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Gramática

Deixis
A deixis designa o conjunto de palavras ou expressões que têm como função ‘apontar’
para o contexto situacional. Assim, assinalam o sujeito que enuncia (locutor), o sujeito a
quem se dirige (interlocutor), o tempo e o espaço da enunciação. É possível apresentar a
seguinte classificação:

Deítico pessoal – indica as pessoas do discurso (locutor e interlocutor); integram este


grupo os pronomes pessoais (Ex: tu, me, nós, etc.), determinantes e pronomes
possessivos (Ex: o meu, o vosso, teu, etc.), sufixos flexionais de pessoa-número (Ex:
falas, falamos, etc.), bem como vocativos. Ex: «Quando eu disser não ouças»

Deítico espacial – assinala os elementos espaciais, evidenciando a relação de maior ou


menor proximidade relativamente ao lugar ocupado pelo locutor; integram este grupo os
advérbios ou locuções adverbiais de lugar (Ex: aqui, cá, além, lá de cima, etc.), os
determinantes e pronomes demonstrativos (Ex: este, essa, aquilo, etc.), bem como
alguns verbos que indicam movimento (Ex: ir, partir, chegar, aproximar-se, afastar-se,
entrar, sair, subir, descer, etc.). Ex: «Vamos até ali.»

Deítico temporal – localiza fatos no tempo; integram este grupo os advérbios, locuções
adverbias ou expressões de tempo (Ex: amanhã, ontem, na semana passada, no dia
seguinte, etc.) e sufixos flexionais de tempo-modo-aspeto (Ex: falarei, faláveis, etc.).
Ex:«Depois de amanha serei outro.»

Deítico social – assinala a relação hierárquica existente entre os participantes da


interação discursiva e os papéis por eles assumidos (Ex: o senhor, vossa excelência,
senhor diretor, etc.) Ex: «Eu quero prevenir já o senhor doutor que ele não está bom da
cabeça.»
Orações

Coordenação
A coordenação é a relação sintática estabelecida entre elementos que pertencem à
mesma categoria gramatical e que desempenham a mesma função sintática.

As orações coordenadas podem-se classificar em:

Copulativa  – estabelece uma relação de adição com a(s) oração(ões) com que se
combina.

EX: «Estou cansado e vou descansar.»

Adversativa  – transmite uma ideia de contraste, de oposição, relativamente à ideia


expressa na frase ou oração com que se combina.

EX: «Estou cansado, mas vou continuar.»

Disjuntiva  – exprime um valor de alternativa face ao que é expresso pela oração com
que se combina.

EX: «Ou descanso ou não posso continuar.»

Conclusiva  – transmite uma ideia de conclusão decorrente da ideia expressa na frase ou


oração com que se combina.

EX: «Estou cansado, logo não posso continuar.»

Explicativa – apresenta uma justificação ou explicação relativa à frase ou oração com


que se combina.

EX: «Estou cansado porque andei muito.»


Subordinação

A subordinação é a relação sintática estabelecida entre orações em que uma


(subordinada) está sintaticamente dependente de outra (subordinante).

As orações subordinadas podem-se classificar em:

Substantiva  – desempenha a função sintática de sujeito ou de complemento de um


verbo, nome ou adjetivo, podendo ser facilmente substituída por um pronome como isso
e subdividindo-se em:

Completiva, que completa a ideia da oração anterior e pode ser introduzida pelas
conjunções subordinativas «que», «se» e «para».

EX: «Eu bem sei que tu não voltas».

Relativa, que é introduzida por quantificadores e pronomes relativos sem antecedente,


como quem, o que, onde, quanto, que, o qual, os quais, a qual, as quais.

EX: «Quem espera sempre alcança.»

Adjetivas  – exerce a mesma função que um adjetivo e subdivide-se em:

Relativa restritiva, que tem como função restringir a informação dada sobre o
antecedente; a sua omissão acarreta uma alteração do sentido da oração subordinante,
pois apresenta informação relevante para a definição do antecedente.

EX: «O poeta português que escreveu Os Lusíadas foi grandioso.»

Relativa explicativa, que apresenta informação adicional sobre o antecedente; a sua


omissão não altera o sentido da oração subordinante, uma vez que o antecedente já se
encontra suficientemente definido.

EX: «A literatura, que é imortal, encanta os leitores.»


Adverbiais  – desempenha a função sintática de modificador da frase ou do grupo
verbal e, modificando o sentido de outras orações, subdivide-se em:

Causal, que indica a causa ou o motivo daquilo que é expresso na subordinante.

EX: «Não compro este carro porque consome muito.»

Final, que enuncia o objetivo da realização da situação descrita na subordinante.

EX: «Leva dinheiro para pagares as compras.»

Temporal, que estabelece a referência temporal em relação à qual a subordinante é


interpretada.

EX: «Estavas ao telefone, quando entrei.»

Concessiva, que admite algo contrário ao que é apresentado na subordinante mas


incapaz de impedi-lo.

EX: «Iremos à piscina, embora não seja do meu agrado.»

Condicional, que indica uma hipótese ou condição em relação ao que é expresso na


subordinante.

EX: «Se ele fosse rico, teria muitos criados.»

Comparativa, que contém o segundo elemento de uma comparação que estabelece em


relação a uma situação apresentada na subordinante.

EX: «Ele trata-me como se eu fosse sua inimiga.»

Consecutiva, que apresenta uma consequência da situação expressa na subordinante.

EX: «Comi tanto que fiquei indisposto.»


Funções Sintáticas
Funções sintáticas ao nível da frase:

 Sujeito  – elemento que controla a concordância, em pessoa e em número,


relativamente ao núcleo. Pode ser:

. Simples, constituído apenas por um grupo nominal ou por uma frase.

. Composto, constituído por duas ou mais expressões nominais ou por duas ou mais
frases.

. Nulo, não está realizado lexicalmente, sendo possível classificá-lo em:

. Subentendido, quando é possível identificar no contexto o referente para o qual remete


o sufixo flexional.

Ex: «[Tu] Querias crescer depressa, aí tens.»

. Indeterminado, quando o verbo se encontra na 3ª pessoa do plural ou do singular,


acompanhado, neste último caso, do pronome pessoal se com valor impessoal, não
sendo possível identificar o referente do sujeito nulo indeterminado, uma vez que não é
definido nem específico.

Ex: «Disseram-me que ia chover.»; «Via-se bem que alguns deles faziam logo as
contas.»

 Predicado  – função sintática desempenhada pelo grupo verbal.


 Modificador da frase  – grupo preposicional (1) ou adverbial (2) que, ao
contrário dos complementos, não sendo selecionados pelo verbo, modificam-no,
acrescentando informação suplementar. Caracterizam-se essencialmente pela sua
grande mobilidade, podendo ocorrer em várias posições da frase.

Ex: (1) «O carrinho partiu, com Lourival, por entre a azinhaga.» (2) «O conselheiro
enrolava vagarosamente o seu lenço de seda da Índia.»
Funções sintáticas internas ao grupo verbal:
. Complementos  – constituintes da frase selecionados pelo verbo:

. Complemento direto  – grupo nominal (1) ou oração substantiva completiva (2) que
pode ser substituído respetivamente pelo pronome pessoal de 3ª pessoa (o/a, os/as) e
pelo pronome demonstrativo átono o.

EX: (1) «Dois homens seguravam o porco.»  «Dois homens seguravam-no»; (2) «Hão
de jurar que não me conhecem.»  «Hão de jurá-lo.»

. Complemento indireto  – grupo preposicional (geralmente introduzido pela preposição


a) que pode ser substituído por um pronome pessoal de 3ª pessoa (lhe/lhes).

EX: «Perguntem aí ao Gouveia.»  «Perguntem-lhe aí.»

. Complemento oblíquo  – grupo adverbial (1) ou preposicional (2) que, ao contrário do


complemento indireto, não pode ser substituído por um pronome pessoal (lhe/lhes).

EX: (1) «Faz bem à alma.» «Faz-lhe à alma.»; (2) «Também me lembro do sopro do
maçarico.» «Também me lembro-lhe.»

. Complemento agente da passiva  – grupo preposicional (geralmente introduzido pela


preposição por) que, na frase ativa correspondente, passa a grupo nominal com função
de sujeito.

EX: «Uma Câmara não é eleita pelo povo, é nomeada pelo Governo.» «O povo não
elege uma Câmara, o Governo nomeia-a.»
. Predicativos:

 . Predicativo do sujeito  – grupo nominal (1), adjetival (2), adverbial (3) ou


proposicional (4) ou oração (5) selecionado por um verbo copulativo (estar, ficar,
continuar, parecer, permanecer, revelar-se, ser, tornar-se…) que atribui uma propriedade
ou uma localização (espacial ou temporal) ao sujeito.

EX: (1) «A mãe era uma criatura desagradável e azeda.»; (2) «Garcia ficou aturdido.»;
(3) «Olhe que isto é preciso é que todos fiquem bem.»; (4) «Caeiro era de estatura
média.»; (5) «Pensar é estar doente dos olhos.»

 . Predicativo do complemento direto  – grupo nominal (1), adjetival (2) ou


preposicional (3), selecionado por um verbo transitivo predicativo (achar, chamar,
considerar, eleger, julgar, nomear, tratar,…) que atribui uma propriedade ou uma
localização (espacial ou temporal) ao complemento direto.

EX: (1) «[…] se o ministro fizer esse ladrão recebedor de comarca.»; (2) «Todos a
achavam simpática.»; (3) «Todos o tinham por tolo.»

 . Modificador do grupo verbal  – grupo preposicional (1), adverbial (2) ou oração


subordinada (3) que, ao contrário dos complementos, não sendo selecionados pelo
verbo, modificam-no, acrescentando informação suplementar. Caracterizam-se
essencialmente pela sua grande mobilidade, podendo ocorrer em várias posições da
frase.

EX: (1) «O carrinho partiu, com Lourival, por entre a azinhaga.»; (2) «O conselheiro
enrolava vagarosamente o seu lenço de seda da Índia.»; (3) «Não te posso dar minha
filha, porque já não tenho filha.»

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