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PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO TRABALHO
PROCESSO JUDICIAL ELETRÔNICO
VARA DO TRABALHO DE INDAIAL
ATOrd 0000233-73.2019.5.12.0033
RECLAMANTE: ANTONIO FUCK
RECLAMADO: LOGISTICA REALEZA LTDA - EPP

SENTENÇA 

(IMPUGNAÇÃO AOS CÁLCULOS DE LIQUIDAÇÃO)

1. Visto.

2. Nos termos do art. 1º do Ato Conjunto SEAP/GVP/SECOR nº 53, de 11.11.2021,


está implantada a etapa 4 (final) da retomada das atividades presenciais prevista no art. 13 da Portaria Conjunta
SEAP/GVP/SECOR nº 207/2020 quando a região do Estado estiver na fase “laranja”, “amarela” ou “azul”, com
atendimento de forma parcial aos jurisdicionados.

3. Apresentados os cálculos de liquidação pelo perito nomeado pelo Juízo (fls.


986/1002 - ID. 0469c42) e intimadas as partes:

3.1. o autor se manifestou, silenciando a respeito dos cálculos e requerendo o início da


execução (fl. 1007 -  ID. 6b39544);

3.2.  a ré impugnou os cálculos (fls. 1009/1020 - ID. 7a7db1b) e o autor se manifestou


sobre a impugnação (fls. 1056/1058 – ID. 642dd33);

3.3. desnecessária vista à União (Portaria MF 582/2013).

4. Prestados esclarecimentos pelo expert (fls. 1060/1062 -  ID. d33a510) e


retificados parcialmente os cálculos (fls. 1063/1079 - ID. 90bc6fd):

4.1. a ré se manifestou, ofertando impugnação, mais precisamente sobre a planilha de


horas extras apresentada com os cálculos retificados e reiterando a impugnação anterior quanto ao cálculos das
extraordinárias, apontando diferenças  (fls. 1099/1103 - ID. 32ca17b);

4.2. o autor não se manifestou (decurso do prazo certificado na fl. 1104 -  ID.
97e384c).

5. Os autos retornaram ao perito contábil para segundos esclarecimentos e retificação


da conta, se fosse o caso, bem como para atualização do débito à mesma data da transferência do depósito
recursal, segundo o pronunciamento de fls. 1105/1107 - ID. 9ad7413.

5.1. Esclarecimentos do perito (fls. 1110/1111 - ID. ea311ed). 

5.1.1. Manifestação do autor concordando com a conta anteriormente retificada e


requerendo o início da execução (fls. 1114/1115 - ID. 16943c2).
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5.1.2. A ré reitera a insurgência relacionada às horas extras (fls. 1116/1117 - ID.


76b2e61).

6. Novamente os autos retornam ao perito para os fins do pronunciamento de fls.


1118/1119 - ID. 5d1a17a.

6.1. Terceiros esclarecimentos do perito (fls. 1122/1123 - ID. 44776b0), com


retificação e atualização dos cálculos (fls. 1124/1140 - ID. c095c88).

6.1.1. Manifestação da ré, reiterando a irresignação relacionada às extraordinárias (fls.


1159/1160 - ID. 1bbd858).

6.1.2. O autor não se manifestou (prazo de oito dias úteis decorrido em 12.11.2021,
6ª-feira – dispenso a Secretaria de certificar o decurso do prazo).

7. Coisa julgada determinada pela sentença de fls. 848/871 - ID. 48f1103 e acórdão de
fls. 939/953 - ID. 7e297b5.

7.1. Sentença (fls. 848/871 - ID. 48f1103) mantida integralmente pela instância superior
(fls. 939/953 - ID. 7e297b5). 

8.  A impugnação patronal (fls. 1009/1020 - ID. 7a7db1b), abrange 04 (quatro)


temas: 

a) preliminar de cerceamento de defesa (ausência de detalhamento dos cartões-ponto);

b) diferenças de cálculos de horas extras (adicionais de 50% e 100%);

c) abatimento de valores pagos (férias do período aquisitivo de 2017/2018);

d)  contribuição previdenciária – cota patronal (desoneração,  alternativamente, opção


pelo simples). 

8.1. Com a manifestação de fls. 1060/1062 - ID. d33a510, o perito apresentou o


detalhamento dos controles de jornada e de apuração das horas extras, bem como retificou os cálculos, efetuando a
dedução dos valores pagos a título de férias do período aquisitivo de 2017/2018. Quanto à contribuição
previdenciária – cota patronal, observou o enquadramento da ré no SIMPLES, retificando os cálculos nesse
aspecto, atendendo o requerimento alternativo relacionado à contribuição previdenciária – cota patronal.

A ré não se insurgiu a respeito das retificações efetuadas envolvendo o abatimento de


valores pagos e a contribuição previdenciária (cota patronal) - fls. 1099/1103 - ID. 32ca17b.

Dessarte, diante da apresentação pelo perito do detalhamento dos controles de jornada


e de apuração das horas extras, a preliminar de cerceamento de defesa perdeu o objeto.

Não houve insurgência da ré relacionada ao abatimento de valores pagos (férias do


período aquisitivo de 2017/2018), bem como à contribuição previdenciária (cota patronal).

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Nesse passo, dou por resolvida a impugnação quanto a esses temas.

8.2. Diferenças de cálculos de horas extras (adicionais de 50% e 100%): 

A ré, no item 2 da impugnação (fls. 1011/1012 - ID. 7a7db1b - Págs. 3/4), requer a
retificação dos cálculos das horas extras, sustentando que toda a jornada deverá ser apurada exclusivamente com
base nas anotações dos diários de bordo em razão da fidedignidade desses documentos reconhecida na sentença.
Assere que elaborou planilha diária e semanal com base em tais documentos, e que há divergência entre os valores
que apurou e os apontados pelo perito, tanto nas horas extras com adicional de 50%, como nas com adicional de
100%. 

O perito apresentou o detalhamento dos controles de jornada e de apuração das horas


extras e se manifestou no seguinte sentido (fl. 1060 - ID. d33a510 - Pág. 1):

“Esclarece  a perícia que na apuração das horas extras observou a


jornada lançada nos diários de bordo e apurou as horas extras excedentes a 8ª diária e a 44ª
semanal, sem cumulatividade, e as horas laboradas em domingos e feriados, conforme planilha
de apuração em anexo.”

A ré impugna a planilha apresentada pelo expert, afirmando que não retrata a realidade
dos diários de bordo. Argumenta que o perito não observou corretamente o termo inicial da semana de trabalho,
porquanto considerou o domingo e não a 2ª-feira, como determinado na sentença, bem como não excluiu o tempo
de descanso, do cálculo total da jornada, resultando na apuração incorreta da jornada diária. Requer a exclusão dos
intervalos para refeição, repouso e descanso e tempo de espera na apuração da jornada  (fls. 1099/1103 -  ID.
32ca17b).

Os autos retornaram ao perito e este manteve a conta. 

Quanto ao termo inicial da semana, informa o perito (fl. 1110 - ID. ea311ed - Pág. 1):
“[...] na apuração semanal das horas devidas considera o sábado como o último dia da semana e o domingo
como o primeiro”. Refere no concernente ao intervalo intrajornada: “Esclarece a perícia que observou os
horários dos diários de bordo consignados nos autos, conforme determinação da r. Sentença. Ainda, não há
determinação para a exclusão das horas de descanso.” 

A ré reitera a impugnação (fls. 1116/1117 - ID. 76b2e61).

Diante da manutenção da impugnação da ré e do pronunciamento de fls. 1118/1119 -


ID. 5d1a17a, o perito prestou novos esclarecimentos (fls. 1122/1123 - ID. 44776b0)  e retificou e atualizou os
cálculos (fls. 1124/1140 - ID. c095c88).

A ré se manifesta (fls. 1159/1160 - ID. 1bbd858), requerendo a readequação dos


cálculos, conforme planilha que apresentou com a primeira impugnação. 

Pois bem. 

A sentença liquidanda, considerou fidedignas as anotações dos diários de bordo e


consignou que essas anotações servirão como parâmetro na apuração das extraordinárias, respeitadas as demais

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diretrizes da sentença  (fls. 856/857 -  ID. 48f1103 - Págs. 9/10).

Quanto às horas extras, colho da sentença (fls. 858/859 - ID. 48f1103 - Págs. 11/12):

“Dessarte, atendida a fundamentação acima, o autor faz jus a horas


laboradas excedentes da 8ª e 44ª semanal durante a contratualidade, sem cumulatividade. O
intervalo intrajornada gozado (uma hora diária) não será computado na duração da jornada.

Não haverá apuração de sobrejornada nos dias/períodos de


afastamento (como faltas - justificadas ou não - e férias).

Tendo em vista a jornada indicada na exordial levou em conta a


média ali declinada em todos os dias da semana, aliado a que não repousam no caderno
processual todos os controles de jornada do interregno contratual, apenas nos meses em que se
verificar a ausência de controle de jornada (diário de bordo), ou anotações incompletas (seja
diariamente, semanalmente ou em todo o mês), adotar-se-á a jornada média indicada na inicial
(domingo a sábado, das 05h30min às 18h30m, com 1 hora de intervalo intrajornada e folga em
3 dias no mês). Essa média será observada, ainda, no mês de junho/2018 (considerado acima
ausência de gozo de férias pelo demandante nesse mês e ano). 

E ainda: nos dias em que o autor estava “em casa” reputar-se-á


apenas que as horas laboradas no domingo e feriado da respectiva semana (semana civil
computada a partir de cada 2ª-feira) são devidas na base de 50% - se houver sobretempo, na
forma acima indicada - para cada dia de efetivo repouso ("em casa").

Divisor de 220 e adicional de 50% sendo de 100% no labor em


feriados nacionais e domingos, respeitado o parágrafo anterior.

Defiro horas extras, observada a motivação supra. Incidirão reflexos


em aviso-prévio indenizado, repousos semanais remunerados (domingos e feriados nacionais -
respeitadas a OJ 394 da SDI-I do TST e Súmula 65 do TRTSC, exceto sobre ele mesmo), férias
com 1/3, gratificação natalina e FGTS com 40%, incidindo estes (FGTS + 40%) nas parcelas
reflexivas de natureza jurídica salarial indicadas neste parágrafo (aviso-prévio indenizado, RSR
e gratificação natalina - não repercussões sobre férias indenizadas e seu terço - TST, SDI-I, OJ
195).

A base de cálculo do sobretempo observará a evolução do piso da


categoria reconhecido nesta sentença e demais parcelas de natureza salarial adimplidas nos
“hollerits” (TST, Súmula 264).

Autorizo a dedução dos valores adimplidos a igual título”.

Na última retificação, o perito corrigiu o termo inicial da semana de trabalho do autor no


detalhamento das horas extras, atendendo à insurgência da ré. Também retificou o cálculo das horas extras com
adicional de 100% (fl. 1129 - ID. c095c88 - Pág. 6).

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O detalhamento da jornada de trabalho do autor, apresentado pelo perito (fls.


1141/1156 - ID. c095c88 - Pág. 18/33), está em sintonia com a coisa julgada. 

A planilha do cálculo das horas extras com adicional de 100%, após a retificação pelo
expert (vide fl. 1129 - ID. c095c88 - Pág. 6) é idêntica à apresentada pela ré (fl. 1026 - ID. 141adeb - Pág. 6).
Logo, quanto às horas extras com adicional de 100%, nada mais a reparar, por corretos os cálculos.

Com relação às horas extras com adicional de 50%, a ré, na impugnação (fls.
1011/1012 - ID. 7a7db1b - Págs. 3/4), confronta o total de horas extras que apurou (1.218,39 horas), com a
quantidade inicialmente apurada pelo perito (1.512,66 horas), o que resulta numa diferença de 294,27 horas.

Contudo, o perito retificou os cálculos e a quantidade de horas extras com adicional de


50% e o total apurado pelo expert ao final foi reduzido para 1.246,38 horas, como pode ser verificado na coluna
“Quantidade” da planilha dos cálculos das horas extras 50% apresentada pelo perito, somando-se a quantidade de
horas extras ali indicadas (fls. 1131/1132 - ID. c095c88 - Págs. 8/9), bem como no somatório da coluna “HE
DEVIDAS” do detalhamento da jornada de trabalho de fls. 1141/1156 (ID. c095c88 - Págs. 18/33), in fine.

Com a última retificação dos cálculos, a diferença entre a quantidade de horas extras
com adicional de 50% apurada pelo perito e pela ré, baixou para 28 horas. 

Existe essa diferença, porque a ré considerou apenas as horas extras excedentes da 8ª


diária, não atentando que a coisa julgada deferiu horas extras excedentes da 8ª diária E da 44ª semanal, sem
cumulatividade e que houve semanas (nos meses de junho/2017 e março/2018) em que a quantidade de horas
extras excedentes da 44ª semanal foi maior do que a quantidade das excedentes da 8ª diária, devendo ser
considerada, nessa hipótese, a quantidade de horas extras excedentes da 44ª semanal e não a das excedentes da 8ª
diária (pela vedação de cumulatividade determinada na “res judicata”). Isso pode ser percebido, observando-
se o detalhamento da jornada de trabalho, apresentado pelo perito (fls. 1141/1156 (ID. c095c88 - Págs. 18/33),
onde na coluna “HE EXC. 8ª DIÁRIA”, o somatório é de 1.218,38 horas (que é exatamente a mesma
quantidade de horas extras considerada pela ré em seus cálculos), enquanto na coluna “HE DEVIDAS”, o
somatório é de 1.246,38 horas, porque, como dito acima, existiram semanas que a quantidade de horas extras
excedentes da 44ª foi maior do que a quantidade de horas extras excedentes da 8ª diária. 

Dessarte acolho, em parte, a impugnação da ré envolvendo o cálculo das horas extras


(adicionais de 50% e 100%), mas sem correção dos cálculos diante da última retificação efetuada pelo perito (fls.
1124/1140 - ID. c095c88 - Págs. 1/17) e do ora decidido.

9.  Este feito foi ajuizado em 01.04.2019 e o trânsito em julgado da prestação


jurisdicional ocorreu em 08.03.2021 (certidão de fl. 960 - ID. b178b00).

Embora a sentença liquidanda tenha definindo expressamente o índice acerca dos


juros (letra ”c" do item 8 da fundamentação – fls. 867/868 - ID. 48f1103 - Págs. 20/21), não o fez a respeito da
correção monetária, (letra ”d.2" do item 8 da fundamentação - fl. 869 -  ID. 48f1103 - Pág. 22).

Sentença (fls. 848/871 - ID. 48f1103) mantida integralmente pela instância superior (fls.
939/953 - ID. 7e297b5).

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Logo, foi postergado o exame do capítulo da correção monetária para momento


posterior à fase de conhecimento (= decisão fracionada ou em capítulo).

O Plenário do STF, em sessão de 18.12.2020, julgou as ADCs 58 e 59 juntamente


com as ADIs 5.867 e 6.021, nos seguintes termos:

“Decisão:

O Tribunal, por maioria, julgou parcialmente procedente


a ação, para conferir interpretação conforme à Constituição ao art. 879, § 7º, e ao
art. 899, § 4º, da CLT, na redação dada pela Lei 13.467 de 2017, no sentido de
considerar que à atualização dos créditos decorrentes de condenação judicial e à
correção dos depósitos recursais em contas judiciais na Justiça do Trabalho
deverão ser aplicados, até que sobrevenha solução legislativa, os mesmos índices
de correção monetária e de juros que vigentes para as condenações cíveis em
geral, quais sejam a incidência do IPCA-E na fase pré-judicial e, a partir da
citação, a incidência da taxa SELIC (art. 406 do Código Civil), nos termos do
voto do Relator, vencidos os Ministros Edson Fachin, Rosa Weber, Ricardo
Lewandowski e Marco Aurélio.

Por fim, por maioria, modulou os efeitos da decisão, ao


entendimento de que 

(i) são reputados válidos e não ensejarão


qualquer rediscussão (na ação em curso ou em nova demanda, incluindo
ação rescisória) todos os pagamentos realizados utilizando a TR (IPCA-E
ou qualquer outro índice), no tempo e modo oportunos (de forma
extrajudicial ou judicial, inclusive depósitos judiciais) e os juros de mora
de 1% ao mês, assim como devem ser mantidas e executadas as
sentenças transitadas em julgado que expressamente adotaram, na sua
fundamentação ou no dispositivo, a TR (ou o IPCA-E) E os juros de mora
de 1% ao mês;

(ii) os processos em curso que estejam


sobrestados na fase de conhecimento (independentemente de estarem com
ou sem sentença, inclusive na fase recursal) devem ter aplicação, de
forma retroativa, da taxa Selic (juros e correção monetária), sob pena de
alegação futura de inexigibilidade de título judicial fundado em
interpretação contrária ao posicionamento do STF (art. 525, §§ 12 e 14,
ou art. 535, §§ 5º e 7º, do CPC) e 

(iii) igualmente, ao acórdão formalizado pelo


Supremo sobre a questão dever-se-á aplicar eficácia erga omnes e efeito
vinculante, no sentido de atingir aqueles feitos já transitados em julgado
desde que SEM qualquer manifestação expressa quanto aos índices de

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correção monetária E taxa de juros (omissão expressa ou simples


consideração de seguir os critérios legais), vencidos os Ministros
Alexandre de Moraes e Marco Aurélio, que não modulavam os efeitos da
decisão.

Impedido o Ministro Luiz Fux (Presidente).


Presidiu o julgamento a Ministra Rosa Weber (Vice-Presidente). Plenário,
18.12.2020 (Sessão realizada por videoconferência – Resolução
672/2020/STF)." (destaquei/sublinhei)

No caso em epígrafe, como não houve manifestação expressa na sentença liquidanda


acerca dos índices de correção monetária (tema diferido para julgamento em capítulo em fase subsequente à
de cognição), incide, na espécie, a regra do decidido nas ADCs 58 e 59, e ADIs 5.867 e 6.021. O exame a
respeito da correção monetária (pronunciamento em capítulo), no atual estágio processual, atrai a referida
regra.

Aliás, pouco importa se houve ou não o trânsito em julgado da decisão ora liquidanda,
antes de 18.12.2020 ou a partir daí (data do julgamento das ADCs 58 e 59, e ADIs 5.867 e 6.021), na
medida que este pronunciamento da mais Alta Corte só considera como “feito transitado em julgado” aquele em
que houve “manifestação expressa” ou “omissão expressa” acerca dos índices de correção monetária E juros
à atualização dos débitos trabalhistas. Correção monetária e juros ou juros e correção monetária, pelo formato
do decidido nas ADCs e ADIs mencionadas, representam bloco normativo único.

Esse bloco normativo único ressumbra inquestionável e impera existindo a


apreciação de ambos os índices (correção monetária e juros), pois, caso contrário, nenhum deles transita em
julgado. 

Ademais, ainda que ambos os índices tenham sido definidos, indispensável verificar
como se deu o exame na prestação jurisdicional, porquanto completamente distintos os efeitos da adoção
expressa de TR ou do IPCA-E e juros de 1% ao mês (modulação do item “i”) da omissão expressa ou simples
consideração de seguir os critérios legais (modulação do item 'iii" - v.g. "adote-se a tabela única” ou
“correção monetária e juros na forma da lei”).

De fato, no primeiro caso (item “i”), o trânsito em julgado será cumprido em sintonia
com a coisa julgada (liquidanda/exequenda); na outra situação (item 'iii"), segundo a eficácia “erga omnes” e
efeito vinculante da regra das ADCs e ADIs referidas.

De outro norte, em interpretação autêntica, quanto à extensão do pronunciamento


exarado (ADCs 58 e 59, e ADIs 5.867 e 6.021), há reiteradas decisões monocráticas de ministros da Suprema
Corte (STF) no sentido da incidência, na fase pré-prejudicial (extrajudicial),  de IPCA-E mais os juros legais
do “caput” do art. 39 da Lei 8.177/1991 enquanto na fase judicial a SELIC.

Com efeito, na Rcl 47.929/RS, em pronunciamento monocrático de 29.06.2021


(trânsito em julgado no dia 13.11.2021), expôs o ministro DIAS TOFFOLI:

"Razão jurídica não assiste à parte reclamante.

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[…]

A incidência de juros moratórios na fase extrajudicial (que


antecede a propositura da ação trabalhista) decorre de previsão legal contida no caput do art.
39 da Lei nº 8.177/91, a qual independe de decisão da Suprema Corte.

A normatividade do dispositivo da Lei nº 8.177/91 referido acima


somente foi objeto de debate nessa Suprema Corte na ADC nº 58 em razão da adoção da taxa
referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia – SELIC para atualização do débito
na fase judicial, afastando sua incidência nesse momento a fim de evitar o anatocismo. O
entendimento restou evidenciado no item 7 da ementa do acórdão paradigma:

[…]

Tendo a autoridade reclamada determinado a incidência de IPCA-e


(índice de correção monetária) e dos juros previstos no caput do art. 39 da Lei nº 8.177/91 para
atualização de créditos decorrentes de condenação tendo como referência o período que
antecede a propositura da reclamação trabalhista; e a taxa SELIC para o período posterior à
citação na ação trabalhista, tem-se a observância estrita do julgado na ADC nº 58 e dos
parâmetros legais incidentes à espécie, não havendo que se falar em desrespeito à autoridade do
STF ou usurpação de competência da Corte. 

Ante o exposto, nego seguimento à presente reclamação


constitucional (RISTF, art. 21, § 1º)." (destaques em negrito e sublinhado no original)

No mesmo sentido: Rcl 49.310/RS (ministro GILMAR MENDES), Rcl 50.107/RS


(ministra CÁRMEN LUCIA), Rcl 50.189/MG (ministro ALEXANDRE DE MORAES), Rcl 49.508/PR (ministro
LUÍS ROBERTO BARROSO) e Rcl 50.117/RS (ministro NUNES MARQUES).

Nesse contexto, o critério adotado nos cálculos de liquidação em exame, não seguiu os
balizamentos definidos pelo STF (ADCs 58 e 59, e ADIS 5.867 e 6.021):

a) fase pré-judicial: IPCA-E e juros legais;

b) fase judicial: SELIC desde o ajuizamento da ação.

Leia-se “juros legais”, na fase pré-judicial, aqueles fixados no “caput” do art. 39, da
Lei 8.177/1991 (juros de mora equivalentes à TRD) e não juros de 1% a mês pro rata die, (estes previstos no
§ 1º do art. 39 da mesma lei).

Impende atentar, igualmente, que os juros de 1% ao mês pro rata die (Lei 8.177/1991,
art. 39, § 1º - indicados na tabela do PJECalc como “Juros Padrão”) diferem totalmente dos juros do
“caput” do art. 39 da prefalada legislação (indicados na tabela do PJECalc como “TRD Juros Simples”).

No caso concreto, o perito aplicou na conta liquidanda a “TR” como índice de


correção monetária e os “Juros Padrão”, como se percebe nos itens 3 e 6 dos critérios dos cálculos (fl. 1125 -
ID. c095c88 - Pág. 2), “verbis”:

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“Critério da Atualização e Fundamentação Legal

[…].

3.  Valores corrigidos pelo índice 'TR', acumulado a partir do mês


subsequente ao vencimento, conforme súmula nº 381 do TST. Última taxa 'TR' relativa a
10/2021. (negritei)

[...].

6. Juros simples de 1% a.m., pro rata die, a partir de 01/04/2019


(Art. 39 da Lei nº 8177/91).” (negritei).

Para respeitar o decidido pelo STF, impõe-se utilizar um dos dois critérios de
atualização abaixo (ambos do PJECalc), isto é, critérios “A” ou “B”:

CRITÉRIO “A”

"Critério da Atualização e Fundamentação Legal

1. Valores corrigidos pelo índice 'IPCA-E' até 31.03.2019 e pelo


índice 'Sem Correção' a partir de 01.04.2019 (data do ajuizamento da ação), acumulados a
partir do mês subsequente ao vencimento, conforme súmula nº 381 do TST. Última taxa 'IPCA-
E' relativa a 10/2021 (última atualização realizada em 07.10.2021).

[…]

3. Juros apurados desde o vencimento das verbas vencidas, em fase


pré-judicial, conforme decisão do STF na ADC 58; juros simples TRD até 31.03.2019; e juros
SELIC (Fazenda Nacional) a partir de 01.04.2019 (data do ajuizamento da ação)."
(sublinhei/negritei)

CRITÉRIO “B”

"Critério da Atualização e Fundamentação Legal

1. Valores corrigidos pelo índice 'IPCA-E' até 31.03.2019 e pelo


índice 'SELIC (Fazenda Nacional)' a partir de 01.04.2019 (data do ajuizamento da ação),
acumulados a partir do mês subsequente ao vencimento, conforme súmula nº 381 do TST.
Última taxa 'SELIC (Fazenda Nacional)' relativa a 10/2021 (última atualização realizada em
07.10.2021).

[…]

3. Juros apurados desde o vencimento das verbas vencidas, em fase


pré-judicial, conforme decisão do STF na ADC 58; juros simples TRD até 31.03.2019; e sem
incidência de juros a partir de 01.04.2019 (data do ajuizamento da ação)." (sublinhei/negritei)

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Os critérios retrotranscritos são autoexplicativos.

Nessa senda e considerando que o STF no julgamento virtual de aclaratórios de 15


a 22.10.2021 sanou erro material na decisão de 18.12.2020 (ADCs 58 e 59, e ADIs 5.867 e 6.021),
estabelecendo que a fase judicial, para efeitos de aplicação da taxa SELIC, se dá “a partir do ajuizamento da
ação” e não da citação, necessária a correção dos cálculos, quanto aos critérios adotados, a fim de que sejam
observadas as diretrizes fixadas pelo STF, como aqui explicitado.

Dessarte, determino o retorno do feito ao perito contábil a fim de que retifique  a


conta, observando o integralmente decidido pelo STF:

a) fase pré-judicial: IPCA-E mais juros legais ("TRD Juros Simples" do “caput” do
art. 39 da Lei 8.177/1991);

b) fase judicial: SELIC desde o dia do ajuizamento da ação.

10.   Nesse contexto,  pela motivação acima, julgo procedente, em parte, a


impugnação patronal, dando por resolvida a impugnação desta quanto ao abatimento de valores pagos (férias do
período aquisitivo de 2017/2018) e contribuição previdenciária – cota patronal.

10.1. Os cálculos retificados estão em sintonia com a sentença liquidanda, EXCETO


quanto ao decidido pelo STF (ADCs 58 e 59, e ADIS 5.867 e 6.021), conforme item 9 acima.

11. Não cabe recurso imediato deste pronunciamento porquanto apenas solucionada a
impugnação da ré aos cálculos de liquidação.

A  recorribilidade do ora decidido  pressupõe,  obrigatoriamente, a utilização pela


parte interessada do remédio jurídico único e apropriado (embargos pela parte devedora, estando preclusa
impugnação pela parte autora, em razão da anuência tácita aos cálculos de fls. 1124/1140 - ID. c095c88 –
Págs. 1/17, os quais foram mantidos nesta sentença), no prazo do art. 884 da CLT, para reiterar insurgência
anterior (há preclusão consumativa de questões sobre a conta de liquidação não ofertadas no prazo do § 2º
do art. 879 do Texto Consolidado ou não reiteradas na manifestação seguinte à abertura do prazo do art.
879, § 2º, da CLT).

Reitero: apenas do pronunciamento que analisa/julga essa irresignação acaso


manifestada no prazo do art. 884 da CLT cabível agravo de petição (CLT, interpretação sistemática dos arts.
879, § 2º, 884, §§ 3º e 4º, 893, § 1º e art. 897, letra “a”).

12. À Secretaria  para juntar comprovante do valor atualizado do depósito de fl.


916 - ID. b6c587e - Pág. 1.

13. Após, intime-se  o perito  NARCISO GRANDI, via sistema,


para readequação cálculos em conformidade com o decidido pelo STF  (item 9), partindo da conta retificada
(fls. 1124/1140 - ID. c095c88 – Págs. 1/17), segundo indicado neste pronunciamento, bem como para atualizar os
cálculos à mesma data  do valor atualizado  do depósito recursal, em conta judicial, conforme comprovante
que será juntado após esta sentença. Prazo: 20 (vinte) dias úteis.

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14.  Ofertados os cálculos retificados (item 13),  intimem-se  os patronos para


manifestação, em  8 (oito) dias úteis, quanto a itens e valores, sob pena de preclusão (CLT, art. 879, § 2º),
atentando que eventual insurgência é  restrita  à retificação havida -  diante da preclusão acerca de outras
temáticas em face do silêncio do autor e das impugnações da ré e manifestações posteriores -, exceto quanto
a temas novos acaso provenientes deste pronunciamento.

14.1.  Prevenindo controvérsias futuras, inclusive para identificação de possíveis


irresignações, esclareça a ré, por ocasião da manifestação à intimação determinada no item 14, se, frente ao
ora decidido, há ou não manutenção de insurgência(s) da última manifestação ofertada neste feito antecedente a este
“decisum” (a parte autora concordou tacitamente com os últimos cálculos, de modo que eventual insurgência
se limitará à retificação da conta decorrente deste pronunciamento).

15. No decurso ou havendo manifestação das partes (item 14), à conclusão.

INDAIAL/SC, 29 de novembro de 2021.

REINALDO BRANCO DE MORAES


Juiz(a) do Trabalho Titular

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