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CASO CLÍNICO – EICE (DOENÇAS INFECCIOSAS)

Identificação: CAN, 38 anos de idade, sexo feminino, parda, solteira, natural e procedente
de Jacobina – BA.

Queixa principal: “convulsões” há 2 horas.

HMA: paciente trazida ao pronto socorro devido a 10 crises convulsivas no domicílio.


Familiares relatam que, nos últimos 6 meses, tem apresentado astenia, fadiga, adinamia,
cefaleia intensa em região parietal, associada a alterações visuais e, antes das crises
convulsivas, apresentava febre (não aferida), sudorese e tremores. Durante esse período,
referem perda ponderal de 7 kg.
Nos últimos dias a paciente tem evoluído com sonolência excessiva e, desde a última crise
convulsiva (há cerca de 30 minutos), não despertava, passando a acordar no momento do
atendimento.
Familiares referem que, há 10 meses, houve um episódio que a paciente foi encontrada
desacordada no chão da sala; na ocasião tinha apresentado liberação esfincteriana
(micção) e laceração na cabeça por provável choque contra quina da mesa de centro,
resolvida com sutura da ferida, sem intercorrências.
Durante atendimento inicial a paciente recorreu com crises convulsivas reentrantes,
necessitando sedação e intubação. Foi acoplada à ventilação mecânica e encaminhada
para cuidados na UTI. Ainda na internação, a paciente realizou teste rápido para HIV com
resultado positivo, confirmado após realizar contagem de linfócitos T CD4= 87/mm3 (Valor
de referência: > 500 mm3) e Carga Viral HIV= 286.626 cópias/mm3 (Valor de referência:
indetectável).

Interrogatório sistemático:
Sem alterações nos demais segmentos pesquisados.

Antecedentes médicos: atualmente, paciente está uso irregular de Carbamazepina.

Antecedentes familiares: pais falecidos por acidente automobilístico.

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Hábitos de vida: nega tabagismo. Etilismo importante de destilados. Não faz atividade
física regularmente. Histórico de relações sexuais com múltiplos parceiros, sem uso de
preservativos.

Exame físico: paciente inicialmente apresentou-se sonolenta, bradipsíquica, orientada em


tempo e espaço, linguagem preservada, desatenção para esquerda, disartria leve, pupilas
isocóricas e fotorreagentes, olhar preferencial para direita, apagamento de sulco nasolabial
esquerdo, hemiparesia leve à esquerda, questionável hipoestesia esquerda e presença de
extinção tátil à esquerda. Após novas crises a paciente precisou ficar sedada, mantendo
pupilas iscóricas e fotorreagetnes.
Exame do aparelho respiratório, cardiovascular e abdominal: nada digno de nota.

Evolução do caso:
Permaneceu entubada por 5 dias. Após extubação, manteve quando ventilatório e
hemodinâmico estáveis, com melhora do quadro neurológico após a terapia instituída.

Exames complementares:
1. Tomografia de crânio: presença de múltiplas lesões nodulares hipodensas na
substância branca e dos hemisférios cerebrais exibindo realce anelar pelo meio de
contraste e intenso edema vasogênico adjacente, apagando os sulcos correspondentes e
comprimindo levemente os ventrículos laterais. A maior mede 2,2 x 2,0 cm no lobo temporal
direito. Em correlação clínica, o aspecto é sugestivo de neurotoxoplasmose.

2. Ressonância magnética do crânio: presença de lesões arredondadas com hipersinal


periférico em T1, hipossinal em T2 e centro com hipersinal em T2 e FLAIR de distribuição
na transição córtico-subcortical dos lobos frontais, parietais, occipitais e temporal direita,
com realce periférico pelo meio de contraste algumas com nódulo excêntrico. Ausência de
sinais de hemorragia.

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