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Apresentação Oral

Boa Tarde!
Eu venho apresentar o poema Amar! de Florbela Espanca, mas antes de
passar á leitura e análise do poema, gostava de vos dar a conhecer um
pouco mais sobre a poetisa.
Florbela Lobo, autonomeada como Florbela d’Alma da Conceição Espanca
nasceu a 8 de dezembro de 1894 e com apenas 36 anos morreu no seu
aniversário a 8 de dezembro de 1930 por suicídio. Ela foi uma poetisa
portuguesa, autora de sonetos e contos importantes na literatura de
Portugal. A sua poesia caracteriza-se por ter um estilo muito peculiar
sendo densa, amarga e triste. Os temas que ela aborda são o amor, a
saudade, o sofrimento, a solidão e a morte, mas sempre em busca da
felicidade. Ela escreveu contos, poemas e cartas, mas foi no soneto que
encontrou o melhor caminho para sua expressão poética. O seu primeiro
livro foi lançado em 1919 com o título de “Livro de Mágoas”, parte de sua
inspiração veio de sua vida tumultuada, inquieta e sofrida pela rejeição do
pai que só a reconheceu como filha após a sua morte. Sua linguagem está
situada nas suas próprias frustrações e anseios.
A vida de Florbela foi sempre repleta de desgostos, desde a rejeição do
pai, a um aborto espontâneo, ao divórcio com 3 maridos e até mesmo á
morte se seu irmão, e são estes sentimentos de sofrimento e desgosto
que a poetisa gosta de mostrar nos seus poemas……o que nos trás de
volta ao poema que vou apresentar e que passo agora a sua
leitura…………………
AMAR!

Eu quero amar, amar perdidamente!

Amar só por amar: Aqui… além…

Mais Este e Aquele, o Outro e toda a gente…

Amar! Amar! E não amar ninguém!

Recordar? Esquecer? Indiferente!…

Prender ou desprender? É mal? É bem?

Quem disser que se pode amar alguém

Durante a vida inteira é porque mente!

Há uma Primavera em cada vida:


É preciso cantá-la assim florida,

Pois se Deus nos deu voz, foi p’ra cantar!

E se um dia hei de ser pó, cinza e nada

Que seja a minha noite uma alvorada,

Que me saiba perder… pra me encontrar…

Após a leitura do poema, podemos começar por dizer que é sem dúvida
um soneto pois é constituído por quatro estrofes, em que as duas
primeiras são quadras e as duas últimas são tercetos.
Em relação ao esquema rimático, temos ABAB, ABBA, CCD, EED rima
cruzada na 1º estrofe, interpolada na segunda e emparelhada nas duas
últimas.
Os versos são todos decassílabos, ou seja, são constituídos por 10 sílabas
métricas cada um.
A nível de recursos expressivos, temos presente o discurso antitético em
AMAR TODA A GENTE E NÃO AMAR NINGUÉM, RECORDAR E ESQUECER,
PRENDER E DESPRENDER, MAL E BEM E PERDER PARA ENCONTRAR.
Temos também a utilização da pergunta retórica……a anáfora e a
enumeração…….
Este poema pode ser dividido em 3 partes a 1º estrofe, a 2º e as duas
últimas, na primeira parte o sujeito poético dá a entender que tem uma
grande vontade de amar mas já não lhe sobra ninguém pois já amou toda
a gente, na 2º parte recorda todas as paixões que teve na vida e afirma
que não se pode ter apenas uma pois não é possível amar a mesma
pessoa a vida inteira e na 3º diz que nós devemos aproveitar a vida pois
foi para isso que deus a deu e um dia irá acabar, e espera também que no
dia da sua morte se consiga livrar do seu antigo corpo para ser capaz de
ter uma nova vida
Neste poema é obvio que o tema abordado é o amor, porém não se trata
de amar alguém, mas sim o ato de amar, amar o facto de estar a ser
amado.
No primeiro verso deparamo-nos logo com uma grande concentração no
Eu e na necessidade de amar e em Amar só por amar temos aqui um
momento de contradição em que parece que o amor está a ser
banalizado. Na enumeração de este aquele e o outro poderá estar-se a
referir a pessoas importantes que passaram na vida da poetisa, mas com
uma relação sem grande compromisso. E em amar, amar e não amar
ninguém mostra-nos um amar livre, sem ficar preso a algo ou alguém
acabando até por amar mais do que uma pessoa e o mesmo tempo não
amar ninguém.
Na segunda estrofe não importa recordar ou esquecer, ter uma relação
com compromisso ou não, e é destacado que não é possível amar a
mesma pessoa a vida inteira
Na terceira estrofe é referida a estação da primavera, a estação do amor,
a da mesma forma que o ano tem uma época em que mais floresce nós
também temos uma altura em que mais amamos que neste caso é a
juventude. E Deus deu-nos vós para cantar, quem canta é que está alegre,
os jovens devem cantar porque estão na idade em que o amor floresce.
Por fim na quarta estrofe é alertado que se deve aproveitar a vida pois um
dia a mesma á de acabar. A poetisa tendo uma capacidade tão grande
amar, mas que por vezes nem sempre é correspondida, ela espera um dia
encontrar um amor que a entenda e finalmente possa ser feliz.
Posto a análise do poema resta-me dizer que o escolhi para apresentar
pois tem uma mensagem bastante realista e na verdade até me consigo
identificar em certos aspetos, e além do mais foi escrito por uma poetisa
extraordinária, que com o seu pensamento feminista e sombrio nos ajuda
a ver coisas que muitas vezes nós não queremos, mas que precisamos de
ouvir.
AMAR!
Eu quero amar, amar perdidamente!
Amar só por amar: Aqui… além…
Mais Este e Aquele, o Outro e toda a gente…
Amar! Amar! E não amar ninguém!

Recordar? Esquecer? Indiferente!…


Prender ou desprender? É mal? É bem?
Quem disser que se pode amar alguém
Durante a vida inteira é porque mente!

Há uma Primavera em cada vida:


É preciso cantá-la assim florida,
Pois se Deus nos deu voz, foi p’ra cantar!

E se um dia hei de ser pó, cinza e nada


Que seja a minha noite uma alvorada,
Que me saiba perder… pra me encontrar…

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