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RESUMO
O imposto de renda é uma espécie de tributo que incide sobre os rendimentos dos indivíduos
em determinado ano-calendário, sendo que isso ocorre por meio da incidência de alíquotas
conforme o enquadramento em faixas de rendimentos pré-estabelecidas. Trata-se de um
importante imposto que, na perspectiva do governo, se mostra como fonte de recursos, além de
promover justiça social e distribuição de renda, uma vez que paga mais imposto aquele que
aufere mais renda. Na perspectiva do contribuinte, portanto, trata-se de algo de complexo
entendimento que, mensalmente, retira parte de seus rendimentos. Estudar e compreender um
imposto de tamanha importância é de fundamental para os profissionais que atuam na área de
contabilidade, bem como para cidadãos que pagam o imposto em questão ou fiscalizam o
emprego dos recursos públicos. Assim, o presente artigo tem como objetivo apresentar um
estudo sobre a Declaração do Imposto de Renda, de maneira a apresentar os principais aspectos
relacionados a este tributo, por meio de uma pesquisa bibliográfica. Assim, espera-se contribuir
com o conhecimento dos profissionais e demais interessados a respeito de vários aspectos desse
imposto.
ABSTRACT
Income tax is a kind of tax that is levied on the income of individuals in a given calendar year,
and this is done through the incidence of rates according to the framework in pre-established
income brackets. This is an important tax that, from the perspective of the government, shows
itself as a source of resources, in addition to promoting social justice and income distribution,
since it pays more tax on those who earn more income. From the taxpayer's point of view,
therefore, this is a complex understanding which, on a monthly basis, derives part of its income.
Studying and understanding a tax of such importance is crucial for accounting professionals as
well as for citizens who pay the tax in question or oversee the use of public resources. Thus,
the present article aims to present a study on the Income Tax Declaration, in order to present
the main aspects related to this tax, through a bibliographical research. Thus, it is hoped to
contribute with the knowledge of professionals and other interested parties about various
aspects of this tax.
1
Graduanda em Ciências Contábeis-FIU, e-mail: andreiasantana1982@hotmail.com
2
Graduanda em Ciências Contábeis-FIU, e-mail: wilmaccf@hotmail.com
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Professor do curso de Ciências Contábeis – FIU. decao_77@hotmail.com
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1 INTRODUÇÃO
2 REFERENCIAL TEÓRICO
[...] passarei a tratar do imposto sobre a renda [...] Sustenta-se que o imposto pessoal
não é injusto, porque o imposto é devido pela proteção dada tanto às pessoas, como
às causas. [...] sobre que base deve assentar para torná-lo proporcional, como deve ser
todo o imposto, e como sobretudo este deveria sê-lo, sendo destinado a garantir
pessoas colocadas em situações tão diversas? Por esta dificuldade, sem dúvida existe
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ele autorizado na nossa lei fundamental, sob o título Copilação, sem que até hoje se
haja cobrado. (RODRIGUES, 1978, p. 144).
Com isso, observa-se que já nos tempos do Império existia alguma preocupação por
parte de algumas figuras políticas a respeito da necessidade de um imposto que incidisse sobre
a renda dos indivíduos, frente à injustiça do imposto pessoal existente.
Durante este período, muitas tentativas de implementação do referido imposto foram
executadas, porém, apenas em 1922 foi criado o Imposto Geral Sobre a Renda, por meio da Lei
n° 4.625 de 31 de dezembro de 1922, segundo a qual, “Art. 31. Fica instituído o imposto geral
sobre a renda, que será devido, anualmente, por toda a pessoa física ou jurídica, residente no
território do país, e incidirá, em cada caso, sobre o conjunto liquido dos rendimentos de
qualquer origem” (BRASIL, 1922, on-line).
Por meio deste artigo e de seus oito incisos foi criado e regulamentado timidamente o
imposto de renda no Brasil. No entanto, devido ao seu caráter complexo, este imposto não foi
implementado imediatamente; houve, na verdade, um estudo por parte do governo para elaborar
um regulamento e organizar a sua arrecadação (PIVA, 2008). Estes estudos, baseados no
sistema francês, fundamentaram a proposição de um sistema misto, no qual os rendimentos
deveriam ser agrupados em categorias sobre as quais incidiriam taxas proporcionais e sobre a
renda global, ficando ainda sujeitos a taxas complementares (RFB, 2007).
Posteriormente, em 1934, o imposto de renda passou a integrar a Constituição Federal,
como pode ser observado abaixo:
Segundo este modelo cedular tradicional, que vigorou por muitos anos, os rendimentos
tributáveis eram classificados em quatro categorias ou cédulas e tributados proporcionalmente.
A soma destes rendimentos constituía a renda bruta que, após determinadas deduções, sofria o
imposto complementar progressivo (BALEEIRO, 2001). A sistemática da apuração mensal do
imposto devido pelas pessoas físicas e o modelo cedular anteriormente descrito foram
suprimidos apenas por meio da Lei 7.713, de 22 de dezembro de 2018 (SETTI, 2010).
Com o passar dos anos, diversos dispositivos legais foram alterando as disposições e
regulamentações relativas ao imposto de renda, em especial, alterando-se as alíquotas deste
tributo, até que se chegasse ao modelo atualmente vigente e que será descrito adiante no
presente trabalho.
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2.2 Conceito
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o enquadramento correto do cidadão na ordem fiscal (FAVEIRO, 2002). Em razão disso, há
compromisso de explorar traços particulares referente ao seu fato gerador, base de cálculo,
competência e alíquotas vigentes, individualidades essas que tornar-se-á interpelado a seguir.
A competência tributária, no olhar de Melo (2012, p. 148), pode ser compreendida como
a “aptidão para criar os tributos, legalmente e de forma abstrata, indicando todos os elementos
da hipótese de incidência, compreendendo o aspecto pessoal (sujeitos ativos e passivos), a
materialidade, base de cálculo e alíquota”. Com base nisso, ressalta-se que o principal para
ordenar sobre o objeto tributário foi concedido, pela Constituição, às pessoas políticas de
Direito Público interno (União, Estados, Distrito Federal e Municípios), os quais devem atentar
às diretrizes que foram estabelecidas pela Carta Magna.
Assim disposto, a competência tributária equivale à faculdade apresentada pela
Constituição à União, aos Estados, aos Municípios e ao Distrito Federal para editar leis que
disponham sobre a criação, de tributos (CARRAZZA, 2011). Para o desempenho desse dever,
os entes poderão estabelecer de forma integral compatível o artigo 6º do Código Tributário
Nacional (CTN):
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Sem embargo, em vínculo ao imposto de renda pessoa física, detém a União como
sujeito ativo da correlação jurídico-tributário, posto que o tributo é de sua competência (artigo
153, inciso III, CF/88). Em referência ao sujeito passivo, refere-se à pessoa física domiciliada
no Brasil, que foi quem designou da “disponibilidade jurídica, ou econômica, da renda e dos
proventos referidos, sem prejuízo de atribuir a lei essa condição ao possuidor a qualquer título,
dos bens produtores de renda ou proventos tributáveis (artigo 45 do CTN)” (MELO, 2012, p.
474). O autor conclui, acentuando que o Código Tributário Nacional carrega a viabilidade de
outorgar à fonte pagante do sujeito passivo a disposição de cumpridor pelo recolhimento do
tributo em tela, concordante ao parágrafo único do artigo 45: “Parágrafo único. A lei pode
atribuir à fonte pagadora da renda ou dos proventos tributáveis a condição de responsável pelo
imposto cuja retenção e recolhimento lhe caibam” (BRASIL, 1966, p. 6).
Assim, mediante o exposto neste item, verifica-se que a competência para estabelecer e
exigir os tributos é definida pela Constituição Federal, cabendo ao ente competente exercer esta
função.
Neste tópico serão apresentados alguns dos princípios aplicáveis ao imposto de renda.
Assim, não é possível que se crie um tributo por meio de dispositivo que não seja uma
lei, podendo esta ser ordinária, uma vez que a Constituição Federal não reservou esta matéria à
Lei Complementar.
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2.4.2 Princípio da Anterioridade Tributária
O referido princípio se caracteriza como a garantia constitucional de que não será criado
um tributo de cobrança imediata, de forma a surpreender os contribuintes, mas sim com a devida
anterioridade, como se depreende do texto constitucional:
Desta forma, resume-se que o objetivo principal deste princípio é justamente que não
haja surpresa do contribuinte quanto a exigência e o valor de um tributo.
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Para além das matérias tributárias, este princípio decorre da vedação de retroatividade
das leis, previsto no art. 5°, XXXVI, do Texto Maior, relacionando-se à segurança jurídica.
Nesse sentido:
A segurança jurídica, um dos pilares de nosso Direito, exige, pois, que as leis
tributárias tenham o timbre da irretroatividade. Afinal, a necessidade de assegurar-se
às pessoas a intangibilidade dos atos e fatos ilícitos já praticados impõe que sejam as
leis tributárias irretroativas. (CARRAZA, 2011, p. 341).
Trata-se de uma regra disposta no texto constitucional, segundo a qual: “Art. 150. Sem
prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao
Distrito Federal e aos Municípios: [...] IV - utilizar tributo com efeito de confisco; [...}”
(BRASIL, 1988, p. 52).
Este princípio deriva ainda da garantia constitucional da propriedade privada, evitando
que o Estado use de sua posição para apropriar-se indevidamente do patrimônio do contribuinte
(LEONETTI, 2003). Segundo este princípio, assevera Martins (2001b, p. 141):
A personalização, que deve, tal como a capacidade contributiva, ser aplicada aos
impostos sempre que possível, dirige-se ao legislador e implica a estruturação do
tributo de modo que determinadas características do contribuinte, tais como renda,
patrimônio, número de dependentes, despesas médicas e com instrução, estão de
saúde etc., sejam tomadas em consideração. Assim, a personalização permite que a
capacidade contributiva seja eficazmente respeitada, conferindo concretude ao
princípio da igualdade.
Desta maneira, este princípio decorre do mesmo dispositivo no qual encontra-se a sede
do princípio da capacidade contributiva, e a este se relaciona.
Segundo Carrazza (2005, p. 38), “renda e proventos são conceitos que, para fins de
tributação específica, referem-se a um resultado, isto é, a diferença positiva entre as receitas e
as despesas do contribuinte, dentro de um determinado período”. Período esse representado
pelo exercício financeiro, mantendo impossível a condição do rendimento ser apresentado
isoladamente.
Por fim, para a exata verificação, os lucros alcançados devem ser apurados
posteriormente à comparação entre entradas e saídas de recursos, dentro de um período. O
imposto, portanto, deverá incidir somente sobre os acréscimos patrimoniais do contribuinte, ou
seja, sobre o saldo positivo resultante do exame das receitas (entradas) e despesas (saídas),
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tendo sempre presente que a tributação deverá alcançar apenas o real enriquecimento
econômico (CARRAZZA, 2005). Enfim, constata-se que, o fato gerador do imposto de renda,
por ter incidência anual, é do gênero acontecimentos contínuos e, ainda, mostra a peculiaridade
como complexo, eis que a quantidade recebida é formada por um agrupamento de fatos
sucedidos no decorrer de um período de tempo.
Desta forma, para o cálculo mensal do imposto de renda de pessoa física, aplica-se a
tabela progressiva que apresenta as alíquotas incidentes, conforme as faixas determinadas. Esta
tabela pode ser observada no Quadro 1 abaixo:
Até 1.903,98 - -
De 1.903,99 até 2.826,65 7,5 142,80
De 2.826,66 até 3.751,05 15 354,80
De 3.751,06 até 4.664,68 22,5 636,13
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Quadro 2 – Tabela dedução por dependente.
2014 179,71
2013 171,97
2012 164,56
2010 150,69
2009 144,20
2008 137,99
2007 132,05
Fonte: Brasil, 2015.
Assim, rendimentos até o valor de R$ 1.903,98 são isentos de tributação, e a partir disso,
aplica-se a alíquota referente à faixa de valores constantes da tabela.
Após a apuração e recolhimento mensais do imposto de renda, anualmente é feita uma
declaração com a finalidade de efetuar-se um ajuste do tributo devido. Assim, anualmente, deve
o contribuinte prestar informações ao fisco relativas à sua renda e proventos auferidos no ano-
calendário anterior, bem como sua evolução patrimonial no período (LEONETTI, 2003).
Para a declaração anual, apura-se a base de cálculo para como sendo a diferença entre a
soma dos rendimentos auferidos, excluídos os isentos, os não tributáveis, os tributáveis
exclusivamente na fonte e os sujeitos à tributação definitiva (BRASIL, 1999).
Segundo a Instrução Normativa RFB n°1794, de 23 de fevereiro de 2018:
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O imposto de renda é uma importante fonte de recursos para o governo, e como tal, sua
receita deve ser direcionada à realização dos programas governamentais, de forma a trazer
benefícios e melhorias para os cidadãos em geral.
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Trata-se de um importante imposto que traz em sua natureza o ideal de distribuição de
renda, uma vez que incide em porcentagem menor sobre os rendimentos daqueles que recebem
menores quantias, estabelecendo-se inclusive uma faixa de isenção do imposto, e apresenta
alíquotas maiores quando os rendimentos também o são. Desta forma, evidencia-se a igualdade
material que, enquanto princípio, informa todo o ordenamento jurídico pátrio.
Enquanto um imposto, existe a obrigatoriedade de seu pagamento, com consequências
impostas aos inadimplentes. Assim, é importante que os profissionais que lidam com finanças
ou com folhas de pagamento, como os contadores, conheçam as particularidades deste tributo.
Ademais, trata-se de um imposto de certa complexidade, que recebe críticas. Assim, salienta-
se ainda mais a importância de seu estudo.
O presente artigo propôs uma pesquisa bibliográfica para apresentar os principais
aspectos referentes a este imposto. Por certo que as limitações de um artigo científico não são
suficientes para esgotar o tema, porém, neste estudo foram abordados o caráter histórico do
imposto, seu conceito, a competência tributária, princípios específicos que informam o direito
tributário, seu fato gerador, base de cálculo e alíquotas. Desta forma, acredita-se terem sido
abordados os principais aspectos deste tributo, contribuindo com o conhecimento de
profissionais e cidadãos que se interessam pelo tema.
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