Você está na página 1de 34

GESTÃO ÉTICA

E SOCIALMENTE RESPONSÁVEL:

teoria e prática

Arménio Rego | Miguel Pina e Cunha | Nuno Guimarães da Costa


Helena Gonçalves | Carlos Cabral-Cardoso
Título GESTÃO ÉTICA E SOCIALMENTE RESPONSÁVEL: teoria e prática

Autores Arménio Rego


Miguel Pina e Cunha
Nuno Guimarães da Costa
Helena Gonçalves
Carlos Cabral-Cardoso

Direitos reservados © Editora RH

Editora RH, Lda


Rua do Mercado, 7
1800-281 Lisboa
Telf.: 21 855 12 03
Fax: 21 855 12 04
E-mail: rheditora@mail.telepac.pt
www.rhmagazine.com

Fotocomposição e Capa Pedro Tavares e Ricardo Silva – www.bluenectar-brand.com

Coordenação Cláudia Abreu Antunes

Impressão e Acabamento ?????????????

1ª Edição, 2006

ISBN 972-8871-09-0
978-972-8871-09-3

Depósito legal

É expressamente proibido, no todo ou em parte, sob qualquer forma ou meio, nomeadamente fotocópia, esta obra. As
transgressões são passíveis das penalizações previstas na legislação em vigor.
A UTORES
Arménio Rego. Doutorado em Organização e Gestão de Empresas, Mestre em Ciências Empresarias, licenciado
em Gestão e Administração Pública, com uma especialização em Planeamento e Controlo de Gestão. Foi consultor do
Auditor Geral do Mercado de Títulos. É Professor na Universidade de Aveiro. Publicou dezoito livros e mais de uma
centena de artigos em revistas nacionais e internacionais. Tem desenvolvido projectos de consultoria em comportamento
organizacional e gestão de recursos humanos, e realizado várias dezenas de conferências, seminários, workshops e eventos de
formação de executivos. Foi agraciado com diversos prémios e menções honrosas, incluindo o Prémio Comandante Paço
d’Arcos, o Prémio Agostinho Roseta e o Prémio ANPAD (Brasil).

Miguel Pina e Cunha. Professor associado na Faculdade de Economia da Universidade Nova de Lisboa. É
doutorado pela Universidade de Tilburg e agregado pela Universidade Nova de Lisboa. É co-autor ou organizador de livros
como Organizational Improvisation (Routledge, 2002), Manual de Comportamento Organizacional e Gestão (RH Editora,
2003) e LIDERAR (Dom Quixote, 2005), bem como de artigos em mais de três dezenas de revistas internacionais, incluin-
do Academy of Management Review, Organization Studies, Human Relations, Futures e Journal of Management Studies. Faz parte dos
conselhos editoriais das revistas Organization Studies e European Management Review. A par da actividade académica, tem feito
coaching de executivos e participado em projectos de intervenção no âmbito do Centro de Estudos em Gestão de Empresas
(CEGE), da FE-UNL e de formação de executivos com o Instituto Nova Forum.

Nuno Guimarães da Costa. Assistente convidado na FEUNL. Mestre em gestão pela Universidade Nova
de Lisboa, está a desenvolver uma tese de doutoramento em Psicologia das Organizações onde procura estabelecer a ponte,
no que se refere ao tema da ética e da responsabilidade social das organizações, entre a China, Angola e Portugal. Conta com
uma carreira profissional em empresas superior a 13 anos, onde exerceu várias funções de gestão em empresas nacionais
e estrangeiras.

Helena Gonçalves. Licenciada em Economia, Master em Responsabilidad Social Corporativa, Contabilidad Y Auditoría
Social (Universidade de Barcelona), Master em Direcção Geral de Empresas (EUDEM) e pós-graduação em Gestão de
Recursos Humanos. Fez o Social Accountability Auditor/Lead Auditor Training Course, pela SGS UK. Tem leccionado discipli-
nas da área da Ética Empresarial na Universidade Católica-Porto e na Escola de Gestão Empresarial. Com uma carreira
profissional de 20 anos, exerceu funções de gestão em empresas nacionais e multinacionais. Tem desenvolvido projectos de
consultoria em ética e responsabilidade social das organizações e realizado conferências, seminários, workshops e eventos
de formação de executivos. É membro do International Standard Organization / Technical Management Board / Working Group on
Social Responsibility e das Comissões Técnicas de normalização de Responsabilidade Social.

Carlos Cabral-Cardoso. Doutorado em comportamento organizacional pela Universidade de Manchester


e agregado pela Universidade do Minho, onde é professor associado de Gestão e responsável pela área de Organização
e Políticas Empresariais e pela formação pós-graduada em estudos organizacionais e gestão de recursos humanos. Pu-
blicou artigos em diversos periódicos científicos como o Journal of Management Education, Journal of Business Ethics, Inter-
national Journal of Human Resource Management, Leadership & Organization Development Journal, Technology Analysis & Strategic
Management, International Journal of Innovation Management, Career Development International, Women in Management Review, e
IEEE Transactions on Engineering Management, para além de numerosas contribuições em livros e conferências.
A GRADECIMENTOS
A ingratidão é a mais imperdoável das fraquezas humanas.
Edison

Este livro beneficiou da cooperação de diversas pessoas e entidades – especialmente das que nos concederam autorização
para a publicação de textos, excertos de entrevistas, códigos de ética/conduta e outros documentos empresariais. A todos
estamos gratos. Eis os seus nomes:

Ana Roque – Sair da Casca


Cláudia Contenda – Delta Cafés
­­­­Eileen Kaufman – Social Accountability International
Errol Mendes – The International Code of Ethics for Canadian Business
Francisco Sanchez – EDP
Guy Villax – Hovione
João Carvalho – Delta Cafés
João José Esteves – Oikos
Katia Bied-Charreton – Levi Strauss & Co.
Líbano Monteiro – Acege
Manuel Baigorri – Levi Strauss & Co.
Maria João Vasconcelos – Sair da Casca
Nahalie Ballan – Sair da Casca
Paula Carneiro – Microsoft Portugal
Rui Alves – Johnson & Johnson
Sharlie Mello – Leon H. Sullivan Foundation
Teresa Correia de Barros – EDP

É também com muita honra que vemos publicados nesta obra os depoimentos do Dr. José Roquete e da Drª. Estela
Barbot. A ambos estamos especialmente gratos.

Nota prévia
Este livro está repleto de exemplos e casos práticos sobre empresas, instituições, eventos e documentos. Suge-
rimos ao leitor que os compreenda no contexto do tempo em que a obra acabou de ser redigida (Fevereiro de
2006). Desde então, novos eventos e documentos terão surgido. Por exemplo, as empresas poderão ter publicado
novos relatórios de sustentabilidade; os critérios de algumas normas poderão também ter sofrido alterações; e
novos eventos poderão ter surgido.

Este ritmo de mudança célere é incontornável. E os autores dos livros dispõem de uma de duas opções: (1) não
facultam exemplos e casos práticos por receio de que eles se desactualizem rapidamente, mas assim descuram
uma das vertentes mais relevantes para a compreensão da matéria abordada; (2) atendem a este vertente, mas
incorrem no risco de facultar exemplos passíveis de desactualização.

A nossa opção foi a segunda. Importa, pois, que o leitor tome os nossos exemplos como ilustrações dos temas
abordados e actualize os conhecimentos através da busca de informação sobre cada entidade e/ou evento.


Í NDICE

PREFÁCIO 17
Ética ao serviço de COMPEtitividade – Dr. José Roquete ............................................................................................................ 17
Gestão ética e socialmente responsável não se fazem por decreto
– Drª Estela BarBot ................................................................................................................................................................................................................................................... 19

Introdução 23
Teoria e prática .............................................................................................................................................................................................................................................................. 24
Meditar para agir .......................................................................................................................................................................................................................................................... 24
Complementos práticos e “artísticos” ............................................................................................................................................................................ 25
Capítulo 1 ................................................................................................................................................................................................................................................................................... 26
Capítulo 2 ................................................................................................................................................................................................................................................................................... 27
Capítulo 3 ................................................................................................................................................................................................................................................................................... 28
Capítulo 4 ................................................................................................................................................................................................................................................................................... 30
Capítulo 5 ................................................................................................................................................................................................................................................................................... 31
Capítulo 6 ................................................................................................................................................................................................................................................................................... 32
Capítulo 7 ................................................................................................................................................................................................................................................................................... 33
Uma perspectiva global .................................................................................................................................................................................................................................. 33

Capítulo 1
A ÉTICA NA GESTÃO: entre A lógica do Poker 35
e a cultura baseada em valores éticos

Introdução ........................................................................................................................................................................................................................................................................... 36
Uma arena complexa ............................................................................................................................................................................................................................................ 37
Porque os gestores adoptam acções menos éticas? ......................................................................................................................... 40
A ética como campo controverso ...................................................................................................................................................................................... 42
A crescente importância da ética na gestão ................................................................................................................................................ 44
A ética Da gestão será uma ética menos ética? .......................................................................................................................................... 44
Os negócios dos macacos e o argumento darwinista naif .............................................................................................. 52
“Porque não funcionam os códigos de ética” .............................................................................................................................................................. 52
O jogo do ultimato e o comportamento dos macacos .................................................................................................................................. 53
A ética inserida na formação em gestão ................................................................................................................................................................ 55
A expansão dos eventos formativos e académicos .............................................................................................................................................. 55
A formação em ética surtirá efeitos? ..................................................................................................................................................................................... 56
Em prol de uma cultura de gestão mais ética ................................................................................................................................................ 58
Súmula conclusiva .................................................................................................................................................................................................................................................. 61


GESTÃo ética e socialmente responsável

Capítulo 2
A ética, A consciência, o mercado e a lei: TEORIAS e práticas
65

Introdução ........................................................................................................................................................................................................................................................................... 66
Algumas noções gerais sobre a ética .............................................................................................................................................................................. 66
Moralidade e (teoria) ética .................................................................................................................................................................................................................. 66
Ética e lei .................................................................................................................................................................................................................................................................... 68
Ética e consciência .......................................................................................................................................................................................................................................... 69
Três abordagens à ética ........................................................................................................................................................................................................................... 70
Dois tipos de relativismo ético: Individual e cultural .......................................................................................................................................... 70
Egoísmos ..................................................................................................................................................................................................................................................................... 72
Teorias normativas: o que deve, e como deve, ser feito? ............................................................................................................ 76
Noções gerais ...................................................................................................................................................................................................................................................... 76
O papel dos códigos profissionais .............................................................................................................................................................................................. 77
Teorias utilitaristas ......................................................................................................................................................................................................................................... 79
A ética Kantiana e o imperativo categórico .................................................................................................................................................................. 82
Teorias prescritivas contemporâneas:
Contributos complementares para compreensão da ética ............................................................................................. 84
Teorias da moralidade comum ........................................................................................................................................................................................................ 85
Teorias dos direitos ...................................................................................................................................................................................................................................... 85
A ética das virtudes ...................................................................................................................................................................................................................................... 86
Liderança virtuosa .......................................................................................................................................................................................................................................... 88
As teorias feministas e a ética do cuidar ........................................................................................................................................................................... 91
Teorias da justiça .............................................................................................................................................................................................................................................. 92
Súmula conclusiva .................................................................................................................................................................................................................................................. 93

Capítulo 3
A empresa como organização eticamente responsável: 97
quatro visões, quatro concepções
Introdução ........................................................................................................................................................................................................................................................................... 98
O negócio do negócio é o negócio ............................................................................................................................................................................... 99
O gestor como agente dos proprietários da empresa .................................................................................................................................... 99
Uma leitura crítica da tese de Friedman ............................................................................................................................................................................ 102
A tese da moral mínima ..................................................................................................................................................................................................................................... 103
A missão moral das empresas ............................................................................................................................................................................................................... 106
O dever moral de melhorar o mundo .................................................................................................................................................................................. 106
A insuficiência da lei ..................................................................................................................................................................................................................................... 106
A insuficiência do mercado ................................................................................................................................................................................................................. 108
A insuficiência da resposta às expectativas públicas ........................................................................................................................................... 110
Uma breve análise crítica à tese da missão moral das empresas ....................................................................................................... 110
A teoria dos stakeholders ...................................................................................................................................................................................................................... 112
Stockholders versus stakeholders ......................................................................................................................................................................................................................... 112
Benefícios, direitos e consequências ........................................................................................................................................................................................ 113
Breve análise crítica da teoria dos stakeholders ...................................................................................................................................................... 116
pessimismos e realismos em torno da responsabilidade social .................................................................................................. 118
A responsabilidade social, a boa gestão e a síndrome de Robin Wood .................................................................................................... 118


ÍNDICE

“Crentes”, “cínicos” e “ateus” ............................................................................................................................................................................................................................ 120


O “ateísmo” sob análise ............................................................................................................................................................................................................................................. 123
Súmula conclusiva .................................................................................................................................................................................................................................................. 125

Capítulo 4
As controvérsias e o mapa do território
129

INTRODUçÃO ........................................................................................................................................................................................................................................................................... 130


Quatro tipos de teorias e abordagens ........................................................................................................................................................................... 133
Teorias instrumentais:
“Que actividades sociais podem trazer-nos vantagens para os negócios?” ................................... 135
Maximização do valor para o accionista ............................................................................................................................................................................. 136
Estratégias de incremento da vantagem competitiva ......................................................................................................................................... 136
Marketing de causas ..................................................................................................................................................................................................................................... 138
Teorias políticas:
“Como devem as empresas gerir o poder que têm na sociedade?” ........................................................................... 146
Constitucionalismo corporativo/empresarial ............................................................................................................................................................... 146
Teorias do contrato social ................................................................................................................................................................................................................... 147
Cidadania corporativa ................................................................................................................................................................................................................................ 147
Teorias integrativas:
“Como podem as empresas integrar as exigências sociais nos seus processos
decisórios e nas suas orientações?” ................................................................................................................................................................................... 152
A gestão de assuntos sociais ............................................................................................................................................................................................................. 153
O princípio da responsabilidade pública ............................................................................................................................................................................. 154
A gestão dos stakeholders ...................................................................................................................................................................................................................... 155
O desempenho social da empresa ............................................................................................................................................................................................. 156
A crítica à pirâmide da responsabilidade social e a abordagem dos três domínios .................................................... 157
Uma breve abordagem à filantropia empresarial ..................................................................................................................................................... 162
Teorias éticas:
“O que é correcto fazer-se? Que princípios éticos as empresas devem cumprir?” ................... 166
A teoria normativa dos stakeholders ........................................................................................................................................................................................ 166
Direitos universais .......................................................................................................................................................................................................................................... 167
Desenvolvimento sustentável ........................................................................................................................................................................................................... 169
O bem comum .................................................................................................................................................................................................................................................... 174
O espírito de cooperação e o kyosei em acção na Canon .......................................................................................................................... 176
as Mudanças no sistema e a mudança do sistema ................................................................................................................................. 181
Mudanças no sistema .................................................................................................................................................................................................................................. 181
A mudança do sistema .............................................................................................................................................................................................................................. 184
Súmula conclusiva .................................................................................................................................................................................................................................................. 185

Capítulo 5
desafios, pressões e respostas
187
Introdução ...................................................................................................................................................................... 188
As pressões e os desafios .................................................................................................................................... 188
Cidadãos mais sensibilizados ............................................................................................................................... 191
Estrutura do capítulo ............................................................................................................................................. 192


GESTÃo ética e socialmente responsável

O investimento socialmente responsável: natureza, motivações e implicações ................... 194


O que é o investimento socialmente responsável ................................................................................................................................................. 194
O amadurecimento do ISR e os índices de desenvolvimento sustentável
ou de responsabilidade social ........................................................................................................................................................................................................... 197
Fundos éticos, sociais e ecológicos ........................................................................................................................................................................................... 202
O activismo dos investidores socialmente responsáveis ............................................................................................................................... 205
O investimento socialmente responsável e a medição do “impacto social total” ......................................................... 209
Em prol de uma actuação mais proactiva e positiva ............................................................................................................................................ 209
Oito categorias para gerar ratings TSI .................................................................................................................................................................................... 209
Normas e certificações de responsabilidade social ......................................................................................................................... 212
Norma SA8000 .................................................................................................................................................................................................................................................. 212
Norma AA1000 .................................................................................................................................................................................................................................................. 215
padrões e Certificações de responsabilidade/desempenho ambiental ........................................................... 218
A norma ISO 14000 ..................................................................................................................................................................................................................................... 218
Eco-Management and Audit Scheme (EMAS) ..................................................................................................................................................................... 220
Auditorias sociais ou de responsabilidade social ............................................................................................................................... 222
Noção e objectivos ....................................................................................................................................................................................................................................... 222
Métodos, princípios orientadores e padrões de avaliação ........................................................................................................................... 225
Etapas de uma auditoria .......................................................................................................................................................................................................................... 227
Relatórios de responsabilidade social ....................................................................................................................................................................... 230
A importância dos relatórios ........................................................................................................................................................................................................... 230
Atributos e conteúdos dos relatórios .................................................................................................................................................................................. 234
Considerações finais .................................................................................................................................................................................................................................... 238
Prémios, reconhecimentos e rankings sociais e ambientais ..................................................................................................... 241
A responsabilidade social das empresas no quadro europeu ...................................................................................... 245
O Livro Verde e o tripé de objectivos económicos, sociais e ambientais ................................................................................ 245
As dimensões da responsabilidade social .......................................................................................................................................................................... 247
Uma abordagem integrada à RSE ................................................................................................................................................................................................ 250
As “melhores empresas para trabalhar” e as organizações autentizóticas .................................. 254
Confiança, sentido de orgulho e camaradagem ......................................................................................................................................................... 254
Organizações autentizóticas e trabalho com significado ............................................................................................................................... 256
Porque o pendor organizacional autentizótico influencia a saúde dos indivíduos e
a das organizações? ....................................................................................................................................................................................................................................... 259
Súmula conclusiva .................................................................................................................................................................................................................................................. 261

Capítulo 6
códigos de ética e de conduta
265

Introdução ............................................................................................................................................................................................................................................................................. 266


O que são e como estão presentes em diferentes países ................................................................................................................... 267
Tipos, motivações e conteúdos dos códigos ................................................................................................................................................. 270
Motivações ............................................................................................................................................................................................................................................................... 270
Conteúdos ................................................................................................................................................................................................................................................................. 271
Funções e limitações dos códigos ............................................................................................................................................................................................ 272
O seu papel vantajoso ............................................................................................................................................................................................................................... 272
Limitações, problemas e dificuldades ...................................................................................................................................................................................... 273

10
ÍNDICE

“Um código de ética para os códigos de ética” ............................................................................................................................................ 277


Princípios fundamentais de elaboração e implementação de um código ................................................................................. 277
Padrões morais ................................................................................................................................................................................................................................................... 277
Estádios de desenvolvimento dos códigos ...................................................................................................................................................................... 277
Considerações adicionais sobre a criação, o desenvolvimento e a implementação
dos códigos de ética ..................................................................................................................................................................................................................................... 280
A eficácia dos códigos ............................................................................................................................................................................................................................... 281
Súmula conclusiva .................................................................................................................................................................................................................................................. 285

Capítulo 7
Uma leitura global sobre a responsabilidade social 287
das empresas em Portugal

Intróito .......................................................................................................................................................................................................................................................................................... 288


Enquadramento geral ................................................................................................................................................................................................................................... 288
O panorama geral em Portugal .................................................................................................................................................................................................. 291
O simbolismo das perspectivas da Primeira-Dama e do Presidente da República ...................................................... 291
Uma tentativa de síntese ........................................................................................................................................................................................................................ 294
Desempenhos económico, social e ambiental ............................................................................................................................................................. 300
Organizações, associações, projectos e programas ......................................................................................................................... 302
BCSD Portugal – Conselho Empresarial para o Desenvolvimento Sustentável .............................................................. 302
GRACE – Grupo de Reflexão e Apoio à Cidadania Empresarial ........................................................................................................ 303
RSE Portugal – Associação Portuguesa para a Responsabilidade Social das Empresas ........................................... 305
APEE – Associação Portuguesa de Ética Empresarial ......................................................................................................................................... 305
IPCG – Instituto Português de Corporate Governance ............................................................................................................................... 306
ACEGE – Associação Cristã de Empresários e Gestores ............................................................................................................................ 308
OIKOS – Cooperação e desenvolvimento ...................................................................................................................................................................... 309
Mecenatonet .......................................................................................................................................................................................................................................................... 313
Projecto “Mão-na-Mão” ........................................................................................................................................................................................................................... 313
O programa EQUALSKILLS ............................................................................................................................................................................................................... 314
“Vitalidade XXI - A indústria alimentar por uma vida saudável” ......................................................................................................... 315
Impactus – Empresa Sustentável .................................................................................................................................................................................................. 315
“Sair da Casca” ................................................................................................................................................................................................................................................... 316
PRÉMIOS, Reconhecimentos e concursos ................................................................................................................................................................... 318
“As melhores empresas para trabalhar” ............................................................................................................................................................................ 318
“Igualdade é qualidade” ............................................................................................................................................................................................................................ 318
“Prevenir Mais Viver, Melhor no Trabalho” ...................................................................................................................................................................... 319
“Ser PME responsável” ............................................................................................................................................................................................................................. 320
“Cidadania das empresas e das organizações” ........................................................................................................................................................... 321
Prémio de Excelência - Sistema Português da Qualidade (PEX-SPQ) ......................................................................................... 322
Prémios para relatórios ambientais e de sustentabilidade .......................................................................................................................... 323
“Empresa mais familiarmente responsável” .................................................................................................................................................................... 325
Concurso nacional de boas práticas locais para o desenvolvimento sustentável .......................................................... 326
“Marketing sustentável e com consciência” ................................................................................................................................................................... 327
Prémio Agostinho Roseta ...................................................................................................................................................................................................................... 328
Responsabilidade social das empresas portuguesas – 25 casos de referência ................................................................... 328

11
GESTÃo ética e socialmente responsável

Documentos obrigatórios em Portugal relacionados com


a comunicação da responsabilidade social ................................................................................................................................................... 329
Balanço Social ...................................................................................................................................................................................................................................................... 329
Relatório de actividade do serviço de segurança, higiene e saúde no trabalho (SHST) ......................................... 329
Relatório sobre o Governo das Sociedades .................................................................................................................................................................. 330

Complemento 1
Casos e exemplos práticos para reflexão, 341
discussão e aprendizagem

Notas prévias ao leitor ................................................................................................................................................................................................................................... 341


Dois exercícios preliminares ................................................................................................................................................................................................................ 342
1. Um exercício sobre a eficácia ética da sua organização ............................................................................................................................... 342
2. Comportamentos empresariais éticos e não éticos .......................................................................................................................................... 344
Códigos de ética e de conduta ................................................................................................................................................................................................... 346
3. Código de conduta ética da Delta Cafés .......................................................................................................................................................................... 348
4 . O código de ética da Associação Cristã de Empresários e Gestores de Empresas ................................................ 349
5. The International Code of Ethics for Canadian Business ....................................................................................................................................................... 351
6. Código de Ética da Hovione ............................................................................................................................................................................................................. 353
7. Código de Conduta Empresarial da Microsoft ......................................................................................................................................................... 357
8. As Global Sourcing Guidelines e os Terms of Engagement da Levi Strauss & Company” .................................................. 370
9. Código de ética da EDP ......................................................................................................................................................................................................................... 372
10. Porque é que o código de ética da Enron não foi suficiente? Porque a auditoria independente
é crítica para o mercado livre? ................................................................................................................................................................................................... 381
11. O código de ética da estação televisiva Aljazeera ............................................................................................................................................. 382
Certificações de responsabilidade social .............................................................................................................................................................. 382
12. Responsabilidade Social 8000 (SA 8000) ...................................................................................................................................................................... 382
13. Delta Cafés – A primeira certificação social em Portugal ...................................................................................................................... 389
14. DHL Portugal certificada na área da Responsabilidade Social ........................................................................................................... 390
15. TNT Portugal certificada pela norma SA8000 ....................................................................................................................................................... 392
16. Cooprofar – Cooperativa dos Proprietários de Farmácia certificada
em Responsabilidade Social ............................................................................................................................................................................................................ 393
desenvolvimento sustentável e Relatórios de responsabilidade SOCIAL ............................................... 394
17. O relatório de Responsabilidade Social da Delta Cafés ............................................................................................................................ 394
18. O Relatório de Responsabilidade Social da Vodafone .................................................................................................................................. 397
19. O relatório de Responsabilidade Social da Siemens ...................................................................................................................................... 499
20. O relatório de Responsabilidade Social da Hovione ..................................................................................................................................... 401
21. As ambiguidades do Desenvolvimento Sustentável ....................................................................................................................................... 402
22. Uma mensagem do Presidente do Grupo Santander no relatório de responsabilidade social ............... 404
23. Relatórios sociais e ambientais da Ben & Jerry’s ................................................................................................................................................. 406
A RSE como imperativo de negócio e de investimento ................................................................................................................... 408
24. A RSE como imperativo de negócio no Millennium BCP ....................................................................................................................... 408
25. Portugal Telecom – Vocação Social desde 1989 .................................................................................................................................................... 409
26. Um anúncio de emprego muito peculiar ...................................................................................................................................................................... 410
27. “Banca diz não à droga” ...................................................................................................................................................................................................................... 411

12
ÍNDICE

28. Investimento socialmente responsável disparou nos últimos quatro anos ........................................................................ 412
29. O investimento socialmente responsável em Portugal ............................................................................................................................... 413
30. Empresas portuguesas no Dow Jones Sustainability Index ........................................................................................................................... 414
31. “A saúde é um assunto sério, tal como a escolha .............................................................................................................................................. 414
32. As PME serão menos socialmente responsáveis? ............................................................................................................................................. 416
33. As origens de uma ideia – a responsabilidade social das empresas ............................................................................................. 417
Liderança ........................................................................................................................................................................................................................................................................ 419
34. Procura-se CEO excelente e incorruptível ..................................................................................................................................................... 419
35. A missão do líder é velar por que as pessoas se sintam bem? ................................................................................................. 419
36. Futuro Chefe de Estado deve ser sério e isento – e os outros líderes? ...................................................................... 420
37. Bernard Ebbers, o ex-CEO da Worldcom – uma personalidade multifacetada
ou one man show? ............................................................................................................................................................................................................................. 421
38. A mania das grandezas de “Mr Bad Boy” .............................................................................................................................................................. 422
39. Os Titanics do capitalismo pós-moderno e os aldrabões de feira . ..................................................................................... 423
40. A angústia dos executantes dos despedimentos ....................................................................................................................................... 424
41. Líderes psicopatas .......................................................................................................................................................................................................................... 426
42. “Uma Questão de Liderança” .......................................................................................................................................................................................... 424
Condições de trabalho, discriminação e direitos humanos ................................................................................. 431
43. Má alimentação no trabalho reduz produtividade em 20 por cento ................................................................................ 431
44. McDonald’s contra os McJobs ........................................................................................................................................................................................... 432
45. Não queremos gordos nem doentes – as preferências da Wal-Mart .............................................................................. 433
46. Trabalho escravo no Brasil .................................................................................................................................................................................................... 435
47. A sociedade do café e a miséria dos trabalhadores ............................................................................................................................... 436
48. Os outros funcionários do Estado não precisarão de nenhum estímulo
nem de ser bons profissionais? .................................................................................................................................................................................................. 438
Estado, influência política e ética .............................................................................................................................................................................. 438
49. Bastidores de Bruxelas ............................................................................................................................................................................................................. 438
50. Guerra italiana .................................................................................................................................................................................................................................... 440
51. Empresas de informática criticam Bagão Félix por limitar acesso a concurso público .............................. 441
52. “Desinformação” em torno da Galp? ...................................................................................................................................................................... 442
53. Iraquianos formam-se em Lisboa a convite da GALP ......................................................................................................................... 443
54. A eterna doença de Maria José ....................................................................................................................................................................................... 444
Corrupção, fraudes, escândalos e pequenas “manhas” ..................................................................................................... 445
55. Em vez de combater a corrupção ... distribui-la equitativamente! ...................................................................................... 445
56. Sentença da WorldCom abala a América empresarial ........................................................................................................................ 446
57. Kenneth Lay e o fim de uma época nos EUA ................................................................................................................................................ 448
58. “Denunciante” da Enron diz que antigo CEO mentiu sob juramento ............................................................................. 451
59. Não culpem os advogados no caso da Enron ............................................................................................................................................... 452
60. Como o dinheiro da Enron ganhou amigos e influenciou pessoas ..................................................................................... 454
61. Boeing em maus lençóis .......................................................................................................................................................................................................... 456
62. Escândalos derrubam presidente da Boeing ................................................................................................................................................... 458
63. Detidos 47 corretores de Wall Street ................................................................................................................................................................... 459
64. Crime envolvendo warrants Nokia ............................................................................................................................................................................. 460
65. Anatomia de um crime .............................................................................................................................................................................................................. 460
66. Pirataria de software atinge 41% .................................................................................................................................................................................... 461
67. Na Volkswagem, deixou de haver vacas sagradas? ................................................................................................................................... 462

13
GESTÃo ética e socialmente responsável

68. “Desejo-vos, a vocês e às vossas famílias, uma morte lenta e dolorosa” ..................................................................... 463
69. Gestores espanhóis na mira da justiça .................................................................................................................................................................. 465
70. Bayergate, ‘take’ sete .................................................................................................................................................................................................................... 465
71. A Banca sob investigação devido aos paraísos fiscais .......................................................................................................................... 467
72. Suíça acabou com o segredo bancário .................................................................................................................................................................. 468
73. Expresso compra acções para ‘infiltrar’ jornalista ..................................................................................................................................... 469
a Responsabilidade social e os negócios da saúde ............................................................................................................................ 471
74. Fabricante de antiviral contra a gripe das aves recusa libertar a patente ................................................................... 471
75. Concertação de preços de farmacêuticas prejudica vinte e dois hospitais .............................................................. 472
75. SIDA em África: Financiar, ajudar responsavelmente – ou algo falta? ............................................................................... 474
77. Empresa holandesa culpada por compra de medicamentos para SIDA ........................................................................ 475
Filantropia e benemerência .................................................................................................................................................................................................................. 476
78. Bill Gates faz uma doação de 215 milhões de euros para combate à malária ...................................................... 476
79. O plano da IKEA para combater o trabalho infantil ............................................................................................................................. 477
80. “IKEA dá 1% dos lucros anuais para a acção social” ............................................................................................................................. 480
81. Quando a esmola é grande ... ......................................................................................................................................................................................... 481
82. E não é que Bill Gates se lembrou de nós?! ................................................................................................................................................... 482
Responsabilidade perante o ambiente e a natureza ........................................................................................................................ 483
83. A Brisa com preocupações ambientais .................................................................................................................................................................. 483
84. Número de cegonhas brancas subiu cinco vezes em 20 anos .................................................................................................. 484
85. Texaco julgada por poluição no Equador ............................................................................................................................................................ 485
86. Toillets Please .......................................................................................................................................................................................................................................... 486
87. Os consumidores já não vão em cantigas ....................................................................................................................................................... 487
Cultura organizacional, ética e responsabilidade ...................................................................................................................... 488
88. Cultura de secretismo da NASA também foi culpada do acidente do Columbia? .......................................... 488
89. Quem nos salva? ............................................................................................................................................................................................................................... 490
90. NASA ia repetindo os erros com o Discovery .......................................................................................................................................... 491
91. Meias brancas proibidas .......................................................................................................................................................................................................... 492
Responsabilidade perante clientes e consumidores ...................................................................................................................... 493
92. Testes a produtos sublinhando a ética e a responsabilidade social ..................................................................................... 493
93. O Hotel da Caixa Geral de Depósitos ................................................................................................................................................................. 494
94. Bloco de Esquerda denuncia “selvajaria”’ bancária em relação a doentes com HIV/Sida ........................ 496
95. Perigo light ....................................................................................................................................................................................................................................................................... 497
96. “O Roteiro para a felicidade” ........................................................................................................................................................................................... 498
97. Centro Hospitalar do Alto Minho tenta cativar companhias de seguros .................................................................... 498
98. Lei, ética e gestão: O caso de um hospital-empresa ............................................................................................................................. 500
99. Mulher com véu islâmico proibida de entrar num banco .............................................................................................................. 500
O indivíduo e a organização – alguns Dilemas e responsabilidaes ............................................................. 501
100. Microsoft na China – e o papel da democracia e da liberdade ............................................................................................ 501
101. As farmácias católicas ............................................................................................................................................................................................................. 502
102. Prevaricar ... sem que ninguém saiba .................................................................................................................................................................... 504
103. Lançaríamos a bomba se estivéssemos no lugar de Truman? ................................................................................................. 504
104. A ética não é imposta – antes é uma decisão individual? ............................................................................................................ 505

14
ÍNDICE

Complemento 2
A ÉTICA NAS ARTES
507

Cinema ................................................................................................................................................................................................................................................................................................. 508


Wall street ............................................................................................................................................................................................................................................................. 508
Filadélfia ............................................................................................................................................................................................................................................................................. 509
Until the end of the world ................................................................................................................................................................................................................................ 510
Erin Brockovich ....................................................................................................................................................................................................................................................... 510
Forrest Gump ................................................................................................................................................................................................................................................................. 510
O gosto dos outros ........................................................................................................................................................................................................................................... 511
Dogville .............................................................................................................................................................................................................................................................................. 512
Underground .................................................................................................................................................................................................................................................................. 512
Citizen kane .................................................................................................................................................................................................................................................................... 513
A maldição do escorpião de jade ..................................................................................................................................................................................................... 514
Literatura ................................................................................................................................................................................................................................................................................... 515
O Mandarim .................................................................................................................................................................................................................................................................. 515
Íliada ....................................................................................................................................................................................................................................................................................... 515
Uma barragem contra o Pacífico .............................................................................................................................................................................................................. 516
O Príncipe .......................................................................................................................................................................................................................................................................... 516
O Processo ........................................................................................................................................................................................................................................................................ 519
O Principezinho ........................................................................................................................................................................................................................................................... 519
O Nome da Rosa ...................................................................................................................................................................................................................................................... 520
Memórias de Adriano ........................................................................................................................................................................................................................................... 521
A Caverna .......................................................................................................................................................................................................................................................................... 521
Crime e Castigo ........................................................................................................................................................................................................................................................... 522
Música e Poesia ................................................................................................................................................................................................................................................................... 522
Construção ................................................................................................................................................................................................................................................................... 523
Tejo que levas as águas ................................................................................................................................................................................................................................... 523
Bono e os U2 medalhados por Jorge Sampaio ................................................................................................................................................................ 524
Democracy ....................................................................................................................................................................................................................................................................... 525
I don’t wanna grow up ......................................................................................................................................................................................................................................... 525
Everything counts ...................................................................................................................................................................................................................................................... 526
FMI ........................................................................................................................................................................................................................................................................................... 527
My Way ................................................................................................................................................................................................................................................................................ 527
Vou dar de beber à dor ................................................................................................................................................................................................................................. 528
Les bourgeois ................................................................................................................................................................................................................................................................. 528
Palabras para Júlia ................................................................................................................................................................................................................................................... 529

Referências 531

15
P REFÁCIO
Ética ao serviço quotidiano, com reflexos positivos no seu rela-
da competitividade cionamento com a comunidade envolvente.

José Roquette Como coordenador do trabalho que conduziu


Empresário e Coordenador do projecto de Código de Ética à elaboração desse Código, sinto-me desde já
para Empresários e Gestores amplamente recompensado pelo movimento
de adesão espontânea que o projecto mereceu
Quando em Fevereiro de 2003 surgiu numa e sua projecção mediática, na certeza de que
reunião do Conselho de Patrocinadores da os principais interessados e beneficiados se-
Associação Cristã de Empresários e Gesto- rão os empresários portugueses, cuja imagem
res a ideia de desenvolver um Código de Éti- é tantas vezes apresentada de forma injusta-
ca para os executivos portugueses, mentiria mente distorcida, nomeadamente através de
se dissesse que esperávamos uma tão grande uma generalização de aspectos negativos que
receptividade e uma tão pronta adesão, como a realidade não confirma.
aquela que veio a ter o Código de Ética dos
Empresários e Gestores da ACEGE. Lembro uma sondagem realizada pelo Jornal
Expresso e a Rádio Renascença onde a grande
De facto, centenas de empresários e gestores maioria dos inquiridos associava o êxito em-
assumiram prontamente, de forma totalmente presarial à realização de comportamentos me-
voluntária, o compromisso público de respei- nos éticos, no fundo assumindo a errada no-
tar os princípios orientadores enunciados no ção que a falta de ética é geradora de sucesso
Código, percebendo a sua importância para o empresarial e de riqueza.
mundo empresarial português e para as suas
vidas pessoais e profissionais. Na realidade ainda existe um amplo trabalho a
desenvolver junto da população portuguesa, e
Uma adesão que revelou sem qualquer dúvida de muitos empresários e gestores, no sentido
a actualidade e a necessidade de promover e de ajudar a perceber que a Ética é vital e essen-
difundir a aplicação da ética no mundo empre- cial para a felicidade da vida de cada um, para
sarial, abrindo uma reconfortante perspectiva o desenvolvimento sustentado das empresas e
de que na aplicação destes princípios as nossas para o seu pleno sucesso empresarial e social.
empresas verão melhoradas a qualidade do seu

17
GESTÃo ética e socialmente responsável

É por isso que o livro Gestão Ética e Socialmente e que implicam opções complicadas nos mais
Responsável – teoria e prática revela-se da maior diversos planos, incluindo o moral e o ético.
importância e interesse, na medida em que
não se limita a oferecer um conjunto de teo- A preocupação Ética é permanente, procuran-
rias em torno da Ética, mas dá a possibilidade do encontrar sempre novas respostas, de acor-
de confrontar a sua aplicação em casos muito do com os dados disponíveis, para um novo
práticos que ajudam a apreender conceitos e conjunto de questões que a economia global
teorias, ajudam a perceber a influência real que tem vindo a colocar, de forma premente, às
a qualidade dos nossos comportamentos tem sociedades modernas.
na vida das empresas, e na sociedade onde es-
tamos inseridos. Uma preocupação que não pode ficar apenas
em torno de teorias, mas tem de se consolidar e
Um livro que aborda de forma pedagógica um evoluir no sentido da busca das melhores solu-
conjunto de áreas onde a ética se desenvolve, ções que possam incrementar a aplicação práti-
funcionando como um Manual de Ética onde ca dos valores e dos comportamentos fixados.
o leitor poderá regressar muitas vezes, apreen-
dendo de forma nova a sua mensagem. Não admira, portanto, que as comunidades
empresariais tenham sentido a necessidade de
São livros como este que abrem as portas da evoluir para fórmulas organizativas mais ela-
ética e da responsabilidade social das empre- boradas, fixando códigos de comportamentos
sas nas suas múltiplas vertentes e implicações, e métodos de avaliação do seu cumprimento.
que permitem trilhar um caminho seguro, Foi assim que surgiu a primeira compilação le-
procurando não o “exibicionismo” das acções gal sobre governação das empresas, o Sarbanes
mas a mudança segura de comportamentos e, Oxly Act, em vigor nos Estados Unidos desde
principalmente, a mudança da cultura empre- 2002 e desde então multiplicaram-se os docu-
sarial e social. mentos e as iniciativas em diferentes latitudes
visando conciliar, no dia-a-dia das empresas,
Uma nova cultura empresarial, que não confun- poderes e interesses muito diversos, tantas ve-
da Ética com perigosos paternalismos piedosos, zes conflituais.
mas perceba que procurar a Ética significa maior
exigência e qualidade num confronto, perma- O esforço desenvolvido com vista à resolução
nentemente, da procura de uma maior rentabili- inteligente destes conflitos, no quadro de uma
dade com a defesa intransigente do Homem. assumida consciência da responsabilidade so-
cial das empresas, acaba por constituir um dos
A Ética empresarial tem de ter sempre o Ho- objectivos principais da ética empresarial e um
mem e a Empresa como principais pilares, contributo incontornável, ao contrário daqui-
tentando orientar a resposta dos decisores lo que alguns serão levados a pensar, para um
perante as várias situações de conflitos de in- salutar aumento da competitividade das eco-
teresses que o quotidiano empresarial coloca nomias e das empresas.

18
PREFÁCIO

Tendo como base o respeito pela Lei e os Gestão Ética e


princípios éticos universais, é possível criar Responsabilidade
uma consciência de qualidade nas empresas e Social não se fazem
envolver todas as pessoas, do gestor de topo por decreto
ao colaborador mais indiferenciado, na busca
da realização profissional e pessoal. Em suma, Por Estela Barbot
é possível conseguir que as pessoas se envol- Economista e Empresária
vam mais no cumprimento de boas práticas e
sejam por isso mais felizes. Começo por agradecer aos autores o amável
convite, que me deu a possibilidade de parti-
Em Portugal, esta caminhada está em marcha cipar num debate de grande interesse para a
e este livro é um claro e importante sinal des- competitividade das empresas e, consequente-
se movimento. Embora se trate de um desa- mente, para o futuro do nosso país.
fio difícil, até porque se propõe algo que sai
da rotina, os sinais detectáveis são positivos e Já várias grandes empresas perceberam as
permitem acreditar que será possível levar as vantagens de incluir práticas de gestão so-
pessoas a compreender que a felicidade só é cialmente responsáveis para garantir um de-
plena se tivermos pessoas felizes à nossa volta. senvolvimento sustentável para elas e para as
Ou seja, que o empresário só se realizará em economias nacionais em que operam. Embora
pleno se a empresa, para além do lucro, atin- a tendência pareça existir, ainda são poucas as
gir o objectivo de servir a comunidade num empresas que desenvolvem estratégias de res-
quadro de desenvolvimento sustentável e de ponsabilidade social.
satisfação dos interesses dos seus colaborado-
res, incluindo aqueles que extravasam a área Na realidade, o reconhecimento público e os
meramente profissional. valores que uma marca pode associar por esta
via são muito mais visíveis nas grandes em-
Cabe agora a cada um de nós assumir as suas presas. E este exemplo das grandes empresas
responsabilidades e levar á prática os bons en- será seguido? Será que legislar sobre normas
sinamentos que este livro nos oferece. e conceitos pode potenciar a inclusão destas
ferramentas no dia-a-dia das PME (pequenas
e médias empresas)? Até que ponto é possível
legislar ou mesmo ter um conceito convergen-
te e de consenso nesta matéria? Muitas ques-
tões para muitas respostas possíveis.

A responsabilidade social praticada pelas PME


é substancialmente diferente da praticada pe-
las grandes empresas, tanto no seu conteúdo,
como na sua forma de execução. Orçamentos

19
GESTÃo ética e socialmente responsável

maiores garantem uma visibilidade, que não que nem todos de acordo, porque em Portu-
encontram paralelo em escalas mais reduzidas. gal ainda é “crime público” perseguir o lucro,
Muitas vezes, numa PME, a inclusão ou não ser ambicioso e ter sucesso. Mas à parte da
de projectos de responsabilidade social tem a especificidade do rectângulo lusitano, dizia eu
ver com características do próprio director- que todos de acordo…não fosse a expressão
-geral/accionista. Ou seja, está mais ligada a estar incompleta. O que a teoria diz é: o ob-
variáveis aleatórias ligadas ao livre arbítrio da jectivo das empresas é maximizar o lucro, no
gestão da empresa, do que com boas ou más longo prazo. Ora este complemento, como fa-
práticas de gestão. cilmente se compreende, faz toda a diferença.
E faz particular diferença quando falamos em
Este livro alerta para a necessidade de norma- ética na gestão ou ética empresarial. Se, para
lização de conceitos, embora a diversidade de as empresas, obter lucro de curto prazo de
opiniões e de correntes expressas mostrem que forma ética é uma questão de escolha, numa
não será tarefa fácil de executar. A meu ver, e perspectiva de longo prazo é uma questão de
como em quase tudo, o que verdadeiramente sobrevivência.
está na génese de um conceito vingar ou não
é a capacidade de mudar mentalidades. É pre- Tomemos como exemplo um jogo de tabulei-
ciso despertar para novas realidades empresa- ro, jogado a dois. Se eu tenho só uma jogada
riais, e isso faz-se investindo em formação e para fazer (curto prazo) não estou preocupado
requalificação dos mais velhos e ensinando os com as consequências que a minha jogada vai
mais novos. Habituados que estamos em Por- ter no outro jogador (leia-se: colaboradores,
tugal a ter a visão toldada para o curto prazo, é accionistas, fornecedores, clientes, Estado).
preciso apresentar e explicar a teoria e as prá- Ao invés, se o jogo incluir mais jogadas (longo
ticas da gestão ética e socialmente responsável prazo), eu sei que todas as minhas acções vão
aos futuros “homens-do-leme”. Acredito mais condicionar o outro jogador, e vão também
nesta via, do que em eventuais processos de condicionar-me a mim própria, porque o que
certificação, como acontece na Qualidade. O eu fizer terá um efeito boomerang sob a forma
que está em causa não são as normas, mas sim de resposta do meu adversário. O jogo repe-
a sua aplicação e compreensão por parte dos tido permite (mais, obriga a) comportamen-
gestores e colaboradores. Quantos exemplos tos diferentes dos jogos sem repetição, e as
cada um de nós conhece em que os processos instituições que suportam a maximização de
são o fim em si mesmo, e não a forma de obter longo prazo por parte das empresas também
melhores resultados e tornar as empresas mais não podem ser as mesmas. A responsabilidade
competitivas? social das empresas e o acompanhamento do
desenvolvimento sustentável pode certamente
Vale também a pena retomar um conceito apoiar aquelas instituições, desde que não se
económico básico, mas muitas vezes esqueci- resvale da boa gestão para a burocracia.
do: o objectivo das empresas é maximizar o
lucro. Até aqui todos de acordo. Aliás, diria

20
PREFÁCIO

Deixando de lado a metáfora: é fácil perceber


que falhas éticas junto de colaboradores ge-
ram descontentamento e saídas dos melhores
talentos à primeira oportunidade, falhas éticas
junto de clientes originem perda de clientes e
por aí adiante… a lista é longa.

Será que estamos perante o início de uma


nova fase de conceitos de gestão ou limitar-
-nos-emos a mais uma série de procedimentos
burocráticos? A leitura deste livro ajudou-me
a perceber que ambas as hipóteses continua-
rão possíveis até que as novas ferramentas
sejam mais divulgadas no tecido empresarial
português.

21
I NTRODUÇÃO

“Não quer isto dizer que os lucros não são importantes para a Levi Strauss, a Body
Shop e outras empresas socialmente responsáveis; quer apenas dizer que não são a
prioridade central”.1

“Colocando a questão muito simplesmente, as empresas globais não têm futuro se a


Terra não tiver futuro.” [Ryuzaburo Kaku, antigo presidente da Canon 2]

“Ninguém quer chuva ácida” [Michael Porter, na abertura da II conferência e.value,


Lisboa, Janeiro de 2006 3]

“Algumas pessoas argumentam que ‘fazer o que é correcto fazer-se’ é contrário ao


que é bom para os negócios. Eu penso que este ponto de vista é tanto complicado
quanto errado. Na minha própria empresa, aprendemos que, quando fazemos o que
consideramos que é correcto, a empresa ganha. Não posso traduzir esse ganho nos
números que aparecem no relatório financeiro, mas sei que não pretenderíamos estar
num negócio nem sermos os líderes do sector se não desfrutássemos dessa relação com as
nossas pessoas.” [Walter Haas, Jr, “patriarca” da Levi Strauss 4]

1 Garfield (1995, p. 5) 2 Kaku (1997, p. 55) 3 in Ribeiro (2006, p.30) 4 Garfield (1995, p. 5)

23
GESTÃo ética e socialmente responsável

TEORIA E PRÁTICA pode ser assim descrito: a necessidade de ar-


ticular o desempenho das organizações com a
Este livro faculta ao leitor as pistas fundamen- saúde dos seus membros e o desenvolvimento
tais de compreensão das matérias da ética e da da comunidade em geral.
responsabilidade social das empresas (RSE).
Reflecte, procura ensinar e aponta caminhos. Em grande medida, argumentamos que essa
Mostra que a ética e a RSE são matérias contro- articulação pode resultar de uma boa gestão do
versas – mas, mesmo assim (ou porventura por trio constituído pelos desempenhos económi-
essa razão), atractivas e ricas, tanto do ponto de co, social e ambiental. Enunciando de modo
vista prático como teórico. A obra está pejada mais específico: a prossecução de cada um
de ilustrações e de exemplos práticos. Descre- destes objectivos pode ser facilitada pela pros-
ve, em termos gerais, o panorama da RSE em secução dos outros. E, numa lógica mais foca-
Portugal. Estimula o leitor a estabelecer nexos lizada no significado que o trabalho pode ter
entre as artes (cinema, literatura e música) e a para os seres humanos, parece pertinente pa-
ética. Contém também um amplo complemen- rafrasear Peter Senge, o guru da aprendizagem
to de casos práticos que visa dois objectivos organizacional:
principais:
“[Há] uma contradição quando as empresas
• Mostrar como a ética e a RSE estão im- afirmam desejar que as pessoas estejam com-
pregnadas em múltiplas operações organi- prometidas, motivadas e empenhadas no seu
zacionais e que envolvem as diversas partes trabalho, quando na verdade a actividade la-
interessadas das organizações, incluindo os boral só serve para fazer dinheiro. Os seres
accionistas, os colaboradores, os clientes, humanos interessam-se por outras coisas di-
os fornecedores, as autoridades públicas e a ferentes de apenas ‘fazer dinheiro’, e por isso
comunidade em geral. estamos basicamente a mentir a nós próprios.
• Ajudar o leitor a compreender como as con- (...) O que defendo é que quando as empre-
siderações teóricas não são meras conjecturas sas escolhem o objectivo de ‘fabricar dinhei-
eruditas, mas antes linhas de reflexão e orien- ro’, estão a definir um mundo muito limitado.
tação fundamentais para a compreensão da Sendo assim, temos trabalhadores que não
realidade organizacional e a tomada de deci- estão motivados; estão minimamente empe-
sões de melhor qualidade e mais responsáveis. nhados e para eles o trabalho não tem sentido.
Não conseguem explicar aos filhos o que fa-
MEDITAR PARA AGIR zem e não se afirmam com orgulho nas suas
comunidades. Ao definir um alvo pequeno e
Reflectindo a posição dos autores, o livro pro- limitado, obtêm-se pessoas limitadas para o
pende para a apologia da RSE. No entanto, alcançar. Há que meditar sobre esta situação
apresenta sérios argumentos anti-RSE – e ou- e agir”.5
tros que mitigam o entusiasmo e o “folclore”
que tem rodeado a matéria. O leitmotiv da obra

5 Senge (2001, p. 60; sublinhado nosso)

24
INTRODUÇÃO

Caixa i.1 a fiscais do governo e, ao mesmo tempo,


Algumas definições iniciais desenvolver programas voltados para enti-
dades sociais da comunidade. Essa postura
• Valores: conjunto central de crenças e prin- não condiz com uma empresa que quer
cípios considerados como desejáveis pelos trilhar um caminho de responsabilidade
grupos de indivíduos. Os valores derivam social. É importante haver coerência entre
da inserção do indivíduo numa dada cultu- acção e discurso”.6
ra. Juntamente com as atitudes, as crenças
e os comportamentos, eles formam uma COMPLEMENTOS PRÁTICOS
espiral contínua de cultura comunitária. E “ARTÍSTICOS”
Há, todavia, valores que transcendem os
limites da cultura em que são reflectidos, O livro está organizado em sete capítulos e dois
transformando-se em valores universais. complementos. O leitor que pretender compre-
• Ética: sistema de princípios ou práticas, e ender genericamente os seus conteúdos pode
uma definição do que é certo ou errado. consultar as primeiras secções de cada um de-
Tem a ver com o julgamento valorativo do les. Em qualquer caso, algumas antecipações
conteúdo moral de uma determinada con- podem ser aqui feitas. Comecemos pelos dois
duta ou comportamento. complementos. O primeiro é um vasto con-
• Responsabilidade social da empresa: junto de casos práticos, exemplos, exercícios e
engloba actividades empresariais aos níveis ilustrações sobre a prática da ética e da respon-
económico, legal, ético e filantrópico/dis- sabilidade social. Abrange uma grande diversi-
cricionário, tal como ajustadas aos valores dade de temas e de organizações (veja listagem
e às expectativas da sociedade. no anexo a este capítulo introdutório). Abre
• Ética e responsabilidade social. A ex- com dois exercícios práticos e prossegue com
pressão RSE é usada mais frequentemente a abordagem de múltiplos aspectos, incluindo
na literatura sobre gestão do que na litera- os seguintes:
tura sobre ética dos negócios. Contudo, e
embora esse entendimento não seja con- • Códigos de ética/conduta, tanto portugueses
sensual, alguns autores apontam para a (e.g., Delta, Hovione e EDP) como multina-
equivalência dos dois conceitos. Uma pers- cionais (e.g., Levi Strauss, Microsoft e televi-
pectiva porventura mais pragmática foi, são Aljazeera);
todavia, facultada pelo Instituto Ethos, do • Certificações de responsabilidade social, com
Brasil: “A ética é a base da responsabilida- referências às empresas portuguesas que já
de social, expressa nos princípios e valores receberam a certificação SA8000;
adoptados pela organização. Não há res- • Relatórios de sustentabilidade (e.g., Vodafone,
ponsabilidade social sem ética nos negó- Siemens, Ben & Jerry’s);
cios. Não adianta uma empresa pagar mal • Investimento socialmente responsável;
aos seus funcionários, corromper a área • Liderança ética;
de compras dos seus clientes, pagar luvas • Condições de trabalho e direitos humanos;

6 http://www.ethos.org.br/DesktopDefault.aspx?TabID=3344&Alias=Ethos&Lang=pt-BR (acesso em 26 de Dezembro de 2005)

25
GESTÃo ética e socialmente responsável

• Corrupção; • Estará a ética dos negócios mais próxima da


• Filantropia e benemerência; lógica do jogo de póquer do que da ética da
• Gestão e protecção ambiental; vida privada?
• Relações das empresas com os consumidores • Porque se tem vindo a conceder, nos tempos
e os fornecedores; mais recentes, maior importância à ética no
• Dilemas éticos relacionados com práticas de mundo dos negócios?
empresas em Portugal e em todo o mundo. • O que são a “cultura da batota” e a “cultura
ética baseada em valores”?
O complemento 2 contém exercícios sobre a • Serão os seres humanos fundamentalmente
relação entre as artes e a ética nas organizações. motivados por razões económicas e materiais,
Toma os argumentos de alguns filmes ou os ou estarão também impregnados de uma na-
conteúdos de alguns livros, poemas e canções tureza que integra a justiça e a preocupação
como estímulos para a discussão ética. com os outros?
• Como pode promover-se uma cultura de
gestão mais ética, tanto na vida empresarial
CAPÍTULO 1 como nas escolas de negócios? A formação
em ética dos estudantes de gestão poderá ter
O capítulo 1 procura dar conta da presença um contributo importante, ou é ineficaz?
da ética na gestão e no mundo dos negócios.
Mostra como o campo é controverso e, no seu Caixa i.2
seio, se defrontam orientações mais éticas com Ética nas/das organizações:
outras mais propensas para a lógica exclusiva- Duas perspectivas em confronto
mente económica e egoística7. Sugere que os
problemas e os escândalos éticos que têm sido Eis uma ilustração de como diferentes au-
mediaticamente propalados nos anos recentes tores pugnam por teses antagónicas no que
requerem que se fomente, nas empresas e nas concerne ao papel da moralidade na vida or-
escolas de negócios, uma cultura em que a ho- ganizacional:
nestidade, a integridade, a justiça, a confiança
e o respeito sejam valores almejados – e não John Ladd: “É inadequado esperar que a
considerados como preocupações bizantinas conduta organizacional se conforme aos
de pessoas “fracas” e, por conseguinte, inadap- princípios normais da moralidade. Não po-
tadas à arena económica e empresarial. Entre as demos nem devemos esperar das organi-
perguntas a que o capítulo procura responder, zações formais, ou dos seus representantes
estão as seguintes: (...), que pratiquem a honestidade, a cora-
gem, a consideração e a simpatia, ou que de-
• Quais as razões pelas quais os gestores adop- notem qualquer tipo de integridade moral.
tam acções anti-éticas? Tais conceitos não fazem parte do vocabu-
• Haverá uma ética para os negócios e outra lário, digamos assim, do jogo da linguagem
para a vida privada e social? organizacional”.8

7 Sublinhe-se que a lógica económica não é necessariamente egoísta, e vice-versa. 8 Ladd (1970, p. 499)

26
INTRODUÇÃO

Goodpaster e Matthews, Jr.: “Em nossa da moralidade comum, as teorias dos direitos,
opinião, esta linha de pensamento represen- a ética das virtudes, as teorias feministas e a
ta uma tremenda barreira para o desenvol- ética do cuidar, e as teorias da justiça. Conce-
vimento da ética empresarial, tanto como de particular atenção à ética das virtudes (e.g.,
campo de pesquisa quanto como força prá- prudência, coragem, temperança) e sublinha as
tica na tomada de decisão gestionária. Esta características da liderança virtuosa. Entre as
é uma matéria acerca da qual os executivos questões a que o capítulo procura responder,
devem ser filosóficos, e os filósofos devem estão as seguintes:
ser práticos. Uma empresa pode e deve ter
uma consciência. A linguagem da ética deve • Qual a diferença entre moralidade e ética?
ter um lugar no vocabulário de uma orga- • Bastará cumprir a lei para ser ético?
nização. (...) Os agentes organizacionais • Serão éticas as pessoas que actuam de acordo
como as empresas devem ser nem mais com a sua consciência?
nem menos moralmente responsáveis (ra- • O que é o relativismo ético?
cionais, auto-interessados, altruístas) do que • O que significam, e quais são as consequên-
as pessoas comuns. Tomamos esta posição cias, dos egoísmos psicológico e ético?
porque pensamos que existe uma analogia • Qual o papel e as limitações dos códigos pro-
entre o indivíduo e a empresa. Se analisar- fissionais nas práticas éticas?
mos o conceito de responsabilidade moral • O que são teorias utilitaristas ou consequen-
tal como ele se aplica às pessoas, vemos que cialistas?
é possível a sua projecção sobre as empresas • O que é o imperativo categórico?
como agentes da sociedade ”.9 • Perante dilemas éticos, devemos escolher o
caminho que obedece a determinados prin-
cípios/valores, ou devemos escolher o que
CAPÍTULO 2 conduz a melhores resultados, mesmo que
isso implique o sacrifício de alguns impera-
O capítulo 2 procura delimitar alguns conceitos tivos éticos?
e mostrar como se distinguem a ética, a mora- • Quais são as principais virtudes desejáveis nos
lidade e a lei. Mostra que os ditames da cons- membros organizacionais, especialmente nos
ciência não são necessariamente éticos. Expla- líderes?
na o significado de três abordagens à ética (des- • Como se diferenciam as facetas distributiva,
critivas, conceptuais e normativas/prescritivas) procedimental e interaccional da justiça nas
para, posteriormente, se debruçar sobre várias organizações?
teorias normativas (“o que devemos fazer para
sermos éticos”). Discute o significado do relati- Caixa i.3
vismo ético e dos egoísmos psicológico e ético. A ética e a lei na 3M
Explica o significado do utilitarismo e do impe-
rativo categórico de Kant, e caracteriza algumas Eis como a 3M declara interpretar a im-
teorias prescritivas contemporâneas: as teorias portância da ética e da lei na condução dos

9 Goodpaster & Matthews, Jr (1988, p. 156)

27
GESTÃo ética e socialmente responsável

negócios, assim se dirigindo aos seus cola- • Respeite a dignidade e o valor das pes-
boradores: soas.
• Encoraje a iniciativa individual e a inova-
Os mais elevados padrões da 3M ção, numa atmosfera de flexibilidade, co-
“A conduta ética nos negócios por vezes operação e confiança.
requer mais do que a obediência estrita à • Promova uma cultura onde o cumprimen-
lei. Acresce que não há leis que governem to de promessas, a justiça, o respeito e a
muitas actividades empresariais. Mesmo responsabilidade pessoal são valorizadas,
quando a lei se aplica, por vezes estabelece encorajadas e reconhecidas.
padrões de comportamento que são inacei- • Crie um local de trabalho seguro.
tavelmente baixos para a 3M. Quando se • Proteja o ambiente”.10
confrontar com tais situações, é necessário
que faça uma escolha boa e ética (...). Esta Tomando decisões éticas
secção contém conselhos para ajudá-lo a “Deve ser capaz de responder ‘sim’ às se-
conseguir isso. guintes questões antes de agir em nome da
3M:
As políticas de conduta dos negócios da
3M facultam orientação para muitas situa- • Esta acção é consistente com os valores
ções, mas este manual não pode cobrir to- da honestidade e da integridade da 3M?
das as situações que possa enfrentar na sua • Esta acção pode ser do conhecimento do
actividade na empresa. Nesses casos, a suas público?
acções devem ser guiadas pelos nossos va- • Esta acção protege a reputação da 3M
lores fundamentais de empenhamento na como empresa ética?
integridade e na honestidade. Estes valores
incluem o cumprimento de promessas, a Se não puder responder ‘sim’ a todas as
justiça, o respeito e a consideração pelos questões, e mesmo assim acreditar que a ac-
outros, assim como o sentido da responsa- ção é ética e legal, deverá rever a acção com
bilidade pessoal. o seu superior, a gestão ou o seu consultor
jurídico, pois pode não ser do seu melhor
A tomada de decisão ética requer a avalia- interesse ou do da 3M prosseguir.”
ção e a atenção devida a cursos alternativos
de conduta, tendo em conta os seguintes
padrões empresariais: CAPÍTULO 3

• Mostre intransigentes honestidade e in- O capítulo 3 debruça-se, principalmente, sobre


tegridade em todas as suas actividades e quatro grandes teses acerca da responsabilidade
relacionamentos na 3M. social das empresas. A primeira, cuja paternida-
• Evite todos os conflitos de interesse entre de se deve fundamentalmente a Friedman, con-
o trabalho e a vida pessoal. sidera que a responsabilidade social da empresa

10 http://solutions.3m.com/wps/portal/_l/en_US/_s.155/140518/_s.155/145931 (acesso em 24 de Agosto de 2005)

28
INTRODUÇÃO

é gerar lucro para o accionista (“o negócio do Caixa i.4


negócio é o negócio”). A segunda aduz que, Economia de mercado e moralidade
por muito que se restrinja o âmbito da respon-
sabilidade social das empresas, o cumprimento As discussões sobre o papel das empresas
de uma moral mínima é exigível. A terceira con- nas economias contemporâneas são muitas
sidera que as empresas têm “obrigações afirma- vezes simplificadas até à caricatura. A natu-
tivas” para com a sociedade. Não lhes é apenas reza predadora da empresa é por vezes subli-
requerido que actuem para evitar e prevenir da- nhada. Note-se, no entanto, que a moderna
nos – é também necessário que “façam o bem”. empresa precisa do Estado e de moralidade
A quarta considera que as empresas devem agir para poder prosperar. Considere-se a citação
em função dos interesses dos vários stakeholders seguinte, extraída de Why Globalization Works,
– e não apenas em função dos accionistas. En- um livro de Martin Wolf, um jornalista do
tre as perguntas a que o texto tenta responder, Financial Times com assumidas preferências
eis algumas das mais relevantes: liberais, sobre a importância da moralidade
para o bom funcionamento do mercado:
• Qual o principal dever dos gestores: velar pe-
los lucros para os accionistas ou tomar tam- “Os economistas sentem-se pouco à von-
bém em atenção os interesses da comunidade tade com a noção de moralidade. Não obs-
em geral e de outros stakeholders? tante, ela parece ter um significado claro no
• Será ético que os gestores “desviem” recursos contexto dos negócios. Consiste em agir
da empresa para actividades filantrópicas? honestamente mesmo quando o contrário é
• Terão as empresas legitimidade para decidir proveitoso para o próprio. Esta moralidade é
aplicar recursos em fins sociais? essencial para todas as relações de confiança.
• O que é a “moral mínima” das empresas? Sem ela, os custos de supervisão e de con-
• Terão as empresas o dever moral de “melho- trolo tornar-se-ão exorbitantes. Em última
rar o mundo”? instância, um grande número de transacções
• A lei e o mercado serão mecanismos apropria- e de relações de longo prazo tornar-se-iam
dos e suficientes para que as empresas produ- impossíveis e a sociedade permaneceria
zam o maior bem-estar para a comunidade? empobrecida.”11
• O que é a teoria dos stakeholders? Quais são os
stakeholders mais relevantes? O livro de Wolf é aliás muito claro sobre a
• Quais os benefícios, para as empresas, de relação entre: (a) o dinamismo de mercados
tomar em atenção os interesses dos vários abertos; (b) a importância de um Estado for-
stakeholders? te mas não interferente, capaz de garantir a
• Serão as acções de RSE decididas pelos ges- justiça e a confiança entre os cidadãos; (c) o
tores uma espécie de síndrome Robin Hood: progresso económico e (d) os direitos e liber-
“roubar aos ricos” (i.e., aos accionistas) para dades individuais. Em suma: a relação entre
entregar aos pobres (i.e., aos outros stakehol- democracia e a economia de mercado parece
ders)? indesmentível.

11 Wolf (2004, p.50)

29
GESTÃo ética e socialmente responsável

CAPÍTULO 4 Como se relaciona com a pirâmide de res-


ponsabilidades sociais?
O capítulo 4 caracteriza, sucintamente, quatro • O que é a norma SA 8000 de certificação de
grandes áreas atinentes à RSE: teorias instru- responsabilidade social? Quais os direitos em
mentais, políticas, integrativas e éticas. Aborda que se baseia?
temas como (a) a maximização do valor para o • O que é o desenvolvimento sustentável? Por-
accionista, (b) a RSE como estratégia de incre- que é tão controverso?
mento da vantagem competitiva, (c) o marke- • Deverão as empresas zelar pelo bem comum?
ting de causas, (d) as teorias do contrato social, Ou essa é uma responsabilidade que não lhes
(e) a cidadania corporativa, (f) a pirâmide das cabe?
responsabilidades sociais, (g) a teoria normativa • O que é o kyosei? Como é que a Canon imple-
dos stakeholders, (h) a filantropia empresarial, (i) mentou esta filosofia de acção orientada para
a procura do bem comum e o kyosei. o bem comum?

O capítulo descreve o Pacto Global das Na- Caixa i.5


ções Unidas, os Princípios Globais Sullivan, os Seis preceitos fundamentais
Princípios de Caux e os Princípios do Equador. da responsabilidade
Explica também o conceito de kyosei (viver e social das empresas12
trabalhar conjuntamente para o bem comum) e
mostra como a Canon o implementou. O capí- • O poder gera responsabilidade.
tulo discute, ainda, se já não bastarão mudanças • A assunção voluntária de responsabilidade
no sistema económico vigente – sendo antes e a auto-regulação são preferíveis à inter-
necessário mudar o sistema. Entre as perguntas venção e regulamentação governamentais.
a que o capítulo procura responder, estas são • A responsabilidade social voluntária requer
algumas das mais importantes: que os líderes empresariais reconheçam e
aceitem as legítimas pretensões, direitos e
• Porque é difícil definir o conceito de RSE? necessidades de outros grupos na socieda-
• Deverão as empresas adoptar apenas as ac- de.
ções socialmente responsáveis que conduzem • A responsabilidade social corporativa re-
a lucros? Ou deverão levá-las a cabo por ra- quer o respeito pela lei e pelas regras do
zões genuinamente éticas? jogo que governam as relações de merca-
• O que é o marketing de causas? Quais são os do.
seus objectivos, riscos e vantagens? • Uma atitude de “auto-interesse iluminado”
• O que é a cidadania corporativa? E a cidada- conduz as empresas socialmente responsá-
nia global? veis a encarar os lucros numa perspectiva
• Como é que a Shell passou de gigante ligado de longo prazo.
à controvérsia ambiental para um indutor de • Haverá maior estabilidade económica, so-
práticas de negócio responsáveis? cial e política – e, portanto, um mais baixo
• O que é o desempenho social da empresa? nível de criticismo social dirigido ao siste-

12 Adaptado de Frederick (1987)

30
INTRODUÇÃO

ma da empresa privada – se todos os negó- • O que é uma auditoria social e que métodos e
cios adoptarem uma postura socialmente etapas deve seguir?
responsável? • O que são relatórios de sustentabilidade? Que
atenção lhes têm concedido as empresas por-
tuguesas?
CAPÍTULO 5 • Os prémios, os reconhecimentos e os rankings
sociais e ambientais concedidos às empresas
O capítulo 5 discute alguns dos desafios e pres- poderão contribuir para mudar o seu com-
sões a que as empresas são submetidas para portamento?
adoptarem acções socialmente responsáveis. E • Quais os traços principais do Livro Verde da
mostra como as organizações e a sociedade em Comissão Europeia sobre RSE? E quais as
geral têm respondido a estes reptos. Compara- dimensões de RSE nele contempladas?
tivamente com o capítulo anterior, este conce- • O que são as “melhores empresas para traba-
de menor ênfase às considerações “teóricas” e lhar” e as organizações autentizóticas? Como
debruça-se mais acentuadamente sobre as prá- é que os colaboradores dessas organizações
ticas das empresas e das instituições que as ava- reagem em termos de saúde individual e
liam. Enquanto o capítulo anterior procura dar stresse, empenhamento afectivo na organiza-
conta das múltiplas concepções acerca do que ção e desempenho?
é a RSE, este mostra como ela é “estimulada”
e colocada em prática, tanto pelas empresas Caixa i.6
como por muitas organizações internacionais Fórum de Davos quer
que pretendem incentivá-la e/ou enquadrá-la. maior empenho social das empresas
Eis algumas das perguntas mais proeminentes
a que o texto procura responder: Eis o teor de uma notícia publicada no Diá-
rio de Notícias em 25 de Janeiro de 2005:
• Quais os principais desafios e pressões que
hoje são dirigidos às empresas no âmbito da “É necessária maior intervenção do sector
responsabilidade social corporativa? privado para atingir os objectivos de desen-
• O que é o investimento socialmente respon- volvimento prometidos pelos líderes mun-
sável? diais. Esta é a conclusão de um relatório
• O que são índices de sustentabilidade como divulgado ontem pelo Fórum Económico
os Financial Times Stock Exchange 4 Good Inde- Mundial. Mais de 2000 figuras internacio-
xes e os Dow Jones Sustainability World Indexes? nais reúnem-se a partir de amanhã na lo-
Serão as empresas abrangidas por estes ín- calidade suíça de Davos, para debater o fu-
dices mais rentáveis do que as empresas em turo da economia mundial. O documento
geral? explica que, em vários países, as empresas
• O que são as normas SA8000 e AA1000? Em têm descurado sectores-chave como a edu-
que medida as organizações portuguesas têm cação, a alimentação e os direitos humanos,
aderido à certificação pela norma SA8000? fazendo apenas ‘metade do que era neces-

31
GESTÃo ética e socialmente responsável

sário para construir um mundo mais está- CAPÍTULO 6


vel e próspero.’
O capítulo 6 debruça-se sobre os códigos de
Apesar da responsabilidade por atingir os ética e/ou de conduta. Dá conta de uma quase
objectivos globais de desenvolvimento re- “código-mania” e sugere que os intuitos para a
cair essencialmente sobre os Governos, o criação e desenvolvimento destes documentos
relatório sublinha a importância de haver nem sempre são genuinamente éticos. Expla-
uma participação activa do sector privado. na as principais funções positivas que os códi-
O contributo das empresas para um mun- gos podem exercer e refere as suas limitações
do mais próspero pode ter especial inci- e dificuldades. Sublinha, sobretudo, que eles
dência na realização de actividades híbridas não são a “varinha de condão” para prevenir
– económicas e humanitárias. Por exem- problemas éticos ou transformar uma organi-
plo, o apoio a programas de tratamento de zação não ética numa organização eticamente
pessoas infectadas com SIDA ou parcerias prestigiada. Expõe, também, as linhas funda-
público-privado na distribuição de água. A mentais para a criação, o desenvolvimento e a
luta contra a pobreza será favorecida se as implementação de um código. Entre as per-
empresas fizerem investimentos de tipo so- guntas mais relevantes a que o capítulo procu-
cial nas áreas que melhor conhecem e onde ra responder, mencionam-se as seguintes:
têm mais experiência no terreno.
• O que é um código de ética? Como se distin-
O relatório dá alguns exemplos de empre- gue de um código de conduta?
sas que ‘assumem as suas responsabilidades • Quais as motivações que induzem as empre-
com seriedade’, mas esclarece que ‘repre- sas a adoptar estes documentos?
sentam apenas uma pequena parte do sector • Quais as limitações dos códigos? Quais as
privado’. O documento conclui que ‘2005 dificuldades de desenvolvimento e imple-
pode ser o ano da mudança, especialmente mentação dos mesmos?
se as extraordinárias energias das empresas • Quais os padrões morais que devem impreg-
privadas forem aproveitadas de forma mais nar um código de ética? Que conteúdos de-
eficaz’. O relatório resultou de um ano de vem possuir?
investigações nas áreas da segurança, po- • Como proceder nas várias fases do proces-
breza, fome, educação, saúde e protecção so que vai da criação à implementação dos
ambiental. Estas questões começam ama- códigos?
nhã a ser debatidas no Fórum Económico • Quais os factores que influenciam a eficácia
Mundial de Davos onde estarão presentes dos códigos?
2250 líderes políticos e empresários de 96
países, incluindo 100 das 500 pessoas mais
ricas do mundo.”13

13 http://dn.sapo.pt/2005/01/25/internacional/forum_davos_quer_maior_empenho_socia.html (acesso em 4 de Janeiro de 2006).

32
INTRODUÇÃO

Quadro i.1
Boas e más práticas que o Institute of Business Ethics refere como
relevantes para a eficácia dos códigos14
Boas práticas Más práticas
• Alicerçar o código em valores éticos nucleares. • Afixar simplesmente o código no quadro de avisos da
• Entregar uma cópia a todos os colaboradores. empresa.
• Proporcionar um modo de as denúncias de violações • Não conseguir obter o empenhamento da direcção de
do código serem feitas de forma confidencial. topo da empresa.
• Incluir as matérias éticas nos programas de formação. • Deixar a responsabilidade pela eficácia do código a
• Criar um comité para monitorar a eficácia do código. cargo do departamento de RH ou de outro departa-
• Tornar o cumprimento do código como parte do con- mento.
trato de trabalho. • Não ser capaz de identificar o que preocupa os colabo-
• Disponibilizar o código na língua dos colaboradores radores dos diferentes níveis da organização.
situados no estrangeiro. • Não dispor de um procedimento que permita rever o
• Disponibilizar cópias do código para os parceiros de código regularmente.
negócio, incluindo os fornecedores. • Criar/fazer excepções à aplicação do código.
• Rever o código à luz dos desafios e das mudanças • Não ser capaz de responder devidamente perante as
ocorridas nos negócios. violações do código.
• Fazer com que as pessoas de maior responsabilidade • Os líderes não darem o exemplo.
adoptem comportamentos congruentes com as pala- • Tratar o código como confidencial ou como documen-
vras (“walk the talk”) e dêem o exemplo. to puramente interno.
• Dificultar o acesso directo dos colaboradores ao código.

CAPÍTULO 7 organizações têm contribuído, do ponto de


vista prático, para a implementação de acções
O capítulo 7 procura descrever genericamente socialmente responsáveis que ultrapassam o
o panorama da RSE em Portugal. Apresenta, domínio da lei. Mostra como, além de estarem
sobretudo, diversas organizações e eventos “imersas num mar de lei”15, as modernas or-
que têm marcado o campo nos últimos anos. ganizações se confrontarem com responsabi-
A descrição é necessariamente modesta, dada lidades maiores que esse mar. Cruza a teoria
a escassez de estudos sistemáticos – mas esta- com a prática. Para além do Complemento
mos convictos de que faculta a compreensão abrangendo casos práticos e exercícios, os
daquilo que é essencial neste domínio. diversos capítulos estão pejados de exemplos
e casos práticos. Assim procuramos ajudar o
leitor a olhar para as práticas a partir de pers-
UMA PERSPECTIVA pectivas teóricas, e a compreender as teorias
GLOBAL e os conceitos mediante a sua ilustração com
casos concretos.
Globalmente, o livro dá conta da controvér-
sia que rodeia a ética e a responsabilidade das Num terreno em evolução tão célere como é
empresas e mostra como as empresas e muitas o da RSE, o período que medeia entre a es-

14 Ligeiramente adaptado de: http://www.ibe.org.uk/codesofconduct.html (acesso em 20 de Janeiro de 2006). 15 Edelman & Such-
man (1997, p.480)
33
GESTÃo ética e socialmente responsável

crita do livro e a sua colocação no mercado significativas. Por isso, sugerimos ao leitor que
pode desactualizar alguns dados. Embora não tome os casos práticos e os exemplos como
o desejemos, é possível que isto suceda com ilustrações situadas no tempo – e que tome
esta obra. Em qualquer caso, convém salientar o quadro geral interpretativo como a moldura
que os princípios, os conceitos e as orienta- para compreensão de uma realidade que sofre
ções básicas tenderão a não sofrer alterações continuamente modificações.

ANEXO
Organizações abordadas no Complemento I (casos práticos e exercícios)

• Abbott Laboratórios • Ikea


• ACEGE • Johnson & Johnson
• Aljazeera • Jones Lang LaSalle
• Arthur Andersen • Levi Strauss
• Asklepios • McDonald’s
• Bayer • Menarini Diagnósticos
• Ben & Jerry’s • Microsoft
• Bial • Millennium BCP
• Boeing • NASA
• BPI Dealer • National Whistleblower Center
• Brisa • Nokia
• British American Tobacco • Oracle
• Caixa Geral de Depósitos • Parmalat
• Centro Hospitalar do Alto Minho • Portugal Telecom
• Coopfrar • Roche
• Delta Cafés • “Sair da Casca”
• DHL Portugal • Siemens
• EDP • SiRi – Sustainable Investement
• Enron Research International
• Estado português • Social Accountability International
• Ethics Resource Center • Texaco
• Expresso • TNT Express
• Galp • Transparency International
• GlaxoSmithKline • Vodafone Portugal
• Global Reporting Initiative • Volkswagen
• Great Place to Work Institute • Wal-Mart
• Grupo Santander • WorldCom
• Hovione

34

Você também pode gostar