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15 de Janeiro de 2020
Já, nas últimas décadas do século XX, com a extraordinária valorização dos
bens imateriais - ou seja, aqueles bens que possuem ou podem vir a possuir
um valor intrínseco substancial, independentemente de qualquer suporte
material ou cujo valor intrínseco seja superior ao valor do meio físico no
qual estão gravados; alterou-se a classificação dos países desenvolvidos,
passando das fundições e indústrias pesadas para o know-how, com cada
vez menor quantidade de equipamentos pesados.
Desta forma, com o intuito de acompanhar o crescente fluxo de pesquisas e
desenvolvimento de tecnologia, bem como a transferências destas, no
âmbito do Direito, os institutos jurídicos e estudos da propriedade
intelectual despertaram maior interesse e preocupação.
(ii) de licença para uso de marca – autorização do uso efetivo por terceiro
de marca regularmente depositada ou registrada no pais;
2. EVOLUÇÃO HISTÓRICA
A partir da década de 70 os países em desenvolvimento, como o Brasil,
passaram a ver os fornecedores de tecnologia como verdadeiros
impedidores de desenvolvimento tecnológico interno, pois esses
exploravam as receptoras com a cobrança excessiva de royalties, por longos
períodos, por tecnologias obsoletas e mediante clausulas restritivas à sua
liberdade de comercialização. Para impedir a contratação de licenças ou
transferência de tecnologia desvantajosas os países criaram legislações que
mediante intervenção direta estatal controlavam os contratos nesta área.
O INPI foi criado pelo pela Lei nº 5.648, de 11 de dezembro de 1970, e com
a promulgação do Código de Propriedade Industrial 1971 (Lei 5.772, de 21
de dezembro de 1971), passou a regular não só a licença de marcas e
patentes, como também a averbação dos contratos de transferência de
tecnologia. Anteriormente a sua criação era responsabilidade do
Departamento Nacional de Propriedade Industrial a averbação dos
contratos de patentes e marcas e os contratos de transferência de
tecnologia ficavam sujeitos à Superintendência da Moeda e do Crédito –
Sumoc, substituída pelo Banco Central do Brasil.
Os prazos de validade dos contratos averbados pelo INPI são: (a) 5 (cinco)
anos para os contratos de transferência de tecnologia não patenteável,
sendo possível prorrogação deste prazo por tempo igual nos casos em que
for demostrado ao INPI sua necessidade, mediante justificativa. Ressalta-se
que o critério utilizado pelo INPI não está baseado em qualquer lei, mas
decorre de uma extensão analógica do prazo estabelecido pela Lei n.
4.131/62, onde se permite a dedução das remunerações pagas, para fins de
cálculo do Imposto sobre a Renda; (b) até a data de expiração da patente no
Brasil, para os contratos de exploração de patentes; e (c) até a data de
expiração do registro da marca, para os contratos de licença de uso de
marcas, havendo possiblidade de prorrogação por períodos iguais e
sucessivos nos casos de prorrogação do registro da marca junto ao INPI.
4. ARGUMENTOS CONTRÁRIOS À
ATUAÇÃO DO INPI NA DISCIPLINA
ATUAL DOS CONTRATOS DE
TRANSFERÊNCIA DE TECNOLOGIA
A nova Lei da Propriedade Industrial de 1996 preocupou-se expressamente
em limitar as funções do INPI, devendo este restringir-se a averbar ou
registrar contratos de licenciamento ou transferência de tecnologia,
verificando simplesmente as normas aplicáveis.
Vale ainda ressaltar que tais impedimentos criados pelo INPI tem aspecto
pejorativo para a economia nacional, pois de um lado não promovem o
crescimento de empresas nacionais que dependem da utilização de
tecnologias estrangeiras como também criam barreiras que simplesmente
não incentivam de maneira direta com que as empresas nacionais
produzam tais tecnologias que são buscadas no exterior, não contribuindo
assim com o desenvolvimento do país além de gerar insegurança
normativa. Representando atentado direto ao princípio da legalidade dos
atos administrativos.
5. ARGUMENTOS FAVORÁVEIS À
ATUAÇÃO DO INPI NA DISCIPLINA
ATUAL DOS CONTRATOS DE
TRANSFERÊNCIA DE TECNOLOGIA
Um primeiro argumento favorável recai sobre a igualdade, que, antes tida
como proibição de privilégios, tem hoje novo significado, qual seja: de
amparo jurídico, atenuando efeitos da desigualdade econômica. Dentre
inúmeros institutos que tutelam a autonomia privada, evitando
desigualdades (hipossuficiência) e protegendo as empresas nacionais,
existe o INPI. Conforme pesquisa no site do INPI,
Com função política atuante, o INPI, vale destacar, visa a proteção aos
licenciados ou receptores de tecnologia nacionais, objetivando extinguir
cláusulas prejudiciais à livre concorrência (principalmente cláusulas
abusivas envolvendo pagamento em moedas estrangeiras) buscando
patamares de equilíbrio e acesso a recursos.
Por fim, a Constituição Federal, em seu art. 172, planta raízes para uma
regulamentação. Há, indubitavelmente, uma importância vital da missão
de desenvolvimento econômico e de integração global, vinculado à proteção
dos direitos de propriedade industrial por meio do equilíbrio, assegurada a
igualdade de direitos, obrigações e oportunidades.
Pela maioria dos votos, a Segunda Turma decidiu, que o INPI não atuou de
forma abusiva ou equivocada, eis que tal intervenção fora necessária,
desprovendo recurso.
7. CONCLUSÃO
Os contratos de transferência de tecnologia são ferramentas de grande
relevância para a sociedade, pois permitem o acesso de tecnologias atuais,
mesmo em países ou em mercados que ainda não possuem tal
adiantamento técnico. Adicionalmente, independentemente do nível
tecnológico do mercado ou país, tais contratos possibilitam que elementos
novos, trazidos por novas ideias, novas técnicas, novas marcas ou novos
“designs”, sejam inseridos no contexto da competitividade e, mais
precisamente, da concorrência. Consequentemente, em função das
novidades trazidas pelas novas tecnologias, os demais atores (ou “players”)
de um dado mercado são quase que forçados a também buscarem novas
técnicas e formas de fazer seu negócio, propiciando, assim, ganhos ao
destinatário de seus produtos ou serviços, que, em muitos casos, é o
próprio consumidor.
Por fim, cabe ainda ressaltar que a lacuna legal sobre a qual se baseiam os
atos do INPI, em muitos casos, acaba por ter que ser resolvida pelo
Judiciário, o qual pode, ainda, agravar a situação, anuindo com a
ilegalidade do INPI, como pôde ser visto no julgado aqui discutido.
Contudo, sendo assim manifesto o desejo do INPI de intervir e “proteger”
os nacionais, por que, então, não mover esta pauta para o Legislativo e,
desta forma, iniciar uma discussão com a sociedade? Com
intervencionismo e protecionismo aliados à insegurança jurídica, o Brasil
só tem a perder.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ARAÚJO, Ana Valéria. Contratos de Propriedade Industrial e Novas
Tecnologias. 2 Ed. São Paulo: Saraiva, 2009.
[1]Disponível em:
http://www.inpi.gov.br/images/stories/downloads/pdf/INPI_Relatorio_C
omunicacao.pdf