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Métodos Alternativos de

Resolução de Conflitos
Introdução
Introdução
 O Estado tem o dever de tutelar os direitos dos cidadãos;
 Não tem estrutura suficiente para satisfazer a todos;
 Aumento da população – aumento dos conflitos;
 Acesso à Justiça – direito fundamental;
 “a possibilidade de todos, independentemente da sua
situação econômica ou de outra forma, de ir para o
sistema previsto na resolução de conflitos e defesa dos
direitos protegidos”
 INSTITUTO NACIONAL DE DERECHOS HUMANOS. Acceso a la
Justicia “Reformas Judiciales y acceso a la Justicia”. p.63
Introdução
Problemas com a Justiça
 Resolução tardia dos conflitos – processo lento;
 Valores altos – custas processuais;
 Falta de acesso para todos;
 Os métodos alternativos de solução de conflitos
ajuda a resolver estes problemas;
Introdução
Origem

 Mediação, conciliação e arbitragem;


 Instrumentos próprios de sociedades
primitivas;
 Autocomposição x heterocomposição
 “cultura de conciliação”
Importância do acesso à justiça

 Igualdade – art. 5º da Constituição Federal;


 Todos têm acesso à justiça?
 Ainda que tenha acesso, tem o mesmo tratamento?
 Principal problema do acesso à justiça é o tempo do
processo e as custas processuais;
 A Convenção Européia para Proteção dos Direitos Humanos
e Liberdades Fundamentais diz isso expressamente no § 1º
do artigo 6º “(...) a Justiça que não cumpre suas funções
dentro de um prazo razoável é, para muitas pessoas, uma
Justiça inacessível. ”
Rui Barbosa discursando.... 1920

 “Mas justiça atrasada não é justiça, senão injustiça


qualificada e manifesta. Porque a dilação ilegal nas mãos
do julgador contraria o direito das partes, e, assim, as
lesa no patrimônio, honra e liberdade. Os juízes
tardinheiros são culpados, que a lassidão comum vai
tolerando. Mas sua culpa tresdobra com a terrível
agravante de que o lesado não tem meio de reagir contra
o delinqüente poderoso, em cujas mãos jaz a sorte do
litígio pendente.”
O que são métodos alternativos de
resolução de conflitos?
 São métodos que buscam oferecer a resolução do
conflito, sem a necessidade de provocação do
Judiciário.
 Tem como função:
 Evitar o colapso do sistema judicial;
 Resolver o conflito com maior rapidez;
 Evitar maiores gastos;
Nestes métodos, é privilegiada a cooperação,
tolerância, empatia e diálogo. Possuem as
seguintes características:
 As partes atuam em conjunto e em cooperação para chegar a uma solução;
 As partes têm controle do processo e sua decisão prevalece;
 Todas as partes se veem beneficiadas;
 A decisão que chegarem as partes, terminará com sua disputa e seguem seus
próprios interesses;

 PÉREZ, JOSÉ BENITO. “Métodos alternativos de resolucion de conflictos,


justicia alternativa y restaurativa para uma cultura de paz” Cd Universitaria
2011. p 29
Os métodos mais conhecidos.....

 Negociação: As partes têm controle total sobre o processo, o seu resultado e


elas estabelecem todos os protocolos do trabalho;
 Mediação: as partes em disputa são auxiliadas por um terceiro, neutro ao
conflito, ou um painel de pessoas sem interesse na causa, para auxiliá-las a
chegar a uma composição. Trata-se de uma negociação assistida;
 Conciliação: as partes ou os interessados são auxiliados por um terceiro,
neutro ao conflito, a chegar a uma solução ou a um acordo;
 Arbitragem: E um processo eminentemente privado, nas qual partes
interessadas buscam o auxílio de um terceiro, neutro, para, após um devido
procedimento, prolatar uma decisão (sentencia) visando encerrar a disputa.
NEGOCIAÇÃO

 Todos somos negociadores: no trabalho, na escola, em


casa, na família....
 É um meio básico de conseguir o que se quer de alguém;
 Perfil das pessoas:
 O que evita o conflito;
 O que minimiza o conflito;
 Cooperativos;
 Competitivos;
 Aquele que busca uma solução;
NEGOCIAÇÃO

 Existem técnicas e estratégias de negociação;


 Ouvir primeiro;
 Permitir que outro desabafe;
 Se colocar no lugar do outro;
 Tentar prevenir antes de remediar;
 Ajuda nos outros métodos de resolução de
conflitos;
 É uma forma de autocomposição;
NEGOCIAÇÃO
 A negociação, como processo, pode ser realizada pelo próprio
sujeito envolvido na disputa, um representante seu ou um
terceiro que auxiliará os envolvidos a solucionarem a disputa
ou demanda. Portanto, são partes da negociação as pessoas
com interesses, direta ou indiretamente, no resultado ou na
solução da disputa posta, mediante um acordo (Carlos Alberto
Salles).
 É negociada pelas próprias partes
 Elas possuem interesse
 Sendo a negociação um processo de comunicação linear, ela se
assume como espaço fundamental para se reduzirem as
diferenças entre os reais interesses das partes e gerar
caminhos de escuta ativa (Carlos Alberto Salles).
Negociação simples, multipolos e
coletiva
 Aspecto “partes”
 Negociação simples: dois polos
 Ex: grupo de compradores e vendedores
 Não importa quantos existam em cada polo, apenas existirá dois polos.

 Negociação multipolos: mais de dois polos, podendo ser coletivos, difusos ou


individuais
 Ex. Compra e venda de imóvel
 Estão presentes o vendedor, comprador, corretor, banco financiador, cartório
Negociação simples, multipolos e
coletiva
 Negociação coletiva: Identifica-se pela existência de um
ou mais grupos de sujeitos participantes de um dos polos
da negociação, podendo ser coletiva simples ou
multipolos.
 Exemplos são as negociações de um sindicato com
determinada indústria pela redução de jornada de
trabalho; ou do Poder Público com um grupo social para a
desocupação de uma área invadida.
Diferentes abordagens de negociação

 forma mais competitiva (adversarial, também conhecida como hard ou


distributional bargaining)
 Um ganha e outro perde;

 forma mais colaborativa (também conhecida como soft bargaining ou


creating value approach)
 A forma colaborativa de negociação, por outro lado, foca na relação entre as
partes e no esforço conjunto que é necessário para fazer crescer o bolo,
criando valor e buscando uma solução mais vantajosa para ambos os lados. O
problema desta última é quando apenas um dos lados atua de forma
cooperativa, o que o deixa em desvantagem em relação ao negociador
competitivo (MENKELMEADOW, LOVE, SCHNEIDER, STERNLIGHDT, dispute
resolution, cit., p. 57-61.)
FASES DA NEGOCIAÇÃO
 1) preparação:
 permite ter clareza sobre os próprios interesses e levantar informações sobre
a outra parte.
 Conforme aponta Alessandra Mourão, esse momento inicial é essencial para
(i) avaliar a forma de comunicação que será utilizada, o que demanda
conhecimento sobre o interlocutor;
 (ii) estabelecer as perguntas que serão feitas, garantindo que a outra parte
fornecerá as informações que se deseja obter;
 (iii) considerar o tipo de relação que se busca para a negociação (curto,
médio ou longo prazo), considerando se há pontos comuns que podem ser
trazidos para a negociação e, ainda,
 (iv) colocarse no lugar do outro, possibilitando identificar a perspectiva que a
outra parte tem do problema, entre outras questões (MOURÃO, Resolução de
Conflitos, cit., p. 137).
FASES DA NEGOCIAÇÃO

 2) condução da negociação:
 refletirá a qualidade e o tempo investido na
preparação;
 Inicia-se com o diálogo;
 Troca-se informações
 Muito importante para obter dados;
FASES DA NEGOCIAÇÃO

 3) resultado:
 Pode ser frutífera ou infrutífera;
 Pode se firmar acordo e pedir homologação ou não;
 4) implementação e avaliação do processo
 Se frutífera, cumprirá o acordo?
 Foi satisfatório ou apenas para colocar um fim, naquele momento?
 Ganhou tempo?
 Perdeu tempo?
 Obteve informações e dados?
EXPERIÊNCIAS NORTE-AMERICANAS

 Minitrial: é a reprodução de um julgamento, entretanto, privado.


 Foi criado em 1977;
 Iniciou envolvendo conflitos de marcas e patentes;
 Em seguida, foi utilizado para controvérsias comerciais e matérias envolvendo
o Poder Público (indenizações, construção civil e também antitruste.
 Procedimento e funcionamento são previamente estipulados antes do início
do Minitrial:
 Confidencialidade;
 Utilização de informações em ações judiciais;
 A ideia é a composição entre as partes;
Juiz de aluguel (“rent a judge”)

 No âmbito de alguns tribunais estaduais norte-americanos, as partes, de


comum acordo, podem indicar uma pessoa para ser o julgador (decision
maker), árbitro ou mediador de um caso. Em geral, escolhem um juiz
aposentado que tenha especialidade no assunto tratado na controvérsia
(RICHARD CHERNICK, The Rent-a-Judge Option: A Primer for Commercial
Litigators, p. 18 e ss).
 Este julgador aplica lei processual e material;
 Como se fosse um juiz estatal;
 Também pode ser chamado para resolver alguma questão no curso do
processo judicial;
 Os atos transcorridos e registrados no âmbito do procedimento conduzido pelo
juiz de aluguel não são transpostos para os autos do processo público; só a sua
decisão;
Med-Arb (“Mediation-Arbitration”)

 É uma modalidade mista de resolução de conflito: Mediação e


Arbitragem;
 Normalmente estabelecida em cláusula contratual;
 Inicia-se com a mediação. Não dando certo, este terceiro, passará a
ser árbitro e aplicará a Arbitragem;
 Muito criticada, pois se concentra em uma única pessoa duas funções –
MEDIADOR E ÁRBITRO; Por que?
 Imparcialidade
 O mais indicado é que duas pessoas distintas exerçam esta função, ou
seja, uma seja mediador e outro seja o árbitro;
Questões para reflexão

 O que “nasceu” antes: o processo judicial, a


negociação, a mediação ou a arbitragem?

 O que há de comum e quais as diferenças gerais


entre esses quatro tipos?
Questões para reflexão

 Porque os “meios alternativos de resolução


de conflitos” são assim chamados?

O que significa ser um método de resolução


de conflitos “alternativo”?
Questões para reflexão

 Quais as principais diferenças entre a


jurisdição e os meios ditos alternativos de
solução de controvérsias?
 Existe diferença entre decidir e solucionar
um conflito? Se sim, quais métodos
decidem e quais métodos solucionam um
conflito?
 Os métodos de solução de controvérsias podem trazer dois
resultados básicos: acordo e decisão. Quais as diferenças
básicas entre o acordo e a decisão em termos de atores
envolvidos e etapas necessárias?

 Liste os mecanismos alternativos que visam resultar em


um acordo, os que visam uma decisão e os que podem
visar ambos.
Questões para reflexão

A legislação brasileira de 2015 pode ter


criado um sistema amplo e articulado de
diferentes meios de resolução de disputas.
Identifique as leis que sustentam esta
afirmação e suas principais inovações.

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