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Motivado em criar um teatro tipicamente brasileiro, ele decidiu escrever peças utilizando a
comédia de costumes, onde através de sátiras era possível realizar uma crítica à moral e
aos problemas da época, além disso ele era um ótimo criador de perfis, dando um tom
caricato aos seus personagens ao enfatizar suas peculiaridades.
Escreveu peças de fácil compreensão já que a maior parte da população era analfabeta,
fez isso para que a cultura do teatro fosse ampliada, e não fosse frequentada somente por
membros da elite como era de costume.
Um dos maiores apoiadores de Martins Pena foi o ator e empresário teatral mais
importante da época, João Caetano. Foi um grande impulsionador da profissionalização do
teatro brasileiro e o primeiro a encenar “O Juiz de Paz na Roça”, apresentado no Teatro de
São Pedro de Alcântara, pela companhia de teatro João Caetano. A peça satiriza os
costumes rurais dos pequenos proprietários, os personagens de Martins eram um retrato
das pessoas da sociedade carioca rural e urbana do início do século XIX. Mostrou através
da comédia a realidade de um país atrasado no momento em que se consolidava o
movimento romântico no Brasil.
A peça foi pioneira no Brasil no gênero comédia de costumes, fazendo com que ele
ganhasse fama de Molière Brasileiro (um apelido que o comparava com Jean-Baptiste
Poquelin, conhecido artisticamente como Molière, um francês considerado o criador da
comédia de costumes no século XVII), entretanto, inicialmente, ele não assinou a peça por
medo disso influenciar negativamente em sua carreira pública.
Acabou tendo uma carreira pública promissora onde exerceu vários cargos, como
amanuense da Secretaria dos Negócios Estrangeiros, em 1843, e adido à Legação do
Brasil em Londres, Inglaterra. Além disso, foi folhetinista e fez críticas teatrais no Jornal do
Commercio de 1846 até a sua ida para a Inglaterra, em 1847. Ainda em Londres teve a
grande honra de conhecer a Rainha Vitória e o Príncipe Alberto, depois de um tempo
contraiu tuberculose, fugiu do frio da Inglaterra e acabou falecendo aos 33 anos em 7 de
dezembro de 1848, em Lisboa, Portugal, onde passava a caminho do Brasil.
Martins Pena escreveu aproximadamente 30 peças, retratou em suas obras uma grande
quantidade de informação sobre a primeira parte do século XIX no Rio de Janeiro, foi o
primeiro teatrólogo a explorar histórias do povo brasileiro sendo o fundador do gênero da
comédia de costumes no Brasil. Graças a seu sucesso como dramaturgo e diplomata
ocupa a cadeira nº29 da Academia Brasileira de Letras, tendo sido indicado pelo próprio
fundador Artur Azevedo.
Algumas das peças mais famosas de Martins Pena: “A Família e a Festa na Roça” (1840),
“O Caixeiro da Taverna” (1845), “O Judas em Sábado de Aleluia” (1846), “Os Irmãos das
Almas” (1846), “Quem Casa Quer Casa” (1847), “D. Leonor Teles”, “Vitiza ou o Nero da
Espanha”, “O Noviço” (1853) e “Os Dois ou o Inglês Maquinista” (1871).
As Casadas Solteiras
Enredo/sinopse
Resumo da peça
PRIMEIRO ATO
Entretanto, Jeremias acreditou ter visto sua esposa, Henriqueta, e se descuidou de sua
vigilância. Assim, o pai das meninas as encontrou e as levou embora. Jeremias em seguida
se explicou e pediu desculpas por seu descuido e falou a John um modo de ele ir ter
novamente com sua amada. Sugeriu que ele se disfarçasse de mágico e combinasse com
as irmãs um novo encontro.
Assim John fez e marcou com Virgínia um novo encontro. E ainda deu a Henriqueta a
indicação de que Jeremias estaria ali em pouco tempo.
SEGUNDO ATO
Sendo assim, Virgínia e John, Clarisse e Bolingbrok estavam casados e vivendo na Bahia.
Junto deles também estava Jeremias que havia escapado de sua mulher depois do
encontro que teve com ela graças às falas de John. Na Bahia, os ingleses tratavam suas
esposas como escravas e ambas viviam infelizes.
Virgínia e Clarisse saíram para arrumar suas malas, aproveitando que seus maridos não
estavam em casa. Henriqueta, que esperava lá embaixo, ao ouvir Jeremias vindo apagou
as velas e o esperou no escuro. Jeremias entrou pedindo luz ao criado e quando encontrou
Henriqueta, começaram uma discussão. Mas logo em seguida chegou uma carta para
Jeremias dizendo que seu negócio havia falido. Assim, restou a ele apenas a mulher, e
então se reconciliaram. Decidiram, então, seguir para o Rio junto a Clarisse e Virgínia.
TERCEIRO ATO
Lá as meninas foram recebidas pelo pai, que logo se adiantou para concretizar a anulação
do casamento das filhas. E ainda fez um único pedido, já que as recebera depois de terem
desobedecido e fugido: ele pedia que se casassem com Serapião e Pateleão, ao que não
deram resposta. A verdade é que os ingleses voltaram ao Rio para cortejá-las novamente e
elas nutriam esperança de que pudessem ser felizes com eles.
E assim tendo Narciso saído e ido jantar fora, elas convidaram os ingleses para um jantar
em sua casa, mas na verdade pretendiam vingar-se deles e tiveram a ajuda de Henriqueta.
Os trataram como escravos e submissos através de chantagem emocional, fizeram com
que eles fossem comprar verduras, empada e pão-de-ló para o jantar. O que não condizia
com o orgulho inglês. E assim enquanto eles estavam fora, Jeremias chegou, ele tratava
agora dos negócios dos outros que por acaso ficaram com a anulação do casamento de
Clarisse e Virgínia e tendo o papel em mão foi ter com elas para saber se de fato queriam
que ele levasse o processo adiante. Mas nenhuma das duas respondia, então Henriqueta
que via a esperança que elas tinham para com os ingleses, falou para o marido que
deixasse de lado aquela história.
Nesse tempo John e Bolingbrok chegaram e desta vez as meninas o fizeram tirar a casaca
e colocar a mesa. Enquanto eles faziam isso, elas iam olhar o jantar, mas em pouco tempo
voltaram correndo dizendo que Narciso estava em casa e que eles deveriam se esconder.
Propositadamente os fizeram entrar em pipas cheias de tinta. Elas não esperavam, mas de
fato Narciso tinha voltado para casa e junto com ele estavam Serapião e Pateleão.
Como estes se interessavam pelas meninas, John e Bolingbrok saíram das pipas com as
roupas tingidas e começaram a lutar com os amigos de Narciso. Este corria, tentando fugir,
achando que os genros eram o demônio.
Ao fim, John e Bolingbrok confessaram amar Clarisse e Virgínia, que disseram o mesmo.
Os ingleses, satisfeitos com Jeremias por ter rasgado a anulação do casamento, provando
a Narciso que as meninas ainda eram casadas, o declararam seu novo sócio nos negócios.
Jeremias: amigo de John desde a época do colégio, é neste personagem que encontra-se
o maior retrato crítico da sociedade brasileira do início do século XIX. Ele carrega em si o
total descaso com o casamento, pois vive a fugir da esposa, o que pode ser interpretado
como uma provável afronta ao religioso, já que o casamento é tido como instituição
sagrada, tradição que era levada mais a sério em meados do século XIX. Jeremias, além
disso, posta-se ao lado de quem mais lhe convém: ao longo dos atos, ele toma partido de
vários personagens. Tanto é assim que, mesmo ao fugir do matrimônio – falando
figurativamente – durante quase toda a peça, ocorre que ao ver-se falido, volta a morrer de
amores por Henriqueta, que na mesma cena chama-a de centopéia do diabo, peste,
demônio e víbora. Assim, Jeremias aparenta desligar-se do materialismo capitalista para
apegar-se à tradição. E além da crítica ao casamento, a personagem de Jeremias é
consciente da presença do estrangeiro e suas imposições culturais e exploração, contudo, é
resignado e mostra-se contaminado pelos costumes e deleites dos ingleses.
John: filho de ingleses, nascido e criado no Brasil familiarizado com a língua. Calmo,
educado, resiliente, formal. Personagem machista que julga a mulher como escrava,
submissa, incapaz de governar e manipuladora.