Comentário sobre “I would prefer not to,” ao livro Bartleby de
Melville
A tradução desta frase na versão portuguesa mostra a
dificuldade com a qual o tradutor se deparou, assim como o autor de Bartleby em escrever sobre a incógnita que o escrivão desta história.
Um dos temas proeminentes desta história consiste na
passividade como resistência. Ao longo do desenrolar da narrativa, Bartleby nega qualquer ordem que não deseje seguir, recusando-se com um simples “I would prefer not to”. O advogado, o seu patrão, tenciona que este siga as suas instruções e realize todas as tarefas que lhe são atribuídas, contudo Bartleby apenas executa aquilo que lhe parece mais conveniente. A frase proferida apresenta-se, portanto, como um mantra pessoal da personagem.
A atitude que demonstra é serena e respeitadora, mesmo
com as suas recusas, não deixando, no entanto, de parecer estranho e inquietante aos olhos do narrador. Esta inquietude que surge com a esfera enigmática que Bartleby representa, é a razão pela qual o narrador escreve esta história sobre o mesmo e não sobre qualquer uma das outras personagens.