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ABDALLA & ALCKMIM

Advocacia e Consultoria Especializada

EXCELENTISSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA __ VARA CIVEL DA


COMARCA DE GOIANIA GOIAS

CARLOS NOGUEIRA DE MORAIS, brasileiro, divorciado,


portador do RG: 1462120 2ª VIA, portador do CPF: 304.893.001-97, Residente e domiciliado a
Rua C 66 Q:114, L: 06, Setor Sudoeste, Goiania Goias, CEP:74.000-000, vem, através de seus
Advogados que esta ao final subscreve a presença de Vossa Excelência, propor a
presente:

AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER c/c DANOS MORAIS e REPETIÇÃO


DE INDÉBITO c/c ANTECIPAÇÃO DE TUTELA

Em face de
NÚMERO DE INSCRIÇÃO DATA DE ABERTURA
COMPROVANTE DE INSCRIÇÃO E DE SITUAÇÃO
10.664.513/0001-50 27/02/2009
MATRIZ CADASTRAL
NOME EMPRESARIAL
BANCO AGIBANK S.A
PORTE
TÍTULO DO ESTABELECIMENTO (NOME DE FANTASIA) DEMAIS
********

CÓDIGO E DESCRIÇÃO DA ATIVIDADE ECONÔMICA PRINCIPAL


64.21-2-00 - Bancos comerciais

CÓDIGO E DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES ECONÔMICAS SECUNDÁRIAS


64.61-1-00 - Holdings de instituições financeiras
64.62-0-00 - Holdings de instituições não-financeiras

CÓDIGO E DESCRIÇÃO DA NATUREZA JURÍDICA


204-6 - Sociedade Anônima Aberta

NÚMERO COMPLEMENTO
LOGRADOURO 266
R MOSTARDEIRO
BAIRRO/DISTRITO MUNICÍPIO UF
CEP MOINHOS DE VENTO PORTO ALEGRE RS
90.430-000
TELEFONE
ENDEREÇO ELETRÔNICO (51) 3921-1000
JURIDICO@AGIPLAN.COM.BR

ENTE FEDERATIVO RESPONSÁVEL (EFR)


*****
DATA DA SITUAÇÃO CADASTRAL
SITUAÇÃO CADASTRAL 27/02/2009
ATIVA

MOTIVO DE SITUAÇÃO CADASTRAL

DATA DA SITUAÇÃO ESPECIAL


SITUAÇÃO ESPECIAL ********
********

pelos motivos de fato e de direito a seguir expostos:


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DOS FATOS

O autor é aposentado por INVALIDEZ PREVIDENCIARIA pelo


INSS Beneficio número 527.229.008-5, contratou com a instituição Requerida
empréstimo com descontos automáticos em seu benefício, modalidade de
Empréstimo Consignado.

Contudo a requerida, imbuída de má-fé e ao arrepio da Lei, impôs


a autora a chamada RESERVA DE MARGEM CONSIGNADA DE CARTÃO
DE CREDITO, com a imposição clara de venda casada de um Cartão de Crédito.

Em razão disso, são descontados indevidamente de seu


benefício todos os meses o valor de R$ 169,93 (CENTO E SESSENTA E
NOVE REAIS E NOVENTA E TRÊS CENTAVOS) maneira ininterrupta e
sem prazo para o fim do contrato (descontos).
4

O autor esclarece que jamais solicitou tal serviço. Além do


prejuízo claro que este serviço NÃO REQUISITADO já implica, ainda que lhe é
cobrado a taxa pelo seu uso contra a vontade da autora.

Esses são alguns dos suportes fálicos que justificam a presente


Ação, que entre outros, em face da brevidade e economia processual deixam de ser
invocados.
DO DIREITO

Logo, cristalino que a Ré incidiu em falha na prestação dos


serviços, do que decorreram danos à esfera moral e patrimonial da parte Autora.
Preenchidos, portanto, os pressupostos, da responsabilidade civil, conforme
dicção do art. 186 e 927, do Código Civil, e art. 5º, X, da Constituição Federal.

Importa destacar, de início, que a disponibilização de serviço não


contratado, tal que ocorrido no caso em tela, configura manifesto ato ilícito,
consoante art. 39, III, do CDC. Ora, não poderia a Ré, à revelia da Autora,
disponibilizar os serviços de crédito sem o real consentimento do consumidor.

O Tribunal de Justiça do Estado de Goiás, Sessão da Corte


Especial de 17/09/2018 editou a sumula n. 63, “in verbis”

Os empréstimos concedidos na modalidade “Cartão de


Credito Consignado” são revertidos de abusividade, em ofensa
ao CDC, por tornarem a dívida impagável em virtude do
refinanciamento mensal, pelo desconto apenas da parcela
mínima devendo receber tratamento de crédito pessoal, com
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taxas de juros que represente a média do mercado de tais
operações, ensejando o abatimento no valor devido,
declaração de quitação do contrato ou a necessidade de
devolução do excedente, de forma simples ou em dobro,
podendo haver condenação por danos morais, conforme o caso
concreto.

DA RESERVA DE MARGEM CONSIGNADA

Como já mencionado anteriormente, a apresente ação trata de


relação de consumo com instituição financeira, onde deve ser regido pela lei
13.172/2015 art. 6º que assim dispõe;
Art. 6. Os titulares de benefícios de aposentadoria e pensão do
regime geral de Previdência Social poderão autorizar aos
descontos referidos no art. 1º e autorizar de forma irrevogável
e irretratável, que a instituição financeira na qual recebem
seus benefícios retenha, para fins de amortização, valores
referentes ao pagamento mensal de empréstimos,
financiamento mercantil por ela concedidos, quando previstos
em contrato, nas condições estabelecidas em regulamento,
observadas as normas editadas pelo INSS.

Ademais, para a constituição de Reserva de Margem Consignável,


(RMC) requer Autorização expressa do aposentado, por escrito ou por meio
eletrônico, nos termos do que dispõe o Art. 3º, III, da Instrução Normativa INSS nº
28-2008, alterada pela Instrução Normativa INSS, nº 39/2009, in verbis:

Art. 3º Os titulares de benefícios de aposentadoria e pensão por


morte, pagos pela Previdência Social, poderão autorizar o
desconto no respectivo benefício dos valores referentes ao
pagamento de empréstimo pessoal e cartão de crédito concedidos
por instituições financeiras, desde que:
(...)
III - a Autorização seja dada de forma expressa, por escrito ou
por meio eletrônico e em caráter irrevogável e irretratável, não
sendo aceita Autorização dada por telefone e nem a gravação
de voz reconhecida como meio de prova de ocorrência.
(grifou-se)

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Ratifica-se, que a parte Autora nunca formalizou e nem
pretendeu formalizar nenhum contrato de RMC com a instituição Ré, tanto é que o
cartão nunca foi utilizado, o que só poderia ter ocorrido com o desbloqueio do
mesmo, o que nem mesmo chegou a acontecer.

Entretanto, ainda que não contratado o cartão de crédito


consignável, vale tecer algumas considerações à respeito de tal modalidade de
empréstimo, a qual por si só é abusiva, tendo em vista que impõe ao consumidor
ônus excessivo, pois o desconto do mínimo não abate qualquer valor da dívida,
mas tão somente os encargos do cartão.

Assim, ainda que a Ré tivesse informado o consumidor de forma


clara os termos do empréstimo de cartão de crédito consignado (o que não
aconteceu), tal prática se configuraria abusiva pela manifesta vantagem excessiva,
nos termos do art. 39, V do CDC, in verbis:
Art. 39. É vedado ao fornecedor de produtos ou serviços,
dentre outras práticas abusivas:
(...)
V - Exigir do consumidor vantagem manifestamente excessiva;

Diante do exposto, verifica-se que o Autor foi levado a erro pela


instituição financeira, já que acreditava estar contratando empréstimo
consignado, como sempre o fez, e não essa nova modalidade de crédito consignado
que possui juros elevadíssimos e dívida impagável, em flagrante afronta ao artigo
6º, inciso III, do Código de Defesa do Consumidor, que assim estabelece:

Art. 6º São direitos básicos do consumidor:


(...)
III – a informação adequada e clara sobre os diferentes
produtos e serviços, com especificação correta de quantidade,
características, composição qualidade e preço, bem como
sobre os riscos que apresente:
(grifou-se).

Farta jurisprudência reconhece esta necessidade da CLAREZA:

AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS CUMULADA


COM OBRIGAÇÃO DE FAZER. Envio de cartão de crédito a consumidor
aposentado, com reserva de margem consignatória no benefício do INSS.
Ausência de devolução ao banco da proposta de adesão assinada. Ausência
de desbloqueio de cartão. Inexistência de formalização da contratação.
Reserva da margem consignatória decorrente da simples emissão do cartão.
Sentença de improcedência. Inadmissibilidade. Falta de clareza do banco
quanto à reserva imediata. Averbação indevida de restrição na margem
consignável do benefício previdenciário. Abalo na organização financeira da
autora, obstaculizando a obtenção de empréstimo. Danos morais evidentes.
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Indenização arbitrada em R$5.000,00. Precedentes do TJSP. Recurso
provido. (TJ-SP- APL: 75037420108260664 SP 0007503-
74.2010.8.26.0664, Relator: Erson T. Oliveira, Data de Julgamento:
27/07/2011, 17ª Câmara de Direito Privado, Data de Publicação: 11/08/2011)

O Tribunal de Justiça de Santa Catarina tem enfrentando


severamente essa conduta das instituições financeiras.

APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS


MORAIS. RESERVA DE MARGEM CONSIGNÁVEL JUNTO AO
BENEFÍCIO DE APOSENTADORIA DA CONSUMIDORA, SEM SEU
PRÉVIO CONSENTIMENTO, COMO GARANTIA DE CARTÃO DE
CRÉDITO NÃO SOLICITADO. DANOS MORAIS
CARACTERIZADOS. QUANTUM INDENIZATÓRIO. VERBA QUE
DEVE COMPENSAR O DANO SUPORTADO PELA VÍTIMA E
GUARDAR CORRESPONDÊNCIA COM O CARÁTER
SANCIONATÓRIO DA CONDENAÇÃO. MAJORAÇÃO.
PROVIMENTO. (TJSC, Apelação Cível n. 2014.024999-7, de Blumenau,
rel. Des. Domingos Paludo, j. 18-02-2016).

E ainda:

APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER C/C


INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. RESERVA DE MARGEM DE
CREDITO CONSIGNAVEL SOBRE O BENEFICIO
PREVIDENCIARIO DO AUTORA SEM A SUA ANUENCIA.
SENTENÇA DE PROCEDÊNCIA. APELO DO BANCO RÉU E
RECURSO ADESIVO DO AUTOR.
(...)
RESERVA DE MARGEM DE CRÉDITO SEM AUTORIZAÇÃO DO
CONSUMIDOR COMO FORMA DE GARANTIA DE CARTAO DE
CREDITO NÃO SOLICITADO. ABUSIVIDADE QUE EXTRAPOLA O
MERO ABORRECIMENTO COTIDIANO. OFENSA A PRIVACIDADE
DO AUTOR. DANO MORAL CONFIGURADO. DEVER DE INDENIZAR
MANTIDO. A reserva de margem de credito consignável do benefício
previdenciário do consumidor, como forma de garantir a contratação
futura de empréstimo financeiro, ofende a boa-fé das relação contratuais,
como privacidade do consumidor respaldando, portanto, a indenização
por danos morais.
(...)
APELAÇÃO DESPROVIDA. RECURSO ADESIVO PARCIALMENTE
PROVIDO. (TJSC, AC n. 2012.042377-9, rel. Des. João Batista Góes
Ulysséa, j. em 13-2-2014).

No julgamento da Apelação Cível nº. 2014.024999-7 de


Blumenau/SC o Eminente Relator Des. Domingos Paludo concluiu:

“Entendo que caracterizou-se com ilegal a reserva, pois


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considero ter havido venda casada do produto cartão de
crédito, uma vez que o interesse do Autor era contratar a
obtenção de empréstimo bancário, nunca o fornecimento de
cartão de crédito, tanto é assim que o banco réu sequer prova
que ele foi efetivamente utilizado, não obstante possa ter sido
eventualmente disponibilizado.”

DO DANO MORAL

O direito à indenização por abalo moral vem expresso na


Constituição Federal como um dos direitos individuais, nos termos do artigo 5º,
inciso V e X:
V- É assegurado direito de resposta proporcional ao agravo,
além de indenização por dano material, moral ou à imagem.
X- São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a
imagem das pessoas, assegurado o direito à indenização pelo
dano material ou moral decorrente de sua violação.

Nos termos do art. 186 do Código Civil:

Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária,


negligência ou imprudência, violar direito e causar dono a
outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.

Complementa o art. 927 do Código Civil que:

Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar
dano outrem, fica obrigado a repará-lo.

A emissão não autorizada de cartão de credito é pratica abjeta já


amplamente discutida no país, de tal forma que o Superior Tribunal de Justiça editou
a Súmula 532, “verbis”

STJ: “Constitui prática comercial abusiva o envio de cartão de


crédito sem a previa e expressa solicitação do consumidor,
configura-se ato ilícito indenizável e sujeito a aplicação de
multa administrativa”.

A decisão foi proferida em Recurso Especial em Ação Civil


Pública impetrado pelo MP/SP. REsp. 1199117. Para o relator do caso, ministro
Mauro Campbell Marques, o simples envio do cartão de crédito sem pedido expresso
do consumidor configura prática abusiva, independentemente de bloqueio.

Nesta linha entende o Tribunal de Justiça de Goiás:

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APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DECLARATÓRIA DE NULIDADE C/C


INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS C/C REPETIÇÃO DE
INDÉBITO. EMPRÉSTIMO E CARTÃO DE CRÉDITO
CONSIGNADO. INCIDÊNCIA DO CÓDIGO DE DEFESA DO
CONSUMIDOR. VENDA CASADA. DESCONTO MÍNIMO DA
FATURA MENSAL. REPETIÇÃO EM DOBRO. DANO MORAL IN
RE IPSA. VALOR INDENIZATÓRIO. MANTIDO. 1. O art. 6º, III, do
CDC, institui o dever de informação e consagra o princípio da transparência,
que alcança o negócio em sua essência, porquanto a informação repassada ao
consumidor integra o próprio conteúdo do contrato, tratando-se, por isso, de
dever intrínseco ao negócio e que deve estar presente não apenas na formação
do contrato, mas também durante toda a sua execução. 2. A repetição em
dobro do indébito, prevista no art. 42, parágrafo único, do CDC, pressupõe
tanto existência de pagamento indevido quanto a má-fé do credor. 3. Para a
avaliação do dano moral sofrido, o órgão julgador há de atentar para a dupla
finalidade da indenização: a compensatória, que visa proporcionar lenitivo ao
prejuízo causado ao consumidor; e a pedagógica, cujo objetivo é desestimular
a repetição de condutas semelhantes sem, contudo, implicar enriquecimento.
4. A ausência de transparência das cláusulas contratuais permite desnaturar o
contrato de cartão de crédito para empréstimo consignado, real finalidade
almejada pela parte tomadora. 5. O valor fixado a título de dano moral, R$
12.000,00 (doze mil reais), está dentro da média estimada pela jurisprudência
desta Corte para casos análogos, razão pela qual merece mantida.
APELAÇÃO CONHECIDA E DESPROVIDA. (TJGO, APELACAO
CIVEL 289987-30.2015.8.09.0093, Rel. DR(A). FERNANDO DE CASTRO
MESQUITA, 3A CAMARA CIVEL, julgado em 14/06/2016, DJe 2053 de
23/06/2016).

Vejamos outros julgados correlatos:

APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO REVISIONAL. CONTRATO DE


CARTÃO DE CRÉDITO CONSIGNADO. TAXAS DE JUROS
REMUNERATÓRIOS. LIMITAÇÃO À TAXA MÉDIA DE
MERCADO PARA OPERAÇÕES SIMILARES. CAPITALIZAÇÃO
DE JUROS. RESTITUIÇÃO SIMPLES DOS VALORES PAGOS A
MAIOR. DANOS MORAIS. I. Os contratos firmados entre consumidores e
fornecedores devem observar os princípios da informação e da transparência,
nos termos dos artigos 4º e 6º do Código de Defesa do Consumidor. Assim,
atenta contra a boa fé contratual e os direitos do consumidor a elaboração de
contrato sem a clara indicação de sua natureza e sem a estipulação de encargos
que serão, enfim, estabelecidos somente em fatura mensal, razão por que,
nestes casos, as cláusulas contratuais devem ser interpretadas de maneira mais
favorável ao consumidor (CDC, art. 47). II- Os contratados com as
instituições financeiras poderão estabelecer juros capitalizados mensalmente,
desde que expressamente pactuados. III - Se no momento da contratação, não
foi dada ao consumidor, ciência da real natureza do negócio, modalidade
contratual que combina duas operações distintas, o empréstimo consignado e
o cartão de crédito, impõe-se o restabelecimento do pacto na modalidade de
contrato de empréstimo consignado em folha de pagamento. IV- É nula a
cláusula contratual que estabelece os juros remuneratórios, sem, no entanto,

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indicar expressamente as taxas incidentes. Neste caso, o critério para correção
da abusividade contratual terá por base a taxa média praticada pelo mercado
nas operações da espécie, ao tempo da formalização da avença. V - É firme a
orientação jurisprudencial em admitir a compensação de valores e a repetição
do indébito na forma simples, sempre que constatada cobrança indevida do
encargo exigido. VI- O dano moral se presume pelo assolamento de dívida
eterna. VII-RECURSO DE APELAÇÃO CONHECIDO E DESPROVIDO.
TJGO, APELACAO CIVEL 165290-87.2013.8.09.0001, Rel. DR(A).
DELINTRO BELO DE ALMEIDA FILHO, 5A CAMARA CIVEL, julgado
em 30/06/2016, DJe 2064 de 08/07/2016).

APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR COBRANÇA


INDEVIDA CUMULADA COM REPARAÇÃO POR DANOS
MORAIS. SERVIDOR PÚBLICO. CARTÃO DE CRÉDITO
CONSIGNADO. APLICAÇÃO DO CÓDIGO DE DEFESA DO
CONSUMIDOR. VIOLAÇÃO AOS PRINCÍPIOS DA
TRANSPARÊNCIA E INFORMAÇÃO. DESCONTO DO MÍNIMO DA
FATURA. REFINANCIAMENTO MENSAL DO DÉBITO. DÍVIDA
VITALÍCIA. ABUSIVIDADE. CONVERSÃO PARA MODALIDADE
EMPRÉSTIMO PESSOAL. REPETIÇÃO DO INDÉBITO.
POSSIBILIDADE. DANOS MORAIS CONFIGURADOS. I - O
contrato
bancário celebrado entre a instituição financeira e o particular caracteriza - se
como relação de consumo, incidindo as disposições do Código de Defesa do
Consumidor, o que permite a apreciação da alegada existência de eventuais
cláusulas abusivas, relativizado o princípio do pacta sunt servanda. II – O s
contratos firmados entre consumidores e fornecedores devem observar os
princípios da informação e da transparência, nos termos dos artigos 4º e 6º do
CDC. Verificada a omissão das principais características da operação, em
afronta aos princípios em desta que, devem as cláusulas contratuais ser
interpretadas de maneira mais favorável ao consumidor (artigo 47, CDC). III-
Quando a instituição financeira, no momento da contratação, não dá ciência
da real natureza do negócio, intitulado “Ficha cadastral e proposta de adesão
à consignação de descontos para pagamento de empréstimos e cartão de
crédito bonsucesso visa”, modalidade contratual que combina duas operações
distintas, o empréstimo consignado e o cartão de crédito, o contrato
caracteriza-se como abusivo, devendo o contrato ser considerado na
modalidade crédito pessoal consignado (servidor público), no intuito de
restabelecer o equilíbrio entre as partes contratantes. IV- Admite - se a
repetição de indébito em dobro quando constatada cobrança e o pagamento
indevido de encargo, em repúdio ao enriquecimento ilícito de quem o
recebeu. V - A atitude abusiva praticada pela instituição financeira ao impor
prestações desproporcionais ao Autor/Apelado, por si só, geram abalo
psicológico que caracteriza - se como dano moral reparável, razão pela qual
imperativa a manutenção da sentença recorrida no tocante à condenação por
danos morais, valores fixados, visto que atendidos os princípios da
proporcionalidade e da razoabilidade. A PELAÇÃO CONHECIDA E
DESPROVIDA. (TJGO) APELACA O CIVEL 382621-60.2013.8.09.0143,
Rel. DR(A). DORACI LAMAR ROSA DA SILVA ANDRADE, 5A
CAMARA CIVEL, julgado em 30/06/2016, DJe 2065 de 11/07/2016).

Também em recentes decisões o TJ/PR, restou reconhecida a


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conduta ilegal praticada pela Ré em casos de igual semelhança.

RECURSO INOMINADO. INDENIZATÓRIA. CARTÃO DE CRÉDITO


CONSIGNADO. CONTRATAÇÃO EM CONJUNTO COM
EMPRÉSTIMO. AVERBAÇÃO DE RESERVA DE MARGEM
CONSIGNÁVEL (RMC). CONTRATO QUE NÃO PREVÊ A
RESERVA E NÃO INDICA SEU PERCENTUAL. AVERBAÇÃO DE
RESERVA DE 5% SEM LASTRO CONTRATUAL. OFENSA AO
DIREITO DE INFORMAÇÃO DO CONSUMIDOR. RESERVA QUE
SE REPUTA ILEGAL. CONSUMIDOR QUE SE VÊ IMPEDIDO DE
CONTRATAR EMPRÉSTIMO DIANTE DA AUSÊNCIA DE
MARGEM CONSIGNÁVEL. DANO MORAL CONFIGURADO.
LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ DA CONSUMIDORA. INEXISTÊNCIA.
SENTENÇA REFORMADA. RECURSO PROVIDO. Ante o exposto, esta
Turma Recursal resolve, por unanimidade de votos, CONHECER E DAR
PROVIMENTO ao recurso (TJ-PR - RI: 001180617201581600240 PR
0011806- 17.2015.8.16.0024/0 (Acórdão), Relator: Manuela Tallão Benke,
Data de Julgamento: 13/05/2016, 2ª Turma Recursal, Data de Publicação:
23/05/2016) (grifou-se)

A Primeira Turma Julgadora Mista da Segunda Região, no


julgamento do Recurso Inominado n. 5174857.74.2016.8.09.0123, que decidiu
pelo PROVIMENTO DO RECURSO INTERPOSTO PELA PARTE
CONSUMIDORA, condenando o Réu ao pagamento da indenização por Danos
Morais no valor de R$ 10,000.00 (dez mil reais), e também ao pagamento das
custas e honorários advocatícios nos importe de 20% sobre o valor da causa,
Decisão Monocrática anexa.

DA REPETIÇÃO DE INDEBITO

No caso, autor pagou 43 MESES totalizando R$ 7.306,99 (sete


mil trezentos e seis reais e noventa e nove centavos), extratos anexos, debitados
mensalmente na aposentadoria do requerente.

Sendo o citado valor em dobro totaliza R$ 14.613,98 (quatorze


mil seiscentos e treze reais e noventa e oito centavos).

DOS PEDIDOS

Diante do exposto, requer:

I - O deferimento dos benefícios da Assistência Judiciária Gratuita, por ser pessoa


pobre na acepção jurídica do termo, não tendo condições de suportar os custos da
demanda sem prejuízo do sustento próprio e de sua família, nos termos da Lei nº
1.060/50.

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II - A CITAÇÃO da instituição requerida, via postal, para querendo apresente
contestação, sob as penas da Lei;

III – Pela não realização de audiência prévia de conciliação, uma vez que o
banco não apresenta proposta, nos termos do art. 319, VII, do CPC;

IV - Ao final, seja dado provimento a presente ação, para condenar o banco


requerido a declarar a inexistência da contratação de EMPRÉSTIMO VIA
CARTÃO DE CRÉDITO COM RMC, igualmente a RESERVA DE MARGEM
CONSIGNÁVEL (RMC).
V- Seja o banco requerido condenado no pagamento de indenização a título de danos
morais causados à parte Autora em valor a ser arbitrado por este Juiz, em razão da
conduta desleal, falta de transparência, má-fé, abusividade e hipossuficiência da
parte Autora no importe de 15.000,00 (quinze mil reais)

VI – A condenação do Banco Requerido a restituir em dobro os descontos realizados


mensalmente a título de empréstimo sobre a RMC, a ser apurado em liquidação de
sentença.

VII - Seja deferido a inversão do ônus da prova, nos termos do artigo 6º, inciso
VIII, do CDC;

VIII - Seja o réu condenado ao pagamento de custas processuais e honorários


advocatícios;

IX - Pretende-se provar o alegado por todos os meios de prova admitidos, em


especial, pelos documentos acostados à inicial, por testemunhas a serem arroladas
em momento oportuno e novos documentos que se mostrarem necessários.

Dá-se a causa o valor de R$ 29.613,98 (vinte e nove mil seiscentos e treze reais

e noventa e oito centavos).

Nestes termos,
Pede deferimento.

Goiânia – GO, 01 de Outubro de 2019.

JOSE PEREIRA ALKMIM


OAB/GO n. 40.050

GUSTAVO SILVA
OAB-GO 47.908

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