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Maida Guambe

Auditoria Financeira nas Empresas Moçambicanas

Licenciatura em Contabilidade e Auditoria

3º Ano, Laboral

Universidade Pedagógica de Maputo

Maputo

2021
Maida Guambe

Auditoria Financeira nas Empresas Moçambicanas

Licenciatura em Contabilidade e Auditoria

3º Ano, Laboral

O presente trabalho será apresentado no


Departamento da FEG na disciplina de
Auditoria Financeira I para efeitos de avaliação.

Docente: Msc. Natália Graziano

Universidade Pedagógica de Maputo

Maputo

2021
Índice
1. Introdução............................................................................................................................1

1.1. Objectivos.....................................................................................................................1

1.1.1. Objevctivo Geral...................................................................................................1

1.1.2. Objectivo específicas............................................................................................1

2. Metodologia.........................................................................................................................2

3. Contextualização.................................................................................................................3

3.1. Objectivos de uma auditoria financeira........................................................................3

3.2. Etapas de auditoria financeira......................................................................................4

3.3. A informação financeira credível.................................................................................5

4. Auditoria em Moçambique..................................................................................................7

5. Conclusão............................................................................................................................9

Referências Bibliográfica..........................................................................................................10
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1. Introdução
O ambiente competitivo em que as empresas se moviam no final do século XX, alterou-se
significativamente com a emergência da chamada era da informação.

A estabilidade e a previsibilidade do meio envolvente, característica da sociedade industrial,


deram lugar à instabilidade permanente e à dificuldade em fazer previsões, típicas da
sociedade de informação.

Esta constante mutação aliada a uma conjuntura de crise financeira dos mercados, obriga as
empresas a adotar estratégias que lhe permitem fomentar a competitividade e a produtividade.
Desta forma a informação financeira produzida e divulgada pelas empresas necessita de ser
credibilizada junto dos stakeholders, a fim de obter um custo de capital mais acessível junto
da banca, uma maior capacidade negocial junto de fornecedores e até transmitir uma imagem
de segurança para funcionários e à restante sociedade. Funcionando assim, a auditoria
financeira e o auditor como indutores de transparência, credibilidade e segurança.

Tendo a auditoria passado ao longo dos tempos por diversas crises de confiança, muitas das
vezes em consequência de escândalos financeiros, as entidades de supervisão e as empresas
de auditoria, têm cada vez mais um papel importante. Na medida, em que contribuem quer
para a retoma da confiança nos mercados financeiros, quer para a credibilização da profissão.
Dessa forma a qualidade da auditoria e o reforço da supervisão devem ser fatores chave, tal
como o papel do auditor deve ser clarificado junto dos diversos utilizadores das
demonstrações financeiras.

1.1. Objectivos
1.1.1. Objevctivo Geral

O objectivo geral é mostrar o impacto da auditoria financeira nas empresas moçambicanas.

1.1.2. Objectivo específicas


 Descrever a Auditoria Financeira;
 Indicar o impacto da auditoria financeira nas empresas moçambicanas.
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2. Metodologia
Para Gil (2008), o método é o caminho para se chegar a determinado fim. Portanto, os
métodos usados para a recolha de dados nesta pesquisa possibilitaram a obtenção de
informações no campo da análise.

Este estudo é de carácter qualitativo, porque a temática que está a ser analisado é meramente
social. Para a recolha de dados recorreu-se a técnica de pesquisa bibliográfica, Tomando em
conta a pesquisa bibliográfica, dizer que esta técnica consistiu na busca por informações e
fundamentações a partir de livros e artigos científicos.
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3. Contextualização
Segundo (Duarte, 2010) a Auditoria Financeira é definida como um serviço que se caracteriza
pela expressão de uma opinião objectiva sobre as demonstrações financeiras de uma entidade,
fazendo referência a um conjunto de normas que têm natureza de interesse público e que
contribuem para o aumento da credibilidade da informação financeira.

Segundo (Luna, 2009) é aquela que tem por objectivo a revisão ou exame das demonstrações
financeiras por outro auditor que não preparou as informações contábeis e usuárias, de forma
a estabelecer a sua racionalidade, dando a conhecer os resultados do seu exame, a fim de
aumentar a utilidade da informação.

Auditoria Financeira é uma actividade para verificar se todas as operações envolvendo


tesouraria, contas a pagar e a receber, foram realizadas pelo sector financeiro de maneira
correcta, obedecendo às normas e políticas internas bem como garantindo que o uso e
aplicação dos recursos foram na base dos planos já pré definidos.

3.1. Objectivos de uma auditoria financeira


Quando se realiza um trabalho de auditoria financeira, ou qualquer outro tipo de auditoria, é
necessário que sejam identificados os principais objectivos que se espera obter com o
trabalho. Com os objectivos claros e bem definidos podemos direcionar o trabalho de
auditoria para atingir as metas evitando a perda de tempo ou recursos em actividades que não
são relevantes ou não são o foco.

Portanto, objectivos principais de auditoria financeira devem ser:

 Certificar se os saldos no caixa e nos extratos bancários correspondem efectivamente


aos valores existentes;
 Certificar se os valores existentes no caixa, nos bancos e em aplicações financeiras são
usados de maneira credível;
 Certificar se os saldos contabilísticos e de controlo interno referentes aos (clientes a
receber) refletem a posição real dos títulos em aberto;
 Certificar se os saldos contabilísticos e de controlo interno referentes aos
(fornecedores) refletem a posição real dos títulos em aberto;
 Certificar se o controlo interno existente no departamento financeiro proporciona
segurança suficiente para reduzir ou evitar a possibilidade de fraudes e irregularidades;
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 Verificação dos recursos públicos, emitindo opinião sobre a fidedignidade da situação


do património e financeira;
 Obter uma garantia razoável, evidências de que as demonstrações financeiras estão
isentas de distorções materiais, de fraudes ou erros, permitindo que haja uma opinião
fidedigna sobre as demonstrações;
 Verificar se as demonstrações financeiras estão em conformidade com as Normas
Contabilísticas Geralmente Aceitas, permitindo que os técnicos/auditores elaborem
uma conclusão adequada sobre as características qualitativas na empresa.

3.2. Etapas de auditoria financeira


 Mapeamento dos processos

A primeira etapa a ser realizada em um trabalho de auditoria financeira refere-se ao método


de mapear os processos existentes na área. Isso significa identificar TODOS os processos
existentes. (Ex.: pagamento de fornecedores, recebimentos, reconciliação, transferências
bancárias, etc.) e transformá-los em fluxos ou mapas das tarefas desempenhadas neste
processo. O mapeamento pode ser feito por uma área especializada dentro da empresa ou por
um profissional, geralmente um auditor, um gestor ou o próprio funcionário que desempenha
a tarefa.

 Identificação dos riscos

Com todos os processos do sector financeiro mapeados, a segunda etapa de uma auditoria
financeira é a identificação dos riscos existentes em cada processo analisado, através do
questionamento directo ao gestor da área (obter a percepção do que ele percebe serem os
maiores riscos) ou a análise diretamente no fluxo. É importante nesta etapa que TODOS os
riscos possam ser identificados, por isso que é realizada uma análise minuciosa de cada tarefa
existente no processo e sempre por alguém que tem conhecimento amplo sobre o fluxo. Por
exemplo, o processo de pagamento de fornecedores: Ao proceder com a análise e
identificação dos riscos podemos chegar a conclusão que esse processo possui como risco a
possibilidade de se efectuarem pagamentos em duplicado, pagamentos a fornecedores
fictícios...etc.

 Identificação da existência do controlo interno

Com os riscos devidamente identificados em todos os processos, o próximo passo é a


identificação da existência do controlo interno com o objectivo de minimizar os riscos e
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fraude. O controlo interno justifica se pelo cumprimento das normas, princípios,


procedimentos, relatórios, contratos, assinaturas, aprovações, sistemas, carimbos,
conciliações, revisões, etc.

 Testagem do controlo interno (procedimentos de auditoria)

A etapa de testar o controlo interno existente tem como objectivo de verificar o nível de
segurança deste para minimizar os riscos. Através das técnicas e procedimentos de auditoria, é
testado o controlo interno, analisando se os processos estão em seguimento assim como a
segurança para a empresa.

Então, ao auditarmos cada área (da tesouraria: contas a pagar e contas a receber) utilizamos
um conjunto de técnicas específicas com o objectivo de alcançar aqueles objectivos que
citamos. As técnicas de auditoria podem abranger métodos de exame físico, observação,
inquérito (questionar), validação, cálculos, entre outros.

 Obtenção das evidências de auditoria

As evidências de auditoria são o resultado que se obtém com o trabalho de auditoria


propriamente dito, ou seja, através da aplicação de técnicas e procedimentos de auditoria
comentados anteriormente. Por exemplo, ao auditarmos o processo de pagamento de
fornecedores e aplicarmos as técnicas de auditoria para obter evidências de que o processo é
seguido, pode-se obter indícios como a reconciliação dos pagamentos pelo profissional
responsável, os aceites dos relatórios de contas a pagar, etc.

3.3. A informação financeira credível


A Auditoria é um contributo para o reforço da credibilidade da informação financeira.

 Os governos, as empresas individuais/das sociedades, as empresas privadas e públicas,


inserem-se num meio envolvente cada vez mais transparente, em que os potenciais
utilizadores da informação (Estado, investidores, accionistas, credores, clientes)
precisam de informação credível no seu processo de tomada de decisões. Procuram
informação fiável, que reflecte a realidade da Empresa.
 Os utilizadores necessitam de ter confiança em que a informação fornecida por uma
empresa é credível. E que foi preparada objectivamente e apresentada de forma
verdadeira. Essa deve ser uma credibilidade reforçada por intervenção de profissionais
independentes. Para ter uma informação credível, o auditor/revisor deve expressar
uma opinião das demonstrações financeiras preparadas de acordo com uma estrutura
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conceptual de relato financeiro identificando o uso de (PCGA – Princípios


Contabilísticos Geralmente Aceites).

O uso dos princípios, das normas e conceitos contabilísticos para expressar a opinião do
auditor/revisor reflete uma empresa com uma imagem verdadeira e apropriada. É
responsabilidade do auditor/revisor a produção, formação e expressão de uma opinião
profissional e independente sobre as demonstrações financeiras.

 É responsabilidade do departamento financeiro da empresa a preparação e


apresentação das demonstrações financeiras. A responsabilidade pela prevenção e
detecção de fraudes e erros reside na gestão da empresa, através da implementação e
do funcionamento contínuo de sistemas contabilístico e de controlo interno adequado.
Tais sistemas reduzem mas não eliminam a possibilidade de fraudes e erros.
 O auditor/revisor não é nem pode ser responsabilizado pela prevenção de fraudes e
erros; pelo facto de estar a fazer revisão/auditoria anual/bienal na entidade. Os
auditores fazem parte do reforço da credibilidade; assim que a sua opinião aumenta a
credibilidade das demonstrações financeiras ao proporcionar um elevado nível de
segurança.
 Embora, mesmo que a opinião do revisor/auditor aumente a credibilidade das
demonstrações financeiras, os utentes não podem assumir que essa opinião é uma
segurança para a futura viabilidade da empresa nem quanto à eficiência ou eficácia
com que a gerência conduziu os negócios da entidade no passado.
 Para que a informação financeira seja credível, deve se seguir a regulamentação da
actividade dos auditores:
o Num contexto de globalização, quer as empresas multinacionais, quer os
investidores, quer as entidades regulamentadoras do mercado de capitais, quer
diferentes instituições, privadas e públicas, procuram a harmonização dos
princípios contabilísticos e das normas de auditoria. Assim é para o mundo da
contabilidade assegurar que os relatórios dos profissionais de contabilidade de
todos os países sejam claros e consistentes e que vão ao encontro das
necessidades dos decisores. Tal como as práticas contabilísticas são orientadas
no sentido da uniformização, nomeadamente por organismos internacionais
como o IASC (International Accounting Standards Committee) – que vem
emitindo as chamadas Normas Internacionais de Contabilidade.
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 Também a actividade dos Auditores / Revisores, além de princípios e normas, deve


estar sujeita a regras precisas/ordem, chamada OROC (Ordem dos Revisores Oficiais
de Contas), traduzidas em Normas Técnicas, as quais são suplementadas e
desenvolvidas por Directrizes de Revisão/Auditoria.
 Supletivamente, são aplicáveis as normas e recomendações de auditoria – Normas
Internacionais de Revisão (International Standards of Auditing) – emitidas pela IFAC
(Internacional Federation of Accountants).

Adicionalmente, para assegurar a qualidade da revisão das demonstrações financeiras, a


OROC implementou um sistema de controlo de qualidade do trabalho dos Revisores Oficiais
de Contas, constituindo-se como um reforço da credibilidade da informação financeira
CREDIVEL.

Em suma, temos a relevância do papel dos auditores, tendo em atenção as características, a


regulamentação e o controlo a que são sujeitos no desenvolvimento da sua actividade, assim
como a abrangência do universo empresarial que cobrem, os auditores/revisores, que
desempenham um papel decisivo nas diferentes actividades das empresas. Os
auditores/revisores beneficiam-se de um conhecimento profundo das entidades e procedem a
uma revisão independente e objectiva.

 Em última análise, a sua intervenção é expressa através da certificação – de


divulgação pública – de que as demonstrações financeiras foram preparadas e
apresentadas em conformidade com os PCGA, em todos os aspectos materialmente
relevantes uma emissão de opinião qualificada para a INFORMAÇÃO FINANCEIRA
CREDIVEL.

4. Auditoria em Moçambique
Após a independência nacional em 1975, Moçambique passou por um conjunto de
transformações político-económicas que culminaram com a aprovação da Constituição da
República de Moçambique (CRM) de 1990, que introduziu o Estado de Direito Democrático e
abertura da economia ao mercado. As mudanças tiveram influência no desenvolvimento de
instrumentos de regulação da atividade económica. Como consequência, em 1990 aprovou-se
o Decreto no 32/90 de 7 de Dezembro do Conselho de Ministros de Moçambique (1990), que
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regulamenta a auditoria e certificação de contas, sendo o primeiro instrumento a regulamentar


a profissão do auditor. (Cumbe, 2016)

O artigo 1º do referido decreto, com efeitos a partir do exercício económico de 1992,


estabelece a obrigatoriedade às sociedades comerciais constituídas com projetos de
investimento direto estrangeiro, às empresas estrangeiras, relativamente aos resultados do
território nacional, e quaisquer outras empresas que operam no país com regime tributário ou
cambial especial, de apresentarem os respetivos balanços e contas de resultado anuais
certificados por auditor independente e profissionalmente idóneo. (Cumbe, 2016)

Em 1999 foi aprovada a Lei no 15/99 de 01 de Novembro da Assembleia da República de


Moçambique (1999) Lei no 15/99 de 01 de Novembro da Assembleia da República de
Moçambique (1999) que regula o estabelecimento e o exercício da atividade das instituições
de crédito e das sociedades financeiras. Segundo o nº1 do artigo 77º da mesma lei, as
sociedades financeiras e instituições de crédito estão sujeitas a auditoria externa que deverá
ser realizada por um auditor ou sociedade de auditoria reconhecida. (Cumbe, 2016)

No âmbito da melhoria das práticas da auditoria dentro das normas internacionais aprovou-se
a Lei no 8/2012 de 8 de Fevereiro da Assembleia da República de Moçambique (2012), que
cria a Ordem dos Contabilistas e Auditores de Moçambique (OCAM) e aprova o respetivo
Estatuto, com o objetivo de regular o exercício da profissão de contabilista e do auditor, e
criar todas as condições atinentes ao desenvolvimento destas profissões em Moçambique.

Apesar da evolução que se tem verificado na auditoria, Moçambique ainda não é membro do
IFAC (IFAC, 2015). No entanto, o artigo 4º do Decreto no 32/90 de 7 de Dezembro e as
Resoluções no 5/GB/2014 e a Resolução no 6/GB/2014 de 16 de Abril da OCAM (2014), que
aprovam o Código de Ética e Deontologia Profissional e o Regulamento Disciplinar da
OCAM remetem para a adoção de regras e práticas de auditoria que estejam de acordo com os
padrões internacionais. A resolução que aprova o código de ética faz menção, na introdução,
que a mesma constitui uma adaptação em plenitude do Código de Ética do IFAC. (Cumbe,
2016)
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5. Conclusão
Este trabalho visava pesquisar sobre o impacto de auditoria financeira nas empresas
moçambicanas. Através da pesquisa bibliográfica e documental efectuada, verifica-se que
Moçambique é um dos países com elevada dependência externa no financiamento ao OGE,
sendo que o principal mecanismo de financiamento é o denominado Fundo Comum. O termo
Fundo Comum é aplicável ao nível geral do OGE assim como ao nível particular das
instituições/serviços públicos financiados por este mecanismo. A par disto, a auditoria externa
no setor público tem vindo a tornar-se um meio para aumentar eficiência e eficácia na gestão,
servindo de mecanismo necessário para conferir maior fiabilidade à prestação de contas.

À semelhança da realidade de outros países, Moçambique tem instituições supremas de


controlo externo e interno na gestão dos fundos públicos, nomeadamente o TA, a Assembleia
da República de Moçambique e a IGF. No entanto, pela limitação na atuação destas
instituições, os financiadores externos do Fundo Comum exigem auditorias externas anuais
realizadas por sociedades de revisão oficial de contas.
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Referências Bibliográfica
Cumbe, L. L.. Impacto de Auditoria Externa na Gestão dos Fundos Públicos: caso do Fundo
Comum do INE de Moçambique. Instituto Superior de Contabilidade e Administração
da Universidade de Aveiro. 2016

Duarte, L. S. . Relatório de Estágio de Auditoria Financeira. Faculdade de Economia da


Universidade de Coimbra. 2010

Luna, Y. . Padrões e procedimentos para auditoria abrangente. Bogotá. 2009.

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