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FACULDADE METROPOLITANA DE MANAUS

RANNA CAROLYNE BARROS SERRÃO

CISTICERCOSE E BRUCELOSE BOVINA NO BRASIL

MANAUS - AM
2021
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RANNA CAROLYNE BARROS SERRÃO

CISTICERCOSE E BRUCELOSE BOVINA NO BRASIL

Relatório apresentado à Faculdade Me-


tropolitana de Manaus, como parte dos
requisitos necessários à obtenção de
nota no curso de graduação de Medici-
na Veterinária, sob a orientação da
Prof.ª Jessica Duarte.

MANAUS - AM
2021

1. Introdução

O Brasil é o segundo maior produtor mundial de carne bovina superado apenas pe-
los Estados Unidos. Possuindo uma situação privilegiada no cenário da bovinocultura,
com todas as condições necessárias para que o setor das indústrias de carne e derivados
alcancem uma maior participação no mercado internacional, consequentemente aumen-
tando os aspectos econômicos no país.
Para melhorar o desempenho comercial e conquistar novos mercados, são neces-
sárias ações que assegurem a qualidade da carne, incluindo a inspeção higiênico-sanitá-
ria e reduzir o risco da ocorrência de transmissão. Considerando este cenário, todas as
enfermidades bovinas passam a ter importância, principalmente as doenças zoonóticas
com problemáticas na saúde pública, onde seu controle é realizado utilizando infraestrutu-
ra e recursos financeiros deficientes. Além disso, falta informações sobre a importância e
a distribuição dessas zoonoses, ou seja, ausência de políticas públicas. Dentre essas do-
enças, as que mais se destacam são a Brucelose e a Cisticercose que são de grande
distribuição e ocasionam consideráveis prejuízos econômicos no rebanho bovino, com
disseminação numerosa quando não tomadas medidas apropriadas de proteção e com-
bate.
A brucelose é uma enfermidade infectocontagiosa de caráter crônico, causada por
bactérias do gênero Brucella, que acomete o homem e animais de diferentes espécies.
Nos bovinos, esta enfermidade é provocada pela bactéria Brucella abortus que compro-
mete especialmente o sistema reprodutivo. Após a infecção, ocorre um curto período de
bacteremia e as bactérias vão se alojar em diversos órgãos (EAGLESOME & GARCIA,
1992; THOEN, 1993), onde se multiplicam livremente. O curso da doença depende do es-
tado fisiológico que o animal está e os sinais patológicos se fundamentam na presença de
sinais como aborto, nascimento de bezerros fracos, retenção de placenta e esterilidade
de machos e fêmeas. Ela pode ser transmitida pelo contato direto ou indireto com animais
infectados e anexos fetais e, ainda, veiculada ao homem pela ingestão de produtos de
origem animal contaminados, principalmente leite e seus derivados que não passaram por
processamento térmico adequados. Pode ser veiculada também por meio de carnes cruas
e pela própria manipulação de carcaças e vísceras durante o abate sanitário.
Já a cisticercose é uma enfermidade parasitária provocada pela ingestão de ovos
de Taenia Saginata, os quais, após serem ingeridos pelos bovinos, irá evoluir no organis-
mo do animal o Cysticercus bovis, que se desenvolve normalmente no tecido conjuntivo
muscular e ocasionalmente no fígado, pulmão, olhos, cérebro. Na teniose bovina, os hu-
manos são os únicos hospedeiros definitivos de Taenia Saginata, os quais adquirem a te-
niose ou solitária através do consumo de carne crua ou mal passada contendo as larvas
do parasita, denominadas cisticercos, podem eliminar milhares de ovos ao dia, livres nas
fezes, os quais podem sobreviver na pastagem durante vários meses. Os animais se in-
fectam ao consumirem água ou nessas pastagem contaminadas com ovos viáveis do pa-
rasita ou por qualquer outro modo que leve à ingestão desses ovos, mesmo que esporá-
dico e involuntário (FALAVIGNA-GUILHERME, 2006; PIRES, 2008; SANTOS; BARROS,
2009). Uma vez ingeridos por bovino, adaptados à espécie e após passar pelas condi-
ções pré-digestivas e digestivas próprias dos bovinos, liberam a oncosfera que segue
através do sangue para a musculatura estriada, logo em seguida é perceptível a sua for-
ma larval. Está zoonose é a mais frequente causa a condenação de carcaças de bovinos.
Portanto, está revisão vem com o intuito de abranger conhecimento dessas duas
doenças encontradas em bovinos como suas características e ciclo evolutivo, além de le-
vantar informações sobre sua ocorrência nas diferentes regiões do Brasil, inclusive de ori-

entar a produtores que visem à prevenção de zoonoses, com melhoria da sanidade do


rebanho e, consequentemente, do produto final.

2.Objetivos

2.1 Objetivo Geral

Está revisão tem como objetivo analisar as estatísticas da cisticercose e brucelose


no Brasil, apresentar por meio de dados e referências, à adoção de medidas profiláticas
pelos diferentes segmentos com responsabilidade e forma de tratamento para as duas
doenças. Dando ênfase da mesma forma aos efeitos que as afecções têm nos aspectos
econômicos e no desempenho comercial do país quando não combatidas de forma corre-
ta.

2.2 Objetivos Específicos

• Demonstrar a situação e prevalência da cisticercose e brucelose.


• Reduzir o crescimento das zoonoses.
• Aprofundar conhecimento e habilidades em gestão de ambiente e saúde.
• Aprimorar a identificação e controle dos agentes agressores a saúde tanto humana
quanto animal.
• Discutir sobre o mecanismo de ação dos agentes das enfermidades.
• Apresentar os danos causados pelas duas zoonoses nos aspectos econômicos.

3. Material e Métodos

Realizou-se revisão bibliográfica de publicações nacionais sobre a prevalência de


cisticercose e brucelose bovina no Brasil. O levantamento foi realizado por meio de arti-
gos científicos publicados no período de 2011 a 2017 e por dados estatísticos disponíveis
em meios digitais. Com finalidade de observar e fazer resumos sobre o comportamento e
características das duas patologias ja citadas . Após a analise dos artigos, foi realizado
uma separação dos assuntos mais significativos ao objetivo proposto, enumeradas pela
ordem de cada tópico e foi estabelecido um esquema de de prioridades de acordo com os
temas mais relevantes.

4. Resultados e Discussão

A cisticercose e brucelose ocasionar grandes problemas no que se diz respeito a


um ambiente limpo e saúde tanto para os animais quanto para os homens. Além de per-
das decorrentes da queda da produção animal e produtos derivados, leva a em imposição
de barreiras sanitárias e restrições comerciais que reduzem a competitividade no mercado
de produtos e origem animal.
Brucelose :

Localiza o das preval ncias(%) de animais positivos para brucelose bovina, nos estados
brasileiros, 2016. Dados obtidos pelo Programa Nacional de Controle e Erradica o da
Brucelose e Tuberculose (PNCEBT).

Tabela - Compara o da preval ncia de rebanhos infectados com brucelose bovina


acompanhado por resultados finais com um intervalo de aproximadamente 10 anos

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Verificou-se queda significativa nos ndices para a brucelose bovina em Minas Ge-
rais, Rond nia, Mato Grosso e Mato devido a investimentos realizados em programas de
vacina o compuls ria. Nos estados do Esp rito Santo, Rio Grande do Sul e S o Paulo
verificou-se ndices pr ximos aos obtidos na d cada anterior. Em Santa Catarina, consta-
tou-se um discreto aumento devido baixa preval ncia da doen a desde 2001. Vale res-
saltar que este o nico estado em est gio avan ado do PNCEBT, atuando j na fase de
erradica o, com intensifica o do sistema de vigil ncia para detec o e saneamento de
propriedades foco.
Em outros dois estados foram realizados seus primeiros estudos epidemiol gicos a
n vel global para avalia o da situa o da brucelose em seus rebanhos. No Par , detec-
tou-se preval ncia aparente de 10,25% e na Para ba, 0,36% para animais soropositivos.
importante ressaltar que no Par foi desenvolvido um estudo retrospectivo em 2011, a
partir de resultados de exames realizados por laborat rios particulares em diferentes regi-
es do estado. J na Para ba, foi feito um levantamento de dados, a partir dos relat rios
mensais destinados ao servi o oficial do estado, emitidos por m dicos veterin rios habili-
tados para realiza o do diagn stico da brucelose bovina durante o per odo de janeiro de
2008 a julho de 2009.

Cisticercose:
No Brasil, os dados sobre a prevalência de cisticercose bovina são aqueles obtidos
a partir das anotações do Serviço de Inspeção Federal (SIF), do Serviço de Inspeção Es-
tadual (SIE) e do Serviço de Inspeção Municipal (SIM) dos frigoríficos, por meio do exame
post mortem realizado nas carcaças (SOUZA, 1997). Sabe-se que essa parasitose atinge
em maior número classes com menor poder aquisitivo.

Tabela 2 - Prevalência de cisticercose bovina em varias regiões do Brasil

Na Tabela 2, apresenta-se a prevalência da cisticercose nos principais estados produtores


de carne do Brasil.
Mariano-da-Silva et al. (2012), ao avaliar o estado de Goiás, observaram que os
registros demonstraram uma ocorrência de 33.979 casos em 1.048.959 animais abatidos,
o que corresponde a 3,23% de prevalência no estado. As regiões sul, sudeste e metropo-
litana do estado apresentaram altos índices de prevalência (4,85%, 4,48% e 5,12%, res-
pectivamente), sendo essas médias acima daquela considerada aceitável (até 3%).
Lima et al. (2011) identificaram que o parasitismo por Cysticercus bovis na região
de Canarana (MT) foi de 0,29%, apresentando maior prevalência em comparação as ou-
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tras regiões analisadas nesse mesmo estudo. Observou-se ainda uma limitação de in-
formação quanto a essa zoonose, principalmente a relativa à transmissão.
No frigorífico de Santo Antônio das Missões (RS) foi detectada por Corrêa et al. (1997)
prevalência de 4,63% no ano de 1996, uma média de prevalência considera- da alta para
o estado. Em outro estudo em frigorífico de Inspeção Estadual do Rio Grande do Sul, La-
gaggio et al. (2007) identificaram prevalência de 4,11% num período de dez anos. Os da-
dos para esse estado revelam que era necessário toma medidas preventivas urgentes.
Pereira, Schwanz e Barbosa (2006), examinando 38 municípios do estado do Rio
de Janeiro, constataram que o município que apresentou maior índice no período estuda-
do foi o de Duas Barras, com média total de 118 animais abatidos/ano e uma média de
4,29% de acometimento por cisticercose.
Souza et al. (2007) encontraram prevalência de cisticercose bovina variando de 0%
a 27,3%, com média de 3,83% no estado do Paraná. Comparando-se esses dados ante-
riores aos dados coletados por Guimarães- Peixoto et al. (2012) (levantamento de quatro
anos), percebe-se queda na ocorrência de cisticercose bovina no Paraná. Segundo esses
autores, o estado tem conquistado evolução positiva com a implantação do programa de
controle do complexo teníase-cisticercose.

5. Considerações finais

De acordo com todos os dados apresentados nessa revisão, apesar da prevalência


da cisticercose e da brucelose no país se mostrarem variáveis nas diferentes regiões bra-
sileiras, as áreas de ocorrência das enfermidades são conhecidas e necessitam de medi-
das de saneamento básico que promovam sua redução, além da adoção das Boas Práti-
cas Agropecuárias como ferramenta para evitar a ocorrência da enfermidade nos bovinos,
resultando em produção de alimentos seguros e possibilitando a redução dos custos com
saúde pública em nosso país.
Concluindo que a cisticercose bovina é provocada pela ingestão de ovos de T. sa-
ginata liberados através das fezes humanas, desenvolvendo a forma adulto T. saginata no
intestino humano; posteriormente, os ovos são liberados nas fezes em locais próximos
aos animais, iniciando-se novo ciclo.
Essa enfermidade está presente em todo o território nacional, entretanto com maior pre-
valência nos estados de Rio Grande do Sul (4,11%), Paraná (3,83%) e Goiás (3,23%), os
quais ainda não se enquadram na faixa aceitável para países em desenvolvimento. Cabe
ressaltar que no estado do Paraná houve significativa redução da prevalência em 2012
(2,23%). Desse qualquer modo, revelam-se necessárias medidas profiláticas específicas
para o controle dessa enfermidade principalmente nos estados mencionados, a fim de
proporcionar menor risco à saúde pública e minimizar os prejuízos à exploração pecuária.
Já a a brucelose é endêmica, porém apresenta dados bastante diferenciados face
à dimensão territorial e às características próprias de cada região como ja mencionado a
cima. O Programa Nacional de Controle e Erradicação da Brucelose e da Tuberculose
Animal (PNCEBT) instituído pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
(MAPA) busca uma redução na prevalência e na incidência da brucelose e tuberculose,
através da vacinação obrigatória de fêmeas, com idade entre três a oito meses, contra a
brucelose e a certificação de propriedades livres ou monitoradas para as doenças, tra-
zendo assim, benefícios sanitários e econômicos, diminuindo o impacto negativo dessas
zoonoses na saúde humana e animal, além de promover a competitividade da pecuária
nacional.

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6. Referências

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