas para descansar. Quando houver um
acompanhante que também seja motorista e que esteja com a
documentação em dia, verificar a possibilidade de revezar a direção;
• Não conduzir o veículo em alta velocidade, pois um animal ou
pedestre pode cruzar a pista sem que haja tempo para frear,
ocasionando um acidente;
• Sempre olhar os retrovisores antes de realizar uma ultrapassagem;
• Manter uma distância de segurança dos carros. Isso é importante
para evitar colisões;
• Antes de sair do acostamento, acionar a luz indicadora de direção,
verificar o tráfego, acelerar no acostamento até uma velocidade
compatível com a via, e entrar na faixa de tráfego.

Vamos conhecer os cuidados que os condutores devem ter com os


motociclistas?
Acompanhe na sequência!

O motorista deve ficar alerta em relação aos condutores de motocicleta,


motoneta e ciclomotores, a fim de aumentar a distância de seguimento sempre
que possível.

Na ultrapassagem, deve ser observada a mesma distância que o motorista


manteria se estivesse ultrapassando um carro.

Em situações de chuva, o motorista não deve ultrapassar veículos de duas


rodas próximos a poças de água. Com o peso dos pneus do carro, a água
empoçada pode esguichar na direção daquele condutor e causar acidentes.

Distância de segurança

A distância de segurança (ou distância de seguimento) é o espaço que um


veículo deve ter em relação ao outro. Esse cálculo varia conforme as

212
adversidades que se colocam no itinerário, como trânsito, via, tempo, peso do
veículo e condições do condutor.

Confira o que o CTB determina como norma referente à distância de


segurança:
“Capítulo III - DAS NORMAS GERAIS DE CIRCULAÇÃO
E CONDUTA
Art. 29. O trânsito de veículos nas vias terrestres abertas
à circulação obedecerá às seguintes normas:
I - a circulação far-se-á pelo lado direito da via, admitindo-
se as exceções devidamente sinalizadas;
II - o condutor deverá guardar distância de segurança
lateral e frontal entre o seu e os demais veículos, bem
como em relação ao bordo da pista, considerando-se, no
momento, a velocidade e as condições do local, da
circulação, do veículo e as condições climáticas;”
Brasil, 1997.

É importante saber que a distância de segurança tem que ser suficiente para
frenagem em caso de parada de emergência.

Não há uma determinação exata para a distância a ser guardada, a não ser
quando o condutor estiver passando ou ultrapassando um ciclista, pois, nesse
caso, o art. 201 estabelece a distância de 1 m e 50 cm (Brasil, 1997).

Mesmo não havendo uma determinação legal sobre a distância exata a ser
mantida do veículo frontal, existe uma recomendação da direção defensiva,
conhecida como regra dos dois segundos. Para confirmar que está mantendo
uma distância segura do veículo à sua frente, o condutor deve mentalizar um
ponto fixo pelo qual este veículo passou e contar pelo menos dois segundos.
Caso ele passe pelo ponto em tempo inferior aos dois segundos, deverá
reduzir sua velocidade para que fique a uma distância adequada e segura.

213
Esse procedimento ajuda o condutor a manter-se longe o suficiente dos outros
veículos em trânsito, possibilitando fazer manobras de emergência ou paradas
bruscas necessárias sem o perigo de uma colisão. Essa recomendação é
apenas de um referencial e não é válida para fins de sanção administrativa da
infração do art. 192 (infração grave), que tem multa como penalidade (Brasil,
1997).

Atenção: essa contagem só é válida para veículos pequenos (até 6 m), na


velocidade de 80 e 90 km, em condições normais do veículo, com o tempo
seco, sem que a via esteja molhada e não seja uma descida.

Outro modo conhecido de marcar o distanciamento de segurança é, estando a


20km/h, considerar o espaço de 1 veículo à frente; para 40km/h afastar-se
tomando como base o tamanho de 2 veículos e assim sucessivamente.

Relembre os tipos de distâncias

Distância de reação

É a distância de segurança percorrida por um veículo desde o momento em


que seu condutor percebe algum tipo de perigo até o momento em que aciona
o freio.

Distância de frenagem

É a distância a ser percorrida desde o ato de pressionar o pedal do freio até a


parada total do veículo. Varia de acordo com a velocidade e a carga do veículo;
quanto maiores forem a carga e a velocidade maior será a distância de
frenagem.

214
Distância de parada

Corresponde à distância percorrida desde o momento em que o condutor vê o


perigo até ele parar o veículo. Varia de acordo com a velocidade. Corresponde
à soma da distância de reação mais a distância de frenagem.
Distância de segmento
É a distância mínima que o condutor deve manter entre o seu veículo e o que
vai à sua frente. Deve corresponder à distância percorrida em dois segundos.

Acidentes de trânsito

Você já aprendeu a definição de acidente/sinistro de trânsito. Agora, você vai


aprender quando um acidente pode ser evitado. Vamos lá?

Como vimos, acidente de trânsito é todo evento danoso que envolve o


veículo, a via, o ser humano e/ou os animais. Os sinistros de trânsito são
classificados em evitáveis e não evitáveis.

Os acidentes evitáveis são aqueles que poderiam ter sido evitados por
uma manobra ou por uma decisão correta do condutor. Grande parte dos
acidentes pode ser evitada, pois é causada por falha humana, ou seja, o
condutor deixa de fazer algo que poderia evitá-los. Portanto, para que não
ocorram esses acidentes, o motorista deve manter-se atento, respeitar a
sinalização do local, verificar a segurança e as condições dos seus passageiros
e, principalmente, sua própria condição e manter o veículo revisado!

215
Figura 5 – Preste atenção em suas condições. Se estiver com sono, não dirija.

Fonte: Shutterstock/Maxim Artemchuk.

Os acidentes não evitáveis (ou inevitáveis) são aqueles causados


por situações que independem do condutor, por exemplo, problemas súbitos
na pista ou relacionados às condições climáticas, entre outros. Nesse caso, por
mais prudente que seja a ação do condutor, o acidente não será evitado.

Respeitar os limites de velocidade, a sinalização, utilizar os equipamentos


obrigatórios de segurança e seguir a legislação são atitudes essenciais para a
segurança no trânsito e para evitar acidentes.

Quanto mais conhecimentos você puder internalizar sobre as normas de


trânsito e, como condutor, agir de modo coerente a elas, mais terá condições
de evitar acidentes e representar um bom exemplo para outros motoristas.

Como evitar acidentes de trânsito?

216
Atualmente, dirigir pode ser estressante para algumas pessoas devido ao
grande número de veículos que transitam pelas ruas, o que pode comprometer
a segurança e o bem-estar de todos.

Para ter uma melhor qualidade de condução no trânsito, além de se manter


calmo, o condutor deve usar o método básico de prevenção de acidentes,
que consiste em três ações ligadas entre si:

Prever o perigo
Programar seu itinerário antes de sair. Lembrar-se dos obstáculos do
percurso e do comportamento irregular de outros motoristas e pedestres.
Encontrar a solução
Praticar a direção defensiva, antecipar os problemas e buscar soluções
práticas e inteligentes. Ser cortês, evitar conflitos, ter paciência e ser
prudente.
Agir a tempo
Não esperar que somente o outro tome a atitude de evitar o erro ou o
acidente. Perceber o risco, e agir a tempo de evitá-lo.

O que se deve fazer diante de sinistros de trânsito?

Sempre que se envolver em um sinistro de trânsito em que houver vítima, ou


presenciar um fato com terceiros, o condutor deve:

• Sinalizar o local do acidente (ligar o pisca-alerta e colocar o triângulo a


uma distância segura de, no mínimo, 30 metros); no caso de o acidente
ser em uma curva ou após a mesma o triângulo, deve ser colocado
antes da curva;
• Ligar para o número1 de atendimento para acionar socorro médico;
• Preservar o local, não movimentar os veículos;
• Não movimentar as pessoas feridas;

1
SAMU: 193
Bombeiros/SIATE: 192
Defesa Civil: 199
PRF: 191
Polícia Militar: 190

217
• Aguardar a chegada do socorro médico e da Polícia de Trânsito.

Quando no acidente não houver vítimas:

• Retirar os veículos da via para que o trânsito não seja interrompido;


• Anotar informações e dados dos condutores e veículos que estiverem
envolvidos, local e horário do acidente, bem como fazer fotos e/ou
vídeos do local e dos veículos e identificar câmeras de empresas ou do
órgão responsável pela via;
• Realizar o boletim de ocorrência (B.O.) quando necessário, ou seja,
para apresentação à seguradora.

• Em acidentes sem vítimas não é necessário chamar a autoridade de


trânsito.

Em casos de acidentes com queda de cabo de alta tensão sobre o veículo, é


necessário tomar alguns cuidados antes de sair de seu interior, ou se
aproximar dele, caso esteja prestando socorro. A Puget Sound
Energy 2 produziu um vídeo 3 esclarecedor sobre como proceder nesses casos.

Seguindo essas recomendações, você estará colaborando para um


trânsito mais seguro para todos. Seja cuidadoso e esteja sempre
atento, pois uma atitude simples como dirigir dentro do limite de
velocidade pode salvar uma vida. Dirija com respeito e atenção! Até a próxima!

Referências

BRASIL. Lei n. 9.503, de 23 de setembro de 1997. Institui o Código de Trânsito


Brasileiro. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 24 set.
1997. Disponível em:<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9503.htm>.
Acesso em: 2 out. 2021.

2
É uma empresa de energia do estado de Washington que fornece energia elétrica e gás natural
principalmente na região de Puget Sound, no noroeste dos Estados Unidos.
3
https://player.vimeo.com/video/495291915?h=68bc6f39af

218
_____. Lei n. 14.071, de 13 de outubro de 2020. Altera a Lei n. 9.503, de 23 de
setembro de 1997 (Código de Trânsito Brasileiro), para modificar a composição
do Conselho Nacional de Trânsito e ampliar o prazo de validade das
habilitações; e dá outras providências. Diário Oficial da União, Poder
Legislativo, Brasília, DF, 14 out. 2020. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2020/Lei/L14071.htm>.
Acesso em: 2 out. 2021.

COMO dirigir: cuidados. Direção Defensiva, S.d. Disponível em:


<https://direcao-defensiva.info/como-dirigir-cuidados.html>. Acesso em: 2 out.
2021.

DIREÇÃO defensiva: como evitar acidentes agindo proativamente. Tudo sobre


Segurança, S.d. Disponível em: <https://direcao-defensiva.info/como-dirigir-
cuidados.html>. Acesso em: 2 out. 2021.

PSE – Puget Sound Energy. Disponível em: <www.pse.com>. Acesso em: 2


out. 2021.

WAISELFISZ, J. J. Mapa da violência 2012: os novos padrões da violência


homicida no Brasil. São Paulo: Instituto Sangari, 2012.

219
Núcleo Temático 2 – Direção defensiva: abordagens do Código de
Trânsito Brasileiro – CTB
Unidade de Estudo 5 – Estado físico e mental do condutor

Objetivo: entender aspectos do estado físico e mental do condutor e as


consequências do uso de bebidas alcoólicas e substâncias psicoativas.

Tópicos desta Unidade

• Estado físico e mental do condutor;


• Condições que influenciam o modo de dirigir;
• Consumo de bebidas alcoólicas e drogas psicoativas.

Olá! Você deve saber que muitos sinistros (acidentes) de trânsito


são causados por motoristas que não estão em condições de dirigir
naquele momento. Isso se deve ao fato de esses motoristas não
estarem em seu melhor estado físico ou mental devido a diversos fatores,
como estresse, fadiga, consumo de bebidas alcóolicas e/ou substâncias
psicoativas lícitas ou ilícitas. Nesta Unidade de Estudo, vamos apresentar a
você como esses fatores podem influir alterando temporariamente o humor, a
percepção, a atenção, o comportamento e a consciência, ou seja, o estado
físico e mental do motorista. Preparado? Então, vamos lá!

Estado físico e mental do condutor

Talvez seja essa a condição adversa mais perigosa, mas também a mais fácil
de ser evitada, pois se trata do estado em que o condutor se encontra
física e mentalmente no momento em que faz uso do veículo no trânsito.

São várias as situações envolvendo o estado físico e mental do condutor


(doenças, deficiências físicas, problemas emocionais, entre outros), as quais
podem ser momentâneas, passageiras ou definitivas.

220
Uma pessoa em desequilíbrio emocional, que pode ser causado por inúmeros
fatores, pode sofrer irritações, mau humor, tornar-se retraída ou ansiosa e ter
atitudes impulsivas que podem ser prejudiciais. Aprender a lidar com as
situações e desconfortos, refletir sobre as próprias atitudes pode proporcionar
maior controle, segurança e bem-estar. Sabemos que, diante de tantas
pressões no trânsito, no trabalho, na vida social, é difícil manter um bom
controle das emoções, mas é preciso exercitar, pois os efeitos das atitudes
impulsivas são extremamente danosos quando estamos dirigindo.

Condutor, lembre-se de que você é o responsável por sua própria segurança e


pela dos demais indivíduos que estiverem no veículo, e que dirigir sem boas
condições físicas ou emocionais pode colocar a sua vida e a de outras pessoas
em risco.

Como condutor habilitado, cabe a você avaliar suas reais condições ao se


propor a dirigir um veículo, e ter o bom senso para evitar envolver-se em
situações de risco.

Condições que influenciam o modo de dirigir

Existem inúmeras condições adversas das quais o condutor deve ter


consciência antes de assumir a direção de um veículo. Acompanhe a seguir.

Essas condições advêm de fatores que influenciam a forma como o condutor


age no trânsito. Conheça os fatores físicos.
1 Fadiga: é a sensação de cansaço permanente, mesmo quando se está
descansando. A fadiga diminui a atenção, a concentração e a
possibilidade de reação imediata às adversidades, por isso é tão
prejudicial. É preciso reequilibrar a rotina dormindo mais, alimentando-
se melhor, praticando esportes, e incluir momentos de lazer e
relaxamento nas atividades do dia a dia.
2 Atenção: a dificuldade em se manter atento às condições do tráfego
aumenta a possibilidade de envolvimento em acidentes e coloca a vida
do condutor e a de terceiros em risco. A dificuldade em manter a
concentração nas atividades do dia a dia pode trazer várias
consequências, como erro de cálculo, atrasos e esquecimentos. É
importante fazer uma coisa de cada vez, assim é possível direcionar a

221
atenção para que a atividade seja realizada com sucesso.
3 Audição: no trânsito, as pessoas devem estar atentas, e a audição é
um fator importante na percepção de situações de risco. Entretanto, nos
casos de condutores surdos, os veículos devem ser identificados com
adesivos nos vidros dianteiros e traseiros.
4 Visão: os condutores com indicação para uso de óculos ou lentes,
conforme definido em exame para obtenção de sua CNH, devem
sempre usá-los para dirigir. Em dias ensolarados, recomenda-se que os
motoristas, de modo geral, se utilizem de óculos escuros ou usem a
pala de proteção do veículo.

“Dirigir o veículo sem usar lentes corretoras de visão,


aparelho auxiliar de audição, próteses físicas ou
adaptações do veículo, impostas por ocasião da
renovação ou da concessão da licença para conduzir, é
infração gravíssima (art. 162, VI, CTB,)”
Brasil,1997

Outros fatores de ordem emocional que podem causar acidentes


Inexperiência
É um dos fatores que colaboram para a ocorrência de acidentes, além
de contribuir para que o condutor tome decisões precipitadas e
tenha comportamento equivocado.
Familiaridade com a via
Ao trafegar por uma via muito familiar, o excesso de confiança reduz a
atenção do condutor, levando-o, muitas vezes, a cometer erros. Quando a
via é desconhecida, é provável que ele não tenha condições de prever e
planejar suas ações. Nesse caso, o condutor também deve ficar bastante
atento.
Excitação ou depressão
A capacidade de decisão e a atenção ficam prejudicadas, o que provoca
comportamentos inadequados e colabora para que ocorram acidentes.
Dirigir com pressa ou sob pressão
As situações de risco tendem a aumentar, pois os fatores expostos levam
o condutor a ações impensadas.
Incapacidade de reação e ações inconsequentes
A falta de reação no momento necessário ou um ato irresponsável colocam
em risco a vida do condutor e a dos usuários da via.
Fatores temporários
Fome, raiva, dor, calor, frustração e insegurança também são fatores que
prejudicam a direção.

222
O condutor não deve comprometer suas condições físicas e emocionais antes
de dirigir. Não pode beber ou consumir drogas ou medicamentos que afetem
sua capacidade neurológica nem permitir que alguém dirija nessas condições.

O Código de Trânsito Brasileiro – CTB (Brasil, 1997) afirma que o condutor


deve estar em plenas condições físicas, mentais e psicológicas para dirigir.
Veja o que o dispõe o art. 166 do CTB:

“Art. 166 – Confiar ou entregar a direção do veículo a


pessoa que, mesmo habilitada, por seu estado físico ou
psíquico, não estiver em condições de dirigi-lo com
segurança a punição será:
Infração − gravíssima;”
Brasil, 1997

Fique atento! Conforme o artigo citado acima, o proprietário do veículo estará


sujeito a penalidades caso confie ou entregue a direção do veículo a pessoa
que não esteja em condições para dirigir.

O candidato à habilitação é amplamente avaliado em suas aptidões físicas e


mentais, conforme art. 147 do CTB, atualizado pela Lei n. 14.071/2020, que
determina que o órgão executivo de trânsito submeta o condutor a exames,
como:

“O exame de aptidão física e mental, a ser realizado no


local de residência ou domicílio do examinado, será
preliminar e renovável com a seguinte periodicidade:

I - a cada 10 (dez) anos, para condutores com idade


inferior a 50 (cinquenta) anos;

II - a cada 5 (cinco) anos, para condutores com idade


igual ou superior a 50 (cinquenta) anos e inferior a 70
(setenta) anos;

III - a cada 3 (três) anos, para condutores com idade igual


ou superior a 70 (setenta) anos.”

Brasil, 2020

223
O condutor deve avaliar suas condições sempre que for dirigir e entregar
a direção para alguém mais capacitado, caso entenda que não será possível
conduzir com qualidade. Além disso, deve também dividir a direção em viagens
longas, programar paradas para descanso, dormir um pouco e cuidar com a
alimentação e a hidratação.

Consumo de bebidas alcoólicas e drogas psicoativas

Álcool

O consumo de bebidas alcoólicas é antigo e tem história entre muitas


culturas e povos.
Comum em muitas civilizações, a bebida alcoólica tornou-se um grande
problema para a sociedade atual, pois alterou o comportamento do povo
contemporâneo. É comprovado que o álcool afeta o sistema nervoso e
impede a pessoa de reagir adequadamente diante do perigo, alterando a
concentração, a tomada de decisão e a coordenação motora.
Importante: o condutor comete infração gravíssima ao dirigir sob a
influência de álcool ou qualquer outra substância psicoativa.
O consumo abusivo de álcool é considerado um fator decisivo para o
aumento dos índices de morbimortalidade 1 em nosso país.

De acordo com o art. 165 da Lei n. 11.705, de 19 de junho de 2008 (a


Lei Seca):
“Dirigir sob a influência de álcool ou de qualquer outra
substância psicoativa que determine dependência:
(Redação dada pela Lei n. 11.705, de 2008)
Infração – gravíssima; (Redação dada pela Lei n. 11.705,
de 2008)

1
Refere-se a incidência das doenças e/ou óbitos numa população.

224
Penalidade – multa (dez vezes) e suspensão do direito de
dirigir por 12 (doze) meses. (Redação dada pela Lei n.
12.760, de 2012)

Medida administrativa – recolhimento do documento de


habilitação e retenção do veículo, observado o disposto
no § 4º do art. 270 da Lei no 9.503, de 23 de setembro de
1997 - do Código de Trânsito Brasileiro. (Redação dada
pela Lei n. 12.760, de 2012)

Parágrafo único. Aplica-se em dobro a multa prevista no


caput em caso de reincidência no período de até 12
(doze) meses. (Redação dada pela Lei n. 12.760, de
2012)”
Brasil, 2008

Para os condutores com habilitação nas categorias C, D ou E, a Lei n.


14.071/20 apresenta a obrigatoriedade de realizar o exame toxicológico para
a obtenção e a renovação da Carteira Nacional de Habilitação, além do
exame intermediário a cada 2 (dois) anos e 6 (seis) meses. Caso o exame
não seja realizado em até 30 dias do prazo legal, incorrerá em infração
gravíssima com a suspensão do direito de dirigir por 3 (três) meses,
condicionando o levantamento da suspensão do resultado negativo em novo
exame.

Efeitos do álcool sobre o condutor

O álcool na corrente sanguínea provoca o afrouxamento da percepção e o


retardamento dos reflexos. Dosagem excessiva conduz à perigosa diminuição
da percepção e à total lentidão dos reflexos, diminuindo a consciência do
perigo. Todo condutor em estado de embriaguez, mesmo leve, compromete
gravemente sua segurança, a dos demais usuários da via e a dos passageiros,
que estão apostando suas próprias vidas, 100% nas condições deste motorista.

225
O processo de absorção do álcool é relativamente rápido: 90% em 1 hora. Isso
não acontece com a eliminação, que demora de 6 a 8 horas, pelo fígado
(90%), pela respiração (8%) e pela transpiração (2%).

A concentração de álcool no sangue depende, entre outros fatores, da


quantidade ingerida, do peso da pessoa e da alimentação. A intoxicação por
outras drogas leva, em média, de 2 a 4 horas para ser eliminada pelo
organismo.

Importante: com qualquer concentração de álcool por litro de sangue, o


condutor terá cometido uma infração, considerada gravíssima.

Fiscalização

A Resolução Contran n. 432, de 23 de janeiro de 2013, dispõe sobre os


procedimentos que devem ser adotados pelas autoridades de trânsito e seus
agentes na fiscalização do consumo de álcool ou de qualquer outra
substância psicoativa que determine dependência, e tem como objetivo:

“Art. 1º Definir os procedimentos a serem adotados pelas


autoridades de trânsito e seus agentes na fiscalização do
consumo de álcool ou de outra substância psicoativa que
determine dependência, para aplicação do disposto nos
arts. 165, 276, 277 e 306 da Lei n. 9.503, de 23 de
setembro de 1997 – Código de Trânsito Brasileiro (CTB).
Art. 2º A fiscalização do consumo, pelos condutores de
veículos automotores, de bebidas alcoólicas e de outras
substâncias psicoativas que determinem dependência
deve ser procedimento operacional rotineiro dos órgãos
de trânsito.
Art. 3º A confirmação da alteração da capacidade
psicomotora em razão da influência de álcool ou de outra
substância psicoativa que determine dependência dar-se-
á por meio de, pelo menos, um dos seguintes

226
procedimentos a serem realizados no condutor de veículo
automotor:
I – exame de sangue;
II – exames realizados por laboratórios especializados,
indicados pelo órgão ou entidade de trânsito competente
ou pela Polícia Judiciária, em caso de consumo de outras
substâncias psicoativas que determinem dependência;
III – teste em aparelho destinado à medição do teor
alcoólico no ar alveolar (etilômetro);
IV – verificação dos sinais que indiquem a alteração da
capacidade psicomotora do condutor.
§ 1º Além do disposto nos incisos deste artigo, também
poderão ser utilizados prova testemunhal, imagem, vídeo
ou qualquer outro meio de prova em direito admitido.
§ 2º Nos procedimentos de fiscalização deve-se priorizar
a utilização do teste com etilômetro.
§ 3° Se o condutor apresentar sinais de alteração da
capacidade psicomotora na forma do art. 5º ou haja
comprovação dessa situação por meio do teste de
etilômetro e houver encaminhamento do condutor para a
realização do exame de sangue ou exame clínico, não
será necessário aguardar o resultado desses exames
para fins de autuação administrativa.”
Brasil, 2013
O agente da autoridade de trânsito poderá constatar os sinais de alteração da
capacidade psicomotora e descrever no auto de infração, ou em termo
específico que contenha as informações mínimas, que deverá acompanhar o
auto de infração.

Vamos conhecer os sinais de alteração observados pelo agente


fiscalizador? Acompanhe!

Quanto à aparência, o fiscalizador irá observar se o condutor apresenta:

227
• sonolência;
• olhos vermelhos;
• vômito;
• soluços;
• desordem nas vestes;
• odor de álcool no hálito.

Quanto à atitude, se o condutor apresenta:

• agressividade;
• arrogância;
• exaltação;
• ironia;
• falante;
• dispersão.

Quanto à orientação, se o condutor:

• sabe onde está;


• sabe a data e a hora.

Quanto à memória, se o condutor:

• sabe seu endereço;


• lembra-se dos atos cometidos.

Quanto à capacidade motora e verbal, se o condutor apresenta:

• dificuldade no equilíbrio;
• fala alterada.

Além desses dados que deverão ser preenchidos no auto de infração, o agente
fiscalizador deve preencher o item “Afirmação expressa”, de acordo com as
características verificadas.

Exemplo:
De acordo com as características acima descritas, constatei que o condutor
acima qualificado está:

• ( ) Sob influência de álcool.

228
• ( ) Sob influência de substância psicoativa.

O condutor:

• ( ) Recusou-se.
• ( ) Não se recusou a realizar os testes, exames ou perícia que
permitiriam certificar o seu estado quanto à alteração da capacidade
psicomotora.

Lembre-se sempre: no caso de ingestão de bebida alcoólica, o condutor deve


passar a direção do veículo para outro motorista devidamente habilitado e que
esteja sóbrio.

Você Sabia?
Atenção! Doses pequenas também interferem nas habilidades do
condutor. Por isso, não seja passageiro de alguém que tenha
consumido bebida alcoólica. Quando sair para se divertir com seus amigos ou
parentes, é importante escolher o “motorista da rodada”, que assumirá a
direção do veículo no retorno. O escolhido deve estar sóbrio, sem ter
consumido álcool. Outra possibilidade é solicitar um táxi.

Figura 1 – Motorista da rodada bebe água.


Fonte: Shutterstock/Syda Productions.

229
Uso de substâncias psicoativas

As drogas psicoativas são substâncias naturais ou sintéticas que agem


diretamente no cérebro, alterando comportamento, cognição e humor da
pessoa. Como exemplo, podemos citar as drogas permitidas, como remédios
controlados, o fumo e o álcool, e qualquer droga ilícita. Tenha em mente que
essas substâncias podem causar dependência, o que é altamente prejudicial.

Mesmo o consumo de medicamentos por indicação médica pode alterar o


estado geral (físico e mental) da pessoa e atrapalhar o desempenho na
condução do veículo.

Você Sabia?
Quando o condutor faz a ingestão de substâncias para se manter
acordado, por exemplo, ele está somente impedindo que o sono
chegue dentro de algumas horas. Entretanto, assim que o efeito da substância
passar, o cérebro manifestará a necessidade de descanso, o que pode fazer
com que o condutor durma ao volante e ocasione um acidente, muitas vezes
fatal.

Lembre-se: dormir é a única solução para o sono!

Com o estudo desta Unidade, você compreendeu que estar física e


mentalmente bem é importante para evitar acidentes. Dirigir sem
estar em condições pode colocar a sua vida e a de outras pessoas
em risco. Por isso, se estiver cansado e precisar dirigir, descanse antes. E
lembre-se de que bebida, drogas e direção não combinam! Até a próxima!

Referências

BRASIL. Lei n. 9.503, de 23 de setembro de 1997. Institui o Código de Trânsito


Brasileiro. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 24 set.

230
1997. Disponível em:<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9503.htm>.
Acesso em: 3 out. 2021.

_____. Lei n. 11.705, de 19 de junho de 2008. Altera a Lei no 9.503, de 23 de


setembro de 1997, que ‘institui o Código de Trânsito Brasileiro’, e a Lei n.
9.294, de 15 de julho de 1996, que dispõe sobre as restrições ao uso e à
propaganda de produtos fumígeros, bebidas alcoólicas, medicamentos,
terapias e defensivos agrícolas, nos termos do § 4º do art. 220 da Constituição
Federal, para inibir o consumo de bebida alcoólica por condutor de veículo
automotor, e dá outras providências. Diário Oficial da União, Poder
Legislativo, Brasília, DF, 20 jun. 2008. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2008/lei/l11705.htm>.
Acesso em: 3 out. 2021.

_____. Lei n. 14.071, de 13 de outubro de 2020. Altera a Lei n. 9.503, de 23 de


setembro de 1997 (Código de Trânsito Brasileiro), para modificar a composição
do Conselho Nacional de Trânsito e ampliar o prazo de validade das
habilitações; e dá outras providências. Diário Oficial da União, Poder
Legislativo, Brasília, DF, 14 out. 2020. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2020/Lei/L14071.htm>.
Acesso em: 3 out. 2021.

BRASIL. Conselho Nacional de Trânsito. Resolução n. 432, 23 de janeiro de


2013. Dispõe sobre os procedimentos a serem adotados pelas autoridades de
trânsito e seus agentes na fiscalização do consumo de álcool ou de outra
substância psicoativa que determine dependência, para aplicação do disposto
nos arts. 165, 276, 277 e 306 da Lei n. 9.503, de 23 de setembro de 1997 –
Código de Trânsito Brasileiro (CTB). Disponível em:
https://www.gov.br/infraestrutura/pt-br/assuntos/transito/conteudo-
contran/resolucoes/resolu-o-uo-432-2013c.pdf. Acesso em: 2 out. 2021.

DETRAN/PR − DEPARTAMENTO DE TRÂNSITO DO PARANÁ. Educação


para o trânsito. Curitiba: Detran PR, 2006. Disponível em:
<http://www.educacaotransito.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conte
udo=25>. Acesso em: 2 out. 2021.

231
_____. Educação para o trânsito – Motorista – Orientações. Detran, S.d.a.
Disponível em: <http://www.educacaotransito.pr.gov.br/pagina-289.html>.
Acesso em: 7 fev. 2021.

_____. Educação para o trânsito – Motociclista seguro. Detran, S.d.b.


Disponível em: <http://www.educacaotransito.pr.gov.br/pagina-52.html>.
Acesso em: 7 out. 2016.

EFEITOS do álcool. Centro de Informações sobre Saúde e Álcool, 14 set.


2012. Disponível em: <https://cisa.org.br/index.php/sua-
saude/informativos/artigo/item/51-efeitos-do-
alcool.%20Acessado%20em%2017%20set%202021>. Acesso em: 3 out. 2021.

232
Núcleo Temático 3 – Noções de Primeiros Socorros
Unidade de Estudos 1 – Sinalização do local do acidente e
acionamento de recursos

Objetivo: entender as noções básicas de primeiros socorros no trânsito, como


se faz a sinalização do local do acidente e o acionamento de recursos.

Tópicos desta Unidade

• Primeiros socorros no trânsito;


• Acidentes de trânsito e omissão de socorro;
• Consequências dos acidentes;
• Sinalização do local do acidente;
• Acionamento de recursos: bombeiros, polícia de trânsito, ambulância,
concessionária da via e outros;
• Tipos de acidentes;
• Tipos de socorristas.

Olá! Vamos dar início a mais um núcleo temático do Curso de


Reciclagem para Condutores Infratores. Você sabe quais são as
responsabilidades de quem provoca ou se envolve
involuntariamente em um acidente (sinistro) de trânsito? E quais podem ser as
consequências desse acidente? Nesta unidade de estudo, vamos aprender
sobre acidentes (sinistros) de trânsito e quais procedimentos devem ser
realizados no local. Preparado? Então, vamos lá!

Primeiros socorros no trânsito

São denominados primeiros socorros os cuidados imediatos dispensados a


uma pessoa acidentada, ferida ou doente até o momento da chegada de
um recurso profissional.

233
Os primeiros socorros envolvem algumas medidas que visam preservar a
integridade da vítima e evitar que suas condições piorem. Esse atendimento
inicial pode incluir o apoio psicológico para pessoas abaladas emocionalmente
por um acidente.
Aqui vamos falar especificamente sobre primeiros socorros em acidentes
ocorridos no trânsito. Acidentes (sinistros) de trânsito são definidos como
qualquer evento que envolva prejuízo, sofrimento ou morte.

Prestar socorro de maneira adequada pode salvar vidas. Por isso, é importante
ter noções de primeiros socorros para que o atendimento seja correto e o mais
cuidadoso possível.

Figura 1 - Em caso de acidente de trânsito com vítima(s), sinalize o local.


Fonte: Shutterstock/AK-GK Studio.

Você saberia prestar os primeiros atendimentos a uma vítima de


acidente de trânsito?

Em um acidente, cada pessoa tem uma reação: há aquelas que conseguem


lidar com essa situação e tomam atitudes, mas há também quem entre em
desespero e quem fique sem reação diante da vítima, entre outros

234
comportamentos. E você, já pensou qual seria a sua reação diante de um
acidente de trânsito?

Ao se deparar com um acidente de trânsito, o importante é manter a calma,


analisar a situação e procurar ajuda.

No caso de um acidente (sinistro) de trânsito com vítima(s), os passos


principais para os primeiros socorros são os seguintes:

1 Garantir a segurança: sinalizar o local.


2 Pedir socorro: acionar o socorro especializado.
3 Conter a situação: manter a calma.
4 Analisar a situação: localizar, proteger e examinar as vítimas.

Figura 2 – Enquanto aguarda-se o atendimento especializado, devem-se avaliar as condições


da(s) vítima(s).
Fonte: Shutterstock/Photographee.eu.

Quem deve prestar os primeiros socorros à(s) vítima(s) é quem estiver mais
próximo, mas é preciso estar capacitado para realizar um bom atendimento.

235
Acidentes de trânsito e omissão de socorro

O Código Penal Brasileiro e o CTB determinam que qualquer pessoa, diante de


um acidente com vítima(s) necessitando de amparo imediato, tem por
obrigação prestar atendimento, principalmente se tiver envolvimento direto com
o fato.

Leia as determinações do CTB quanto à responsabilidade administrativa e


criminal dos envolvidos em acidentes de trânsito:

Art. 176. Deixar o condutor envolvido em acidente com vítima: I – de prestar ou providenciar
socorro à vítima, podendo fazê-lo; II – de adotar providências, podendo fazê-lo, no sentido de
evitar perigo para o trânsito no local; III – de preservar o local, de forma a facilitar os trabalhos
da polícia e da perícia; IV – de adotar providências para remover o veículo do local, quando
determinadas por policial ou agente da autoridade de trânsito; V – de identificar-se ao policial e
de lhe prestar informações necessárias à confecção do boletim de ocorrência: Infração –
gravíssima. Penalidade – multa (cinco vezes) e suspensão do direito de dirigir. Medida
administrativa – recolhimento do documento de habilitação.

Art. 177. Deixar o condutor de prestar socorro à vítima de acidente de trânsito quando
solicitado pela autoridade e seus agentes: Infração – grave. Penalidade – multa. Art. 301. Ao
condutor de veículo, nos casos de acidentes de trânsito de que resulte vítima, não se imporá a
prisão em flagrante, nem se exigirá fiança, se prestar pronto e integral socorro àquela.

Art. 304. Deixar o condutor do veículo, na ocasião do acidente, de prestar imediato socorro à
vítima, ou, não podendo fazê-lo diretamente, por justa causa, deixar de solicitar auxílio da
autoridade pública: Penas – detenção, de seis meses a um ano, ou multa, se o fato não
constituir elemento de crime mais grave. Parágrafo único. Incide nas penas previstas neste
artigo o condutor do veículo, ainda que a sua omissão seja suprida por terceiros ou que se trate
de vítima com morte instantânea ou com ferimentos leves.

No art. 304, o CTB (Brasil, 1997) expõe que a omissão de socorro acontece
quando o condutor deixa, “na ocasião do acidente, de prestar imediato
socorro à vítima, ou, não podendo fazê-lo diretamente, por justa causa,
deixar de solicitar auxílio da autoridade pública”.

Nesses casos, as penas são de detenção, de seis meses a um ano, ou


multa, se o fato não constituir elemento de crime mais grave. Essa pena pode
aumentar se a vítima morrer em razão do acidente. Ou seja, o indivíduo que
se envolver em um acidente de trânsito jamais deverá abandonar o local

236
ou as vítimas que estão necessitando de ajuda, pois a omissão de
socorro é considerada crime (Brasil, 1997).

Por isso, é importante saber identificar as condições de saúde da vítima, a fim


de ajudar a salvar a vida dela e evitar possíveis sequelas.

Figura 3 – Deve-se solicitar ajuda à vítima, mesmo sem estar diretamente envolvido no
acidente.
Fonte: Shutterstock/Iam_Anupong.eu.

A seguir, vamos analisar as consequências de um acidente e a maneira


adequada de se comportar nesses casos.

Consequências dos acidentes

Acidentes de trânsito podem resultar em consequências graves, algumas


irreparáveis. Por isso, é muito importante o cuidado no atendimento a uma
situação de emergência. São várias as consequências que um sinistro de
trânsito pode ocasionar:

• Óbito;

237
• Invalidez;
• Sequelas físicas, psicológicas e perda de qualidade de vida;
• Ferimentos, lesões ou traumas físicos;
• Sofrimento da família;
• Prejuízo financeiro, econômico e social;
• Processos judiciais.

Como estacionar corretamente para prestar socorro

Se um condutor estiver dirigindo e se deparar com um acidente na via, o


procedimento correto é:

• Estacionar em um local seguro a pelo menos 30 metros do local do


acidente;
• Sinalizar o local do acidente (triângulo, pisca-alerta, lanternas, entre
outros);
• Avaliar as condições das vítimas;
• Chamar o socorro especializado.

Sinalização do local do acidente

Para evitar que aconteçam mais acidentes, é necessário iniciar rapidamente


a sinalização e impedir que outros condutores colidam com o veículo
envolvido no acidente, o que pode gerar engavetamento.

Para sinalizar o local do acidente, deve-se colocar corretamente


o triângulo (equipamento obrigatório, que tem por finalidade indicar que há um
veículo parado na via), ligar o pisca-alerta e usar também outros recursos,
como galhos de árvores e lanternas, ou utilizar panos para acenar para os
demais condutores.

A sinalização deve ser iniciada em um ponto em que os outros motoristas ainda


não consigam enxergar o acidente. Isso faz com que eles redobrem a atenção
e tenham maior visibilidade.

238
Quadro 1 – Distância do acidente para início da sinalização
Tipo da via Velocidade Em pista seca Em caso de chuva,
máxima permitida neblina, fumaça ou
à noite.
Vias coletoras 40 km/h 40 passos longos 80 passos longos
Arteriais 60 km/h 60 passos longos 120 passos longos
Vias de trânsito 80 km/h 80 passos longos 160 passos longos
rápido
Rodovias 110 km/h 100 passos 210 passos longos
longos

Fonte: IbacBrasil, 2016.

Conforme o Quadro 1, existem casos nos quais as distâncias deverão ser


dobradas, como à noite, com chuva, neblina ou fumaça.

Os passos devem ser longos e dados por um adulto. Se o condutor não


puder fazê-lo, deve pedir a outra pessoa para medir a distância.

Casos que comprometem a visibilidade do acidente (curvas, topo de elevação


ou lombadas):

Quando estiver contando os passos e encontrar uma curva, deve-se parar a


contagem, caminhar até o final da curva e, então, recomeçar a contar a partir
do zero. A mesma coisa deve ser feita quando o acidente ocorrer no topo de
uma elevação, sem visibilidade para os veículos que estão subindo.

Se estiver escuro, deve-se iluminar o local com as luzes do veículo ou


com lanternas disponíveis (o ideal é ter sempre uma lanterna no veículo).

Jamais se deve utilizar fósforo, isqueiro ou qualquer outro objeto


que emita chama de fogo, pois isso poderá ocasionar um incêndio.
Ou seja, além do acidente de trânsito, outro grave acidente pode
ser gerado. Já pensou nisso?

239
Depois que o local do acidente for sinalizado, é preciso acionar os recursos
especializados. Vamos ver como se faz isso? Acompanhe!

Acionamento de recursos: bombeiros, polícia, ambulância,


concessionária da via e outros

Após sinalizar o local, um breve levantamento do acidente deve ser feito


para repassar as informações necessárias à equipe de socorro.

Em seguida, deve-se chamar o serviço médico especializado. É importante


ter sempre por perto os números do SAMU, da Polícia Militar e do Corpo de
Bombeiros, pois são esses serviços que poderão ajudar nesse momento.

Nas rodovias, há placas com números de telefones úteis para o caso de


acidente. Nas rodovias em que é cobrado o pedágio, os serviços de primeiros
socorros com equipes técnicas especializadas, guincho, entre outros, são
direitos do condutor que paga o pedágio. Deve-se, antes de iniciar o percurso,
verificar os meios de contato com a Concessionária que administra a rodovia.

Nas cidades, os números para contato em caso de acidente de trânsito são


divulgados em canais de rádio e televisão, na internet, em jornais e revistas. É
preciso prestar atenção a eles!
Veja os serviços e números de telefones mais comuns para atendimento
a emergências:
191 (Polícia Rodoviária Federal)
192 (Samu – Serviço de Atendimento Móvel de Urgência)
193 (Corpo de Bombeiros/SIATE)
190 (Polícia Militar)

Você sabe como se comportar na hora de uma ocorrência?

Ao entrar em contato com as autoridades para comunicar um acidente de


trânsito, as recomendações abaixo devem ser seguidas.

240
• Manter a calma;
• Transmitir as informações com clareza e precisão;
• Responder às perguntas do atendente também de maneira clara e
objetiva;
• Ao se referir ao local da ocorrência, fornecer o endereço completo, além
de um ponto de referência de fácil localização e visualização (uma loja
conhecida, uma praça, uma avenida etc.);
• Fornecer dados sobre as vítimas (número de pessoas, sexo, idade
aproximada);
• Informar o estado de consciência das vítimas e o grau dos ferimentos;
• Comunicar as condições do trânsito no local;
• Informar se há vítimas presas em ferragens.

Caso ocorra vazamento de alguma substância na pista, é necessário


acionar o Corpo de Bombeiros.

Após a chegada dos bombeiros, é necessário:

• Descrever a ocorrência;
• Informar os primeiros socorros que foram aplicados;
• Fornecer ajuda, se necessário.

Além disso, é necessário informar aos socorristas a localização das vítimas e a


quantidade. Em um acidente de trânsito, as vítimas podem ser lançadas para
fora do veículo, podem estar presas nas ferragens, caídas na pista de
rolamento, entre outras situações.

A presença de cabos eletrificados, o derramamento ou vazamento de


combustíveis, incêndios e materiais tóxicos podem deixar vítimas e socorristas
sob riscos de novos acidentes. Nesses casos, é preciso afastar o perigo o mais
rápido possível.

241
Ao ajudar em um acidente, procure se proteger de doenças infectocontagiosas,
usando luvas ou pedaços de pano. Essas doenças são transmitidas pelo
contato com fluidos corporais, como sangue e saliva.

Se há um acidente perto de você, e os veículos socorristas estão buscando


passagem, lembre-se de que os veículos destinados a socorro de incêndio e
salvamento, de polícia, e os de fiscalização e operação de trânsito e as
ambulâncias possuem livre circulação, estacionamento e parada, devendo-
se dar preferência à passagem destes, conforme art. 29, inciso VII, da Lei n.
14.071/2020 (Brasil, 2020).

Essa preferência ocorre quando os dispositivos de alarme sonoro e


iluminação intermitente estiverem acionados, indicando a proximidade dos
veículos, assim todos os condutores deverão deixar livre a passagem pela faixa
da esquerda, indo para a direita da via e parando, se necessário.

Vamos estudar agora sobre os tipos de acidentes e socorristas.

Tipos de acidentes

Os acidentes de trânsito podem ocorrer de diversas maneiras.

Colisão

Se um automóvel colide a 60 km/h contra um elemento fixo, por exemplo,


haverá uma desaceleração quase instantânea de 60 km/h para zero.

Nesse tipo de colisão, o veículo sofre parada brusca, desaceleração imediata e


os corpos em seu interior continuam em movimento, sofrendo grande impacto.
A cabeça e o tórax se projetam para frente, por isso a importância do cinto de
segurança e do encosto de cabeça na altura regular.

As consequências desse tipo de acidente podem ser agravadas em relação à


velocidade, à falta do uso de equipamentos de segurança ou à fragilidade das

242
vítimas. As lesões mais comuns são: traumatismo craniano, lesão na coluna
cervical, ferimento nos olhos e pernas.

Colisão traseira

Com o impacto, o veículo é lançado para frente, assim o condutor e os


passageiros são arremessados na mesma direção. Nesse momento, pode
ocorrer a hiperextensão do pescoço e o risco de lesão na medula espinhal. A
situação fica agravada se a velocidade no momento do impacto for alta e se os
ocupantes não estiverem usando os equipamentos de segurança, como cinto,
cadeirinha para crianças e encosto de cabeça. As consequências podem ser
lesão na cervical e traumatismo craniano, lesão no abdômen e pernas,
entre outras. Por esse motivo, utilizar os itens de segurança é fundamental.

Atropelamento

Normalmente, é dividido em três tipos:

1 2 3
Impacto do veículo Impacto do tronco da Impacto da vítima
contra as pernas e vítima contra o capô e contra o solo.
quadril da pessoa. para-brisa do veículo.

Os atropelamentos causam fraturas múltiplas, por isso todo o cuidado é


pouco. Deve-se levar em conta a velocidade no momento do impacto do
veículo com relação ao corpo, o arremesso da vítima, a queda no solo, a idade
e a fragilidade. As consequências desse tipo de acidente são chamadas
de politraumatismos.

E já que estamos falando de atendimento às vítimas de acidente


de trânsito, não podemos nos esquecer dos socorristas, não é?
Vamos conhecê-los?

243
Tipos de socorristas

Primeiros Socorros são os cuidados imediatos dispensados à pessoa vítima


de acidente ou mal súbito. Socorrista é toda pessoa que presta socorro a
alguém. Eles estão divididos em três tipos: os sobreviventes, o pessoal
destreinado e o pessoal treinado.

O socorrista sabe o que fazer, como fazer, quando fazer e o que não fazer.

O objetivo do primeiro socorro não é tratar a pessoa, mas sim evitar danos
maiores à vítima.

É importante que as pessoas tenham cuidado com as boas intenções


após o acidente, pois, em vez de ajudar, podem acabar agravando o estado
das vítimas, levando-as a óbito, ou, ainda, incapacitando-as temporária ou
definitivamente.

Um exemplo disso são os acidentes que envolvem motociclistas. Nesses


casos, o capacete da vítima não deve ser removido, pois há uma forma correta
para essa remoção, que, se não for feita por um socorrista capacitado, pode
causar uma lesão na coluna vertebral do motociclista acidentado.

Sendo assim, lembre-se: não se deve retirar o capacete da vítima, pois essa
é uma ação para profissionais capacitados.

Vamos ver as especificidades de cada socorrista?

244
Sobreviventes

São as pessoas que estavam no acidente e que sobreviveram. Esses


indivíduos identificam o estado geral deles mesmos e decidem ajudar os
demais envolvidos no acidente.

Pessoal destreinado

São aquelas pessoas que estão próximas ao local do acidente e, assim


que o percebem, iniciam o atendimento. Mas, apesar da boa intenção, muitas
vezes a falta de conhecimento técnico específico também pode gerar
consequências graves às vítimas.

O ideal é que esses cidadãos não treinados estejam acompanhados da


liderança de um socorrista treinado. Dessa maneira, os procedimentos podem
ser mais efetivos.

Pessoal treinado

São os profissionais que dominam as técnicas de atendimento com o


objetivo de evitar riscos. Como exemplo, podemos citar os bombeiros,
os profissionais da Defesa Civil, os policiais rodoviários e as organizações
emergenciais.

245
Figura 4 – Em caso de acidente de trânsito com vítima, chame o socorro especializado.
Fonte: Freepik.

Papel do socorrista

O principal objetivo de um socorrista é salvar vidas. Além disso, ele pode


evitar que as lesões se agravem, preparando a vítima e o local para
atendimento médico.

Dessa forma, o socorrista deve:


1 Conhecer as próprias limitações e ter bom senso.
2 Ter conhecimento sobre primeiros socorros.
3 Ter habilidade manual, saber como fazer o que deve ser feito.
4 Ter iniciativa, autocontrole, calma, autoconfiança, senso de
observação.

Características de um socorrista

Esse profissional precisa ser capaz de controlar o seu estado emocional,


independentemente de qualquer situação, pois é ele o responsável por
transmitir segurança e tranquilidade à vítima. O socorrista precisa tomar

246
uma posição de líder, ter controle e assumir a situação, além
de demonstrar agilidade, educação, inteligência, calma e solidariedade.

Um socorrista deve sempre saber o que fazer, como fazer, quando fazer e o
que não fazer.

Chegamos ao final de mais uma Unidade de Estudo! Esperamos


que você tenha compreendido a importância da sinalização no
local do acidente e o acionamento de recursos especializados.
Lembre-se de que você poderá ajudar em um acidente, mas é preciso ficar
atento, pois algumas ações só podem ser realizadas por profissionais
capacitados. Agora, faça os exercícios para melhor fixação do conteúdo e até a
próxima Unidade!

Referências

ABRAMET. Noções de primeiros socorros no trânsito. São Paulo:


ABRAMET, 2005.

BRASIL. Lei n. 9.503, de 23 de setembro de 1997. Institui o Código de Trânsito


Brasileiro. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 24 set.
1997. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9503.htm>.
Acesso em: 10 out. 2021.

_____. Lei n. 14.071, de 13 de outubro de 2020. Altera a Lei n. 9.503, de 23 de


setembro de 1997 (Código de Trânsito Brasileiro), para modificar a composição
do Conselho Nacional de Trânsito e ampliar o prazo de validade das
habilitações; e dá outras providências. Diário Oficial da União, Poder
Legislativo, Brasília, DF, 14 out. 2020. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2020/Lei/L14071.htm>.
Acesso em: 10 out. 2021.

HOUAISS, A.; VILLAR, M. S.; FRANCO, F. M. M. Dicionário Houaiss da


língua portuguesa. Versão 1.0. Rio de Janeiro: Instituto Antônio Houaiss;
Objetiva, 2001. 1 CD-ROM.

247
SEGURADORA Líder-DPVAT pagou mais de 434 mil indenizações às vítimas
de acidentes de trânsito em 2016. Revista Cobertura, 28 jun. 2017. Disponível
em: <https://www.revistacobertura.com.br/2017/06/28/seguradora-lider-dpvat-
pagou-mais-de-434-mil-indenizacoes-as-vitimas-de-acidentes-de-transito-em-
2016/>. Acesso em: 10 out. 2021.

248
Núcleo Temático 3 – Noções de Primeiros Socorros
Unidade de Estudo 2 – Verificação das condições gerais da vítima
de acidente de trânsito

Objetivo: compreender as noções básicas para verificação das condições


gerais de saúde da vítima de acidente de trânsito e a maneira correta de
realizar os primeiros socorros.

Tópicos desta Unidade

• Avaliação das condições gerais da vítima de acidente de trânsito;


• O que são sinais vitais;
• Avaliação inicial ou primária;
• Avaliação secundária;
• Compressão cardíaca.

Olá! Seja bem-vindo(a) a mais uma unidade de estudo. Você sabia


que identificar as condições de saúde da vítima de acidente de
trânsito pode ajudar a salvar a vida dessa pessoa, além de evitar
possíveis sequelas? Mas será que você está preparado para identificar essas
condições? Nesta unidade de estudo, você vai conhecê-las e aprender a
maneira correta e adequada de prestar atendimento à vítima. Bons estudos!

Avaliação das condições gerais da vítima de acidente de trânsito

A avaliação das condições gerais da vítima deve ser feita de


forma rápida e precisa. Por isso, é necessário manter a calma para agir
corretamente e transmitir confiança. É preciso afastar os curiosos, evitar
comentários (trágicos) sobre o estado de saúde do ferido e ter sempre em
mente que a avaliação correta se inicia com a verificação dos sinais vitais da
vítima.

A prioridade no atendimento deve ser à(s) vítima(s) que corre(m) maior


risco de morte. Quem está prestando socorro deve tomar muito cuidado e

249
limitar-se a fazer o mínimo necessário com a vítima, que deve permanecer
imobilizada até que socorristas profissionais possam transportá-la, se for o
caso.

O que são sinais vitais

São aqueles sinais que mostram o funcionamento ou as alterações das


funções do corpo. Para avaliar a condição de saúde da vítima, é necessário
verificar se os sinais vitais estão normais.

Veja, a seguir, quais são esses sinais, como identificá-los e as características


de cada um deles.

De modo geral, considerando uma vítima adulta, as condições consideradas


normais para pulsação (frequência cardíaca), respiração (frequência
respiratória), pressão arterial e temperatura corporal podem ser:

Pulso Respiração Pressão arterial Temperatura corporal


60 a 100 batimentos 12 a 20 respirações 120 x 80 mmHg. 36 °C a 37 °C.
por minuto. por minuto.

Em crianças, os movimentos respiratórios por minuto tendem a ser mais


rápidos.

250
Avaliação inicial ou primária

Para fazer a avaliação inicial, é preciso verificar, de modo rápido, se a vítima


está consciente (acordada) e se respira, ou se está com dificuldade para
respirar.

Para essa avaliação, é necessário examinar a vítima seguindo


obrigatoriamente a sequência:
1º Vias aéreas e coluna cervical.
2º Respiração.
3º Circulação, controle de hemorragia e do choque.
4º Nível de consciência, fraturas.
5º Exposição, proteção da vítima e queimaduras.

Isso deve ser feito da seguinte forma:

No caso de a vítima estar acordada ou consciente, é preciso aproximar-se


dela e, com cuidado, efetuar os seguintes procedimentos:

• Conversar com a vítima, dizendo quem você é e que está ali para ajudá-
la;
• Utilizar luvas de silicone para evitar contato com sangue ou saliva;
• Caso a vítima esteja acordada, deve-se acalmá-la e solicitar que não se
mova;
• Apoiar a mão sobre a testa da vítima, sem fazer força, somente para
impedir que ela faça movimentos bruscos;
• Verificar se ela está com dificuldade para respirar;
• Verificar a circulação colocando 2 dedos sobre a artéria radial localizada
no pulso;
• Conversar com a vítima para verificar seu nível de consciência;
• Proteger a vítima, cobrindo-a com mantas e casacos.

No caso de a vítima estar desacordada ou inconsciente, o procedimento é


diferente:

251
• Ajoelhado ao lado da vítima, a pessoa que está prestando socorro deve
colocar uma das mãos em sua testa e a outra sobre o ombro
contrário ao do seu corpo;
• Depois de verificar se a vítima está consciente e se está respirando,
deve-se conferir o pulso (não deve levar mais que 10 segundos para
verificar, pois qualquer demora pode ser fatal).

Para esse procedimento, devem ser seguidos os seguintes passos:

1. Colocar os dedos no centro do pescoço da vítima (onde está localizada a


traqueia);
2. Em seguida, deslizar os dedos lateralmente no pescoço e procurar o
pulso.

Figura 1 – Verificação do pulso carotídeo.


Fonte: Shutterstock/Madrolly.

Se a vítima estiver com dificuldade para respirar devido a algum objeto ou


líquido que esteja obstruindo as vias áreas, ela pode morrer ou vir a ter
problemas graves no cérebro. Sendo assim, é preciso desobstruir as vias
aéreas, ou seja, liberar a passagem do ar.

252
Mas e se a vítima estiver sem pulsação?

É necessário ligar imediatamente para a equipe de Urgência e Emergência:

Quadro 1 – Telefones dos serviços de Urgência e Emergência


Serviço Nº
Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) 192
Corpo de Bombeiros 193

Percebeu a necessidade de saber algumas das técnicas para avaliar as


condições de saúde da vítima? Agora, você vai conhecer alguns procedimentos
aplicados em casos mais graves.

Avaliação secundária

Feita a avaliação inicial ou primária, é preciso verificar a extensão dos


ferimentos, a quantidade de sangue perdido, as fraturas e outras lesões.
Passa-se, então, a fazer uma avaliação secundária. A partir disso, podem-se
iniciar os procedimentos adequados para cada caso, de acordo com as
prioridades, mas cuidando sempre da manutenção dos sinais vitais.

É preciso ter consciência de que lesões aparentes nem sempre são as mais
graves.

253
Como identificar os sinais vitais:

Parada respiratória

Ausência de movimentos respiratórios causando inconsciência; lábios, língua e


unhas de cor azuladas (arroxeados); sem movimentação de respiração no
peito.

Parada cardíaca

Ausência de batimentos cardíacos causando inconsciência; aparência


excessivamente pálida; sem pulsação (sem batimentos do coração).

Quando a vítima apresentar uma parada respiratória, é necessário realizar


a respiração artificial. Ela pode ser feita das seguintes formas:

• Boca a boca: devem-se tapar as narinas do acidentado com os dedos


para não haver escape de ar, colocar a boca na boca da vítima e soprar
até perceber que o tórax dela está levantando. Essa operação deve ser
repetida até a vítima respirar normalmente.

Quando o socorrista não possui uma máscara para realizar a ventilação


artificial boca a boca, esse procedimento não é obrigatório.

• Manual: essa técnica é recomendada quando não foi possível praticar a


anterior.

Primeiramente, é preciso verificar se há fraturas na vítima.

Colocá-la deitada de costas. Segurar os braços da vítima pelos pulsos,


cruzando-os e comprimindo-os contra a parte inferior do peito. Em seguida,
puxar os braços da vítima para cima, para fora e para trás.

• Boca-nariz-boca: os procedimentos são idênticos aos do método boca


a boca, sendo que nesse caso a sua boca deverá cobrir também o nariz.

254
Compressão cardíaca

Quando for constatada a ausência de batimentos no coração da vítima, deve


ser realizada a compressão cardíaca. Esse procedimento pode fazer com
que o coração e o pulmão voltem a funcionar normalmente. Para realizar esse
procedimento, devem-se seguir as seguintes recomendações:

• Deitar a vítima de costas em superfície rígida, apoiar a mão sobre a


parte inferior do tórax, colocar a outra mão em cima da primeira e fazer
compressões;
• As compressões torácicas devem ser iniciadas em uma frequência
de 100 a 120 vezes por minuto ou mais rápido;
• Em crianças com 2 (dois) anos ou mais, os procedimentos são os
mesmos, porém deve-se utilizar somente uma das mãos para realizar
as compressões;
• Em crianças com menos de 2 (dois) anos e bebês, os procedimentos
também são os mesmos, mas deve-se utilizar o polegar para realização
das compressões.

Figura 2 – Localização para compressão torácica.


Fonte: Shutterstock/Platoo Fotography.

255
É comum ocorrer ao mesmo tempo a parada respiratória e a parada
cardíaca, denominada parada cardiorrespiratória. Se isso ocorrer, é preciso
realizar a respiração artificial e a compressão cardíaca.
É necessário fazer essa manobra até a chegada do serviço médico de
emergência ou de outras pessoas preparadas para assumir o cuidado da
vítima.

Não se deve oferecer líquido para uma pessoa acidentada, principalmente


se ela estiver com dificuldade para respirar.

Todas as noções básicas aqui apresentadas são importantes, necessárias e


ajudam a salvar muitas vidas. Mas é preciso ter em mente que a melhor
pessoa para realizar o atendimento a uma vítima de acidente de trânsito será
sempre um profissional capacitado.

Nosso objetivo nesta Unidade de Estudo não é transformar você


em um profissional da saúde ou em um especialista em
atendimentos de urgência e emergência, mas facilitar sua função
como cidadão que deve prestar os primeiros socorros a vítimas de acidente de
trânsito de maneira segura, adequada e eficaz quando for necessário. Até a
próxima Unidade!

Referências

AHA – American Heart Association. Destaques das diretrizes da American


Heart Association 2010 para RCP e ACE. São Paulo: AHA, 2010. Disponível
em: <https://www.heart.org/idc/groups/heart-
public/@wcm/@ecc/documents/downloadable/ucm_317343.pdf>. Acesso em:
10 out. 2021.

BRASIL. Lei n. 14.071, de 13 de outubro de 2020. Altera a Lei n. 9.503, de 23


de setembro de 1997 (Código de Trânsito Brasileiro), para modificar a
composição do Conselho Nacional de Trânsito e ampliar o prazo de validade
das habilitações; e dá outras providências. Diário Oficial da União, Poder

256
Legislativo, Brasília, DF, 14 out. 2020. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2020/Lei/L14071.htm>.
Acesso em: 10 out. 2021.

257
Núcleo Temático 3 – Noções de Primeiros Socorros
Unidade de Estudo 3 – Cuidados com as vítimas de acidente de
trânsito que sofrem ferimentos graves

Objetivo: entender os principais cuidados com as vítimas de acidente de


trânsito que sofrem fraturas, queimaduras, intoxicação, choque elétrico,
ferimentos, hemorragias, estado de choque, convulsão, desmaio e amputação.

Tópicos desta Unidade:

• Função dos primeiros socorros;


• Fraturas;
• Imobilização do local fraturado;
• Fratura do crânio;
• Fratura do pescoço ou da coluna vertebral;
• Queimaduras;
• Intoxicação;
• Choque elétrico;
• Ferimentos abertos e fechados;
• Hemorragia;
• Estado de choque;
• Convulsão;
• Desmaio;
• Amputação.

Olá! Vamos dar início a mais uma Unidade de Estudo. A condição


básica para ajudar uma vítima a sobreviver após um acidente de
trânsito é saber a maneira correta de prestar os primeiros
atendimentos. A partir de agora, você vai conferir os principais cuidados nas
situações mais comuns de acidentes de trânsito. Vamos iniciar? Bons estudos!

258
Função dos primeiros socorros

Os primeiros socorros ajudam a evitar o agravo das condições gerais de


saúde em que se encontra a vítima de acidente de trânsito, podendo
auxiliar na diminuição da dor e representar apoio emocional.

As lesões que não ameaçam a vida da vítima podem ser tratadas,


inicialmente, no próprio local onde aconteceu o acidente. Para tanto, é preciso
fazer a avaliação secundária e verificar se há ferimentos, hemorragias,
fraturas, convulsões, desmaios, estado de choque, entre outras
decorrências possíveis de um acidente.

Vamos conhecer mais sobre esse assunto?

Podemos definir a avaliação secundária como a observação de


lesões na cabeça, no pescoço, tronco, membros superiores e inferiores e
na coluna; e a verificação de ferimentos, hemorragias, convulsões,
desmaio e estado de choque. Para fazer essa avaliação na vítima, é
necessário observar essas regiões do corpo e verificar se há inchaço,
deformidades ou arroxeamento na parte machucada, pois podem ser sinais
de lesão interna.

Em acidentes de trânsito, é comum encontrar vítimas com ferimentos e


fraturas, mas também com queimaduras, intoxicação e choque elétrico. E o que
fazer até o atendimento especializado chegar? É o que veremos a seguir!

Fraturas

A fratura pode ser definida como a quebra parcial ou total de um ou mais


ossos do corpo. De modo geral, ela provoca muita dor e inchaço no local.
Elas podem ser abertas ou fechadas de acordo com a lesão (ou ruptura) da
pele. Em acidentes de trânsito, as mais comuns são as dos ossos das pernas e

259
dos braços. Especialmente os motociclistas, em caso de colisão e/ou queda,
estão sujeitos a fraturas.

Como identificar uma fratura?

Deve-se observar se a vítima apresenta dificuldade para movimentar


determinada região do corpo, se há deformidade no local afetado,
sangramento em grande quantidade, sensação de atrito ou aparecimento
do osso fraturado (fratura exposta).

A fratura aberta ou exposta ocorre quando o osso se quebra atravessando e


rompendo a pele ou existe uma ferida que se estende do osso fraturado até a
pele. Em uma fratura fechada, há a ruptura do osso, mas a pele e/ou o
músculo não foram rompidos.

Após identificar a região da fratura, deve-se prestar o seguinte atendimento à


vítima:

Acionar

imediatamente o Serviço Médico de Atendimento de Urgência e Emergência,


como o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU).

Acalmar
a vítima e não deixar que ela se mova.
Imobilizar
o local fraturado.

Imobilização do local fraturado

A imobilização (deixar parado, imóvel) impede que a vítima movimente o


membro fraturado.

Em caso de fraturas expostas nunca se deve alinhar o membro fraturado.


O procedimento correto é fazer curativo com gaze ou pano limpo e imobilizar o

260
membro na posição em que se encontra (a imobilização deve ser feita para
além da lesão, envolvendo a articulação anterior e posterior à lesão).

Veja a seguir os procedimentos adequados para a imobilização dos membros


superiores (ombro, braço, antebraço, punho e mão):

1 Manter a vítima deitada.


2 Providenciar imediatamente uma tala, ou seja, qualquer objeto limpo
que permita paralisar o membro. A medida da tala precisa ser
adequada, indo um pouco além das articulações da vítima para
oferecer imobilização e sustentação.

3 Amarrar a tala, no mínimo em três lugares, com faixas não muito


finas, sem deixá-las muito apertadas.
4 Se não for possível o uso de uma tala, deve-se amarrar o braço junto
ao corpo da vítima. Nesse caso, é importante usar um objeto para
separá-los, a fim de impedir que o braço se encoste ao corpo.

Figura 1 – Exemplo de imobilização de membro superior (braço).


Fonte: Shutterstock/Bangkoker.

261
Para realizar a imobilização dos membros inferiores (quadril, coxa, perna e pé)
utilizam-se os mesmos procedimentos da imobilização dos membros
superiores, porém com algumas especificidades. Acompanhe a seguir.

Figura 2 – Exemplo de imobilização de membro inferior (perna).


Fonte: Shutterstock/Bangkoker.

Atenção: além do exemplo de imobilização do membro inferior (perna),


apresentado, também é possível amarrar uma perna à outra, usando um objeto
para separá-las (um pedaço de papelão ou uma tábua).
Imobilização do fêmur
Providenciar duas talas. Uma deve ficar entre as pernas e a outra deve
passar a região do quadril (bacia). Tomar muito cuidado, pois a
movimentação da vítima deve ser restrita.
Imobilização das costelas
Movimentar a vítima o mínimo possível e somente se houver necessidade,
sempre com muita calma.

262
Uma costela quebrada pode perfurar o pulmão e causar
um pneumotórax 1. Imobilize o tórax da vítima enfaixando o peito e colocando
os braços dela cruzados na região central do tórax.

A imobilização de quadril é um tipo de fratura exige maior atenção, pois a


vítima será totalmente imobilizada.

Caso o socorrista não esteja preparado para lidar com esse tipo de situação, é
imprescindível solicitar ajuda. Nesse tipo de fratura, a vítima deve ser colocada
em uma tábua larga (do tipo prancha), que irá proteger a vítima por inteiro e
imobilizar o tórax e os tornozelos.

Figura 3 – Imobilização de quadril.


Fonte: Shutterstock/Photographee.eu.

1
Acúmulo anormal de ar entre o pulmão e a pleura (membrana que reveste o pulmão).

263
Fratura do crânio

O crânio é uma estrutura muito forte, difícil de fraturar, mas quando um de seus
ossos é lesionado, rompido ou fraturado, a vítima corre o risco de morrer ou de
ficar com sequelas.
Para identificar esse tipo de fratura, deve-se observar se a vítima está
consciente e se apresenta dor de cabeça intensa e em excesso, além de:

• Vômito;
• Sangramento pela boca, nariz e/ou orelhas;
• Convulsões;
• Paralisia nas pernas e nos braços.

E o que fazer com a vítima depois de identificar esses sintomas?


Acompanhe o procedimento:

• Deitar a vítima com a cabeça um pouco mais alta que o corpo;


• Cuidar do ferimento enfaixando a cabeça (não muito apertado) com tiras
de pano limpo ou gaze 2;
• Imobilizar o pescoço com uma toalha ou algo semelhante;
• Cuidar para que a vítima não se afogue com o próprio vômito ou com o
excesso de sangue acumulado na boca;
• Não transportar a vítima e não oferecer líquidos a ela. O transporte só
deve ser feito pelo Serviço Médico de Atendimento de Urgência e
Emergência.

2
Tira de tecido, geralmente esterilizada, que é utilizada em curativos.

264
Figura 4 – Imobilização do crânio.
Fonte: Shutterstock/ESB Professional.

Fratura do pescoço ou da coluna vertebral

A coluna vertebral é formada por ossos chamados vértebras, as quais são


providas de um canal por onde passa a medula. É a medula que liga o cérebro
ao restante do corpo. Se a medula for atingida, a vítima pode perder os
movimentos do corpo.

Por ser considerada uma fratura delicada, o socorrista precisa de muita


habilidade no atendimento a vítimas nessas condições. Para identificar esse
tipo de fratura, é preciso observar alguns sinais e sintomas, tais como:

• Dor intensa na região do pescoço ou próximo à coluna cervical;


• Paralisia das pernas e dos dedos das mãos e dos pés;
• Formigamento nos membros;
• Perda total ou parcial da sensibilidade.

Ao identificar esses sinais e sintomas, o socorrista deve:

265
• Verificar se há sangramento e solicitar atendimento com urgência;
• Verificar os sinais vitais (frequência cardíaca e respiratória, temperatura,
pulso);
• Providenciar o transporte da vítima (deverá ser feito pelo Serviço Médico
de Atendimento de Urgência e Emergência).

Caso o acidente seja com uma motocicleta, não retire o capacete da(s)
vítima(s). Esse tipo de socorro, se realizado incorretamente, poderá causar a
lesão da coluna vertebral e/ou agravar outras lesões. A retirada do capacete é
considerada uma ação de risco e requer a habilidade de socorristas
profissionais. Inicia-se com a abertura da viseira para fazer o contato visual
com a vítima, desde que a coluna cervical (parte da coluna vertebral que fica
na região do pescoço) tenha sido estabilizada pelo socorrista. É preciso
verificar se a vítima está com dificuldade para respirar. E atenção: não
movimente o corpo do motociclista.

Queimaduras

São lesões causadas pelo contato entre a pele e o fogo, agentes


químicos, radiação e eletricidade. As vítimas com queimaduras correm
sérios riscos de entrar em óbito.

As queimaduras são classificadas em três níveis:

Queimadura de 1º grau

Causa dor leve ou moderada no local, a pele fica avermelhada e bastante


quente. Um exemplo desse tipo de queimadura é aquela provocada pelo sol.

A queimadura de 1º grau não apresenta bolhas.

266
Queimadura de 2º grau

A pele fica avermelhada e com bolhas e a vítima sente muita dor. Como
exemplo, podemos citar uma queimadura provocada por água fervente, mas
em pouca quantidade.

A queimadura de 2º grau sempre apresenta bolhas.

Queimadura de 3º grau

Não causa dor, pois os nervos são destruídos pela alta temperatura. Como
exemplo, podemos citar uma vítima que, conduzindo o seu veículo, bate em um
poste, o carro explode e ela não consegue sair a tempo, tendo o seu corpo
inteiro queimado.

Na queimadura de 3.º grau, a pele é arrancada.

Depois de identificar as queimaduras na vítima, o que deve ser


feito?

Acompanhe as especificidades do procedimento.

• Acionar o Serviço Médico de Atendimento de Urgência e Emergência;


• Em caso de fogo em veículo com vítima, deve-se apagá-lo com água e
cobrir o ferido com cobertor o mais rápido possível − começando sempre
pela cabeça − ou rolar a vítima no chão. Não deixar a vítima correr;
• Retirar as roupas queimadas quando possível (as roupas que estiverem
grudadas no corpo da vítima não devem ser retiradas);
• Não perfurar as bolhas das queimaduras e não esfregar o local atingido;
• Utilizar água corrente, pano limpo ou compressa umedecida em água
em temperatura ambiente, ou soro fisiológico, no local atingido pela
queimadura.

267
Intoxicação

A fumaça de um veículo contém substâncias tóxicas que fazem mal à saúde.


Gases como o monóxido de carbono (CO), óxidos de enxofre (SOx), óxidos de
nitrogênio (NOx), se absorvidos pelo sistema respiratório, podem causar grave
intoxicação e até levar à morte, pois reduzem a capacidade de oxigenação do
sangue. Se a vítima estiver em uma garagem fechada, a fumaça pode
prejudicar seriamente a respiração e causar problemas muito sérios. Os
sintomas de intoxicação por monóxido de carbono são delírios e alucinações.

Atualmente, além do aperfeiçoamento dos combustíveis, os automóveis


possuem catalisadores que reduzem as substâncias tóxicas emitidas no ar.

Choque elétrico

O choque elétrico acontece quando o corpo entra em contato com uma


corrente elétrica. Nesse tipo de situação, o socorrista deve desligar a fonte de
energia (com segurança) ou solicitar o desligamento para a companhia
responsável o mais urgente possível, além de verificar se o chão está seco e
utilizar calçado com solado de borracha.

Atenção! Antes de tocar na vítima, o socorrista precisa retirar todos os


objetos que possam gerar eletricidade, pois, a qualquer momento, a
vítima poderá descarregar toda a energia nele.

Lembre-se: o socorrista deve realizar esse procedimento sempre com o


máximo de segurança possível. Por isso, os recursos especializados devem
sempre ser acionados. Se o socorrista não estiver preparado, não deve
realizar os primeiros socorros!
E quanto às feridas, sangramentos, estado de choque, convulsões e
desmaios? Acompanhe a seguir cada uma dessas situações.

268
Ferimentos abertos e fechados

O ferimento aberto é aquele em que a pele é rompida, ou seja, ela se abre,


expondo sangue ou até órgãos internos.

No ferimento fechado, não há rompimento da pele. Em casos mais graves,


esse tipo de ferimento pode prejudicar órgãos internos, sendo, muitas vezes,
fatal.
Durante o atendimento é necessário:

• Sempre usar luvas para evitar possível contágio de doenças;


• Nunca retirar qualquer material estranho que esteja preso aos
ferimentos;
• Não apertar demais a atadura 3 quando for colocá-la, para não
interromper a circulação.

Veja os cuidados que devem ser tomados com os ferimentos de acordo com
sua localização no corpo da vítima.

Ferimentos nos membros superiores e inferiores

Se forem identificados ferimentos nas pernas ou nos braços da vítima, o ideal


é:

• Fazer uma compressão leve sobre o ferimento, com pano limpo ou gaze;
• Prender o ferimento com uma faixa (pode-se usar um lenço, uma
gravata ou uma tira de pano limpo), sem pressionar muito para não
interromper a circulação do sangue;
• Se o ferimento for no cotovelo ou no joelho, colocar, no lado interno da
articulação (atrás do joelho ou em cima do cotovelo), um chumaço de
gaze ou papel e prender com uma atadura.

3
Tipo de tecido próprio para curativos.

269
Ferimentos na cabeça

Nesse caso, é necessário:

• Deitar a vítima com as costas no chão e com a cabeça mais alta do que
o restante do corpo;
• Afrouxar as roupas da vítima;
• Colocar panos limpos, compressas ou gaze sobre o ferimento;
• Manter a vítima aquecida;
• Nunca oferecer líquido a ela.

Ferimentos no tórax

Em caso de ferimentos no tórax:

• A vítima deve ficar deitada de costas;


• Verificar se existe ar passando pelo ferimento (se isso estiver
acontecendo, o acidente pode ter provocado uma perfuração no
pulmão);
• Pressionar o ferimento com um pedaço de pano limpo, gaze ou com a
própria mão (sempre utilizando luvas);
• O ideal é realizar o curativo de três pontos.

Ferimento no abdome

Quando houver um ferimento no abdome:

• Realizar o atendimento somente se a vítima estiver com o ferimento


aberto;
• Manter a vítima deitada de costas;
• Comprimir levemente o ferimento com um pano ou compressa fria;
• Se houver exposição de órgãos, protegê-los com um pano limpo ou
compressa e, se for possível, umedecer esses materiais com água ou
soro fisiológico.

270
Ferimento nos olhos

Na ocorrência de ferimentos nos olhos:

• Evitar que a vítima esfregue os olhos;


• Se a vítima puder, pedir a ela para piscar os olhos várias vezes para que
os corpos estranhos sejam expelidos;
• Não tentar retirar o corpo estranho se ele estiver cravado no(s) olho(s)
da vítima;
• Cobrir o(s) olho(s) da vítima com um pedaço de pano limpo ou gaze;
• Se possível, passar uma tira de pano sobre o(s) olho(s) da vítima
e amarrá-la atrás da cabeça.

Hemorragia

A hemorragia é definida como a perda de sangue por rompimento de uma


veia ou artéria e é muito comum em acidentes de trânsito. A perda de
sangue leva à diminuição da pressão sanguínea e à diminuição da oxigenação
dos tecidos, podendo levar à morte se não for controlada.

Evite contato com o sangue ou com qualquer secreção das vítimas nos
acidentes.

Tipos de hemorragias e os cuidados específicos. Acompanhe a seguir.

Hemorragia interna

Esse tipo de hemorragia é difícil de ser identificada, pois o sangramento não é


aparente. Ela acontece devido a ferimentos em órgãos internos que tiveram
veias ou artérias rompidas. Para identificar uma hemorragia interna, deve-se
estar atento aos seguintes sinais e sintomas que expressam um estado de
choque:

271
a. Pele fria;
b. Pulso fraco;
c. Muita palidez;
d. Suor frio e excessivo;
e. Boca pálida;
f. Tontura;
g. Vômito;
h. Sede;
i. Inconsciência;
j. Golfadas de sangue.

Figura 5 – Hemorragia interna.


Fonte: Shutterstock/Zyn Chakrapong,

Hemorragia externa

Essa hemorragia é mais fácil de visualizar e identificar, pois o sangue é


extravasado para fora da pele. Ele pode escorrer por alguma abertura natural
do corpo, como pele, boca, nariz, ânus, vagina etc.

Quando o sangue escorre pela pele, a hemorragia é externa.

272
Figura 6 – Hemorragia externa.
Shutterstock/greatKimFamilyStudio.

Hemorragia arterial

Causada pelo rompimento de uma artéria, produz sangramento abundante em


jatos fortes. É uma situação grave em que a vítima corre risco de morte,
portanto necessita de atendimento imediato.

Hemorragia venosa

Ocorre quando uma veia é atingida; o sangue é vermelho escuro e sai de forma
lenta e contínua.

Hemorragia nasal

Perda de sangue pelo nariz. Nesse tipo de hemorragia, o melhor a ser feito é:

a. Abaixar a cabeça da vítima inclinando-a para frente;

273
b. Comprimir a narina por aproximadamente 1 (um) minuto (deve-se
tomar cuidado para não deixar a vítima sem ar);
c. Solicitar à vítima que respire pela boca;
d. Se o sangramento não parar, colocar gaze ou pano umedecido em
água ou soro fisiológico na narina da vítima;
e. Não permitir que a vítima assoe o nariz.

Atenção: se a vítima de hemorragia estiver inconsciente, ela pode estar em


estado de choque.

Estado de choque

Uma vítima entra em estado de choque quando há diminuição do fluxo de


oxigênio para as células de seu corpo e para os órgãos vitais (coração,
cérebro, rins, fígado e pulmões). Se o coração e outro órgão vital não receber
oxigênio em quantidade suficiente, não funcionará normalmente e a vítima
corre o risco de morrer.

Esse problema é bastante comum em vítimas que apresentam hemorragias


(principalmente as internas), que levaram choque elétrico, estão com
ferimentos graves e/ou fraturas expostas. Com a pressão arterial muito baixa,
as células do organismo não recebem sangue e, portanto, não recebem
oxigênio em quantidade suficiente.

Pessoas que sofreram fortes emoções ou que passaram por grandes cirurgias
podem também ficar em estado de choque.

Você conhece os sintomas e os sinais de um estado de choque?

São os seguintes:

• Inconsciência;
• Suor excessivo;

274
• Pele fria e úmida;
• Náusea;
• Vômito;
• Pulso fraco;
• Respiração irregular;
• Lábios arroxeados;
• Sensação de frio e de tremor.

E o que fazer nessa situação? O ideal é:

• Tentar eliminar a causa do estado de choque. Por exemplo: conter a


hemorragia ou cuidar dos ferimentos;
• Manter a vítima deitada com a cabeça mais baixa do que o tronco, a
menos que ela apresente fraturas no crânio ou na coluna ou hemorragia
nasal;
• Afrouxar as roupas da vítima, deixando-lhe livre a cintura, o peito e o
pescoço;
• Manter a vítima aquecida e com as vias áreas desobstruídas.

Agora, vamos falar sobre outro assunto muito importante: você já se deparou
com situações de convulsões e desmaios? É necessário saber lidar com elas,
pois são bastante comuns no dia a dia do trânsito.

Convulsão

A convulsão é a contração involuntária dos músculos do corpo; pode


provocar a perda da consciência e movimentos involuntários e
descoordenados.

Os sinais e sintomas dessa crise são:

• Inconsciência;
• Salivação excessiva;
• Olhos virados para cima;

275
• Lábios de cor azulada e cabeça inclinada para trás;
• Contrações involuntárias no corpo todo.

Depois de identificar os sintomas, deve-se virar a vítima de lado (a fim de


evitar a obstrução das vias aéreas), proteger a cabeça para evitar
lesões e retirar de perto qualquer objeto que possa machucá-la. Se a vítima
estiver usando óculos, colares, anéis e relógio, é preciso retirá-los.

Assim que as convulsões terminarem, deve-se procurar ajuda médica e


manter a vítima deitada até que fique consciente novamente.

Desmaio

O desmaio ocorre quando a pessoa perde temporariamente os sentidos do


corpo, não conseguindo ficar em pé. Os sintomas são:

• Palidez;
• Corpo amolecido e sem força;
• Sensação de frio;
• Tontura;
• Suor excessivo;
• Inconsciência;
• Pulso fraco;
• Respiração fraca.

Em caso de desmaio, deve-se colocar a vítima deitada com as pernas para


cima, afrouxar suas roupas e verificar respiração e pulsação. Depois que ela
estiver consciente, é necessário conversar com a vítima e acalmá-la.

Amputação

É quando a vítima apresenta um membro ou parte dele totalmente


separado do resto do corpo.

276
O que fazer:

• Guardar o membro em um saco plástico limpo e deixá-lo bem fechado;


• Colocar o saco dentro de outro com gelo e deixá-lo igualmente bem
fechado;
• Quando o socorro chegar, a vítima deverá ser removida juntamente com
o saco que contém o membro.

É muito importante saber que, nesses casos, é necessário evitar que a vítima
se agite ou faça movimentos. Entretanto, existem situações em que a
movimentação se torna necessária − e só deverá ser feita para afastar o
acidentado de um perigo maior, como risco de atropelamento, de incêndio e de
afogamento.

Nesta Unidade de Estudo, você aprendeu a respeito dos primeiros


atendimentos que devem ser prestados a vítimas de acidentes de
trânsito. Esperamos que você tenha compreendido a importância
da prestação desses atendimentos e a necessidade de acionar imediatamente
o socorro médico. Agora realize as atividades propostas. Até a próxima
Unidade!

Referências

BRASIL. Lei n. 14.071, de 13 de outubro de 2020. Altera a Lei n. 9.503, de 23


de setembro de 1997 (Código de Trânsito Brasileiro), para modificar a
composição do Conselho Nacional de Trânsito e ampliar o prazo de validade
das habilitações; e dá outras providências. Diário Oficial da União, Poder
Legislativo, Brasília, DF, 14 out. 2020. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2020/Lei/L14071.htm>.
Acesso em: 10 out. 2021.

277
DETRAN/RJ – DEPARTAMENTO DE TRÂNSITO DO ESTADO RIO DE
JANEIRO. Coordenadoria de Educação. Renovação da CNH. Conteúdos e
provas simuladas. Rio de Janeiro: Detran, 2016. Disponível em:
<http://www.detran.rj.gov.br/_include/on_line/cartilha/cartilha.pdf>. Acesso em:
17 mar. 2021.

278
Núcleo Temático 3 – Noções de Primeiros Socorros
Unidade de Estudo 4 – Cuidados com a vítima (o que não fazer)

Objetivo: diferenciar as ações adequadas das não adequadas nos primeiros


socorros com vítimas de acidentes de trânsito.

Tópicos desta Unidade:

• Ações que devem ser executadas na ocorrência de acidentes de


trânsito;
• Extintor de incêndio: regras vigentes;
• Comportamentos inadequados em acidentes de trânsito;
• Cuidados para não movimentar a vítima de acidentes.

Olá! Você sabe que um descuido pode ser fatal no momento do


socorro, não é? Quando um acidente ocorre, sinalizar o local e
chamar o atendimento especializado são as primeiras providências
a serem tomadas. Mas o que fazer e o que não fazer até a chegada dos
socorristas profissionais? Isso é o que vamos ver nesta Unidade de Estudo.
Preparado? Então, vamos começar!

Ações que devem ser executadas na ocorrência de acidentes de trânsito

O sucesso no atendimento e o cuidado com uma vítima de acidente de trânsito


dependem de ações adequadas e realizadas corretamente.

Ações básicas que podem salvar vidas:

• Acionar os recursos especializados, como o Corpo de Bombeiros, o


Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU), o atendimento
emergencial especializado das concessionárias de rodovias;
• Sinalizar e isolar a área do acidente o mais rápido possível;
• Avaliar o local para identificar riscos, como alta tensão, vazamento
de combustível e instabilidade do veículo (o carro pode se movimentar a
qualquer momento provocando novos acidentes);

279
• Identificar os riscos e adotar medidas de segurança para quem está
prestando socorro, para a(s) vítima(s) e para os demais presentes no
local; caso o socorrista identifique pontos cortantes (como cacos de
vidro ou objetos pontiagudos) nas proximidades do local do acidente (na
calçada, por exemplo), é ideal que os cubra para evitar exposição direta
e, assim, evitar um novo acidente com outras pessoas;
• Proteger o local do acidente de curiosos e impedir que retirem a vítima
do local antes da chegada do atendimento especializado;
• Se a vítima apresentar lesões, deve-se providenciar atendimento e
procurar as causas;
• Não movimentar a vítima, pois isso pode provocar outros ferimentos ou
fraturas ainda maiores (no caso de haver alguma);
• Evitar o pânico no local (não entrar em pânico também, porque isso
assustará a vítima);
• Não fumar ou fazer qualquer uso de fogo no local do acidente;
• Com segurança, desligar a chave de ignição dos veículos envolvidos
no acidente (no caso de vazamento de combustível);
• É importante estar preparado para utilizar o extintor de incêndio, se
for o caso de um veículo cujo uso é obrigatório ou de um veículo
que tenha feito a opção de tê-lo.

Figura 1 – Socorristas atuando na movimentação da vítima.


Fonte: Freepik.

280
Extintor de incêndio: regras vigentes

O uso do extintor de incêndio tornou-se facultativo para automóveis,


utilitários, camionetas, caminhonetes e triciclos de cabine fechada, porém é
considerado um grande aliado no combate ao início de incêndio em veículos
automotores em caso de acidente. Ele deve ser instalado na parte dianteira do
habitáculo do veículo, ao alcance do condutor.

Os proprietários de veículos que optarem por utilizar o extintor de incêndio


deverão seguir as normas dispostas na Resolução Contran n. 556/2015 1.

“É obrigatório o uso do extintor de incêndio para


caminhão, caminhão-trator, micro-ônibus, ônibus, veículos
destinados ao transporte de produtos inflamáveis,
líquidos, gasosos, e para todo veículo utilizado no
transporte coletivo de passageiros.”
Brasil, 2015

Não basta somente equipar o veículo com o extintor; é necessário saber


manuseá-lo corretamente, caso seja preciso utilizá-lo. O próprio equipamento
vem com instruções para o manuseio adequado.

Veja como deve ser feito o manuseio e o uso desse equipamento.

Para saber como utilizar esse equipamento, é preciso levar em conta o tipo de
combustível que está sendo queimado. Observe a classificação:

Classe A Classe B Classe C


Sólidos inflamáveis Líquidos e combustíveis Equipamento
inflamáveis eletroeletrônico
energizado.

1
https://www.in.gov.br/materia/-/asset_publisher/Kujrw0TZC2Mb/content/id/32858075/do1-2015-09-
18-resolucao-n-556-de-17-de-setembro-de-2015-32858050

281
Você sabe qual é o agente extintor exigido pela legislação de
trânsito?

O agente triclasse (pó químico seco), presente nos extintores, pode ser
usado nas três classes de incêndio mais difundidas (classes A, B e C). Para
combater um princípio de incêndio em veículos automotores, é necessário
cuidar com o manuseio adequado do extintor e seguir alguns passos:

a. Retirar o extintor do suporte;


b. Levá-lo ao local do incêndio;
c. Manter distância de segurança do fogo;
d. Posicionar-se a favor do vento (quando bater nas costas);
e. Retirar a trava do gatilho (válvula) para romper o lacre;
f. Pressionar o gatilho e direcionar o jato do agente extintor para a base do
fogo, movimentando-o em leque e criando uma nuvem, pois o pó
químico seco extingue o fogo por abafamento;
g. Conferir a validade e a pressão do extintor de incêndio do veículo
regularmente, mesmo que não tenha sido utilizado. Quando o extintor for
utilizado, providenciar sua reposição imediatamente.

Deve-se manter o extintor carregado e com a pressão adequada.

As autoridades de trânsito, ou seus agentes, deverão fiscalizar os extintores de


incêndio nos veículos cujo uso é obrigatório, verificando os seguintes itens
(redação dada pela Resolução n. 556, de 17 de setembro de 2015 2, que altera
o art. 9º da Resolução n. 157/2004):

I. O indicador de pressão não pode estar na faixa vermelha;


II. Integridade do lacre;
III. Presença da marca de conformidade do INMETRO;
IV. Os prazos da durabilidade e da validade do teste hidrostático do extintor
de incêndio não devem estar vencidos;

2
https://www.in.gov.br/materia/-/asset_publisher/Kujrw0TZC2Mb/content/id/32858075/do1-2015-09-
18-resolucao-n-556-de-17-de-setembro-de-2015-32858050

282
V. Aparência geral externa em boas condições (sem ferrugem, amassados
ou outros danos);
VI. Local da instalação do extintor de incêndio.

Caso o extintor não apresente esses itens, o condutor estará sujeito à


aplicação das sanções previstas no art. 230, incisos IX e X do Código de
Trânsito Brasileiro (CTB).

“Art. 230. Conduzir o veículo:


................
IX - sem equipamento obrigatório ou estando este
ineficiente ou inoperante;
X - com equipamento obrigatório em desacordo com o
estabelecido pelo CONTRAN;
......................
Infração - grave;
Penalidade - multa;
Medida administrativa - retenção do veículo para
regularização;”

Brasil, 1997.

Agora que você viu os passos para o sucesso de um atendimento e como usar
e manusear adequadamente o extintor de incêndio, é preciso relembrar os
tipos de comportamento que não são adequados em um acidente de trânsito.

Comportamentos inadequados em acidentes de trânsito

Sempre que possível, é importante não adotar atitudes que possam prejudicar
o atendimento ou agravar as condições de saúde da vítima, por exemplo:

• Abandonar o local do acidente e a vítima;


• Omitir socorro;
• Remover a vítima que está presa nas ferragens;
• Tumultuar o local;
• Deixar de colaborar com as autoridades (elas podem solicitar
testemunho ou remoção de um ferido para outro local).

283
Com base no que você viu até agora, o atendimento à vítima fica
mais fácil, não é? Mas o que fazer para não movimentar o ferido no
momento do socorro? É o que você vai ver a seguir.

Cuidados para não movimentar a vítima de acidente de trânsito

A recomendação é clara: não remover e não mexer na vítima, pois a remoção e


a movimentação são ações de responsabilidade do SAMU.

Essa recomendação só não vale em casos de risco iminente para a vítima,


como incêndio, afogamento ou outras situações que ofereçam risco de morte
caso se permaneça no local do acidente. Nessas situações, as vítimas que
estão no interior do veículo devem ser retiradas. Mas lembre-se: não se deve
remover a vítima se não estiver preparado, e jamais deixar de acionar os
recursos especializados!

E como o socorrista deve remover a vítima em situações de


extremo risco, como em um incêndio imediato?

Deve-se:

• Abraçar o tronco da vítima pelas costas e aproximá-la até o seu tórax


(peito);
• Apoiar a cabeça da vítima em seu ombro, imobilizando o pescoço e
evitando que ela o movimente (fazer isso com calma para não machucar
a vítima);
• Após realizar esses procedimentos, levar a vítima até um local seguro e
deixá-la deitada em uma superfície plana, mantendo a imobilização da
cabeça e do pescoço.

284
O que é importante lembrar
1 Se a vítima estiver consciente, deve-se perguntar nome, número de telefone
para contato e endereço.
Se a vítima estiver consciente, é muito importante realizar a verificação
do seu estado por meio da entrevista, pois isso auxilia no controle dos
sinais vitais e traz conforto emocional. O socorrista deve apresentar-se à
vítima, dizer seu nome, fazer perguntas objetivas para obter respostas diretas
e rápidas, criar um vínculo de diálogo com ela e prestar atenção às suas
respostas. Se a vítima parar de falar, esquecer o que houve ou não souber o
próprio nome, endereço ou referências, isso pode ser sinal de lesões ou
choque emocional.
2 Se a vítima estiver inconsciente, devem-se abrir os olhos dela e verificar suas
pupilas.

• Pupilas normais: significam, geralmente, que não existem lesões


neurológicas aparentes e há oxigenação;
• Pupilas diferentes: quando uma está normal e a outra dilatada, isso
significa presença de lesão neurológica. Deve-se intensificar a
avaliação, pois pode haver parada cardiorrespiratória;
• Pupilas dilatadas: significam parada cardiorrespiratória. É possível
que haja também lesão neurológica.
Sempre que a vítima estiver inconsciente, deve-se suspeitar de lesões na
coluna, traumatismo craniano ou hemorragias graves. É importante não
movimentar a vítima, manter a calma, verificar os sinais vitais e repassar
informações sobre as condições do acidentado ao socorro especializado.
3 Em hipótese alguma retirar qualquer corpo estranho dos ferimentos.
4 Mesmo que a vítima pareça estar bem, é indispensável encaminhá-la para um
profissional de saúde.
5 Se houver mais de uma vítima no acidente, os casos mais graves devem ser
atendidos primeiramente.
6 Caso o acidente seja com uma motocicleta, não se deve retirar o capacete
da(s) vítima(s).
Esse tipo de socorro, se realizado incorretamente, poderá causar uma lesão
da coluna vertebral. Somente será permitida a retirada do capacete quando a
respiração estiver dificultada. Mas atenção: não se deve movimentar o
corpo da vítima.

285
Chegamos ao final de mais um Núcleo Temático! Esperamos que
você tenha compreendido a importância de estar seguro e
consciente no momento de prestar socorro a uma vítima. Sempre
que se encontrar em uma emergência, lembre-se dos cuidados que você deve
tomar e dos comportamentos inadequados que devem ser evitados para
diminuir as chances de agravamento do estado de saúde da vítima. Até o
próximo Núcleo Temático!

Referências

BRASIL. Lei n. 9.503, de 23 de setembro de 1997. Institui o Código de Trânsito


Brasileiro. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 24 set.
1997. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9503.htm>.
Acesso em: 11 out. 2021.

_____. Lei n. 14.071, de 13 de outubro de 2020. Altera a Lei n. 9.503, de 23 de


setembro de 1997 (Código de Trânsito Brasileiro), para modificar a composição
do Conselho Nacional de Trânsito e ampliar o prazo de validade das
habilitações; e dá outras providências. Diário Oficial da União, Poder
Legislativo, Brasília, DF, 14 out. 2020. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2020/Lei/L14071.htm>.
Acesso em: 11 out. 2021.

BRASIL. CONTRAN – Conselho Nacional do Trânsito. Resolução Contran n.


556, de 17 de setembro de 2015. Torna facultativo o uso do extintor de
incêndio para os automóveis, utilitários, camionetas, caminhonetes e triciclos
de cabine fechada. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 18
set. 2015. Disponível em: <https://www.gov.br/infraestrutura/pt-
br/assuntos/transito/conteudo-contran/resolucoes/resolucao5562015.pdf>.
Acesso em: 11 out. 2021.

286
Núcleo Temático 4 – Relacionamento Interpessoal
Unidade de Estudo 1 – Cidadania, relacionamento interpessoal e
comportamento solidário no trânsito

Objetivo: ampliar conhecimentos sobre cidadania e relacionamento


interpessoal, a fim de reconhecer a necessidade de comportamentos solidários
no trânsito e ações de proteção à vida e ao meio ambiente.

Tópicos desta Unidade

• Ser humano: trânsito, cidadania e meio ambiente;


• Indivíduo, grupo e sociedade;
• Necessidades do ser humano no convívio social;
• Educação para o trânsito;
• Relação indivíduo, via e veículo;
• Comunicação no trânsito;
• Relacionamento social no trânsito;
• Comportamento solidário no trânsito.

Olá! Você conhece seus direitos e deveres como cidadão? E tem


ideia de como suas ações se refletem no trânsito no dia a dia?
Nesta Unidade, você poderá ampliar sua compreensão sobre o
conceito de cidadania, verificar de que maneira o relacionamento interpessoal
influencia as atitudes das pessoas e reconhecer o valor e a necessidade de
comportamentos mais solidários no trânsito. Vamos lá?

Ser humano: trânsito, cidadania e meio ambiente

O homem é o ser vivo que mais modifica o meio ambiente em que vive. As
alterações que produz provocam desequilíbrios ambientais e, como
consequência, geram a devastação da biosfera do planeta. O ser humano tem
a responsabilidade de cuidar do ambiente e zelar pela sua conservação,
preservação e reconstrução.

287
O Código de Trânsito Brasileiro (CTB) estabelece uma relação entre o
comportamento dos cidadãos para com o meio ambiente, a sociedade e o
cumprimento das regras de trânsito. Em seu capítulo XIV, art. 148, parágrafo
1º, o CTB define que “a formação de condutores deverá incluir
obrigatoriamente, curso de direção defensiva e de conceitos básicos de
proteção ao meio ambiente relacionados com o trânsito.” (Brasil, 1997).

Figura 1 – Cidadania e meio ambiente.


Fonte: Shutterstock/Gualberto Becerra.

Indivíduo, grupo e sociedade

Se você observar com atenção, verá que as pessoas estão quase sempre em
grupos. Ainda que alguém more ou viva sozinho, pertencerá a um ou mais
grupos. Assim, podemos dizer que o ser humano é um ser social, porque vive
em sociedade, ou seja, em grupos.

Estudos realizados por cientistas e pesquisadores apontam que os seres


humanos se desenvolveram vivendo dessa maneira, reunidos à beira do fogo
para se aquecer, morando em cavernas e em outros abrigos.

288
Viver em sociedade faz parte da natureza humana, pois é no relacionamento
com outros indivíduos e com o meio ambiente que o ser humano alcança a
satisfação e a realização pessoal, se renova e se adapta a novos ambientes e
isso colabora com a satisfação de suas necessidades sociais.

Já o individualismo, o isolamento ou a vida em grupos rígidos podem pôr em


risco uma convivência pautada na vontade geral, no respeito às diferenças e
em outros princípios da sociedade em um Estado democrático de direitos e
deixar as pessoas vulneráveis a riscos. É importante ter com quem contar.

Necessidades do ser humano no convívio social

É da natureza do ser humano ter necessidades que só podem ser satisfeitas no


convívio com outras pessoas. Como exemplos, podemos citar:
A busca por novas experiências e sensações diferentes
daquelas vivenciadas no cotidiano.

A busca por simpatia, amor e amizade no convívio com


outras pessoas.

A segurança diante de perigos e incertezas.

O reconhecimento e a aceitação pelos demais indivíduos.

A satisfação em ajudar o próximo.

Você Sabia?
A dignidade da pessoa humana é o princípio universal do qual
derivam os direitos humanos e os valores e atitudes fundamentais
para o convívio social.

289
Educação para o trânsito

Para ser condutor de um veículo, não basta conhecer regras, normas ou leis,
pois o trânsito exige além disso. Estar habilitado para dirigir envolve assumir
uma postura correta como condutor e como passageiro.

É importante que o condutor saiba que o bom convívio social e o respeito


aos demais usuários da via são fundamentais.

O CTB dispõe sobre a inserção de educação de trânsito nas escolas como


conteúdo interdisciplinar. O objetivo é formar cidadãos mais engajados e
conscientes nas questões relativas ao trânsito. A aproximação da criança, dos
adolescentes e jovens, com a realidade do trânsito, nos anos de escolarização,
favorece de forma significativa a formação de um futuro condutor responsável e
comprometido com a segurança, com a preservação do meio e com a
prevenção de acidentes.

O respeito mútuo e a cooperação são princípios


essenciais para o convívio e a segurança no trânsito.

O objetivo da educação para o trânsito é incentivar condutores e


pedestres a desenvolver atitudes e comportamentos corretos e seguros.

A educação para o trânsito ganhou ainda mais força com a Lei n. 14.071/20,
que permite aos Estados e ao Distrito Federal criar, implantar e manter escolas
públicas de trânsito, destinadas à educação de crianças e adolescentes, por
meio de aulas teóricas e práticas sobre legislação, sinalização e
comportamento no trânsito (Brasil, 2020).

Cabe ao condutor colaborar para um trânsito seguro e respeitar as normas a


fim de valorizar não só a sua segurança e a própria vida, mas a segurança e a
vida de todos.

290
Figura 2 – Educação para o trânsito.
Fonte: Shutterstock/David Tadevoslan.

Relação indivíduo, via e veículo

Você já parou para pensar em como ocorre essa relação entre o


indivíduo, a via e o veículo?

Alguns valores sociais ficam claros nessa relação, tais como:

• O indivíduo é quem comanda as ações no trânsito;


• A responsabilidade deve ser assumida pelo indivíduo;
• É por meio da ação do indivíduo que a via é transformada;
• É o indivíduo quem manobra o veículo.

O comportamento humano e os conflitos entre as pessoas interferem no


trânsito. Atitudes de desordem em um veículo comprometem a segurança de
todos.

291
Sabendo disso, é importante refletir sobre as relações do ser humano com os
temas referentes ao trânsito.

Comunicação no trânsito

Comunicação é a forma como as pessoas se relacionam entre si, dividindo


e trocando experiências, ideias, sentimentos e informações. Sem ela, cada um
viveria em um mundo isolado.

Comunicar é transmitir ou compartilhar uma informação.

As mensagens podem ser representadas por palavras, gestos, olhares,


movimentos do corpo e sinais, e o ser humano também faz uso desses
recursos para atender às suas necessidades de deslocamento com segurança.
Nesse sentido, o Código de Trânsito Brasileiro (CTB) colabora de forma
fundamental, apresentando diferentes formas de comunicação para orientar o
trânsito.

Essas orientações contidas no CTB são fundamentais para o processo de


comunicação no trânsito, mas a eficácia desse processo depende dos
valores pessoais, aqueles que as pessoas trazem desde a infância, desde os
primeiros anos escolares, mas também aprendem ao longo da vida com as
experiências, exemplos e orientações.

Por isso, é importante o condutor entender que os seus valores podem ser
diferentes dos valores dos demais condutores. Dessa forma, todos podem se
tornar mais tolerantes, tentando resolver as situações por meio de um processo
de comunicação eficiente, que priorize o respeito ao outro.

De acordo com o CTB (Brasil, 1997), o espaço público pertence a todos.


Assim, todos têm direitos e deveres no trânsito que precisam ser cada vez
mais respeitados. Essa constatação reforça a importância e a necessidade de
se iniciar a educação voltada ao trânsito desde a idade escolar, pois somente

292
por meio da educação a sociedade poderá contar com cidadãos: pedestres,
ciclistas, motociclistas e condutores cada vez mais conscientes e preparados.

Como já visto anteriormente, no trânsito, quanto maior e mais


potente for o veículo, maior é a responsabilidade do
condutor, assim como os condutores de veículos motorizados são
responsáveis pelos não motorizados, e todos esses são responsáveis pelos
pedestres.

A dificuldade de locomoção no trânsito e a falta de


comunicação podem gerar conflitos. Os condutores, às vezes, podem não
fazer questão de entender o que os demais estão tentando comunicar e podem
não ser claros em relação ao que desejam fazer. Isso acarreta atitudes
impulsivas e em infrações graves e gravíssimas no trânsito, por exemplo:

Estacionar em local Avançar o sinal vermelho Dirigir acima do limite


proibido
permitido pela via

A desarmonia e a falta de comunicação podem, muitas vezes, causar


acidentes graves, motivados principalmente por problemas de
relacionamento social no trânsito.

293
Relacionamento social no trânsito

Para favorecer o convívio com outras pessoas, principalmente no trânsito, é


necessário que o condutor respeite os direitos e os deveres de cada ser
humano.

A boa conduta envolve valores morais, éticos e sociais, entre outros, que
influenciam o comportamento das pessoas.

Comportamento solidário no trânsito

O respeito ao próximo vem muito antes das leis de trânsito. Acompanhe


algumas ações valiosas que podem colaborar para o bom andamento das
relações que se estabelecem no trânsito:

• Respeitar as pessoas e ser cordial com elas;


• Parar o veículo antes da faixa de segurança de pedestre, respeitando o
espaço reservado a cada um;
• Facilitar a ultrapassagem e o fluxo, mudando de faixa e conduzindo o
veículo pela pista da direita;
• Quando um condutor pedir passagem, deve-se diminuir a velocidade e
deixá-lo passar, pois no trânsito não se disputa corrida;
• O condutor deve sempre estar atento aos movimentos, fazendo uso
do espelho retrovisor e usando as setas antes mudar de pista, pois não
se anda sozinho pelas vias;
• Deve-se manter a calma e ser paciente em vez de buzinar
excessivamente;
• Com tempo chuvoso, neblina, cerração, o condutor deve diminuir a
velocidade, considerando os riscos que a pista molhada oferece;
• O condutor e o passageiro das motocicletas devem sempre usar o
capacete com viseira ou óculos, e vestuário de acordo com as
especificações aprovadas pelo Contran.
• Todos os condutores devem ter uma direção defensiva e um
comportamento solidário no trânsito.

294
Você percebeu a importância da cidadania, da comunicação e do
respeito ao meio ambiente? O bom relacionamento interpessoal
entre os condutores é essencial para que a paz no trânsito possa
ser construída. É necessário estarmos sempre atentos ao trânsito para
que seja possível tomar decisões corretas e prevenir acidentes. Responda aos
exercícios desta Unidade de Estudo, e até a próxima!

Referências

BID – BANCO INTERAMERICANO DE DESENVOLVIMENTO. Estúdio de


Seguridad del Tránsito de América Latina y Región del Caribe (ALCA):
práticas más adecuadas, estrategias y planos de acción. Brasília: BID, 1998.

BRASIL. Lei n. 9.503, de 23 de setembro de 1997. Institui o Código de Trânsito


Brasileiro. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 24 set.
1997. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9503.htm>.
Acesso em: 13 out. 2021.

_____. Lei n. 14.071, de 13 de outubro de 2020. Altera a Lei n. 9.503, de 23 de


setembro de 1997 (Código de Trânsito Brasileiro), para modificar a composição
do Conselho Nacional de Trânsito e ampliar o prazo de validade das
habilitações; e dá outras providências. Diário Oficial da União, Poder
Legislativo, Brasília, DF, 14 out. 2020. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2020/Lei/L14071.htm>.
Acesso em: 13 out. 2021.

DETRAN/PR − Departamento de Trânsito do Paraná. Educação para o trânsito.


Detran, maio 2016. Disponível em:
<http://www.educacaotransito.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conte
udo=25>. Acesso em: 18 mar. 2021.

295
Núcleo Temático 4 – Relacionamento Interpessoal
Unidade de Estudo 2 – Respeito às normas de segurança no
trânsito e perfil psicológico do condutor

Objetivo: identificar características e perfil psicológico do condutor que


influenciam seu comportamento e podem levá-lo a respeitar ou desrespeitar as
normas de segurança no trânsito.

Tópicos desta Unidade

• Características do condutor;
• Perfil psicológico do condutor;
• Comportamentos do condutor e respeito às normas de trânsito.

Olá! Nesta Unidade de Estudo, você relembrará as características


e o perfil psicológico do condutor que influenciam o comportamento
no trânsito. Preparado? Então, vamos lá!

Como você aprendeu na unidade anterior, a boa comunicação e


o relacionamento interpessoal saudável são importantes para reconhecer os
diferentes comportamentos dos condutores.

O ser humano é considerado o agente principal para a melhoria da


qualidade do trânsito nas cidades. Nesse sentido, no ambiente urbano das
grandes cidades e em todos os locais, é fundamental que, ao transitar, todos
prezem pelo respeito e pela boa convivência.

Características do condutor

Existem algumas características estabelecidas por lei que auxiliam o psicólogo


a fazer a avaliação de um condutor que está renovando a CNH ou que irá
realizar o primeiro teste para mostrar que está apto a dirigir. Para avaliar um
condutor, o psicólogo vai considerar:

296
1 Traços da personalidade
2 Comportamento
3 Tomada de informação
4 Processamento de informação

A avaliação tem a finalidade de investigar se o condutor (ou futuro condutor)


apresenta características que podem facilitar a ocorrência de situações de
risco, tanto para si quanto para os outros.

É importante frisar que, para cada categoria de habilitação, são analisadas


diferentes características psicológicas. Certos fatores, como os neurológicos,
a atenção, o raciocínio, a ansiedade, a irritabilidade e o uso de
drogas, lícitas 1 e ilícitas 2, são considerados decisivos para o convívio no
trânsito e a condução de um veículo.

Você sabia que os conflitos familiares e a agressividade estão diretamente


relacionados à ocorrência de acidentes de trânsito? Além disso, algumas
outras características do ser humano também podem influenciar, tais como:

• Felicidade;
• Controle emocional;
• Personalidade;
• Inteligência;
• Modo de percepção do ambiente;
• Raiva;
• Estresse.

Você sabe quais são as características de um condutor


responsável?

1
Que a produção e consumo são legalizadas.
2
Drogas cuja comercialização é proibida pela legislação

297
Acompanhe alguns exemplos a seguir. Entre as características que mais se
destacam, estão as seguintes:

• A capacidade de reagir antecipadamente ao perigo;


• A compreensão de que o trânsito é dinâmico (ele muda o tempo todo);
• A compreensão de que o trânsito é coletivo (todos têm direitos e
deveres);
• O gerenciamento adequado do tempo, que influencia diretamente no
gerenciamento da velocidade;
• O conhecimento dos acidentes que podem ser ocasionados pelo uso de
drogas lícitas e ilícitas.

Como já ressaltamos anteriormente, avaliar as características do condutor é


fundamental no processo de habilitação ou renovação da CNH. Essa
avaliação permite que o psicólogo observe se o condutor está qualificado para
dirigir ou se pode provocar situações de risco para si e para os outros.

Figura 1 – Comportamento adequado e responsável.


Fonte: Shutterstock/Photographee.eu.

298
Comportamento adequado e responsável no trânsito exige calma e paciência,
cordialidade e alteridade 3.

Perfil psicológico do condutor

Comportamentos inadequados, como imprudência ao volante,


intolerância, agressão e desatenção, causam sensação de insegurança a
todos os usuários do trânsito.

Figura 2 – Comportamento inadequado de condutores.


Fonte: Shutterstock/Bilial Kocabas.

O condutor responsável:

• Raramente se envolve em acidentes de trânsito;


• Age com respeito, de modo solidário, consciente e dirige educadamente, na
velocidade adequada à via, sempre atento às normas e às regras, a fim de
promover segurança da sua vida e da vida do próximo.

3
Do francês altérité, mudança; caráter ou estado do que é diferente, distinto, que é outro; que enxerga
o outro.

299
Saiba Mais
Para saber mais sobre esse assunto, acesse a Resolução n. 425,
de 27 de novembro de 2012 4, do Conselho Nacional de Trânsito
(Contran).

É importante destacar que conduzir um veículo não é um direito do cidadão,


mas uma concessão.

Se o indivíduo mostra estar apto, é concedida a ele a permissão para dirigir,


desde que atenda aos critérios preestabelecidos por lei, que são as de:

• Apresentar condições físicas e características psicológicas de acordo


com a(s) categoria(s) da CNH para a qual deseja permissão;
• Conhecer as leis de trânsito;
• Ter noções de mecânica;
• Ter domínio do veículo.

O CTB, atualizado pela Lei n. 14.071/20, afirma que, quando houver indícios de
deficiência física ou mental, ou de progressividade de doença que possa
diminuir a capacidade para conduzir o veículo, os prazos previstos para
renovação da CNH poderão ser reduzidos, de acordo com o perito examinador
(Brasil, 2020).

A exigência de que o condutor tenha boas condições físicas e mentais será


verificada por exames e por avaliações psicológicas, as quais deverão ser
limitadas aos aspectos técnicos e à regulamentação do Contran, que serão até
mesmo fiscalizadas pelos conselhos profissionais de medicina e psicologia, no
mínimo 1 (uma) vez por ano, tamanha a importância de tais testes.

4
https://www.gov.br/infraestrutura/pt-br/assuntos/transito/conteudo-
contran/resolucoes/resolucao5832016.pdf

300
Comportamentos do condutor e respeito às normas de trânsito

Confira agora alguns tipos de comportamento de um condutor.


Direção defensiva
O condutor está atento na direção, cuidando de si e de todos os que
estão com ele na via. O veículo está sempre em perfeitas condições
de segurança e funcionamento, com todas as luzes e
componentes funcionando perfeitamente e a documentação em ordem. O
condutor está ciente do trajeto a ser percorrido e das regras de preferência,
de modo que ele trafega sem colocar em risco a sua própria segurança ou a
de outras pessoas.
Direção agressiva
O condutor, por leviandade ou ignorância, não respeita as normas de
trânsito e dirige de forma perigosa para si mesmo e para os
demais, causando, muitas vezes, acidentes graves.
Atenção difusa (dividida)
É quando o condutor distribui a atenção com tudo o que está à sua
volta, ou seja, utiliza todos os meios a fim de ter uma visão completa do que
o cerca. Esse é o tipo de atenção que todo o condutor deve ter.
Atenção fixa
É quando o condutor, por cansaço ou inexperiência, fixa a atenção
somente no que está à sua frente, esquecendo-se das laterais,
da retaguarda e do painel.
Atenção dispersiva
Ocorre quando o condutor, por excesso de confiança, sono ou por ter
ingerido álcool ou drogas, dirige sem a devida atenção no que está à
sua volta. Essa conduta causa acidentes graves.
Ação evasiva
É a manobra executada por um condutor no intuito de escapar de um perigo,
por exemplo, uma freada brusca ou uma repentina mudança de direção. Por
isso, o condutor deve estar sempre atento.
Automatismos
O condutor experiente, familiarizado com seu veículo, executa certos
atos automaticamente. Alguns desses atos são corretos, como mudar as
marchas no tempo certo e desengrenar o veículo nos sinais. Mas outros são
incorretos, entre os quais, deixar o pé sobre a embreagem e fazer manobras
sem dar os devidos sinais.

301
Nesta Unidade de Estudo, você observou algumas das
características dos condutores, e é de extrema importância que
você esteja bem informado quanto a isso para saber como lidar
com as diversas situações que poderão surgir no decorrer da sua vida como
condutor. Colaborar para a paz no trânsito faz parte de sua postura como
condutor e cidadão, nunca se esqueça disso. Até a próxima Unidade!

Referências

BRASIL. Lei n. 9.503, de 23 de setembro de 1997. Institui o Código de Trânsito


Brasileiro. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 24 set.
1997. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9503.htm>.
Acesso em: 13 out. 2021.

_____. Lei n. 14.071, de 13 de outubro de 2020. Altera a Lei n. 9.503, de 23 de


setembro de 1997 (Código de Trânsito Brasileiro), para modificar a composição
do Conselho Nacional de Trânsito e ampliar o prazo de validade das
habilitações; e dá outras providências. Diário Oficial da União, Poder
Legislativo, Brasília, DF, 14 out. 2020. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2020/Lei/L14071.htm>.
Acesso em: 13 out. 2021.

BRASIL. CONTRAN – Conselho Nacional do Trânsito. Resolução Contran n.


425, de 27 de novembro de 2012. Dispõe sobre o exame de aptidão física e
mental, a avaliação psicológica e o credenciamento das entidades públicas e
privadas de que tratam o art. 147, I e §§ 1º a 4º e o art. 148 do Código de
Trânsito Brasileiro. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 10
dez. 2012. Disponível em: <https://www.gov.br/infraestrutura/pt-
br/assuntos/transito/conteudo-contran/resolucoes/resolu-o-uo-425-1.pdf>.
Acesso em: 13 out. 2021.

CFP – CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA. Resolução n. 12, de 20 de


dezembro de 2000. Institui o Manual para Avaliação Psicológica de Habilitação
e Condutores de Veículos Automotores. Diário Oficial da União, Poder
Legislativo, Brasília, 21 dez. 2000. Disponível em: <http://site.cfp.org.br/wp-
content/uploads/2000/12/resolucao2000_12.pdf>. Acesso em: 13 out. 2021.

302
DOLENS, L. R. C.; TOMÉ, A. M.; FORMIGA, N. S. A importância da
avaliação psicológica e suas contribuições no contexto do
trânsito. Psicologia.pt, 20 abr. 2020. Disponível em:
<https://www.psicologia.pt/artigos/textos/A1399.pdf>. Acesso em: 13 out. 2021.

GOUVEIA, V. V. et al. Atitudes frente à avaliação psicológica para condutores:


perspectivas de técnicos, estudantes de psicologia e usuários. Psicologia:
Ciência e Profissão, Brasília, DF, v. 22, n. 2, jun./2002. Disponível em:
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-
98932002000200007>. Acesso em: 13 out. 2021.

LAMOUNIER, R.; RUEDA, F. J. M. Avaliação psicológica no trânsito:


perspectiva dos motoristas. Periódicos Eletrônicos em Psicologia. Psic:
Revista da Vetor Editora, v. 6 n. 1, São Paulo, jun. 2005. Disponível em:
<http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1676-
73142005000100005>. Acesso em: 13 out. 2021.

SAMPAIO, M. H. de L. Avaliação psicológica no trânsito: análise do


desempenho de motoristas infratores, não infratores e envolvidos em
acidentes. Dissertação (Mestrado em Psicologia como Profissão e Ciência) –
Pontifícia Universidade Católica de Campinas. Campinas, 2012.

303
Núcleo Temático 4 – Relacionamento Interpessoal
Unidade de Estudo 3 – Fatores causadores de estresse e fatores
que influenciam as relações entre condutores no trânsito

Objetivo: compreender os principais fatores que causam estresse e


influenciam as relações entre condutores e demais usuários do trânsito.

Tópicos desta Unidade

• Fatores que influenciam as relações no trânsito;


• Fatores causadores de estresse;
• Fatores que podem diminuir o estresse no trânsito.

Olá! Você já parou para pensar em como um condutor sob efeito


de estresse pode tornar-se suscetível a problemas no trânsito e
aumentar ainda mais o seu sofrimento ou cansaço físico e/ou
emocional? Quais poderiam ser as consequências de dirigir estressado? E
como reagir ao estresse causado pelo trânsito? Nesta Unidade de Estudo, você
verá alguns dos principais fatores causadores de estresse e seus reflexos nas
relações entre condutores e demais usuários no trânsito.

Fatores que influenciam as relações no trânsito

A maioria dos problemas de relacionamento no trânsito acontece em


decorrência de fatores ligados ao relacionamento interpessoal. Vamos
conhecê-los:
Inversão de valores
Muitas vezes, o veículo é utilizado como objeto de competição, vaidade e
força.
Supervalorização do veículo
Existem pessoas que acreditam erroneamente que, quanto melhor for o
veículo, menos deveres e mais direitos o condutor tem.
Egoísmo
Há condutores que se esquecem de que não estão sozinhos no trânsito e
não respeitam os outros condutores e os demais usuários do trânsito.
Falta de controle emocional
Acontece naqueles casos em que o condutor acha que somente seus
problemas e vontades devem ser considerados e respeitados.

304
Desconhecimento das leis
O fato de desconhecer as leis gerais de trânsito e não ter uma boa formação
influencia negativamente no comportamento do condutor, contudo, uma vez
habilitado, não pode alegar desconhecimento das leis e mesmo se o fizesse,
isso não o impossibilita dirigir cautelosamente.
Desrespeito pelos direitos dos outros indivíduos
Quando o condutor comete uma infração de trânsito, provavelmente está
(direta ou indiretamente) ferindo os direitos de outros indivíduos.
Falta de planejamento do percurso
Há condutores que não planejam o percurso para o lugar desejado e
acabam por apressar, perturbar e envolver os outros condutores em
situações de risco.
Desprezo pelos regulamentos e pelas normas
Existem condutores que pensam que as leis foram criadas somente para os
outros condutores cumprirem, e que eles estão isentos.

Fatores causadores de estresse

Nos momentos de estresse, alguns processos hormonais e nervosos são


iniciados pelo organismo e isso explica o aumento do ritmo cardíaco e
do estado de vigilância.

Segundo Lipp e Malagris (2001), qualquer evento que gere uma emoção no
indivíduo, seja ela boa ou ruim, pode ser considerado como uma fonte de
estresse.

O trânsito por si só já afeta a saúde psíquica e física 1 do indivíduo, pois exige


atenção e esforço do condutor para dirigir, o que pode causar fadiga,
ansiedade, estresse, depressão, doenças cardiovasculares, dores pelo
corpo, fobias, entre outros problemas.

1
A saúde afetada pelo trânsito

Estudos realizados por Zanelato e Oliveira (2004), citadas por Santos, Cardoso e Moraes dos Santos
(2012, p.177)

305
Figura 1 – O estresse é prejudicial à saúde e interfere nas reações que o condutor pode vir a
ter ao dirigir.
Fonte: Shuttestock/Lucky Business.

Você certamente já permaneceu em um congestionamento por


muito tempo, não é mesmo? Isso o impediu de chegar a tempo a
seu compromisso? Como você se sentiu?

Saiba que a ocorrência de um congestionamento é um dos fatores que mais


causam estresse no trânsito. Nessas situações é preciso manter a calma e o
equilíbrio emocional.

Pesquisas realizadas 2 indicam que determinados fatores podem gerar estresse


no trânsito. Confira alguns deles:

• Condutores que realizam ultrapassagem perigosa ou proibida;


• Condutores imprudentes que realizam manobras perigosas;
• Condutores que buzinam incessantemente;
• Desvios nas vias;
• Lombadas;

2
Por Santos, Cardoso e Moraes dos Santos (2012, p. 181).

306
• Barulhos na via;
• Neblina;
• Chuva;
• Vento.

Além desses, há os congestionamentos, que aumentam a cada dia devido ao


grande número de veículos emplacados todos os meses, à precariedade do
transporte público e à má qualidade das vias.

Você Sabia?
De acordo com uma pesquisa realizada por Zerbini et al. (2009), o
nível de estresse é semelhante em ambos os sexos, mas no
trânsito varia de acordo com a idade, sendo os condutores mais velhos os
menos estressados.

O estresse pode afetar o condutor em três diferentes níveis:

Físico (corpo) Afetivo (emoções) Cognitivo


(conhecimentos)

Para aquelas pessoas que têm dificuldades cognitivas, o trânsito se torna ainda
mais complexo, pois o ato de pensar e agir de forma correta quando ocorre um
incidente torna-se um obstáculo.

Fatores que podem diminuir o estresse no trânsito

Neste item, serão citadas algumas situações que podem auxiliar o condutor
a diminuir o risco de estresse, tanto no trânsito quanto na vida pessoal.

• Se o condutor morar perto de onde trabalha, pode ir e voltar


caminhando ou de bicicleta, por exemplo;

307
• Muitas empresas optam pela prática de home office, ou seja, o
colaborador faz um escritório em sua própria residência para prestar os
serviços e comparece apenas algumas vezes por semana, ou por mês,
à empresa para a qual trabalha. Essa também é uma ótima
oportunidade para evitar o trânsito;
• Dirigir devagar, não ter tanta pressa, planejar a rota antecipadamente
e, se possível, verificar se o caminho pelo qual passará está livre de
obras e congestionamentos;
• Sair de casa sempre com antecedência;
• Ouvir músicas de que gosta, mas em volume baixo, para não afetar
a sua atenção no trânsito;
• Procurar novas rotas para chegar aos destinos que mais frequenta, a
fim de evitar congestionamentos;
• Dar carona para amigos sempre que possível. Desse modo, o condutor
pratica a carona solidária e ainda colabora para a diminuição do
número de veículos no trânsito.

Figura 2 – Carona solidária.


Fonte: Freepik.

308
Lembre-se de que ficar estressado não é saudável. Isso só
prejudica a sua saúde, além de gerar situações desagradáveis,
tanto para você quanto para os cidadãos que estão à sua volta. No
trânsito, o mais importante é não perder a calma e dirigir sempre com
responsabilidade e atenção. Seguindo essas recomendações, você ajudará a
evitar acidentes e prejuízos para si e para os outros usuários das vias, e a
evitar que pessoas percam a vida e/ou a saúde no trânsito.

Referências

BRASIL. Lei n. 14.071, de 13 de outubro de 2020. Diário Oficial da União,


Brasília, 14 out. 2020. Altera a Lei n. 9.503, de 23 de setembro de 1997
(Código de Trânsito Brasileiro), para modificar a composição do Conselho
Nacional de Trânsito e ampliar o prazo de validade das habilitações; e dá
outras providências. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2020/Lei/L14071.htm>.
Acesso em: 14 out. 2021.

LIPP, M. E. N.; MALAGRIS, L. E. N. O stress emocional e seu tratamento. In:


RANGÉ, B. P. Psicoterapias cognitivo-comportamentais: um diálogo com a
psiquiatria. Porto Alegre: Artmed, 2001, p. 475-490.

ZANELATO, L. S.; OLIVEIRA, L. C. Estudar os comportamentos de risco e os


fatores estressantes presentes no cotidiano de motoristas de ônibus urbano. In:
SANTOS, M. M.; CARDOSO, H. F.; MORAES DOS SANTOS T. M. Avaliação
dos estressores no trânsito: desenvolvimento da escala de estressores no
trânsito (ESET). Estudos e Pesquisas em Psicologia Rio de Janeiro. Rio de
Janeiro. v. 12, n. 1, 2012, p. 175-187.

ZERBINI T. et al. Trânsito como fator estressor para os trabalhadores. Saúde,


Ética & Justiça. São Paulo: USP, 2009. p. 77-83. Disponível em:
<https://www.revistas.usp.br/sej/article/view/45745/49338>. Acesso em: 14 out.
2021.

309
Núcleo Temático 4 – Relacionamento Interpessoal
Unidade de Estudo 4 – Responsabilidade do condutor em relação
aos demais atores do processo de circulação

Objetivo: apresentar as responsabilidades, direitos e deveres do condutor em


relação aos pedestres, ciclistas e outros usuários do trânsito.

Tópicos desta Unidade

• Responsabilidade do condutor em relação aos demais atores do processo


de circulação;
• Deveres e direitos dos motociclistas;
• Seguro DPVAT.

Olá! Nesta Unidade de Estudo, você relembrará a importância da


convivência respeitosa e pacífica entre condutores, pedestres,
ciclistas, motociclistas e outros usuários do trânsito. Verá que
conhecer os direitos e respeitar os deveres é fundamental e ajuda a garantir a
segurança de todos no trânsito. Bom estudo!

Responsabilidade do condutor em relação aos demais atores do processo


de circulação

O Código de Trânsito Brasileiro − CTB responsabiliza os condutores pela


segurança dos pedestres (Brasil, 1997). Para uma boa convivência,
todos devem estar cientes de suas responsabilidades.

Verifique algumas regras do motorista em relação ao pedestre:

• Reduzir a velocidade ao se aproximar de uma faixa de pedestres, sempre;


• Reduzir a velocidade sempre que houver pessoas aglomeradas em ruas e
calçadas;

310
• Reduzir a velocidade sempre que se aproximar de uma faixa de pedestres
não semaforizada, elevada ou em nível e dar passagem ao pedestre para
atravessar a via;
• Respeitar o semáforo de pedestre;
• Em um cruzamento, mesmo na mudança para o sinal verde, e em outras
situações, o condutor deve aguardar que o pedestre conclua a travessia
para que ele chegue à calçada com segurança;
• Sempre facilitar a travessia de pedestres, principalmente a de crianças,
idosos e portadores de necessidades especiais;
• Reduzir a velocidade quando estiver próximo de pedestres.

Atenção ao art. 214 do Código de Trânsito Brasileiro!


Deixar de dar preferência de passagem a pedestre e a
veículo não motorizado:
I – que se encontre na faixa a ele destinada;
II – que não haja concluído a travessia mesmo que ocorra
sinal verde para o veículo;
III – portadores de deficiência física, crianças, idosos e
gestantes:
Infração – gravíssima;
Penalidade – multa.
IV – quando houver iniciado a travessia mesmo que não
haja sinalização a ele destinada;
V – que esteja atravessando a via transversal para onde se
dirige o veículo:
Infração – grave;
Penalidade – multa.
Brasil, 1997.

Com base nisso, o condutor deve tomar os seguintes cuidados:

• sempre facilitar a travessia de pedestres, principalmente a de crianças,


idosos e pessoas com necessidades especiais de locomoção;
• reduzir a velocidade quando estiver próximo de pedestres.

311
Lembre-se: o pedestre tem prioridade sobre todos os veículos. Se o semáforo
indicar que a passagem foi liberada e ainda houver pedestre atravessando a
faixa, os condutores devem esperar que ele conclua a travessia. Deve-se ter
cuidado dobrado ao passar por áreas escolares, próximo a hospitais, pontos de
ônibus, ciclovias e áreas de lazer.

Figura 1 − Condutor esperando o pedestre concluir a travessia.


Fonte: Shutterstock/Sergey Ryzhov.

Vale lembrar também que a responsabilidade não é só do motorista em


relação ao pedestre, mas também do pedestre em relação aos motoristas.
Lugar de pedestre é na calçada ou no acostamento, mas, quando não houver,
ele deve caminhar em fila no sentido contrário ao do fluxo.

Conheça um pouco mais sobre as responsabilidades do pedestre:

• Quando não houver sinalização (semáforo ou faixa de pedestre), o


pedestre deverá aguardar para atravessar a via após os veículos
passarem;

312
• Quando houver semáforo, o pedestre deverá respeitá-lo, aguardando que
este libere a passagem;
• Quando houver faixa de pedestre sem semáforo, a preferência é do
pedestre (nessa situação, o condutor do veículo deverá aguardar a sua
travessia).

O pedestre deve, ainda:

• Atravessar sempre na faixa de segurança ou passagens a ele destinadas,


sempre que estiver a uma distância de até 50 m delas;
• Ter certeza de que o motorista percebeu a sua presença e sua intenção
de atravessar a via;
• Aguardar sempre pelo momento mais seguro para atravessar a via sem
faixa de pedestre;
• Atravessar a via sempre em linha reta, percorrendo a menor distância em
menos tempo;
• Prevenir acidentes identificando as ações incorretas do condutor.

Figura 2 – Pedestres devem atravessar em linha reta e diminuir o tempo de travessia e


exposição ao perigo.
Fonte: Pexels.

313
Quando houver passagem de veículos destinados a socorro de incêndio e
salvamento, ambulâncias, polícia, fiscalização e operação de trânsito, é dever do
pedestre, ao ouvir o alarme sonoro ou avistar a luz intermitente, aguardar no
passeio e somente atravessar a via quando o veículo já tiver passado pelo local.

Travessia correta Travessia incorreta

É proibido aos pedestres:

• Permanecer ou andar nas pistas de rolamento;


• Cruzar vias de trânsito rápido, viadutos, pontes etc.;
• Andar fora da faixa de segurança, passarela e passagem aérea ou
subterrânea;
• Utilizar-se das vias em grupamentos capazes de perturbar o trânsito;
• Obstruir a via, por qualquer razão, sem autorização.

Os ciclistas também têm preferência sobre os veículos. Verifique alguns


cuidados que os condutores devem ter com eles. O motorista deve:

• Dar preferência em cruzamentos e conversões, facilitando, assim, a


passagem de ciclistas e usuários de outros veículos não motorizados;
• Manter distância mínima de 1,5 m dos ciclistas;
• Verificar com atenção os retrovisores, principalmente os pontos cegos;
• Tomar cuidado ao abrir as portas do veículo quando parado ou
estacionado;
• Ficar atento para visualizar os ciclistas à noite.

314
Atenção ao art. 201 do Código de Trânsito Brasileiro!

Deixar de guardar a distância lateral de um metro e


cinquenta centímetros ao passar ou ultrapassar bicicleta:
Infração – média.
Penalidade − multa.
Brasil, 1997.

Figura 3 – Cliclistas têm preferência sobre os veículos.


Fonte: Shutterstock/NUTTANART KHAMLAKSANA.

Os ciclistas também têm seus deveres. Confira:

• Equipar a bicicleta com dispositivos refletivos de segurança;


• Usar roupas reflexivas durante a noite;
• Usar capacete adequado, pois mesmo em pequenos acidentes podem
ocorrer danos na cabeça;
• Não utilizar fones de ouvido, para que a audição sirva como alerta para os
sons do trânsito;
• Conscientizar-se de sua fragilidade;
• Trafegar preferencialmente por pistas exclusivas (ciclovias ou ciclofaixas);

315
• Certificar-se sempre de que está sendo visto pelos outros condutores e
pedestres;
• Sinalizar as intenções;
• Empurrar a bicicleta quando transitar por calçadas.

Assista ao vídeo 1 sobre as regras de segurança para ciclistas, publicado pelo


Detran/RJ!

Os motociclistas têm as mesmas responsabilidades dos condutores dos


demais veículos. Os principais cuidados que os condutores precisam ter para
evitar incidentes com motocicletas são os seguintes:

• Manter distância segura;


• Atentar-se para conversões à esquerda e à direita e aos pontos cegos;
• Conferir frequentemente os retrovisores;
• Tomar cuidado ao abrir a porta sempre que parado ou estacionado;
• Ultrapassar motocicletas obedecendo aos mesmos critérios utilizados
para os demais veículos;
• Utilizar farol de luz baixa durante dia e noite;
• Manter distância segura quando o motociclista segue à frente e ao lado.

Deveres e direitos dos motociclistas

Motocicletas, motonetas e ciclomotores são veículos leves e muito


utilizados nos dias de hoje. Além de econômicos, também são muito ágeis
em deslocamentos rápidos. A frota de motocicletas no Brasil vem crescendo a
cada ano, mas infelizmente os acidentes também acompanham essa estatística.

É preciso considerar os riscos e prevenir, pois um acidente de trânsito


envolvendo motocicleta é, na maioria das vezes, muito grave, podendo
ocasionar quadros fatais ou sequelas que podem ser permanentes.

1
https://youtu.be/zFj9R7FADQ0

316
Todo o cuidado é pouco e todos são responsáveis pela segurança no trânsito.
Acompanhe as regras aplicáveis para os motociclistas:

• Sempre fazer uso dos equipamentos de segurança (capacete, viseira ou


óculos, luvas, botas e roupa adequada), de acordo com as especificações
do Contran;
• Garantir que o passageiro utilize capacete de segurança;
• Manter a motocicleta em perfeito estado;
• Tomar cuidado com motoristas distraídos, mantendo sempre um espaço
de segurança em relação aos demais;
• Sempre sinalizar a presença e certificar-se de que está sendo visto;
• Manter o farol baixo sempre ligado (mesmo durante o dia).

Figura 6 − Motociclista consciente evita acidentes.


Fonte: Shutterstock/ Ocskay Mark.

A passagem de motociclistas no espaço entre outros veículos não é proibida.


Essa passagem, entretanto, deve ser feita de modo cauteloso. Em várias
capitais do país (São Paulo, Curitiba, Brasília, Rio Branco), junto à faixa de
segurança de pedestres, há um espaço reservado especificamente para os
motociclistas aguardarem a abertura do semáforo.

317
Seguro DPVAT

O Seguro de Danos Pessoais Causados por Veículos Automotores de Via


Terrestre (DPVAT) é um seguro de caráter social, que indeniza vítimas de
acidentes de trânsito sem apuração de culpa, seja motorista, passageiro ou
pedestre.

O valor arrecadado pelo pagamento do seguro obrigatório é distribuído da


seguinte forma:

Gráfico 1 – Distribuição do valor arrecadado pelo DPVAT.

O DPVAT oferece coberturas para três naturezas de danos:

• Morte;
• Invalidez permanente, total ou parcial;
• Reembolso de Despesas com Assistência Médica e Suplementares
(DAMS) por lesões de menor gravidade causadas por acidentes de
trânsito em todo o país, valor este que é pago por pessoa vitimada
(mesmo que haja mais de uma vítima no acidente).

318
Vítimas e herdeiros (no caso de morte) têm um prazo de 3 anos após o acidente
para dar entrada no seguro.

Para saber os valores pagos pelo seguro DPVAT e suas regras legais, observe a lei
que o instituiu, Lei n. 6.194/1974:

Art. 3º Os danos pessoais cobertos pelo seguro


estabelecido no art. 2º desta Lei compreendem as
indenizações por morte, por invalidez permanente, total ou
parcial, e por despesas de assistência médica e
suplementares, nos valores e conforme as regras que se
seguem, por pessoa vitimada:
I - R$ 13.500,00 (treze mil e quinhentos reais) – no caso de
morte; (Incluído pela Lei n. 11.482, de 2007)
II - até R$ 13.500,00 (treze mil e quinhentos reais) - no
caso de invalidez permanente; e (Incluído pela Lei n.
11.482, de 2007)
III - até R$ 2.700,00 (dois mil e setecentos reais) - como
reembolso à vítima - no caso de despesas de assistência
médica e suplementares devidamente comprovadas.
(Incluído pela Lei n. 11.482, de 2007)
Brasil, 1974.

Consulte a íntegra da legislação 2.

Chegamos ao final de mais uma Unidade de Estudo! Você percebeu


o quanto a colaboração de todos os envolvidos no trânsito é
importante? Se cada um tiver consciência de seus direitos e
deveres, todos sairão ganhando. Pense nisso!

2
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6194.htm

319
Referências

BRASIL. Lei n. 6.194, de 19 de dezembro de 1974. Diário Oficial da União,


Poder Legislativo, Brasília, DF, 20 dez. 1974.

_____. Lei n. 9.503, de 23 de setembro de 1997. Institui o Código de Trânsito


Brasileiro. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 24 set. 1997.
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9503.htm>. Acesso em:
14 out. 2021.

_____. Lei n. 14.071, de 13 de outubro de 2020. Altera a Lei n. 9.503, de 23 de


setembro de 1997 (Código de Trânsito Brasileiro), para modificar a composição
do Conselho Nacional de Trânsito e ampliar o prazo de validade das
habilitações; e dá outras providências. Diário Oficial da União, Poder
Legislativo, Brasília, DF, 14 out. 2020. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2020/Lei/L14071.htm>.
Acesso em: 14 out. 2021.

320
Núcleo Temático 4 – Relacionamento Interpessoal
Unidade de Estudo 5 – Papel dos agentes da autoridade de trânsito

Objetivo: compreender o papel dos agentes da autoridade de trânsito

Tópicos desta Unidade

• A fiscalização de trânsito;
• Quem é o agente da autoridade de trânsito;
• A função do agente de trânsito;
• Infração;
• Autuação;
• O papel da Polícia Militar no trânsito;
• O registro do bom condutor — Registro Nacional Positivo de Condutores
(RNPC).

Olá! Você chegou à última Unidade de Estudo do Curso


Reciclagem para Condutores Infratores e, nesta última etapa,
verá mais um tema muito importante. Em seu cotidiano no trânsito,
você certamente já encontrou algum agente da autoridade de trânsito. Esse
profissional é fundamental para a organização e para a segurança desse meio.
Mas você sabe quem é ele e qual é o seu respectivo papel nesse contexto?
Nesta Unidade, esse assunto será abordado em detalhes. Vamos lá!

A fiscalização de trânsito

Fiscalizar é vigiar, controlar e verificar comportamentos. No trânsito,


podemos dizer que a fiscalização diz respeito às ações realizadas para
conscientizar e educar o cidadão, a fim de promover um trânsito melhor e mais
seguro. Para os motoristas que cometem infrações, a fiscalização age por
meio de penalidades e orientações.

A fiscalização afeta, de forma direta, a segurança e a fluidez do trânsito e


contribui para as mudanças de comportamento de pedestres e condutores.

321
Quem é o agente da autoridade de trânsito

O Agente da Autoridade de Trânsito é definido pelo Código de Trânsito


Brasileiro (CTB) – Lei n. 9.503, de 23 de setembro de 1997, como:
pessoa, civil ou policial militar, credenciada pela
autoridade de trânsito para o exercício das atividades de
fiscalização, operação, policiamento ostensivo de trânsito
ou patrulhamento.
Brasil, 1997.

Esses profissionais estão sob a responsabilidade das autoridades de


trânsito municipais, estaduais ou federais.

Figura 1 – Agente da Autoridade de Trânsito.


Fonte: Shutterstock/Rosshelen.

322
Ainda de acordo com o CTB (Brasil, 1997), o agente poderá ser pessoa civil,
servidor estatutário 1, policial militar ou guarda municipal indicado pela
autoridade de trânsito na área de sua competência.

A autoridade de trânsito que credencia esse agente é definida como:


o dirigente máximo de órgão ou entidade executivo
integrante do Sistema Nacional de Trânsito ou pessoa por
ele expressamente credenciada.
Brasil, 1997.

No Estado do Paraná, por exemplo, de acordo com o parágrafo 3º do art. 2º


da Portaria n. 9, de 8 de janeiro de 2021, do Detran-PR, consideram-se:

Agentes da Autoridade Estadual de Trânsito, os Policiais


Militares nomeados por Portaria do Diretor Geral do
DETRAN/PR e habilitados no sistema de Gestão de
Infrações de Trânsito.
Agentes da Autoridade Municipal de Trânsito, os Guardas
Municipais e Servidores designados pela respectiva
Autoridade de Trânsito e cadastrados no sistema Gestão
de Infrações de Trânsito.
Paraná, 2021.

A função do agente de trânsito

Segundo o CTB (Brasil, 1997), o papel do agente da autoridade de trânsito


é executar a fiscalização de trânsito e aplicar as penalidades de
advertência, as autuações e as medidas cabíveis, sempre notificando os
infratores.

Esse profissional tem como objetivo desenvolver ações para promover a


melhoria da qualidade de vida da sociedade, agindo como facilitador do
fluxo urbano ou rodoviário. Para isso, o agente de trânsito deverá atuar,
respeitosamente, com base nos princípios da ética e da cidadania.

1
Vínculo empregatício que é dirigido pelo estatuto do poder público.

323
Infração

Em relação à infração, a palavra do agente da autoridade de trânsito goza de


presunção de legitimidade, cabendo ao suposto infrator comprovar que não
ocorreu como determinado pelo agente. Em alguns casos, porém, é necessário
um equipamento para comprová-la, como na autuação por excesso de
velocidade.

É importante lembrar que o agente de trânsito autua o condutor infrator e


encaminha a infração para a autoridade de trânsito efetivar a multa.

Importante: as penalidades são aplicadas pela autoridade de


trânsito, e não pelos agentes da autoridade.

Autuação

A autuação é um ato administrativo realizado pela autoridade de trânsito ou


pelos seus agentes. Uma vez constatada a infração de trânsito, a autuação é
executada e deve ser formalizada por meio da lavratura do auto de infração.

A lavratura é uma ferramenta informativa que auxilia a autoridade de trânsito


na aplicação das penalidades e consiste na caracterização perfeita da infração.
Deve ser preenchida com todos os fatos que fundamentaram sua execução e
estar de acordo com o art. 280 do CTB e demais normas regulamentadoras.

A Lei n. 14.071/2020 obriga que conste, na autuação, o prazo para


apresentação de defesa prévia, que não será inferior a 30 (trinta) dias,
contado da data de expedição da notificação ao condutor (Brasil, 2020).

Com a evolução dos sistemas públicos, essa Lei também determina que o
órgão do Sistema Nacional de Trânsito responsável pela autuação deverá
oferecer ao proprietário do veículo ou ao condutor autuado a opção de
notificação por meio eletrônico. Para isso, o proprietário e o condutor

324
autuado deverão manter seu cadastro atualizado no órgão executivo de trânsito
do Estado ou do Distrito Federal.

O papel da Polícia Militar no trânsito

De acordo com o art. 23 do CTB, é competência da Polícia Militar dos


estados e do Distrito Federal
executar a fiscalização de trânsito, quando e conforme
convênio firmado, como agente do órgão ou entidade
executivos de trânsito ou executivos rodoviários,
concomitantemente com os demais agentes credenciados
Brasil, 1997.

Diante da importante atuação de todos os profissionais citados nesta unidade,


você e os demais condutores devem sempre agir com respeito e manter um
relacionamento adequado, amigável e gentil no trânsito.

O registro do bom condutor

A Lei n. 14.071/2020 criou o Registro Nacional Positivo de Condutores


(RNPC), com a finalidade de cadastrar os condutores que não cometeram
infração de trânsito sujeita à pontuação prevista no art. 259 do CTB nos últimos
12 (doze) meses.

O RNPC tem as seguintes regras:


1 O RNPC deverá ser atualizado mensalmente.
2 A abertura de cadastro requer autorização prévia e expressa do
condutor.

3 A exclusão do RNPC ocorrerá somente por solicitação do cadastrado,


ou quando este tiver o direito de dirigir suspenso, com CNH cassada
ou com validade vencida há mais de 30 (trinta) dias.

4 A consulta ao RNPC é garantida a todos os cidadãos, nos termos da


regulamentação do Contran (Brasil, 2020).

325
Você chegou ao final desta Unidade de Estudo e, com ela, finalizou
também o seu curso de reciclagem para condutores. Esperamos
que tenha entendido qual é o papel do agente da autoridade de
trânsito e tenha compreendido, com clareza, todos os assuntos que abordamos
ao longo deste curso. É muito importante que você, como condutor, tenha um
relacionamento interpessoal adequado com todos os usuários da via, com o
objetivo de melhorar a segurança e as condições do trânsito. Coloque em
prática tudo o que foi abordado no curso e transmita o seu conhecimento a
outras pessoas. Faça do trânsito um lugar melhor!

Referências

BRASIL. Lei n. 9.503, de 23 de setembro de 1997. Institui o Código de


Trânsito Brasileiro. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF,
1997. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9503.htm>. Acesso em: 14 out. 2021.

_____. Lei n. 14.071, de 13 de outubro de 2020. Altera a Lei n. 9.503, de 23 de


setembro de 1997 (Código de Trânsito Brasileiro), para modificar a composição
do Conselho Nacional de Trânsito e ampliar o prazo de validade das
habilitações; e dá outras providências. Diário Oficial da União, Poder
Legislativo, Brasília, DF, 14 out. 2020a. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2020/Lei/L14071.htm>.
Acesso em: 14 out. 2021.

BRASIL. CONTRAN – Conselho Nacional de Trânsito. Resolução n. 811, de 15


de dezembro de 2020. Estabelece procedimentos para integração dos
municípios ao Sistema Nacional de Trânsito (SNT), por meio dos seus órgãos e
entidades executivos de trânsito e rodoviários ou diretamente por meio da
prefeitura municipal, em cumprimento ao que dispõe o art. 333 do Código de
Trânsito Brasileiro (CTB). Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília,
DF, 24 dez. 2020b. Disponível em: <https://www.gov.br/infraestrutura/pt-
br/assuntos/transito/conteudo-contran/resolucoes/Resolucao8112020.pdf>.
Acesso em: 14 out. 2021.

326
DENATRAN – DEPARTAMENTO NACIONAL DE TRÂNSITO. Ministério das
Cidades. Manual brasileiro de fiscalização de trânsito – Competência
municipal e concorrentes estaduais. Brasília: Denatran, 2010. v. 1.

PARANÁ. DETRAN – PR – Departamento de Trânsito do Estado do Paraná.


Portaria Detran n. 9, de 8 de janeiro de 2021. Institui, no âmbito do DETRAN-
PR, o uso do talonário eletrônico para a lavratura de autos de infração de
trânsito nas vias urbanas do Estado do Paraná. Diário Oficial do Estado, 15
jan. 2021. Disponível em: <https://bit.ly/3vb1rA1>. Acesso em: 14 out. 2021.

327
O curso Reciclagem para Condutores Infratores é uma obra coletiva
produzida pelo IBACBRASIL - Tecnologias Educacionais Ltda, CNPJ/MF nº
05.974.557/0001-47. Todos os direitos reservados.

CRÉDITOS:

Autoria dos Textos: IBACBRASIL - Tecnologias Educacionais Ltda.


Revisão Pedagógica: Luciane Lippmann.
Revisão de Texto: Caibar Pereira.

Revisão Técnica: Lúcio Fernando Linhares Machado.

Ilustrações e Vídeos: Natasha Satie Melnick.

Diagramação: Danilo Oliveira de Araújo.


Vozes: Mônika Hegler e Larissa Scramin.

Coordenação Geral: IBACBRASIL – Tecnologias Educacionais Ltda.

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