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LEI DE TORTURA
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal,
constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos:
Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos seguintes princípios: (...)
II - prevalência dos direitos humanos;
Art. 5° - Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros
residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos
seguintes:
Art. 5º, XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tortura, o tráfico ilícito de
entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os
executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem;
Conceito – Segundo Cleber Masson, os mandados de criminalização indicam matérias sobre as quais o legislador ordinário
não tem a faculdade de legislar, mas a obrigatoriedade de tratar, protegendo determinados bens ou interesses de forma
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adequada e, dentro do possível, integral. Salienta-se, assim, que os mandados constitucionais de criminalização são normas de
eficácia limitada. Isto porque não define a conduta incriminada, nem muito menos estabelece sanção, vindo apenas a definir,
de forma nem sempre a especificar, a conduta por incriminar.
2.1. NATUREZA HEDIONDA – O crime de tortura tem natureza de crime equiparado a hediondo. Não é hediondo, e sim
equiparado.
1.7. Crime de máximo potencial ofensivo – São aqueles que a constituição exigiu um tratamento diferenciado. São eles:
Tráfico, Terrorismo, Tortura e os definidos como hediondos. Dessa forma, não se aplicam os institutos da Lei 9.099/95,
como transação pena; suspensão condicional do processo; rito sumaríssimo.
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CLASSIFICAÇÃO DO CRIME DE TORTURA
Art. 1º, I, a, b, c Art. 1º, II
1. Crime comum; 1. Crime próprio (bipróprio);
2. Crime formal; 2. Crime material;
3. Exige dolo específico; 3. Exige dolo específico;
4. Punido com reclusão de 2 a 8 anos; 4. Punido com reclusão de 2 a 8 anos;
5. Equiparado a hediondo; 5. Equiparado a hediondo;
Art. 1º, §1º Art. 1º, §2º
1. Crime comum/Próprio (divergente); 1. Crime próprio;
2. Crime material; 2. Crime de mera conduta;
3. Não exige dolo específico; 3. Não exige dolo específico;
4. Punido com reclusão de 2 a 8 anos; 4. Punido com detenção de 1 a 4 anos;
5. Equiparado a hediondo; 5. Não é equiparado a hediondo;
I - constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental:
a) com o fim de obter informação, declaração ou confissão da vítima ou de terceira pessoa;
b) para provocar ação ou omissão de natureza criminosa;
c) em razão de discriminação racial ou religiosa;
1. Sujeito Ativo –
2. Se praticado por funcionário público – Aumento de Pena de um sexto até um terço.
3. Núcleo do tipo –
4. Meios de execução –
5. Causando –
6. Finalidade específica (Dolo Específico) –
7. Ausência do dolo específico -
8. Momento consumativo -
9. Crime formal -
10. Não obtenção do resultado pretendido -
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TORTURA CONFISSÃO – TORTURA PROVA – TORTURA PROBATÓRIA –
Art. 1º, I, a – Constitui crime de tortura constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe
sofrimento físico ou mental com o fim de obter informação, declaração ou confissão da vítima ou de terceira pessoa;
Natureza da informação.
Crime de abuso de autoridade – Lei N. 13.869 de 2019 –
Art. 13. Constranger o preso ou o detento, mediante violência, grave ameaça ou redução de sua capacidade de resistência, a:
I - exibir-se ou ter seu corpo ou parte dele exibido à curiosidade pública;
II - submeter-se a situação vexatória ou a constrangimento não autorizado em lei;
III - produzir prova contra si mesmo ou contra terceiro: (Promulgação partes vetadas)
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa, sem prejuízo da pena cominada à violência.
TORTURA CRIME –
Art. 1º, I, b – Constitui crime de tortura constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe
sofrimento físico ou mental para provocar ação ou omissão de natureza criminosa;
TORTURA RACIAL –
Art. 1º, I, c – Constitui crime de tortura constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe
sofrimento físico ou mental para em razão de discriminação racial ou religiosa;
Classificação do crime
Rol taxativo –
Sujeito passivo –
Ação direta de inconstitucionalidade por Omissão – ADO 26 – STF;
ADO 26/DF –
1. Até que sobrevenha lei emanada do Congresso Nacional destinada a implementar os mandados de criminalização definidos
nos incisos XLI e XLII do art. 5º da Constituição da República, as condutas homofóbicas e transfóbicas, reais ou supostas, que
envolvem aversão odiosa à orientação sexual ou à identidade de gênero de alguém, por traduzirem expressões de racismo,
compreendido este em sua dimensão social, ajustam-se, por identidade de razão e mediante adequação típica, aos preceitos
primários de incriminação definidos na Lei nº 7.716, de 08/01/1989, constituindo, também, na hipótese de homicídio doloso,
circunstância que o qualifica, por configurar motivo torpe (Código Penal, art. 121, § 2º, I, “in fine”);
Art. 1º, II – Constitui crime de tortura submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de violência ou
grave ameaça, a intenso sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida de caráter preventivo.
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Classificação do crime
1. Núcleo do tipo –
2. Sujeito Ativo –
3. Sujeito Passivo
4. Meios de execução –
5. Causando –
6. Finalidade específica (Dolo Específico) –
7. Diferença entre tortura castigo (Art. 1º, II) e Maus-tratos (Art. 136, CP)
Maus-tratos
Art. 136 - Expor a perigo a vida ou a saúde de pessoa sob sua autoridade, guarda ou vigilância, para fim de educação, ensino,
tratamento ou custódia, quer privando-a de alimentação ou cuidados indispensáveis, quer sujeitando-a a trabalho excessivo ou
inadequado, quer abusando de meios de correção ou disciplina:
§ 2º - Se resulta a morte:
§ 3º - Aumenta-se a pena de um terço, se o crime é praticado contra pessoa menor de 14 (catorze) anos. (Incluído pela Lei
nº 8.069, de 1990)
São várias as diferenças entre a Tortura castigo (Art. 1º, II) e Maus-tratos (Art. 136, CP). De início, podemos apontar as principais:
“elemento subjetivo”, “meios de execução” e “intensidade do sofrimento da vítima”. Nesse mesmo sentido, temos a
jurisprudência do STJ.
I. A figura do inc. II do artigo 1º, da Lei nº 9.455/97 implica na existência de vontade livre e consciente do detentor da guarda,
do poder ou da autoridade sobre a vítima de causar sofrimento de ordem física ou moral, como forma de castigo ou
prevenção.
II. O tipo do artigo 136, do Código Penal, por sua vez, se aperfeiçoa com a simples exposição a perigo a vida ou a saúde de
pessoa sob sua autoridade, guarda ou vigilância, em razão de excesso nos meios de correção ou disciplina.
III. Enquanto na hipótese de maus-tratos, a finalidade da conduta é a repreensão de uma indisciplina, na tortura, o propósito
é causar o padecimento da vítima.
IV. Para a configuração da segunda figura do crime de tortura é indispensável a prova cabal da intenção deliberada de causar o
sofrimento físico ou moral, desvinculada do objetivo de educação.
V. Evidenciado ter o Tribunal a quo desclassificado a conduta de tortura para a de maus tratos por entender pela inexistência
provas capazes a conduzir a certeza do propósito de causar sofrimento físico ou moral à vítima, inviável a desconstituição
da decisão pela via do recurso especial. (REsp 610.395/SC, Rel. Min. Gilson Dipp, Quinta Turma, julgado em 25.05.2004, DJ
02.08.2004 p. 544).
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LEI 9.455/97 -
CÓDIGO PENAL - Art. 136 - MAUS TRATOS -
Art. 1°, II - TORTURA – CASTIGO
Submeter alguém a intenso sofrimento físico ou mental. Expor a perigo a vida ou a saúde
Pessoa sob sua guarda, poder ou autoridade; Pessoa sob sua autoridade, guarda ou vigilância.
§ 1º Na mesma pena incorre quem submete pessoa presa ou sujeita a medida de segurança a sofrimento físico ou mental, por
intermédio da prática de ato não previsto em lei ou não resultante de medida legal.
Classificação do crime
1. Núcleo do tipo –
2. Sujeito Ativo –
3. Sujeito Passivo –
4. Meios de execução –
5. Causando –
6. Finalidade específica (Dolo Específico) –
Art. 1º,§ 2º Aquele que se omite em face dessas condutas, quando tinha o dever de evitá-las ou apurá- las, incorre na pena de
detenção de um a quatro anos.
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Classificação do crime
1. Núcleo do tipo –
2. Sujeito Ativo –
3. Pena –
4. Finalidade específica (Dolo Específico) –
5. Natureza não hedionda –
CF/88 – Art. 5º - XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tortura, o tráfico
ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os
mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem;
Prevaricação
Art. 319 - Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo contra disposição expressa de lei, para
satisfazer interesse ou sentimento pessoal:
§ 3º Se resulta lesão corporal de natureza grave ou gravíssima, a pena é de reclusão de quatro a dez anos; se resulta morte, a
reclusão é de oito a dezesseis anos.
Classificação do crime
1. Crime qualificado pelo resultado – O crime qualificado pelo resultado é aquele em que o legislador, após descrever uma
conduta típica, com todos os seus elementos, acrescenta-lhe um resultado cuja ocorrência acarreta o agravamento da sanção
penal.
2. Crime preterdoloso – O crime preterdoloso é uma espécie de crime agravado pelo resultado, no qual o agente pratica uma
conduta anterior dolosa, e desta decorre um resultado posterior culposo. Há dolo no fato antecedente e culpa no
consequente.
3. Tortura qualificada pela morte – Ocorre quando da tortura resulta morte, a reclusão é de oito a dezesseis anos.
CP – Art. 121, § 2°, III – Se o homicídio é cometido: com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio
insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum: Pena - reclusão, de doze a trinta anos.
Crime Progressivo – Crime progressivo é aquele realizado mediante um único ato ou atos que compõem único contexto. Em
outras palavras, ocorre quando o agente, para alcançar um resultado mais grave, passa por uma conduta inicial que produz
um evento menos grave. No crime progressivo o agente, desde o início, tem a intenção de praticar um crime mais grave, mas,
para concretizá-lo, passa pelo menos grave. Nesse caso, o dolo continua o mesmo.
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TORTURA MAJORADA (Art. 1º, §4º) –
II – se o crime é cometido contra criança, gestante, portador de deficiência, adolescente ou maior de 60 (sessenta) anos;
'(Redação dada pela Lei nº 10.741, de 2003)
Motivação da majorante –
Motivação da majorante –
§ 5º A condenação acarretará a perda do cargo, função ou emprego público e a interdição para seu exercício pelo dobro do
prazo da pena aplicada.
Efeito automático da condenação – “A perda do cargo, função ou emprego público é efeito automático da condenação pela
prática do crime de tortura, não sendo necessária fundamentação concreta para a sua aplicação" (AgRg no Ag 1388953/SP,
Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, SEXTA TURMA, julgado em 20/06/2013, DJe 28/06/2013):
STJ: “Isso porque, conforme dispõe o § 5º do art. 1º deste diploma legal, a perda do cargo, função ou emprego público é
efeito automático da condenação, sendo dispensável fundamentação concreta. (REsp 1.044.866-MG, Rel. Min. Rogerio
Schietti Cruz, julgado em 2/10/2014.)
A GRAVIDADE EM ABSTRATO DO CRIME NÃO CONSTITUI FATOR DE LEGITIMAÇÃO DA PRIVAÇÃO CAUTELAR DA LIBERDADE.
– A natureza da infração penal não constitui, só por si, fundamento justificador da decretação da prisão cautelar daquele que
sofre a persecução criminal instaurada pelo Estado. Precedentes.
STF – Impende assinalar, por isso mesmo, que a gravidade em abstrato do crime, qualquer que seja, não basta para justificar, só
por si, a privação cautelar da liberdade individual de qualquer paciente.
§ 7º O condenado por crime previsto nesta Lei, salvo a hipótese do § 2º, iniciará o cumprimento da pena em regime fechado.
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DIVERGÊNCIA NO ÂMBITO DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL –
O condenado por crime de tortura iniciará o cumprimento da pena em regime fechado, nos termos do disposto no § 7º do
art. 1º da Lei 9.455/1997 - Lei de Tortura. ( )
O Ministro Marco Aurélio (relator) denegou a ordem. Considerou que, no caso, a dosimetria e o regime inicial de
cumprimento das penas fixadas atenderiam aos ditames legais. Asseverou não caber articular com a Lei de Crimes Hediondos,
pois a regência específica (Lei 9.455/1997) prevê expressamente que o condenado por crime de tortura iniciará o
cumprimento da pena em regime fechado, o que não se confundiria com a imposição de regime de cumprimento da pena
integralmente fechado. Assinalou que o legislador ordinário, em consonância com a CF/1988, teria feito uma opção válida, ao
prever que, considerada a gravidade do crime de tortura, a execução da pena, ainda que fixada no mínimo legal, deveria ser
cumprida inicialmente em regime fechado, sem prejuízo de posterior progressão.
Art. 2º O disposto nesta Lei aplica-se ainda quando o crime não tenha sido cometido em território nacional, sendo a vítima
brasileira ou encontrando-se o agente em local sob jurisdição brasileira.
Art. 4º Revoga-se o art. 233 da Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 - Estatuto da Criança e do Adolescente.
Art. 233. Submeter criança ou adolescente sob sua autoridade, guarda ou vigilância a tortura: (Revogado pela Lei nº 9.455, de
7.4.1997)
a. suspensão do seu cargo, função ou emprego público por quatro anos.
b. perda do seu cargo, função ou emprego público e a interdição para seu exercício por oito anos.
c. perda do seu cargo, função ou emprego público e a interdição permanente para seu exercício.