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Poema - “Nevoeiro”

1. A nação encontra-se numa situação de crise – indefinição política e social (v. 1); crise de
valores, “Nem o que é mal nem o que é bem” (v. 9); desorientação, “Ninguém sabe que
coisa quer” (v. 7). Em suma, a nação está a entristecer, a definhar, a perder o brilho de
outrora.
2. Os últimos versos dão conta do estado da nação e são uma espécie de grito de alerta e
de esperança que funciona como um pedido de ação: o sujeito quer que se saia da letargia e
que se parta à conquista, cumprindo o sonho, o destino que foi traçado por Deus para o
povo predestinado, o povo português.
3. A metáfora sugere o estado de crise em que se encontra o país. O vocábulo “nevoeiro”
apresenta, assim, várias potencialidades semânticas: do oculto pode surgir a luz; quando o
nevoeiro se dissipa, o Sol brilha; do nevoeiro pode surgir o salvador. Porém, o que se
destaca é a letargia, a inércia e a tristeza que se abateram sobre Portugal.
4. Trata-se do poema que fecha a terceira parte – O Encoberto – e, por conseguinte, a obra
Mensagem. Simbolicamente, aponta para o fim, a morte, ainda que esta não possa ser
entendida como definitiva, pois dar-se-á o renascimento sugerido nos últimos versos.
5. A gradação, a que se associa a enumeração, é visível em “Ninguém sabe que coisa quer. /
Ninguém conhece que alma tem, / Nem o que é mal nem o que é bem” (vv. 7-9) e sugere o
estado de desnorte progressivo da nação, centrando-se inicialmente no domínio do saber,
depois no do conhecer, culminando num estado de não distinção entre o mal e o bem. O
mesmo efeito expressivo tem a anáfora, pois acentua o caráter negativo que paira sobre a
nação, reforçado pela utilização dos termos antitéticos “Ninguém” e “Tudo”, pronomes
indefinidos que intensificam a atmosfera de incerteza e de nebulosidade que a mensagem
do poema veicula.
6.1 Ambas as orações (“que coisa quer”; “que alma tem”) são subordinadas substantivas
completivas.
6.2 “Ninguém” é um pronome indefinido.
7. Valor imperfetivo.

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