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Parte V

Síntese e recomendações
Áreas e ações
prioritárias para a
conservação da
biodiversidade na
José Maria Cardoso da Silva
Universidade Federal de Pernambuco
Conservation International do Brasil
Marcelo Tabarelli

Caatinga
Universidade Federal de Pernambuco
Mônica Tavares da Fonseca
Conservation International do Brasil

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André Pessoa
Caatinga na estação seca

Foram identificadas 82 áreas prioritárias As áreas de extrema importância


para a conservação da biodiversidade da localizam-se no entorno de alguns brejos e de
Caatinga. Dessas áreas, 27 foram classificadas áreas montanhosas úmidas antes revestidas
como de extrema importância biológica, 12 de florestas, tais como as do Planalto da
como de muito alta importância, 18 como de Ibiapaba do Norte/Jaburuca, da Serra de
alta importância (Figura 1) e 25 como insu- Baturité, da Chapada do Araripe, da serra
ficientemente conhecidas, mas de provável Negra e de Caruaru; as situadas ao longo do
importância (Figura 2). Além dessas, um rio São Francisco, como, por exemplo, Bom
corredor conectando áreas prioritárias em Jesus da Lapa, Peruaçu/ Jaíba, Ibotirama,
Minas Gerais e na Bahia também foi proposto. médio do rio São Francisco e Xingó; e bem
O elevado número de áreas das quais pouco como aquelas que estão no centro do estado
se conhece enfatiza a urgente necessidade de da Bahia: Itaetê/Abaíra, Morro do Chapéu,
um programa especial de fomento para o Senhor do Bonfim e Raso da Catarina. Entre
inventário biológico desse bioma. As áreas as áreas de extrema importância duas são
prioritárias variam bastante em extensão, dignas de nota: o Parque Nacional da Serra
desde 235km2 até 24.077km2. No total, da Capivara e o médio rio São Francisco.
cobriram cerca de 436.000km2, ou seja, 59,4%
O Parque Nacional da Serra da Capivara
do bioma Caatinga. As de extrema relevância
possui grande riqueza de espécies de aves,
biológica constituem 42% das áreas incluindo-se aí várias populações globalmente
prioritárias, ou 24,7% de toda a Caatinga. ameaçadas, como, por exemplo, a da
Proteção integral foi a ação mais maracanã (Ara maracana), a do pica-pau-
recomendada para a maioria (54,8%) das anão-de-Pernambuco (Picumnus fulvescens),
áreas prioritárias. Indicou-se tal ação para 81% a do arapaçu-do-nordeste (Xiphocolaptes
das áreas de extrema importância, para 75% falcirostris), a do joão-chique-chique
das de muito alta importância, e para 72% das (Gyalophylax hellmayri), a do bico-virado-da-
de alta importância. Em contrapartida, e como caatinga (Megaxenops parnaguae), e a do
esperado, a principal ação proposta para a pintassilgo-do-nordeste (Carduellis yarrelli).
maior parte (96%) das áreas insuficientemente Há também populações consideráveis de:
conhecidas foi a investigação científica. 1. mamíferos ameaçados em todos os
Sugeriu-se a realização urgente da ação sentidos, (onça-pintada, Panthera onça; onça-
recomendada para 43,9% das áreas, ou seja, parda, Puma concolor; tamanduá-bandeira,
para a maioria; a curto prazo para 30,5% Myrmecophaga tridactyla; tatu-bola,
delas; e a médio prazo para 25,6%. Tolypeutes tricinctus; jaguatirica, Leopardus

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Importância Biológica
Extrema
Muito alta
Alta
Corredor
Hidrografia
Limite estadual
Limite do bioma Caatinga
Figura 1
Áreas prioritárias
para a conservação
da biodiversidade
da Caatinga.
1. Bacia do Rio Preguiça 19. Patos / Santa Terezinha 38. Sento Sé
2. Complexo de Campo Maior 20. São José da Mata 39. Delfino
3. Médio Poti 21. Cariri Paraibano 40. Senhor do Bonfim
4. Serra das Flores 22. Caruaru 41. Médio Rio São Francisco
5. Planalto da Ibiapaba do Norte / 23. Buíque / Vale do Ipojuca 42. Ibotirama
Jaburuna 24. Serra do Cariri 43. Ibipeba
6. Reserva da Serra das Almas 25. Serra Talhada 44. Carste de Irecê
7. Serra da Joaninha / Serra da Pipoca 26. Serra Negra 45. Morro do Chapéu
8. Serra de Baturité 27. Xingó 46. Bonito
9. Quixadá 28. Rodelas 47. Itaetê / Abaíra
10.Aiuaba 29. Raso da Catarina 48. Rui Barbosa
11.Picos 30. Monte Alegre 49. Milagres
12.Chapada do Araripe 31. Domo de Itabaiana 50. Maracás
13. Baixo Jaguaribe /Chapada do 32. Curaçá 51. Livramento do Brumado
Apodi 33. Petrolina 52. Bom Jesus da Lapa
14. São Bento do Norte 34. Oeste de Pernambuco 53. Arredores de Bom Jesus da Lapa
15. Mato Grande 35. Parque Nacional da Serra da Capivara 54. Guanambi
16. Acarí 36.Corredor Ecológico Serra da Capivara 55. Peruaçu / Jaíba
17. Seridó / Borborema e das Confusões 56. Vitória da Conquista
18. Alto Sertão do Piranhas 37. Parque Nacional Serra das Confusões 57. Pedra Azul

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pardalis; gato-maracajá, Leopardus wiedii; Médio Rio São Francisco e a APA da Lagoa
e gato-do-mato, Leopardus tigrinus); de Itaparica. A biota dessa região é
2. lagartos do gênero Enyalius; e 3. jacarés extremamente rica em endemismos de
(Caiman crocodylus). Não apenas em diferentes grupos taxonômicos. Até o
virtude da importância biológica, a área é momento foram registrados endemismos
muito conhecida também pela presença de de plantas (um gênero e 12 espécies); de
mais de quatrocentos sítios arqueológicos lagartos (quatro gêneros e 24 espécies
com pinturas rupestres. Sugeriu-se a endêmicas); de mamíferos (duas espé-
conexão desse parque ao vizinho, o Parque cies); e de vários grupos de artrópodes,
Nacional Serra das Confusões, para que tais como aranhas, pseudoescorpiões,
formem ambos uma Reserva da Biosfera. besouros, formigas e abelhas, entre os até
A área do médio São Francisco então estudados. Essa área é prioritária
abrange duas unidades de conservação: para a criação de uma extensa unidade
a APA das Dunas e Veredas do Baixo- de conservação de proteção integral.

Áreas prioritárias para pesquisa científica


Hidrografia
Limite estadual
Limite do bioma Caatinga

Figura 2
Áreas
prioritárias para
a pesquisa
científica na
Caatinga.
1. Bacia do Rio Mearim 10. Serra do Martins 18. Queimada Nova
2. Baixo Parnaíba 11. Bacia do Potengi / 19. Canto do Buriti / Brejal
3. Bacia do Rio Acaraú Pico do Caburaí 20. Remanso
4. Bacia do Rio Anacatiaçu 12. Curimataú 21. Gararu / Belo Monte
5. Bacia do Rio Curu 13. Vale do Piancó 22. Lagarto / Serra da Miaba
6. Bacia do Rio Choró 14. Paus Brancos 23. Queimadas
7. Inhamus 15. Betânia 24. Arredores de Maracás
8. Angical 16. Mirandiba 25. Limite Sul da Caatinga
9. Luís Gomes 17. Vale do Sertão Central

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DESCRIÇÃO DAS ÁREAS PRIORITÁRIAS PARA CONSERVAÇÃO DA
BIODIVERSIDADE DA CAATINGA
1 - BACIA DO RIO PREGUIÇA riqueza de espécies moderada. Presença
Localização: MA: Barreirinhas, Urbano de caça. Alta heterogeneidade espacial da
Santos, Santa Quitéria do Maranhão, São vegetação com áreas de alagamentos,
Bernardo, Tutóia. afloramento de arenito e savanas de
Copernicia (carnaúba). Diminuição do
Importância biológica: Alta.
impacto sobre o PARNA de Sete Cidades.
Hábitats mais expressivos: Dunas, caatinga,
Ação recomendada: Ampliação do PARNA
cerrado.
Sete Cidades; inclusão do PARNA Sete
Justificativa: Na região da Bacia do Rio Cidades na Reserva da Biosfera do Cerrado.
Preguiça há escassez de conhecimento de
Ação recomendada: Proteção integral.
fauna e flora. No entanto, já se conhece a
presença de uma espécie endêmica – Prazo de ação: Urgente.
Rhinoclemys (Quelônio). Região de Grupos que indicaram: Aves , Mamíferos e
babaçuais de possível uso extrativista. A Biota Aquática.
pressão antrópica é baixa. Não há núcleos
de desertificação. Área de importância 3 - MÉDIO POTI
biológica por se tratar de zona de contato
Localização: PI: Prata do Piauí, Beneditinos,
entre dunas dos lençóis maranhenses e
São João da Serra, Alto Longá, Santa Cruz
enclaves de cerrados em contato com a
dos Milagres, Passagem Franca do Piauí,
caatinga.
São Miguel do Tapuio, São Félix do Piauí.
Recomendação: Criação de reserva
Importância biológica: Alta.
extrativista.
Hábitats mais expressivos: Bacia do rio
Ação recomendada: Uso sustentável.
Parnaíba.
Prazo de ação: Médio prazo.
Justificativa: Baixa alteração antrópica.
Grupos que indicaram: Mamíferos, Répteis/ Ausência de núcleos de desertificação.
Anfíbios e Biota Aquática. Escasso conhecimento da maustofauna.
Área com espécies endêmicas de peixes e
2 - COMPLEXO DE CAMPO MAIOR presença também de espécies de interesse
Localização: PI: Alto Longá, Coivaras, Altos, econômico. Riqueza moderada de ictiofauna.
Campo Maior, Cabeceiras do Piauí, Barras, Ação recomendada: Investigação científica.
Batalha, Brasileira, Esperantina, São José Prazo de ação: Urgente.
do Divino, Buriti dos Lopes, Joaquim Pires,
Grupos que indicaram: Mamíferos e Biota
Piracuruca, Piripiri, Capitão de Campos,
Aquática.
Lagoa Alegre.
Importância biológica: Alta.
4 - SERRA DAS FLORES
Hábitats mais expressivos: Caatinga
arbórea, arbustiva, cerrado e formações Localização: CE: Coreaú, Granja, Uruoca,
rupestres. Moraújo, Tiangua, Martinópole.

Justificativa: Recursos hídricos superficiais. Importância biológica: Muito alta.


Desmatamento da vegetação ciliar e Hábitats mais expressivos: Caatinga.
assoreamento dos rios permanentes. Área Justificativa: Região com zona de contato
de transição caatinga-cerrado, com entre caatinga e floresta. Entre os répteis,
monumentos naturais formados pela ação área de influência para fauna, podendo
erosiva eólica atual e hídrica no passado. abrigar grande parte de endêmicas
Área de grande potencial e interesse (Colobosauroides cearensis) e populações
econômico da ictiofauna, com presença de isoladas (Enyalius bibronii). Desco-
algumas espécies de peixes endêmicas e nhecimento da fauna de peixes. Extensos

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campos de Velloziaceae e Eryocaulaceae Justificativa: Área inventariada recente-
que ocorrem nas encostas fraturadas das mente por P.T.Z. Antas, com potencialidade
rochas. Essas plantas são raras e sem para conservação de aves. Apresenta várias
registros de sua ocorrência para o nordeste espécies de lagartos, serpentes e anfíbios,
setentrional do Brasil. Gênero endêmico de resultantes de um levantamento preliminar
Fraunhofera da caatinga. atual, indicando novos registros para a
Ação recomendada: Proteção integral. região, inclusive o jacaré-de-papo-amarelo
Prazo de ação: Médio prazo. (Caiman latirostris). Presença de espécies
vegetais endêmicas da caatinga: Rollinia
Grupos que indicaram: Flora, Répteis/
leptophylla, Arrabidaea dispar, Cordia
Anfíbios e Biota Aquática.
leuconaloides, Capparis cynophallophora,
Jatropha mollissima, Ceiba glaziovii;
5 - PLANALTO DA IBIAPABA DO endemismo genérico de Auxemma.
NORTE/JABURUNA O Carrasco abriga espécies de Myrtaceae
Localização: CE: Tianguá, Frecheirinha, e Erythroxylaceae cujos frutos servem de
Ubajara, Mucambo, Ibiapina, São Benedito, alimento para as aves, como Eugenia
Graça, Carnaubal, Guaraciaba do Norte, desintherica, nome popular jacaré.
Croata, Reriutaba, Ipu, Ipueiras, Ararendá, Ação recomendada: Investigação científica.
Coreaú, Pires Ferreira, Pacujá, zona de
Prazo de ação: Médio prazo.
litígio CE-PI, Pedro II, Piracuruca, Cariré.
Grupos que indicaram: Flora, Aves e
Importância biológica: Extrema.
Mamíferos.
Hábitats mais expressivos: Carrasco,
floresta decidual e caatinga.
7 - SERRA DA JOANINHA/
Justificativa: Ocorrência de colônias de
SERRA DA PIPOCA
reprodução de Zenaida auriculata. Entre os
mamíferos, áreas com espécie não descrita Localização: CE: Quixeramobim, Tauá,
e distribuição aparentemente restrita na Independência, Pedra Branca, Mombaça,
caatinga. Entre os répteis, área de influência Boa Viagem, Madalena, Canindé.
podendo abrigar grande parte das espécies Importância biológica: Muito alta.
restritas (p.ex. Colobosauroides cearensis) Hábitats mais expressivos: Caatinga.
e populações relictuais (p.ex. Enyalius Justificativa: Área com excelente potencial
bibronii). A vegetação de carrasco apresenta herpetofaunístico, com conhecimento
5,5% da cobertura original, onde são científico de mamíferos, porém neces-
encontrados grande riqueza florística e sitando de melhores inventários. Região
táxons com problemas de determinação, com ocorrência de desertificação e áreas
possivelmente espécies novas para a ciência. alteradas. Abriga uma caatinga arbórea
Recomenda-se a ampliação da UC existente com espécies endêmicas de plantas da
(Parque Nacional de Ubajara). É fortemente Caatinga (Spondias tuberosa, Cnidosculus
sugerida a criação de uma UC federal de phyllacanthus). Protege as nascentes do
proteção integral na área de litígio entre o rio Jaguaribe, principal rio do Ceará, que
Ceará e Piauí. abrange dois terços do Estado.
Ação recomendada: Proteção integral. Ação recomendada: Investigação científica.
Prazo de ação: Médio prazo. Prazo de ação: Médio prazo.
Grupos que indicaram: Flora, Aves, Grupos que indicaram: Flora, Mamíferos e
Mamíferos e Répteis/Anfíbios. Répteis/ Anfíbios.

6 - RESERVA DA SERRA DAS ALMAS 8 - SERRA DE BATURITÉ


Localização: CE: Crateús, zona de conflito; Localização: CE: Aratuba, Capistrano,
PI: Buriti dos Montes. Itapiúna, Canindé, Caridade, Paramoti,
Importância biológica: Muito alta. Guaramiranga, Mulungu, Baturité, Pacoti,
Hábitats mais expressivos: Caatinga, Redenção, Aracoiaba, Ibaretama, Palmácia,
carrasco, floresta decidual. Pentecoste.

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Importância biológica: Extrema. 10 – AIUABA
Hábitats mais expressivos: Caatinga, Localização: CE: Aiuaba, Saboeiro,
floresta decidual. Arneirós, Catarina.
Justificativa: Área com pouca informação Importância biológica: Alta.
sobre riqueza e endemismo de espécies de Hábitats mais expressivos: Caatinga.
peixes; presença de espécies ainda não Justificativa: Embora a área apresente uma
descritas, aparentemente endêmicas da unidade de conservação, nada se conhece
Caatinga e com distribuição restrita. sobre a ocorrência da fauna, em especial
Invertebrados apresentam diversidade da herpetofauna. Necessidade de proteção
relativamente alta e espécies endêmicas da de sítio tradicional de reprodução de
Caatinga (p. ex. Ancyloscelis frieseana Zenaida auriculata e área de importância
Ducke, 1908) e raras (p. ex. Arhysoscelle biológica muito alta, com várias espécies
huberi, Ducke, 1908 e Osirinus parvicolis, de aves endêmicas e ameaçadas de
Ducke 1911). Região com zonas de contato extinção (por exemplo: Xiphocolaptes
entre caatinga e floresta úmida que falcirostris).
influencia a fauna, podendo abrigar parte Ação recomendada: Proteção integral.
das espécies ombrófilas e endêmicas de
Prazo de ação: Médio prazo.
répteis (Colobosauroides cearensis), além
de populações relictuais (p. ex. Enyalius Grupos que indicaram: Aves e Répteis/
bibronii). Anfíbios.
Ação recomendada: Investigação científica.
Prazo de ação: Urgente. 11 - PICOS
Grupos que indicaram: Mamíferos, Localização: PI: São João da Canabrava,
Répteis/Anfíbios, Biota Aquática e Bocaína, São José do Piauí, Santana do
Invertebrados. Piauí, Picos, Itainópolis, Santa Cruz do
Piauí, Dom Expedito Lopes, Santo Antônio
de Lisboa, Oeiras, Colônia do Piauí, Santo
9 - QUIXADÁ Inácio do Piauí, Ipiranga do Piauí, Isaías
Localização: CE: Quixadá, Quixeramobim, Coelho.
Banabuiú, Choró. Importância biológica: Muito alta.
Importância biológica: Extrema. Hábitats mais expressivos: Área de contato
Hábitats mais expressivos: Caatinga. caatinga/cerrado.
Justificativa: Espécie endêmica (Ancy- Justificativa: Presença de recursos hídricos
loscelis frieseana Ducke, 1908) e rara subterrâneos com superexploração,
(Arhysoscelle huberi, Ducke, 1908) de desmatamento e queimada em zonas de
invertebrado. Área com excelente potencial recarga. Presença da espécie endêmica de
herpetofaunístico. Sítio de reprodução de roedor, Kerodon rupestris. O material
Zenaida auriculata com provável riqueza mastozoológico depositado em museus
biológica em termos de aves. Plantas sugere uma riqueza relativamente alta de
endêmicas da Caatinga (p. ex.: Ceiba espécies. Inventários de formigas indicam
glaziovii e Auxemma onconcalyx). Área riqueza relativamente alta. Área tradicional
com grande beleza cênica e com mares de reprodução de Zenaida auriculata. Área
de pedras (monolitos) que guardam de contato do cristalino com a área
espécies de Orchidaceae raras, além de sedimentar (Bacia do rio Parnaíba) e
expressivos sítios fossilíferos. formações areníticas. Média pressão
antrópica (agricultura, pecuária de caprinos
Ação recomendada: Investigação científica.
e ovinos, apicultura migratória e fogo).
Prazo de ação: Médio prazo. Presença de importantes vias de
Grupos que indicaram: Flora, Aves, Répteis/ desenvolvimento (BR-020), com processo
Anfíbios e Invertebrados. acelerado de crescimento urbano nas

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margens da rodovia. Área susceptível à 13 - BAIXO JAGUARIBE/
desertificação. Ecótone cerrado/caatinga. CHAPADA DO APODI
Ação recomendada: Uso sustentável. Localização: CE: Aracati, Itaiçaba, Palhano,
Prazo de ação: Urgente. Russas, Ererê, Jaguaruana, Icapuí, Morada
Nova, Limoeiro do Norte, Quixeré, São
Grupos que indicaram: Flora, Aves,
João do Jaguaribe, Alto Santo, Tabuleiro
Mamíferos e Invertebrados.
do Norte, Potiretama; RN: Grossos,
Mossoró, Baraúna, Governador Dix-Sept
Rosado, Felipe Guerra, Apodi, Severiano
12 - CHAPADA DO ARARIPE
Melo, Itaú, Riacho da Cruz, Tabuleiro
Localização: PI: Caldeirão Grande do Piauí, Grande, São Francisco do Oeste, Rodolfo
Fronteiras, Marcolândia, Alegrete do Piauí, Fernandes, Caraúbas, Francisco Dantas,
São Julião, Padre Marcos, Simões; PE: Portalegre, Viçosa.
Araripina, Ipubi, Bodocó, Exu, Granito,
Importância biológica: Extrema.
Moreilândia, Serrita; CE: Salitre, Campos
Sales, Potengi, Araripe, Santana do Cariri, Hábitats mais expressivos: Caatinga
Altaneira, Farias Brito, Nova Olinda, Crato, arbórea e florestas de carnaubais.
Trindade, Caririaçu, Juazeiro do Norte, Justificativa: Ocorrência de 22 espécies de
Aurora, Missão Velha, Barbalha, Abaiara, serpentes; localidade tipo e exclusiva de
Brejo Santo, Porteiras, Jardim, Milagres, Chithonerpeton arii. Apresenta 46 espécies
Assaré. de peixes, sendo algumas endêmicas. Área
Importância biológica: Extrema. tradicional de reprodução da pomba de
bando Zenaida auriculata. Presença das
Hábitats mais expressivos: Caatinga,
aves endêmicas da Caatinga: Penelope
carrasco, floresta residual, cerradão.
jacucaca e Gyalophylax hellmayri.
Justificativa: Endemismos e isolamento de Gênero endêmico de planta (Auxemma),
populações (M. arajara, A. chrysoleps). planta rara no Nordeste, tendo sua área de
Localidade tipo e exclusiva de Antilophia maior freqüência na Chapada do Apodi.
bokermanni, ave recém descrita e Presença de espécie endêmica de planta
ameaçada de extinção. Entre os mamíferos, Hydrothrix gardneri Hook.
é registrada como área com grande riqueza
Ação recomendada: Proteção integral.
de espécies, aproximadamente 51; 4 delas,
são aparentemente endêmicas da Caatinga Prazo de ação: Urgente.
incluindo uma, provavelmente endêmica da Grupos que indicaram: Flora, Aves, Répteis/
região, outra ameaçada de extinção e uma Anfíbios e Biota Aquática.
terceira ainda não descrita. Para o caso
específico de Exu, levantamentos da década
de 70 indicaram 57 espécies de mamíferos, 14 - SÃO BENTO DO NORTE
incluindo casos de endemismos e táxons Localização: RN: São Bento do Norte,
novos. Ocorrência de espécies vegetais Parazinho, Jandaíra.
endêmicas (por exemplo: Jacaranda
Importância biológica: Alta.
jasminoides). Regiões com expressivos
sítios fossilíferos e ambientes cavernícolas. Hábitats mais expressivos: Caatinga
Sugere-se a transformação da categoria de arbustiva litorânea.
Floresta Nacional para Parque Nacional e a Justificativa: Representante único de
criação do Parque Nacional de Exu. caatinga litorânea, não contemplada nas
Ação recomendada: Investigação científica. unidades de conservação existentes.
Presença usual de colônias de avoantes.
Prazo de ação: Urgente.
Ação recomendada: Proteção integral.
Grupos que indicaram: Flora, Aves,
Mamíferos, Répteis/Anfíbios, Biota Aquática Prazo de ação: Médio prazo.
e Invertebrados. Grupos que indicaram: Flora e Aves.

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15 - MATO GRANDE e Aristidea, única no domínio da caatinga
Localização: RN: Lajes, Pedra Preta, no Seridó. Presença de duas espécies
Jandaíra, João Câmara, Pedro Avelino, relictuais de lagartos. Reconhecimento da
Jardim de Angicos. mastofauna local. Presença de espécies de
aves endêmicas e ameaçadas de extinção
Importância biológica: Alta.
e sítio de reprodução da avoante.
Hábitats mais expressivos: Caatinga Recomenda-se restauração nas depressões
arbustiva e arbórea. e proteção integral nas escarpas.
Justificativa: Área usual de reprodução de Ação recomendada: Restauração.
avoante. Desconhecimento da mastofauna
Prazo de ação: Médio prazo.
da área.
Grupos que indicaram: Flora, Aves,
Ação recomendada: Proteção integral.
Mamíferos, Répteis/Anfíbios e Invertebrados.
Prazo de ação: Curto prazo.
Grupos que indicaram: Aves e Mamíferos.
18 - ALTO SERTÃO DO PIRANHAS
Localização: PB: São José da Lagoa
16 – ACARÍ Tapada, Coremas, Sousa, Nazarezinho, São
Localização: RN: Carnaúba dos Dantas, João do Rio do Peixe, Cajazeiras,
Acarí, Currais Novos, São Vicente. Carrapateira, Aguiar, Monte Horebe, São
Importância biológica: Alta. José de Piranhas.
Hábitats mais expressivos: Caatinga Importância biológica: Muito alta.
arbustiva e cavernas. Hábitats mais expressivos: Caatinga
Justificativa: Única área conhecida com arbórea; cabeceiras e vale de rio.
maciça reprodução de andorinhões da Justificativa: Partes das fisionomias vegetais
subespécie Streptoprocne biscutata da área não estão presentes nas atuais
seridoensis, recém descrita (fenômeno unidades de conservação. Presença de
biológico especial). Há exploração de remanescentes da caatinga arbórea densa
guano e não são conhecidas as rotas e arbustiva arbórea nas serras e formações
migratórias desta raça. florestais ciliares nas várzeas. Moderada
Ação recomendada: Proteção integral. riqueza de espécies de peixes. Manancial
Prazo de ação: Médio prazo. hídrico importante para manutenção da
biota aquática e uso humano. Presença de
Grupos que indicaram: Aves.
peixes de interesse econômico. Presença
de sítio paleontológico (Vale dos
17 - SERIDÓ/BORBOREMA Dinossauros).
Localização: RN: Santana do Seridó, Ação recomendada: Proteção integral.
Jardim de Piranhas, Serra Negra do Norte, Prazo de ação: Médio prazo.
São João do Sabugi, Ipueira, Várzea, Caicó Grupos que indicaram: Flora, Aves e Biota
Ouro Branco, Currais Novos, São Vicente Aquática.
Timbaúba dos Batistas, Jardim do Seridó;
PB: Brejo do Cruz, São Bento, Paulista,
Patos, São Mamede, Santa Luzia, São José 19 - PATOS/SANTA TEREZINHA
do Sabugi, São José de Espinharas, Riacho Localização: PB: São José do Bonfim,
dos Cavalos. Patos, Santa Teresinha, Mãe d´Água.
Importância biológica: Extrema. Importância biológica: Alta.
Hábitats mais expressivos: Caatinga Hábitats mais expressivos: Caatinga
arbustiva aberta (Seridó). arbustiva-arbórea.
Justificativa: A presença de caatinga Justificativa: Presença de várias espécies
arbustiva pobre em espécies que possui da flora endêmicas, área de transição entre
uma associação de Mimosa, Caesalpinia o planalto da Borborema e a depressão

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sertaneja. Ocorrência de espécies de Prazo de ação: Curto prazo.
lagartos com distribuição relictual. Grupos que indicaram: Flora, Répteis/
Ocorrência de espécies de aves endêmicas Anfíbios, Biota Aquática e Invertebrados.
e ameaçadas de extinção.
Ação recomendada: Proteção integral. 22 - CARUARU
Prazo de ação: Médio prazo. Localização: PE: Altinho, Agrestina,
Grupos que indicaram: Flora, Répteis/ Bezerros, Cumaru, Surubim, Frei
Anfíbios e Aves. Miguelinho, Riacho das Almas, Toritama,
Taquaritinga do Norte, Caruaru, São
Caetano, Brejo da Madre de Deus,
20 - SÃO JOSÉ DA MATA
Salgadinho, Vertentes, João Alfredo,
Localização: PB: Campina Grande, Passira.
Pocinhos, Puxinanã.
Importância biológica: Extrema.
Importância biológica: Alta.
Hábitats mais expressivos: Caatinga
Hábitats mais expressivos: Caatinga arbustiva-arbórea.
arbórea densa.
Justificativa: O inventário de mamíferos
Justificativa: Provavelmente o último não-voadores disponível para a região de
remanescente de vegetação arbórea de Caruaru e adjacências inclui 21 espécies,
transição entre o agreste da Borborema e três delas endêmicas do bioma Caatinga.
o Cariri Paraibano. É uma área municipal O local está, ainda, em contato com a Serra
preservada, na qual já foram encontradas dos Cavalos, área representada por um
espécies novas da flora. Desconhecimento enclave mésico a 800-1000m de altitude,
da fauna de invertebrados. sendo um potencial refúgio durante a seca
Ação recomendada: Proteção integral. para a mesofauna do entorno. Região
Prazo de ação: Urgente. abrangendo vários municípios com várias
Grupos que indicaram: Flora e fitofisionomias de caatinga e florestas
Invertebrados . estacionais (mata seca) com Caesalpinia
pyramidalis (Caesalpiniaceae) e
Pseudobombax marginatum (A. St. Hil.) A.
21 - CARIRI PARAIBANO Robypis.
Localização: PB: Serra Branca, São João Ação recomendada: Proteção integral.
do Cariri, Cabaceiras, Barra de São Miguel,
Prazo de ação: Urgente.
Boqueirão, Aroeiras, Umbuzeiro, Congo,
Natuba, Sumé, São José dos Cordeiros, Grupos que indicaram: Flora, Mamíferos,
Puxinanã, Pocinhos, Campina Grande. Répteis/Anfíbios e Biota Aquática.
Importância biológica: Extrema.
23 - BUÍQUE/VALE DO IPOJUCA
Hábitats mais expressivos: Caatinga
arbustiva aberta. Localização: PE: Capoeiras, São Bento do
Una, Belo Jardim, Sanharó, Jataúba,
Justificativa: Área rica em espécies
Poção, Pesqueira, Alagoinha, Venturosa,
endêmicas e um ambiente especial em
Pedra, Arcoverde, Buíque, Águas Belas,
processo de desertificação. Apresenta uma
Tupanatinga, Iati, Saloá, Paranatama,
vegetação arbustiva aberta, chegando em
Caetés, Venturosa, Sertânia.
alguns casos a constituir-se em uma
caatinga nanificada. Presença de espécies Importância biológica: Extrema.
endêmicas de abelhas. Área com Hábitats mais expressivos: Caatinga
cabeceiras de rios e endemismo de peixes. arbustiva-arbórea.
O rio Natuba é um manancial hídrico com Justificativa: A área apresenta dois
significativo aporte de água para a bacia subconjuntos: 1- englobando diversos
do rio Paraíba. municípios do Vale do Ipojuca, onde
Ação recomendada: Proteção integral. ocorrem diferentes fitofisionomias de

358
caatinga e florestas estacionais associadas; potencial desta área que inclui um enclave
2 - Buíque. Na primeira ocorrem diversas mésico com importante refúgio para as
espécies endêmicas à caatinga como: Giba populações de mamíferos durante o
glaziori (O. Kuntze) K. Schum (Bom- período de seca.
bacaceae) e Cnidoscolus quircifolus Ação recomendada: Proteção integral.
(Euphorbiaceae). Podemos citar ainda a
Prazo de ação: Curto prazo.
presença de diversas espécies raras em
áreas de caatinga como: Randia nitida Grupos que indicaram: Flora, Aves e
(SW.) DC., Alsis floribunda Schott Mamíferos.
(Rubiaceae), Cedrela odorata L.
(Meliaceae), entre outras. Na segunda área 25 - SERRA TALHADA
há registro de diversas espécies com
Localização: PE: Serra Talhada.
distribuição endêmica restrita como:
Oxandra reticulata Mart. (Armonaceae), Importância biológica: Muito alta.
Dyckia limae L.B. Sm. (Bromeliaceae) e Hábitats mais expressivos: Caatinga
Euphorbia sp. nov. No que diz respeito aos arbustiva-arbórea.
mamíferos, a área foi sugerida como de Justificativa: Trata-se de uma área com
provável importância, apesar da ausência vegetação arbustiva-arbórea, e presença de
de coletas, uma vez que apresenta baixa inúmeras espécies endêmicas à área de
alteração na cobertura vegetal e ausência caatinga como: Rallinia leptopetal
de núcleos de desertificação. Nas duas (Armonaceae), Pseudobonileae margi-
áreas há ocorrência de espécies raras de naturri (A. St. Hil.) (Bombacaceae),
abelhas e prováveis endemismos. Helicteres mollis (Sterculiaceae), Harrisia
Ação recomendada: Proteção integral. odsceudus (Bitt & Rose) (Cactaceae) e
Prazo de ação: Curto prazo. Encholirum apectabile (Mart. & Schul.)
(Bombacaceae).
Grupos que indicaram: Flora, Mamíferos,
Répteis/Anfíbios e Invertebrados. Ação recomendada: Proteção integral.
Prazo de ação: Urgente.
Grupos que indicaram: Flora.
24 - SERRA DO CARIRI
Localização: PB: Imaculada, Água Branca,
Juru, Princesa Isabel, Tavares; PE: São José 26 - SERRA NEGRA
do Egito, Santa Terezinha, Tabira, Solidão, Localização: PE: Floresta, Petrolândia,
Afogados da Ingazeira, Carnaíba, Quixadá, Tacaratu, Inajá, Ibimirim.
Flores, Triunfo. Importância biológica: Extrema.
Importância biológica: Muito alta. Hábitats mais expressivos: Caatinga
Hábitats mais expressivos: Caatinga arbustiva alta e densa.
arbórea em serras. Justificativa: Ocorrência de espécies de
Justificativa: Serras limítrofes entre Paraíba aves endêmicas (Megaxenops parnague,
e Pernambuco, com um conjunto florístico Penelope jacucaca, Gyalophylax
distinto das caatingas de áreas planas e hellmayri e Carduelis Yarrelli). Ocorrência
presença de espécies da flora endêmicas de fenômeno biológico, a exemplo de
restritas a área. Local usual de reprodução reprodução de Zenaida auriculata. Em
de avoantes (Zenaida auriculata). Parte da termos de plantas de caatinga, podemos
área (municípios de Triunfo e Princesa citar diversas espécies endêmicas, com
Isabel) foi inventariada para pequenos distribuição restrita a áreas sedimentares
mamíferos terrestres pelo Serviço Nacional como: Pavonia glazioviana (Malvaceae),
da Peste na década de 50. Foi detectada a Pelosocereus pachycladus, P. pentae-
presença de duas espécies endêmicas da drophorus (Cactaceae) e Jatropha
Caatinga e uma riqueza de espécies mutabilis (Euphorbiaceae) e um gênero
expressiva. Estas informações sugerem o endêmico em Floresta (Telmatophila).

359
Ação recomendada: Proteção integral. núcleo de desertificação nas áreas
Prazo de ação: Urgente. localizadas em Pernambuco. Existe a
contaminação de produtos químicos nos
Grupos que indicaram: Flora e Aves.
lençóis freáticos. Desmatamento e
queimadas no entorno das zonas de
27 - XINGÓ recarga. Superexploração dos aqüíferos.
Localização: BA: Santa Brígida, Glória, Ação recomendada: Proteção integral.
Paulo Afonso; PE: Petrolândia; SE: Canindé Prazo de ação: Curto prazo.
do São Francisco, Poço Redondo; AL: Grupos que indicaram: Flora, Répteis/
Piranhas, Olho D’Água do Casado, Delmiro Anfíbios e Invertebrados.
Gouveia.
Importância biológica: Extrema.
29 - RASO DA CATARINA
Hábitats mais expressivos: Caatinga
Localização: BA: Jeremoabo, Canudos,
arbustiva com relictos de caatinga arbórea. Glória, Macururé, Santa Brígida, Paulo
Justificativa: Ocorrência de Ara maracana, Afonso.
espécie ameaçada de extinção. Importância biológica: Extrema.
Remanescentes de caatinga arbórea com
Hábitats mais expressivos: Caatinga sobre
muitas espécies endêmicas da Caatinga:
areia e relevo plano (tabuleiro) com vegetação
Capparis cynophalophora, Capparis
predominantemente arbustiva densa.
jacobinae. Presença de áreas areníticas
com flora própria. Trata-se de uma Justificativa: Principal área de reprodução
comunidade especial, por ocorrer e alimentação de Anodorhynchus leari,
caatingas arbustivas no cânion do rio. espécie globalmente ameaçada de
Ocorrência de 33 espécies de lagartos e extinção. Presença de pelo menos mais
serpentes, dentre as quais destacam-se duas aves ameaçadas (Gyalophylax
duas espécies de distribuição relictual hellmayri e Herpsilochmus pectoralis).
(Tropidurus cocorobensis e Psilophtalmus Área de ocorrência de uma espécie ainda
paeminosus) e uma espécie nova do não descrita de cutia (Dasyprocta sp. n.)
gênero Mabuya. provavelmente restrita ao Raso da Catarina
e entorno. Espécies endêmicas da
Ação recomendada: Proteção integral.
ictiofauna. Espécies vegetais endêmicas da
Prazo de ação: Urgente. Caatinga com distribuição restrita:
Grupos que indicaram: Flora, Aves, Répteis/ Balfourodendron sp. (Rutaceae) e
Anfíbios e Invertebrados. Calliandra aeschynomoides Benth
(Leguminosae), conhecida somente em
duas localidades. Área com baixa ocupação
28 - RODELAS humana e com registro de captura ilegal
Localização: BA: Rodelas, Glória, de animais.
Chorrochó, Macururé, Abaré; PE: Floresta, Ação recomendada: Proteção integral.
Itacuruba, Belém de São Francisco,
Prazo de ação: Urgente.
Petrolândia.
Grupos que indicaram: Flora, Aves,
Importância biológica: Alta.
Mamíferos, Biota Aquática e Invertebrados.
Hábitats mais expressivos: Caatingas
abertas e arbóreas.
30 - MONTE ALEGRE
Justificativa: Abriga espécies endêmicas
(Amphisbaena arenaria) e relictuais Localização: SE: Monte Alegre de Sergipe,
(Tropidurus cocorobensis). Limite sul da Poço Redondo, Porto da Folha, Nossa
distribuição da abelha sem ferrão Melipona Senhora da Glória.
subnitida (Castro, não publicado). Engloba Importância biológica: Alta.
os solos arenosos do Raso da Catarina ao Hábitats mais expressivos: Caatinga
sul do Rio São Francisco. Presença de arbustiva, relictos de caatinga arbórea.

360
Justificativa: Presença de uma espécie de cas de peixes anuais, de ocorrência restrita
primata (Callicebus sp.) ainda não a ambientes de poças temporais, e cuja
identificada. As duas formas deste gênero reprodução constitui fenômeno biológico
para a Caatinga têm distribuição restrita. Isto, especial.
aliado à devastação da área diminuiu em Ação recomendada: Proteção integral.
muito suas populações justificando medidas
Prazo de ação: Urgente.
para a proteção das populações
remanescentes. Na área também ocorrem Grupos que indicaram: Flora, Aves, Répteis/
Penelope jacucaca e Crypturellus noctivagus Anfíbios e Biota Aquática.
zabele, aves endêmicas do bioma.
Ação recomendada: Proteção integral. 33 – PETROLINA
Prazo de ação: Curto prazo. Localização: Petrolina (PE), Casa Nova (BA).
Grupos que indicaram: Aves, Mamíferos e Importância biológica: Muito alta.
Invertebrados.
Hábitats mais expressivos: Caatinga
arbustiva-arbórea.
31 - DOMO DE ITABAIANA Justificativa: Área tradicional de reprodução
Localização: SE: Itabaiana, Campo do de Zenaida auriculata com ocorrência de
Brito. grandes mamíferos. Apresenta baixa
Importância biológica: Alta. pressão antrópica. Entre as plantas
endêmicas restritas às áreas com
Hábitats mais expressivos: Mosaico
sedimentos arenosos podemos citar:
florístico com existência de componentes
Bombacopsis retusa (Mart & Zucc),
da Caatinga.
Pseudobombax simplicifolium, (Bomba-
Justificativa: Área com espécies endêmicas caceae), Anamaria heterophylla (Giulietti
de anfíbios, alta diversidade de hábitats, & F.C. Souza) (Scrophulariaceae), Piriqueta
áreas de altitudes únicas na região, contato duarteana (Turneraceae).
entre Mata Atlântica/Caatinga. Presença de
Ação recomendada: Proteção integral.
espécies simpátricas. Distribuição relictual
do lagarto Tropidurus hygomi. Espécie Prazo de ação: Urgente.
vegetal endêmica restrita (Actinocephalus Grupos que indicaram: Flora.
dardanoi) e ocorrência de Pilosocereus
pentaedophorus.
Ação recomendada: Proteção integral. 34 - OESTE DE PERNAMBUCO

Prazo de ação: Curto prazo. Localização: PE: Afrânio, Dormentes, Santa


Cruz, Parnamirim, Ouricuri; PI: Queimada
Grupos que indicaram: Répteis/Anfíbios e
Nova, Paulistana.
Flora.
Importância biológica: Alta.

32 – CURAÇÁ Hábitats mais expressivos: Caatinga


arbustiva-arbórea.
Localização: PE: Santa Maria da Boa Vista,
Orocó, Petrolina, Cabrobó; BA: Curaçá, Justificativa: Trata-se de uma área
Juazeiro. tradicional de migração e reprodução da
avoante Zenaida auriculata e área de
Importância biológica: Extrema.
migração da tesourinha Tyrannus savanna.
Hábitats mais expressivos: Caatinga Apresenta várias espécies vegetais
arbustiva-arbórea. endêmicas e de distribuição restrita, como
Justificativa: Área de ocorrência de espécies Godmania dardanai J. C. Gomes
restritas e de desertificação. Ocorrência de (Bignoniaceae) e Anemopegna ataide
Cynopsita spixi, espécie de ave ameaçada Gentry (Bignoniaceae), além de um
de extinção e de Ara maracana (espécie conjunto florístico particular onde podemos
endêmica). Presença de espécies endêmi- destacar Tabebuia spongiosa Rizzini

361
(Bignoniaceae) e Fraunhofera multiflora Vicente. Criação de APA em todo o
(Celastraceae). perímetro do Parque.
Ação recomendada: Proteção integral. Ação recomendada: Proteção integral.
Prazo de ação: Urgente. Prazo de ação: Urgente.
Grupos que indicaram: Flora, Répteis/ Grupos que indicaram: Flora, Aves,
Anfíbios e Aves. Mamíferos, Répteis/Anfíbios e Invertebrados.

35 - PARQUE NACIONAL 36 - CORREDOR ECOLÓGICO


SERRA DA CAPIVARA SERRA DA CAPIVARA/
Localização: PI: São João do Piauí, Coronel SERRA DAS CONFUSÕES
José Dias, São Raimundo Nonato, Canto Localização: Canto do Buriti (PI).
do Buriti.
Importância biológica: Muito alta.
Importância biológica: Extrema. Hábitats mais expressivos: Contato savana/
Hábitats mais expressivos: Presença de um savana estépica/floresta estacional.
mosaico de cinco fisionomias vege- Justificativa: Área atualmente preservada.
tacionais, todas pertencentes à Caatinga. Alta pressão antrópica somente ao sul do
Chapada recortada de canyons. corredor proposto, com um avanço dessas
Justificativa: Pressão antrópica média (caça pressões prevista para um futuro breve.
no interior do Parque, fogo e desma- Este corredor assegurará a conexão entre
tamentos no entorno com ameaças ao os Parques Serra da Capivara e Serra das
Parque). Alta riqueza de espécies de aves, Confusões, permitindo o fluxo gênico de
com levantamento recente (Olmos, 1993). populações de animais e vegetais.
Presença de espécies de aves desa- Ação recomendada: Proteção integral.
parecidas de outras regiões (Ara Prazo de ação: Urgente.
chloroptera) e globalmente ameaçadas
Grupos que indicaram: Flora e Aves.
(Ara maracana, Picumnus fulvescens,
Xiphocolaptes falcirostris, Gyalophylax
hellmayri, Megaxenops parnaguae, 37 - PARQUE NACIONAL
Carduellis yarrelli). Área de grande SERRA DAS CONFUSÕES
extensão, com populações de mamíferos Localização: PI: Canto do Buriti, Caracol,
globalmente ameaçados (Panthera onca, Anísio de Abreu, Cristino Castro.
Puma concolor, Myrmecophaga
Importância biológica: Extrema.
tridactyla, Tolypeutes tricinctus,
Hábitats mais expressivos: Caatinga
Leopardus pardalis, Leopardus wiedii,
arbórea, arbustiva, mata seca, cerrado.
Leopardus tigrinus). Populações relictuais
de lagartos do gênero Enyalius. Elevada Justificativa: Área de contato caatinga,
diversidade de anfíbios e répteis, com cerrado e mata seca com alto potencial
populações relictuais da espécie Caiman biológico para aves e demais grupos
crocodylus. 75% das espécies de flora da zoológicos. Área de 500.000 hectares com
Caatinga ocorrem na região sudeste do fauna ainda pouco estudada. Presença já
Piauí, inclusive no PARNA. Floresta registrada de espécies ameaçadas como
semidecidual no interior dos canyons com Panthera onca, Puma concolor,
espécies relictuais da Amazônia adaptadas Myrmecophaga tridactyla, Tolypeutes
ao semi-árido. Água subterrânea em bacias tricinctus, Priodontes maximus. Baixa
sedimentares. Presença de mais de 400 densidade demográfica e bom estado de
sítios arqueológicos com pinturas conservação da vegetação.
rupestres. Ação recomendada: Proteção integral.
Ações Recomendadas: Ampliação da área Prazo de ação: Urgente.
do PARNA para leste, englobando toda a Grupos que indicaram: Flora, Aves e
Serra da Capivara/Talhada e a Lagoa de São Mamíferos.

362
38 - SENTO SÉ (Eriocaulaceae), Chamaecrista brevicalyx
Localização: BA: Sento Sé, Casa Nova. var. elliptica (Leguminosae) e Lippia
harleyi (Verbenaceae). Além disso, há
Importância biológica: Alta.
muitas espécies raras e endêmicas da
Hábitats mais expressivos: Caatinga sobre Caatinga e que são conhecidas de apenas
rochas e dunas.
duas localidades, uma das quais na região
Justificativa: Área de dunas relictuais com de Delfino. Alguns exemplos são Alvi-
inúmeras espécies de anfíbios e répteis miantha tricamerata (Rhamnaceae),
endêmicas, com relação de parentesco Hypenia longicaulis (Labiatae), Piriqueta
próximas às do campo de dunas de Xique- dentata e Piriqueta asperifolia (Turnera-
xique (Apostolepis arenarius; Amphis- ceae). Há falta de informações relacionadas
baena frontalis; Procellosaurinus a grupos zoológicos devido, provavelmente,
tetradactylus). A área também apresenta à ausência de excursões para inventário
incidência de espécies vegetais endêmicas faunístico na área. No entanto, uma única
como: Calliandra squamosa Benth.; coleta realizada há um ano revelou uma
Calliandra leptopoda; Calliandra provável nova espécie de Anura e duas
macrocalyx var. macrocalyx; Mimosa novas espécies de Diptera. A área de
setuligera; Pavonia glazioviana; Syagrus Delfino é relativamente bem preservada
microphylla; Heteranthera seubertiana; mas o ecossistema é muito frágil. Além
Apterokarppos gardneri; Evolulus disso, apresenta ameaças relacionadas ao
speciosus; Ipomaea longistaminea; desenvolvimento de garimpos, retirada de
Melocactus zehntneri, Melocactus areia para construção e, mais recen-
pachycanthus spp. Pachycanthus, e temente, de plantações de maconha. Este
principalmente espécies endêmicas da área conjunto de dados justifica a reco -
Tabebuia selachidentata (Bignoniaceae). mendação da área como de extrema
Ação recomendada: Proteção integral. importância biológica e como uma área
Prazo de ação: Curto prazo. prioritária para inventários florístico e
faunísticos.
Grupos que indicaram: Flora, Répteis/
Anfíbios e Aves. Ação recomendada: Proteção integral.
Prazo de ação: Curto prazo.
Grupos que indicaram: Flora.
39 - DELFINO
Localização: BA: Umburanas, Campo
Formoso, Sento Sé. 40 - SENHOR DO BONFIM
Importância biológica: Extrema. Localização: BA: Senhor do Bonfim, Monte
Hábitats mais expressivos: Caatinga de Santo, Uauá, Filadélfia, Itiúba, Cansanção,
areia com afloramentos de arenito e áreas Jaguarari, Andorinha, Antônio Gonçalves.
ecotonais entre caatinga e campo rupestre. Importância biológica: Extrema.
Justificativa: Esta área apresenta Hábitats mais expressivos: Caatinga.
características únicas dentro do bioma de Justificativa: Endemismos de plantas,
Caatinga. Representa o extremo norte da destacando-se o gênero Mcvalghia com
formação da Chapada Diamantina já uma única espécie, M. bahiana, exclusiva
bastante erodida, o que propicia a desta região, além das espécies Senna
formação dos ecótonos entre caatinga e martiana, Chloroleucon extortum,
campos rupestres, sobre solo arenoso. Há Melocactus bahiensis ssp bahiensis
uma elevada incidência de espécies de facispinosus, Espostoopsis dybowski,
plantas com distribuição extremamente Rhamnidium molle e de uma espécie nova
restrita a essa área como, por exemplo, da família Glomaceae (Fungi). A área serve
Hyptis pinheiroi, Hyptis brightonii, Eriope também de referência regional devido à
sp. nov. (Labiatae), Syngonanthus harleyi, importância zoogeográfica de aves
Syngonanthus curralensis var. curralensis coletadas no início do século. É uma região

363
sujeita a desmatamentos, caça e Glischrothamnus, G. ulei: Molluginaceae;
mineração, contida dentro das áreas Mimosa glaucula, Mimosa xiquexiquensis
alteradas da Caatinga, identificadas pelo e Pterocarpus simplicifolius – espécie
grupo de biodiversidade da UFPE. As áreas ameaçada: Leguminosae; Apodanthera
de degradação ambiental devem-se ao succulenta: Curcurbitaceae; Argyroverno-
cultivo de sisal (Agave sp.) e retirada de nia harleyi: Compositae; Piriqueta
madeira para a produção de carvão. assuruensis e Piriqueta densiflora var.
Ação recomendada: Proteção integral. densiflora: Turneraceae; Pilosocereus
tuberculatus: Cactaceae; Eugenia sp. nov.:
Prazo de ação: Curto prazo.
Myrtaceae, e outras), algumas ainda
Grupos que indicaram: Flora, Aves,
inéditas para a ciência e sete espécies
Mamíferos e Biota Aquática.
endêmicas do bioma da Caatinga. Na
Lagoa de Itaparica, encontra-se um
ambiente especial de tabuleiro com alta
41 - MÉDIO SÃO FRANCISCO densidade de carnaúba (Copernicia
Localização: BA: Gentio do Ouro, Xique- prunifera: Palmae), que merece proteção.
Xique, Itaguaçú da Bahia, Pilão Arcado, A fauna de répteis local é caracterizada por
Sento Sé, Barra, Remanso. quatro gêneros endêmicos de lagartos
(Calyptommatus, Nothobachia, Psi-
Importância biológica: Extrema.
lophthalmus e Procelosaurinus:
Hábitats mais expressivos: Dunas, caatinga Gymnophthalmidae) e pelo menos 24
arbórea, caatinga arbustiva, brejos, matas espécies endêmicas de lagartos, serpentes
de galeria, cerrado de altitude, carnaubais, e cobra-de-duas-cabeças (Calyptommatus
rios permanentes e temporários. leiolepis, C. sinebrachiatus, C. nicterus,
Justificativa: A área abrange duas unidades Nothobachia ablephara, Psilophthalmus
de conservação: a APA das Dunas e Veredas paeminosus, Procellosaurinus tetra-
do Baixo-Médio Rio São Francisco e a APA dactylus, P. erythrocerchus: Gymno-
da Lagoa de Itaparica, com área superficial phthalmidae; Tropidurus amathites,
de cerca de 5.000km2. A delimitação aqui T. divaricatus, T. psammonastes, T. pinima,
apresentada mantém as áreas supracitadas T. erythrocephalus: Tropiduridae;
e propõe uma pequena ampliação desses Cnemidophorus sp. nov.1, C. sp. nov. 2,
limites de modo a incluir faixas também Ameiva sp. nov.: Teiidae; Amphisbaena
de extrema importância biológica. Os hastata, A. ignatiana, A. frontalis, A. sp.
argumentos para a proposta dos novos nov.: Amphisbaenidae; Apostolepis
limites levam em consideração que esta arenarius, A. gaboi, A. sp. nov., Phimophis
região representa a área de maior grau de chui, P. scriptorcibatus: Colubridae), muitas
endemismos da Caatinga. Apresenta delas com marcadas adaptações para a
características especiais dentro do domínio vida subterrânea, representando a maior
morfoclimático da Caatinga, ocorrendo em diversidade deste segmento da fauna na
região com depósitos aluviais do médio Caatinga. As áreas incluídas nas margens,
São Francisco que constituem relevo direita e esquerda, do rio São Francisco
ondulado e dunas com morfologia de típica abrigam espécies irmãs. A Ilha do Gado
a tênue e matas ciliares nos rios Icatu e Bravo é outro núcleo de endemismo com
São Francisco, além de outros espécies próprias. Das 44 espécies de
ecossistemas de baixios e serras. lagartos presentes no bioma caatinga, 41
A vegetação é bem preservada e possui estão representadas na área aqui proposta.
fisionomias únicas dentro do bioma Estão presentes ainda duas espécies
Caatinga, com formação de moitas densas endêmicas de mamíferos (Proechimys
com áreas intermediárias desnudas. Além yonenagae e Trichomys sp. nov.:
disso, há uma alta riqueza de espécies Echimyidae), uma das quais com avançado
endêmicas da região com, pelo menos, 12 grau de modificação morfológica para a
espécies e um gênero endêmico (gênero vida em dunas, convergentemente com

364
roedores de desertos. As várzeas presentes arbórea e arbustiva.
na região possibilitam a preservação de Justificativa: Esta é uma das três
populações relevantes das formas primitivas localidades conhecidas do primata
de aves do médio São Francisco e as lagoas Callicebus barbarabrownae. Uma das
temporárias são importantes sítios outras duas localidades, Lamarão,
reprodutivos para a ictiofauna local. A fauna encontra-se completamente alterada e
de Arthropoda da região também apresenta sobre a terceira localidade não há
características especiais, com endemismos informação. Sendo os primatas bastante
de Solifugae, Pseudoscorpiones, Araneae, susceptíveis a alterações antrópicas, são
Coleoptera e Hymenoptera (Formicidae e necessárias medidas urgentes para a
Apoidea), entre os até então estudados. Nas conservação desta forma.
dunas do rio São Francisco existe alta
Ação recomendada: Proteção integral.
densidade da espécie Copaifera
luetzelburgii, único sítio de nidificação Prazo de ação: Urgente.
utilizado pelas abelhas sociais nativas nas Grupos que indicaram: Mamíferos.
dunas da margem esquerda.
Ação recomendada: Proteção integral. 44 - CARSTE DE IRECÊ
Prazo de ação: Urgente.
Localização: BA: Irecê, Juçara, Presidente
Grupos que indicaram: Flora, Aves, Dutra, São Gabriel, Central, Uibaí, Ibititá,
Mamíferos, Répteis/Anfíbios e Inverte- Lapão, América Dourada, João Dourado.
brados.
Importância biológica: Muito alta.
Hábitats mais expressivos: Caatingas sobre
42 – IBOTIRAMA
solos calcáreos, argiláceos.
Localização: BA: Ibotirama, Morpará,
Xique-Xique, Barra. Justificativa: Incidência de táxons
endêmicos da flora: Melocactus azureus
Importância biológica: Extrema.
spp. azureus, Melocactus pachyacanthus
Hábitats mais expressivos: Rio São ssp. viridis. Espécies endêmicas da
Francisco, várzea do rio São Francisco. Caatinga: Mimosa ophthalmocentra,
Justificativa: Alta diversidade de peixes, Cratylia mollis, Mimosa campicola var.
tanto em nível de espécies quanto filética. planipes (Leguminosae).
Presença de várias espécies endêmicas e Ação recomendada: Proteção integral.
algumas raras, bem como de comunidades
Prazo de ação: Curto prazo.
especiais, principalmente em poças
temporárias, onde predominam espécies Grupos que indicaram: Flora.
anuais. A vegetação das margens do rio
São Francisco encontra-se bastante 45 - MORRO DO CHAPÉU
alterada estando submetida a fortes
Localização: Morro do Chapéu (BA).
pressões antrópicas.
Ação recomendada: Proteção integral. Importância biológica: Extrema.
Prazo de ação: Urgente. Hábitats mais expressivos: Áreas ecotonais
entre caatinga, florestas estacionais,
Grupos que indicaram: Aves e Biota
campos rupestres e campos cerrados
Aquática.
(“gerais”).
Justificativa: A área proposta apresenta um
43 – IBIPEBA
tipo vegetacional único na Caatinga e
Localização: BA: Barra do Mendes, Ibipeba, ausente nas unidades de conservação,
Gentio do Ouro, Itaguaçu da Bahia, Ibititá, representando algumas das áreas mais
Uibaí. elevadas de caatinga, onde forma ecótonos
Importância biológica: Extrema. com campos rupestres, matas estacionais
Hábitats mais expressivos: Caatinga e campos cerrados, localmente conhecidos

365
como “gerais”. Há elevada diversidade de Além disso, há espécies endêmicas de
táxons endêmicos de plantas. Pode-se citar plantas paludosas como Heterantia
como exemplo: Apodanthera villosa decipiens (Solanaceae), Anamaria
(Cucurbitaceae), Euphorbia appariciana heterophylla e Monopera micrantha
(Euphorbiaceae), Chamaecrista arboeae, (Scrophulariaceae). Nas áreas pedregosas
Mimosa mensicola, Mimosa morroënsis há espécies endêmicas de cactáceas
(Leguminosae) e Prepusa montana como, por exemplo, Pilosocereus
(Gentianaceae). Com relação a glaucochrous e Melocactus glaucescens.
vertebrados, há um táxon endêmico de A avifauna apresenta elevada riqueza e há
mamífero, o roedor Proechimys albispinus registros de espécies ameaçadas como,
minor, restrito a uma pequena área do topo por exemplo, Aratinga auricapilla, Ara
do Morro do Chapéu. Há também, muitas maracana, Gyalophylax hellmayri,
espécies endêmicas de lagartos e anuros, Megaxenops parnaguae, Herpsilochmus
como, por exemplo, Tropidurus pectoralis e Formicivora iheringi.
erythrocephalus e uma nova espécie do Espécies endêmicas de lagartos incluem
gênero Gymnodactylus. As coleções do Tropidurus erythrocephalus e Gymno-
Museu de Zoologia da USP documentam dactilus sp.
outras espécies endêmicas ainda não Ação recomendada: Proteção integral.
descritas para a área. Além dos dados
Prazo de ação: Médio prazo.
biológicos, é importante ressaltar que esta
Grupos que indicaram: Flora, Aves, Répteis/
área protege a nascente do rio Salitre ou
Anfíbios e Biota Aquática.
Vereda da Tábua. A categoria proposta para
a unidade é a de Parque Nacional e a área
é, provavelmente, de terras devolutas, o que 47 - ITAETÊ / ABAÍRA
significa uma menor dificuldade de Localização: BA: Andaraí, Boninal, Mucugê,
implantação da unidade. Itaeté, Abaíra, Seabra, Piatã, Palmeiras,
Ação recomendada: Proteção integral. Lençóis, Ibicoara.
Prazo de ação: Médio prazo. Importância biológica: Extrema.
Grupos que indicaram: Flora, Répteis/ Hábitats mais expressivos: Caatingas
Anfíbios e Mamíferos. arenosas e rochosas, áreas pantanosas e
regiões ecotonais de caatinga com mata
46 – BONITO seca, mata de altitude e campo rupestre.

Localização: BA: Bonito, Cafarnaum, Justificativa: A área inclui as nascentes e


Lençóis, Morro do Chapéu, Utinga, Wagner, parte dos vales dos rios Paraguaçu,
Palmeiras, Iraquara, Mulungu do Morro. Palmeiras e Santo Antônio, e possui grande
interesse biológico, tanto pelos ende-
Importância biológica: Muito alta.
mismos marcantes quanto por fenômenos
Hábitats mais expressivos: Caatinga biológicos especiais. Dentre estes se
arbustiva com poucas áreas serranas onde destacam a existência de afloramentos e
há ecótonos caatinga-mata estacional e cavernas calcárias propiciando a existência
baixada pantanosas. de uma ictiofauna especial cavernícola e
Justificativa: A área apresenta grande endêmica, o que inclui toda uma subfamília
número de espécies endêmicas e um de Trichomycteridae. Outro fenômeno
fenômeno biológico especial que é parte biológico especial é a existência de lagoas
norte dos “marimbus”, grande área temporárias e extensas áreas pantanosas,
pantanosa referida como “pantanal da conhecidas localmente como “marimbus”
Chapada Diamantina”. A área dos ou como o “pantanal da Chapada
marimbus apresenta grande importância Diamantina”. A fauna terrestre apresenta
para a manutenção de populações de espécies endêmicas restritas de mamíferos
espécies endêmicas de peixes e de como, por exemplo, duas espécies de
populações de aves locais e migratórias. roedores, incluindo Thrichomys apere-

366
oides e Oryzomys sp. A avifauna apresenta 48 - RUI BARBOSA
elevada riqueza de espécies e há registros Localização: BA: Ruy Barbosa, Itaberaba,
de espécies ameaçadas como, por Ipirá, Macajuba, Iaçu.
exemplo, Aratinga auricapilla, Ara Importância biológica: Alta.
maracana, Gyalophylax hellmayri,
Hábitats mais expressivos: Caatinga
Megaxenops parnaguae, Herpsilochmus
arbustiva sobre solos arenosos e
pectoralis e Formicivora iheringi. A flora
pedregosos. Afloramentos rochosos de
tem espécies endêmicas restritas como,
rochas sedimentares, associadas com
por exemplo, Apodanthera hatschbachii
áreas de transição a mata semidecidual nas
(Cucurbitaceae), Auxemma glazioviana
altitudes maiores.
(Boraginaceae), Blanchetiodendron
Justificativa: Incidência de táxons endê-
blanchetii, Cratylia bahiensis (Legu-
micos com um gênero novo não descrito
minosae), Arrojadoa bahiensis, Melo-
da família Violaceae; Acacia kallunkiae
cactus glaucescens (Cactaceae),
(Leguminosae); Salvia sp. nov. (Labiatae)
Anamaria herterophylla, Monopera
não descrita. Presença de algumas
micrantha (Scrophulariaceae), Heterantia
espécies de peixes endêmicas e de
decipiens (Solanaceae), Dalechampia
importância comercial, exploradas pelas
magnibracteata (Euphorbiaceae) e
populações ribeirinhas. A área vem
Syngonanthus mucugensis (Eriocau-
sofrendo pressão devido presença de uma
laceae). Digno de nota é a existência de
pedreira no local.
um gênero endêmico dessa área -
Ação recomendada: Proteção integral.
Rayleya (Sterculiaceae), o qual pode ser
considerado ameaçado de extinção, pois Prazo de ação: Urgente.
existe apenas uma pequena população Grupos que indicaram: Flora e Répteis/
muito próxima da estrada que liga Andaraí Anfíbios.
a Mucugê. A região possui áreas bem
preservadas mas tem pressão antrópica
49 - MILAGRES
derivada de atividades turísticas e
extrativistas. Uma espécie de planta Localização: BA: Milagres, Iaçu, Santa
(Syngonanthus mucugensis) tem Teresinha, Brejões, Nova Itarana, Itatim,
importância econômica atual, pois é fonte Rafael Jambeiro, Ipirá, Itaberaba.
de extrativismo de sempre-vivas. Isso gera Importância biológica: Extrema.
uma demanda para estudos de manejo da Hábitats mais expressivos: Caatinga
área voltados para o ecoturismo e manejo arbórea, afloramentos de gnaisses
das populações de sempre-vivas visando (inselbergues sobre cristalino), lagoas
viabilização de uma atividade econômica temporárias.
sustentável. Outra espécie, que ocorre nas Justificativa: Alta incidência de táxons
matas ciliares em altitudes mais elevadas, endêmicos restritos (Euphorbia sp. nov.
é o mucugê (Couma rigida, Apocyna- affin. E. gymnoclada (Euphorbiaceae);
ceae), cujos frutos são comercializados in Luetzelburgia sp. nov. affin. L. andracde-
natura na época de frutificação. limae (Leguminosae); Maranta zingiberina
É importante ressaltar que esta área conta L. Anderson (Zingiberaceae). Maior riqueza
com duas APAs, uma relacionada ao de espécies de abelhas (Apoidea) da
entorno do Parque Nacional da Chapada Caatinga (98 espécies, com presença de
Diamantina e outra à Serra do Barbado. pelo menos três espécies novas). Presença
Ação recomendada: Proteção integral. de algumas espécies de peixes endêmicas.
Presença do conjunto de inselbergues e
Prazo de ação: Médio prazo. densidade demográfica baixa que favorece
Grupos que indicaram: Flora, Aves, a inclusão de uma UC. Ecótono com Mata
Mamíferos, Répteis/ Anfíbios e Biota Atlântica. Captura e venda ilegal de plantas
Aquática. e animais.

367
Ação recomendada: Proteção integral. lanata L.P. Queiroz; Mimosa
Prazo de ação: Urgente. crumenarioides L.P. Queiroz (Legumi–
nosae); Pilosocereus pentadrophorus (Cels)
Grupos que indicaram: Flora, Biota
Byles & Rowley ssp. robustus Zappi
Aquática e Invertebrados.
(Cactaceae). Espécies endêmicas da
Caatinga: Apodanthera hatschbachii C.
50 – MARACÁS
Jeffrey (Cucurbitaceae); Blanchetiodendron
Localização: BA: Maracás, Jequié, Lafaiete blanchetti (Benth.) Barneby & Grimes
Coutinho, Lajedo do Tabocal, Planaltino. (Leguminosae); Anamaria heterophylla
Importância biológica: Extrema. (Giulietti & Souza) Souza (Scrophulariaceae);
Hábitats mais expressivos: Área ecotonal Neesiochloa barbata (Nees) Pilger
entre caatinga, mata estacional, cerrado e (Gramineae); Piriqueta dentata Arbo,
campo rupestre sobre rochas gnaisses. Piriqueta asperifolia Arbo (Turneraceae),
Melocactus oreas Miquel ssp. cremnophila,
Justificativa: Proteção de bloco significativo
Melocactus glaucescens, Pilosocereus
de Mata de cipó, com possibilidade de
catingicola (Guerke) Byles, Pilosocereus
manutenção de populações relevantes de
glaucochrous (Werderm.) Byles & Rowley
aves: Rhopornis ardesiaca e Formicivora
(Cactaceae); Auxemma glaziovii
iheringi, além da presença de Aratinga
(Boraginaceae); Symplocos hamnifolia
auricapilla, espécie ameaçada. Ecótone
(Symplocaceae); Zanthoxylum
com mais três ecossistemas: mata
hamadryadicum Pirani (Rutaceae);
estacional, cerrado e campos rupestres.
Pilocarpus trachylophus Holmes
Ação recomendada: Proteção integral. (Rutaceae); Apodanthera glaziovii Cogn.
Prazo de ação: Urgente. (Cucurbitaceae); Gomphrena desertorum
Grupos que indicaram: Flora, Aves, Biota Mart. var. rhodantha (Moq.) Stuchlik
Aquática e Invertebrados. (Amaranthaceae); Diatenopterix grazielae
(Sapindaceae), Calliandra leptopoda
51 - LIVRAMENTO DO BRUMADO Benth., Calliandra spinosa Ducke
(Leguminosae); Orbignya brejinhoensis
Localização: Livramento do Brumado (BA).
(Arecaceae); Syagrus vagans (Arecaceae).
Importância biológica: Alta. Primeiro registro da abelha Epicharis na
Hábitats mais expressivos: Caatinga Caatinga. Ecótono com outras formações.
arenosa, zona de contato com mata seca, Presença de espécies raras de abelhas.
cerrado e campo rupestre.
Ação recomendada: Uso sustentável.
Justificativa: Alta incidência de táxons
Prazo de ação: Médio prazo.
endêmicos/restritos: Gênero Rayleya
(Sterculiaceae); Euphorbia appariciana Grupos que indicaram: Flora e Invertebrados.
Rizz. (Euphorbiaceae); Apodanthera villosa
C. Jeffrey (Cucurbitaceae); Prepusa
montana (Gentianaceae); Mimosa 52 - BOM JESUS DA LAPA
mensicola Barneby; Mimosa morroensis Localização: BA: Bom Jesus da Lapa,
Barneby; Mimosa subenervis Benth Paratinga.
(Leguminosae); Hyptis leptostachys Epl. Importância biológica: Extrema.
caatingae Harley (Labiatae); Dichorisandra
gardneri (Commelinaceae); Hyptis Hábitats mais expressivos: Áreas com
tenuithyrsa Harley ined. (Labiatae); predomínio de caatinga arbórea com
Anchietia sp. (Violaceae); Hohenbergia afloramentos calcários e arenitos, incluindo
caatingae Ule var. eximbricata L.B. Sm. & variados tipos de lagoas temporárias.
Reas (Bromeliaceae); Melocactus Justificativa: Existência de caatinga arbórea
bahiensis (Britton & Rose) Lutzelburg com muitos afloramentos de calcário e
subsp. bahiensis forma inconcinnus arenito. Há espécies endêmicas de plantas
Buining & Brederoo) N.P. Taylor; Harpalyce dessa região como, por exemplo,

368
Apodanthera congestiflora (Cucurbitaceae). com muitos afloramentos de arenito. Há
Outras são espécies endêmicas da Caatinga espécies endêmicas de plantas dessa
e raras, ocorrendo em duas ou três pequenas região como, por exemplo, Apodanthera
localidades como, por exemplo, Arachis congestiflora (Cucurbitaceae). Outras são
pusilla, Calliandra leptopoda (Legu- espécies endêmicas da Caatinga e raras,
minosae), Marsdenia zehtneri (Ascle- ocorrendo em duas ou três pequenas
piadaceae), Talisia sp. nov. (Sapindaceae), localidades como, por exemplo, Arachis
Annona vepretorum (Annonaceae) e pusilla, Calliandra leptopoda (Legumino-
Pilosocereus densiaureolatus (Cactaceae). sae), Marsdenia zehtneri (Asclepiadaceae),
Há, também, grande número de lagoas Talisia sp. nov. (Sapindaceae), Annona
temporárias associadas à região de várzeas vepretorum (Annonaceae) e Pilosocereus
do rio São Francisco. Essas lagoas têm uma densiaureolatus (Cactaceae). Apesar de
ictiofauna diversificada com muitas espécies existirem áreas bem preservadas, há forte
de peixes anuais, incluindo espécies pressão antrópica, resultado de atividades
endêmicas e raras como, por exemplo, de agricultura de subsistência, criação de
Cynolebias gilbertoi (Rivulidae) e espécies caprinos e crescimento urbano de Bom
da família Characidae. Muitas dessas espécies Jesus da Lapa associadas ao turismo de
comerciais de peixes são exploradas cunho religioso. Esta é uma área
regularmente pela população. Além dos
considerada de provável importância
peixes, essas lagoas têm uma flora muito
biológica para mamíferos e aves, uma vez
característica, com espécies endêmicas da
que não possui registro de coletas mas
Caatinga, como, por exemplo, Anamaria
apresenta baixa alteração e possibilidade
heterophylla (Scrophularicaeae). Apesar de
de preservação das formas privativas das
existirem áreas bem preservadas, há forte
várzeas do médio São Francisco.
pressão antrópica, resultado de atividades de
agricultura de subsistência, criação de Ação recomendada: Uso sustentável.
caprinos e, principalmente, extração de Prazo de ação: Médio prazo.
calcário. Uma das maiores pressões Grupos que indicaram: Flora, Aves e
antrópicas é o crescimento urbano de Bom Mamíferos.
Jesus da Lapa associado a atividades
turísticas de cunho religioso. Esta é uma área
54 – GUANAMBI
considerada de provável importância
Localização: BA: Guanambi, Palmas do
biológica para mamíferos e aves, uma vez
Monte Alto.
que não possui registros de coletas, mas
apresenta baixa alteração e possibilidade de Importância biológica: Muito alta.
preservação das formas privativas das várzeas Hábitats mais expressivos: Caatinga com
do médio São Francisco. afloramento rochoso e lagoas temporárias.
Ação recomendada: Uso sustentável. Justificativa: Grande diversidade de peixes,
Prazo de ação: Médio prazo. com espécies endêmicas e raras;
comunidades especiais de peixes. Espécies
Grupos que indicaram: Flora, Aves,
Mamíferos, Répteis/ Anfíbios e Biota Aquática. endêmicas de plantas (Hyptis
syphonantha); ecótono com cerrado.
53 - ARREDORES DE Ação recomendada: Proteção integral.
BOM JESUS DA LAPA Prazo de ação: Urgente.
Localização: BA: Bom Jesus da Lapa, Grupos que indicaram: Flora, Biota Aquática
Paratinga, Riacho de Santana. e Invertebrados.
Importância biológica: Alta.
Hábitats mais expressivos: Áreas com 55 - PERUAÇU/JAÍBA
predomínio de caatinga arbórea com Localização: MG: Jaíba, Itacarambi, Manga,
afloramentos de arenito, incluindo variados Matias Cardoso, Januária, Monte Azul,
tipos de lagoas temporárias. Pedras de Maria da Cruz.
Justificativa: Existência de caatinga arbórea Importância biológica: Extrema.

369
Hábitats mais expressivos: Mata seca, também, ameaçadas pela extração de
caatinga arbustiva, várzea do rio São cascalho e brita para construção. É uma
Francisco, e contatos savana estépica/ espécie citada como ameaçada de extinção
floresta estacional. na lista do CITES.
Justificativa: Ocorrência de uma espécie de Ação recomendada: Proteção integral.
ave endêmica da região. Espécies Prazo de ação: Urgente.
ameaçadas de aves e mamíferos. Espécies Grupos que indicaram: Flora.
de aves, mamíferos e peixes endêmicos da
caatinga. Grande diversidade de espécies de
peixes, e comunidades especiais de peixes. 57 - PEDRA AZUL
Ação recomendada: Proteção integral. Localização: MG: Pedra Azul, Almenara,
Prazo de ação: Curto prazo. Mato Verde, Águas Vermelhas, Pedra
Grupos que indicaram: Aves, Mamíferos, Grande, Cachoeira do Pajeú, Divisópolis,
Biota Aquática e Invertebrados. Bandeira: BA: Macarani, Encruzilhada.
Importância biológica: Alta.
56 - VITÓRIA DA CONQUISTA Hábitats mais expressivos: Caatinga sobre
Localização: Vitória da Conquista (BA). afloramentos, caatinga arbustiva e mata de
Importância biológica: Extrema. cipó.
Hábitats mais expressivos: Afloramentos de Justificativa: Espécies de plantas
quartzito no topo do morro do Cruzeiro e endêmicas da Caatinga e de Pedra Azul.
serra do Periperi. Espécies de formigas endêmicas. Provável
Justificativa: Esta área inclui as duas área com grande representatividade de
últimas populações de Melocactus insetos da Caatinga. Espécies de aves
conoideus, uma espécie que chegou à endêmicas, raras e ameaçadas. Ecótone
beira da extinção pelo comércio ilegal. Caatinga/Mata Atlântica.
Atualmente, suas últimas áreas de Ação recomendada: Investigação científica.
ocorrência estão sob forte pressão Prazo de ação: Curto prazo.
antrópica por estarem quase dentro da Grupos que indicaram: Flora, Aves e
cidade de Vitória da Conquista. São, Invertebrados.

ÁREAS PRIORITÁRIAS PARA PESQUISA CIENTÍFICA


As áreas prioritárias para pesquisa curto prazo (atividades turísticas de massa,
científica são aquelas insuficientemente soja e apicultura). Ausência de núcleos de
conhecidas, mas de provável importância desertificação.
biológica. Prazo de ação: Urgente.
Grupos que indicaram: Répteis e Anfíbios.
1 - BACIA DO RIO MEARIM
Localização: MA: Mata Roma, Anapurus, 2 - BAIXO PARNAÍBA
Brejo, Buriti, Chapadinha. Localização: MA: Magalhães de Almeida,
Hábitats: Rio Preto/Bacia do rio Mearim. Araioses; PI: Buriti dos Lopes, Bom
Justificativa: Bacias dos rios Mearim e Princípio do Piauí, Parnaíba.
Preto com ictiofauna desconhecida. Hábitats: Cerrado/caatinga/tabuleiros.
A mastofauna é desconhecida embora a Justificativa: Recursos hídricos superficiais.
análise dos fatores abióticos indique Desmatamento da vegetação ciliar e
provável importância biológica. Pressão assoreamento. Área com espécies de
antrópica presente em região limítrofe a grande interesse econômico e presença de
sudoeste. Baixa pressão antrópica atual na algumas espécies endêmicas. Moderada
região, com tendência de incremento a riqueza de espécies de peixes.

370
Prazo de ação: Urgente. Justificativa: Parte da área proposta se
Grupos que indicaram: Flora e Biota sobrepõe à área indicada para criação de
Aquática. UC pelo Grupo Temático Estratégias de
Conservação.
Prazo de ação: Urgente.
3 - BACIA DO RIO ACARAÚ
Grupos que indicaram: Flora.
Localização: CE: Ipu, Morrinhos, Santana
do Acaraú, Sobral, Massapê, Marco,
Acaraú, Bela Cruz. 7 - INHAMUS
Hábitats: Caatinga e mata ciliar. Localização: CE: Monsenhor Tabosa, Nova
Justificativa: Expressiva bacia hidrográfica Russas, Pedra Branca, Santa Quitéria,
com ausência de dados sobre a diversidade Tamboril, Boa Viagem, Canindé, Crateús,
biológica em geral, principalmente peixes, Independência, Hidrolândia, Itatira,
com aparente baixo endemismo (existe Madalena, Catunda.
apenas um caso reconhecido). Hábitats: Caatinga.
Prazo de ação: Urgente. Justificativa: Esta é uma das áreas
Grupos que indicaram: Flora, Aves, consideradas de provável importância
Mamíferos e invertebrados. biológica que necessita de inventário
mastozoológico, uma vez que não apresenta
registro de coletas, mas apresentou baixa
4 - BACIA DO RIO ANACATIAÇU alteração e ausência de núcleos de
Localização: CE: Irauçuba, Sobral, Miraíma, degradação.
Itapipoca, Amontada. Prazo de ação: Curto prazo.
Hábitats: Caatinga e mata ciliar. Grupos que indicaram: Invertebrados.
Justificativa: Bacia hidrográfica com total
ausência de dados sobre a diversidade 8 – ANGICAL
biológica em geral, principalmente de peixes.
Localização: PI: São Miguel do Tapuio, Pio
Prazo de ação: Curto prazo. IX, Parambu, Pimenteiras; CE: Novo
Grupos que indicaram: Flora. Oriente, Quiterianópolis, Aiuaba.
Hábitats: Carrasco e caatinga.
5 - BACIA DO RIO CURU Justificativa: Estudos de botânica apontam
condições do ambiente físico ainda originais
Localização: CE: Paramoti, Pentecoste, São
e restritas a pequenas manchas que
Gonçalo do Amarante, São Luís do Curu, suportam uma vegetação xerófita. Área de
General Sampaio, Apuiarés, Umirim, contato caatinga/cerrado/floresta, mata seca
Tejuçuoca. (floresta decidual na encosta) com espécie
Hábitats: Caatinga, mata ciliar. em extinção – barriguda-da-caatinga (Ceiba
Justificativa: Área com registro de algumas glaziovii), tatajuba (Chloroflora tinctoria),
espécies, mas necessitando de mais dados uma espécie de látex amarelo usado no
sobre a diversidade biológica de peixes. período colonial para tingimento, no
Nordeste setentrional do Brasil, e hoje quase
Prazo de ação: Curto prazo.
extinta. Presença de vegetação de carrasco
Grupos que indicaram: Mamíferos, Répteis/ sobre o topo plano do planalto, que é um
Anfíbios e Biota Aquática. tipo de vegetação em extinção. O Planalto
da Ibiapaba apresenta relevo dissimétrico
em cuesta, estreita faixa de topo plano (10
6 - BACIA DO RIO CHORÓ km). Solo profundo arenoso com boa
Localização: CE: Chorozinho, Barreira, drenagem. Abriga nascentes cujos cursos
Cascavel, Pindoretama, Aracoiaba, Ocara, se dividem para o Ceará e o Piauí.
Pacajus, Redenção. Prazo de ação: Urgente.
Hábitats: Caatinga e vegetação de Grupos que indicaram: Flora, Mamíferos e
tabuleiro. Biota Aquática.

371
9 - LUÍS GOMES de Dentro, Araruna, Barra de Santa Rosa,
Localização: RN: Luís Gomes, Coronel Solânea, Remígio, Esperança, Pocinhos,
João Pessoa. Bananeiras, Caiçara, Belém, Lagoa de
Hábitats: Caatinga arbórea. Dentro, Cuité, Arara, Serraria, Borborema,
Duas Estradas, Serra da Raiz, Jacaraú.
Justificativa: Presença de caatinga arbórea
ainda preservada, mas com forte pressão Hábitats: Caatinga arbórea.
antrópica, com alta diversidade florística, Justificativa: Região de transição entre as
que suporta populações de Cebus apella caatingas e o agreste e a área do Brejo
presente na área. Presença de fisionomia Paraibano, com a presença de uma espécie
vegetal ausente nas atuais unidades de endêmica. Sem dados para a carac-
terização da diversidade faunística.
conservação.
Fisionomia vegetal não contemplada nas
Prazo de ação: Curto prazo.
unidades de conservação atuais.
Grupos que indicaram: Aves.
Prazo de ação: Urgente.
Grupos que indicaram: Aves e Invertebrados.
10 - SERRA DO MARTINS
Localização: RN: Martins, Portalegre, 13 - VALE DO PIANCÓ
Francisco Dantas. Localização: PB: Piancó, Coremas.
Hábitats: Caatinga arbórea. Hábitats: Caatinga arbustivo-arbórea.
Justificativa: Contato entre a caatinga Justificativa: Presença de caatinga arbustiva
arbórea e arbustiva. A presença de cavernas arbórea densa determinada por uma maior
sugere a presença de uma flora própria. unidade em função do rio Piancó. Presença
Presença de elemento endêmico da de uma espécie de primata cebídeo vivendo
caatinga. em ambiente típico da caatinga. Fisionomia
Prazo de ação: Curto prazo. vegetal não contemplada nas unidades de
Grupos que indicaram: Flora. conservação atuais.
Prazo de ação: Médio prazo.
Grupos que indicaram: Invertebrados.
11 - BACIA DO POTENGI/
PICO DO CABURAÍ
Localização: RN: Angicos, Cerro Corá, 14 - PAUS BRANCOS
Santana do Matos, São Tomé, Lajes, Localização: PB: Manaíra, Santana de
Caiçara do Rio do Vento, Ruy Barbosa, Mangueira.
Riachuelo, Barcelona, Lagoa dos Velhos, Hábitats: Caatinga arbórea densa.
Sítio Novo, Tangará, Santa Cruz, Lages Justificativa: Área ampla com vegetação de
Pintadas, Presidente Juscelino, Lagoa caatinga arbórea densa, floristicamente
Nova, São Paulo do Potengi. pouco conhecida ocupando uma região
Hábitats: Caatinga hiperxerófila. montana no oeste da Paraíba.
Justificativa: Área com poucas espécies de Prazo de ação: Curto prazo.
peixes conhecidas, quase sem dados sobre Grupos que indicaram: Flora .
diversidade. Desconhecimento da
mastofauna local. Presença de caatinga
15 – BETÂNIA
hiperxerófila.
Localização: PE: Custódia, Floresta,
Ação recomendada: Investigação científica. Betânia.
Prazo de ação: Médio prazo. Hábitats: Caatinga arbustiva-arbórea.
Grupos que indicaram: Biota Aquática. Justificativa: Área tradicional de reprodução
e migração de Zenaida auriculata, como
12 – CURIMATAÚ também, de outras espécies de aves, a
Localização: RN: Lagoa d’Anta, Passa e exemplo de Claravis pretiosa.
Fica, Nova Cruz, Serra de São Bento, Monte Prazo de ação: Curto prazo.
das Gameleiras, Japi; PB: Tacima, Cacimba Grupos que indicaram: Flora.

372
16 – MIRANDIBA meleiros: extrativismo predatório com
Localização: Mirandiba (PE). destruição dos hábitats (Castro et al., em
prep.).
Hábitats: Caatinga arbustiva-arbórea.
Prazo de ação: Urgente.
Justificativa: Região de chapada sedi-
mentar de origem cretácea predominando Grupos que indicaram: Flora e Inverte-
vegetação caducifólia espinhosa, com brados.
espécies endêmicas de caatinga como:
Paeppigra procera (Fabaceae), Piptademia 19 - CANTO DO BURITI/BREJAL
obliqua (Mimosaceae), Jatropha mutabilis Localização: PI: Paes Landim, São José do
(Euphorbiaceae) e Caesalpinia micriphylla Peixe, Canto do Buriti, São João do Piauí,
(Caesalpiniaceae). Socorro do Piauí.
Prazo de ação: Curto prazo. Hábitats: Área de contato caatinga/cerrado;
Grupos que indicaram: Flora e Mamíferos. caatinga de Lajedo. Parte terminal da Serra
do Bom Jesus da Gurguéia.
Justificativa: Área com diferenciação
17 - VALE DO SERTÃO CENTRAL
fisionômica importante das existentes nos
Localização: PE: Cabrobó, Terra Nova, PARNAs Serra da Capivara e Serra das
Ouricuri, Santa Maria da Boa Vista, Confusões. Área de maior umidade por
Parnamirim, Santa Cruz, Orocó.
causa de aquíferos mais superficiais.
Hábitats: Caatinga arbustiva-arbórea. Conecta a porção final da Serra do Bom
Justificativa: Área de caatinga relativamente Jesus da Gurguéia com a Serra da
bem preservada segundo o mapa de “Áreas Capivara, sendo por isso utilizada como
alteradas na Caatinga”. Apesar da ausência corredor por espécies de mamíferos de
de inventários faunísticos, a região possui grande porte (Panthera onca, Puma
grande potencial como área de concolor, Tayassu pecari). Ecótone
preservação, havendo sido também caatinga/cerrado/caatinga de Lajedo,
recomendada pelos técnicos do IBAMA e diferenciada de seu entorno.
pesquisadores da EMBRAPA, segundo Prazo de ação: Urgente.
informações de trabalhos de campo Grupos que indicaram: Flora.
desenvolvidos nesta área.
Ação recomendada: Investigação científica.
20 – REMANSO
Prazo de ação: Urgente. Localização: BA: Remanso, Campo Alegre
Grupos que indicaram: Flora e Invertebrados. de Lurdes, Sento Sé, Sobradinho, Pilão
Arcado, Casa Nova, Itaguaçu da Bahia; PI:
Dom Inocêncio.
18 - QUEIMADA NOVA
Hábitats: Caatinga sobre rochas e dunas.
Localização: PI: Coronel José Dias, Lagoa
do Barro do Piauí, Queimada Nova, Dom Justificativa: Presença da espécie endêmica
Inocêncio, Paulistana, Jacobina do Piauí, da área – Piriqueta scabrida – só conhecida
Conceição do Canindé, São João do do tipo coletado em Remanso, em 1907.
Piauí. Apresenta uma flora semelhante à área 16.
Área possui espécies raras de abelhas (por
Hábitats: Caatinga, savana estépica.
exemplo: Euchloropria sp.; Heterosarellus
Justificativa: Pressão antrópica alta no sp.) e está sujeita à pressão dos meleiros:
limite norte. Alta susceptibilidade à extrativismo predatório com destruição de
desertificação. Área tradicional de hábitats. Possui alta susceptibilidade à
reprodução de Zenaida auriculata e de desertificação.
migração de Tyrannus savana. Apresenta
Prazo de ação: Urgente.
espécies raras de abelhas Euchloropria sp.,
Heterosarellus sp., Rhophitulus sp. Grupos que indicaram: Mamíferos e Biota
(Martins 1994). Área sujeita à pressão dos Aquática.

373
21 - GARARU/BELO MONTE estudos para entender a riqueza de
Localização: AL: Pão de Açúcar, Traipu, espécies. Sabe-se de uma espécie de
Palestina, Belo Monte, São José da Tapera, lagarto que deve ocorrer na área e da qual
Jacaré dos Homens; SE: Canindé do São só se conhece o tipo (Anotosaura collaris).
Francisco, Poço Redondo, Porto da Folha, Prazo de ação: Curto prazo.
Gararu; BA: Santa Brígida. Grupos que indicaram: Mamíferos.
Hábitats: Caatinga arbustiva.
Justificativa: Por mecanismo de 24 - ARREDORES DE MARACÁS
compensação pela construção da Localização: BA: Caetanos, Manoel
barragem há espaço para propor criação Vitorino, Barra da Estiva, Contendas do
de unidade de conservação além da área Sincorá, Iramaia, Jequié, Arcoverde,
estar submetida, na porção sul, a grave Mirante, Tanhaçu, Maracás.
processo de desertificação e mostrar alta Hábitats: Caatinga arbórea, matas de cipó
susceptibilidade à desertificação. e caatingas sobre afloramentos rochosos.
Prazo de ação: Curto prazo. Justificativa: Existência das matas de cipó,
Grupos que indicaram: Biota Aquática. ambientes de exceção na Caatinga, com
prováveis endemismos (Apodanhera
22 - LAGARTO/SERRA DA MIABA fasciculata: Curcubitaceae).
Localização: SE: Itabaiana, São Domingos, Prazo de ação: Médio Prazo.
Lagarto, Campo do Brito. Grupos que indicaram: Biota Aquática.
Hábitats: Enclaves de caatinga com floresta
estacional. 25 - LIMITE SUL DA CAATINGA
Justificativa: Área relictual de caatinga Localização: MG: Candiba, Mortugaba,
apresentando espécies vegetais endêmicas Espinosa, Jaíba, Janaúba, Mato Verde,
restritas: Actinocephalus dardanoi, e Monte Azul, Porteirinha, São João da
espécie endêmica da Caatinga: Piloso- Ponte, Varzelândia, Montezuma, Januária,
cereus pentaedophorus. Itacarambi, Manga, Matias Cardoso,
Prazo de ação: Curto prazo. Pedras de Maria da Cruz, Brasília de Minas,
Grupos que indicaram: Biota Aquática. Mamonas; BA: Sebastião Laranjeiras.
Hábitats: Caatinga sobre calcário bambuí;
23 – QUEIMADAS contato floresta estacional decidual-savana
Localização: BA: Conceição do Caité, estépica. Caatinga arbórea e arbustiva.
Várzea Nova, Ponto Novo, Nordestina, Justificativa: Uma das áreas meridionais da
Monte Santo, Euclides da Cunha, São José Caatinga, com bom potencial de
do Jacuípe, Capim Grosso, Mairi, Várzea preservação para espécies ameaçadas ou
da Roça, Capela do Alto Alegre, Pé de endêmicas. Provável importância biológica
Serra, Riachão do Jacuípe, Retirolândia, necessitando de inventário mastozoológico.
São Domingos, Serrinha, Teofilândia, Ecótone com o Cerrado. Ocorrência de
Biritinga, Sátiro Dias, Nova Soure, Ichu, endemismo de invertebrados; suscepti-
Caldeirão Grande, Serrolândia, Caém, bilidade à desertificação. Espécies
Quixabeira, Várzea do Poço, Santaluz, endêmicas da flora: Piranhea securinega
Gavião, Queimadas, Valente, Nova Fátima, (Euphorbiaceae) – espécie restrita a
Várzea Nova, Jacobina, Miguel Calmon, Januária. Espécies endêmicas da Caatinga:
Cansanção, Tucano, Quijingue, Araci. Balfourodendron molle (Rutaceae);
Hábitats: Caatinga e matas deciduais. Zanthoxylum stelligerum (Rutaceae);
Pilosocereus gounellei ssp. zehntneri; P.
Justificativa: Existem poucos dados para a
pachycladus ssp. pachyladus; Crumenaria
caracterização da ictiofauna desta região.
decubens (Rhamnaceae); P. densiareolatus
São conhecidas pelo menos duas espécies
(Cactaceae).
endêmicas da área. A região de cabeceiras
apresenta composição faunística distinta Prazo de ação: Curto prazo.
das outras partes, mas são necessários Grupos que indicaram: Biota Aquática.

374
Recomendações gerais
para políticas públicas
375
André Pessoa
As recomendações do grupo de 5. Estudo integrado, planejamento e
políticas públicas, agrupadas em seis monitoramento das bacias e das
principais linhas de ação, são: microbacias hidrográficas, destacando-
se aí a associação entre agricultura
sustentável, a utilização sustentável dos
solos e dos recursos minerais, o controle
Áreas protegidas, recuperação de áreas
da poluição, a conservação da vegetação
degradadas e ordenamento territorial nativa e a proteção dos recursos hídricos.
1. Conclusão do zoneamento ambiental, 6. Implantação de programa de
executado pelo governo federal em recuperação e de conservação das
articulação com a Agência de matas ciliares e de cabeceiras.
Desenvolvimento do Nordeste – 7. Ampliação da área total protegida por
ADENE, na escala 1:100.000 ou, unidades de conservação na Caatinga
alternativamente, execução do para 10%, no prazo de dez anos,
zoneamento na escala 1:50.000, sobretudo de UCs de proteção integral:
antecipando, assim, uma necessidade 3% nos primeiros cinco anos, 6% em
futura. até sete anos e meio, priorizando-se
2. Realização de zoneamento am- as áreas recomendadas nesse
biental, nas escalas de 1:50.000, de seminário, dada a sua importância para
1:20.000 ou de 1:15.000, em áreas a manutenção da biodiversidade, e
prioritárias para gestão e proteção também por causa da pressão
biorregional indicadas nesse antrópica a que estão submetidas.
seminário. 8. Criação de nova categoria de área
3. Diligência junto ao Instituto Nacional protegida – área de recuperação
de Pesquisas Espaciais – INPE da ambiental, não incluída nos 10% do item
disponibilidade das imagens de satélite 7 e implantação dessa proteção em áreas
para o planejamento e a pesquisa na gravemente afetadas pela desertificação.
Caatinga. 9. Estímulo à participação dos governos
4. Implantação de sistema de monito- estaduais e municipais, bem como do
ramento e de controle permanente do setor privado, na criação de áreas
ordenamento territorial das áreas protegidas nas suas esferas de
protegidas e em recuperação. abrangência.

376
Aprimoramento da gestão de políticas Educação ambiental
públicas de conservação da biodiversidade 1. Desenvolvimento de campanhas,
1. Integração institucional dos órgãos do amplas e permanentes, de conscien-
meio ambiente, Incra, Banco do tização e de mobilização, por
Nordeste e Banco do Brasil, intermédio da mídia, sobre a
Departamento Nacional de Obras importância da preservação ambiental
contra Secas, Agência Nacional das e do uso sustentável dos recursos
Águas, Companhia de Desenvolvi- naturais.
mento do Vale do São Francisco –
2. Programa de divulgação extenso
Codevasf, Agência Nacional de Energia
sobre a importância da água e da
Elétrica – Aneel, Companhia Hidro-
necessidade de sua conservação e
elétrica do São Francisco – Chesf,
utilização sustentável, sobretudo na
ADENE e demais agências que atuam
na Caatinga, com o objetivo de avaliar Caatinga.
os impactos das ações planejadas e 3. Interação entre a preservação
em execução sobre a biodiversidade. ambiental e a saúde pública
2. Implementação e regulamentação do (ocupação predatória, contaminação
Sistema Nacional de Unidades de dos recursos hídricos e dos solos,
Conservação – SNUC. etc.).
3. Execução o novo Código Florestal, 4. Integração do MMA com os governos
com base na proposta aprovada pelo estaduais e municipais, com o
CONAMA. Ministério Público, e com o Poder
4. Reforço da co-participação na gestão Judiciário, para a realização de
e no financiamento da conservação, seminários sobre a legislação
entre os setores público e privado e as ambiental, os quais contem com o
comunidades. envolvimento das curadorias do meio
ambiente e das organizações civis de
5. Criação de programas de manejo e de
direito ambiental.
conservação de solo e da água.
5. Trabalho conjunto dos ministérios do
6. Incentivo à captação de águas pluviais
Meio Ambiente e da Educação para
para o uso múltiplo, e utilização
sustentável de águas de superfície e implementação da educação
subterrâneas. ambiental em todos os níveis de
ensino.
7. Aprovação de legislação e imple-
mentação de políticas que minimizem 6. Integração do MMA com o Ministério
os impactos ambientais de atividades da Saúde, assim como com estados
produtivas, sobretudo as decorrentes de e municípios, para que também
perímetros irrigados e de mineração. agentes de saúde e extensionistas
desenvolvam ações de educação
8. Adoção de manejo apropriado da
ambiental.
apicultura, e estímulo à utilização
sustentável de espécies de abelhas nativas. 7. Valorização e resgate da cultura de
9. Estímulo ao turismo ecológico que populações indígenas e de outras
provoque baixo impacto. comunidades tradicionais, com o
objetivo de associar esses conhe-
10. Em relação ao desmatamento e à
cimentos àqueles gerados pela ciência
retirada de lenha: incentivar o uso de
e pela tecnologia.
outras formas de energia (solar, eólica,
biodigestora, a gás); e implantar planos 8. Estímulo à implantação de criadouros
de manejo florestal sustentável em de animais silvestres e de viveiros de
Flonas, em APAs e em outras áreas plantas nativas para consumo e
para uso racional da lenha. comercialização.

377
Financiamento e incentivos recursos externos para a conservação
econômicos para conservação ambiental.
1. Criar grupos de trabalho para a 10. Privilegiar, na periferia das áreas
elaboração de programas que protegidas, a aplicação de recursos de
coadunem com os planos federal, programas tais como Fundo de
estadual e municipal, visando à Desenvolvimento do Nordeste Agrícola
captação de recursos de fundos (FNE), Banco do Brasil Agricultura
internacionais e nacionais, bem como Orgânica, Programa Nacional de
à inclusão de tais recursos nos Fortalecimento da Agricultura Familiar
orçamentos governamentais. – PRONAF e outros destinados à
agricultura sustentável.
2. Direcionar a aplicação de mecanismos
compensatórios financeiros, pagos 11. Modificar a legislação de licenciamento
pelos usuários de água e pelos de obras com impacto ambiental, para
exploradores de mineral, com que os recursos oriundos da
participação paritária do Estado e dos compensação ambiental sejam
municípios, para a preservação utilizados, tanto na regularização da
ambiental, destacando a conservação situação fundiária de unidades de
das matas ciliares e a recuperação das conservação como na ampliação
áreas de nascente, nas suas esferas de delas.
abrangência. 12. Estudar a utilização de títulos da dívida
3. Estabelecer contribuição, de no agrária – TDAs para a desapropriação
mínimo 1% do valor dos incentivos de terras em unidades de conservação.
recebidos por empresas beneficiárias 13. Recomendar, estimulando a adoção e
de apoio financeiro governamental, a preservação, por parte de cada
para projetos de preservação município, de uma espécie biológica,
ambiental,aos quais devem ser assim como do seu hábitat, como
acrescidos pelo menos 3% do valor bandeira (símbolo).
total da contrapartida do governo.
14. Dividir, de modo paritário, os recursos
4. Considerar as áreas de unidades de destinados à pesquisa, à disseminação
conservação do município, como e ao crédito, para o desenvolvimento
critério adicional à alocação do Fundo da agricultura sustentável.
de Participação dos Municípios – FPM.
5. Incentivar a implementação das leis de
ICMs Verde em todos os estados. Geração de conhecimento e formação de
6. Estimular a aprovação de incentivos
recursos humanos
fiscais, mediante a renúncia deles, por 1. Criação de linhas de financiamento,
parte do governo, para investimento por meio da integração do CNPq com
nas RPPNs. outras agências de fomento, para
7. Ampliar o FNE Verde (Fundo de pesquisa e formação de recursos
Desenvolvimento do Nordeste humanos em ecologia da Caatinga,
Agrícola) via inclusão de empréstimos atrelada à rede de pesquisa e a outras
para RPPNs. iniciativas de cunho ambiental e de
desenvolvimento sustentável, seguindo
8. Diligenciar para que sejam priorizados, as prioridades a ser definidas no plano
pelas leis de incentivo cultural, projetos de ação para esse bioma.
que associem preservação ambiental
à cultura e à arqueologia, entre outras 2. Criação de bancos de dados sobre a
áreas. Caatinga, articulados com a Rede
Brasileira de Biodiversidade, e
9. Demandar o apoio do governo a fortalecimento dos atuais centros de
organizações e a agências que captem

378
informação sobre conservação, Estratégias para implementação dos
utilização sustentável e repartição resultados do seminário Biodiversidade
equitativa dos benefícios.
da Caatinga
3. Priorização para financiamento dos
estudos mencionados a seguir, sem que 1. Elevar o bioma Caatinga à condição
sejam prejudicados outros que vierem de patrimônio nacional natural
a serem indicados: inventário da flora, (Art. 225 da Constituição do Brasil).
da fauna e de microorganismos da 2. Criar grupo de trabalho da Caatinga,
Caatinga, e monitoramento dos no MMA; e elaborar plano de ação para
processos biológicos já inventariados; o bioma.
aproveitamento e melhoria de espécies
3. Propor estratégias de captação de
nativas, vegetais e animais, inclusive
recursos para a execução do plano de
de animais silvestres, visando regularizar
ação a ser elaborado.
a caça para grupos sociais específicos;
geração de tecnologias sustentáveis; 4. Incluir as recomendações do seminário
desenvolvimento de experiências no Plano Plurianual – PPA do governo
referenciais em agricultura sustentável, federal.
do ponto de vista econômico, social e 5. Providenciar a inclusão das re-
ambiental, com ênfase na agricultura comendações nos PPAs estaduais, no
familiar, atrelado à capacitação dos plano de desenvolvimento regional da
agentes e das comunidades envolvidas; ADENE, e no planejamento do Banco
registro e disseminação do conheci- do Nordeste.
mento tradicional das comunidades
locais; desenvolvimento e/ou siste- 6. Divulgar amplamente os resultados,
matização de metodologias de visando com isso à criação de uma
disseminação; estudo da valoração imagem positiva de diversidade
econômica da biodiversidade e dos biológica, étnica e cultural do bioma
recursos naturais da Caatinga. Caatinga.
7. Realizar seminários para divulgação
dos resultados, com a participação
Do rio São Francisco de governadores, presidentes de
1. Que todas as políticas públicas sejam órgãos e reitores de universidades
desenvolvidas na perspectiva da regionais, autoridades civis,
convivência sustentável com as religiosas e diplomáticas, re-
condições do semi-árido. presentantes das comunidades,
2. Quanto aos recursos hídricos, que se organizações multi e bilaterais, e
aproveite a captação de água da representantes de ONGs.
chuva, e proceda-se à utilização 8. Divulgar os resultados do seminário do
sustentável das águas de superfície e bioma Caatinga no Fórum de
subterrâneas. Secretários de Meio Ambiente, nas
3. Que se desenvolvam ações prioritárias associações de prefeitos, nas
de revitalização da bacia do rio São comissões parlamentares de meio
Francisco e das bacias a ele coligadas. ambiente, no Ministério Público e nos
4. Esgotadas essas iniciativas, e havendo demais fóruns da sociedade civil
necessidade de interligação de bacias organizada.
e/ou de transposição de águas, que tais
9. Associar a divulgação dos resultados
medidas sejam fundamentadas em
do seminário ao evento de lan-
estudos técnicos e científicos de
viabilidade socioeconômica e de çamento da campanha de criação do
impactos ambientais, as quais só corredor Parque Nacional da Serra da
devem ser aprovadas depois de amplo Capivara - Parque Nacional da Serra
debate com a comunidade científica, das Confusões, e ao evento da
de campanha de esclarecimento e de campanha para que o complexo seja
audiências públicas com a população designado ‘Reserva da Biosfera da
envolvida. Caatinga’.

379
Zig Koch
PARTICIPANTES DO SEMINÁRIO
Coordenação
José Maria Cardoso da Silva (Coordenação Geral do Subprojeto)
Gisela Herrmann, Ivana Reis Lamas, Lara Preussler, Lília Crespo Cavalcanti,
Lívia Vanucci Lins, Luiz Paulo de Souza Pinto, Marcelo Tabarelli,
Mônica Tavares da Fonseca, Paulo César Fernandes Lima,
Roberto Brandão Cavalcanti, Sérgio Bazi.

Flora
Ana Maria Giulietti (Coordenação)
Ana Luiza Du Bocage Neta, Antônio Roberto Lisboa de Paula, Dilosa Carvalho
Barbosa, Eliana Nogueira, Everardo V. S. B. Sampaio, Grécia Cavalcanti da Silva,
Isabel Cristina Machado, Jair Fernandes Virgínio, Leonor Costa Maia,
Luciana M. S. Griz, Luciano Paganucci de Queiroz, José Luciano Santos Lima,
Marcelo Athayde Silva, Maria Angélica Figueiredo, Maria de Jesus Nogueira Rodal,
Maria Mércia Barradas, Maria Regina de Vasconcellos Barbosa, Raymond M. Harley,
Sérgio de Miranda Chaves.

Invertebrados
Carlos Roberto Ferreira Brandão (Coordenação)
Blandina Felipe Viana, Celso Feitosa Martins, Christiane Izume Yamamoto,
Fernando César Vieira Zanella, Marina Castro.

Biota Aquática
Ricardo Rosa (Coordenação)
Gildo Gomes Filho, Naércio A. Menezes, Oscar Akio Shibatta, Wilson J.E.M. Costa.

Répteis e Anfíbios
Miguel Trefaut Rodrigues (Coordenação)
Celso Morato de Carvalho, Diva Maria Borges-Nojosa, Eliza Maria Xavier Freire,
Felipe Franco Curcio, Francisco Filho de Oliveira, Hélio Ricardo da Silva,
Marianna Botelho de Oliveira Dixo.

Aves
José Fernando Pacheco (Coordenação)
João Luiz Xavier Nascimento, Luis Fábio Silveira, Marcelo Cardoso de Souza,
Miguel Ângelo Marini, Severino Mendes de Azevedo Júnior.

Mamíferos
João Alves de Oliveira (Coordenação)
Adelmar F. Coimbra Filho, Antônio Souto, Cibele Rodrigues Bonvicino,
Daniel Ricardo Scheibler, Frank Wolf, Pedro Luís Bernardo Rocha.

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Fatores Abióticos
Iêdo Bezerra de Sá (Coordenação)
Aguinaldo Araújo Silva Filho, Carlos Almiro Moreira Pinto, George André Fotius,
Gilles Robert Riché, Hernande Pereira da Silva, Rebert Coelho Correia,
Renival Alves de Souza.

Estratégias de Conservação
Agnes de Lemos Velloso (Coordenação)
Ana Lícia Patriota Feliciano, Antônio Cláudio Conceição de Almeida,
Antônio Edson Guimarães Farias, Carlos Alberto Mergulhão Uchôa Neto,
Daniela América Suárez de Oliveira, Élcio Souza Magalhães,
Fátima Maria Diaz da Hora, Francisco Barreto Campello, Hélio Batista de Faria,
Hermano José Batista de Carvalho, Inah Simonetti, Márcia Chame,
Ridalvo Batista de Araújo.

Uso Sustentável da Biodiversidade


Marcos Antônio Drumond (Coordenação)
Adelmo Carvalho Santana, Angelo Antoniolli, Clóvis Eduardo de Souza Nascimento,
Everaldo Rocha Porto, Francisco Filho de Oliveira, Francisco Pinheiro de Araújo,
Gherman Garcia Leal de Araújo, João Alberto Gominho Marques de Sá,
João Arthur Soccal Seyffarth, José Lincon Pinheiro Araújo, José da Luz Alencar,
Josefina Maria Silva Macêdo Santana, Josias Cavalcanti, Lúcia Helena Piedade
Kiill, Manoel Luiz de Melo Neto, Marcelo Bregda Furtado, Martiniano Cavalcante de
Oliveira, Mary Ann Saraiva Bezerra, Mauro Ferreira Lima, Nereida Costa Nobrega de
Oliveira, Nilton de Brito Cavalcanti, Percionila Nunes dos Santos, Regina Ferro de
Melo Nunes, Severino Gonzaga de Albuquerque, Thomaz Correia e Castro da Costa,
Viseldo Ribeiro de Oliveira, Warton Monteiro.

Desenvolvimento Regional e Pressões Antrópicas


Yoni Sampaio (Coordenação)
José Edmilson Mazza Batista, José Sinésio Herculano e Silva, Justino José Pereira
Neto, Maurício Lins Aroucha, Paulo Gustavo de Prado Pereira, Rita Alcântara,
Ronaldo Câmara Cavalcanti, Ronaldo Jucá, Sílvio Rocha Sant’ Ana.

Geoprocessamento
Cássio Soares Martins (Coordenação)
Alexandre Dinoutti, André Maurício Santos, Carlos Henrique Madeiros Casteletti,
Maria das Graças Lopes dos Santos, Paulo Pereira da Silva Filho.

Plenárias
Alexandrina Sobreira de Moura, Ana Maria dos Santos Cabral, Fredmar Correa,
Geraldo Coelho, José Pedro de Oliveira Costa, Marco Antonio de Oliveira Gomes,
Marcos Formiga, Niede Guidon, Paulo Roberto Coelho Lopes,
Antônio Alberto Jorge Farias Castro.

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