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Na aula passada focamos nas lesões articulares. Os torácico – protegendo órgãos vitais (coração,
principais formadores das articulações são os pulmões, grandes vasos)
elementos ósseos, mas focamos mais nas lesões dos
tecidos moles (ligamentos, meniscos, bursas...), • Apoio para o corpo
estruturas que se localizam nas articulações e são
responsáveis principalmente pela estabilização
óssea, que podem então serem lesionadas em 3 tipos • Base mecânica para o movimento
de situações:
Relembrando: quem forma a articulação é a superfície
- Contusões óssea articular, então tem uma grande importância na
movimentação.
- Entorse
↠ Definição de Fratura: lesão do tecido ósseo Patologias em decorrência da perda desses sais na
velhice que enfraquecem os ossos – osteoporose
• Osso •
• Suprimento contínuo de células sanguíneas novas -
medula óssea
→ Divisão:
→ Funções:
• Esqueleto axial (cabeça, coluna vertebral, tórax)
• Proteção para estruturas vitais (principal função)
• Esqueleto apendicular (membros superiores e
Por exemplo o tecido ósseo da cabeça - exercendo inferiores)
uma função de proteção do cérebro; arcabouço
AULA 2 ORTOPEDIA I - FRATURAS
mas ocorre o risco de que quando danificam essas • Trauma direto: sobre um determinado osso ou
zonas epifisárias, pode gerar alteração no crescimento região de um osso.
final delas.
Ex: indivíduo que leva um pontapé na região da perna
atingindo diretamente a diáfise da tíbia gerando um
traço de fratura, descontinuação tecidual.
• Fraturas •
→ Causas:
- O início da dor é gradual e insidioso e aumenta com O raio-x simples é atrasado para esse
atividade contínua, melhorando no repouso diagnóstico. Só o grau mais acentuado
de fratura por stress pode ser
- Raramente há desvio dos fragmentos
identificado no raio-x, portanto o
exame de ressonância magnética permite identificar o
São fraturas causadas por microtraumas repetidos ou traço de fratura ou casos ainda mais leves que não se
por “strees”. São mais frequentes em ossos sujeitos a tem o traço, apenas com o processo inflamatório
carga contínua, principalmente em membros ósseo.
inferiores – pés, joelhos, região do quadril – regiões
sujeitas a trauma de grande impacto, a repetição de A fratura por stress começa por um processo
traumas. inflamatório periostal, ou seja, por fora do tecido
ósseo, num segundo grau, grau intermediário, começa
Ex: indivíduos que começam a correr (que tem um a produzir um processo inflamatório intra ósseo, na
trauma maior no membro inferior) repetidas vezes, o medular do osso compacto, e só no terceiro estágio
impacto vai se acumulando e a partir de um aparece o pequeno traço de fratura.
determinado momento supera a capacidade de
resistência tecidual do osso gerando um traço de OBS: É difícil de identificar, sendo um diagnóstico
fratura no colo do fêmur. muito mais clínico onde se aproveita a história clínica
do paciente e o exame físico para identificar a
OBS: Não é possível prever quando vai acontecer, mas possibilidade de ocorrência de uma fratura por stress.
existe uma ideia clínica de quais os ossos e regiões são
mais acometidos, sendo possível rastrear na história
clínica do indivíduo a possibilidade da ocorrência ➥ Patológica
desse tipo de fratura – Fratura por stress - Ocorre em osso previamente enfraquecido por
O osso não fratura apenas por um trauma agudo, pois doença
existe essa segunda possibilidade de ocorrência de Ocorre com um trauma muito pequeno no ponto de
fratura através de um trauma crônico – Microtraumas vista de intensidade, mas mesmo assim pode gerar
repetidos uma fratura óssea.
suspeita de que o osso estivava previamente doente, O osso é um tecido inerte, que não tem bactérias, e
tratando de uma fratura patológica. no momento em que é promovido um contato com o
meio ambiente certamente algumas bactérias
- Outras causas importantes: osteogênese chegaram naquele tecido e a suscetibilidade de haver
imperfeita, osteoporose, síndrome de Cushing uma infecção é altíssima
(doença metabólica), raquitismo (deficiência de sais Para ser uma fratura aberta não necessariamente
minerais), doença de paget, tumores... precisa que o osso ultrapasse a pele e se torne visível,
Um dos lugares mais frequentes de fraturas quando ocorre isso chamamos de Fratura exposta.
patológicas é sem dúvida a coluna vertebral A fratura exposta é um subtipo da fratura aberta, já
OBS: a mais frequente é a desmineralização óssea – que a fratura aberta pode simplesmente ter um furo
Osteoporose na pele e no subcutâneo sem que o osso se
exteriorize, mas que permite um canal de ligação com
o meio externo. Já a fratura exposta tem ainda a
gravidade de haver um desvio de fragmentos que
promove a exteriorização do foco de fratura.
Essa classificação é importante porque toda • Transverso, longitudinal e oblíquo: geralmente são
vez que há um osso em contato com o meio traumas angulares de baixa intensidade.
externo ele é potencialmente infectado.
• Oblíquo deslocado, espiral e cominutivo: são
fraturas mais graves que demandam trauma de
AULA 2 ORTOPEDIA I - FRATURAS
- Menos gravidade (mais simples), Requer maior cuidado, sendo necessário determinar
menor intensidade se é possível tratar sem possibilidade de
instabilidade/desvio para que não aconteça uma
- Trauma em angulação consolidação errada/viciosa com perda da anatomia
- Traço estável (com menor do osso. Devendo ser avaliados com um pouco mais
probabilidade de desvio) de critério quando formos optar pelo tratamento
definitivo.
Na imagem vemos a seta indicando esse traço
horizontal no punho. 3. Espiralada:
Fratura estável: é aquela com menor possibilidade de - Instável (grande probabilidade de desvio)
desviar os fragmentos, ou seja, há o traço de fratura,
mas tem íntimo contato entre as superfícies ósseas
fraturadas. Além disso já que o traço é horizontal,
diminui as chances de escorregamento dos focos dos
segmentos fraturados. É considerada uma fratura
menos grave, o que influencia no tratamento. É
tratada de maneira conservadora (não-cirúrgico).
4. Compressiva:
- Típica em crianças
É típica dos ossos esponjosos. O mecanismo de lesão
é a compressão, que acontece muito nas vértebras da - Ossos mais flexíveis e elásticos
coluna. Um exemplo clássico é o corpo vertebral que
- Geralmente afetam os periósteos e são estáveis
é totalmente formado de tecido ósseo esponjoso.
- Traumas mais frequentes: cotovelo, antebraço
O nome “compressiva”, vem do mecanismo de lesão
(distal), clavícula, tíbia e fíbula
dessa fratura, onde o indivíduo faz uma flexão brusca
do tronco e imediatamente ocorre uma compressão
(como um sanduiche), as vértebras imediatamente
superior e inferior se fletem, fazendo um
achatamento da vértebra intermediária, e fazem uma
compressão óssea (como observamos no raio-x),
formando uma vértebra em forma de triângulo
(cunha)
No geral, é considerada estável, a não ser que tenha circulatório (cor, temperatura, pulsos arteriais,
um grande desvio de fragmentos. retorno capilar) para identificar possibilidade de
lesões associadas tanto de vasos como nervos e
eventualmente vísceras. No caso de uma fratura
→ Diagnóstico
instável o osso pode desviar e romper algum
Muitas vezes fazemos o diagnóstico sem a elemento importante, vascular ou neurológico –
necessidade de haver um exame complementar. lesões associadas. Por isso, é importante realizar um
exame físico.
➥ Clínico:
Ex: fratura da pelve que lesiona uma víscera ou o
aparelho urinário ou ginecológico. Ou uma fratura na
• História clínica costela que lesiona o pulmão ou a pleura – Tudo isso
Relembre: pode ser um trauma direto, indireto ou devemos abordar durante um exame clínico de uma
microtraumas repetidos possível fratura.
- Estado circulatório (distal): cor, temperatura, pulsos 3: É recente ou não (presença de calo)
arteriais, retorno capilar 4: Evidências de lesões associadas
- Lesão neurológica O raio-x é sempre utilizado na confirmação do
- Lesão visceral diagnóstico de fratura. Em geral, dá o tipo de fratura,
traço, ideia de estabilidade (se tem desvio ou se não
Paciente chega com queixa de dor óssea, sempre vai tem), se já está cicatrizando, no caso de uma fratura
existir sangramento local ou generalizado, onde o antiga. Então além do diagnóstico, esse exame nos
sangue se espalha sobre o tecido subcutâneo sem ajuda tanto diagnosticar durante a fase aguda quanto
uma formação organizada (hematoma ou equimose) e no acompanhamento da evolução do processo de
impotência funcional - não consegue gerar carga cicatrização (consolidação da fratura).
sobre aquele osso fraturado por incapacidade, dor ou
incapacidade reflexa: tríade clássica da fratura.
- Ressonância magnética e TC
Tríade clássica da fratura: dor, sangramento e A tomografia computadorizada (TC), também é um
impotência funcional exame de raio-x um pouco mais sofisticado (e mais
caro), mas não é utilizada para qualquer fratura,
Pode ser testada a presença de deformidade apenas se o raio-x não foi suficiente e ainda temos
mostrando que houve desvio do foco de fratura (de é uma dúvida (se não conseguimos identificar se está
uma fratura instável). Crepitação ao tentar manipular estável, se tem desvio ou não). Também utiliza a
o foco de fratura e sentimos crepitando na nossa mão radiação X e permite uma visualização em 2
e mobilidade anormal, ou seja, um osso que não devia dimensões.
ter nenhuma mobilidade naquele local, mas
conseguimos manipular o foco de fratura. Já a ressonância magnética em fratura fica restrita ao
diagnóstico de fraturas por stress
Deve-se sempre procurar ferimento na pele e no
subcutâneo para diferenciar uma fratura aberta de
uma fratura fechada. Devemos examinar o estado
AULA 2 ORTOPEDIA I - FRATURAS
➥ 2° Proliferação Celular:
É a fase que inicia algum tipo de formação tecidual.
Porém ainda é um tecido imaturo, não há formação
Na ilustração, vemos o foco da fratura, seguimento
das células jovens dos ossos (osteoblastos). Nesta
ósseo fraturado e ruptura de vasos. Todo o
fase, temos as células primárias e precursoras de pré-
sangramento se deposita em torno do foco de fratura
tecidos ósseo (osteoblastos) que são chamadas de
com o intuito de formar um mecanismo tampão, ou
células subperiostal e subendostal.
seja, primeira “cola” para não permitir o afastamento
dos fragmentos ósseos.
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Cada lado de osso fraturado começa a produzir pontes Do ponto de vista clinico, é quando ocorre a liberação
celulares. Então, vão sendo produzidas células em do paciente para sofrer manipulação local e iniciar o
direção ao tecido oponente. Esse tecido não tem tratamento fisioterápico. Esta, também, será a fase
osteoblastos e sais minerais, assim não possui em que é possível ver o osso se unindo. Quando tende
nenhuma capacidade absorver um trauma e exercer a formação do calo ósseo é quando liberamos o
carga sobre a fratura. Nesta etapa, o sangue do paciente da imobilização e permitimos a mobilização
hematoma começa a ser absorvido e caracteriza a do foco de fratura.
formação das pontes celulares primárias.
↠ Etapas:
↠ Etapas: 1: As células primárias dão origem aos osteoblastos
1: Simultaneamente há atividade celular dentro do que sofrem deposição dos sais de cálcio formando o
canal medular; osso primário;
2: Ainda não há estabilidade nem formação óssea; 2: A deposição do tecido ósseo é em torno do traço
da fratura formando o calo ósseo;
3: O sangue do hematoma começa a ser absorvido.
3: Liberação do segmento para ser mobilizado. É
visível em raio X, sendo a primeira indicação que a
➥ 3° Calo Ósseo: fratura está se unindo.
O tecido ósseo, ao longo da vida, tem o 1: Fase inicial de hematoma e remoção de tecido
remodelamento ósseo passando o tempo inteiro necrosado;
sendo absorvido e novamente formado. Para isso,
2: Formação de células imaturas;
temos os osteoblastos que formam o osso e temos os
osteoclastos que reabsorvem o osso. 3: Transformação das células imaturas através da
deposição de sais e cálcio em osteócitos;
Na infância, isso ocorre de forma muito mais
acelerada e enquanto na fase adulta e idosa ocorre de 4: Transformação das células em osteócitos;
forma lenta. Nas crianças se espera que o osso
consolide de uma forma em que nem conseguimos 5: Remodelação óssea pelos osteoclastos e
identificar que houve uma fratura, enquanto nos osteoblastos.
adultos ficam resquícios. → Tratamento
No tratamento precisamos manter o foco de fratura
imóvel e mais aproximado possível.
↠ Objetivos:
↠ Etapas:
➥ Tratamento Clínico:
1: Atividade dos osteoclastos que irão reabsorver o
calo ósseo (principalmente, se há desvios, ↠ Redução de Desvios:
hematomas e/ou calos grandes), visando o reparo;
As fraturas que possuem desvios de fragmentos
2: Nas crianças a remodelação será melhor tornando devem ter esses desvios reduzidos.
imperceptível nas radiografias, o que nos adultos
não ocorre. • Manobra fechada: sem cirurgias, através de
manipulação e tração (monitorada por imagem/
crianças, ossos menores).
Lembrando...
Ilustração:
• Manobra aberta: procedimento cirúrgico, são
similares as luxações. Essa manobra é utilizada
quando não tem jeito de reduzir o desvio através
da manobra fechada, sendo os desvios grosseiros
(ex.: cominutiva)
↠ Imobilização:
• Imobilização fechada: utilização de gesso e infecção, depois, de forma definitiva se muda para o
órteses pré-fabricadas em fraturas que são ditas material de osteossíntese (fixação interna).
estáveis.
➥ Reabilitação:
Em geral, a mobilização óssea pode ser iniciada após a
formação do calo ósseo (retorno a atividade o mais
cedo possível). Quando tivermos um raio X que
aponte a consolidação e a formação do calo ósseo,
liberamos o paciente para a reabilitação.
• Fixação interna: utilizadas quando as fraturas são
ditas instáveis. A fixação acontece cirurgicamente
através de placas, parafusos, hastes
intramedulares, grampos ou qualquer material
de osteossíntese. O material de osteossíntesse
faz uma fixação interna, ou seja, abre o doente,
fixa o osso e depois fecha.
Ex.1: As fraturas da imagem são tratadas inicialmente
com fixadores externos.
Ex.5: técnica cirúrgica de fixadores externos utilizadas • Embolia gordurosa: são placas de gordura
em fraturas abertas e expostas. A vantagem é a que se soltam dos grandes ossos compactos
fixação à distância onde não tem possibilidade de (tíbia e fêmur) que entram na circulação
infecção.
sanguínea e podem embulizar.