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Em relação à acomodação do acompanhante hospitalar, tecemos as seguintes

considerações:

A Resolução n. 338/2013 da ANS assegura a cobertura das despesas hospitalares


referentes aos acompanhantes, que deverão correr a expensas dos planos de saúde:

RESOLUÇÃO 338/2013 - ANS

Subseção III
Do Plano Hospitalar
Art. 21. O Plano Hospitalar compreende os atendimentos realizados em todas as
modalidades de internação hospitalar e os atendimentos caracterizados como de urgência
e emergência, conforme Resolução específica vigente, não incluindo atendimentos
ambulatoriais para fins de diagnóstico, terapia ou recuperação, ressalvado o disposto no
inciso X deste artigo, observadas as seguintes exigências:
[...]
VII - cobertura das despesas, incluindo alimentação e acomodação, relativas ao
acompanhante, salvo contra-indicação do médico ou cirurgião dentista assistente, nos
seguintes casos:
a) crianças e adolescentes menores de 18 anos;
b) idosos a partir do 60 anos de idade; e
c) pessoas portadoras de deficiências.
[...]
Art. 22. O Plano Hospitalar com Obstetrícia compreende toda a cobertura definida no
artigo 21 desta Resolução, acrescida dos procedimentos relativos ao pré-natal, da
assistência ao parto e puerpério, observadas as seguintes exigências: (Redação dada pela
Retificação publicada no DOU nº 234 de 03/12/2013, Seção 1, página 54)
I - cobertura das despesas, incluindo paramentação, acomodação e alimentação,
relativas ao acompanhante indicado pela mulher durante:
a) pré-parto;
b) parto; e
c) pós-parto imediato por 48 horas, salvo contra-indicação do médico ou até 10 dias,
quando indicado pelo médico assistente;
[...]

Para os hospitais conveniados ao SUS, o Ministério da Saúde editou a Portaria n. 2.418/2005,


prevendo o memso teor, sendo que caberá aos gestores custear tais diárias:
Portaria nº 2.418 do Ministério da Saúde, de 2 de dezembro de 2005
 
Regulamenta, em conformidade com o art. 1º da Lei nº 11.108, de 7 de abril de 2005, a
presença de acompanhante para mulheres em trabalho de parto, parto e pós-parto
imediato nos hospitais públicos e conveniados com o Sistema Único de Saúde - SUS. 
 
Art. 1º Regulamentar, em conformidade com o art. 1º da Lei nº 11.108, de 7 de
abril de 2005, a presença de acompanhante para mulheres em trabalho de
parto, parto e pós-parto imediato nos hospitais públicos e conveniados com o
Sistema Único de Saúde - SUS.
§ 1º Para efeito desta Portaria entende-se o pós-parto imediato como o período
que abrange 10 dias após o parto, salvo intercorrências, a critério médico.
§ 2º Fica autorizada ao prestador de serviços a cobrança, de acordo com as
tabelas do SUS, das despesas previstas com acompanhante no trabalho de
parto, parto e pós-parto imediato, cabendo ao gestor a devida formalização
dessa autorização de cobrança na Autorização de Internação Hospitalar - AIH.
§ 3º No valor da diária de acompanhante, estão incluídos a acomodação
adequada e o fornecimento das principais refeições. 
Art. 2º Os hospitais públicos e conveniados com o SUS têm prazo de 6 (seis)
meses para tomar as providências necessárias ao atendimento do disposto
nesta Portaria. 
Art. 3º Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação. 

Para melhor percepção acerca do que deverá ser custeado, devemos tomar como base a
Portaria n. 830/1999, também do MS, que dispõe sobre o que deverá ser incluído em tal
despesa:

MINISTÉRIO DA SAÚDE
GABINETE DO MINISTRO
PORTARIA Nº 830, DE 24 DE JUNHO DE 1999
DO 120-E, de 25/6/99
O Ministro de Estado da Saúde, no uso de suas atribuições, e
considerando a Portaria GM/MS/N° 280 de, 07 de abril de 1999, que torna obrigatório
nos hospitais públicos, contratados e conveniados com o Sistema Único de Saúde, a
viabilização de meios que permitam a presença do acompanhante de pacientes maiores
de 60 (sessenta) anos de idade, quando internados, resolve:
Art. 1º - Regulamentar a cobrança de diária de acompanhante para
maiores de 60 (sessenta) anos, por meio de Autorização de Internação Hospitalar/AIH.
Art. 2º - Incluir na Tabela de Procedimentos Especiais do SIH-SUS o
seguinte código de procedimento para cobrança de diária de acompanhante para
pacientes idosos:
99.080.01-0 Diária de Acompanhante para Pacientes Idosos.
Valor: R$ 6,00
Limite: 99
§ 1º - O procedimento constante deste artigo somente poderá ser cobrado
mediante autorização prévia do gestor e inclui o fornecimento de 02 (duas) refeições
ao acompanhante, assim como de cama para sua acomodação, por período de 24
(vinte e quatro) horas, respeitadas as normas relativas à área física de enfermarias.
§ 2º - O fornecimento da alimentação poderá ser feito no refeitório ou na
própria enfermaria, conforme a disponibilidade de área física.
§ 3º - A cada paciente será permitido apenas um acompanhante.
Art. 3º - Incluir na Tabela de Procedimentos Especiais do SIH-SUS o
seguinte código de procedimento para cobrança de diária de acompanhante para
pacientes idosos:
99.081.01-6 Diária de Acompanhante para Pacientes Idosos, sem
pernoite.
Valor: R$ 2,65
Limite: 99
§ 1º - A cobrança desta diária será permitida quando não houver área
física disponível na enfermaria para a acomodação do acompanhante em cama, visando,
a não acarretar diminuição de oferta de leitos aos pacientes.
§ 2º - O procedimento constante deste artigo prevê o fornecimento de
uma refeição ao acompanhante, assim como de cadeira ou poltrona para a sua
acomodação, por um período de até 12 (doze) horas, sem pernoite.
§ 3º - O fornecimento da alimentação poderá ser feito no refeitório
ou na própria enfermaria, conforme a disponibilidade de área física de cada
unidade.
§ 4 º - A cada paciente será permitido apenas um acompanhante.
Art. 4º - Determinar que a unidade fica obrigada a oferecer as diárias de
acompanhante de idosos, em uma das modalidades constantes dos artigos 2º ou 3º desta
portaria, de acordo com a sua disponibilidade de área física.
Art. 5º - Definir que para cobrança das diárias de acompanhante para
pacientes idosos, constantes dos artigos 2º ou 3º , deverá ser lançado o código do
procedimento no campo serviços profissionais, da seguinte forma:
Campo Tipo: 20 (diária de acompanhante para pacientes idosos)
Campo CGC/CPF: lançar o CGC da Unidade.
Campo Tipo de Ato: 34 (diária de acompanhante para pacientes idosos).
Campo Ato: preencher com o código da diária de acompanhante para
idoso utilizada.
Quantidade de Ato: preencher com o número de diárias utilizadas.
Parágrafo único. Se o lançamento do número de diárias no campo
quantidade de ato, for superior aos dias de internação do paciente, a AIH será rejeitada.
Art. 6º - Definir que ficam excluídos de acompanhamento os pacientes
internados pelos procedimentos: Cuidados Prolongados, Hospital Dia, Psiquiatria
Diagnóstico e/ou Primeiro Atendimento e UTI, assim como em situações clínicas em
que esteja contra-indicada a presença de um acompanhante.
Parágrafo único. O lançamento de diárias de acompanhante para
pacientes idosos nestes procedimentos acarretará a rejeição da AIH.
Art. 7º - Determinar que os acompanhantes deverão seguir as normas que
disciplinam o funcionamento da Unidade.
Art. 8º - Definir que, sobre os procedimentos criados nos artigos 2º e 3º ,
não incidirá o Fator de Incentivo ao Desenvolvimento e Pesquisa FIDEPS.
Art. 9º - Determinar que os recursos referentes ao custeio dos
procedimentos de que tratam os artigos 2º e 3º serão acrescidos aos limites financeiros
anuais dos Estados e Distrito Federal, nos limites fixados no anexo desta portaria na
área denominada Assistência Ambulatorial, de média e alta complexidade e Hospitalar.
Art. 10 - Esta portaria entra em vigor na data de sua publicação, com
efeitos a partir da competência julho de 1999.

JOSÉ SERRA
ANEXO
ESTADOS LIMITE FINANCEIRO ANUAL
ESTADOS
LIMITE FINANCEIRO ANUAL

[...]

CEARÁ
1.160.577,00
[...]

Destarte, percebemos que não há uma definição legal acerca do que configura
a acomodação do acompanhante hospitalar, mas podemos aferir que esta
engloba dois conceitos preponderantes: conforto e segurança do paciente, de
modo a assegurar o direito tanto do acompanhante em realizar um
acompanhamento digno quanto do paciente em não ser colocado em mais
risco.

Consoante com este entendimento, o TJRJ assim entendeu acerca da oferta


de acomodação digna:

0008976-17.2007.8.19.0205 (2008.001.58357) - APELACAO - 1ª Ementa DES. LINDOLPHO


MORAIS MARINHO - Julgamento: 13/01/2009 - DECIMA SEXTA CAMARA CIVEL ESTATUTO DO
IDOSO INTERNACAO HOSPITALAR DIREITO A ACOMPANHANTE FALHA NA PRESTACAO DO
SERVICO DANO MORAL REDUCAO DO VALOR RESPONSABILIDADE CIVIL. ESTATUTO DO IDOSO.
INTERNAÇÃO. PLANO PREVENDO ENFERMARIA COM DOIS LEITOS. AUSÊNCIA DE COBERTURA
PARA ACOMPANHANTE. AUSÊNCIA DE ACOMODAÇÕES PARA O ACOMPANHANTE NO
HOSPITAL. ILEGITIMIDADE PASSIVA DO PLANO DE SAÚDE. ACOMPANHANTE. DIREITO DO
IDOSO. NECESSIDADE DE OFERECIMENTO DE ACOMODAÇÕES ADEQUADAS. OBRIGAÇÃO DA
INSTITUIÇÃO HOSPITALAR. PERNOITE DO ACOMPANHANTE EM UMA CADEIRA. RECUSA DE
INSTALAÇÃO DE UM SOFÁ. DANO MORAL CONFIGURADO. VERBA EXCESSIVA. REDUÇÃO. Não
prevendo o plano de saúde da genitora da apelada direito à acompanhante, não pode o
mesmo ser responsabilizado pela má prestação do serviço do hospital, que não oferece ao
acompanhante do paciente acomodação adequada para o pernoite. Segundo o disposto o
art. 16 do Estatuto do Idoso, possui o mesmo direito a acompanhante, cabendo à instituição
hospitalar lhe oferecer acomodação adequada. Impor ao acompanhante que pernoite em
uma cadeira, se recusando a oferecer acomodação adequada, caracteriza dano moral. A
verba fixada na sentença em R$ 20.000,00 é excessiva, merecendo ser reduzida para R$
10.000,00. Provimento do primeiro recurso, para, reformando a sentença, extinguir o
processo, nos termos do art. 267, IV do CPC, condenando a apelada no pagamento das custas
processuais e honorários advocatícios, fixados em R$ 1.200,00, em favor do primeiro apelante.
Provimento do segundo recurso para, acolhendo o pedido alternativo, reduzir a indenização
por danos morais para R$ 10.000,00. Ementário: 14/2009 - N. 11 - 16/04/2009 - Data de
Julgamento: 13/01/2009.

Assim, somos do entendimento que a cobertura das despesas relacionadas a


acompanhantes (de crianças e adolescentes menores de 18 anos, de idosos a
partir do 60 anos de idade, de portadores de necessidades especiais e de
gestantes no trabalho de parto, parto e pós-parto) compreenderá o total daquilo
que for oferecido pelo prestador de serviço. Por exemplo: se o hospital A,
credenciado da Operadora X, oferece aos acompanhantes de seus pacientes 3
refeições por dia, a Operadora X deverá custear as despesas dessas 3
refeições. Se o hospital B, também credenciado da Operadora X, oferece aos
acompanhantes de seus pacientes apenas 1 refeição por dia, a Operadora X
deverá custear as despesas referentes a esta refeição. Ou seja, quem define o
que é ofertado ao acompanhante é o prestador de serviços, cabendo à
operadora apenas custear tais despesas.

Ao Hospital cabe eleger a qualidade do serviço que deseja ofertar, tendo como parâmetro o
seguinte: cama para os acompanhantes que deverão pernoitar junto ao paciente, e cadeira
para aqueles que permaneçam menos de 24h no acompanhamento.

Ressalte-se, ainda, que os protocolos de segurança do paciente não podem ser aviltados em
nenhuma hipótese, sendo oportuno aqui elencar a necessidade de observar para todos os
procedimentos o enunciado da RDC 63 da ANVISA acerca de higienização:
RDC 63 – ANVISA
[...]
Art. 36 O serviço de saúde deve manter as instalações
físicas dos ambientes externos e internos em boas
condições de conservação, segurança, organização,
conforto e limpeza.
[...]
Art. 55 O serviço de saúde deve garantir que os materiais e
equipamentos sejam utilizados exclusivamente para os fins
a que se destinam.
Art. 56 O serviço de saúde deve garantir que os colchões,
colchonetes e demais mobiliários almofadados sejam
revestidos de material lavável e impermeável, não
apresentando furos, rasgos, sulcos e reentrâncias.
Art. 57 O serviço de saúde deve garantir a qualidade dos
processos de desinfecção e esterilização de equipamentos
e materiais.

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