Você está na página 1de 3

ASPECTOS ÉTICOS E LEGAIS EM ENFERMAGEM NA SAÚDE MENTAL /

PSIQUIÁTRICA

A saúde solicita uma ética adequada para que seu papel de tratar o doente
seja completo. As doenças mentais sofreram grandes avanços nas
descobertas cientificas e nas áreas que desrespeitam aos direitos éticos dos
pacientes portadores de doenças mentais. Torna-se necessário refletir sobre os
aspectos éticos e legais relevantes para a enfermagem em saúde mental, com
um empenho de promover e melhorar a qualidade do cuidado do paciente,
assim como de proporcionar proteção para o profissional de enfermagem
dentro dos parâmetros da responsabilidade legal. Nesse sentido verifica-se a
importância de intervenções que respeitem os direitos e valores morais deste
grupo social ainda tão discriminado.

As doenças mentais sempre existiram na sociedade. Por muitos anos os


portadores de doença mental foram tratados com métodos desumanos,
choques elétricos, camisas de força, isolamento social, afastamento da família,
preconceito, desrespeito aos valores éticos e morais desconhecendo sua
contribuição na sociedade. Depois da reforma psiquiátrica algumas práticas
desumanas foram extintas, mas até hoje a reforma persiste em alterações e
que estão em processo de adaptação.

Todo ser humano é dotado de uma consciência moral, que o faz distinguir entre
o certo e o errado, justo ou injusto, bom ou ruim, com isso é capaz de avaliar
suas ações praticando a ética, exercendo os valores, que se tornam os
deveres. A ética é a ciência do dever, da obrigatoriedade, a qual conduz a
conduta humana. A enfermagem, por ser uma classe diretamente ligada aos
princípios e deveres éticos da sociedade em relação às doenças, é
responsável pela aplicação e reconhecimento da importância da ética no
tratamento e reabilitação do doente mental na sociedade.

As diversas assistências de enfermagem prestadas exigem dedicação,


conhecimentos científicos e a presença dos princípios éticos que devem existir
nos profissionais, o que conduz a ordem social da sociedade. O enfermeiro não
deve oferecer ao seu paciente apenas as medicações, deve resplandecer no
seu paciente a importância significativa que ele tem para sociedade.  Mesmo
com todas as restrições que o doente mental apresenta, com sua possível
desordem de juízo da realidade, ele tem o direito de receber a oferta oportuna
de ser foco de um exercício profissional ético, até por que a doença mental é
uma patologia que pode ser tratada e controlada.

O direito à verdade caracteriza como dilema ético o fato de comunicar ou não


ao paciente o seu estado de saúde ou seu diagnóstico, seja no âmbito da
saúde física ou mental. Privar o paciente do direito ao diálogo envolve privá-lo
das informações a respeito do tratamento, dos efeitos colaterais e também dos
benefícios. Portanto os profissionais de saúde podem estar tecnicamente
preparados para utilizar métodos e procedimentos inovadores, só que isso, às
vezes, não é suficiente para diminuir sofrimento e dor dos clientes portadores
de doença mental, já que é necessário um cuidado ético, humano e respeitoso.
Ainda há muita carência no preparo dos profissionais de saúde relacionado à
escuta dos anseios, tensões e sofrimentos dos pacientes, refletindo numa
comunicação insatisfatória entre o paciente e os profissionais de saúde mental.

A classe da enfermagem, após o novo paradigma de cuidado, ajustado pela


atenção psicossocial no ângulo da inclusão e reabilitação, desempenha
atividades de assistência individuais e coletivas com intervenções diretas e
indiretas. No que se refere às responsabilidades éticas do profissional de
enfermagem, cabe mencionar que este deve estar atento a toda e qualquer
alteração no comportamento do paciente, comunicando e registrando essas
observações. Caso o profissional perceba e não registre, pode-se considerar
ato de negligência profissional.

O papel do enfermeiro no campo psicossocial explana o projeto de intervenção,


faz-se necessária atitude de integração com a equipe e respeito às
necessidades individuais e coletivas dos usuários, buscando contribuir na
organização do serviço para que tais necessidades sejam inteiradas. Assim,
pondera-se que o conhecimento organizacional é um dos pontos fortes na
assistência da enfermagem.

Um aspecto relevante na assistência da enfermagem psiquiátrica é a questão


da abordagem. Para que isso ocorra de forma notável, é necessário que o
profissional entenda as reações de cada paciente, conheça-os e ganhe sua
confiança. Dessa forma estará mais próximo do seu cliente, o qual não hesitará
em expor seus sentimentos e inquietações, contribuindo desta maneira numa
melhora do seu quadro psicológico.

Os aspectos legais em enfermagem em saúde mental giram em torno do sigilo


e do direito à privacidade, do consentimento informado, das contensões, da
reclusão e dos aspectos da internação. Os profissionais de enfermagem são
responsáveis por sua próprias ações em relação a esses aspectos, e a
violação pode resultar em processos sobre imperícia. E como penalidade, pode
ocorrer advertência verbal, multa, suspensão e cassação do direito ao exercício
profissional a serem consagradas pelos Conselhos Federal e Regional de
Enfermagem. 

Perante todas as questões voltadas para a conduta ética do enfermeiro,


considera-se que a mesma pode marcar intensamente a vida dos pacientes,
acarretando satisfação ou contrariedade dos mesmos. Para evitar o resultado
negativo, o profissional deve estabelecer um diálogo, uma relação enfermeiro-
paciente. Assim, comprova-se a necessidade do profissional estar apto a
conhecer o portador de doença mental, para que, diante disso, seu
desempenho seja criativo, flexível, maduro, seguro, objetivo e principalmente
ético.

Você também pode gostar